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INTEGRAÇÃO E COOPERAÇÃO REGIONAL EM AFRICA

RODNEL DALA

RESUMO
O regionalismo é a forma pela qual os Estados-nação procuram dar soluções as
questões políticas e económicas no nível regional, tradicionalmente vinculadas à promoção do
livre-comércio e à superação de conflitos inter-estatais. Para os países menos desenvolvidos, o
regionalismo é percebido como um mecanismo estratégico de desenvolvimento. Diante dos
processos de independência, as iniciativas de integração africanas começaram a ser pensadas e
fundadas de forma concomitante à formação dos Estados-nação no decorrer do século XX. Isso faz
da integração do continente africano um processo particular. Este trabalho faz uma análise do
desenho institucional e do grau de institucionalização das principais organizações regionais
africanas, enfatizando seus objectivos e seu papel para a integração continental e oferecendo um
histórico de criação dos mecanismos de integração que culminaram na formação da União
Africana (UA), a principal organização de integração do continente.
INTRODUÇÃO

A necessidade do estabelecimento de mecanismos regulares para análise e diálogo


sobre as perspectivas de crescimento e desafios de política encontrada pela África, levaram o
Centro de Desenvolvimento da OCDE e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) a lançarem
o Fórum Internacional sobre Perspectivas Africanas. Os países africanos não são, de forma
alguma, imunes às mudanças profundas que são induzidas pela “globalização” nas formas de
interacção económica e nas estruturas de governança que são necessárias pelos governos e pela
sociedade civil. Isso significa aumentar a exposição das economias individuais ao comércio e
tendências internacionais, e também oferecer novas oportunidades para cada país do continente.
DESENVOLVIMENTO

A matriz actual de integração de África contém uma vasta gama de


comunidades económicas regionais (CERs), incluindo oito consideradas como
blocos principais da Comunidade Económica Africana. As CER concordaram em
integrar-se numa variedade de formas que as vezes diferem dos acordos
continentais. 3. Em tempos mais recentes a liderança política da União Africana
adoptou uma série de iniciativas para acelerar a agenda de integração de África.
A União Africana adoptou um Programa de Integração Mínima para acelerar o
processo de integração em, áreas chave incluindo o comércio e a integração do
mercado, livre circulação de pessoas e desenvolvimento de infraestruturas. Dado
o facto de muitos países Africanos serem membros de múltiplas CERs, que
podem ter objectivos e mandatos sobrepostos, complicando assim a
coordenação do processo de integracão, o Programa de Integração Mínima serve
para dar um enfoque às acções das CERs com vista a acelerar a integração de
África em áreas chave e áreas prioritárias críticas de uma forma coerente e
harmoniosa. Ademais, em Janeiro de 2012 a União Africana tomou a decisão
histórica de acelerar a criação de uma área continental de comércio livre, até uma
data indicativa de 2017, e implementar um plano de acção abrangente para
alavancar o comércio Africano. Além disso, instituições como a Comissão da
União Africana (CUA), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
A Comissão Económica das Nações Unidas (CENUA) e as CERS estão actualmente a
promover um Programa Continental de Desenvolvimento de Infra-estruturas em África 4. Não
obstante estes acordos, a integração regional em África ainda tem um longo caminho por percorrer
para realizar o seu potencial, com vista a contribuir para os objectivos gerais inerentes ao
desenvolvimento do continente. Uma área em que isto é óbvio, é a área do comércio. Em média, o
comércio formal intra-Africano continua relativamente baixo, em cerca de 11 porcento do total do
comércio Africano, o que se compara desfavoravelmente com outras regiões do mundo. Apenas a
Ásia Ocidental tem uma porção comércio intra-regional inferior, como percentagem do total das
exportações. Em comparação, a porção de comércio intra-regional na América do Sul e na
América Central, América do Norte, UE – 27 e Asia estão a 17 porcento, 42 porcento, 62 e 64
porcento respectivamente. As CERs de África também têm uma porção baixa de comércio em
relação aos grupos regionais: os 14 grupos regionais com melhor desempenho a nível mundial têm
uma proporção média de 15 porcento do comércio intra-grupo do volume total do seu comércio
com o resto do mundo, enquanto a média das CERs de África é de 4 por cento.
África continua a ter alguns dos mais elevados custos de trocas comerciais no mundo,
sendo apenas ultrapassada pela Europa do Leste e Ásia Central (onde a percentagem dos custos
dos países do interior é mais elevada). As barreiras comerciais entre os países Africanos são
geralmente mais elevadas que as que são praticadas entre os países Africanos e o resto do mundo.
5. A agenda de integração regional de África também não tem um mecanismo científico
sistemático de monitorização e avaliação que use indicadores para rastrear o progresso em todos os
níveis: continental, regional e nacional. Não obstante, a CUA prepara um relatório anual sobre o
ponto de situação da integração em África, com base na informação providenciada pelas CERs em
relação ao progresso feito na implementação da agenda de integração a nível regional e a nível
continental. Actualmente não há nenhum mecanismo sistemático de monitorização e avaliação que
use indicadores objectivos e quantitativos para avaliar o progresso rumo às metas de integração
regional, a nível continental. A nível das CERs; apesar de terem sido adiantadas algumas
propostas, a avaliação quantitativa não está a ser implementada.
CONCLUSÃO

Finalmente, na África mais do que em qualquer outro lugar, as guerras e doenças


infecciosas, particularmente o HIV/AIDS, colocam uma ameaça importante ao
desenvolvimento do capital humano, crescimento sustentável e redução da pobreza. A
imagem do continente, contudo, é muito pior que a realidade. Existe a necessidade de
apresentarmos uma visão balanceada dos êxitos e as dificuldades nas economias africanas, e
de diferenciar entre os países, para contrabalançar a imagem formada pela média que mostra
somente fotografias negativas do continente.
ABSTRATO

Regionalismo e a forma no qual Estado procuram resolver seus problemas políticos e


económicos num nível regional, tradicionalmente ligado a promoção de livre comércio e
ultrapassando conflitos inter-estaduais. Para países menos desenvolvidos, regionalismo e visto
como um mecanismo estratégico para o desenvolvimento. Na fase dos processos de
independência, iniciativas de integração Africana começaram a surgir com a formação de Estados
Membros durante o século 20. Isso faz a integração do continente africano um processo particular.
O artigo visa em fazer uma analise institucionalizado da organização regional Africana,
enfatizando os seus objectivos e funções para a integração continental.
REFERÊNCIAS

 ADI, H. Pan-Africanism: a history. London: Bloomsburry Academic, 2018.


 BARBOSA, M. S. A Razão africana: breve história do pensamento africano contemporâneo.
1. ed. São Paulo: Todavia, 2020.
 BOTELHO, J. C. A. A institucionalização de blocos de integração: uma proposta de critérios
de medição. Contexto Internacional, v. 36, n. 1, p. 229–259, 2014.
 CHAZAN, N. et al. Politics and society in contemporary Africa. 3. ed. London: Macmillan
Education, 1999.

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