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Mia Couto, Na Berma de Nenhuma

Estrada

“O escrevido”

Diogo Alves/ nº12/ 10ºF

Profª Eli
Introdução

Escolhi este conto porque o título, “O escrevido”, despertou a minha


atenção, talvez seja por eu dar muitos erros ...

Espero ter conseguido superar as minhas dificuldades iniciais e atingir


os meus objectivos, defendendo bem as minhas ideias já que o conto
ainda me é um pouco estranho.

Síntese

Bernardino queria ser personagem de uma história, e não fazia


nada da vida, para estar totalmente livre que, quando um escritor o
encontrasse, Bernardino pudesse oferecer a sua alma intacta. Tinha
ideias um pouco estapafúrdias e teorias bastante curiosas. Por isso já
ninguém tinha paciência para ouvir as suas maluqueiras.

Até que um dia, depois de procurar muito, encontrou Teotanico,


um escritor falhado. Teotanico fez uma entrevista a Bernardino para
ver se a personagem iria encaixar na sua história. Depois de
estudarem que personagem iria caber a Bernardino, o escritor chegou
à conclusão que iria ser a de falecido já que a história falava de uma
viúva chamada Margarida.

A partir daí Bernardino tomou conta do conto pois a personagem


em que se transformou ganhou vida autónoma, o querer do escritor
não interessava, pura e simplesmente deixou de ter mão nela. Assim
que Bernardino ganhou vida idealizou uma mulher que era Margarida
e que dizia que Bernardino tinha morrido mas quem tinha morrido
tinha sido ela. Talvez seja algo confuso mas esta era a realidade para
Bernardino até que uma vez foi falar com Teotanico e ele lhe disse
que a viúva se iria suicidar. Bernardino não gostou do desfecho, pois
quem mandava na história era a personagem e deste modo achou
que a única hipótese era mesmo matar o escritor.

Bernardino já tinha tudo o que pretendia, foi utilizado na história,


ganhou vida autónoma na história, teve um escritor e, por fim,
descontente com o desfecho arquitectado pelo criador, o escritor, e
talvez satisfeito por já ter o que sempre pretendera, acabou com a
vida do escritor (Teotanico).

Personagens

São apenas três as personagens, sendo Bernardino a personagem


com mais actividade no conto, é a personagem principal com o
desejo de entrar numa história, conseguindo tornar esse desejo real
toma conta da história do escritor, ganhando vida por completo.

A segunda personagem é Teotanico, escritor falhado, que se


interessa por Bernardino e o inclui na sua história.

A terceira e última personagem é Margarida, a viúva, que entra na


história de Teotanico e que, tal como Bernardino, ganha vida
autónoma.

Palavras ou frases «plasticamente» surpreendentes

“Bernardino nasceu quando já nada era uma vez.”

Esta foi talvez das frases que me despertou mais a atenção quando
comecei a ler pois achei curioso como o escritor brinca com as
palavras de um modo real e, simultaneamente, irreal. Porventura
confuso, mas os contos começam habitualmente por “Era uma vez” e
aqui “já nada era uma vez”, quer dizer que já tinha acontecido muita
coisa e que não tem nexo estar-se sempre a usar a mesma frase pois
já aconteceu tanta coisa nos dias que correm porquê começar por
“Era uma vez”?

“Neste tempo em que os animais quase nunca falam.”

Outro frase que acho curiosa e que tem ligação com a anterior pois
nos contos de fábulas e fantasia, que costumam começar por “Era
uma vez”, existem animais falantes e até com poderes sobrenaturais.
Neste conto, como que para acentuar a desordem do tradicional, a
inversão do que deveria ser, era um «tempo em que os animais
quase nunca falam». E penso que será até uma crítica do próprio
autor jogar com estas palavras e sentidos.

Um parágrafo que me “sensibilizou”...

“Foi assim o modo de desaparecimento de Bernardino. Existia mas


não havia. O homem era legível mas apenas palpável nas entrelinhas.
Ele a si mesmo se sentia, escutava seus passos de noite. Chamava
por ele mesmo e não recebia presença. Mas afinal havia um
sentimento estranho, lá no fundo dele. Lá bem dentro, ele estava
contente, e quando queria estar consigo mesmo, ele visitava
Tiotanico e pedia que o escritor lhe falasse do falecido.”

Sensibilizou-me este excerto pois, aqui, está bem presente que


Bernardino ganhou vida na história porque, a partir do momento em
que Teotanico começa a escrever sobre Bernardino, ele entra na
história mas só na história porque de resto não existe nenhuma
mulher nem nada do género é apenas a vida da personagem que faz
o seu rumo. E neste parágrafo está patente que Bernardino toma o
seu rumo como personagem e pede a Teotanico para saber mais pois
quer-se encontrar consigo mesmo.

O título

Exististe uma íntima relação entre o título e o conto pois sendo o


título “O escrevido” relaciona-o com Bernardino, que não faz nada na
vida senão ficar à espera de ser personagem de uma história e que
escrevam sobre ele. Por isso existe uma grande relação com o conto
apesar de ser uma palavra inventada percebe-se bem o seu
significado.

O final

É um final aberto, com um pouco de estranheza para mim mas para


um escritor talvez seja bem esta a realidade pois quem toma conta
de uma história é a personagem e não o escritor que, em muitos
casos, é completamente abafado e, neste caso, morto.

Era pouco previsível e depois de ler e reler chego à conclusão que é


até é lógico.

Conclusão

A meu ver consegui superar as minhas expectativas de uma forma


positiva, consegui exprimir as minhas ideias e de ficar com grande
agrado por ter escolhido este conto. Reflecti mais e melhor sobre o
acto de Criação.
Penso que tenha sido uma intuição pois adorei mesmo e eu não sou
muito dedicado às palavras nem à leitura mas, depois de observar
bem certos pormenores, gostei muito da escrita e vou ler mais sobre
e de Mia Couto.

Foi um conto com um desenrolar um pouco difícil e só percebi bem


com os esclarecimentos da professora, antes deles estava achar uma
seca e a pensar „porque fui eu pelo título…‟

Depois disto espero que a minha apresentação agrade pois a mim


soube-me bem dedicar um pouco da minha paciência à escrita e aos
seus meandros, apesar de estar sempre com preguiça quando entro
no ritmo é só desenvolver. Por vezes até demais.

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