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IDOSO, SEXUALIDADE E AS

INFECÇÕES SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

Enf. Vitória Marques de Sá Sanvezzo Guilherme

Especialista em Saúde do Idoso – HRPP


Mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional - UNOESTE
O que vamos dialogar hoje?

•Envelhecimento ativo e seus fundamentos

•Sexualidade na Terceira Idade

•As Infecções Sexualmente Transmissíveis, um olhar circular

•Vulnerabilidade e o envelhecimento
•Os desafios da Intergeracionalidade
•Promovendo uma sexualidade saudável
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS

Laerte, 69 anos

Marco Nanini, 72 anos

Iris Apfel, 97 anos


ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Marco internacional das Políticas para o Idoso

• II Assembleia Mundial sobre o


Envelhecimento

Veras e Oliveira, 2018


ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Marco internacional das Políticas para o Idoso

O Marco Político do Envelhecimento Ativo


representou uma mudança significativa de
paradigma no ano de 2002.

Deixando de lado o foco restrito à prevenção de


doenças e o cuidado à saúde, a OMS passou a
defender a meta do Envelhecimento Ativo

Google.com
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Os 3 pilares do Envelhecimento Ativo

OPAS 2005
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Os 3 pilares do Envelhecimento Ativo
Dentro desses três pilares, as ISTs são mencionadas da seguinte forma:

Saúde:

Eliminar a limitação de idade na coleta de dados relacionados a HIV/AIDS. Avaliar e


abordar o impacto do HIV/AIDS sobre idosos, incluindo aqueles que foram infectados e
os que cuidam de pessoas infectadas e/ou que ficaram órfãos devido à AIDS.

Participação:

Incluir os idosos nas iniciativas de prevenção e educação para reduzir a difusão do


HIV/AIDS. Envolver os mais velhos nas iniciativas para desenvolver agendas de
pesquisa.
OPAS 2005
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Os 3 pilares do Envelhecimento Ativo
Dentro desses três pilares, as ISTs são mencionadas da seguinte forma:

Segurança:

Proteger o bem-estar social, econômico e psicológico dos idosos que cuidam de pessoas
com HIV/AIDS e assumem o papel de pais substitutos dos órfãos da AIDS. Fornecer
ajuda em espécie, cuidados de saúde acessíveis e empréstimos aos idosos para ajudá-los a
atender às necessidades dos filhos e netos infectados pelo HIV.

OPAS 2005

O quanto dessas falas ainda refletem um idoso


passivo sob seu processo de sexualidade e as
possíveis doenças?
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Alguns avanços nos programas de Envelhecimento Ativo...

• Programa Nacional de Doenças Sexualmente


Transmissíveis – DST/ AIDS:

• A Área Técnica Saúde do Idoso mantém


também interface com a área de DST/AIDS
do Ministério da Saúde, desde o ano de 2008.

BRASIL, 2010
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS

Alguns avanços nos programas de Envelhecimento Ativo...

• “[...] desde 2008 a prevenção das DSTs e AIDS tem como


público prioritário as pessoas com 50 anos e mais, com o objetivo
de informar tal população sexo não tem idade, mas deve ser
praticado de forma segura. Como instrumento de prevenção o
MS disponibiliza preservativo feminino e masculino e gel
lubrificante de forma gratuita nas Unidades Básicas de
Saúde” BRASIL, 2010
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS

Um relatório do Centro Internacional de


Longevidade Brasil (ILC-Brasil) que
atualiza o documento histórico de 2002.

