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Características do Direito
Constitucional

HELENA.MELO@NOVALAW.UNL.PT
OUTUBRO DE 2023
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O que é o Direito Constitucional?
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“Direito Constitucional:

- Um direito sobre o político, na medida em que regula as formas e


procedimentos de formação da vontade e da tomada das decisões
políticas;
- Um direito do político, sendo expressão normativa da constelação
de forças políticas e sociais;
- Um direito para o político, já que estabelece ‘medidas’ e ‘fins’ ao
processo político.” (Cristina Queiroz, p. 12)
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“Conjunto de princípios e de normas que regulam


a organização, o funcionamento e os limites do
poder público do Estado, assim como estabelecem
os direitos das pessoas que pertencem à respetiva

comunidade política”.
JORGE BACELAR
GOUVEIA
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As características do DC:

singularizam-no no contexto mais


vasto do Direito, em que se integra.
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São:

a) Supremacia
b) Transversalidade
c) Caráter político
d) Carácter estadual
e) Legalismo
f) Caracter fragmentário
g) Juventude
h) Abertura
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a) Supremacia do DC – Direito Positivo:

 estrutura hierarquicamente organizada


 diferentes patamares normativos
uma pirâmide – no topo está o DC
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Hans Kelsen (1881 – 1973)


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A supremacia hierárquico-normativa implica:

 adoção de mecanismos que a


verifiquem
 definição de consequências
negativas para os atos que violem o
DC
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Corolários:

a) o sentido ordenador do DC não pode ser contrariado


por outra fonte, que lhe deve obediência – a
conformidade constitucional
b) são adotados mecanismos de verificação dessa
supremacia
c) há consequências negativas para os atos que violem
o DC
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B) Transversalidade do DC:

o DC ao traçar as grandes opções da


comunidade relaciona-se com múltiplos temas
 dificulta a harmonização com as zonas
fronteiriças de outros ramos de Direito,
sobretudo no que concerne à interpretação de
conceitos
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Art. 32.º (Garantias do processo criminal)

“2. Todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da


sentença de condenação, devendo ser julgado no mais curto prazo
compatível com as garantias de defesa.
8. São nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coação, ofensa
da integridade física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na
vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas
telecomunicações”.
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c) Politicidade do DC:

objeto do DC - o estatuto do poder


político
difícil distinção o que deve ser
deixado ao livre jogo da actividade
política e o que carece da intervenção
do DC
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Artigo 46.º
(Liberdade de associação)

“(…) 4. Não são consentidas associações armadas


nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares,
nem organizações racistas ou que perfilhem a
ideologia fascista”.
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d) Caráter estadual - o DC:

é sujeito e objeto do próprio Estado


 é o mais estadual dos ramos jurídicos, ao
representar a soberania estadual
 modela os outros ordenamentos jurídicos
que não tenham origem estadual
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Artigo 2.º
(Estado de Direito Democrático)

“A República Portuguesa é um Estado de Direito Democrático,


baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e
organização político democráticas, no respeito e na garantia de
efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia
económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia
participativa”.
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e) Legalidade – o DC:

influenciado por uma concepção legalista – o acento


tónico recai sobre a lei
resultado de uma intenção particular de disciplinar e
limitar o poder público
associado à expressão democrática da cidadania, feita
sobretudo através da lei
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f) Carater fragmentário – DC:

raramente regulação de forma completa


e exclusiva as matérias constitucionais
 sector mínimo fundamental -
estabelece os fundamentos dos vários
institutos jurídicos
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Artigo 26.º (Outros direitos pessoais)

“3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a


identidade genética do ser humano, nomeadamente
na criação, desenvolvimento e utilização das
tecnologias e na experimentação científica”.
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Lei n.º 32/2006, de 26 de julho – art. 7.º

“1 – É proibida a clonagem reprodutiva tendo como objetivo criar


seres geneticamente idênticos a outros.
2 – As técnicas de PMA não podem ser utilizadas para conseguir
melhorar determinadas caraterísticas não médicas do nascituro,
designadamente a escolha do sexo.”
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g) Juventude – DC:

ramo de Direito recente


risco de debilidade dogmática das
soluções encontradas – não lida com
soluções testadas há muitos séculos
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Artigo 72.º (Terceira idade)

“1. As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação


e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e
superem o isolamento ou a marginalização social.
2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e
cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização
pessoal através de uma participação ativa na vida da comunidade”.
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h) Abertura – o DC:

não é um sistema normativo fechado


permeável aos influxos de outros ramos
normativos internacionais e internos
tem um carácter fragmentário,
transversal e plurimaterial
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Ex.:

Artigo 16.º
(Âmbito e sentido dos direitos fundamentais)

“1. Os direitos fundamentais consagrados na


Constituição não excluem quaisquer outros
constantes das leis e das regras aplicáveis de
Direito Internacional.”

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