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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

Curso de Tecnologia em Comex/Logística/Marketing - 2º Semestre


FUNDAMENTOS DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS ORGANIZAÇÕES
Prof. Me. Marcos Mazza
Santos
2023
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO
 Segundo De Geus, o propósito do pensamento estratégico não é simplesmente elaborar planos, mas
mudar os modelos mentais dos tomadores de decisão  tem o atributo de harmonizar a visão de
mundo de seus participantes.
 Em meados do século XVIII, Adam Smith introduziu a expressão “mão invisível do mercado”, que se
constituía na ordem resultante da interação dos indivíduos numa economia de mercado, sendo base para as
análises de Alfred Chandler Jr., que criou a expressão (“mão visível”) para os profissionais.
 Peter Drucker no final dos anos 40 afirmava que a teoria econômica tratava os mercados como forças
impessoais, muito além do controle de qualquer indivíduo ou organização.
 Na 2ª. Guerra Mundial, o pensamento estratégico foi exigido para enfrentar ações bélicas tremendamente
arriscadas e imprevistas. O problema da alocação de recursos limitados em uma economia de guerra
incentivou o desenvolvimento de inovações na ciência da administração. Novas técnicas operacionais
como a Programação linear, permitiram a aplicação de metodologias de análise quantitativa nos
processos formais de planejamento estratégico.
 Os avanços no pensamento estratégico após o final da 2ª Guerra Mundial ficaram estagnados
durante algum tempo, pois a destruição ocorrida nos tempos de guerra levou ao excesso de
demanda reprimida que foi atendida pelas empresas em um contexto de limitada competição. As
empresas multinacionais americanas ocuparam o espaço deixado pelas multinacionais
europeias.
 Bain concentrou-se no impacto da estrutura do contexto de negócios sobre o desempenho das
organizações denominado modelo da organização setorial, que pode ser visualizado no quadro a
seguir:

CARACTERÍSTICAS DO MODELO DA ORGANIZAÇÃO SETORIAL AÇÃO


Pesquisas sobre o Ambiente contextual (macroambiente),
Conhecimento sobre o ambiente o Ambiente transacional (microambiente) e a
Concorrência
Identificação de um setor com potencial para oferecer Pesquisas sobre a estrutura setorial favorável
retornos acima da média do mercado

Elaboração da estratégia adequada Posicionar-se para obter ganhos acima da média

Desenvolvimento ou aquisição de ativos e habilidades para Desenvolver competências


implementar a estratégia
Implementar estratégias alinhadas com os ganhos
Aplicação das forças competitivas da organização pretendidos
 A partir dos anos 60 volta a ênfase sobre as competências distintas, surgindo a matriz SWOT:
strengths  forças; weaknesses  fraquezas; opportunities  oportunidades; threats ou
risks  ameaças ou riscos.
Os modelos e os conceitos trazidos por Michael Porter
 Introduziu o modelo das 5 forças competitivas (diamante), que se constitui por:
1. Entrantes potenciais no mercado;
2. Ameaça de produtos e serviços substitutos;
3. Poder de barganha dos compradores (clientes);
4. Poder de barganha dos fornecedores;
5. Grau de rivalidade ou acirramento da concorrência.
 Também elaborou diversos conceitos, como:
 Estratégias genéricas  elenca as 3 formas principais de criação de valor – liderança de
custo, diferenciação e foco no custo e na diferenciação.
 Canal de valor  permite compreender como uma organização constrói valor ou a sua
vantagem competitiva de modo integrado entre suas diferentes atividades, sendo que toda
operação ou atividade de uma organização deveria ser avaliada em termos do valor
agregado para o consumidor final.
 Grupo estratégico  grupo de empresas dentro de um setor que segue uma estratégia igual ou semelhante,
compartilhando e enfrentando as pressões competitivas em um mesmo contexto.
 Cluster são concentrações geográficas de empresas, fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas de
outros setores e instituições associadas, todas interconectadas e complementares, competindo, mas também cooperando
num determinado mercado ou segmento

Modelo baseado em recursos


 Os principais promotores do modelo baseado em recursos também chamado de Core Competence foram Gary Hamel e
C.K. Prahalad, que apresenta as seguintes características:

