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Profa.

Beatriz Barros Reinhardt Pereira


b.reinhardt@uni9.pro.br
Aula 6ª.

DIREITOS DA PERSONALIDADE
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Características

Tutela preventiva
 preparativa
Para LER

Código Civil : capítulo II Dos Direitos da Personalidade


arts. 11 a 21
art. 943 CC
Constituição Federal
artigo 5°, X e XXXV
Sobre Dano: artigos 186, 187 CC
Súmula 37 STJ
Súmula 642 STJ
Súmula 227 STJ
Os direitos da personalidade são um conjunto de direitos reconhecidos e protegidos
pela legislação, destinados a salvaguardar aspectos fundamentais da dignidade,
autonomia e integridade física e moral das pessoas.
Esses direitos estão relacionados à própria existência e à individualidade de cada ser
humano e são considerados inalienáveis, imprescritíveis e irrenunciáveis.

Art.5°, X, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(..)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Vejamos alguns exemplos dos direitos da personalidade:
Direito à vida: Garante o direito fundamental de cada pessoa à sua própria vida e
integridade física.
Direito à integridade física e moral: Protege o indivíduo contra agressões físicas e
morais que possam violar sua integridade, como tortura, maus-tratos, difamação,
injúria, entre outros.
Direito à imagem: Refere-se ao direito de uma pessoa controlar o uso de sua
imagem, voz e identidade visual, evitando sua reprodução não autorizada.
Direito à autoria: Protege os trabalhos intelectuais e artísticos de uma pessoa,
garantindo-lhe o reconhecimento e controle sobre o uso e a reprodução de suas
criações.
 Direito à privacidade: Garante o direito de uma pessoa a uma esfera privada e
proteção contra interferências indevidas em sua vida pessoal e familiar.
 Direito à honra: Protege a reputação e a dignidade pessoal de uma pessoa contra
difamação, calúnia e outros ataques que possam prejudicar sua reputação.
 Direito ao nome: Garante o direito de uma pessoa usar seu próprio nome e protege
contra o uso não autorizado ou indevido do mesmo por terceiros.
 Direito ao corpo: Inclui o direito de uma pessoa controlar o próprio corpo e tomar
decisões relacionadas à sua saúde e integridade física, como o direito à
autodeterminação em questões médicas.
CONCEITO na visão da doutrina:
Francisco Amaral define os direitos da personalidade como “direitos subjetivos que
têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral
e intelectual”. Por sua vez, Maria Helena Diniz, os conceitua como “direitos
subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade
física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto,
partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de
pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra,
recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social)”.
Dos Fundamentos:

Os direitos da personalidade dividem-se em duas categorias:


Os inatos, como o direito à vida e à integridade física e moral;
E, os adquiridos que decorrem do status individual e existem na extensão da
disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo.

OBS: os doutrinadores em geral entendem que cabe “ao Estado apenas reconhecer e sancionar em
um ou outro plano do direito positivo – em nível constitucional ou em nível de legislação ordinária –,
dotando-os de proteção própria, conforme o tipo de relacionamento a que se volte, a saber: contra o
arbítrio do poder público ou as incursões de particulares”.
Das Características:

São direitos de natureza não patrimonial.


Os direitos da personalidade, são absolutos e considerados primários pois revelam a
base de expressão do ser humano.
Sem as garantias previstas no art. 5°, X, da CF - , todas as demais formas de relação
jurídica restam por prejudicadas, visto estar o homem na base relação jurídica.

A ofensa aos direitos da personalidade configura causa para indenização por danos
morais.
Dispõe o art. 11 do Código Civil que, com “exceção dos casos previstos em
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação voluntária”.

Assim temos:
a)Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: Não podem os seus titulares deles dispor,
transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem
com eles, dos quais são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em nome de outrem
bens como a vida, a honra, a liberdade etc.
Pode-se concluir, pois, que nestes casos a indisponibilidade dos direitos da
personalidade não é absoluta, mas relativa.

Assim, os direitos da personalidade, em si, sejam personalíssimos (direito à honra, à


imagem etc.) e, portanto, intransmissíveis, a pretensão ou o direito de exigir a sua
reparação pecuniária, em caso de ofensa, transmite-se aos sucessores, nos termos
do art. 943 do CC. Nessa linha, já decidiu o STJ: “O direito de ação por dano moral é
de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima”.
b) Absolutismo – O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de
sua oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos
um dever de abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter geral, porque
inerentes a toda pessoa humana.
c) Não limitação – É ilimitado o número de direitos da personalidade, não se limitando
ao modo exemplificativo que o código nos traz. Podendo ainda, exemplificativamente,
o direito a alimentos, ao planejamento familiar, ao leite materno, ao meio ambiente
ecológico, à velhice digna, ao culto religioso, à liberdade de pensamento, ao segredo
profissional, à identidade pessoal etc.
d) Imprescritibilidade – Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo
fato de os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do
tempo nem pela inércia na pretensão de defendê-los.

