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saber de onde tirá-las. Para tanto, temos que ter conheci-


LÍNGUA PORTUGUESA mento da estrutura textual e por quais processos se passa
um texto até seu formato final de dissertação, narração ou
descrição.
Interpretação de texto: informações literais e inferências
possíveis. Ponto de vista do autor - significado contextual Como o tipo mais cobrado em provas de concurso é a
de palavras e expressões. Estruturação do texto: relações dissertação, vamos entender como ela se estrutura e em
entre idéias e recursos de coesão. que ela se baseia.
Conhecimento da língua:
Ortografia/acentuação; divisão silábica; sinônimo, antôni- Quando dissertamos, diz-se que estamos argumentan-
mo, homônimos e parônimos, notações léxicas. do. Mas argumentando o quê? A respeito de quê?
Pontuação. Para formular os argumentos, antes necessitamos de
Classes de palavras: definições, classificações, formas, uma tese, algo que vamos afirmar e defender, a respeito
flexões, funções e usos. de um determinado assunto.
Estrutura da oração e do período: aspectos sintáticos e
semânticos. Então, por exemplo, se o assunto é “Aquecimento glo-
Concordância verbal e nominal; bal” é imperativo apresentar uma tese baseada nele. Po-
Regência verbal e nominal. de-se escrever “O aquecimento global tem sido motivo de
Ocorrência de crase. preocupação por parte dos cientistas”, ou “A população
deve preocupar-se com o superaquecimento do planeta”
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: INFORMAÇÕES LITE- etc. O importante é que na tese esteja claro aquilo que
RAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS. PONTO DE VISTA deverá ser sustentado por meio de argumentos.
DO AUTOR - SIGNIFICADO CONTEXTUAL DE PALA- O próximo passo é estabelecer quais argumentos po-
VRAS E EXPRESSÕES. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: derão ser utilizados para tornar a afirmação feita na tese
RELAÇÕES ENTRE IDÉIAS E RECURSOS DE COESÃO. cada vez mais sólida.
Apresentados os argumentos, basta concluir a disser-
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO tação.
Tudo o que aqui foi exposto é apenas ilustrativo para
Interpretar um texto não é simplesmente saber o que que se tenha ideia de como um texto é estruturado e, a
se passa na cabeça do autor quando ele escreve seu partir daí, estudar o texto apresentado e procurar no lugar
texto. É, antes, inferir. Se eu disser: “Levei minha filha certo a resposta para cada questão.
caçula ao parque.”, pode-se inferir que tenho mais de uma
filha. Ou seja, inferir é retirar informações implícitas e ex- Vejamos:
plícitas do texto. E será com essas informações que o Normalmente, a tese é explicitada na primeira frase do
candidato irá resolver as questões de interpretação na primeiro parágrafo, coincidindo com o que chamamos de
prova. “tópico frasal”, aquela sentença que usamos para chamar
Há de se tomar cuidado, entretanto, com o que cha- a atenção em um texto e apresentá-lo de forma clara. Mas
mamos de “conhecimento de mundo”, que nada mais é do ela pode aparecer também na última frase do primeiro
que aquilo que todos carregamos conosco, fruto do que parágrafo.
aprendemos na escola, com os amigos, vendo televisão, Disso decorre que sempre que precisar encontrar a te-
enfim, vivendo. Isso porque muitas vezes uma questão se do texto para responder a questões sobre o que o autor
leva o candidato a responder não o que está no texto, mas pensa, por exemplo, deve-se procurá-la no primeiro pará-
exatamente aquilo em que ele acredita. grafo.
Vamos a um exemplo. Todavia, se a banca quiser saber em que o autor se
É mundialmente reconhecida a qualidade do champa- fundamentou para fazer tal afirmação, basta procurar a
nhe francês. Imaginemos, então, que em um texto o autor resposta nos parágrafos em que forem apresentados os
trate do assunto “bebidas finas” e escreva que na região argumentos.
de Champagne, na França, é produzido um champanhe Por exemplo, na última prova do MPU, cargo Analista
muito conhecido. Mais tarde, em uma questão, a banca Processual, da banca Fundação Carlos Chagas, foi per-
pergunta qual foi a abordagem do texto em relação ao guntado aos candidatos o que revelava a argumentação
tema e coloca, em uma das alternativas, que o autor afir- do autor. Dentre as alternativas apresentadas, bastava
ma que o melhor champanhe vendido no mundo é o da saber qual era fundamentalmente um argumento utilizado
região de Champagne, na França. Se você for um candi- pelo autor e o que ele demonstrava.
dato afoito, vai marcar essa alternativa como correta, cer-
to?, sem parar para pensar que o autor não havia feito tal É, portanto, muito importante conhecer a estrutura de
afirmação e que, na verdade, o que ele assegurou foi que um texto para saber trabalhá-lo de forma a fazer com que
há um champanhe que é muito conhecido e que é produ- ele seja um aliado na conquista de um cargo público. Ra-
zido na França. O fato de possivelmente ser o melhor do chel Costa - http://www.grupoescolar.com/
mundo é uma informação que você adquiriu em jornais,
Tipologia textual
revistas etc. Entendeu a diferença?
Propositadamente, a banca utiliza trechos inteiros idên- Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
ticos ao texto só para confundir o candidato, e ao final, Tipologia textual é a forma como um texto se
coloca uma afirmação falsa. Cuidado com isso! apresenta. As tipologias existentes são: descrição,
Contudo, não basta retirar informações de um texto pa- narração, dissertação, exposição, injunção, diálogo e
ra responder corretamente as questões. É necessário

