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em Moçambique1
Tomás Timbane2
1. Introdução
2. O exercício da advocacia em Moçambique
3. Actos próprios da profissão de advogado.
A consulta jurídica e o mandato forense
4. O exercício da advocacia por estrangeiros
1. Introdução
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Versão escrita da comunicação apresentada na palestra subordinada ao tema “Procuradoria
Ilícita e Advocacia por estrangeiros”, realizada no dia 28 de Fevereiro de 2011, organizada pela
Ordem dos Advogados de Moçambique. Todas as observações e comentários sobre esta
apresentação e do que ela versa, serão muito apreciados e podem ser enviados aos
endereços electrónicos ttimbane@ttadvogados.net e/ou ttimbane@gmail.com.
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Advogado. Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Advogados de
Moçambique. Assistente Universitário na Faculdade de Direito da Universitário Eduardo
Mondlane.
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ordem do dia, até porque, mesmo agora, tratando-se de exercício fora do que
está previsto no EOA, não deixa de ser um aspecto a discutir.
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Para definir o que seja jurisdição e uma melhor caracterização do carácter plural da função
juridicional em Moçambique, podem ver-se as nossas Lições de Processo Civil I, Escolar
Editora, Maputo, 2010, pp. 31 e ss. Isso significa que não se pode limitar oi exercício da
advocacia aos tribunais, mas mesmo perante instituições públicas ou privadas.
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O art. 154 do EOA estabelece os termos em que, restritivamente, os técnicos e assistentes
jurídicos podem exercer a advocacia.
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advogado estagiário, este tem uma relação contratual com aquela instituição,
mas os actos aí referidos configuram actos próprios da profissão.
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Definição adaptada do conceito de patrocínio judiciário. Para mais considerações, vd. as
nossas Lições de Processo Civil I, cit., p. 226.
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feita mediante trabalho subordinado e no regime de exclusividade ou por
professores das Faculdades de Direito.
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Esta corresponde à dependência económica, entendendo-se como tal aquela em que o
trabalhador necessita da remuneração para sustentar a sua família, pois esse né o seu único
ou primordial meio de subsistência (MONTEIRO FERNANDES, Direito do Trabalho, cit.,
p. 134). Segundo ROMANO MARTINEZ, Direito do Trabalho, Almedina, Coimbra, 3.ª
Edição, 2006, p. 148, trata-se de um entendimento que não deve ser tido em conta para o
Direito do Trabalho, porque para o trabalho subordinado interessa apenas a dependência
jurídica. Refere, ainda, que a dependência económica existirá, eventualmente, com respeito
a um trabalhador independente, que pode encontrar-se na dependência económica daquele
para quem trabalha.
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ROMANO MARTINEZ, Direito do Trabalho, cit., p. 148.
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Na Proposta de Revisão do EOA que, em finais de 2006, foi apresentada pela Comissão
composta pelo signatário e pela Dra. Fernanda Lopes, retirou-se a expressão “não”,
resultando que a consulta jurídica efectuada nos termos do n.º 2 do art. 54 do EOA
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inscritos no IPAJ, nos termos das condições e limitações impostas no art. 145
do EOA e (iii) consulta jurídica efectuada em regime de trabalho subordinado
e em regime de exclusividade entre empregador e trabalhador, sem que
ocorra, em nenhuma circunstância, a prestação de serviços a terceiros (v. arts.
52, n.º 1, 54, n.º 1, 57, n.º 1 e 151, n.º 1 todos do EOA).
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Numa primeira perspectiva poderia sustentar-se que o acordo deveria ser entre o
Moçambique o Estado de que aquele estrangeiro seja nacional, mas o EOA aponta noutro
sentido. Pretende-se, apenas, que o acordo exista entre Moçambique e o país onde aquele
estrangeiro frequentou o Curso de Direito, pois conhece esse sistema e não seria razoável
exigir que o acordo fosse com o Estado de que ele é nacional.
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Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária, assinado no dia 12 de Abril de 1990 e
ratificado pela Assembleia da República pela Resolução n.º 10/91, de 20 de Dezembro (v.
o art. 3, nos termos do qual os advogados e solicitadores nacionais de um dos Estados
contratantes poderão exercer patrocínio perante os tribunais do outro, com observância
das condições exigidas pela lei deste).
