Você está na página 1de 15

FILOSOFIA DA CIÊNCIA

(SDE3857/7424562 / 2023.1) Turma 3004

Prof. Fabio Luciano Iachtechen


Estácio Curitiba
(fabio.iachtechen@estacio.br)
“Trata-se apenas de uma série de considerações a respeito da maneira
de apresentar a uma banca examinadora um objeto físico,
prescrito por lei, e composto de um determinado número de
páginas datilografadas, que se supõe tenha alguma relação com a
disciplina em que o candidato pretende laurear-se e que não mergulhe
o relator [examinador] num estado de estupefação. (...) Pode-se
executar seriamente até uma coleção de figurinhas: basta fixar o tema,
os critérios de catalogação, os limites históricos da coleção.
Decidindo-se não remontar além de 1960, ótimo, pois de lá para cá as
figurinhas não faltam. Haverá sempre uma diferença entre essa coleção
e o Museu do Louvre, mas melhor do que fazer um museu pouco sério
é empenhar-se a sério numa coleção de figurinhas de jogadores de
futebol de 1960 a 1970. Tal critério é igualmente válido para uma tese
de doutoramento”.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2003,
p. 4.
O que é ciência?

Segundo o Dicionário Aurélio:


1. Verbete: ciência [Do latim scientia.] S. f. 1. Conhecimento;
2. Saber que se adquire pela leitura e meditação; instrução,
erudição, sabedoria;
3. Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um
determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a
observação, a experiência dos fatos e um método próprio;
4. Soma de conhecimentos práticos que servem a um
determinado fim;
5. A soma dos conhecimentos humanos considerados em
conjunto;
6. Filos. Processo pelo qual o homem se relaciona com
a natureza visando à dominação dela em seu próprio
benefício. [Atualmente este processo se configura na
determinação segundo um método e na expressão em
linguagem matemática de leis em que se podem ordenar
os fenômenos naturais, do que resulta a possibilidade
de, com rigor, classificá-los e controlá-los.]
Ander-Egg (1978), define Ciência como um conjunto de
conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos
metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem
referência a objetos de uma mesma natureza.

Para Trujillo (1974), Ciência é uma sistematização de


conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente
correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos
que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades
racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com
objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação.
Para Rubem Alves (1981, p. 9), a Ciência é uma especialização, um
refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou um
microscópio vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada
mais são que extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos
na capacidade de ver, comum a quase todas as pessoas. Um instrumento que
fosse a melhoria de um sentido que não temos seria totalmente inútil, da
mesma forma como telescópios e microscópios são inúteis para cegos, e
pianos e violinos são inúteis para surdos.

Conforme Newton Freire-Maia (1990 p. 24), Ciência é um conjunto de


descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, etc, visando ao
conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e
renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia
especial (metodologia científica).
TÉCNICA

A técnica é tão antiga quanto o homem, da mesmo forma


que a “sabedoria”. Ela parece com a fabricação de
instrumentos, o que nos faz concluir que surge com a
aparecimento do homem na face da Terra. A fabricação da
pedra lascada corresponderia um saber fazer, uma técnica.
Esta fabricação e o aparecimento do homem são
considerados fatos simultâneos. Seguindo esse raciocínio,
a técnica é originalmente um saber fazer que caracteriza a
presença de uma cultura humana. O homem, fazer e
cultura são aspectos originários da natureza humana.
TECHNÉ

A techné aparece na Grécia Antiga, paralela à filosofia.


A techné, ao contrário da pura contemplação da
realidade, dizia respeito a capacidade de produzir um
objeto por meios racionais. Assim, eram atividades
interessadas na solução dos problemas práticos, em
servir de guia para os homens para melhorar e
aperfeiçoar a sobrevivência – na cura de doenças, na
construção de instrumentos e edifícios e outros. Talvez
pudéssemos chamá-la de técnica altamente
desenvolvida em relação ao seu estagio inicial .
TECHNÉ

As “techné” gregas eram, em principio, constituídas por


conjuntos de conhecimentos e habilidades profissionais
transmissíveis de geração a geração. São desse tipo de saber a
medicina e a arquitetura gregas. Também são “techné” a
mecânica, entendida essa como a técnica de fabricar e operar
máquina de uso pacifico ou guerreiro, e os ofícios que hoje
chamamos de “belas artes”. Ao lado dessas havia também, uma
“techné” exata como, por exemplo, a utilização das matemáticas
na agrimensura e no comércio. Mas, não se deve entender
“techné” sempre como um saber operativo – manual. Com efeito,
o conceito de “techné” é mais extenso. (VARGAS 1994, p.18)
TECNOLOGIA

A tecnologia, entendida genericamente, é um


conjunto de conhecimentos e informações
organizados, provenientes de formas diversas
como descobertas científicas e invenções,
obtidos através de diferentes métodos e
utilizados na produção de bens e serviços
(CORREA, 1999, p. 250)
TIPOS DE CONHECIMENTO

1. Popular ou de “senso comum”


É o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato
direto com as coisas e os seres humanos.
- Superficial
- Sensitivo
- Subjetivo
- Assistemático
- Acrítico
Também atribui-se as características de ser: valorativo, reflexivo,
verificável, falível e inexato.
2. Filosófico

Caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas


humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às
luzes da própria razão humana. O objeto de análise da filosofia são ideias.
Procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as
leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

Características:
-Valorativo
-Racional
-Sistemático
-Não verificável
-Infalível
-Exato
3. Religioso
É teológico, místico e espiritual. Apoia-se em doutrinas que
contém proposições sagradas, reveladas pelo sobrenatural.
Características:
-Valorativo
-Inspiracional
-Sistemático
-Não verificável
-Infalível
-Exato
4. Científico

Considera-se como “real” porque lida com ocorrências, fatos, fenômenos


concretos e observáveis. Necessita de uma TEORIA para tornar-se legítimo,
de HIPÓTESES para serem testadas e de um MÉTODO para conduzir a
INVESTIGAÇÃO.

Características:
- OBJETIVO, porque descreve a realidade independente dos caprichos do
pesquisador;
- RACIONAL, porque se vale, sobretudo, da razão e não da sensação ou
impressões, para chegar a seus resultados;
- SISTEMÁTICO, porque se preocupa em construir sistemas de ideias
organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em
totalidades cada vez mais amplas;
- GERAL, porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração
de leis e normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo.
Referências

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. São Paulo: Brasiliense,


1981.
ANDER-EGG, Ezequiel. Introdución a las técnicas de
investigación social para trabajadores sociales. 7 ed. Buenos
Aires: Humanitas, 1978.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva,
2003.
FREIRE-MAIA, Newton. A ciência por dentro. São Paulo:
Vozes, 1990.
TRUJILLO, Alfonso. Metodologia da ciência. 3. ed. Rio de
Janeiro: Kennedy, 1974.

Você também pode gostar