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entrevista. É importante que não se confunda tipo textual uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e
com gênero textual. manuais.
Tipos Diálogo
Explicação Diálogo é uma conversação estabelecida entre duas ou
mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral,
O objetivo do texto é passar conhecimento para o como pausas e retomadas.
leitor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia.
Exemplos de textos explicativos são os encontrados em Entrevista
manuais de instruções.
Entrevista é uma conversação entre duas ou mais
Informativo pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual
perguntas são feitas pelo entrevistador para obter
Texto informativo, tem a função de informar o leitor a informação do entrevistado.
respeito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de
jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso Hoje, admite-se seis tipos textuais, a saber: narrativo,
da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular. argumentativo-dissertativo, expositivo-explicativo,
3ª pessoal do plural. descritivo, dialogal-conversacional e injuntivo-instrucional.
Descrição A narração está presente quando o texto fornece
informações sobre o tempo e espaço do fato narrado,
Um texto em que se faz um retrato por escrito de um sempre há começo meio e fim. Além disso, é comum
lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de aparecerem nomes de personagens e um "clímax" em
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela determinado momento. Há, portanto, o desenvolvimento
sua função caracterizadora. Numa abordagem mais da história, um momento de tensão, e a volta à
abstrata, pode-se até descrever sensações ou estabilidade. Um exemplo clássico de narrativa são os
sentimentos. Não há relação de anterioridade e contos de fada.
posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto Dissertação
ou da personagem a que o texto se refere.
A todo instante nos deparamos com situações que
Narração exigem a exposição de ideias, argumentos e pontos de
vista, muitas vezes precisamos expor aquilo que
Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, pensamos sobre determinado assunto. Em muitas
que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo situações somos induzidos a organizar nossos
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. pensamentos e ideias e utilizar a linguagem para dissertar.
Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O
tempo verbal predominante é o passado. Estamos Mas o que é dissertar?
cercados de narrações desde as que nos contam histórias
infantis, como o Chapeuzinho Vermelho ou a Bela Dissertar é, através da organização de palavras, frases
Adormecida, até as picantes piadas do cotidiano. e textos, apresentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar
contextos, dados e fatos. Neste momento temos a
Dissertação oportunidade de discutir, argumentar e defender o que
pensamos através da fundamentação, justificação,
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um explicação, persuasão e de provas.
assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com A elaboração de textos dissertativos requer domínio da
o texto de apresentação científica, o relatório, o texto modalidade escrita da língua, desde a questão ortográfica
didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto ao uso de um vocabulário preciso e de construções
dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, sintáticas organizadas, além de conhecimento do assunto
com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um que se vai abordar e posição crítica (pessoal) diante desse
texto informativo. Quando o texto, além de explicar, assunto. A atividade dissertadora desenvolve o gosto de
também persuade o interlocutor e modifica seu pensar e escrever o que pensa, de questionar o mundo, de
comportamento, temos um texto dissertativo- procurar entender e transformar a realidade.
argumentativo.
Passos para escrever o texto dissertativo
Exposição
O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os
Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias; objetivos que o escritor se propôs a alcançar. Há uma
explica, avalia, reflete. (analisa ideias). estrutura consagrada para a organização desse tipo de
texto. Consiste em organizar o material obtido em três
1. Estrutura básica: partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
2. ideia principal;
3. desenvolvimento; - Introdução: A introdução deve apresentar de maneira
4. conclusão. clara o assunto que será tratado e delimitar as questões,
referentes ao assunto, que serão abordadas. Neste
Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos momento pode-se formular uma tese, que deverá ser
científicos, exposições,etc. discutida e provada no texto, propor uma pergunta, cuja
Injunção resposta deverá constar no desenvolvimento e explicitada
na conclusão.
Indica como realizar uma ação. É também utilizado
para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza - Desenvolvimento: É a parte do texto em que as
linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua ideias, pontos de vista, conceitos, Nos textos descritivos,
maioria, empregados no modo imperativo. Há também o o autor descreve um momento especifico , a descrição e

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superficial, ou seja, o emissor supõe que o receptor tenha Linguagem Verbal - Existem várias formas de
conhecimento do assunto. comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou
seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos que ele está
No texto explicativo, o emissor supõe que o receptor
utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a
não tem conhecimento do assunto, ocorre uma descrição palavra. Tal código está presente, quando falamos com
detalhada, um exemplo de explicativo são os livros alguém, quando lemos, quando escrevemos. A linguagem
didaticos. verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso
Os textos injuntivos, por sua vez, são aqueles que cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos
indicam procedimentos a serem realizados. Nesses textos, aos outros as nossas idéias e pensamentos, comunicando-
as frases, geralmente, são no modo imperativo. Bons nos por meio desse código verbal imprescindível em
exemplos desse tipo de texto são as receitas e os manuais nossas vidas. ela está presente em textos em
de instrução. propagandas;
É muito importante não confundir tipo textual com em reportagens (jornais, revistas, etc.);
gênero textual. Os tipos, como foi dito, aparecem em em obras literárias e científicas;
número limitado. Já os gêneros textuais são praticamente na comunicação entre as pessoas;
infinitos, visto que são textos orais e escritos produzidos em discursos (Presidente da República, representantes
por falantes de uma língua em um determinado momento de classe, candidatos a cargos públicos, etc.);
histórico. O gêneros texuais, portanto, são diretamente e em várias outras situações.
ligados às práticas sociais. Alguns exemplos de gêneros Linguagem Não Verbal
textuais são carta, bilhete, aula, conferência, e-mail,
artigos, entrevistas, discurso etc.
Assim, um tipo textual pode aparecer em qualquer
gênero textual, da mesma forma que um único gênero
pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por
exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas,
injuntivas e assim por diante.
Gêneros textuais são tipos especificos de textos de
qualquer natureza, literários ou não-literários.
Observe a figura abaixo, este sinal demonstra que é
Modalidades discursivas constituem as estruturas e as proibido fumar em um determinado local. A linguagem
funções sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizada é a não-verbal pois não utiliza do código "língua
utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa portuguesa" para transmitir que é proibido fumar. Na figura
forma, podem ser considerados exemplos de gêneros abaixo, percebemos que o semáforo, nos transmite a idéia
textuais: anúncios, convites, atlas, avisos, programas de de atenção, de acordo com a cor apresentada no
auditórios, bulas, cartas, cartazes, comédias, contos de semáforo, podemos saber se é permitido seguir em frente
fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, (verde), se é para ter atenção (amarelo) ou se é proibido
decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, seguir em frente (vermelho) naquele instante.
letras de música, leis, mensagens, notícias. São textos que
circulam no mundo, que têm uma função específica, para
um público específico e com características próprias. Aliás,
essas características peculiares de um gênero discursivo
nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como
coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de
argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em
questão.
Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor
que também é transmitida através de figuras, impregna- Como você percebeu, todas as imagens podem ser
do de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma facilmente decodificadas. Você notou que em nenhuma
poesia... delas existe a presença da palavra? O que está presente é
outro tipo de código. Apesar de haver ausência da palavra,
Texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma nós temos uma linguagem, pois podemos decifrar
mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: mensagens a partir das imagens. O tipo de linguagem,
uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não-
verbal, isto é, usam-se outros códigos (o desenho, a
dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as
cores)
Fonte: www.graudez.com.br
Pressuposição
É o conteúdo que fica à margem da discussão, é o con-
teúdo implícito. Assim, a frase "Pedro parou de fumar"
veicula a pressuposição de que Pedro fumava antes; "Pe-
dro passou a trabalhar à noite" contém a pressuposição de
que antes ele trabalhava de dia, mas contém também a

