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Universidade De São Paulo

Escola Politécnica

Lucas Feris Araujo


9835290

Análise Experimental de Colunas


Mecânica Dos Sólido II
PNV 3222

Professor: Diego Felipe Sarzosa Burgos

São Paulo
28/11/2017
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................ 3
2. Metodologia ......................................................................................................................... 3
3. Resultados Experimentais ................................................................................................ 7
4. Resultados Teóricos Analíticos ...................................................................................... 15
5. Comparações .................................................................................................................... 15
6. Conclusão .......................................................................................................................... 17

2
1. Introdução

No ensaio realizado observou-se a flambagem de quatro colunas


diferentes. Esse fenômeno é de notória relevância no estudo estrutural. A
flambagem pode ser observada em um submarino sobre pressão externa
exercida pela água, por exemplo, ou até em casos mais cotidianos, como um
armário com peso em seu topo, que exerce um carregamento em seus 4
apoios (colunas).

Com a experiência compararemos a carga crítica experimental e a carga


crítica teórica, estudada em sala de aula. Para isso adotamos algumas
hipóteses para o cálculo analítico, como considerar a nossa coluna um
material linear-elástico, isotrópico, homogêneo e simétrica. Ainda,
consideramos para o experimento as hipóteses de que a coluna não estava
suportada em um engaste totalmente rígido, o material apresenta falhas (não
homogêneo) e a coluna não é totalmente simétrica.

Essas considerações para o experimento fazem com que haja uma


discrepância entre os valores analíticos e empíricos, além disso há os erros
dos aparelhos de medição - no entanto, esses erros são desprezíveis.

2. Metodologia

Para uma primeira análise, vamos estudar uma coluna com apoio simples,
como a seguir:

Figura 1 – Carga P aplicada em coluna com apoio simples

3
Fazendo o diagrama de corpo livre teremos:

Figura 2 – Diagrama de corpo livre da coluna com apoio simples

Montando e desenvolvendo as equações de equilíbrio junto com as


condições de contorno teremos:

1
Beer, Ferdinand P., Mecânica dos Materiais, p.634,635, editora AMGH, 2011

4
M  0
M ( x )   P.v ( x )
onde y = v(x)
d 2v( x)
EI  M ( x)
dx 2
d 2 v( x) Pv ( x)
 0
dx 2 EI
Condição de contorno:
v(0) = 0 v(L) = 0
P
2 
EI
d 2v( x)
2
  2 v( x)  0
dx
Solução:
v(x) = C1sen x  C2 cos  x
v(0)  0  C2  0
v( x)  C1sen x
v( L)  0  C1sen L  0
C1  0  solução trivial
sen L=0
 L=n
n
= , no caso temos modo
L
de flambagem (n) igual a 1
Logo,
 2 EI
Pcrítico 
Le 2

5
Para a situação do experimento teremos não um apoio simples, mas uma
coluna bi engastada, aplicando as condições de contorno para essa situação
– representada na figura a seguir:

Figura 3 – Coluna bi engastada com carga P aplicada e seu diagrama de corpo livre

6
Comparando as duas soluções:

 2 EI 4 2 EI
Pcrítico  2
 Pcrítico 
apoio Le biengastada L2
simples

igualando:
L
Le 
2
No entanto, como nosso material não obedece às hipóteses propostas, as
condições de contorno podem variar ligeiramente, levando nosso
comprimento a ser, não 0,5L, mas sim 0,7L

E sabemos que o momento de inércia é:

 ( Dext 4  (dext  2t )4 )
I
64
Logo, nossa carga crítica é:

 3 E[ Dext 4  ( Dext  2t )4 ]
Pcrítico 
44,8
3. Resultados Experimentais
O ensaio realizado baseou-se em aplicar uma carga crescente de
compressão, 2mm/minuto, através de uma máquina de ensaio MTS, em
quatro colunas bi engastada com dimensões distintas (comprimento e
espessura).

