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1º Semestre
Livro:
Atribuições e Competências do Poder Local;
A Constituição da República Portuguesa é a Lei Fundamental do nosso país, pela qual o país se
rege e se desenvolve.
O Procedimento administrativo enquadra-se dentro do espírito da própria CRP, pois qualquer Lei
se rege por ela, não podendo ser contrária à mesma, podem sim complementá-la.
No nosso Estado de Direito Democrático assentam diversos vectores. como o facto de ser um
regime Semi-presidencialista.
Com o 25 de Abril de 1974, os Presidentes de Câmara passaram a ser eleitos pelo povo,
contrariamente ao que sucedia antes, em que eram nomeados pelo Governo.
O Direito Administrativo nasce com a revolução francesa, século XVIII e surge como um Direito
de Execução/Concretização administrativa da Lei, Põe em Acta, Direito secundário ou Subordinado.
Cedo passou a ser um Direito de interesse público tendo-se autonomizado. No quadro da revolução
francesa o parlamento é o único órgão que exprime a vontade geral do Estado – A Lei. O Direito
Administrativo surgindo como uma execução da Lei, não acrescentando nada à mesma, não tem
legitimidade democrática.
Poder Executivo – Autorizado; Poder Autoritário – Através da Lei.
Actualmente no nosso país, desde 2004, o modelo é parecido com o liberal (inglês), o Juiz pode
ordenar a administração. O particular já não vai ao tribunal para atacar/impugnar o Acto. Mas sim, pedir a
protecção de um direito que lhe foi amesquinhado (não foi respeitado).
O Juiz tem poderes para deixar fazer ou pagar. Em França existia uma separação radical entre o
poder judicial e o poder administrativo. O judicial não podia dar ordens ao administrativo. Os actuais
meios permitem condenar a Administração; (Artº 4.º do Código do Processo dos Tribunais
Administrativos).
Direito Administrativo é Direito Público (não é Direito Privado porque a administração e os
particulares não estão ao mesmo nível).
Grande parte da Administração, hoje, não é totalitária. É mais suave. A Administração Social
surge em 1919 com Veimar na Alemanha. Este tipo de Administração acresce brutalmente as
competências do Estado. Deixa de ser um poder executivo passa a ser da responsabilidade do Governo
(aumenta as tarefas administrativas do governo). O Acto Autoritário surge novamente, mas agora de
outra forma.
Ex: Um particular vai à CGD pede um empréstimo e o banco concede. Vai lá outro particular e
o banco diz não. Por quê? Neste caso o Banco está a violar os direitos de igualdade, o que é contrário ao
facto de se pretender um direito administrativo aberto e igual.
Hoje em dia o modelo que mais influência o Direito Administrativo português é o alemão. O
espanhol baseia-se no alemão e o português aproveita muito a “tradução” dos espanhóis. O Direito
Administrativo na matéria jurídica é Direito Público, mas aproxima-se com os outros Ramos, até mesmo
com o Direito Privado.
Ex: Os hospitais públicos utilizam o Direito Privado para satisfazer direitos privados.
O Direito Fiscal é o ramo do Direito Administrativo mais autoritário. Isto porque só assim pode
impor o pagamento dos impostos, embora se possa estudar em termos economicistas, mas isso não
interessa ao administrativista, mas sim ao economista. Do Direito Fiscal interessa-nos mais a parte
económica. Um Estado Social é essencialmente um Estado Administrativo, onde existem direitos
administrativos especiais. Que são eles:
- Direito Administrativo Urbano;
- Direito do Ambiente;
- Direito Económico;
Temos que distinguir o Direito Administrativo da Ciência da Administração. Esta última,
estuda a própria actividade administrativa, de forma económica: como se deve gerir a Administração
Pública para torná-la mais rentável? Sendo esta a metodologia, não nos interessa, pois é uma visão
economicista do Direito Administrativo, não é jurídica. O fundamental são as relações entre o Direito
Instrumental e o Direito Administrativo e entre o Direito Público e o Direito Privado.
O Direito Administrativo é todo ele Público? É, e não é!
É, na medida em que a Administração recorre do poder de autoridade, que vem da Lei para levar
a cabo as suas atribuições, a Administração não pode renunciar a às suas atribuições, tem que as executar.
