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Balanços sucessivos

Ocorrência

Técnica é indicada para vencer vãos em áreas onde há dificuldade para


montagem de escoramentos, como sobre rios e vales e vias de tráfego intenso.

Desenvolvido no Brasil e de uso consagrado em vários lugares do mundo, o


método de construção de pontes e viadutos por balanços sucessivos consiste na
execução da estrutura em segmentos denominados aduelas, com comprimento variável
de 3 m a 10 m. A partir de um pilar de suporte, as peças avançam em balanços, uma a
uma, até a totalidade da execução do vão, com o apoio de treliças metálicas.

Os segmentos podem ser concretados no local ou premoldados. No primeiro


caso, a concretagem é executada por meio de formas deslocáveis em balanço,
suportadas pelos trechos já concluídos. Ao atingirem a idade apropriada, as aduelas são
então protendidas. Já no caso de aduelas premoldadas, a ligação entre as peças é feita
por meio de cabos de protensão, que podem ou não fazer parte da cablagem definitiva
do trecho, e com o auxílio de cola polimerizável à base de resina epóxi, aplicada às
juntas dos elementos a serem ligados.

A técnica, que pode ser utilizada também para a execução de tabuleiros de


pontes estaiadas e que, dependendo das dimensões, permite realizar toda a concretagem
partindo apenas de dois pilares e sem interditar o trânsito em vias urbanas, não é nova.
A primeira ponte projetada e construída por balanços sucessivos sobre o Rio do Peixe,
em Santa Catarina, foi erguida ainda na década de 1930. Na ocasião, o projeto inovador
do engenheiro Emílio Baumgart utilizou concreto armado, e o vão central da ponte de
68 m foi o maior do mundo durante vários anos. Na década de 1950, o método voltou a
ser explorado na Alemanha, dessa vez em concreto protendido.

Figura 1: Ponte do Herval, sobre o Rio de Peixe, entre as cidades de Herval D’Oeste e Joaçaba
em Santa Catarina, SC – PR

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Desde então, várias obras foram executadas em balanços sucessivos. Além da
protensão, com o passar do tempo, o método aproveitou-se de avanços tecnológicos.
Com isso, as pontes construídas por balanço sucessivo tornaram-se mais seguras,
adquiriram maior capacidade de suporte de carga admissível e menor peso próprio, além
de maior versatilidade.

Figura 2: Ponte sobre o Rio Claro em Mangaratiba (RJ) concluída em 2011 e construída pela técnica de
balanços sucessivos

Método de cálculo

1. Define-se primeiramente a área da seção transversal que a aduela da ponte terá.


Como a estrutura apresenta total simetria será analisada apenas metade da
mesma, portanto será considerada para efeitos de cálculo apenas metade da área
da seção transversal da aduela conforme pode ser verificado na figura abaixo.

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2. Em seguida encontramos o peso dos perfis, o peso do concreto, o peso da forma,
e a carga de trabalho (princípios cargas de trabalho) através da carga distribuída
dos perfis, do peso específico do concreto, do peso da fôrma e da carga de
trabalho respectivamente.
3. O Ftool exerce então a sua função, tendo em vista que concede, através da
inserção de um desenho da situação contendo as cargas calculadas no item 2
exposto anteriormente, os diagramas completos de momento fletor, esforço
cortante e todas as forças atuantes no sistema. A imagem 4.2 exemplifica uma
resposta dada pelo programa e as fórmulas (1) e (2) representam os mecanismos
internos ao programa.

As equações internas ao programa são:

∑𝑀𝑥 = 0 (1)

∑ 𝑉𝑥 = 0 (2)

4. Segunda etapa: verificação de esforços solicitantes e resistentes. Para isto são


utilizadas as equações a seguir:

As únicas equações que variam para o dimensionamento da estrutura


treliçada são as equações (5) e (6) que se tornam nas equações (7) e (8).

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No dimensionamento da treliça não será necessário o cálculo do
momento fletor, pois tudo é baseado na comparação entre esforços solicitantes e
resistentes. Toma-se o esforço solicitante calculado para o projeto e compara-se
com suportado quanto os banzos, diagonais, perfis e tubos- esta resistência é
calculada com base nas propriedades do material.
Através das equações (1) a (8) pode-se dizer se o uso dos componentes é
ideal ou não. As equações (3) e (4) calculam o módulo resistente, enquanto as
equações (5) a (8) indicam a deformação existente no componente. Os cálculos
realizados são comparativos, devendo-se tomar o valor solicitado pelo projeto e
comparar com o admissível dos componentes mecânicos. Com isto garantimos
que o projeto será viável e que as estruturas não irão falhar. Vale a pena ressaltar
que em todos os cálculos deve ser aplicado um coeficiente de segurança com o
valor de 1,65 para limites de escoamento e de 2,025 para limites de ruptura
(valores arbitrários).

Método de execução

Partindo de pilares, a estrutura vai sendo concretada em etapas, chamadas de


aduelas. Para a concretagem da 1ª aduela, o carro de avanço está preso na aduela de
disparo (parte cinza do esquema abaixo).

Após a concretagem, é necessário aguardar a protensão e posterior liberação


para o avanço. Com a liberação, o carro de avanço é movimentado através de rodas
sobre os trilhos até a posição para a execução da 2ª aduela, e ficará preso através dos
furos já pré-determinados na 1ª aduela. Para a movimentação é necessário que as formas
laterais e de fundo sejam afastadas das paredes. A movimentação manual é feita com a
ajuda de tirfors.
Geralmente, as aduelas tem comprimento de 3,00m até 6,00m e peso de 100 ton
a 200 ton. O ciclo típico para concretagem é de, aproximadamente, uma semana.

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É importante que sempre tenha um contrapeso para manter a estrutura em
equilíbrio durante todas as fases da construção.

Equipamentos para execução


O equipamento se chama Carro de Avanço, e é composto por:
 Treliças para transmitir o peso da concretagem para a estrutura já pronta
 Tirantes para pendurar o escoramento nas treliças
 Fôrma do fundo e das laterais
 Trilhos e rodas para movimentação
 Plataformas de acesso para os trabalhadores
Existem diferentes modelos em função de carga e dimensões das aduelas, com
diferentes métodos de avanço (manual ou hidráulico), e muitas soluções diferentes para
as formas.
Nesse sentido, o estudo do sistema de balanços sucessivos é de grandiosa e
enriquecedora importância, pois exibe uma técnica consagrada, eficaz e bastante segura
de construção de pontes. A engenharia que está envolvida neste tipo de estrutura é de
certa forma intrigante, pois a ausência de escoras torna o estudo da estática e dos
materiais escolhidos imprescindível.

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REFERÊNCIAS

PAIXÃO, R. O. - Análise mecânica e estrutural de balanços sucessivos aplicados à construção


de pontes. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2015.

NAKAMURA, J. – Pontes por balanços sucessivos, 2012.


<http://infraestruturaurbana17.pini.com.br/solucoes-tecnicas/21/pontes-por-balanco-sucessivo-
tecnica-e-indicada-para-vencer-273265-1.aspx>

FORMAS, SH. Pontes de Concreto em Balanço Sucessivo.

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