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pressuposição de que ele não trabalhava antes, depen- Pode até mesmo ocorrer que autor e narrador tenham
dendo da ênfase colocada em passar a ou em à noite. visão de mundo e ideologia completamente opostas entre
si. O narrador não revela necessariamente as ideias, pre-
Vale lembrar que, nestes exemplos, a pressuposição é ferências e os pontos de vista do autor.
marcada lingüisticamente pela presença dos verbos parar
de, passar a. Existem também pressuposições que não
Há dois modos básicos de narrar: ou o narrador intro-
apresentam marca lingüística; estes tipos de pressuposi- duz-se no discurso, produzindo-o, então em primeira pes-
ção denominam-se inferências. soa, ou ausenta-se dele, criando um discurso em terceira
Inferências pessoa. Narrar em terceira pessoa ou em primeira pessoa
são os dois pontos de vista fundamentais do narrador.
São informações normais que não precisam ser explici-
tadas no momento da produção do texto; são também O narrador em terceira pessoa pode assumir duas po-
chamadas de subentendidos. O exemplo seguinte ajuda a sições diante do que narra:
entender esta noção: "Maria foi ao cinema, assistiu ao 1) Ele conhece tudo, até os pensamentos e sentimen-
filme sobre dinossauros e voltou para casa." Lendo esta tos dos personagens. Comenta, analisa e critica tu-
frase, o ouvinte/leitor recupera os conhecimentos relativos do. É como se pairasse acima dos acontecimentos
ao ato de ir ao cinema: no cinema existem cadeiras, tela, e tudo visse. É chamado narrador onisciente (que
bilheteria; há uma pessoa que vende bilhetes, outra que sabe tudo).
os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a proje- 2) O narrador também conhece os fatos, mas não in-
ção, etc. Enfim, isto não precisa ser dito explicitamente. Se vade o interior dos personagens para comentar seu
assim não fosse, que extensão teriam nossos textos para comportamento, intenções e sentimentos. Essa po-
fornecer, sempre que necessário, todas estas informa- sição cria um efeito de sentido de objetividade ou
ções? Daí a importância das inferências na interação de neutralidade. É como se a história se narrasse
verbal. Se quiséssemos dizer que Maria não conseguiu sozinha. O narrador pode ser chamado observador.
ver o filme até o final, isto teria que ser explicitado, porque,
normalmente, a pessoa vê o filme inteiro. O narrador em primeira pessoa está presente na narra-
Implicatura tiva. Pode ser o personagem principal ou um personagem
secundário:
É um sentido derivado, que atribuímos a um enunciado 1) Quando é personagem principal, ele não tem aces-
depois de constatar que seu sentido literal é irrelevante so aos sentimentos, pensamentos e intenções dos
para a situação. Se perguntamos: "Qual é a função de outros personagens, mas pode relatar suas percep-
Pedro no jornal?" e ouvimos "Pedro é o filho do chefe", ções, seus sentimentos e pensamentos. É a forma
podemos depreender dessa resposta que Pedro não tem ideal de explorar o interior de um personagem. É o
função nenhuma que Pedro não faz nada ou que Pedro que ocorre em O Ateneu, de Raul Pompeia.
não precisa fazer nada. 2) Quando o narrador é um personagem secundário,
observa de dentro os acontecimentos. Viveu os fa-
Nem as implicaturas nem as pressuposições fazem par-
tos relatados, conta o que viu ou ouviu e até mes-
te do conteúdo explicitado. A diferença entre elas está no
mo se serve de cartas ou documentos que obteve.
fato de que, com respeito às pressuposições, a estrutura
Não consegue saber o que se passa na cabeça dos
lingüística nos oferece os elementos que permitem depre-
outros. Pode apenas inferir, lançar hipóteses e po-
endê-las; já com as implicaturas isto não acontece -- o
de ou não comentar os acontecimentos.
suporte lingüístico é menos óbvio e, portanto, elas depen-
dem principalmente do conhecimento da situação, com-
O modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de
partilhado pelo falante e pelo ouvinte. As pressuposições
subjetividade maior que o modo em terceira pessoa. Este
fazem parte do sentido literal das frases, enquanto as
produz um efeito de sentido de objetividade, pois o narra-
implicaturas são estranhas a ele.
dor não está envolvido com os acontecimentos.O narrador
Ponto De Vista Do Autor pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dia-
Modos de narrar - na obra Para entender o texto: leitu- logar com esse “leitor”, prevendo suas reações. Esse leitor
ra e redação, de Platão & Fiorin, o autor afirma que as instalado no texto não se confunde com o leitor real.
frases ou os enunciados que lemos ou ouvimos chegam
até nós como uma forma pronta e acabada, mas é eviden- RELAÇÃO ENTRE IDEIAS E RECURSOS DE COESÃO
te que esses enunciados não sugiram do nada: eles foram
produzidos por alguém. Dessa forma, qualquer enunciado COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL
– aquilo que foi dito ou escrito – pressupõe alguém que o DIOGO MARIA DE MATOS POLÓNIO
tenha produzido.
Introdução
Com base nesses dados: Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pe-
a) aquilo que foi escrito ou dito por alguém chamare- dagógico sobre Pragmática Linguística e Os Novos Pro-
mos enunciado; gramas de Língua Portuguesa, sob orientação da Profes-
b) o produtor de enunciado, responsável pela organi- sora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decorreu na
zação do texto, chamaremos narrador. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

O narrador não se confunde com o autor do texto ou Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma
com o escritor, tanto é verdade, que o narrador pode ser forma geral, sobre a incidência das teorias da Pragmática
um personagem, aparecendo nos próprios enunciados. Linguística nos programas oficiais de Língua Portuguesa,
tendo em vista um esclarecimento teórico sobre determi-
O autor é uma pessoa de carne e osso; o narrador faz nados conceitos necessários a um ensino qualitativamente
parte do texto, é quem relata a partir de seu ponto de vista. mais válido e, simultaneamente, uma vertente prática
pedagógica que tem necessariamente presente a aplica-

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ção destes conhecimentos na situação real da sala de