CARACTERÍSTICAS DO MODELO BASEADO EM RECURSOS AÇÕES


Identificação dos recursos (pontos fortes e fragilidades) Avaliação do processo e atividades da organização
da organização em comparação com a concorrência
Determinação das capacidades organizacionais que a Integrar recursos e processos
torna melhor que os concorrentes
Determinar a vantagem competitiva intrínseca à Desenvolver vantagem competitiva identificada
organização
Localização de um setor atrativo de atuação Investir em setores potenciais para os recursos e capacidades
organizacionais
Seleção da melhor estratégia Implementar estratégias alinhadas aos recursos e capacidades
organizacionais que maximizem as oportunidades do ambiente
Pensamento complexo

 É uma nova forma de pensar, que integra o pensamento linear-cartesiano e o pensamento sistêmico, e permite
lidar com o caos, a complexidade, a diversidade e a imprevisibilidade do mundo, especialmente no estágio atual de
desenvolvimento das organizações.
 A elaboração de estratégias no século XX obedece 2 visões básicas:
1. Visão estruturalista: admite um fluxo causal entre estrutura de mercado, conduta dos participantes e
desempenho das organizações.
2. Visão reconstrutivista: baseia-se na teoria do crescimento endógeno, segundo a qual a inovação e a criação
de valor são frutos da engenhosidade dos empreendedores e pode ocorrer em qualquer organização cognitiva
dos dados disponíveis e dos fatores de mercado.
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

Conceito: É basicamente um curso de ação escolhido pela organização a partir de uma


premissa de que uma futura e diferente posição poderá oferecer ganhos e vantagens em
relação à situação presente.
- A estratégia é ao mesmo tempo uma arte e uma ciência, é reflexão e ação, ou
simplesmente pensar para agir e não simplesmente pensar antes de agir.
- Na essência a estratégia é uma escolha que envolve toda a organização e consiste em
selecionar, dentre várias hipóteses existentes, na qual deve ser escolhida a respeito dos
aspectos internos e externos da organização e tomar decisões com base nessa opção. O
cálculo de perdas e ganhos sempre estará presente nas considerações do estrategista.
Outros conceitos de Estratégia:
(Andrews)  o padrão de decisão que determina e revela os propósitos, objetivos e
metas organizacionais e gera o plano estratégico que define o conjunto de negócios
com os quais a organização se envolverá, estabelece a organização em termos
econômicos, humanos e tecnológicos que ela pretende ser e a natureza das
contribuições econômicas e não-econômicas a serem oferecidas aos seus acionistas,
empregados, compradores e comunidades de interesse.
 é o padrão que integra os objetivos globais em um todo coerente e com propósito.
- Estratégias bem formuladas permitem alocar e integrar todos os recursos e
competências organizacionais em uma posição única e viável e antecipar-se às
mudanças ambientais e contingencias diante de competidores preparados que disputam os
mesmos clientes e fornecedores, interferindo nos objetivos organizacionais desejados.
ESTRATÉGIA E COMPETIÇÃO
- Estratégia  competição
- a competição pode ser vista de diferentes ângulos:

o Competição biológica  Charles Darwin  a seleção natural é baseada na adaptação e


sobrevivência do mais apto e não na estratégia das espécies.
Desde a origem dos organismos unicelulares há bilhões de anos a vida tem sido um
misto de cooperação e limitada competição entre as espécies. O impulso para a
cooperação é predominante e biologicamente mais importante no desenvolvimento
social e biológico de todas as criaturas vivas  as espécies sobrevivem pelo contínuo
aperfeiçoamento da sua capacidade de cooperação mútua  a lei básica da vida é a
cooperação.
o Competição política  também tem inspirado os estrategistas

- Conquistar novos espaços de mercado é, sem dúvida, o resultado de estratégias superiores,

o que somente pode ser alcançado por profissionais decididos, comprometidos e bem

treinados, tal como na política. O jogo pelo poder implícito na política geralmente esconde

uma batalha (frontal ou oculta os bastidores) que lembra a disputa militar. Ex.: No livro “O