Neste novo relatório, a


sexualidade é abordada e
incluída considerando-se a
cultura geracional, orientações
sexuais e de identidade

ILC-Brasil, 2015
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS
Geração baby-boomer (nascidos entre 1945 e 1960):

http://edition.cnn.com/2011/LIVING/05/09/baby.boomers.retirement.legacy/index.html

• São mais ativos sexualmente que seus pais


ILC-Brasil, 2015
• Apresentam melhores condições de saúde
• Frequentemente solteiros ou divorciados
• Sexualmente liberais (primeira geração LGBTI a viver abertamente)
• Acesso a medicamentos que melhoram a experiência sexual
ENVELHECIMENTO ATIVO E SEUS FUNDAMENTOS

A comunidade LGBTQI+ e o envelhecimento

“Pesquisas mostram que os LGBT idosos permanecem em


grande parte invisíveis, mal servidos pelos sistemas formais e
têm experiências diversas com relação às estruturas familiares
e ao apoio social informal [...] pode se dizer que os LGBT
idosos são uma “população resiliente, embora sujeita a risco, que
sofre com disparidades significativas de saúde”
ILC-Brasil, 2015
AFINAL, ONDE CABE A SEXUALIDADE
DO IDOSO?

“A sexualidade humana forma parte


integral da personalidade de cada um.
É uma necessidade básica que não
pode ser separada de outros aspectos.
Não é sinônimo de coito e não se
limita à presença ou não de orgasmo.
É uma energia que motiva para
encontrar o amor, contato e
intimidade” OMS, 1975
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

google.com
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

Uma sindemia é definida como a interação entre doenças ou agravos à saúde em


populações, que magnificam os efeitos deletérios umas das outras.

Exemplos de sindemias são "uso de drogas – violência – AIDS"; “AIDS – outras


DSTs"; "HIV – tuberculose". Estas doenças interagem por diversos motivos, seja
porque uma doença aumente a susceptibilidade à outra (como é o caso de sífilis e
HIV); ou um agravo (violência) modifica o ambiente social (apoio social) no qual
a doença infecciosa se dissemina.

Codeco e Coelho, 2008


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

Em 2016, a Organização Mundial de Saúde


(OMS) em consonância com a Organização
Pan-americana de Saúde (Opas), passam a
substituir a expressão DST por IST.

Decreto nº 8.901/2016
publicada no Diário Oficial da
União em 11.11.2016

“Nesse contexto, alerta-se a população


sobre a possibilidade de ter e transmitir
uma infecção, mesmo sem sinais e
sintomas, o que aponta para estratégias
de atenção integral, eficaz e resolutiva.”
http://bvsms.saude.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

O manejo das infecções assintomáticas está se beneficiando de novas tecnologias


diagnósticas — algumas já em uso, como os testes rápidos para sífilis e para o
vírus da imunodeficiência humana.

Os testes diagnósticos são essenciais nas ações de triagem em populações-chave


(gays, homens que fazem sexo com homens – HSH, profissionais do sexo,
travestis/transexuais e pessoas que usam drogas).
Ministério da Saúde, 2016

Em todos os países, as populações-chave têm entre 10 e 50 vezes mais risco de


infecção pelo HIV em comparação com outros adultos.
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

• As IST’s são causadas por vírus,


bactérias, fungos e protozoários IST’S MAIS COMUNS
tendo como principal via de Herpes Genital
transmissão o contato sexual (oral, Gonorreia
vaginal e anal) sem uso de
Tricomoníase
preservativos.
Sífilis
Infecção pelo HIV
• Outros tipos de transmissão:
Hepatites Virais B e C
 mãe – criança (durante gestação /
Infecção pelo HPV (Papilomavírus
parto / amamentação)
Humano)
 Contato de mucosa e pele não
http://www.aids.gov.br/
integra com secreções corporais
contaminantes.
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Sífilis adquirida: definição e etiologia

A sífilis é uma infecção


bacteriana de caráter sistêmico,
curável e exclusiva do ser
humano. É causada pelo T.
pallidum, uma bactéria Gram-
negativa do grupo das
espiroquetas.
Ministério da Saúde, 2015
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Vigilância Epidemiológica e Notificações