aula. Pelo contrário, as intervenções dos professores no
quadro das incorreções a nível da estrutura do texto, per-
Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar su- mite-nos concluir que essas incorreções não são designa-
gestões de aplicação na prática docente quotidiana das das através de vocabulário técnico, traduzindo, na maior
teorias da pragmática linguística no campo da coerência parte das vezes, uma impressão global da leitura (incom-
textual, tendo em conta as conclusões avançadas no refe- preensível; não quer dizer nada).
rido seminário.
Para além disso, verificam-se práticas de correção algo
Será, no entanto, necessário reter que esta pequena brutais (refazer; reformular) sendo, poucas vezes, acom-
reflexão aqui apresentada encerra em si uma minúscula panhadas de exercícios de recuperação.
partícula de conhecimento no vastíssimo universo que é,
hoje em dia, a teoria da pragmática linguística e que, se Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez
pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas que se o professor desconhece um determinado quadro
reflexões no sentido de auxiliar o docente no ensino da normativo, encontra-se reduzido a fazer respeitar uma
língua materna, já terá cumprido honestamente o seu ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
papel.
Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos
Coesão e Coerência Textual quatro princípios de coerência textual, há que esclarecer a
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não problemática criada pela dicotomia coerência/coesão que
se faz geralmente através de palavras isoladas, desligadas se encontra diretamente relacionada com a dicotomia
umas das outras e do contexto em que são produzidas. Ou coerência macro-estrutural/coerência microestrutural.
seja, uma qualquer sequência de palavras não constitui
forçosamente uma frase. Mira Mateus considera pertinente a existência de uma
diferenciação entre coerência textual e coesão textual.
Para que uma sequência de morfemas seja admitida
como frase, torna-se necessário que respeite uma certa Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respei-
ordem combinatória, ou seja, é preciso que essa sequên- to aos processos linguísticos que permitem revelar a inter-
cia seja construída tendo em conta o sistema da língua. dependência semântica existente entre sequências textu-
ais:
Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.
uma frase, também um qualquer conjunto de frases não
forma, forçosamente, um texto. Para a mesma autora, coerência textual diz respeito
aos processos mentais de apropriação do real que permi-
Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é tem inter-relacionar sequências textuais:
um objeto materializado numa dada língua natural, produ- Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.
zido numa situação concreta e pressupondo os participan-
tes locutor e alocutário, fabricado pelo locutor através de Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz ape-
uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse nas por razões de sistematização e de estruturação de
locutor, numa determinada situação, a um determinado trabalho, já que Mira Mateus não hesita em agrupar coe-
alocutário1. são e coerência como características de uma só proprie-
dade indispensável para que qualquer manifestação lin-
Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural guística se transforme num texto: a conectividade2.
em uso, os códigos simbólicos, os processos cognitivos e
as pressuposições do locutor sobre o saber que ele e o Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista téc-
alocutário partilham acerca do mundo são ingredientes nico, estabelecer uma distinção entre coesão e coerência
indispensáveis ao objeto texto. textuais, uma vez que se torna difícil separar as regras que
orientam a formação textual das regras que orientam a
Podemos assim dizer que existe um sistema de regras formação do discurso.
interiorizadas por todos os membros de uma comunidade Além disso, para este autor, as regras que orientam a
linguística. Este sistema de regras de base constitui a microcoerência são as mesmas que orientam a macrocoe-
competência textual dos sujeitos, competência essa que rência textual. Efetivamente, quando se elabora um resu-
uma gramática do texto se propõe modelizar. mo de um texto obedece-se às mesmas regras de coerên-
cia que foram usadas para a construção do texto original.
Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro for-
mal, determinadas regras para a boa formação textual. Assim, para Charolles, microestrutura textual diz respeito
Destas regras podemos fazer derivar certos julgamentos às relações de coerência que se estabelecem entre as fra-
de coerência textual. ses de uma sequência textual, enquanto que macroestrutura
textual diz respeito às relações de coerência existentes
Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, so- entre as várias sequências textuais. Por exemplo:
bre a coerência nos textos dos seus alunos, os trabalhos  Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele dei-
de investigação concluem que as intervenções do profes- xou o escritório mais cedo para apanhar o comboio
sor a nível de incorreções detectadas na estrutura da frase das quatro horas.
são precisamente localizadas e assinaladas com marcas  Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se
convencionais; são designadas com recurso a expressões com amigos.Vai trabalhar com eles num projeto de
técnicas (construção, conjugação) e fornecem pretexto uma nova companhia de teatro.
para pôr em prática exercícios de correcão, tendo em
conta uma eliminação duradoura das incorreções observa- Como microestruturas temos a sequência 1 ou a se-
das.

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quência 2, enquanto que o conjunto das duas sequências Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminha-
forma uma macroestrutura. mos no jardim. Os gatos vão sempre conosco.

Vamos agora abordar os princípios de coerência textu- Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto,
al3: os problemas aparecem quando o nome que se repete é
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja co- imediatamente vizinho daquele que o precede.
erente, torna-se necessário que comporte, no seu desenvol- Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colo-
vimento linear, elementos de recorrência restrita. rido e muito elegante.

Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vá- Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de
rios recursos: deíticos contextuais.
- pronominalizações, Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e
- expressões definidas, muito elegante.
- substituições lexicais,
- retomas de inferências. Pode também resolver-se a situação virtualmente utili-
zando a elipse.
Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito
sequência a uma outra que se encontre próxima em termos elegante. Ou ainda:
de estrutura de texto, retomando num elemento de uma
sequência um elemento presente numa sequência anterior: A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna elegante.
possível a repetição, à distância, de um sintagma ou até de
uma frase inteira. c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas
e de deíticos contextuais é muitas vezes acompanhado de
O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referen- substituições lexicais. Este processo evita as repetições de
te antecipa o pronome. lexemas, permitindo uma retoma do elemento linguístico.
Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estran-
Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encon- gularam uma senhora. Este assassinato é odioso.
trada estrangulada no seu quarto.
Também neste caso, surgem algumas regras que se
No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o torna necessário respeitar. Por exemplo, o termo mais gené-
seu referente. rico não pode preceder o seu representante mais específico.
Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressio- Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da
nou-me. Ou ainda: Não me importo de o confessar: este Alemanha. Schumacher festejou euforicamente junto da sua
crime impressionou-me. equipa.

Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização Se se inverterem os substantivos, a relação entre os e-
da catáfora, para nos precavermos de enunciados como lementos linguísticos torna-se mais clara, favorecendo a
este: coerência textual. Assim, Schumacher, como termo mais
Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo específico, deveria preceder o piloto alemão.
com o António.
No entanto, a substituição de um lexema acompanhado
Num enunciado como este, não há qualquer possibilida- por um determinante, pode não ser suficiente para estabe-
de de identificar ele com António. Assim, existe apenas uma lecer uma coerência restrita. Atentemos no seguinte exem-
possibilidade de interpretação: ele dirá respeito a um sujeito plo:
que não será nem o João nem o António, mas que fará Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração
parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor. da Primavera" doou toda a sua coleção particular ao Museu
de Barcelona.
Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular
esse enunciado: A presença do determinante definido não é suficiente
O António sabe muito bem que o João não vai estar de para considerar que Picasso e o autor da referida peça
acordo com ele. sejam a mesma pessoa, uma vez que sabemos que não foi
Picasso mas Stravinski que compôs a referida peça.
As situações de ambiguidade referencial são frequentes
nos textos dos alunos. Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teó-
Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio. rico, ou lexico-enciclopédico, são importantes o conheci-
Um homem estava também a banhar-se. mento e as convicções dos participantes no ato de comuni-
Como ele sabia nadar, ensinou-o. cação, sendo assim impossível traçar uma fronteira entre a
semântica e a pragmática.
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na Há também que ter em conta que a substituição lexical
continuidade sequencial, existem disfunções que introdu- se pode efetuar por
zem zonas de incerteza no texto: - Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que
ele sabia nadar(quem?), tenham a maior parte dos traços semânticos idênti-
ele ensinou-o (quem?; a quem?) ca: A criança caiu. O miúdo nunca mais aprende a
cair!
b)-Expressões Definidas: tal como as pronominaliza- - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que
ções, as expressões definidas permitem relembrar nomi- tenham a maior parte dos traços semânticos oposta:
nalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa Disseste a verdade? Isso cheira-me a mentira!
outra frase ou até numa outra sequência textual. - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a