7
Figura 4 – Máquina de ensaio MTS
A tabela a seguir apresenta os valores dos ensaios para as
diferentes colunas:
Tabela 1 – Dados do ensaio
Coluna 1 coluna 2 coluna3 coluna 4
D_ext médio 15,58 15,59 14,85 15,58
[mm]
D_int médio 12,48 12,67 12,35 12,58
[mm]
t médio [mm] 1,55 1,46 1,25 1,5
L médio [mm] 330 206 203 328
Avanço [mm/s] 2 2 2 2

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Figura 5 – Colunas flambadas
Analisaremos, primeiro, a porção elástica da flambagem, que
comporta segundo a teoria estudada (já que supomos um material linear-
elástico). Segue os gráficos de cada coluna ensaiada em sua deformação
elástica:

9
• Coluna 1:
Tabela 2 – Deslocamento vs Força para regime elástico da coluna 1

Deslocamento Força
(mm) (kN)
-0,0294 -1,0852
-0,0635 -2,2312
-0,0968 -3,3928
-0,1290 -4,5183
-0,1650 -5,6280
-0,1950 -6,7302
-0,2309 -7,8307
-0,2639 -8,9067
-0,2961 -9,9747
-0,3305 -11,0600
-0,3628 -12,1393
-0,3955 -13,1776
-0,4302 -14,2617
-0,4629 -15,3100
-0,4959 -16,3559
-0,5301 -17,3945
-0,5626 -18,4003
-0,5960 -19,3502
-0,6314 -19,0949
-0,6643 -18,3787
-0,6969 -18,3207
-0,7306 -18,3595
-0,7649 -18,4055
-0,7978 -18,4454
-0,8300 -18,4613
-0,8624 -18,4819

Gráfico 1 – Deslocamento x Força para deformação elástica da coluna 1

10
• Coluna 2:
Tabela 3 – Deslocamento vs Força para regime elástico da coluna 2

Deslocamento (mm) Força (kN)


-0,0302 -1,5485
-0,0640 -3,2312
-0,0979 -4,8669
-0,1297 -6,4843
-0,1638 -8,0293
-0,1968 -9,5397
-0,2309 -10,9955
-0,2642 -12,4407
-0,2962 -13,8704
-0,3316 -15,2517
-0,3639 -16,5799
-0,3966 -17,8885
-0,4320 -19,1499
-0,4644 -20,2328
-0,4978 -21,2752
-0,5313 -22,1951
-0,5641 -22,8398
-0,5986 -23,7673
-0,6314 -24,8018
-0,6634 -25,8345
-0,6971 -26,8894
-0,7313 -27,9486
-0,7633 -28,9723
-0,7968 -29,9843
-0,8315 -31,0183

Gráfico 2 – Deslocamento x Força para deformação elástica da coluna 2

11
• Coluna 3:
Tabela 4 – Deslocamento vs Força para regime elástico da coluna 3

Deslocamento (mm) Força (kN)


-0,0329 -1,0718
-0,0646 -2,2342
-0,0967 -3,3500
-0,1313 -4,4083
-0,1659 -5,4849
-0,1987 -6,5343
-0,2318 -7,5815
-0,2646 -8,6055
-0,2974 -9,6298
-0,3300 -10,6151
-0,3651 -11,6175
-0,3989 -12,5882
-0,4305 -13,4959
-0,4637 -14,4269
-0,4975 -15,3288
-0,5329 -16,1807
-0,5663 -16,8982
-0,5981 -17,3739
-0,6322 -17,4908

Gráfico 3 – Deslocamento x Força para deformação elástica da coluna 3

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• Coluna 4:
Tabela 5 – Deslocamento vs Força para regime elástico da coluna 4

Deslocamento (mm) Força (kN)


-0,0326 -1,0605
-0,0637 -2,2001
-0,0982 -3,3372
-0,1323 -4,4231
-0,1646 -5,5435
-0,1984 -6,6328
-0,2311 -7,7163
-0,2653 -8,7802
-0,2976 -9,8088
-0,3298 -10,8550
-0,3638 -11,8727
-0,3991 -12,8875
-0,4310 -13,8992
-0,4647 -14,8774
-0,4997 -15,8127
-0,5313 -16,7060
-0,5647 -17,4152

