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PARTE GERAL:
1 – Âmbito de incidência do Direito Internacional Privado
1.1 Postulados:
a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas
independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado
no direito nacional).
b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entre ordens
jurídicas diferentes.
COROLÁRIO: (conseqüência) = solucionar o conflito, que é o objeto do Direito
Internacional Privado.
O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois ele
apenas indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em que se
envolva um estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode aplicar lei
estrangeira aqui no Brasil (vide LICC art 7º, § 4º).
2.1 – Definição: É o ramo do Direito que estuda a solução de casos jusprivatistas com
presença de elemento estrangeiro.
2.2 - Delimitação:
a) Delimitação Positiva:
- Ramo do Direito Público, pois suas normas defendem o interesse público.
- Soluções: o Direito Internacional Privado é um método de raciocínio para que se possa
determinar a lei aplicável.
- Casos jusprivatistas: o Direito Internacional Privado, embora um ramo de Direito
Público, cuida de casos de Direito Privado, ou seja, casos com participação de
estrangeiro nos âmbitos do Direito Civil e do Direito Empresarial.
- Presença de elemento estrangeiro: Contato com outra ordem jurídica independente.
b) Delimitação negativa:
- Não trata de normas jurídicas de Direito Público, como normas de Direito Tributário,
Direito de Concorrência, Direito Econômico...
- Não trata de normas diretas. Ex: todas as regras que não possuam elemento
estrangeiro que podem ter a indicação de uma lei aplicável.
3.1 – Escolas:
a) Escola Francesa: Diz que o DIPr possui cinco objetos: conflito de leis; conflito de
jurisdição; direitos adquiridos; nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro.
b) Escola Anglo-americana: Para essa escola o DIPr só possui um objeto que é o
conflito de leis. Essa corrente é que é adotada pelo Brasil.
→ Então, por esses critérios, conclui-se que o objeto do DIPr é o conflito de leis, por
isso que o Brasil adota a teoria da Escola Ítalo-Germânica.
A mais antiga denominação é “Conflito de Leis”, que ainda é muito utilizada nos países
de língua inglesa (“Conflit of Laws”). A atual denominação que é “Direito
Internacional Privado”, vem do Direito Francês (“Droit International Prive”).
Crítica à denominação:
- O DIPr não é um ramo do Direito Internacional Público
- A natureza do DIPr faz parte do direito interno = normas de direito privado e natureza
de direito público.
- O DIPr tem normas com natureza de direito público.
DIPr DIP
SUJEITOS De direito privado De Direito
Internacional Privado
FONTES Internas, ex: LICC Tratados
SOLUÇÃO DE Tribunais nacionais mediante Internacional
CONTROVÉRSIAS arbitragem
FINALIDADE Casos jusprivatistas com Regular a conduta
presença de estrangeiro
7 – Elementos de Conexão
7.1 – Conceito:
“São os elementos técnico-jurídicos que indicam a lei aplicável (“centro de interesses”)
em um caso jusprivatista com presença de elemento estrangeiro”.
Para alcançar a lei aplicável, serve-se o Direito Internacional Privado de elementos
técnicos prefixados, que funcionam como base na ação solucionadora do conflito. A esses
meios técnicos, usados pela norma indireta para solucionar os conflitos de leis,
denominados elementos de conexão.
7.2 – Espécies:
8.1 – Fato: O direito estrangeiro é considerado como fato, logo, ele não deve ser aplicado,
servindo como mera matéria probatória.
8.2 – Direito: (Brasil) – CPC art. 337 – No Brasil o direito estrangeiro é considerado como
direito, logo, ele deve ser aplicado.
Se a parte alegar direito estrangeiro, o juiz pode pedir a colaboração das partes (auxílio
na prova do teor e vigência do direito). Se a parte não alegar, o juiz deve saber de
ofício, ou seja, se a parte não alega direito estrangeiro, o ônus da prova incumbe a quem
alegou (CPC art. 337).