Embora o dano moral consista na lesão a um interesse que visa à satisfação de um


bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade, como a vida, a
honra, o decoro, a intimidade, a imagem etc., a pretensão à sua reparação está
sujeita aos prazos prescricionais estabelecidos em lei, por ter caráter patrimonial.
e) Impenhorabilidade – Se os direitos da personalidade são inerentes à pessoa
humana e dela inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, certamente não podem
ser penhorados.
f) Não sujeição a desapropriação – Os direitos da personalidade inatos não são
suscetíveis de desapropriação.
g) Vitaliciedade – Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da
concepção e acompanham a pessoa até sua morte. Por isso, são vitalícios. Mesmo
após a morte, todavia, alguns desses direitos são resguardados, como o respeito ao
morto, à sua honra ou memória e ao seu direito moral de autor, por exemplo.
Pergunta-se :

Pessoa jurídica sofre dano moral? Art.52 CC.


E quanto ao direito ao esquecimento, é cabível?
Tema 786 - O Supremo Tribunal Federal aprovou a seguinte tese, com repercussão
geral: “É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento,
assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a
divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios
de comunicação social analógicos ou digitais”. Esse foi o entendimento firmado pela
maioria da aludida Corte Superior, em 11 de fevereiro de 2021, tendo como relator o
Ministro Dias Toffoli.
Tutela Preventiva x Tutela Preparativa x Cessação da Lesão

Preventiva : Visa evitar a ocorrência de danos ou violações aos direitos da


personalidade.
Pode incluir medidas como a emissão de advertências, ordens judiciais, ou a
imposição de restrições específicas para evitar que uma lesão ocorra.
É baseada na ideia de prevenção e antecipação, agindo antes que o dano
efetivamente ocorra. Costuma ser aplicada em situações em que há risco iminente de
violação dos direitos da personalidade, mas o dano ainda não ocorreu.

Preparativa: Tem o objetivo de preparar o terreno jurídico para a eventual reparação


de danos ou violações dos direitos da personalidade.
Pode incluir medidas como a preservação de provas, o estabelecimento de medidas
cautelares ou a realização de investigações preliminares.
Cessação da Lesão : refere-se à interrupção ou cessação de uma lesão em curso
aos direitos da personalidade. Geralmente ocorre por meio de medidas judiciais ou
extrajudiciais que visam cessar a prática ou o comportamento que está causando a
lesão. Pode incluir a emissão de ordens judiciais, retratações públicas, remoção de
conteúdo online, entre outras medidas.
O objetivo é encerrar imediatamente a violação dos direitos da personalidade e
prevenir danos adicionais.
E, por último "dano ricochete“, o que é?

É um tipo de dano que afeta não diretamente a vítima original, mas sim uma terceira
pessoa relacionada à vítima. Esse dano é consequência indireta de um ato ilícito ou
de uma situação que causou danos à vítima principal.

Exemplo: suponha que um indivíduo sofra um acidente de trânsito causado por um


motorista negligente. O acidente resulta em ferimentos graves no indivíduo, que é a
vítima direta do evento. No entanto, como consequência desse acidente, os
familiares desse indivíduo podem sofrer também danos emocionais, psicológicos e,
eventualmente, financeiros, devido às despesas médicas e outras consequências do
acidente. Nesse caso, os danos sofridos pelos familiares seriam considerados danos
ricochete.
Os danos ricochete podem ser chamados de danos reflexos – não são tratados de
forma explícita no CC -, como dito, são aqueles que afetam terceiros que têm uma
relação próxima com a vítima direta do evento danoso. Geralmente, esses terceiros
são cônjuges, filhos, pais ou outros familiares próximos da vítima direta.
É importante ressaltar que, para que os danos ricochete sejam indenizáveis, é
necessário que haja uma relação de causalidade clara entre o evento danoso e os
danos sofridos pela terceira pessoa, bem como a comprovação da existência desses
danos e de sua extensão.
Art. 186 CC
Bibliografia:

GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro 1: parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva,
2019.

MEDINA, José Miguel Garcia. Código Civil Comentado. 5ª. Ed. São Paulo: RT, 2022.

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