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DPC 0323 – Precedentes no sistema de justiça civil

Recursos especiais e
extraordinários repetitivos
– Embargos de divergência

11.05.2021
Parte I

Recursos extraordinários e
especiais repetitivos
História
• Em 2004, a EC 45 introduziu a repercussão geral
como filtro para que o STF pudesse deixar de
conhecer recursos extraordinários se a matéria não
fosse relevante

• Em 2006, foi regulamentada a repercussão geral,


transformando-a num mecanismo de aglutinação de
casos repetitivos no STF (Lei n. 11.418/2006) –
Julgamento por amostragem / caso-piloto

• Em 2008, foi copiada a técnica de aglutinação para o


STJ, para julgamento de recursos especiais
repetitivos (Lei n. 11.672/2008)
História
• CPC/2015:
• Aprimorou os mecanismos de julgamentos de
casos repetitivos, dispondo expressamente sobre o
caráter vinculante dos precedentes assim gerados
• Introduziu novos mecanismos para produzir
precedentes, inclusive em 2º grau – Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas (arts. 976-
987).
• Lei 13256/16 limitou a subida aos tribunais
superiores para controle da boa ou má aplicação
do precedente obrigatório
Procedimento
REsp / RE

Matéria não Matéria


Matéria repetitiva
repetitiva repetitiva não Matéria repetitiva
afetada mas não
afetada afetada e decidida
decidida

Juízo de Acórdão se afasta Acórdão aplica a


Envio de alguns
admissibilidade da tese tese
casos ao STJ/STF

+ - Juízo de retratação
Recurso
Suspensão dos inadmitido
casos não
selecionados ***
- +
Juízo de Novo REsp / RE
Agravo admissibilidade ***
art.1042
- +
Agravo interno
STJ / STF art.1021
Procedimento
• Apenas a inadmissibilidade pode ser analisada antes
do sobrestamento (art. 1036, §2º, CPC)

• Escolha do presidente do tribunal local não vincula o


STJ e o STF (art.1036, §4º, CPC) – não afetação deve
ser comunicada (art. 1037, §1º, CPC).
Escolha da matéria
• Requisitos fundamentais:
• Multiplicidade de recursos
• Apenas questões jurídicas

• Matérias aptas a padronização decisória –


“prevalência das questões comuns”
• Temas recorrentes: questões tributárias,
previdenciárias, relativas a servidores públicos,
questões processuais, etc.
• Temas de difícil afetação: questões atinentes a
conceitos indeterminados (p.ex.: boa-fé)
Escolha do recurso
• Critérios legais (art. 1036, §6º, CPC):
• Recurso admissível
• Recurso com abrangência de fundamentação

• Outros critérios propostos pela doutrina:


• Preferência por processos coletivos
• Preferência por processo em que a parte não seja
vulnerável
• Preferência por processo em que não tenha havido
revelia ou outras omissões no exercício do
contraditório
• Preferência por processo em que não existam
questões fáticas ou outras questões jurídicas
relevantes
Decisão de afetação
• Decisão de afetação recai sobre:
• Recursos já pendentes no STJ e STF (art. 1037, §5º,
CPC)
• Recursos espontaneamente enviados por tribunais
locais (art. 1037, §1º, CPC)
• Recursos requisitados pelo STJ ou STF aos tribunaos
locais (art. 1037, III, CPC)

• Identificação da questão (art. 1037, I, CPC)

• Congruência com o objeto do recurso afetado?

