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Quando crescem as sociedades, surge também a necessidade de

expandir seus espaços sacros, dando início a construção das grandes


catedrais. Templos criados para unir o povo em torno de uma causa em
comum, a fé. No entanto, observando o grau de perfeição com que as
grandes catedrais do mundo - Chartres, Notre-Dame, Bourges,
Westminster, Canterbury, Santa Sophia e tantas outras - foram
construídas, podemos perceber que há muito mais magia e o mistério
escondido em cada detalhe do que se possa imaginar.
A começar pelas suas estruturas, podemos dividi-las como os Gregos
concebiam os homens, em três partes: físico, alma e espírito. A primeira
é a mais fácil de ver, pois corresponde ao subterrâneo das catedrais,
composta da cripta, galerias e passadiços. Não se trata do inferno, mas
o Céu ao revés. Lugares onde radicam as forças telúricas, onde se
enterra a semente para que possa germinar, dedicados à ressurreição e
transmutação, guardando os segredos da vida e da morte.
A Alma corresponde a parte principal do culto, o abside, os pavilhões
laterais, os cruzeiros, deambulatórios e capelas. Lugar onde a vida
habita, com todas as suas intempéries. Onde cresce e floresce um
mundo de dualidade, às vezes, representado por alternância de ladrilhos
negros e brancos. É um espaço governado pelo ritmo das estações que
marcam os ritos e celebrações e as horas do dia, como um microciclo
mágico em que se alternam sol e trevas.
Por fim, o céu, ou espírito, representado pelas abóbadas e torres. Como
o mais elevado ponto de união do terrestre e do celeste, sede da luz e
das potências solares que se expressam através dos reflexos que se
projetam nas abóbadas.
Não por acaso, o Mundo, o Templo e o Homem foram esculpidos
com o mesmo modelo, como uma necessidade de que se crie uma
sintonia entre o Homem e o Cosmos. Desse modo, a planta da
construção se assemelha a um homem com os braços abertos,
seus pés são a entrada e a fachada da Catedral, suas pernas e
tronco os pavilhões, seus braços os dois cruzeiros centrados no
coração e o círculo da abside, a cabeça.
A Catedral transmuta o homem profano em homem sagrado, esse é
o sentido fundamental da Catedral e a Alquimia que se encerra em
seus muros. Compreender isso, nos dá condições de erguermos em
direção ao sagrado de forma muito mais profunda e consciente.
É por motivo que, nesta edição do Boletim Ganesha, diante do
ocorrido na catedral de Notre-Dame, prestamos nossa homenagem
ao simbólico. Sabemos que as coisas perecíveis da matéria vão se
extinguir, por mais que nos sejam caras, mas, com as ideias claras,
poderemos reconstruir tudo que quisermos. As catedrais estão aí
para nos fazer sempre olhar para o céu e lembrar do eterno que
reside em cada um de nós.
Boa leitura!

*explicação com base nos estudos do pesquisador e filósofo


Joaquín Palomo Robles
Notre-Dame em Chamas

No dia 15 de abril de 2019 o mundo assistiu consternado as chamas


escalarem as altas torres da Catedral Notre-Dame de Paris, ‘Nossa
Dama’, símbolo e expressão máxima da grandeza e beleza em nós, com
sua arte e arquitetura que surpreendeu o mundo quando construída,
elevando-se alto no céu com seus campanários, com harmonia e leveza,
apesar da grandiosidade de sua estrutura.
‘Nossa Dama’ se assenta em solo considerado sagrado ao longo de
muitos séculos, pois no mesmo lugar onde se fundaram seus pilares
antes existiram ruínas druidas celtas e templos em homenagem à
Júpiter, em uma constante busca do homem para erguer pontes que o
liguem ao Divino, cada vez mais alto, cada vez mais belas. Em sua
história, ao longo de mais de 850 anos, a Catedral viu a história se
escrever em frente ao seu altar, viu Napoleão sagrar-se imperador, Reis
e Rainhas serem coroados e até mesmo a onda da massa enfurecida,
na Revolução Francesa, cruzou-lhe as colunas com sua vibrante
emoção.
Mas, além de uma igreja e de uma construção incrível, técnica e
esteticamente, o que faz com que as chamas de Notre-Dame ardam
dolorosamente no coração de milhões de pessoas? Mesmo aqueles que
nunca foram a Paris e se demoraram a admirar suas torres, vitrais e
gárgulas que guardam sua imponente fachada, e que talvez não
conheçam sua história quase milenar? Por que pulsa em nós este
sentimento de que algo profundo e verdadeiro está ferido?
Ao fim da Alta Idade Média, um sopro de novas ideias iluminou o
ocidente, as igrejas sólidas e de paredes grossas da arquitetura
românica não mais comportavam a busca pela elevação espiritual, e nos
180 anos de sua construção Notre-Dame simbolizou a vitória sobre a
barbárie vivida nos séculos negros da conhecida “Idade das Trevas”, que
assolou toda a Europa, com suas altas colunas e arcos delicados, que
surpreendentemente sustentavam o peso dos telhados (alguns
acreditavam que por milagre!), com janelas mais altas e amplas,
possibilitando que a luz tomasse a nave da Catedral, pelos belos e
coloridos vitrais, convidando ao sentimento sublime de devoção e
contemplação.
Mais que uma igreja, Notre-Dame
assentou as firmes bases de nossa
civilização moderna, em pleno
ressurgimento da cultura, da arte e
da filosofia, com seus simbolismos
e medidas canônicas que
estudamos até hoje, quase mil
anos depois, traçando os
fundamentos que norteariam o
caminho da humanidade, como
representação de sua grandeza,
de sua capacidade de gerar a
beleza, de elevar-se às alturas
espirituais mantendo raízes firmes
na terra, assentada sobre as
conquistas da ciência, sublimada
pelas maravilhas da fé.

