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PEDAGOGIA NO TEMPO

DE JESUS

P R O F. : J O S I M A R T O M A Z
Introdução
Nos tempos de Cristo, a educação era um elemento
muito importante da sociedade. Quando a criança tinha
a oportunidade de, além do ofício do lar, aprender na
escola dos rabinos, sua rotina não era fácil. Ela passava
a manhã inteira na sinagoga, em uma sala com cerca de
25 alunos. A parte da tarde era dedicada ao trabalho
que estava aprendendo com o pai.
Com uma rotina intensa, é difícil imaginar se havia
tempo para brincar e praticar esportes. Mas a verdade é
que as crianças se divertiam muito. Uma típica criança
judia participava de muitas brincadeiras, sendo a
maioria delas coletiva.
Em Mateus 11:16-17 - A que posso comparar esta geração? São como crianças que ficam
sentadas nas praças e gritam umas às outras: 'Nós tocamos flauta, mas vocês não dançaram;
cantamos um lamento, mas vocês não se entristeceram’; e Lucas 7:32 – São como crianças
que ficam sentadas na praça e gritam umas às outras: 'Nós tocamos flauta, mas vocês não
dançaram; cantamos um lamento, mas vocês não choraram. Jesus menciona uma brincadeira
de rua comum, em que crianças tocam instrumentos e dançam, aparentemente, imitando as
cerimônias dos adultos. Ou seja, o tempo para brincar existia, mas era separado dos
momentos dedicados ao estudo e ao trabalho.
No tempo de Jesus, meninos e meninas participavam de brincadeiras coletivas, que
ensinavam a socialização. Ao imitar a cerimônia dos mais velhos, como os textos bíblicos
mencionam, evidencia-se uma forma de preparo para a vida adulta. Para aqueles judeus,
especialmente daquela época, brincar era algo sério.
“Casas” do
conhecimento
A escola fundamental que as crianças frequentavam na sinagoga era conhecida pelo nome de BeitHa
Sêfer, isto é, A Casa do Livro. Ali aprendia-se a ler, escrever, fazer contas e falar em público.
Memorização, repetição e resolução de problemas eram os métodos pedagógicos mais usados na
ocasião.
De acordo com uma tradição judaica, só por volta de 63 d.C. é que o sumo sacerdote decidiu criar em
cada aldeia uma escola gratuita para todos os meninos a partir de 6 ou 7 anos; mas alguns fazem a
instituição do ensino público remontar a 130 a.C., embora sua finalidade não fosse outra senão
preparar leitores para a sinagoga.
Nestas escolas, são as Escrituras que formam a base do ensino: O mestre e os alunos as repetem, o
mestre as comenta, para que os alunos acabem decorando-as. Utilizam-se os processos mesmo
técnicos da época, dos quais os evangelhos nos oferecem muitos exemplos:
Paralelismo (é um dispositivo retórico que combina palavras ou frases com significados
equivalentes para criar um padrão definido),
Antítese (é uma figura de linguagem que consiste na exposição de ideias opostas )
Assonância (é um tipo de figura de linguagem, chamada de figura de som ou harmonia. Ela é
caracterizada pela repetição harmônica de sons vocálicos)
É lendo o texto bíblico que se aprende tudo: o cálculo é ensinado quando se fala da duração
da vida dos patriarcas; a geografia, a propósito das guerras de Israel, as ciências a partir
deste milagre ou daquele fenômeno. A Bíblia é o livro completo que permite integrar tudo e
é inútil ir procurar algo fora dela, dizem os rabinos do séc. II da nossa era.
O estudo delas era tão importante que, mesmo quem não frequentasse a escola, precisava
pelo menos saber ler para ter acesso ao conteúdo da Torá. Nesse caso, a pessoa era ensinada
em casa, pelos pais. As mulheres também tinham que conhecer a Torá, embora de maneira
simples, devido ao espírito patriarcal daqueles dias.
O período da escola primária ia dos cinco aos 12 ou 13 anos de idade. Depois, o aluno
passava por um estágio mais avançado na Beit Midrash, ou Casa da Interpretação, que
ficava em um lugar separado da sinagoga. Ali, o aluno poderia receber uma espécie de
educação superior acompanhado por algum mestre da lei. De fato, estudar em uma Beit
Midrash era um privilégio de poucos.
Casa da
Interpretação
Beit Midrash, ou Casa da Interpretação, que ficava em um lugar separado da sinagoga. Ali, o aluno poderia
receber uma espécie de educação superior acompanhado por algum mestre da lei. De fato, estudar em uma Beit
Midrash era um privilégio de poucos. Assim, se um jovem quisesse avançar em seus estudos, deveria iniciar-se
no mundo rabínico, no qual se tornaria um escriba ou doutor da lei. Para isso, ele deveria escolher como tutor
um mestre ou rabino de renome e segui-lo, na condição de que o rabino aceitasse o aluno. Paulo, por exemplo,
