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INTRODUÇÃO

O financiamento é um elemento essencial para o


sucesso de qualquer negócio. Em Moçambique, as
pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam
muitas dificuldades para obter financiamento,
devido à falta de acesso a capital, à burocracia e
aos elevados custos de financiamento.

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As empresas novas e inovadoras, por necessitarem de recursos expressivos para o
desenvolvimento, e não disporem de capital próprio suficiente, nem terem acesso a
fontes externas de financiamento, acabam ficando estagnadas.

Ao precisarem recorrer às fontes tradicionais de financiamento, às altas taxas de juros


praticadas em Moçambique aliadas à exigência de garantias reais para a concessão
dos empréstimos tornam o negócio inviável, por vezes.
DEFINIÇÃO DE FINANCIAMENTO

É uma operação em que a parte financiadora, que em geral costuma ser uma
instituição financeira, esta fornece recursos para a outra parte que esta sendo
financiada de modo que esta possa executar algum investimento específico
previamente acordado. Ou por outras podemos dizer que financiamento é a
compra parcelada de um produto ou serviço em que se acrescenta uma taxa de
juro ao montante inicial que variará conforme o tempo de duração do mesmo.

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Elementos do financiamento
Existem no total sete elementos do financiamento, os mesmos que são:

 Confiança - é o elemento chave, pois os empresários devem demonstrar


credibilidade e transparência, idoneidade, capacidade de gestão e contabilidade
organizada para conquistar a confiança dos bancos;
 Risco - representa o elemento que permite determinar a capacidade do mutuário
(mutuário é a parte que recebe um empréstimo de outra parte, chamada de mutuante. O mutuário é responsável por devolver o empréstimo, juntamente com os juros,

ao mutuante) para reembolsar o serviço da divida ou seja do capital e juro;

 Montante - constitui a verba emprestada ou fundos desembolsados pelo banco. O


montante a conceder varia em função do nível da colacterização, ou seja, do grau
de cobertura do risco e o limite de concentração de risco do banco que e 25% dos
fundos próprios;
 Finalidade - é um dos elementos que definem o credito bancário, e esta
relacionada com a aplicação ou utilização dos fundos desembolsados pelo banco.
A correcta aplicação dos fundos por parte do mutuário contribui para reforçar os
laços de confiança com o credor que é o banco;

 Prazo - permite aferir o horizonte temporal para reembolso da dívida, quanto maior
for o prazo, maior terá de ser a confiança do banco e, consequentemente, maior
risco da operação de crédito;

 Pricing - é o custo do financiamento a que se chama de taxa de juro ou de


comissões. A determinação do preço do empréstimo depende da experiencia
creditícia ou seja do histórico de relacionamento, registo de incidentes, etc, do risco
de credito e prazo de reembolso;
 Garantia - a garantia tal como já diz o nome serve com elemento de protecção de
risco do crédito, ou seja, quando a avaliação de risco do banco considera que a
probabilidade de incumprimento do devedor é elevada, então a exigência é maior
para assegurar a recuperação do capital mutuário e respectivo juros.
TIPOS DE FINANCIAMENTO

Crédito bancário

É uma operação financeira em que um banco


disponibiliza um valor monetário em determinado
momento a favor de outrem em contrapartida de
um compromisso de pagamento do correspondente
valor acrescido de um proveito financeiro.
Normalmente, o crédito bancário é uma forma de financiamento adequada no caso
de a empresa estar moderadamente endividada e com boa capacidade de gerar
cash flows (Cash Flow significa fluxo de caixa. É o dinheiro que entra e sai da
sua empresa. É diferente do lucro contabilístico que considera proveitos e
rendimentos no momento em que ocorrem, independentemente do momento em
que são recebidos ou pagos.) ou seja lucros, assim os empresários com negócios
nestas condições podem recorrer a empréstimos bancários para financiarem as
suas operações e programas de expansão com condições muito vantajosas, sem
cederem parte do controlo da empresa.
Como é natural, os bancos são mais receptivos a
emprestarem dinheiro a empresas sólidas e já
estabelecidas no mercado do que a empresas
emergentes. Assim o financiamento bancário
pode ser aconselhável nas seguintes condições:

 Expansão de um negócio lucrativo;


 Financiamento de uma grande aquisição
(equipamentos, instalações, dentre outros);
 Quando o cash flow da empresa é forte e seguro.
Crédito bancário de curto prazo

É uma operação financeira através da qual uma


instituição bancária coloca a disposição do seu
cliente um determinado montante por ele solicitado
comprometendo-se a liquidá-lo em datas
previamente fixadas e acrescido dos respectivos
juros.
Formas do credito bancário de curto prazo
Desconto de letras e livranças
O desconto de letras e livranças é uma operação financeira em que uma instituição
financeira adianta o valor de um título de crédito, deduzindo-lhe os juros a serem
pagos até o seu vencimento.

