Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Esta aula segue a sequencia proposta por Furtado na quinta e última parte do livro: a economia de
transição para um sistema industrial. Nesta parte, Furtado considera o processo de “deslocamento do
centro dinâmico da Economia Brasileira”. De uma forma mais ampla, vamos considerar o processo de
“ruptura” do modelo primário exportador e o início de um processo de substituição de importações no
país.
Ponto de partida: as implicações da política de
valorização do café no contexto da Crise de 30
(...) ao irromper a Crise de 1929, o setor cafeeiro encontrava-se debilitado por uma crise de
superprodução sem precedentes, que acarretou drástica redução no preço do produto. No
entanto, o nível da produção e a renda do setor cafeeiro não chegaram a ser profundamente
afetados. Em primeiro lugar, porque ocorreu uma forte desvalorização cambial, que permitiu
socializar as perdas provenientes da queda no preço internacional do produto; e, em segundo,
porque pôs-se em marcha uma política de retenção e destruição de parte da produção cafeeira.
Ricardo Bielschowsky, Formação Econômica do Brasil: uma obra-prima do
estruturalismo cepalino; capitulo 2 do livro “50 anos de Formação Econômica do Brasil:
ensaios sobre a obra clássica de Celso Furtado”, disponível em:
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5614 .
Ponto de partida: as implicações da política de
valorização do café no contexto da crise de 30
De uma forma mais ampla, as mudanças estruturais consideradas por Furtado inserem-se no
que podemos considerar de período de ruptura do sistema de relações econômicas
internacionais decorrente das Guerras e Grande Depressão.
Vamos considerar, neta aula, este período em um contexto regional mais amplo: a América
Latina.
Ruptura e
Experimentação (1914 –
1945)
O mundo capitalista até a 1ª. Guerra
Até pelo menos a 1 guerra mundial, houve um ciclo de forte expansão do comércio e das
finanças internacionais.
Esta expansão deu origem a um sistema de divisão internacional do trabalho entre países
industrializados e produtores primários. Neste sistema, o Centro era ocupado pela Inglaterra.
Tratava-se de um mundo respaldado pela Economia Política Clássica particularmente pela
teoria das vantagens comparativas (David Ricardo) e, de uma forma mais geral, da ideia de
que o livre mercado (aqui internacional) é a “forma mais eficiente” de organização produtiva
(aqui mundial).
Pode-se considerar, neste mundo, a seguinte divisão:
◦ Inglaterra: centro do capitalismo comercial, industrial e do progresso técnico (e das ideias econômicas);
◦ Brasil: a produção primária voltada para o mercado internacional; mercado domestico pouco desenvolvido;
◦ EUA: fica “fora” da divisão e desenvolve uma estrutura produtiva cuja dinâmica reside no mercado interno.
Características das economias primário-exportadoras da
América Latina no Sec. XIX (resumo)
Ruptura e Oportunidades:
Condições internas e principalmente externas
favorecem transformações importantes nas
estruturas produtivas dos países latino-americanos
(no caso do Brasil, trata-se do momento do
“deslocamento do centro dinâmico da Economia
Brasileira”).
As transformações
O período, entretanto, teve impactos diferenciados:
As guerras: em vários casos ampliou as exportações da América
(queda na demanda)
protecionismo + guerras cambiais => reversão do processo de
reforma agrária.
Brasil: Getúlio Vargas => política de
◦ Plano Marshall
◦ Novas instituições: FMI, Banco Mundial, ONU, GATT etc.
◦ Preocupação com a expansão soviética na Europa
◦ Os EUA surgem como a grande potencia mundial
O fim das turbulências e as opções para a
América Latina
Após a 2ª. Guerra, duas opções se colocaram para a América
Latina (incluindo o Brasil):
I - voltar ao modelo primário-exportador; ou
II - continuar o processo de substituição de importações
“Informações” importantes:
Novo centro: EUA, com baixo coeficiente relativo de importação
Evidência empírica: baixo dinamismo relativo dos produtos
primários no mercado internacional
Os países ricos são industrializados
Necessidade de criação de empregos + governos populistas
=> O Brasil considerou claramente a opção II.
Próximas aulas
O período do Pós-Guerra:
A industrialização substitutiva de importações
A era dos Planos de desenvolvimento
Bibliografia
Quinta parte do FEB de Furtado, particularmente os capítulos 30 a 33.
Bibliografia complementar:
Rosemary Thorp, Progress, Poverty and Exclusion: An Economic History of Latin America
https://publications.iadb.org/en/publication/16284/progress-poverty-and-exclusion-ec
onomic-history-latin-america-20th-century
Ver também o livro A Economia Latino Americana, de Celso Furtado (várias edições, a