• Congruência entre a decisão de afetação e a decisão


final?
Sobrestamento
• Sobrestamento de todos os processos individuais e
coletivos em todo o território nacional, em todas as
instâncias (art. 1037, II, CPC):
• Não obrigatório
• Limite de um ano de suspensão revogado pela Lei n.
13256/16 (art.1037, §5º, CPC)
• Suspensão de processos com cumulação de pedidos /
causas de pedir:
• Em 1º grau – cenário propício para a decisão parcial de
mérito (art. 356, CPC)
• Nos tribunais – preferência pela decisão da matéria
afetada (art. 1037, §7º, e 1041, §2º, CPC)
Distinção
• Em face da decisão de sobrestamento:
• Pedido formulado pela parte (art. 1037, §9º, CPC)
• Competência (art. 1037, §10, CPC)
• Quando a causa estiver em 1º grau, ao juízo competente –
decisão atacável por agravo de instrumento (art. 1037, §13, I,
CPC)
• Quando a causa estiver pendente em 2º grau – pedido ao
Relator – decisão atacável por agravo interno (art. 1037, §13, II,
CPC)
• Quando a causa já tiver sido julgada em 2º grau e houver REsp
ou RE – Relator no tribunal de 2º grau (art.1037, III, CPC) x
Presidente do tribunal de 2º grau (art. 1030, III, CPC) – – decisão
atacável por agravo interno (art. 1037, §13, II, CPC)
• Quando o REsp ou RE já esticer no STJ ou STF – Relator no STJ /
STF – – decisão atacável por agravo interno (art. 1037, §13, II,
CPC)
Distinção
• Em face da decisão final:
• Se a parte não pediu a distinção quando do
sobrestamento, há preclusão para pedir quando da
aplicação da tese?
• Quando a causa já tiver sido julgada em 2º grau e houver
REsp ou RE:
• análise pelo presidente do tribunal de 2º grau (art.
1030, I, CPC) em decisão atacável por agravo interno
(art. 1030, §2º, CPC)
• câmara que proferiu o acórdão recorrido (art. 1040, II,
e 1041, 1º, CPC)
• com retratação, novo REsp / RE (art. 1041, §1º,,
CPC);
• sem retratação, curso normal do REsp / RE
(art.1041, caput, CPC)
Controle, pelo STF e STJ, da aplicação
do precedente de REsp e RE repetitivo
• Na versão original, o art. 988, III e IV, do CPC previa que a
decisão que ofende precedente obrigatório seria passível
de impugnação por meio de reclamação.

• Exclusão do agravo de decisão denegatória de REsp e RE


para controle da boa ou má aplicação dos precedentes
oriundos de REsp e RE repetitivos (art. 1035,§7º)

• Lei n. 13.256/2016 excluiu a reclamação para controle da


boa ou má aplicação dos precedentes oriundos de REsp e
RE repetitivo), “quando não esgotadas as instâncias
ordinárias”(art. 988, §5º, II, CPC). No lugar, houve a
inclusão da ação rescisória (art. 966, §5º e §6º)
Controle, pelo STF e STJ, da aplicação
do precedente de REsp e RE repetitivo

• Todavia, o STJ recusou o cabimento da reclamação


mesmo após esgotadas as instâncias ordinárias
(agravo interno – art. 1030, §2º) – Recl. 36.476

• No STF, o entendimento ainda não está consolidado.


Reclamação foi reconhecida cabível em alguns casos
(Rcl 23.980 e 24.259)

• Resultado: STJ e STF produzem precedentes


obrigatórios, mas não controlam sua boa ou má
aplicação
RE repetitivo x RE com
repercussão geral
• Casos com repercussão geral = ou ≠ casos repetitivos?
• Repetição como critério para determinação da
repercussão geral
• Repercussão geral sem repetição?

• Repercussão geral negada – inadmissibilidade de


todos os casos que versem a mesma questão
Parte II

Embargos de divergência
Embargos de divergência
– Cabimento:
• No STJ: divergência do acórdão de Turma com acórdão de outra
Turma, de Seção ou da Corte Especial
• No STF, divergência do acórdão de Turma com acórdão de outra
Turma ou do Pleno
• Em ambos, quando a divergência se dá entre acórdãos do mesmo
órgão, desde que a composição tenha se alterado em mais de 50%

– Conflitos entre acórdãos de mérito (art. 1043, I, CPC) e acórdão de


mérito acórdão que, embora não de mérito, tenha apreciado a
controvérsia (art. 1043, III, CPC)

– Prazo para interposição e resposta: 15 dias.

– Restante do procedimento é regulado pelos Regimentos Internos:


Embargos de divergência
– Divergência jurisprudencial demonstrada da mesma forma que
no REsp fundado na alínea ‘c’ do art.105, III, da CF:

• Apresentação do acórdão “paradigma”:


– Certidão, cópia autenticada ou declarada autêntica pelo
advogado.
– Citação de “repositório oficial”
– Reprodução do julgado disponível na internet (art.541,
§Único, CPC).

• Transcrição dos trechos dos acórdãos, com indicação das


circunstâncias que identificam ou assemelhem o caso julgado
com o acórdão recorrido.

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