Como é que ela as vai executar? Sem poderes especiais, como é que ela as executa? Não executa! Desta
forma demonstra-se que em grande medida o Direito Administrativo continua a ser Direito Público. A
Administração precisa de poderes para poder actuar.
Gaspar Weill, disse: “Dantes, no período liberal, havia uma homogeneidade entre o órgão
público que actuava para a prossecução dos fins públicos”.
Hoje… O órgão pode ser privado (Direito Privado), utilizando o Direito Público para o fim
público (Direito Comercial, Direito Civil, etc.)
Ou seja,
Antes: Direito Público Órgão Público Fim Público
Hoje: Direito Público Órgão Privado Fim Público
24-10-2005 – P3 – Prof.: Francisco Coutinho
Sumário: Competências do Governo; Estrutura do Governo
O G o v e r n o:
Ministérios
Ministério da Defesa
Tem o Ministro da Defesa, O Chefe do Estado-maior das Forças Armadas. Tem responsabilidade
sobre a política das Forças Armadas. Tem vários Departamentos: O Exército, A Marinha e a Força
Aérea. O Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas.
Ministério da Justiça
Tem a tutela dos Tribunais, Juízes, Ministério Público e Policia Judiciária. Cada um destes ramos
tem também os seus órgãos máximos que os presidem, como por exemplo o Director Geral da PJ, O
Procurador-geral da República ou o Conselho Supremo de Magistratura.
Qualquer Acto cometido por um Órgão Administrativo do Estado ou dos Municípios é julgado pelo
Tribunal Administrativo. Hoje, há cada vez mais a ideia de que se deve colocar ao mesmo nível: O
Estado e os Particulares.
Ministério da Agricultura
Há quem pense que tem pouca importância, mas ainda há muita agricultura em Portugal.
Ministério da Educação
Neste Governo temos este Ministério que tutela o ensino até ao 12º ano e existe o Ministério do Ensino
Superior e Investigação Cientifica, com tutela diferente.
Ministério da Saúde
Coordena Hospitais, Centros de Saúde, ou seja, tutela a politica da saúde.
Neste âmbito, ainda há o Tribunal de Contas que é tutelado pelo Ministério das Finanças e que faz o
controlo das contas das Autarquias e do Estado.
Cada Ministério tem a sua Lei de Bases que especifica os termos já definidos e estabelecidos na
CRP. Por sua vez, o Governo elabora Decretos-Leis de desenvolvimento que podem especificar mais
ainda, mas sempre de acordo com a Lei de Bases.
Um Governo pode alterar em qualquer altura do seu mandato este funcionamento, criando novos
ou alterando Ministérios.
Gabinetes Ministeriais
Gabinetes que estão englobados nos Ministérios. Compostos por pessoas da confiança, politica, do
Ministro.
Notas:
- As Leis só produzem efeitos a partir da data da sua publicação em Diário da República (mencionando
quando entra em vigor).
- Os assuntos da esfera administrativa serão sempre julgados no tribunal administrativo.
Ex.: Posição ou acto de um órgão: Uma Câmara Municipal.
- Os tribunais administrativos também possuem várias instâncias.
- As autarquias locais são tuteladas pelos ministérios da Administração Interna e Finanças. O MAI
verifica os actos administrativos praticados pelas AL, enquanto que o MF verifica os actos de finanças
das AL, pelo menos uma vez por mandato, através do Tribunal de Contas, que também fiscaliza as contas
de gerência do Governo.
Caso Prático
O dirigente máximo de um serviço personalizado do Estado fez circular pelos diversos
departamentos desse organismo instruções no sentido de ser dada prioridade absoluta ao tratamento dos
assuntos expostos por interessados, cuja profissão, habilitações literárias ou estatuto social os colocasse
na posição de poderem afectar a imagem pública do serviço.
Por se ter recusado a acatar tais instruções, o chefe de um dos departamentos foi punido com
uma sanção disciplinar. Porém, o Ministro da tutela, a quem o funcionário deu conhecimento dos factos,
determina ao dirigente máximo do serviço a revogação das instruções e da sanção disciplinar aplicada.