Ministério da Saúde, 2015


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Ministério da Saúde, 2015


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Menos de 01 ano de evolução

Mais de 01 ano de evolução

Ministério da Saúde, 2015


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Após o contato sexual infectante, ocorre um período de


incubação com duração entre 10 a 90 dias (média de três
semanas). A primeira manifestação é caracterizada por uma
erosão ou úlcera única no local de entrada da bactéria
(CANCRO DURO) + linfedema inguinal
Ministério da Saúde, 2015

Lesões indolores,
com desaparecimento espontâneo

www.marinha.mil.br/saudenaval/content/sífilis
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Os sinais e sintomas surgem em média entre seis semanas


e seis meses após a infecção e duram em média entre
quatro e 12 semanas;
Ministério da Saúde, 2015

Podem ocorrer manchas no corpo, que geralmente não


coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés.

Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo


corpo

www.marinha.mil.br/saudenaval/content/sífilis
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Período em que não se observa sinal ou sintoma clínico de


sífilis, verificando- -se, porém, reatividade nos testes
imunológicos que detectam anticorpos. A sífilis latente é
dividida em latente recente (menos de um ano de infecção)
e latente tardia (mais de um ano de infecção)

Ministério da Saúde, 2015

A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio: aproximadamente 25% dos


pacientes intercalam lesões de secundarismo com os períodos de latência,
durante o primeiro ano da infecção
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Classificações da Sífilis

Ocorre após um longo período de latência, podendo surgir


entre dois a 40 anos depois do início da infecção. A sífilis
terciária é considerada rara, devido ao fato de que a maioria
da população recebe indiretamente, ao longo da vida,
antibióticos com ação sobre o T. pallidum e que levam à cura
da infecção.

Ministério da Saúde, 2015

Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas,


ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Meningoencefalite progressiva que ocorre cerca
de 10 a 20 anos após a infecção inicial não
tratada. Em relação às manifestações clínicas, o
início geralmente é insidioso, com deterioração
sutil da cognição que se manifesta como
dificuldade de concentração, irritabilidade, falta
de interesse e discretas alterações de memória.
Muitas vezes é feito o diagnóstico de depressão.

Vargas et al, 2000


O quadro evolui de forma progressiva e pode ser
similar a qualquer síndrome demencial associada
a elementos paranoicos (delírios e alucinações).
Com a progressão da doença, o paciente começa
a apresentar hipotonia muscular, tremor de
extremidades, disartria, convulsões e perda do
controle de esfíncteres. Se não tratada, a doença
progride de forma insidiosa em um período de 3
a 4 anos.

Vargas et al, 2000


Como os sinais e sintomas são inespecíficos , a
neurossífilis deve fazer parte do diagnóstico
diferencial de todo paciente com deterioração
cognitiva e alteração do comportamento. (coleta
de LCR).

O tratamento impede a progressão da doença.


Entretanto, melhora significativa, ou mesmo a reversão
completa dos sintomas, é pouco esperada devido a Vargas et al, 2000
irreversível destruição dos neurônios pelo T. pallidum.
Tipos de testes para detecção e diagnóstico de Sífilis

O diagnóstico da sífilis é realizado por meio de exames diretos (pesquisa


direta do Treponema pallidum) e testes sorológicos (treponêmicos e não
treponêmicos)
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Diagnóstico e definição dos casos para Sífilis Adquirida

Detectam anticorpos específicos produzidos


contra os antígenos do T. pallidum.

Na maioria das vezes, permanecem positivos


mesmo após o tratamento pelo resto da vida do
paciente; por isso, não são indicados para o
monitoramento da resposta ao tratamento.

Ministério da Saúde, 2015


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Diagnóstico e definição dos casos para Sífilis Adquirida

Detectam anticorpos que não são específicos para


Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis.