Língua Portuguesa 6
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segunda uma relação classe-elemento: Gosto imen-


so de marisco. Então lagosta, adoro! 2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coe-
- Hiponímia- a primeira expressão mantém com a se- rente, torna-se necessário que o seu desenvolvimento se
gunda uma relação elemento-classe: O gato arra- faça acompanhar de uma informação semântica constante-
nhou-te? O que esperavas de um felino? mente renovada.

d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez
com base em conteúdos semânticos não manifestados, ao que estipula que um texto, para ser coerente, não se deve
contrário do que se passava com os processos de recorrên- contentar com uma repetição constante da própria matéria.
cia anteriormente tratados.
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por e-
Vejamos: xemplo: O ferreiro estava vestido com umas calças pretas,
P - A Maria comeu a bolacha? um chapéu claro e uma vestimenta preta. Tinha ao pé de si
R1 - Não, ela deixou-a cair no chão. uma bigorna e batia com força na bigorna. Todos os gestos
R2 - Não, ela comeu um morango. que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A
R3 - Não, ela despenteou-se. bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e
pontiaguda em baixo e batia com o martelo na bigorna.
As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais
coerentes do que a sequência P+R3. Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência,
este texto não será incoerente, será até coerente demais.
No entanto, todas as sequências são asseguradas pela
repetição do pronome na 3ª pessoa. No entanto, segundo o princípio da progressão, a produ-
ção de um texto coerente pressupõe que se realize um
Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pro- equilíbrio cuidado entre continuidade temática e progressão
nome não é suficiente para garantir coerência a uma se- semântica.
quência textual.
Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente,
Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar estes dois princípios (recorrência e progressão) uma vez
as várias hipóteses de respostas que vimos anteriormente que a abordagem da informação não se pode processar de
sustenta-se no fato de R1 e R2 retomarem inferências pre- qualquer maneira.
sentes em P:
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria, Assim, um texto será coerente se a ordem linear das se-
- a Maria comeu qualquer coisa. quências acompanhar a ordenação temporal dos fatos des-
critos.
Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei).
deduzível de P.
O texto será coerente desde que reconheçamos, na or-
Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de denação das suas sequências, uma ordenação de causa-
pressuposições garante uma fortificação da coerência tex- consequência entre os estados de coisas descritos.
tual. Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca
porque choveu).
Quando analisamos certos exercícios de prolongamento
de texto (continuar a estruturação de um texto a partir de um Teremos ainda que ter em conta que a ordem de per-
início dado) os alunos são levados a veicular certas infor- cepção dos estados de coisas descritos pode condicionar a
mações pressupostas pelos professores. ordem linear das sequências textuais.
Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à
Por exemplo, quando se apresenta um início de um tex- volta, árvores e canteiros com flores.
to do tipo: Três crianças passeiam num bosque. Elas brin-
cam aos detetives. Que vão eles fazer? Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral
para o particular.
A interrogação final permite-nos pressupor que as crian-
ças vão realmente fazer qualquer coisa. 3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja
coerente, torna-se necessário que o seu desenvolvimento
Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros não introduza nenhum elemento semântico que contradiga
cantavam enquanto as folhas eram levadas pelo vento, será um conteúdo apresentado ou pressuposto por uma ocorrên-
punido por ter apresentado uma narração incoerente, tendo cia anterior ou dedutível por inferência.
em conta a questão apresentada.
Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é i-
No entanto, um professor terá que ter em conta que es- nadmissível que uma mesma proposição seja conjuntamen-
sas inferências ou essas pressuposições se relacionam te verdadeira e não verdadeira.
mais com o conhecimento do mundo do que com os ele-
mentos linguísticos propriamente ditos. Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o
caso das contradições inferenciais e pressuposicionais6.
Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste
tipo de exercícios, estão muitas vezes relacionadas com um Existe contradição inferencial quando a partir de uma
conhecimento de um mundo ao qual eles não tiveram aces- proposição podemos deduzir uma outra que contradiz um
so. Por exemplo, será difícil a um aluno recriar o quotidiano conteúdo semântico apresentado ou dedutível.
de um multimilionário,senhor de um grande império industri- Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios
al, que vive numa luxuosa vila. de bolso.

Língua Portuguesa 7
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saiba de centrais termo-nucleares nada lhe parecerá mais


As inferências que autorizam viúva não só não são re- incoerente do que um tratado técnico sobre centrais termo-
tomadas na segunda frase, como são perfeitamente contra- nucleares.
ditas por essa mesma frase.
No entanto, os leitores quase nunca consideram os tex-
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades tos incoerentes. Pelo contrário, os receptores dão ao emis-
semânticas profundas às quais temos de acrescentar algu- sor o crédito da coerência, admitindo que o emissor terá
mas considerações temporais, uma vez que, como se pode razões para apresentar os textos daquela maneira.
ver, basta remeter o verbo colecionar para o pretérito para
suprimir as contradições. Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio con-
dutor de pensamento que conduza a uma estrutura coeren-
As contradições pressuposicionais são em tudo compa- te.
ráveis às inferenciais, com a exceção de que no caso das
pressuposicionais é um conteúdo pressuposto que se en- Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos siste-
contra contradito. mas de pensamento e de linguagem uma espécie de princí-
Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua pio de coerência verbal (comparável com o princípio de
esposa é-lhe perfeitamente fiel. cooperação de Grice)8 estipulando que, seja qual for o
discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência
Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da própria, uma vez que é concebido por um espírito que não é
mulher de Júlio, enquanto a primeira pressupõe o inverso. incoerente por si mesmo.