Mas não nos cabe apenas lamentar suas chamas. Vivemos um


momento de grandes transformações na sociedade, e muitas das bases
e conceitos que fundamentaram a nossa história são hoje combatidas,
questionadas, quiçá até rejeitas pelas novas gerações, que buscam
interpretar a vida por novos ângulos e novas premissas, e é natural que
assim seja, porém, como a história vem testemunhar, o homem somente
é capaz de construir grandes civilizações quando une a energia dos
novos ciclos com a sabedoria das antigas tradições. Se nos cabe hoje,
construir as novas Catedrais, símbolos de nossa era, sabemos quais
base queremos assentar? O que buscamos alcançar quando nos
elevamos em nossos arranha-céus ou em nossos foguetes espaciais?
Mais que uma construção física, Notre-Dame nos convida a refletir sobre
as nossas mais profundas crenças, valores e ideais, os fundamentos
metafísicos de nossa civilização contemporânea.
Do alto de suas torres, que iluminaram com chamas bruxuleantes a
‘cidade-luz’, Notre-Dame soa um urgente chamado, para que o ser
humano volte a buscar em si mesmo aquilo que o faz humano, para que
construa novas pontes capazes de atravessar eras sombrias, de elevar
os nossos mais belos sentimentos em direção ao mais puro e verdadeiro
de nós mesmos, assentando mais uma vez o caminho do porvir, para
que as gerações que virão também possam, olhando para trás, se
encantar e inspirar com a grandeza dos homens que passaram por aqui.
Joana D’Arc

Forte, envolvente e
emocionante. Assim se
desenrolam as páginas desse
romance, que prende a
atenção desde a primeira
página. Joana D’arc, a
donzela de Orleans – um dos
personagens mais populares
da história da França, sendo
contada do ponto de vista de
seu melhor amigo da
infância, Sr. Louis de Conte,
com todos os detalhes de
quem ouviu e presenciou
pessoalmente acerca da
santa de Domrémy.

Filha do povo, revolucionária e patriota, Joana foi uma jovem


camponesa de apenas 16 anos que, contra a vontade de todos,
seguindo apenas o sentimento de dever e a voz de Deus, se tornou
líder militar e comandou todo um exército para proteger a França do
domínio britânico. Foi traída pela monarquia e pela Igreja e
condenada à fogueira em 1431, mas se tornou um símbolo de fé e
coragem.

Fascinado por sua figura, Mark Twain refaz a saga dessa heroína a
partir de doze anos de pesquisa baseada nas memórias do Senhor
Louis de Conte, uma espécie de pajem e secretário de Joana d’Arc.
Nesta hagiografia, ele transita entre mitos e fatos históricos para
recontar em detalhes os diferentes momentos da vida de Joana,
imortalizada no imaginário popular.
A obra se divide em três partes: a primeira narra os anos de infância e
adolescência de Joana D’arc em Domrémy, ao que se seguem os dias
na Corte e no campo de batalha, ficando a terceira parte incumbida da
narrativa do julgamento e martírio de Joana.
É bom lembrar que o processo de Joana D’arc começará a ser revisto
em 1456, quando será considerada inocente pelo papa Calisto III,
sendo, finalmente, beatificada no ano de 1909, pelo papa Bento XV.
Embora todos já saibam do fim trágico desta história, é impossível não
torcer, a cada página, por uma reviravolta na história, por algum ato de
nobreza e justiça de seus inquisidores.