Corresponde ao adiantamento, feito pela instituição bancária que realiza a operação


relativamente à data do seu vencimento. Estas operações têm diversos tipos de custos
designadamente: juros, comissões, imposto de selo e portes (no caso das letras).

Empréstimos de curto prazo

São normalmente usados para financiar operações de prazo reduzido, como por
exemplo, a necessidade momentânea de tesouraria.
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Contas correntes caucionadas

São operações de crédito pelas quais a entidade financiadora coloca ao dispor do seu
cliente um determinado volume de crédito contratado, que este pode utilizar até o seu
limite, podendo repor quando entender, partes do capital por forma a reduzir o
montante do seu debito.

Descobertos bancários

Constituem plafonds (É o limite de crédito autorizado por um banco à um cliente) ou


seja valor limite de crédito que as entidades bancárias autorizam que as empresas
movimentem quase sempre por períodos muito curtos para suprir necessidades
momentâneas de tesouraria.
Linhas de crédito

As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o
curto prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um
plafond previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de
tesouraria. As linhas de crédito são especialmente indicadas para fazer face a
insuficiências temporárias e previsíveis de tesouraria (frequentes, por exemplo, em
negócios sazonais) ou para prevenir o aparecimento de rupturas inesperadas.
Business Angels e Capital de Risco

Finalmente, temos o financiamento por capital, que consiste na troca de dinheiro por
uma parcela do capital e, como tal, de uma parte do controlo da empresa. Numa
primeira fase, o empreendedor, face à carência de fundos próprios e aos problemas
decorrentes do crédito, pode recorrer a investidores privados, sejam eles família, amigos
ou Business Angels.

Business angels são investidores privados que investem seu próprio dinheiro em
empresas em estágio inicial, com alto potencial de crescimento. Eles geralmente são
indivíduos ricos com um histórico de sucesso nos negócios que estão procurando
investir em startups inovadoras e promissoras.
Tipicamente, os business angels cedem capital a empresa emergentes, cuja dimensão é
ainda muito pequena para atraírem capital de risco. Por outro lado, tendem a assumir
um papel de grande colaboração com o empresário, contribuindo com a sua
experiência. Então, o recurso aos business angels é aconselhável nas seguintes
situações:

o Os montantes de financiamento envolvidos são pequenos e a empresa é recente;


o No caso de o empreendedor ter um ou mais amigos com capacidade financeira
que acreditam nele e, por isso, estão disponíveis para investirem no projecto.
o O empreendedor está disponível para aceitar investidores que tenham um
interesse pessoal no seu negócio, mas não quer que a gestão seja influenciada por
estranhos.
O Capital de Risco pode ser definido como uma forma de investimento empresarial,
com o objectivo de financiar empresas, apoiando o seu desenvolvimento e
crescimento, com fortes reflexos na gestão. É também uma das principais fontes de
financiamento para jovens empresas, start-up’s e investimentos de risco com elevado
potencial de rentabilização.

Comparado com outras fontes, como o crédito bancário, os subsídios públicos, as


ofertas em mercado de bolsa e a angariação de investidores privados, o Capital de
Risco destaca-se pela análise concreta dos projectos apresentados, do seu potencial
de crescimento e da relação com o risco.
As sociedades ou fundos de capital de risco tomam participações normalmente
minoritárias e temporárias (3 a 7 anos) no capital da empresa. Trata-se de uma forma de
financiamento interessante, na medida em que o empreendedor não só assegura os
fundos necessários, como garante um parceiro de capital que irá partilhar o risco com o
empresário. Uma vez que o retorno do investidor de capital de risco é a saída do
negócio, cabe ao empreendedor explicar como irá garantir uma saída em condições
vantajosas.

