Você está na página 1de 2

Conceitos básicos

Liliane G. da Costa Reis

A administração trata, desde seus primórdios, de organizar o trabalho de forma racional. A partir do
final do século XIX, começa a adquirir o status de ciência, com as tentativas de aplicação de
métodos científicos ao estudo e aprimoramento do trabalho, assim como ao desempenho do
trabalhador. Desde então, há sucessivas definições para esta atividade. Maximiano (1997), por
exemplo, sugere que "a administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre
objetivos e utilização de recursos". Sob esta ótica, várias pessoas estão envolvidas na
administração de uma organização do terceiro setor, mesmo que, à primeira vista, não se
percebam como tal.

A administração se caracteriza como uma atividade meio; não é um fim em si mesma. Administrar
diz respeito ao desempenho da organização como um todo, em um determinado contexto.
Desempenho, por sua vez, está relacionado aos conceitos de eficácia, eficiência e efetividade.
Eficácia é a capacidade de realizar objetivos, eficiência é utilizar produtivamente os recursos,
efetividade é realizar a coisa certa para transformar a situação existente.

Portanto, os conceitos e técnicas de administração devem servir para que as organizações


alcancem o desempenho que desejam. Sinteticamente, estas funções podem ser descritas da
seguinte maneira:

· Planejamento – diz respeito às decisões sobre objetivos, ações futuras e recursos


necessários para realizar objetivos.

· Organização – compreende as decisões sobre a divisão de poder, traduzido em


autoridade, tarefas e responsabilidades entre pessoas e na divisão de recursos para
realizar as tarefas.

· Direção ou coordenação – trata de ativar as pessoas para atingir os objetivos propostos e


proporcionar o sentido de missão, na expressão de Peter Drucker.

· Controle – abrange as decisões sobre a compatibilidade entre objetivos esperados e


resultados alcançados.

No entanto, as organizações não são iguais; possuem objetivos e contam com recursos diferentes
entre si, atuam em campos distintos. Isto faz com que a administração de cada uma se caracterize
por ênfases distintas. Numa tipologia bastante sintética, mas que serve ao propósito deste texto,
podemos agrupar as organizações em: governamentais, privadas com fins de lucro e privadas sem
fins lucrativos. Permeando estes grupos, encontra-se o plano cultural onde atuam – temos, assim,
um quadro inicial de referência.

As organizações governamentais têm o objetivo de atender as necessidades públicas e de gerir o


funcionamento do Estado. Como necessidades e prioridades são definidas a partir do jogo político
de forças da sociedade, podemos dizer que os princípios clássicos que regem a administração
pública – impessoalidade, hierarquia, regras estabelecidas etc. – apresentam-se de forma distinta
em cada ambiente cultural tratado.

Já as empresas privadas são caracterizadas por atender as necessidades de grupos de


consumidores, estando inseridas num contexto maior ou menor de competição em mercados. Isto
faz com que tenham que estar organizadas a partir da idéia de conquistar um lugar no mercado em
meio a outras empresas que oferecem produtos ou serviços, de certa forma, semelhantes. Quanto
maior a competitividade do setor, mais precisam estabelecer estratégias de diferenciação perante
os consumidores, responder às iniciativas da concorrência e antecipar-se, captando tendências de
futuro. O plano cultural irá caracterizar tanto sua atuação no mercado quanto sua relação com a
sociedade em geral, especialmente nas relações de trabalho e na influência que exercem junto a
políticas de caráter público.

As organizações sem fins lucrativos atuam no âmbito da sociedade civil, onde o aspecto político
tem papel de destaque. São pautadas por interesses que podem variar desde um conjunto de
membros (um sindicato, por exemplo) até propostas mais amplas de transformação social (o caso
das ongs), passando pelas propostas de assistência aos carentes (entidades beneficentes). Sua
atuação diz respeito a atingir fins públicos, a partir da utilização de recursos privados e públicos. O
ambiente cultural irá condicionar seus objetivos e as estratégias para realizá-los.

Diante desta multiplicidade de organizações, as noções de eficiência, eficácia e efetividade, assim


como os processos básicos da administração – planejamento, organização, direção e controle –
vão assumir características específicas em cada tipo de organização. O que importa ressaltar é
que estas quatro funções gerais são inerentes à existência de qualquer uma delas, formam uma
totalidade e devem estar ajustadas à missão organizacional para que se obtenha o seu melhor
desempenho.

Não existem fórmulas pré-estabelecidas para a administração das organizações. Cada uma
encontra, a partir das indicações gerais, as maneiras mais adequadas ao seu desempenho. No
entanto, já existe um corpo teórico bastante extenso em administração e muito esforço pode ser
economizado se os membros das organizações do terceiro setor – em particular seus dirigentes –
se dedicarem a estabelecer procedimentos a partir da teoria existente. Isto requer um esforço
particular, no caso das organizações do terceiro setor, tendo em vista os desafios que enfrentam
para manter-se atuantes. Mas é tarefa possível, mesmo com poucos recursos.

Você também pode gostar