MARK TWAIN
Mark Twain cresceu na pequena cidade de
Hannibal, às margens do rio Missouri, nos
Estados Unidos. Críticos apontam que o local
e seus habitantes teriam servido de
inspiração para o vilarejo de São
Petersburgo, cenário de seus romances As
aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de
Huckleberry Finn, que alçaram o autor ao
patamar de um dos maiores expoentes da
literatura norte-americana.

Nascido Samuel Langhorne Clemens, adotou um termo náutico – mark


twain (“marca dois”) – como pseudônimo e chegou a trabalhar como
piloto de barco a vapor no Mississippi antes de iniciar carreira como
repórter, escritor e palestrante. Publicou 28 livros, além de inúmeros
contos e histórias curtas. Twain veio ao mundo em 1835, ano de
passagem do cometa Halley próximo à Terra, o que voltaria a acontecer
só 74 anos depois. Em 1909, escreveu: “Será a maior decepção da
minha vida se eu não for embora com o cometa”. O escritor morreria
poucos meses após o evento, em abril de 1910.
Considerações Sobre as Causas da Grandeza
dos Romanos e Sua Decadência

Neste clássico das ciências


políticas, Montesquieu narra a
história política de um dos
maiores povos da Antiguidade,
embasada em relatos
históricos, de forma direta, com
foco no essencial e naquilo que
determina o curso dos
acontecimentos, permitindo ao
leitor visitar o passado para
elucidar o presente. Publicada
pela primeira vez em 1734, na
Holanda, quando Montesquieu
(1689-1755), filósofo e escritor
francês do Iluminismo, contava
45 anos de idade e já se
tornara um reconhecido
pensador político.

Esta obra foi logo traduzida para o inglês, para o alemão e para o
italiano, e tornou-se um clássico, cujo sucesso permitiu ao autor
acompanhar em vida a publicação de nove edições.
Fundamentada em relatos históricos, dá provas de que a vontade
humana é concebida sob um conjunto de condições, cujo
conhecimento é elemento crucial para o projeto de Montesquieu, uma
esclarecida reforma do soberano e de seu súdito. E contribui, assim,
para a instauração de uma ciência política de modo mais direto e
imediato do que eminentes tratados da filosofia política. 
Os incontáveis eventos e relações causais aqui apresentados deixam-
nos às portas da obra máxima de seu autor, Do espírito das leis,
publicada em 1748. Montesquieu proporcionou à historiografia uma
dimensão racional e científica, e tornou-se nada menos que o fundador
da ciência política. Ele atende a um otimismo de um tempo esperançoso
quanto à razão, ao ser humano e à política, que marcou o século XVIII:
“Se eu pudesse fazer com que aqueles que comandam aumentassem
seus conhecimentos sobre o que devem prescrever, e se aqueles que
obedecem encontrassem um novo prazer em obedecer, considerar-me-ia
o mais feliz dos mortais.”
“Este livro é o trabalho mais representativo do estilo deste grande
escritor. Cada página constitui um modelo da razão e da lógica, um
monumento à arte de compor e escrever […] intenso e conciso.”
DANIEL BONNEFON (Secretário da “Revue d’histoire littéraire
de la France”).
Trechos:
"Uma das causas de sua prosperidade é a de que seus Reis foram todos
grandes personagens. Nas histórias, em parte alguma se tem uma série
ininterrupta de tais homens de estado e de tais Generais. No nascimento
das sociedades são os chefes da república que fazem a instituição, e em
seguida é a instituição que forma o chefe da república."
“Enfim, como diz Josefo, a guerra lhes era uma meditação; a paz, um
exercício. Se outra nação tinha por natureza ou por sua instituição
alguma vantagem particular, eram os primeiros a usá-la; não mediam
esforços para ter cavalos númidas, arqueiros cretenses, fundeiros
balares e embarcações ródias. Enfim, jamais uma nação se preparou
para a guerra com tanta prudência e jamais fez com tamanha audácia.”
“Naquela época, a escola dos estoicos se estendia e se creditava no
Império. Parecia que a natureza humana tinha feito um esforço para ela
própria produzir esta escola admirável, que era como as plantas que a
terra faz nascer em locais que o céu jamais viu.”
“A essa escola os romanos deveram os melhores imperadores. Nada é
capaz de fazer esquecer o primeiro Antonino a não ser Marco Aurélio,
que ele adotou. Sente-se em si mesmo um secreto prazer quando se fala
desse imperador; não se pode ler sua vida sem uma espécie de
enternecimento; tal é o efeito que ela produz, de se ter uma melhor
opinião de si, porque se tem uma melhor opinião dos homens.”