O recurso ao financiamento via capital de risco só está ao alcance de negócios que


apresentem potencial de crescimento ou um elevado retorno de investimento esperado.
Esta forma de financiamento é adequada nas seguintes condições:
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 O empreendedor possui uma ideia e uma
tecnologia excepcionais, que lhe permitiram
(ou permitirão) conquistar uma base de clientes
de elevado potencial.
 O empreendedor está disponível para partilhar
o controlo da empresa com terceiros.
 A empresa está numa fase pré-IPO, isto é,
pretende distribuir parte do seu capital em
bolsa num futuro próximo, o que implica
necessidades extra de capital.
Objectivo do Capital de Risco

O Capital de Risco tem por objectivo financiar pequenas empresas, em início de


actividade ou transformação e expansão, apoiando o seu desenvolvimento e
crescimento, tendo por finalidade o sucesso empresarial e o lucro.
Tendo por objecto investir numa empresa e facultar-lhe os instrumentos necessários ao
seu desenvolvimento ou recuperação, o sistema de informações de crédito pode
controlar efectivamente a empresa, e obter uma remuneração substancialmente
superior ao que seria garantido pela dimensão da participação social.

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O objectivo do Capital de Risco é identificar empresas com elevado potencial, mesmo
que se encontrem em situação financeira delicada, realizar uma entrada de dinheiro
como contrapartida de uma participação minoritária e, pela intervenção directa na
gestão da empresa, implementar soluções profissionais, desenvolver estratégias de
eficiência na produção e distribuição, marketing e promoção, e assim contribuir para a
valorização do
negócios.
O Capital de Risco não pode, nem deve ser encarado como um lend (Credor) er of last
resort (Último recurso) ou última salvação de empresas, uma vez que não é garantido.

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Entrada de capital de risco

Os parceiros do Capital de Risco devem


compreender que a entrada de Capital de Risco
não é equivalente à tomada de controlo da
empresa.
O Capital de Risco não se ocupa da gestão da
empresa: apoia a gestão e a inovação, sustentando
as acções que possam contribuir para a sua
valorização, criando desta forma:
i) Reforço da estrutura financeira da empresa;
ii) Facilidade de acesso e outras fontes de financiamento;
iii) Sinalização sobre a credibilidade da empresa;
iv) E um parceiro empenhado que contribui com aconselhamentos e permite o
acesso a uma interessante rede de contactos.
A saída do capital de risco

O Capital de Risco é um investimento de curto ou médio prazo no capital da empresa,


por natureza, é sempre um investimento temporário. Como a sua remuneração está
dependente das mais-valias realizadas, importa saber quais os mecanismos de
desinvestimentos – de saída – do Capital de Risco.

A saída pode assumir diversas formas:


a) Venda da participação aos seus antigos titulares, tanto de forma espontânea como
pré- negociada logo no momento do investimento;
b) Venda da participação a terceiros, quer a investidores tradicionais como a
outros investidores de Capital de Risco (caso em que o desinvestimento assume
a designação de secundary buy-out);
c) Venda em Mercado da bolsa, em especial quando o Capital de Risco assumiu
a natureza de bridge financing.

O Investimento-Anjo é o investimento efectuado por pessoas físicas com seu capital


próprio* em empresas nascentes com alto potencial de crescimento (as startups)
apresentando as seguintes características:

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1. É efectuado por profissionais (empresários, executivos e profissionais liberais)
experientes, que agregam valor para o empreendedor com seus conhecimentos,
experiência e rede de relacionamentos além dos recursos financeiros, por isto é
conhecido como smart-money.
2. Tem normalmente uma participação minoritária no negócio.
3. Não tem posição executiva na empresa, mas apóiam o empreendedor actuando
como um mentor/conselheiro.

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É importante observar que o investimento-anjo não é uma actividade filantrópica
e/ou com fins puramente sociais. O Investidor-Anjo tem como objectivo aplicar em
negócios com alto potencial e retorno, que consequentemente terão um grande
impacto positivo para a sociedade através da geração de oportunidades de trabalho e
de renda. O termo "anjo" é utilizado pelo facto de não ser um investidor
exclusivamente financeiro que fornece apenas o capital necessário para o negócio,
mas por apoiar ao empreendedor, aplicando seus conhecimentos, experiência e rede
de relacionamento para orientá-lo e aumentar suas chances de sucesso.

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AUTO-FINANCIAMENTO
Definição

O autofinanciamento, é o tipo de financiamento no qual se utilizam recursos


próprios, gerados pela própria instituição ou pessoa no decurso de suas actividades,
através dos resultados líquidos obtidos por esta instituição ou pessoa.