Como é feita a prova? Através de certidão consular ou parecer de dois advogados
estrangeiros. O Código de Bustamante disciplina a matéria nos arts. 408 a 411. Diz o
código que a parte que alega lei estrangeira poderá provar sua vigência e sentido
através de uma certidão devidamente legalizada, de dois advogados em exercício no
país de cuja legislação se trata. Se a parte não puder provar ou houver insuficiência de
provas, o juiz ou o tribunal poderá solicitar de ofício, por via diplomática, antes de
decidir que o Estado de cuja legislação se trata forneça certidão sobre o texto, vigência
e sentido do direito aplicável.
1 – O Direito de Família:
2 – Contratos internacionais:
3 – Sociedades internacionais:
4.1 – Deportação:
O motivo da entrada no Brasil é irregular, nos casos em que cessou o motivo para
permanecer em território brasileiro, estando o estrangeiro em situação irregular no Brasil,
muito embora tenha ele entrado de forma regular.
É um procedimento administrativo que é realizado perante o Ministério da Justiça.
Os critérios para ingresso no país, conforme o entendimento da ONU, dizem respeito à
segurança nacional de cada país, ficando a critério da discricionariedade de cada país
estabelecer critérios para ingresso de estrangeiros em seu país.
Não tem ação contra a negativa de entrada de estrangeiro em um determinado país,
visto que cada país pode estabelecer seus próprios critérios para ingresso em seu território.
A regra é de que uma vez sendo deportado, o estrangeiro não poderá mais retornar
ao Brasil, salvo se a critério de autoridades brasileiras publique-se um decreto revogando a
deportação.
4.2 – Expulsão:
O estrangeiro, nesse caso, está regular no país, mas comete ato contrário à ordem
social e política. Ex: não deve o estrangeiro participar de manifestações contra o governo.
É também definida por critérios discricionários e políticos, pois deve-se analisar
caso à caso para saber se a expulsão é devida ou não, o que cabe às autoridades decidir.
Tudo depende da infração que o estrangeiro cometeu. A expulsão também dá-se mediante
um processo administrativo perante o Ministério da Justiça.
Não podem ser expulsos os nacionais e os naturalizados que têm esposa e/ou filhos
brasileiros. Na hipótese da esposa, poderá ser expulso se a deixá-la.
Uma vez expulso, em regra, não se pode mais retornar ao Brasil, salvo se
posteriormente o mesmo editar um decreto revogando o decreto de expulsão. Se retorna
antes disso, constitui crime previsto no art. 338 do Código Penal.
4.3 – Extradição:
Um indivíduo é enviado a outro país onde cometeu um crime. O país onde foi
cometido o crime pede a extradição para julgar o crime, independente da nacionalidade do
criminoso, pois as leis penais têm eficácia apenas territorial.
Ex: Um argentino comete crime no Paraguai e se esconde no Brasil. Nesse caso, o
Paraguai pode pedir a extradição ao Brasil para julgar o crime cometido pelo argentino. O
criminoso deve ser julgado no local onde cometeu o crime, pois as leis penais são, em
regra, territoriais, mas nada impede que se cumpra a pena no país de origem.
Não enseja a extradição a prática de crimes políticos e de opinião. Não pode ser
extraditado quem tiver filho ou cônjuge brasileiro antes do crime; mas se casou após o
cometimento do crime pode sim.
O brasileiro pode sim ser extraditado, desde que tenha ele cometido crime no
exterior. O Brasil nega pedido de extradição de brasileiro se a pena no país onde ele
cometeu o crime é de morte, por exemplo.
A extradição pode ser ativa, quando o Brasil pede a extradição a outro país,
podendo ter esse pedido negado; pode ser também passiva, quando é requisitado ao Brasil
algum brasileiro ou estrangeiro que cometeu crime em outro país, o Brasil pode também
negar o pedido, como, por exemplo, nos casos que a pena no exterior é de morte ou se a
pena cominada em outro país é maior que a do Brasil.
Para que ocorra a extradição, deve-se ter tratado entre os países; não tendo, o outro
país deve declarar reciprocidade, ou seja, extraditar um brasileiro criminoso que por
ventura encontre-se em seu território.
O processo de extradição dá-se em 3 fases:
- Fase administrativa: Perante o Ministério da Justiça;
- Fase judicial: Perante o STF (CF art. 102, II “g”);
- Fase final: Entrega do extraditando via Ministério das Relações Exteriores.