O teste permite a titulação de anticorpos, sendo o


resultado expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:8, 1:16,
1:32, 1:64, 1:128, 1:256, 1:512, 1:1024...)
importantes para o diagnóstico e monitoramento da
resposta ao tratamento: a amostra deve ser diluída
em um fator dois de diluição, até a última diluição

Ministério da Saúde, 2015


em que não haja mais reatividade no teste.
Diagnóstico e definição dos casos para Sífilis Adquirida

Ministério da Saúde, 2015


Tratamento contra Sífilis Adquirida

Ministério da Saúde, 2015


Seguimento do tratamento e alta

Se tratado com penicilina: seguimento, com teste não treponêmico, a cada 3 meses
no primeiro ano e a cada 6 meses no segundo ano.

Se tratado com outra medicação: seguimento com intervalos mais curtos, a cada 60
dias.
Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em 2 oportunidades, após 2 anos
pode-se dar alta.

Caso haja uma elevação de títulos em duas diluições ou mais (por exemplo, de 1:16
para 1:64), deve-se considerar a possibilidade de reinfecção ou reativação da infecção.
Nesses casos, deve ser instituído um novo tratamento.
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Infecção pelo HIV

HIV é a sigla em inglês do vírus da


imunodeficiência humana. Causador da
AIDS, ataca o sistema imunológico,
responsável por defender o organismo de
doenças. As células mais atingidas são os
linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de
alterar o DNA dessa célula e fazer cópias
de si mesmo. Depois de se multiplicar,
rompe os linfócitos em busca de outros
para continuar a infecção.
http://www.aids.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Vigilância Epidemiológica e Notificações

Ministério da Saúde, 2015


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
História natural pela infecção do HIV

O indivíduo, nesse período, torna-se altamente infectante.


É acompanhado pela Síndrome Retroviral Aguda (SRA). Aparecem
entre a 1 e 3 semana pós infecção

Na fase de latência clínica, o exame físico costuma ser normal.

Os episódios infecciosos mais frequentes são geralmente bacterianos


(PNM, TB).
A candidíase oral é um marcador clínico precoce de imunodepressão
grave, bem como diarreia crônica e febre de origem indeterminada.
Ministério da Saúde, 2018
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
História natural pela infecção do HIV

Fase em que ocorre a incubação do HIV (tempo da


exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais
da doença). Esse período varia de três a seis semanas. E o
organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para
produzir anticorpos anti-HIV.
Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma
gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos
casos passa despercebida

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
História natural pela infecção do HIV

A próxima fase é marcada pela forte interação entre as


células de defesa e as constantes e rápidas mutações do
vírus. Mas isso não enfraquece o organismo o suficiente
para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e
morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode
durar muitos anos, é chamado de assintomático.

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
História natural pela infecção do HIV

A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução


dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema
imunológico) que chegam a ficar abaixo de 200 unidades
por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia
entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns
nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e
emagrecimento.

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
História natural pela infecção do HIV

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

História natural pela infecção do HIV

O aparecimento de Infecções Oportunistas (IO) e


neoplasias é definidor da AIDS. Entre as infecções
oportunistas, destacam-se: tuberculose,
neurotoxoplasmose, neurocriptococose. As neoplasias
mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não
Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens.

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Diagnóstico da Infecção pelo HIV

Além do teste rápido, o Sistema Único de


Saúde (SUS) oferece a testagem laboratorial
de forma gratuita e anônima nas unidades da
rede pública e nos Centros de Testagem e
Aconselhamento (quantificação da carga viral
do HIV).
Ministério da Saúde, 2018

Atenção para janela de soroconversão: Durante a janela imunológica (30 dias), os testes
não são capazes de detectar a infecção. Assim, os resultados serão negativos, mesmo se a
pessoa estiver infectada pelo vírus.
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Tratamento para Infecção pelo HIV

Os primeiros medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980. Eles


agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evitam o
enfraquecimento do sistema imunológico. O desenvolvimento e a evolução dos
antirretrovirais para tratar o HIV transformaram o que antes era uma infecção quase
sempre fatal em uma condição crônica controlável, apesar de ainda não haver cura.

Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) todos
os medicamentos antirretrovirais e, desde 2013, o SUS garante tratamento para todas as
pessoas vivendo com HIV (PVHIV), independentemente da carga viral.

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO

Tratamento para Infecção pelo HIV

http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv/tratamento-para-o-
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Hepatites Virais: HBV e HCV

As hepatites virais são causadas por diferentes agentes etiológicos, que têm
em comum o tropismo primário pelo tecido hepático.

A maioria das pessoas infectadas pelas hepatites virais crônicas desconhece


seu diagnóstico, constituindo elo fundamental na cadeia de transmissão dessas
infecções.

Serão consideradas a hepatite B e hepatite C devido à sua morbimortalidade e


via de transmissão comum a outras IST.
http://www.aids.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Hepatite B e C

A hepatite B e C é uma doença infecciosa que agride o fígado, sendo causada


pelo vírus B da hepatite (HBV) e vírus C (HCV). O HBV e HCV está presente
no sangue e secreções, e a hepatite B é também classificada como uma IST. A
transmissão sexual do HCV é pouco frequente e ainda muito discutida.

Cerca de 20% a 30% das pessoas adultas infectadas cronicamente pelo vírus B
da hepatite desenvolverão cirrose e/ou câncer de fígado. No HCV
aproximadamente 60% a 85% dos casos se tronam crônicos e, em média, 20%
evoluem para cirrose ao longo do tempo
http://www.aids.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Hepatite B
O HBV apresenta elevada infectividade e permanece viável durante longo
período quando fora do corpo (ex.: em uma gota de sangue). Recomenda-se a
vacinação contra hepatite B para todas as pessoas, independentemente da
idade e/ou condições de vulnerabilidade.

A história natural da infecção é marcada por evolução silenciosa, geralmente


com diagnóstico após décadas da infecção. Os sinais e sintomas, quando
presentes costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença,
na forma de cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal.

http://www.aids.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Hepatite B

Vacina para 60+ Recomendação


Influenza Anualmente em campanhas

Pneumocócica 23-valente Não vacinados acamados ou que vivem


em ILPIS
Dupla adulto 3 doses (se esquema incompleto ou sem
esquema)

Reforço a cada 10 anos se esquema


completo
Febre amarela Reforço a cada 10 anos
Hepatite B 3 doses em intervalos de 0,1 e 6 meses
(caso não tenha esquema)
http://www.aids.gov.br/
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Diagnóstico da Hepatite B

A presença do HBsAg na amostra de


sangue do paciente estabelece o Atenção para janela de soroconversão:

diagnóstico de hepatite B. A infecção Durante a janela imunológica (30 dias),


os testes não são capazes de detectar a
crônica é definida pela presença do HBsAg
infecção. Assim, os resultados serão
reagente por pelo menos seis meses
negativos, mesmo se a pessoa estiver
infectada pelo vírus.
O Ministério da Saúde distribui testes
rápidos (TR) na rede pública de saúde
Ministério da Saúde, 2018
desde 2011
AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Tratamento para Hepatite B

Após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será realizado com antivirais


específicos, disponibilizados no SUS.

Além do uso de medicamentos, quando necessários, é importante que se evite o


consumo de bebidas alcoólicas.

Os tratamentos disponíveis atualmente não curam a infecção pelo vírus da hepatite


B, mas podem retardar a progressão da cirrose, reduzir a incidência de câncer de
fígado e melhorar a sobrevida em longo prazo.

Ministério da Saúde, 2018


AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
UM OLHAR SINDÊMICO
Diagnóstico e Tratamento da Hepatite C

Em geral, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o


diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue

O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta


(DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente,
por 8 ou 12 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C,
possibilitando a eliminação da infecção.