Analisar todas as situações juridicamente relevantes;
Constituição da República Portuguesa
Artº 13º / nºs 1 e 2 do Artº 266º
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Direito Constitucional: O Direito Constitucional é o estatuto fundamental de um país, logo, é natural que
esta relação seja muito próxima. De acordo com a CRP, é ao Governo que compete a função
administrativa.
Em Portugal levou-se a Administração bem mais longe que em outros países, e, logo na CRP
temos um título inteiramente dedicado à administração (Titulo IX, a partir do Artº 266º).
A Administração será necessariamente descentralizada e desconcentrada (n.º 2 do Artº 267º da
CRP). A sua estrutura visa a aproximação dos serviços às populações (n.º 1 do Artº 267º da CRP).
O Artº 268º da CRP é fundamental para o Direito Administrativo. Desde que a Lei é elaborada e
até ao momento em que é aplicada ao caso concreto, há um período de tempo enorme que é preenchido
pelo Direito Administrativo em que o cidadão já é titular de Direitos.
Esta relação é tão próxima que, o Direito Administrativo é, antes de mais, Direito Constitucional.
O Direito Administrativo esteve por concretizar durante muito tempo e exemplo disso é o Código do
Procedimento dos Tribunais Administrativos, que só surgiu em 2004.
Direito Privado: Parece, à primeira vista, que não existe qualquer relação, já que o Direito
Administrativo goza do privilégio de execução prévia, e, o Direito Privado visa a igualdade entre as
partes. Mas, desde sempre, a Administração, para levar a cabo as suas actividades necessita, por
exemplo para comprar combustíveis ou computadores, e fá-lo através do Direito Privado, e aqui não
utiliza o privilégio de execução prévia, como é lógico.
A Doutrina alemã tinha uma figura que mostrava a relação entre Direito Administrativo e Direito
Privado que era o Fiskos, onde a Administração utilizava o Direito Privado, para comprar os seus bens
(Código Civil e Código Comercial – que fazem parte do Direito Privado). Os alemães chamavam-lhe o
Direito Auxiliar. A Administração sempre utilizou o Direito Privado, e usa (Código Civil e o Código
Comercial) para esse efeito. O Direito Privado aparece como auxiliar do Direito Administrativo.
Também hoje há muitas normas de Direito Privado que necessitam do Direito Administrativo,
como o casamento, previsto no Código Civil e que necessita ser registado no Notário por se tratar de um
Acto Administrativo.
Na transição para o Estado Social foi necessário alterar o Direito Administrativo. Os Direitos
atribuídos pelo Estado Social teve que utilizar o Direito Privado, como instrumento para criar novas
normas.
Se a Administração constata que uma empresa está à beira da falência, o Estado pode atribuir-lhe
um subsídio, para evitar os prejuízos sociais que poderão daí advir, ou concede-lhe uma linha de crédito.
E como é que se processa esta situação? Através de um contrato de Direito Privado.
O Direito Privado é um instrumento normal que o Estado usa para efeitos de benefícios públicos
(prossecução de fim de ordem pública). Hoje, a Administração utiliza o Direito Privado de forma
constante, porque visa a prossecução de interesses públicos.
A prossecução de Interesse Público pressupõe sempre poderes especiais para a Administração, e
dos quais a Administração não abdica. É um Direito Privado, mas pouco. Não é um Direito Privado puro,
não se aplica se não vagamente o Código Civil, o que se aplica é o Regime Geral. Uma coisa são os actos
para aquisição dos bens que a Administração precisa, outra são os contratos que a Administração firma,
para prossecução de interesse público (aqui tem que existir mais cuidado, pois a Administração pode
manipular a contrato).
Ex.: Um empreiteiro celebra um contrato para construção de uma ponte.
Para esse efeito investiu (endividou-se).
Tem um contrato de empreitada com uma Câmara, mas, a Câmara não manda avançar a
obra, porque existe uma ave que nidifica ali e que não pode ser dali retirada senão no Inverno,
quando ela migra.
O empreiteiro está endividado, terá que esperar e só depois é que pode pedir uma
indemnização, à posteriori. As obras podem ser emperradas por causa de questões diversas,
como esta em termos ambientalistas.
A realidade é que mesmo que o contrato tivesse aparentemente igualdade, de facto não
tem, devido ao carácter dos poderes especiais, neste contexto, da Administração.