foi aceito pelo grande sábio Gamaliel. De acordo com o livro de Atos 22:3, foi aos pés dele que Paulo
praticamente aprendeu tudo o que sabia, possivelmente, até muitos dos idiomas que falava.
Mesmo antes da época de Cristo, cada sábio ou rabino se preocupava em formar discípulos e futuros escribas
que pudessem exercer o ofício em tribunais ou sinagogas. O famoso rabino Hilel, que viveu nos dias de
Herodes, o Grande, chegou a ter, de uma só vez, cerca de 80 seguidores imediatos. Jesus foi bem mais simples.
Escolheu apenas 12, ou melhor, 11 discípulos, se entendermos que Judas foi apenas aceito, mas não escolhido
pelo Mestre. Dentro do movimento dos escribas de afinidade farisaica, havia duas correntes: uma mais
rigorista, a outra mais laxista em matéria de pureza ritual; na escola de Shamai, exigia-se um ano de estágio
para conhecer essas prescrições rituais, ao passo que nade Hilel contentava-se com 30 dias.
Dentro do movimento dos escribas, por exemplo, de afinidade mais farisaica, existiam duas
correntes básicas.
Uma era a escola fundada pelo rabino Hilel, citado anteriormente. Ali, um jovem, antes de
ser aceito oficialmente por um mestre, deveria se submeter a um estágio de 30 dias para
realizar e conhecer as prescrições rituais de purificação.
Em outra escola, a de Shamai, esse período se estendia por pelo menos um ano. Embora
não tenhamos muita documentação direta do tempo de Jesus, temos informações valiosas no
segundo século de nossa época e que podem nos servir de chave interpretativa daqueles
tempos. Segundo essas antigas fontes, a partir do segundo século, quando um jovem estava
estudando no colégio superior da Beit Midrash, deveria caminhar o dia inteiro e se abster de
outros trabalhos, já que o estudo começava no alvorecer e terminava apenas ao pôr-do-sol.
A PEDAGOGIA DE JESUS
Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em geral. Ele
não se distinguiu primeiramente como orador, como reformador, nem como chefe, e, sim, como mestre. Vemos
perfeitamente que ele não pertenceu à classe dos escribas e rabinos que interpretavam minuciosamente a Lei.
Não. Ele ensinou. De forma alguma se distinguiu ele como "agitador da massa popular". A ênfase que Jesus
deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele reconhecido como Mestre. "À luz dos Evangelhos, vemos
que seus discípulos e contemporâneos o tornavam como mestre." Ele foi mesmo chamado Mestre, Professor
ou Rabi; e tudo isto, traz em seu bojo a mesma ideia geral expressa por Nicodemos quando disse: "Rabi,
sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2).
Enfim, o ensino de Jesus era “construtivista” devido a importância de construir junto ao ouvinte uma nova
mentalidade a partir dos conhecimentos da vida, e esse ensino proporcionava uma nova oportunidade de
pensar, refletir e questionar a vida. Construtivismo, segundo pensamos, é esta forma de conceber o
conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento – e, por consequência, um novo modo de ver o universo, a
vida e o mundo das relações sociais.
Característica da pedagogia de Jesus
1. É uma pedagogia redentora - Essa primeira característica, mostra que a pedagogia de
Jesus é exclusivamente salvadora. Ou seja, a redenção visa atingir o ser humano em sua totalidade,
efetuando nele profundas modificações experienciais, promovendo o “desenvolvimento do corpo e alma
para que se pudesse realizar o propósito divino da sua criação.

2. É uma pedagogia Libertadora – João 8.32 - e conhecereis a verdade, e a verdade


vos libertará. redenção tem a ver com libertação, emancipação de ideias, hábitos e práticas daquilo que
está em oposição direta a Deus, e que compromete a lealdade a Ele. É o processo de desenvolvimento do
caráter que se restaura “no homem a imagem de seu Autor”, e no qual ocorre um retorno do ser humano “à
perfeição em que fora criado”, demonstrado num crescimento integral – “corpo, mente e alma”.

3. É uma pedagogia da Pesquisa – João 5.39 - Examinais as Escrituras, porque vós


cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.
APLICAÇÕES:
I. A primeira lição – Aprendemos aqui que, a pedagogia de Jesus, se
caracteriza como uma educação para redenção. Ou seja, sua pedagogia nos
mostra que o conhecimento da verdade, pode libertar o homens de seus
pecados (João 8.32)
II. A segunda lição - Aprendemos que, a pedagogia de Jesus além de ser para
redenção do homem, ela também instruía esse homem no caminho que ele
devia seguir.
III.A terceira lição é que, Jesus enfatizou a busca pelo conhecimento, como
marca característica dos seus verdadeiros discípulos (João 5.39)

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