“ Tal foi o fim do Império do Ocidente.


Roma se engrandecera por haver
tido somente guerras sucessivas; por
inacreditável sorte, cada nação só
atacava depois de outra já ter sido
arruinada. Roma foi destruída porque
todas as nações a atacaram ao
mesmo tempo e nela adentraram por
toda a parte.”
O Corcunda de Notre Dame

Este clássico produzido pelos estúdios


Walt Disney em 1996, teve como
inspiração o livro “Notre-Dame de Paris”
do célebre escritor Victor Hugo.
A história se passa em 1482 e retrata
uma época sombria e intolerante de
Paris no século XV.
Tudo começa quando um grupo de
ciganos é perseguido pelo
Ministro Claude Frollo. Alguns são
presos e uma mulher foge
desesperadamente com um embrulho
nos braços.
Frollo persegue-a pensando que o que
ela tem em mãos são objetos roubados.
Ao tentar tomar-lhe o embrulho, o
ministro a golpeia e a mata.

Com o embrulho nas mãos e esboçando nenhum remorso, ele descobre que
se trata de um bebê, uma criança desfigurada. O cruel ministro Frollo dirige-
se então a um poço com a intenção de jogá-lo, mas é interrompido pelo
arquidiácono, que lhe impõe a incumbência de cuidar da criança como forma
de se redimir por ter tirado a vida de sua mãe. Frollo não vendo outra
alternativa concorda mas impõe a condição de que a criança cresça
escondida da população.
Vinte anos depois, o bebê recebeu o nome de Quasímodo, é agora um
homem marginalizado, corcunda e ainda desfigurado; que vive trancado no
campanário da Catedral, tocando os sinos na companhia de apenas três
gárgulas - Victor, Hugo, e Laverne.
As três gárgulas possuem vida própria, mas só revelam isso na presença de
Quasímodo ou quando ficam sozinhos
Victor - Uma das gárgulas amigas de Quasímodo, tem traços que lembram
um eqüino sendo o mais alto e forte. É também o mais educado e classudo
entre as três gárgulas, agindo como um autêntico cavalheiro, porém sem
nunca perder o bom humor típico dele e de seus companheiros.
Hugo - Tem as feições faciais de um javali, e ao contrário de Victor, é
baixinho e gordo. Sua personalidade é certamente o oposto de Victor, sendo
o típico guloso e brincalhão, frequentemente com uma boa piada para fazer
com a situação ou com o próprio Quasímodo, mas sempre em bastante
amigável. Costuma ser bastante repreendido por Laverne devido ao seu
comportamento.
Laverne - A representante feminina das gárgulas amigas de Quasímodo.
Com as feições semelhantes a de um macaco. É a típica senhora idosa cheia
de histórias e conselhos para contar a Quasímodo para que ele possa lidar
com Frollo e com sua própria vida com mais facilidade. Só é um pouco
irritadiça principalmente com os pombos que vivem pousando em sua cabeça
quando ela está parada em seu estado de estátua. Costuma admirar o
cavalheirismo e a pose de Victor, apontando-o como um bom exemplo a ser
seguido.
Quasímodo aproveita-se da ausência de Frollo e sai da catedral para ver de
perto o "Festival dos Tolos“, a maior festa do ano realizada em frente à
catedral e acaba acidentalmente participando do concurso para designar a
cara mais feia de Paris.
Quasímodo vence, e é proclamado rei do festival, mas o que começou
sendo um momento de glória com sua coroação em meio a aplausos,
acaba rapidamente se transformando em uma sessão de humilhações e
ridicularização pela multidão presente no festival.
Neste momento chega a cigana Esmeralda que se compadece da situação
de Quasímodo e o defende da população que se divertia lançando tomates,
ovos e palavras cruéis.
Começa então a aventura do filme com a perseguição dos soldados do
Ministro Frollo que fica enraivecido pela desobediência de Quasímodo e
ainda não havia se cansado de perseguir Ciganos.
Gárgulas e Quimeras
“Detalhes da Arquitetura Gótica de Notre-Dame”

