Você está na página 1de 2

Resenha do texto de Malinowski, "Os pensadores" - Argonautas do pacífico Ocidental com os

capítulos "Tema, método e objetivo desta pesquisa" e "O significado de kula"

Maria Luisa Lira Cavalcante - 1º período Ciências Sociais

Malinowski, um antropólogo da linha funcionalista, em seu capítulo "tema, método e objeto" do

livro "Argonautas do pacífico sul" descreve sobre as populações costeiras das Ilhas do sul,

evidenciando relações comerciais, já que a população estudada por ele - arquipélago de Trobiend-

é formada por negociantes e navegadores. O sistema de comércio descrito ao longo do texto,

chama-se Kula e, Malinowski, antes de iniciar relatos sobre o Kula, relata sobre os métodos por

ele utilizados para a elaboração da sua pesquisa e trabalho de campo. De início, Malinowski

descreve sobre como agir em uma aldeia sendo um completo estranho para a tribo estudada,

tendo, por isso, dificuldades de comunicação. Por isso, sugere que o etnógrafo inicie seu trabalho

pelo "material morto” que consiste na coleta de dados concretos: anotações de genealogias, mapa

do lugar, ou seja, dados que não necessariamente seja preciso entrar em contato direto com o

povo. A medida que Malinowski se viu incluso na sociedade local, sentiu-se mais preparado para

colocar em prática seus três métodos etnográficos. Em primeiro lugar, o autor achava válido e

importante " o pesquisador possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer valores e

critérios da etnologia moderna. Em segundo lugar, o pesquisador deve assegurar boas condições

de trabalho, o que significa viver mesmo entre os nativos, sem depender de outros brancos.

Finalmente, ele deve aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro da

evidência" (MALINOWSKI,1978, p. 20). Malinowski, ao longo do texto, descreve considerações

mais detalhadas sobre metodologia. Ainda que não seja fortemente explícito, o autor divide o

trabalho de campo metodológico em: esqueleto, carne/sangue e espírito. Para cada um desses

tópicos, Malinowski debruça acerca de regras e métodos de como estudar um povo.

Primeiramente, o autor descreve o esqueleto, isto é, a estrutura da pesquisa. Para ele, a estrutura

conta com a "descrever e estabelecer todas as leis e regularidades que regem a vida tribal, tudo
que é permanente e fixo; apresentar anatomia da cultura e descrever a constituição social." (idem,

p, 24). Para a busca desses desses fenômenos, Malinowski afirma ser preciso induzir o nativo a

resposta que você quer obter; não é aconselhável, entretanto, que o pesquisador faça perguntas

diretas." É importante também, que o pesquisador faça um levantamento, se possível, de todos os

fatos a seu alcance - segundo Malinowski - exemplo: fazer diagramas, planos de estudo e

pesquisa e quadros sinóticos, para facilitar a busca desses dados. Esses esquemas de obtenção de

dados," serão utilizados como instrumento de estudo e apresentado como documento etnológico"

(idem, p, 27). A carne e o sangue do trabalho de campo, são constituídos de realidade da vida

humana estudada. Isto é, a carne o sangue da pesquisa de campo consiste em relatar

"acontecimentos cotidianos, as ocasionais demonstrações de excitação em relação a uma festa,

cerimônia ou fato peculiar." (idem, p, 27) Nesse ponto, Malinowski valoriza fenômenos como

rituais, relações de respeito, festividades, entre outros. Os métodos citados para obter e registrar

esses aspectos consistem em uma metologia um pouco mais subjetiva, através de uma profunda

observação, tais como: alimentação, fala, trabalho, etc. É importante que esses registros sejam

registrado o quanto antes porque depois de um tempo, é comum que o observador se naturalize

quanto a estas questões, deixando-os passar despercebidos. Por fim, o último objetivo da pesquisa

de campo científica é registrar, além do esqueleto e da carne e sangue, o espírito da cultura

estudada. Por espírito, Malinowski entende ser o registro de pontos de vista, opiniões e palavras

dos nativos. A metodologia de obtenção do espírito do trabalho de campo fazem parte de uma

observação entre indivíduo e sociedade, já que grande parte do que os nativos pensam e sentem

está relacionado a sociedade que lhes foi imposta. Exemplo: "Um homem que pertence a uma

sociedade poliândrica não pode conhecer o mesmo tipo de ciúmes comum no indivíduo

pertencente a uma comunidade monogâmica" (Idem, p. 32).

Você também pode gostar