Direito Privado não é igual ao Direito Privado utilizado pelos particulares, embora pareça.
Tendo em conta o caso prático apresentado na aula do dia 24/10/05, para a sua resolução ter-se-
iam que aplicar os seguintes artigos:
Artigo 266.º, Princípios fundamentais, CRP (por se tratar de um dirigente máximo da AP):
1. A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no respeito pelos direitos
e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
2. Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem
actuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé.
Artigo 3º, Princípio da legalidade, CPA (repercute o estabelecido pelo 266º da CRP):
1 - Os órgãos da Administração Pública devem actuar em obediência à lei e ao direito, dentro
dos limites dos poderes que lhes estejam atribuídos e em conformidade com os fins para que os
mesmos poderes lhes foram conferidos.
2 - Os actos administrativos praticados em estado de necessidade, com preterição das
regras estabelecidas neste Código, são válidos, desde que os seus resultados não pudessem ter
sido alcançados de outro modo, mas os lesados terão o direito de ser indemnizados nos
termos gerais da responsabilidade da Administração.
Artigo 5º, Princípios da igualdade e da proporcionalidade, CPA (Fala da Igualdade tal com o 13º
CRP):
1 - Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública deve reger-se pelo princípio
da igualdade, não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou
isentar de qualquer dever nenhum administrado em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica
ou condição social.
2 - As decisões da Administração que colidam com direitos subjectivos ou interesses legalmente
protegidos dos particulares só podem afectar essas posições em termos adequados e
proporcionais aos objectivos a realizar.
Artigo 124º, Dever de fundamentação, CPA (muito importante por obrigar à fundamentação):
1 - Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser fundamentados os
actos administrativos que, total ou parcialmente:
a) Neguem, extingam, restrinjam ou afectem por qualquer modo direitos ou interesses
legalmente protegidos, ou imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
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Caso Prático:
Suponha que ontem, a C.M. do Porto delegou no respectivo Presidente, a competência para
aprovar pedidos de licença de construção em deliberação aprovada por 5 votos a favor e 2 contra.
Hoje, o Presidente subdelegou essa competência num vereador, indicando aos serviços que
todos os pedidos lhe devem ser enviados dado que passou a exercer a competência em causa.
Analise as situações juridicamente relevantes:
CPA
Artigo 19º, Objecto das deliberações
Só podem ser objecto de deliberação os assuntos incluídos na ordem do dia da reunião, salvo se, tratando-
se de reunião ordinária, pelo menos dois terços dos membros reconhecerem a urgência de deliberação
imediata sobre outros assuntos.
CRP
Artigo 235.º, Autarquias locais
1. A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais.
2. As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a
prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
Artigo 237.º, (Descentralização administrativa)
1. As atribuições e a organização das autarquias locais, bem como a competência dos seus órgãos, serão
reguladas por lei, de harmonia com o princípio da descentralização administrativa.
2. Compete à assembleia da autarquia local o exercício dos poderes atribuídos pela lei, incluindo aprovar
as opções do plano e o orçamento.
3. As polícias municipais cooperam na manutenção da tranquilidade pública e na protecção das
comunidades locais.
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Directivas Comunitárias;
A Lei – Hoje, mais importante que nunca, já que todos os actos da administração estão consignados à
legalidade, a saber: Há diferentes tipos de Leis:
- Leis Orgânicas: Lei que se inspira na Constituição Espanhola e que requer maiorias
qualificadas (2/3) para aprovação. Hoje, chamam-lhes Lei de maioria qualificada e que requer
ainda uma maioria mais do qualificada. Abrangem quase todas as normas fundamentais da
política do nosso país (já que, objectivamente necessitam da aprovação do PS e PSD);
- Leis Paramétricas: Lei que nem sempre necessita de maioria qualificada, com excepção da
Lei-quadro das privatizações (Constitucionalmente prevista). Contudo, o que a distingue de uma
Lei Orgânica é o facto de servirem de parâmetros daquelas Leis;
Não há, em latim, tradução para a palavra “Tópica” (parte do particular para o geral). O
Direito parte do geral para o Particular, onde há um espaço para a argumentação.
Assim, Cícero utilizou a palavra Prudência como método de raciocínio do jurista.