A arquitetura em estilo gótico já é repleta de simbolismos e significados


ocultos e com a as gárgulas não seria diferente. Os arquitetos e escultores
do século XIII, durante a ascensão do estilo gótico, criaram nessas calhas
salientes, um motivo decorativo para os edifícios.
Estas esculturas intrigantes instaladas nos telhados das catedrais, têm a
função simbólica de lembrar que o Bem está dentro da igreja e com seu
aspecto aterrorizante, manter o Mal do lado de fora do ambiente
sacralizado, exercendo portanto o papel de “guardião do tempo”,
transmitindo a mensagem aos fiéis de que nada poderá ameaçá-los
enquanto estiverem dentro da igreja.
Entretanto, as gárgulas possuem também uma função técnica que é a de
captar a água da chuva e descartá-la a uma boa distância das paredes, de
modo que a umidade não prejudique a parte inferior das construções. Por
este motivo surge o nome desta escultura. A palavra Gárgula vem do
francês, “Gargouille”, do latim “Garg“,(Gorge = Garganta) e do antigo
francês “Goule”, (Gueule = Boca).
Lembrando que a água na idade média (época em que a catedral foi
construída) tinha, não somente o poder de danificar a arquitetura, mas
também era fonte de transmição de doenças, como a peste. Diante disto,
as monstruosas Gárgulas tinham então, uma importante missão de
defender a igreja contra os males, expulsando para longe, a água suja dos
telhados e também os maus espíritos.

Gárgula Quimera
Quimera (português), Chimère, (em francês), ou “Chimaria”, (em grego),
vem do latim, “chimaera”, nome de um monstro fantástico, da mitologia
grega, constituído de diferentes partes de vários animais, (leão, serpente,
dragão, cabra...) Geralmente descrito como um animal híbrido - a quimera
foi morta pelo herói Belerofonte e seu cavalo alado “Pegasus”. Quimera
pode significar também sonhos, fantasias e utopias impossíveis.
Enquanto as gárgulas tinham uma função importante de escoamento da
água do telhado, as quimeras da Catedral de Notre Dame, (todas criadas
pelo arquiteto Eugène Viollet-le-Duc), tinham função apenas decorativa, e
para que, juntos às gárgulas compusessem um cenário de criaturas
aterrorizantes.

Not total são 154 quimeras, sendo que


somente uma tem nome: Stryge - um
simpático monstrinho de asas, que
passa o dia com as mãos segurando o
rosto, debruçado numa balaustrada da
Notre-Dame (torre Norte, e invisível do
solo), meditando sobre a vida dos
homens, e ao mesmo tempo brincando
com eles, ao mostrar a língua para
cidade. O nome “Stryge” (O vampiro) foi
dado possivelmente por Charles Meryon,
que o representou numa gravura, em
1853, hoje no Museu Metropolitano de
Arte, em Nova Iorque.
Igreja do Bom Despacho
A tragédia que ocorreu com a Catedral de Notre-Dame, em Paris,
despertou curiosidade sobre a Igreja de Nossa Senhora do Bom
Despacho, que é conhecida como a "Notre-Dame de Cuiabá". 
Inspirada na original francesa, o estilo neogótico imponente é a principal
característica da igreja, que começou a ser construída em 1918 e foi
finalizada em 1920, segundo o historiador e padre Felisberto Samoel da
Cruz.
“Construir naquele estilo, nessa qualidade, com esses detalhes góticos,
para Cuiabá foi um prêmio. É de uma beleza espetacular. Ela está hoje
como uma das mais imponentes de Cuiabá”, afirmou o padre.
Com janelas predominantes e vitrais desenhados, a luz tem um papel
crucial no interior da igreja ao difundir uma aura de misticismo. Os grandes
arcos ogivais atraem o olhar para o alto, contrastando com os pequenos
ornamentos dos pilares.
Bom Despacho foi construída pelo arquiteto francês Leon Joseph Louis
Mousnier juntamente com o freire francês Ambrosio Daydei, nos encargos
de Dom Carlos Luiz D’Amour, que era o padre da época.
“Eles fizeram a réplica porque eram franceses e queriam trazer uma
réplica da igreja bonita de lá”, explicou padre Felisberto.
Alair Ribeiro/MidiaNews