Gráfico 4 – Deslocamento x Força para deformação elástica da coluna 4

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Comparando junto todos os gráficos de deformação elástica das colunas
1, 2, 3 e 4, temos:

Gráfico 5 – Comparação das deformações elásticas

Agora, comparando os gráficos com todos os valores, não só o regime


elástico, temos:

Tabela 6 – Apresentação das cargas máximas e elásticas de cada coluna

Carga de compressão Limite Carga elástica (kN)


máxima (kN)

Coluna 1 44,88 18,48


Coluna 2 49,13 31,02
Coluna 3 32,9 17,49
Coluna 4 44,53 17,41

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Gráfico 6 – Carga por deslocamento das 4 colunas

4. Resultados Teóricos Analíticos


A seguir é comparado a carga crítica teórica e a carga crítica do
experimento (carga elástica):

Tabela 7 – Apresentação dos valores teóricos

P crítico teórico (kN)


Coluna 1 64,5
Coluna 2 159,1
Coluna 3 124,8
Coluna 4 65,0

5. Comparações
Tabela 8 – Comparação dos valores teóricos com os experimentais
P crítico teórico (kN) P crítico exp. (kN)
Coluna 1 64,5 18,5
Coluna 2 159,1 31,0
Coluna 3 124,8 17,5
Coluna 4 65,0 17,4

15
Comparação dos Dados Teóricos e Experimentais
180
160

Carga Crítica Teórica (kN)


140
120
100
80
60
y=x
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Carga Crítica Experimental (kN)

Gráfico 7 – Comparação dos dados com reta x=y como referência

Analisando a tabela 8 notamos uma discrepância muito


significante. Isso se deve por o material não obedecer às hipóteses
formuladas, causando algumas alterações nas condições de contorno e
excentricidade na aplicação da carga, por exemplo.
Ao empregar uma nova ferramenta – a formula da secante para
cálculo de excentricidade de carga –, mostrada abaixo, podemos realizar
uma nova análise.

P  e.c  Le P 
 1  .sec  ) 
A  r 2  2r A.E  

Utilizando a tensão de escoamento e a carga elástica de cada


coluna chegamos nas seguintes excentricidades:

Tabela 9 – Valor das excentricidades para cada coluna

Excentricidade [mm]
Coluna 1 4,1
Coluna 2 0,6
Coluna 3 2,6
Coluna 4 4,4

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Tais excentricidades não são plausíveis, já que são maiores que o
esperado. Esses valores corroboram com a ideia de que não se deve
aplicar a fórmula da secante para condições de apoio diferentes da
condição de extremidades apoiadas por pinos e extremidade engastada,
mas com o topo livre2.

6. Conclusão

O objetivo do trabalho realizado é colocar em prática a teoria abordada ao


longo do semestre em Mecânica dos Sólidos II. O que nos aproxima da
matéria, possibilitando o contato prático com os fenômenos estudados.

No ensaio em questão – flambagem de colunas – notou-se grande


diferença entre os valores encontrados através da teoria estudada em sala e
o resultado obtido no ensaio. Essas diferenças são justificadas por o material
não obedecer às hipóteses adotadas nas formulações teóricas. Além disso,
foi estudado o comportamento das colunas para o regime plástico de
deformação, enquanto o experimento vai além disso.

Algumas observações simples validam algumas teorias. Por exemplo, ao


comparar a coluna 1 e 2, que apresentam diâmetro interno e externo
similares, notamos que a coluna 2 exige uma carga muito maior para atingir
a carga elástica. Isso é justificado por essa coluna ter a razão L/r menor. Esse
comportamento corrobora com a equação da carga crítica de Euler.

2
Gere, James, Mecânica dos Materiais, p.57, Editora Thomson

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