A Argumentação e a Contra-argumentação fazem-se através da Dialéctica (forma de se
resolver as coisas – argumentação e contra-argumentação – isto, de acordo com o que só existe na
nossa cabeça, numa perspectiva Aristotélica) com vista a uma solução razoável. Contudo, os princípios
gerais não são metafísicos, eternos. Estão sujeitos a uma grande evolução. O princípio da igualdade
entre os sexos, etnias, religiões, etc., há 30 anos não fazia muito sentido e hoje são valores,
absolutamente, imprescindíveis.
Para melhorar a aplicação do Direito, a decisão que o jurista toma. O jurista olha para a
Lei e também para os princípios gerais;
Ex.: Um empresário pede opinião sobre um investimento de grandes dimensões. Tem licenças,
mas falta-lhe o alvará. Passado um ano e meio, o empresário queria começar a obra. Há um prazo legal
para a Câmara passar o alvará. A Câmara deixou passar o prazo. Como resolvemos?
A Câmara está a violar o Principio Geral da Confiança ou da Boa Fé, o particular estava de boa
fé, a Câmara que não cumpriu, não estava.
Integrar lacunas;
Segundo Hegel, ao aplicar uma norma ao caso concreto estamos a aplicar a norma e todo o
sistema jurídico que as constitui.
Totalidade Concreta – Aplica-se, não só a Lei mas, todo o peso jurídico que vem de trás.
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1. O Regulamento:
Regime Jurídico: Fonte principal do Direito Administrativo e não só, mas, também de outros
Ramos de Direito, ainda que se encontre nelas menos presente.
Aparece assim como norma geral e abstracta que visa executar a Lei, esta que não se presta a
aplicação imediata.
O Regulamento é o coração de toda a actividade administrativa.
São raros os casos em que a Lei é directamente aplicada. A Lei é o texto e como tal carece de
interpretação e o regulamento interpreta a Lei, de forma a torná-la aplicável a cada um de nós.
Principio da Legalidade – Corolário do Principio Democrático. Não há, num Estado de direito, normas
autónomas feitas pela vontade popular. Os Regulamentos têm que manter sempre uma relação com a Lei,
seja ela mais ou menos próxima.
Não há qualquer base legal para todos estes Direitos Fundamentais limitados aos cidadãos. A
constitucionalidade é duvidosa, dado que, para serem limitados carecem de explicitação constitucional.
Embora sem fundamento legal, a Administração não prescinde de o fazer, até porque
representam o Poder.
O Regulamento, ao limitar Direitos Fundamentais, necessita de uma base legal. Para tal, Artº 18º
da CRP, caso contrário, não existindo fundamento legal é inconstitucional.
O perigo dos Regulamentos internos está previsto na alínea h, do n.º 3, do Artº 27º, da CRP,
(Direito à liberdade e à segurança), onde pode ler-se: …“Exceptua-se deste princípio a privação da
liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes:”…de… “Internamento
de portador de anomalia psíquica em estabelecimento terapêutico adequado, decretado ou confirmado
por autoridade judicial competente”.
- Autarquias Locais;
- Entidades Públicas ou Privadas de Interesse Público (Ex.: Universidades);
A competência regulamentar de órgãos não descritos anteriormente carece de autorização
caso a caso.
1.5 Formas dos Regulamentos (Só existem formas específicas para os regulamentos do Governo);
- Portarias
Externos - Despachos Normativos
- Resolução do Conselho de Ministros
- Decretos-Regulamentares
Internos - Instruções
- Circulares
Dos Governos Regionais, têm a mesma forma dos emitidos pelo Governo da República e
chamam-se Decretos-Regulamentares Regionais. As Assembleias Regionais emitem Decretos-
Regulamentares, mas hoje caiu em desuso.
Artigo 112.º
(Actos normativos)
5. Nenhuma lei pode criar outras categorias de actos legislativos ou conferir a actos de outra natureza o
poder de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos seus
preceitos.
6. Os regulamentos do Governo revestem a forma de decreto regulamentar quando tal seja determinado
pela lei que regulamentam, bem como no caso de regulamentos independentes.