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Há, aqui alguns aspectos que devem ser tomados em consideração. Em
primeiro lugar, os nacionais de cada um dos Estados pode exercer patrocónio
no outro Estado. Só os nacionais de um Estado perante outro. Por exemplo,
um angolano inscrito na Ordem dos Advogados Portugueses não pode
invocar esse Acordo para sustentar a existência de reciprocidade, porque este
acordo refere-se aos nacionais de cada um dos Estados. Do mesmo modo, um
timorense inscrito na Ordem dos Advogados de Moçambique não pode
invocar esse mesmo Acordo, justamente porque não é nacional de nenhum
desses países12. Assim, só os indivíduos com nacionalidade moçambicana ou
portuguesa, advogados ou solicitadores, poderão, em cada um dos países,
exercer o referido patrocínio.
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Situação diferente parece ocorrer quando se trata de um moçambicano ou português
tenha estudado em Portugal ou Moçambique. O Acordo e o EOA não regulam essa
situação, até porque um moçambicano que tenha estudado em Portugal não sendo aqui
estrangeiro, muito menos nacional português, não pode reclamar a aplicação, quer do art.
150 do EOA, quer do Acordo de reciprocidade existente entre os dois países. A OAM já
foi colocada perante esta situação: um moçambicano que era advogado em Portugal,
solicitou a sua inscrição em Moçambique, alegando que não se justificava que fosse
submetido a estágio. Em dois casos, a 1.ª instância (Conselho Nacional) entendeu que essa
situação não tinha previsão legal, pelo que indeferiu o pedido. Em recurso ao Conselho
Jurisdicional (), este entendeu, em dois casos, que não não existe qualquer norma que
regule a situação de um cidadão moçambicano, Licenciado em Direito por universidade
estrangeira (in casu portuguesa) com a respectiva equivalência do grau universitário obtida
em Moçambique através do Ministério da Educação e Cultura, e regularmente inscrito
como advogado na Ordem dos Advogados Portugueses (OAP), pretender inscrever-se na
Ordem dos Advogados de Moçambique como advogado, dispensando o estágio de acesso
à profissão previsto no EOA. Referiu, ainda, que o EOA regula o acesso à profissão de
nacionais moçambicanos diplomados por universidades nacionais, e de estrangeiros
diplomados e/ou inscritos nas respectivas ordens nacionais dos seus países, entendendo
que a omissão da regulação da questão de um moçambicano Licenciado em Direito,
regularmente inscrito numa ordem estrangeira, in casu portuguesa, poder igualmente
efectuar a sua inscrição na OAM é passível de ser considerada uma lacuna de previsão, pelo
que a OAM deveria ter admitido a inscrição de moçambicanos inscritos na OAP, ainda que
impondo certas condições. Em face dessa decisão do Conselho Jurisdicional, o Conselho
Nacional tem decidido nesse sentido, admitindo a inscrição de moçambicanos inscritos na
Ordem dos Advogados Portugueses, ainda que impondo certas condições, como, por
exemplo, um período de adaptação, o qual é supervisionado por um advogado, findo o
qual este elabora um relatório confirmando ou não a adaptação do advogado.
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porque o acordo de cooperação visava reconhecer o interesse comum e as vantagens
recíprocas da extensão da cooperação já existente para a área jurídica13. Para além disso,
é um acordo de cooperação que visa operacionalizar a cooperação em matéria
jurídica e judiciária.
Na cooperação jurídica, não se pode perder de vista que o exercício da
advocacia não se resume à intervenção nos tribunais, podendo, pois, admitir-
se que a inscrição abranja não só advogados que pretendam intervir em
tribunais como para quaisquer outros casos. A intervenção de um profissional
da advocacia, muitas vezes é preventiva, no aconselhamento das partes,
evitando-se, pois, o recurso a tribunal.
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V. Preâmbulo do Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária.
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Em Moçambique não há solicitadores, podendo equipar-se a estes os técnicos jurídicos
(art. 154 do EOA).
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Na última assembleia-geral, foi constituída uma comissão para elaborar o respectivo
Regulamento. Fazem parte da Comissão os advogados Pedro Couto, que a preside, Filipe
Sitoe e o signatário. A proposta do Regulamento está na sua fase final e em Março será
submetida ao Conselho Nacional da Ordem dos Advogados de Moçambique.
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exercício da advocacia por estrangeiros. Compreende-se, pois, que o EOA
não proíba o exercício da advocacia por estrangeiross, mas impõe algumas
limitações.
Muito Obrigado.
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