O interior da igreja é marcado por grandes arcos ogivais e colunas ornamentadas

Porém, a igreja só foi construída devido a uma demanda dos estudantes


do Seminário da Conceição, que fica aos fundos da Bom Despacho.
 “Nós não podemos falar do Santuário se não falarmos do Seminário da
Conceição. A princípio, a igreja foi construída em função dos
seminaristas. A igreja cresceu junto com o seminário”, explicou.
De acordo com o historiador, a construção recebeu muito dinheiro da
Europa, que foi financiado pela congregação. No entanto, os cuiabanos
também chegaram a contribuir com doações.
Parte dos materiais de construção foi trazida de outros países, como os
vitrais, que saíram da Bélgica, pois o Brasil não produzia o material.
Entretanto, a Igreja do Bom Despacho possuiu suas diferenças com a
clássica de Paris. A que mais chama atenção é o fato que a de Cuiabá
tem apenas uma torre, enquanto a original é composta por duas.
“Isso é porque acabaram não fazendo a segunda torre, não foi concluída a
obra. Os freis foram embora de Cuiabá, foram para Cáceres. Ai dividiu a
diocese e eles construíram as duas torres lá. Não deu tempo de reproduzir
como deveria ser feito”, explicou o padre.
Na época em que foi construída, a igreja não era revestida com reboco. Os
tijolos maciços alaranjados ficavam à vista. Com o passar do tempo, a
modernização foi tomando conta.

“Chovia muito não tinha como manter as telhas, tinha muita goteira. Foi muito
difícil a manutenção”, explicou o padre.
 A Igreja do Bom Despacho foi tombada como patrimônio histórico de Mato
Grosso em 1977. Porém Dom Milton reverteu o processo de tombamento,
pois a manutenção da igreja estava sendo negligenciada pelo governo,
conforme padre Felisberto.
Em 2004, a igreja passou pela primeira grande reforma, com recurso de R$
715 mil do Governo de Blairo Maggi. Nessa época, houve a discussão de
retirar os arcos góticos de dentro da igreja e esconder tudo com um forro
plano.
“Em uma briga do padre [Dom Milton] com os arquitetos da época, sobre a
questão de fazer o forro achatado tirando toda a beleza do teto da igreja, ele
conseguiu reverter a situação e desmanchar o forro. Ele fez o forro dando
continuação à queda do telhado, sem tirar o esplendor dos traços góticos”,
apontou o historiador.
Dez anos depois ocorreu a segunda reforma, onde os vitrais foram
recuperados, rachaduras foram rebocadas e telhas trocadas.
Ao todo, nessa reforma, foram gastos R$ 220 mil, sendo que o Estado
contribuiu com R$ 200 mil. O restante do valor foi financiado pela Mitra
Arquidiocesana. 
História nas paredes
Além da grandiosidade arquitetônica, as paredes da igreja já viram muitas
coisas. Uma delas é ainda da época de exploração de ouro no Córrego da
Prainha, durante o século XIX.

O alto do Morro do Seminário


abrigava uma pequena capela.
Dela restaram alguns túneis que
foram utilizados para esconder
escravos fugitivos, de acordo com
padre Felisberto. Hoje o túnel está
fechado, pois abrigava muitos
animais, como morcegos e ratos.

“Tinha um túnel que o padre escondia os escravos. Eles usavam para fugir.
Lá dentro da sacristia ainda tem um túnel, um buraco que descia para o
Córrego da Prainha”, contou o historiador.
Padre Felisberto ainda afirma que existe ouro embaixo da igreja. Segundo
ele, esse fato ainda desperta a imaginação do povo cuiabano.
“A Prainha era o córrego que carregava todo o ouro da cidade para a Europa,
então ainda tem ouro. Se cavar acha”, disse.
A Igreja do Bom Despacho também chegou a ter um poço artesiano na frente
para que as pessoas pudessem pegar água. Em cima, havia uma imagem de
Nossa Senhora de Fátima. Hoje ele também está fechado.
O seminário também já foi utilizado como enfermaria durante a epidemia de
varíola, em 1877.
A Importância das Fibras na Alimentação
É consenso entre os profissionais da saúde que uma dieta rica em fibras
é essencial para a manutenção do organismo. Fibras são consideradas
um alimento funcional, definido como aquele que pode ajudar a melhorar
as funções vitais e a prevenir ou tratar doenças. O termo fibras refere-se a
partes presentes nos alimentos de origem vegetal que não são digeridas
ou absorvidas pelo organismo humano. Estão alojadas nas paredes
celulares dos alimentos de origem vegetal.
São as fibras que dão textura e
firmeza a cereais, grãos, frutas
e verduras. Elas podem ser
divididas basicamente em dois
grupos, fibras solúveis e fibras
insolúveis, de acordo com a
sua solubilidade na água.