Príncipe”, Nicolau Maquiavel faz uma crítica à forma pela qual César Borgia, Duque de

Florença, exerce o seu poder.


o Competição militar  a guerra foi o cenário onde nasceu o conceito de estratégia
como é entendido hoje as constantes lutas e batalhas ao longo dos séculos fizeram com
que os militares começassem a pensar seriamente antes de agir  planejamento
antes da ação  o conceito vem sendo aprimorado ao longo dos séculos. Ex.: O
livro “A arte da guerra” de Sun Tzu (500 a.C.) trata:
 Preparação dos planos;
 Guerra efetiva;
 Da espada embainhada;
 Das manobras;
 Da variação das táticas;
 Do exército em marcha;
 Do terreno;
 Dos pontos fortes e fracos do inimigo;
 Da organização do exército.
- Sun Tzu dizia que a ordem e a desordem dependem da organização, enquanto a
coragem e a covardia dependem da circunstância, e a força ou a fraqueza, da
disposição, constituindo-se esses 3 pilares na base da estratégia organizacional.
o Competição esportiva  a história da Humanidade reflete inúmeros momentos que a
competição esportiva representou um conjunto de conceitos, ideias e práticas capazes de
aumentar a qualidade de vida do homem e torná-lo mais forte e poderoso. elementos,
como empresários, políticos, meios de propaganda e intermediários de todas as espécies.
- Breve evolução histórica  GRÉCIA (Olímpia)  da consideração religiosa à
consideração tecnológica e cientifica; ROMA  arte do espetáculo circense e o direito
à competição livre; I. MÉDIA  introdução do cavalo e redução dos fins trágicos nas
competições; HOJE  o cenário esportivo incorpora outros elementos, como
empresários, políticos, meios de propaganda e intermediários de todas as espécies.
- O jogo baseia-se na presença básica de 3 elementos:
1. Jogadores  expressam a necessidade que o indivíduo tem do outro (viver em
sociedade – regras; explorar/conhecer (agir no meio) e de vencer (atingir limites).
2. Regras  correspondem à orientação com lógica própria que cria uma ordem absoluta –
todos são regidos pelas mesmas regras.
3. Busca por resultados  põe à prova e revela o caráter do combatente.
- A competição esportiva retém em si 3 fundamentos básicos:
1. Estratégia de jogo  ação livre executada e sentida como se situada fora da vida
cotidiana, mas que compromete o jogador na identificação de resultados esperados e na
elaboração de ações definidas em função desses resultados;
2. Movimento  ação intencional ou involuntária que reúne força, energia, ritmo, duração e
coordenação;
3. Agonística  impulso psicológico de lutar. Possui 4 elementos básicos:
. Agressividade  não só no sentido de violência, mas também no sentido de garra;
Tensão  estado de alerta aumentado ou diminuído em que se põe o esportista diante de
um desafio preeminente; Supercompensação  estabelece-se no esporte como um
mecanismo de defesa que dá ao indivíduo certo prestígio pessoal, em contraposição a
um provável sentimento de inferioridade; Exibicionismo  traz em si a necessidade do
indivíduo mostrar-se em público, pelo que ele é e pelo que pode fazer. O exibicionismo
é uma manifestação secundária que desloca o narcisismo para a criatividade motora
O homem não deve ser caracterizado como o homo sapiens, nem como o homo faber, mas
como o homo ludens (jogador). Talvez isso represente a grande condição humana no grande
torneio que é a vida real.
- Sob o ponto de vista esportivo Henderson mostra que os elementos básicos da competição
são:
1. Capacidade de compreender o comportamento competitivo como um sistema no qual
competidores, clientes, dinheiro, pessoas e recursos interagem continuamente;
2. Capacidade de usar essa compreensão para predizer como um dado movimento
estratégico de uma parte vai alterar o equilíbrio competitivo;
3. Recursos que possam ser permanentemente investidos em novos usos, mesmo se os
benefícios consequentes só aparecerem no longo prazo;
4. Capacidade de prever riscos e lucros com exatidão e certeza suficientes para justificar o
investimento correspondente;
5. Disposição para agir.
FIM

Muito Obrigado!!!

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