É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a É justamente tendo isto em conta que devemos ler, ava-
contradição presente com a ajuda de conectores do tipo liar e corrigir os textos dos nossos alunos.
mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, que assina-
lam que o emissor se apercebe dessa contradição, assume- Anotações:
a, anula-a e toma partido dela. 1- M. H. Mira Mateus, Gramática da Língua Portugue-
Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasma- sa, Ed. Caminho, 19923, p.134;
do com a partida para Itália, uma vez que sempre sonhou 2- M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148;
visitar Florença. 3- "Méta-regles de cohérence", segundo Charolles, In-
troduction aux problèmes de la cohérence des tex-
4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, tes, in Langue Française, 1978;
torna-se necessário que denote, no seu mundo de represen- 4- "Méta-regle de répétition", segundo Charolles (op.
tação, fatos que se apresentem diretamente relacionados. cit.);
5- "Les déficitivisations et les référentiations déictiques
Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência contextuelles", segundo Charolles (op. cit.);
ser admitida como coerente7, terá de apresentar ações, 6- Charolles aponta igualmente as contradições enun-
estados ou eventos que sejam congruentes com o tipo de ciativas. No entanto, vamos debruçar-nos apenas
mundo representado nesse texto. sobre as contradições inferenciais e pressuposicio-
nais, uma vez que foi sobre este tipo de contradições
Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes que efetuamos exercícios em situação de prática pe-
1 - A Silvia foi estudar. dagógica.
2 - A Silvia vai fazer um exame. 7- Charolles refere inclusivamente a existência de uma
3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmu- "relation de congruence" entre o que é enunciado na
la 1. sequência textual e o mundo a que essa sequência
faz referência;
A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, 8- Para um esclarecimento sobre este princípio, ver O.
como sendo mais congruente do que as sequências 1+3 ou Ducrot, Dire et ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e
2+3. também D. Gordon e G. Lakoff, Postulates de con-
servation, Langages nº 30, Paris, Didier-Larousse,
Nos discursos naturais, as relações de relevância factual 1973.
são, na maior parte dos casos, manifestadas por conectores
que as explicitam semanticamente. COERÊNCIA E COESÃO
Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou
também: A Silvia vai fazer um exame portanto foi estudar. 1. Coerência:
Produzimos textos porque pretendemos informar, diver-
A impossibilidade de ligar duas frases por meio de co- tir, explicar, convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é
nectores constitui um bom teste para descobrir uma incon- uma unidade de significado produzida sempre com uma
gruência. determinada intenção. Assim como a frase não é uma sim-
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agra- ples sucessão de palavras, o texto também não é uma sim-
dou aos pilotos de Fórmula 1. ples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de
estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo
O conhecimento destes princípios de coerência, por par- sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que há
te dos professores, permite uma nova apreciação dos textos coerência.
produzidos pelos alunos, garantindo uma melhor correção
dos seus trabalhos, evitando encontrar incoerências em A coerência é resultante da não-contradição entre os di-
textos perfeitamente coerentes, bem como permite a dina- versos segmentos textuais que devem estar encadeados
mização de estratégias de correção. logicamente. Cada segmento textual é pressuposto do seg-
mento seguinte, que por sua vez será pressuposto para o
Teremos que ter em conta que para um leitor que nada que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos

Língua Portuguesa 8
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eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um
quebra nessa concatenação, ou quando um segmento atual dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do
está em contradição com um anterior, perde-se a coerência país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico
textual. Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andra-
de (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander
A coerência é também resultante da adequação do que 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao
se diz ao contexto extraverbal, ou seja, àquilo o que o texto velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32
faz referência, que precisa ser conhecido pelo receptor. anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado
na noite de sexta-feira.
Ao ler uma frase como "No verão passado, quando esti-
vemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aprovei- O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pou-
tar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar", perce- sou no aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimo-
bemos que ela é incoerente em decorrência da incompatibi- tor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois,
lidade entre um conhecimento prévio que temos da realiza- caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma es-
da com o que se relata. Sabemos que, considerando uma pécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do
realidade "normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul
verão!). de São Paulo. Ainda não se conhece as causas do acidente
(2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o também não tem informações. O laudo técnico demora no
exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerência ao mínimo 60 dias para ser concluído.
texto - nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e
prevaleceria a coerência interna da narrativa. Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em cha-
mas antes de cair em cima de quatro casas (9). Três pesso-
No caso de apresentar uma inadequação entre o que in- as (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1)
forma e a realidade "normal" pré-conhecida, para guardar a ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
coerência o texto deve apresentar elementos linguísticos (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de
instruindo o receptor acerca dessa anormalidade. 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram
socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília.
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O
menino caiu do décimo andar e não sofreu nenhum arra- Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avi-
nhão." é coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um ão envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes du-
verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalidade do rante o texto. Isso é necessário à clareza e à compreensão
fato narrado. do texto. A memória do leitor deve ser reavivada a cada
instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no
2. Coesão: primeiro parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no
A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, ob- último, talvez a clareza da matéria fosse comprometida.
jetividade, coerência e coesão. E a coesão, como o próprio
nome diz (coeso significa ligado), é a propriedade que os E como retomar os elementos do texto? Podemos enu-
elementos textuais têm de estar interligados. De um fazer merar alguns mecanismos:
referência ao outro. Do sentido de um depender da relação a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas
com o outro. Preste atenção a este texto, observando como vezes durante o texto. Pode perceber que a palavra
as palavras se comunicam, como dependem uma das ou- avião foi bastante usada, principalmente por ele ter
tras. sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia
propriamente dita. A repetição é um dos principais
São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião elementos de coesão do texto jornalístico fatual, que,
Das Agências por sua natureza, deve dispensar a releitura por par-
te do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode
Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, ser considerada a mais explícita ferramenta de coe-
dois tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram são. Na dissertação cobrada pelos vestibulares, ob-
viamente deve ser usada com parcimônia, uma vez
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma que um número elevado de repetições pode levar o
mesma família e dois tripulantes, além de uma mulher que leitor à exaustão.
teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de
Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de pessoas, a repetição parcial é o mais comum meca-
Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro nismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma
sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoa- vez citado o nome completo de um entrevistado - ou
ra, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. da vítima de um acidente, como se observa com o
O impacto (2) ainda atingiu mais três residências. elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e
na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s)
Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão
(4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas são de celebridades (políticos, artistas, escritores,
últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominali-
José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo zação por meio da qual são conhecidas pelo público.
Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina,
Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à pre-
Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), feitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc.
de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de Nomes femininos costumam ser retomados pelo pri-
53 anos. meiro nome, a não ser nos casos em que o sobre-
nomes sejam, no contexto da matéria, mais relevan-