As fibras solúveis se dissolvem em água e se transformam em um gel


quando em contato com soluções gastrointestinais. São as pectinas,
gomas e mucilagens. Se você deseja observar este tipo de fibra, coloque
uma colher de sopa de sementes de chia em um copo com dois dedos de
água, a semente irá hidratar e formar o gel ao seu redor. As fontes de
fibras solúveis são: cereais (aveia, cevada, milho), frutas (banana, maçã,
abacate), leguminosas (feijões, ervilhas), legumes (couve-flor, abobrinha,
cenoura), sementes oleaginosas (linhaça, chia, coco, amêndoas,
castanhas, nozes). Os benefícios das fibras solúveis são:
•Dão sensação de saciedade controlando o apetite
•Contribuem para a formação da flora bacteriana intestinal
•Controlam a glicose sanguínea porque retardam a absorção de
carboidratos ajudando a prevenir o diabetes do tipo II e a controlar a
glicemia de quem já é diabético.
•Ajudam a diminuir o colesterol LDL (o mau colesterol) no sangue,
prevenindo as doenças cardiovasculares.
•Atrapalham a absorção de gorduras, auxiliando o emagrecimento e
também as doenças relacionadas ao metabolismo das gorduras, como
síndrome metabólica, aterosclerose, doenças cardíacas, alguns tipos de
pressão alta.
• São fermentadas pelas bactérias presentes no cólon, produzindo ácidos
graxos de cadeia curta (butirato) que inibem a síntese de colesterol no
fígado e protegem contra o câncer de cólon.
Já as fibras insolúveis (celulose, hemicelulose e lignina), são insolúveis em
água, são encontradas em todos os vegetais, mas principalmente nas
verduras folhosas, cascas e bagaço de frutas. são encontradas também em
grãos (feijão, soja, lentilha), cereais integrais (arroz, centeio, trigo e farelos),
vegetais e talos de vegetais (brócolis, couve-flor). Seus benefícios são:
•Dão sensação de saciedade reduzindo o apetite
•Absorvem água se misturando aos alimentos no intestino grosso e
aumentando o bolo fecal- melhorando o trânsito intestinal.
•Agem como regulador do funcionamento intestinal-
•Previnem doenças como hemorróidas, prisão de ventre, diverticulite e câncer
de cólon.

Segundo o FDA (Food and Drug


Administration), órgão regulador e
fiscalizador americano, o consumo
ideal de fibras deve ser superior a
25g por dia. O ideal é que um
adulto consuma de 25 a 35g por
dia.

Adotar um cardápio rico em fibras não é tão difícil, o primeiro passo é


aumentar o consumo de frutas com casca (bem lavadas) e sucos sem
peneirar (com o bagaço), legumes e folhas. Aos poucos, deve-se aumentar o
consumo de cereais que também são muito ricos em fibras, assim como
as hortaliças. Substituir massas, pães e arroz branco pelo integrais.
Não podemos esquecer uma observação muito importante: ao aumentar a
ingestão de fibras, é indispensável aumentar a ingestão de água. As fibras
funcionam como “vassouras”, que empurram os resíduos pelo intestino. Sem
a água, as fibras se transformam em “lixas”. É a água que vai ajudar as
fibras a “escorregarem” pelo tubo intestinal. Do contrário, você poderá sentir
cólicas abdominais e ter problemas com prisão de ventre.
Além de todos esses benefícios, as fibras tem a importantíssima
função de alimentar a nossa flora intestinal, bactérias e leveduras que
vivem em nosso intestino, colaborando conosco. Essas bactérias
responsável pela produção de vitaminas, como a vitamina K e algumas do
complexo B, que não produzimos. Além disso elas nos defendem de
agentes patogênicos, absorvem toxinas, treinam o sistema imunológico e
até orientam o desenvolvimento dos tecidos do corpo (prevenindo
cânceres). Milhares de espécies bacterianas habitam o intestino grosso de
todo indivíduo saudável.
Um estudo realizado por pesquisadores das escolas de Medicina de
três das mais importantes universidades americanas, Stanford, Harvard e
Princeton, publicado na revista Nature, mostrou que o hábito de comer
alimentos gordurosos e instantâneos, com uma quantidade quase
inexistente de fibras, tem tudo para mudar totalmente nosso intestino para
pior. O estudo faz um alerta claro: adotar uma dieta pobre em fibras,
característica tão comum em alimentos industrializados, pode eliminar
bactérias benéficas da nossa flora intestinal de forma irreversível. Os
cientistas constataram, também, que essa maléfica mudança tende a ser
transmitida para as gerações futuras.
Esse artigo inaugura a sessão “Vida saudável” de nosso boletim. A
edição desse mês foi elaborada sobre o tema da catedral de Notre Dame,
que foi parcialmente destruída em chamas. Uma pena! Um local que
remete a muitos a morada do divino agora meio morta, como se o que
houvesse de divino alí tivesse sido retirado. E o templo do divino espírito
em todos nós? E a nossa “catedral”? Será que estamos cuidando bem de
nossa saúde?
Defesa de Joana D’Arc a seus jurados

