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Currículo do Curso de

Técnicos de Medicina
Geral
 

1º. Semestre
aula8
Disciplina de Saúde da Comunidade

Ministério da Saúde de Moçambique


INTRODUÇÃO À VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGIA (CONT)
1. Passos de um sistema de vigilância
• Os passos de um sistema de VE incluem as seguintes actividades:  
1. Registo – consiste em anotar num impresso um caso diagnosticado, uma activi­dade
realizada ou um recurso recebido. Por exemplo: o clínico escreve (regista) no seu livro de
consulta um caso diagnosticado de malária.
2. Recolha – é o acto de transferência dos dados dos livros de registo ou das fichas diárias
para as fichas de resumo (diárias, semanais, mensais ou anuais), de modo a permitir a
orga­nização dos dados em grandes categorias.
3. Elaboração – é o agrupamento dos dados para transformá-los em informação. Um dado
considerado isoladamente não permite a sua interpretação e, portanto, não é útil para a
tomada de decisões. Exemplo: o responsável de vigilância epidemiológica soma os casos
de malária da US e por grupo etário e associa com a população estimada na área de
saúde para calcular a taxa de incidência da malária.
4. Apresentação – consiste na organização da informação em tabelas e
gráficos, o que facilita a sua análise e compreensão.
5. Interpretação – é a tentativa de encontrar explicações para um
determinado acontecimento e suas causas. Saber interpretar é a condição
indispensável para poder escolher medidas correctivas adequadas e evitar
tomadas de decisões precipitadas.
6. Envio – consiste na entrega dos impressos de resumo ao nível superior,
devendo seguir o percurso estabelecido e respeitar os prazos de entrega.
Por exemplo: na 3ª feira de cada semana, o Boletim Epidemiológico
Semanal (BES) da US correspondente à semana epidemiológica anterior,
deve ser enviada. O resumo de Lepra deve ser enviado trimestralmente.
7. Recepção – é o acto de receber, numa instituição do SNS, os impressos
enviados pelo nível inferior.
8. Controlo de qualidade – para cada uma das 7 actividades
precedentes, o controlo de qualidade deve ser feito, ou seja,
deve-se verificar se os dados estão completos, se são oportunos,
atempadas e confiáveis.
9. Retroinformação – consiste em devolver aos níveis inferiores
(MISAU-DPS; DPS-SDSMAS; SDSMAS-US) informação
interpretada e com comentários. Exemplo: A DPS deve enviar
mensalmente a todos SDSMAS um resumo mensal do BES
provincial que inclui dados de todos os distritos com
recomendações de como proceder para cada caso particular
julgado conveniente.
VIGILÂNCIA NUTRICIONAL
O sistema de vigilância nutricional apresenta os seguintes 4 componentes:
 Vigilância do crescimento;

 Vigilância da segurança alimentar;

 Sistema de alerta rápido;

 Sistema de alerta rápido;


1.Vigilância do crescimento Está incorporada nos serviços de saúde e trabalha,
essencialmente, com variáveis antropométricas (peso ao nascer, peso/idade,
peso/altura, altura/idade, perímetro braquial), possibilitando acompanhar, a nível de
indivíduos e comunidades, o crescimento físico das crianças (dos 0 aos 59 meses) e dos
factores patológicos e ambientais que interferem no processo.
2.Vigilância da segurança alimentar É um instrumento informativo sobre a
disponibilidade, acesso físico e acesso económico aos alimentos básicos, para o caso de
Moçambique o milho, a mapira, a mandioca, a batata-doce, etc.
3.Sistema de alerta rápido É um sistema destinado a registar ou prever crises
alimentares agudas, resultantes de acontecimentos climáticos ou sociais (conflitos
armados). O sistema permanece em contacto com instituições e serviços nacionais ou
internacionais de atendimento de emergência.
4.Vigilância das medidas de ajuste económico Foi criado com o objectivo de alertar
os governos para a adopção de medidas de ajustes estruturais da economia, face às
possíveis implicações adversas em relação à área de alimentação e nutrição
 
•Fazem parte deste sistema de vigilância, no nosso país, a malnutrição grave, ou seja,
o marasmo e o kwashiorkor. Normalmente são notificados mensalmente através dos
resumos mensais de internamentos, em todas as unidades com internamento
 Marasmo É definido como peso muito inferior ao peso esperado para a idade actual
da criança, que pode ser visto através de linhas especificadas no Cartão de Saúde
da criança, com emagrecimento acentuado visível. A criança marasmática
apresenta-se com saliências ósseas, aspecto envelhecido, pele enrugada e poucos
movimentos, incluindo choro muito fraco e não brinca.
Kwashiorkor É definido como peso inferior à curva normal (abaixo do percentil
50) no Cartão de Saúde, com edemas.
• Nota: estas doenças por carências nutricionais, serão abordadas com mais
detalhe, nas aulas da disciplina de pediatria.
VIGILÂNCIA DE EPIDEMIAS
1.Notificação de Epidemias
A notificação de epidemias no país segue um padrão único, variando de doença para
doença a periodicidade e o modelo de formulários utilizados. De modo geral para que uma
epidemia seja notificada devem ser observados os seguintes passos:
1.Suspeita – que pode ser feita pelos clínicos ou membros da comunidade
perante observação de tendência de aumento ou aparecimento de doença rara.
Exemplo: aumento de casos de diarreia na comunidade, com vários internamentos
faz-nos pensar num surto de doenças diarreicas (será cólera? Será disenteria?
Será outra diarreia infecciosa?)
2.Confirmação – que é feita através da revisão da definição de caso com posterior
confirmação laboratorial, se necessário e possível. Por exemplo: revê-se a
definição de cólera, disenteria, e colhe-se amostras de fezes para saber que
agente infeccioso está envolvido. No caso de cólera, confirma-se a presença do
vibrião colérico.
Cont.

3. Análise – que consiste basicamente na procura de respostas às perguntas: quem? Onde? E


quando? De modo a permitir um maior controle através de busca activa. É também nesta fase
que se tenta caracterizar a epidemia em termos de fonte de infecção, formas de transmissão e
curso.
4. Busca activa – que consiste na procura de prováveis contactos e outros casos que possam estar
escondidos dentro da comunidade, de modo a garantir que não haja difusão da epidemia.
O passo a seguir, caso se confirme, é a notificação que pode ser por preenchimento de formulários
apropriados, via de rádio, telefónica, Fax ou correio electrónico.
As seguintes doenças causam epidemias no nosso país: malária, doenças diarreicas (incluindo a
cólera e disenteria), meningite, sarampo e paralisia flácida aguda/poliomielite.
Todas devem ser notificadas semanalmente através do BES, mas para alguns casos há mais
particularidades, que são tratadas quando se trata de cada doença, exemplo cólera.
PONTOS-CHAVE


1. A vigilância epidemiológica é feita em 9 fases que vão desde a recolha de
informação até à análise e devolução dos resultados às fontes (retro-informação).
2. Grande parte de doenças que causam epidemias no país são de notificação
obrigatória (em todas unidades sanitárias) através do BES e incluem a malária, as
diarreias (incluindo a cólera e disenteria), a PFA / poliomielite, meningite, o
sarampo. Em caso de epidemias, a notificação é feita diariamente através da via
rápida, mas sempre devem constar do BES.
3. A vigilância nutricional só engloba doenças de aporte deficiente de nutrientes no
nosso país, aquelas que causam mal nutrição por deficiente ingestão.


• Anexo

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