Vantagem do auto-financiamento

O auto financiamento evita o recurso a capitais alheios, onerosos, bem como, o


recurso a incrementos de capital por parte dos seus sócios ou accionistas de modo a
poupar o esforço financeiro dos mesmos.

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Desvantagem do auto-financiamento

A desvantagem do autofinanciamento é uma redução do valor dos dividendos


eventualmente distribuídos para os accionistas.

FINANCIAMENTO INDIRECTO

Definição
São os fundos monetários a serem canalizados (indirectamente) para os agentes
“investidores líquidos” (com necessidade de financiamento).
Obtêm-se pelas instituições financeiras aos agentes (que detêm capitais líquidos) com
capacidade de financiamento, comprando títulos de dívida primária, os mesmos
emitidos
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pelas empresas.
Assim sendo podemos dizer que o financiamento indirecto é aquele que se efectua
através da acção dos intermediários financeiros: emprestam e pedem emprestado,
quanto a maior parte dos recursos das instituições financeiras não são sua propriedade
mas sim dos agentes económicos principalmente das famílias ou outras empresas.

Vantagem do financiamento indirecto

O financiamento indirecto tem como vantagens seguintes:


 Adequação das maturidades;
 Adequação da liquidez;
 Economias de escala (por terem grandes proporções):
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o Reduz o custo de transacção e permite diversificar o risco: alisamento
intertemporal, o risco pode ser “espalhado” pelo tempo.
o Facilita o acesso ao financiamento por parte das empresas pequenas e
sem reputação, que não têm escala suficiente para emitir títulos.

 Sendo o mercado financeiro caracterizado pela incerteza e assimetria de


informação, os intermediários financeiros beneficiam do facto de reunirem muita
informação, e de a processarem de forma mais eficiente do que os indivíduos.
 Mecanismo multiplicador.

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Desvantagem do financiamento indirecto
A desvantagem do financiamento indirecto é ter taxas elevadas por existir um
segundo financiador no meio do processo, e por este não ser muito aconselhável.

ACESSO AO FINANCIAMENTO EM MOÇAMBIQUE


O acesso ao financiamento tem sido apontado pelo sector privado como sendo um dos
principais constrangimento para o desenvolvimento da actividade empresarial em
Moçambique. As empresas para acederem as diferentes fontes de financiamento
disponíveis no mercado-banca, mercado de capitais ou capitais de risco devem
fornecer um conjunto de informações (Qualitativas e Quantitativas) com vista a
conferir transparência e credibilidade empresarial. Assim sendo o acesso ao
financiamento
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1. Idoneidade empresarial

Qualquer banco ao conceder um empréstimo precisa de ter a segurança que os fundos


desembolsados serão devidamente utilizados e reembolsados no prazo acordado, desta
forma preocupando-se em saber a quem estão a financiar ou emprestar dinheiro
procurando obter as seguintes informações:
a) Quem são os sócios e gestores da empresa?
b) Que tipo de actividade a empresa desenvolve?
c) Existem algum histórico de registo de incidentes ou incumprimento no sistema financeiro?
d) Existem dívidas irregulares com a segurança social?
e) Existem dividas ficais vencidas e não regularizadas?
f) Existem informação em desabono da empresa, sócio e gestores?

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2. Capacidade Critica

Os empresários devem entregar toda a informação financeira fiável, que permita aos
bancos aferir a capacidade previsional de pagamento do serviço da divida (capital e
juros), que por sua vez, o banco irá avaliar a capacidade financeira da empresa ou
projecto para gerar fluxos monetários (cash flow) futuros que é aquele que consegue
prover meios financeiros suficientes para assegurar ou fazer face a cobertura ou
reembolso do serviço da divida.

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3. Contabilidade organizada

As demonstrações financeiras (balanço, demonstração de resultados, mapa de fluxos


de caixa), tem a vantagem pois influenciam na tomada de decisão de crédito porque
permitem ver a situação económica e financeira das empresas (passado e presente),
assim como, prever cenários de evolução e riscos associados. Além disso as melhores
práticas internacionais aceites recomendam que as demonstrações financeiras deverão
apresentar quatro características qualitativas:

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o Compreensibilidade - significa rapidamente compreensível pelo utente;
o Relevância - significa que influencia as decisões de utentes (em particular, os
financiadores);
o Fiabilidade - significa que é confiável, isenta de erros materiais ou de influência;
o Comparabilidade - significa que a informação financeira e comparável com outro
períodos.

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Dúvida!

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