Língua Portuguesa 9
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tes e as identifiquem com mais propriedade. difício, para conferir o espetáculo (edifício retoma
c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser fa- prédio. Ambos são sinônimos).
cilmente deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se  Nomes deverbais: são derivados de verbos e reto-
o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empre- mam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como
sário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos:
candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito
o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co- da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto con-
piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. tra o aumentos dos impostos. A paralisação foi a
Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra maneira encontrada... (paralisação, que deriva de
avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de
matéria que trata de um acidente de avião, obvia- paralisar o trânsito da Avenida Higienópolis). O im-
mente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome
pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, impacto retoma e resume o acidente de avião notici-
por exemplo. No último parágrafo ocorre outro e- ado na matéria-exemplo)
xemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam  Elementos classificadores e categorizadores: re-
nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. ferem-se a um elemento (palavra ou grupo de pala-
Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Ape- vras) já mencionado ou não por meio de uma classe
nas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila
negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um e- de centenas de veículos paralisou o trânsito da Ave-
lemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omi- nida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontra-
tido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Ape- da... (protesto retoma toda a ideia anterior - da para-
nas escoriações e queimaduras. lisação -, categorizando-a como um protesto); Quatro
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se a-
se retomar um elemento já citado ou de se referir a proximarem, os peritos enfrentaram a reação dos a-
outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, nimais (animais retoma cães, indicando uma das
que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra possíveis classificações que se podem atribuir a e-
(ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou les).
grupo de palavras). Confira os principais elementos  Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias,
de substituição: principalmente as de lugar: Em São Paulo, não hou-
 Pronomes: a função gramatical do pronome é jus- ve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o
tamente substituir ou acompanhar um nome. Ele po- advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos
de, ainda, retomar toda uma frase ou toda a ideia de advérbios que comumente funcionam como ele-
contida em um parágrafo ou no texto todo. Na maté- mentos referenciais, isto é, como elementos que se
ria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.
pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur
Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Observação: É mais frequente a referência a elementos
Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), já citados no texto. Porém, é muito comum a utilização de
de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade palavras e expressões que se refiram a elementos que
(7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é co-
Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o prono- nhecido na região (8) como um dos maiores compradores
me pessoal ela, contraído com a preposição de na de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5)
forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietá-
marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pro- ria do bimotor (1). A palavra região serve como elemento
nome pessoal elas retoma as três pessoas que esta- classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do
vam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não país), que só é citada na linha seguinte.
sofreram ferimentos graves.
 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, Conexão:
ao mesmo tempo que se referem a um elemento do Além da constante referência entre palavras do texto,
texto, qualificam-no. Essa qualificação pode ser co- observa-se na coesão a propriedade de unir termos e ora-
nhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser ções por meio de conectivos, que são representados, na
introduzida de modo que fique fácil a sua relação Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha
com o elemento qualificado. errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do
Exemplos: sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique conectivos, agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor
Cardoso. O presidente, que voltou há dois dias de Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna).
Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto pre-  Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de
sidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder- mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramen-
se-ia usar, como exemplo, sociólogo); te, acima de tudo, precipuamente, principalmente,
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempe- primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a poste-
nho do Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a se- riori (itálico).
leção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes retoma  Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, an-
Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por terioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo
exemplo, usar as formas jogador do século, número depois, imediatamente, logo após, a princípio, no
um do mundo, etc. momento em que, pouco antes, pouco depois, ante-
 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o riormente, posteriormente, em seguida, afinal, por
mesmo sentido (ou muito parecido) dos elementos a fim, finalmente agora atualmente, hoje, frequente-
serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às mente, constantemente às vezes, eventualmente,
15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do e- por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não

Língua Portuguesa 10
TJ MG

raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ín- de origem grega com o significado de ação de escrever;
terim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, ortografia, então, significa ação de escrever direito. É
quando, antes que, depois que, logo que, sempre fácil escrever direito? Não!! É, de fato, muito difícil co-
que, assim que, desde que, todas as vezes que, ca- nhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever
da vez que, apenas, já, mal, nem bem. com o mínimo de erros ortográficos. Hoje tentaremos
 Semelhança, comparação, conformidade: igual- facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo seguem
mente, da mesma forma, assim também, do mesmo algumas frases com as respectivas regras sobre o uso
modo, similarmente, semelhantemente, analogamen- de ç, s, ss, z, x... Vamos a elas:
te, por analogia, de maneira idêntica, de conformida-
de com, de acordo com, segundo, conforme, sob o 01) Uma das intenções da casa de detenção é levar o
mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, que cometeu graves infrações a alcançar a introspec-
assim como, como se, bem como. ção, por intermédio da reeducação.
 Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
 Adição, continuação: além disso, demais, ademais, a) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos termi-
outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, nados em TO:
também, e, nem, não só ... mas também, não só... intento = intenção
como também, não apenas ... como também, não só canto = canção
... bem como, com, ou (quando não for excludente). exceto = exceção
 Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, junto = junção
quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
 Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, in- b) Usa-se ç em palavras terminadas em TENÇÃO refe-
dubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, rentes a verbos derivados de TER:
inegavelmente, com toda a certeza. deter = detenção
 Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopina- reter = retenção
damente, de súbito, subitamente, de repente, impre- conter = contenção
vistamente, surpreendentemente. manter = manutenção
 Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para
ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em c) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos termi-
outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás. nados em TOR:
infrator = infração
 Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim
trator = tração
de, com o propósito de, com a finalidade de, com o
redator = redação
intuito de, para que, a fim de que, para.
setor = seção
 Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a
ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui,
d) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos termi-
além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso,
nados em TIVO:
aquele, aquela, aquilo, ante, a.
introspectivo = introspecção
 Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em
relativo = relação
síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, ativo = ação
assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, lo- intuitivo – intuição
go, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim
sendo. e) Usa-se ç em palavras derivadas de verbos dos quais
 Causa e consequência. Explicação: por conse- se retira a desinência R:
quência, por conseguinte, como resultado, por isso, reeducar = reeducação
por causa de, em virtude de, assim, de fato, com e- importar = importação
feito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, repartir = repartição
pois, já que, uma vez que, visto que, como (= por- fundir = fundição
que), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que,
de tal forma que, haja vista. f) Usa-se ç após ditongo quando houver som de s:
 Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo con- eleição
trário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, traição
contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora,
apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, 02) A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vence-
conquanto, se bem que, por mais que, por menos dora do concurso, implicou a sua expulsão, porque pôs
que, só que, ao passo que. uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.
 Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora...
ora. a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados
em NDER ou NDIR:
ORTOGRAFIA OFICIAL pretender = pretensão, pretensa, pretensioso
defender = defesa, defensivo
- Ortografia compreender = compreensão, compreensivo
repreender = repreensão
DÍLSON CATARINO expandir = expansão
especial para o Fovest Online fundir = fusão
confundir = confusão
A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de
origem grega, usado como prefixo, com o significado de b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados
direito, reto, exato e "grafia", elemento de composição em ERTER ou ERTIR:
inverter = inversão

Língua Portuguesa 11
TJ MG

converter = conversão útil = utilizar


perverter = perversão economia = economizar
divertir = diversão
c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas
c) Usa-se s após ditongo quando houver som de z: com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou no-
Creusa mes próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escri-
coisa tas com z quando forem substantivos abstratos provin-
maisena dos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
Teresa
d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substanti- Camponês
vos femininos: Inglês
Luísa Embriaguez
Heloísa Limpeza
Poetisa
Profetisa 04) O excesso de concessões dava a impressão de
compromisso com o progresso.
Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz,
que também se escreve com z. a) Os verbos terminados em CEDER terão palavras
derivadas escritas com CESS:
e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados exceder = excesso, excessivo
em CORRER ou PELIR: conceder = concessão
concorrer = concurso proceder = processo
discorrer = discurso
expelir = expulso, expulsão b) Os verbos terminados em PRIMIRterão palavras deri-
compelir = compulsório vadas escritas com PRESS:
imprimir = impressão
f) Usa-se s na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, deprimir = depressão
USAR: comprimir = compressa
ele pôs
ele quis c) Os verbos terminados em GREDIRterão palavras
ele usou derivadas escritas com GRESS:
progredir = progresso
g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, agredir = agressor, agressão, agressivo
OSE: transgredir = transgressão, transgressor
frase
tese d) Os verbos terminados em METERterão palavras deri-
crise vadas escritas com MISSou MESS:
osmose comprometer = compromisso
Exceções: deslize e gaze. prometer = promessa
intrometer = intromissão
h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA: remeter = remessa
horrorosa
gostoso 05) Para que os filhos se encorajem, o lojistacome
Exceção: gozo jilócom canjica.