"Antes de tudo, peço a vós, senhores meus jurados, escusas por ocupar-vos o precioso
tempo com meus argumentos, que podem parecer-vos vãos e insensatos.
Imaginai que eu, simples e iletrada camponesa, tenha a árdua missão de procurar fazer-vos
entender a razão de meus atos, diante de vós, que já me credes, previamente, desprovida de
qualquer senso ou razão... O pouco que aprendi dos homens mostra-me o quão difícil lhes
resulta entender realmente a alguém, especialmente quando tão pouco esse alguém se lhes
assemelha; em comum, entre nós, talvez somente essas estreitas cordas, essas amarras,
tão visíveis em mim, lacerando-me a pele, e as que trazeis dentro de vós, sutis, ocultas, mas
que vos laceram a alma talvez com muito maior intensidade.
Na pequena aldeia onde nasci e me criei, assisti, a cada dia de minha vida, ao espetáculo
patético de ver morrerem os sonhos de uma comunidade, que refletiam os sonhos de toda
uma nação, morte esta provocada pela mais lenta e dolorosa asfixia: a desesperança e a
impotência. O que minhas visões transcendentes, tão propaladas e difamadas por este Júri,
me indicaram não foi mais que o Eco Divino, a confirmação mágica daquilo que minha
humilde visão diária já insistira em dizer e repetir. Se me dizeis que aquele simples e humilde
povo, angustiado e ansioso por justiça, ao sonhar com uma existência mais digna, tinha suas
almas dominadas pelo demônio e que Deus os desejava assim, constantemente aviltados
em sua dignidade, débeis e sem objetivos em suas vidas, então vejo-me forçada a concordar
convosco quando dizeis que o meu Deus não é o mesmo vosso.
Por razões que me são alheias, sei que foi confiada a mim, e ainda agora sou capaz de
senti-lo, a missão de reacender o fogo em seus corações, de despertá-los para a vida, fazê-
los sacralizar seus esforços cotidianos direcionando-os para uma causa nobre, um Ideal...
Tive a oportunidade de servir de canal para o Poder de que necessitavam, e assim o fiz.
Jamais me arrependeria, pois sei que já não os deixei como os encontrara. Deixei-os
Homens, com uma terra e um Rei para amar e honrar; deixei jovens que podem orgulhar-se
de seus pais e desejar fazerem-se iguais a eles. Ao caminharem, já não se curvam para o
solo, mas, eretos, buscam outros olhos e até, quiçá, elevam o olhar para as estrelas. Do
apático rebanho que eram, converteram-se em Homens, vivos realmente, vibrantes, capazes
de se impor e fazer-se respeitar.
Porém, não vos enganeis ao pensar que a luz que possuem emana de mim e comigo se
extingue; a Luz que reside dentro da Alma de um homem, uma vez desperta, ninguém a
rouba ou esmorece, tampouco vós, “ministros de Deus”, enciumados d’Ele tê-la concedido
diretamente aos homens, prescindindo de vossa nobre Hierarquia...
Quanto a mim, ou melhor, quanto àquilo que pretendeis destruir em mim, é apenas um mero
instrumento forjado no Fogo e que, cumprida a sua missão, levais a consumir-se em fogo
novamente.
O pedido que finalmente faço, já não a vós, mas a Deus, é que a enorme fogueira que
erguestes “em minha honra” seja capaz, nem que por um ínfimo instante, de trazer-vos um
pouco de Luz."

Texto da Profª e Diretora Adjunta de Nova Acrópole: Lucia Helena Galvão.


CRÉDITOS:
Boletim produzido, editado e diagramado por voluntários do curso
de Filosofia Aplicada da Nova Acrópole Cuiabá.

Equipe de Produção:
Bruno Motta
Thaís Caroline D. Dombroski
Caroline Pilz Pinnow
Suelen Estulano Marçal
Vinícius Negrão Lemos Melo

Informações ou sugestões:
(65) 99917-2773

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