Ministério da Saúde, 2018


VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
Conceitos e tipos

Silva, 2015

“Vulnerabilidade é definida como o estado de indivíduos ou grupos que, por


alguma razão, têm sua capacidade de autodeterminação reduzida, podendo
apresentar dificuldades para proteger seus próprios interesses devido a
déficits de poder, inteligência, educação, recursos, força ou outros atributos”

Rodrigues e Neri, 2012


VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
Conceitos e tipos

Rodrigues e Neri, 2012


VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
As ISTs e sua particularidade no idoso

O que pode então justificar a expansão das IST’s nos idosos?

•Maior vulnerabilidade biológica e social


•Mudanças na ereção do pênis e dificuldade para uso de preservativo masculino
•Geração de pouco contato ou nenhum com preservativo masculino / feminino
•Mudanças vaginais pós menopausa e vulnerabilidade a infecções
•Imunossenescência
•Presença de Doenças Crônicas Não Transmissíveis
•Diagnóstico tardio e estigmatização da doença

(IPGG,2016)
VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
Os desafios da temática: o profissional de saúde

Os profissionais da saúde, na maioria das vezes, não veem o


idoso como uma pessoa sexualmente ativa [...]A todos os
profissionais de saúde, em especial os da enfermagem, cabe uma
atuação mais rigorosa nos programas de atenção básica [...]

Sexo e velhice quase sempre são


vistos como temas incompatíveis
VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
Os desafios da temática: o diagnóstico

O diagnóstico de HIV em idosos é


frequentemente realizado após todas as
outras possibilidades de diagnóstico
serem esgotadas
VULNERABILIDADE E ENVELHECIMENTO
Os desafios da temática: a invisibilidade do idoso

•Óbitos em estratos de menor


escolaridade: piores condições de
sistema de vigilância e assistência
médica;

•Baixa percepção de risco; Os óbitos foram predominantes em homens


entre 60 e 69 anos, baixa escolaridade, casados
e de cor branca, em sua maioria residentes nas
Regiões Sudeste e Sul.
•Óbitos entre casados: relações
extraconjugais desprotegidas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE INTERNAÇÕES POR DOENÇAS
SECUNDÁRIAS EM IDOSOS PORTADORES DE SÍNDROME DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA: ANÁLISE RETROSPECTIVA

• Objetivo: analisar internações por doenças secundárias que acometeram idosos portadores HIV de no
município de Presidente Prudente – SP nos últimos dez anos.

• Resultados: no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2020 houve um total de n.793 internações por
doenças secundárias que acometeram portadores de HIV, sendo que n.45 (5,7%) eram pessoas com mais de
60 anos de idade. A taxa de mortalidade entre os idosos foi de 11,25% enquanto entre as pessoas de 20 a
59 anos foi de 2,28%. Analisando o número de internações de acordo com o sexo, observa-se que n.24
(53%) eram homens e n.21 (47%) eram mulheres. Em relação a cor/raça, nota-se predomínio na cor branca
(n.24/53%) das internações, seguido por parda (n.12/26%), preta (n.4/8%) e 13% foram ignoradas. Quanto
ao caráter da internação, houve predomínio por urgências (98%) e apenas uma eletiva. No que tange
gastos públicos, o valor total foi de R$ 90.747,02, sendo 42% destinado ao setor público, 34% para o setor
privado e 24% dos gastos a instituição não foi relatada. A média de permanência foram maiores no setor
privado (82 dias) do que no setor público (14,2 dias).
PROMOVENDO UMA SEXUALIDADE
SAUDÁVEL

• Oferta de insumos (preservativos e lubrificantes)


• Aumento da oferta de testagem para sorologias de hepatite B e C, sífilis e HIV
• Estímulo à coleta de Papanicolau em mulheres idosas
• Oficinas sobre sexo seguro
• Levantamento das necessidades de populações específicas, como profissionais
do sexo, usuários de droga e de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais (LGBT)
• Discussões sobre sexualidade dos idosos
• Produção de material informativos

(IPGG,2016)
OBRIGADA!