7. Os regulamentos devem indicar expressamente as leis que visam regulamentar ou que definem a
competência subjectiva e objectiva para a sua emissão;
SIM
Apresentam Fundamentos Teóricos Gerais, onde o Governo é responsável perante o
Parlamento. É sujeito à CRP. O Governo tem legitimidade democrática. Não há perigo num regime
democrático fora da reserva de Lei, claro. Ou seja, defendendo que não há problema com os
Regulamentos independentes do Governo, já que têm responsabilidade perante a AR, está sujeito a
Fiscalização, deixá-los fazer Regulamentos independentes.
Apresentam, igualmente, um argumento literal, expressa na alínea g), do Artº 199º, da CRP,
que não faz qualquer referência à Lei.
NÃO
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Caso Prático:
Tendo-se verificado empate na votação, por uma Câmara Municipal, de uma proposta de
Delegação, no seu Presidente, da competência de conceder licenças de construção, aquele declara a
proposta aprovada.
Dias depois, o Presidente da Câmara defere o pedido de licença de construção da sua casa de
férias que apresentara semanas atrás.
Após um jornal ter relatado o caso com grande destaque, o Governador Civil do Distrito decide
proceder à dissolução da Câmara Municipal.
Analise todas as situações juridicamente relevantes, tendo em conta que não foi dada publicidade
ao acto de delegação de poderes.
Resolução:
2. No caso do deferimento feito pelo Presidente, onde está em causa interesse próprio, o Presidente
não pode intervir em processos onde o seu interesse, neste caso, esteja em causa. Deveria abandonar a
sala no momento da votação, solicitando que tal situação fosse lavrada em acta, não influenciando assim a
decisão. Para este aspecto releva-se o exposto no CPA, alínea a) do Artigo 44º, Casos de impedimento,
onde refere que “nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em
procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração
Pública quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios de outra
pessoa.” Assim, e com a concordância do exposto no mesmo código, n.º 1 do Artigo 45º, Arguição e
declaração do impedimento, “quando se verifique causa de impedimento em relação a qualquer titular
de órgão ou agente administrativo, deve o mesmo comunicar desde logo o facto ao respectivo superior
hierárquico ou ao presidente do órgão colegial dirigente, consoante os casos”. Ora aqui, não o tendo feito,
violou os referidos artigos da CPA.
3. A Destituição promovida pelo Governador Civil não pode ser feita pois, este, não tem competência
para tal, conforme se percebe na interpretação do Estatuto do Governador Civil, Decreto-Lei 252/92,
de 19 de Novembro com a redacção dos Decretos-Leis 316/95, de 28 de Novembro e 213/2001, 2 de
Agosto, na alínea a) do Artigo 4.º C, sobre as competências no exercício de poderes de tutela, onde
se lê que “compete ao governador civil, no distrito e no exercício de poderes de tutela do Governo dar
conhecimento às instâncias competentes das situações de incumprimento da lei, dos regulamentos e dos
actos administrativos por parte dos órgãos autárquicos”. Portanto, não lhe atribui tais competências.
E, de acordo com o n.º 3 do Artº 242 da CRP, a dissolução só poderá ser feita quando preenchidos
determinados requisitos, ilegais graves, conforme expressa o n.º 3, do Artigo 242.º, do CPA, relativo à
Tutela administrativa, que refere que “a dissolução de órgãos autárquicos só pode ter por causa acções
ou omissões ilegais graves.” O que não sucedeu.
4. A Não publicação do acto de delegação de poderes, conforme o disposto no n.º 2, do Artº 37º, do
CPA, fica a carecer de requisitos do acto de delegação, pois os “actos de delegação e subdelegação de
poderes estão sujeitos a publicação no Diário da República, ou, tratando-se da administração local, no
boletim da autarquia, e devem ser afixados nos lugares de estilo quando tal boletim não exista.” Assim, e
mais uma vez, foi violado o CPA, no que a esta matéria se refere.
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A Organização Administrativa
A Administração, no exercício das suas funções actua através de órgãos que são titulados por
funcionários e/ou agentes. São estes que exercem a actividade administrativa.
Os titulares, na actividade administrativa, exercem competências (conjunto de ordens e regras
que concretizam a Lei)
A Administração carece de uma orgânica para concretizar as atribuições. Esta orgânica tem
evoluído muito. É hoje muito alargada e complexa. Quanto maiores forem as atribuições, maior terá que
ser a orgânica.