vimarquesdesa@gmail.com
Dona Ilda, 63 anos, sexo feminino, casada, vem a demanda da ESF com queixa
de episódios de febre intermitente e perda de peso ao longo dos últimos seis
meses.
Refere já ter tomado “umas injeções doloridas” para tratar uma “ferida que
apareceu lá embaixo” e que foi curada há um ano. A enfermeira não explicou
ao certo do que se tratavam as injeções mas disse que seu marido também
deveria toma-las.
Porém, ele não procurou a ESF pois “estava bem e não tinha tempo para isso”,
uma vez que seu trabalho demandava ainda muito seu tempo (caminhoneiro).

Você fez os testes rápidos e diante do resultado encaminhou para atendimento


médico onde a mesma solicitou outros exames laboratoriais.
Exames:
TRT: Reagente
TR HIV: Reagente
TR HBV e HCV: Não reagente
FTA-ABS: Reagente
VDRL (abril 2022): 1:2
VDRL (julho 2023): 1:64

O que aconteceu com dona Ilda?


Quais condutas você tomaria diante deste caso?
Sr. Claudionor, 75 anos, sexo masculino, divorciado, vem a demanda da ESF
com queixa de episódios de esquecimentos, agressividade, isolamento social e
perda da capacidade cognitiva. Filha que está acompanhando o pai refere que
desde que divorciou há 40 anos nunca mais arranjou companheira.
Nos últimos anos, filha tem encontrado homens na casa do pai e vizinhos dizem
boatos de que eles permanecem a noite em sua casa. Filha desconfia que seu pai
é homossexual, porém o mesmo nega quando questionado.

A filha solicita, então, que você faça um teste rápido em seu pai.

Após resultado dos testes rápidos, você encaminha para atendimento médico.
Exames:
TRT: Reagente
TR HIV: Não Reagente
TR HBV e HCV: Não reagente
FTA-ABS: Reagente
VDRL (julho 2023): 1:16

O que aconteceu com Sr. Claudionor?


Quais condutas você tomaria diante deste caso?
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Juliane et al . Vulnerabilidade de idosos a infecções sexualmente transmissíveis. Acta paul.
enferm., São Paulo , v. 30, n. 1, p. 8-15, Jan. 2017
• BRASIL. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. 2010.
• CENTRO INTERNACIONAL DE LONGEVIDADE BRASIL. Envelhecimento ativo: um marco político em
resposta à revolução da longevidade. 2015.
• CODECO, Cláudia Torres; COELHO, Flávio Codeço. Redes: um olhar sistêmico para a epidemiologia de
doenças transmissíveis. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 13, n. 6, p. 1767-1774, Dec. 2008.
• Instituto Paulista de Geriatra e Gerontologia. Manual de Oficinas Educativas sobre Sexualidade e Prevenção de
DST/Aids no Idoso. 2016.
• Ministério da Saúde. Manual técnico para o diagnóstico das hepatites virais. 2018.
• Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções
sexualmente transmissíveis. 2015.
• Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos.
2018.
• Ministério da Saúde. Cuidado integral às pessoas que vivem com HIV pela Atenção Básica: manual para a
equipe multiprofissional. Brasília. 2017.
• RODRIGUES, Natália Oliveira; NERI, Anita Liberalesso. Vulnerabilidade social, individual e programática em
idosos da comunidade: dados do estudo FIBRA, Campinas, SP, Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro ,
v. 17, n. 8, p. 2129-2139, Aug. 2012
• VARGAS A.P., et al. Demência por neurossífilis: evolução clínica e neuropsicológica de um paciente. Arquivos
de neuropsiquiatria, v.58, n.28, p.578-582, jun.2000.
• VERAS, Renato Peixoto; OLIVEIRA, Martha. Envelhecer no Brasil: a construção de um modelo de
cuidado. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 23, n. 6, p. 1929-1936, jun. 2018 .

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