03) I -Teresinha, a esposa do camponês inglês, avisou a) Escreve-se com j a conjugação dos verbos terminados
que cantaria de improviso. em JAR:
Viajar = espero que eles viajem
II -Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mu- Encorajar = para que eles se encorajem
lherzinha não fez a limpeza. Enferrujar = que não se enferrujem as portas

a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocábu-
quando esta letra fizer parte do radical da palavra de los terminados em JA:
origem; com z quando a palavra de origem não tiver o loja = lojista
radical terminado em s: canja = canjica
Teresa = Teresinha sarja = sarjeta
Casa = casinha gorja = gorjeta
Mulher = mulherzinha
Pão = pãozinho c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.
Jiló
b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s Jibóia
quando esta letra fizer parte do radical da palavra de Jirau
origem; os terminados em IZAR serão escritos com z
quando a palavra de origem não tiver o radical terminado 06) O relógioque ele trouxe da viagemao Méxicoem
em s: uma caixade madeira caiu na enxurrada.
improviso = improvisar
análise = analisar a) Escrevem-se com g as palavras terminadas em ÁGIO,
pesquisa = pesquisar ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO:
terror = aterrorizar pedágio

Língua Portuguesa 12
TJ MG

sacrilégio Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de


prestígio uma maneira descomplicada, apontando como é que fica
relógio estabelecido de hoje em diante a Ortografia Oficial do
refúgio Português falado no Brasil.

b) Escrevem-se com g os substantivos terminados em Alfabeto


GEM: A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial.
a viagem Há muito tempo as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do
a coragem nosso idioma, isto não é nenhuma novidade. Elas já apa-
a ferrugem reciam em unidades de medidas, nomes próprios e pala-
Exceções: pajem, lambujem vras importadas do idioma inglês, como:
km – quilômetro,
c) Palavras iniciadas por ME serão escritas com x: kg – quilograma
Mexerica Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.
México
Mexilhão Trema
Mexer Não se usa mais o trema em palavras do português.
Exceção: mecha de cabelos Quem digita muito textos científicos no computador sabe o
quanto dava trabalho escrever linguística, frequência. Ele
d) As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a só vai permanecer em nomes próprios e seus derivados,
não ser que provenham de vocábulos iniciados por ch: de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não
Enxada vai deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem
Enxerto alemã. (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
Enxurrada
Encher – provém de cheio
Enchumaçar – provém de chumaço QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA

e) Usa-s x após ditongo: 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”,


ameixa “O”, seguidas ou não de “S”, inclusive as formas verbais
caixa quando seguidas de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também rece-
peixe bem acento as oxítonas terminadas em ditongos abertos,
Exceções: recauchutar, guache como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”

ACENTUAÇÃO GRÁFICA Ex.

ORTOGRAFIA OFICIAL
Por Paula Perin dos Santos Chá Mês nós
Gás Sapé cipó
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras Dará Café avós
ortográficas da Língua Portuguesa e aumentar o prestígio
Pará Vocês compôs
social da língua no cenário internacional. Sua implementa-
ção no Brasil segue os seguintes parâmetros: 2009 – vi- vatapá pontapés só
gência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação Aliás português robô
completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de dá-lo vê-lo avó
2013 – vigência obrigatória em todo o território nacional.
recuperá-los Conhecê-los pô-los
Cabe lembrar que esse “Novo Acordo Ortográfico” já se
encontrava assinado desde 1990 por oito países que falam guardá-la Fé compô-los
a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é réis (moeda) Véu dói
que teve sua implementação. méis céu mói
pastéis Chapéus anzóis
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a
língua, já que uma língua não existe apenas em função de ninguém parabéns Jerusalém
sua ortografia. Vale lembrar que a ortografia é apenas um
aspecto superficial da escrita da língua, e que as diferen- Resumindo:
ças entre o Português falado nos diversos países lusófo-
nos subsistirão em questões referentes à pronúncia, voca-
bulário e gramática. Uma língua muda em função de seus Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”,
falantes e do tempo, não por meio de Leis ou Acordos. a não ser que seja um caso de hiato. Por exemplo: as
palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo” são acentuadas
porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas nestas pala-
A queixa de muitos estudantes e usuários da língua vras.
escrita é que, depois de internalizada uma regra, é difícil
“desaprendê-la”. Então, cabe aqui uma dica: quando se
tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra, o ideal 2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando termi-
nadas em:
é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil
acesso) ou, na melhor das hipóteses, use um sinônimo
para referir-se a tal palavra.  L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
 N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.

Língua Portuguesa 13
TJ MG

 R – câncer, caráter, néctar, repórter. DIVISÃO SILÁBICA


 X – tórax, látex, ônix, fênix.
 PS – fórceps, Quéops, bíceps. Não se separam as letras que formam os dígrafos CH,
 Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs. NH, LH, QU, GU.
1- chave: cha-ve
 ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
aquele: a-que-le
 I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis. palha: pa-lha
 ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon. manhã: ma-nhã
 UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns. guizo: gui-zo
 US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
Não se separam as letras dos encontros consonantais
que apresentam a seguinte formação: consoante + L ou
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em
consoante + R
ditongos crescentes (semivogal+vogal):
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residên-
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar
cia, férias, lírio.
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma
globo: glo-bo fraco: fra-co
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido,
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so
sândalo, crisântemo, público, pároco, proparoxítona.
prato: pra-to
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ,
VOCÁLICOS
XC.
3- correr: cor-rer desçam: des-çam
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to
fascinar: fas-ci-nar
 Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
Não se separam as letras que representam um diton-
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís- go.
ta. 4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro
cárie: cá-rie
IMPORTANTE
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, Separam-se as letras que representam um hiato.
“ca-ir”, “Ra-ul”, se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hia- 5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el
tos? rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o

Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O Não se separam as letras que representam um triton-
“u” e o “i” tônicos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas go.
com “m”, “r” e “l” respectivamente. Essas consoantes já 6- Paraguai: Pa-ra-guai
soam forte por natureza, tornando naturalmente a sílaba saguão: sa-guão
“tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
Consoante não seguida de vogal, no interior da pala-
5. Trema vra, fica na sílaba que a antecede.
Não se usa mais o trema em palavras da língua portu- 7- torna: tor-na núpcias: núp-cias
guesa. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter
derivados, de origem estrangeira, como Bündchen, Müller, absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz
mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
Consoante não seguida de vogal, no início da palavra,
6. Acento Diferencial junta-se à sílaba que a segue
8- pneumático: pneu-má-ti-co
O acento diferencial permanece nas palavras: gnomo: gno-mo
pôde (passado), pode (presente) psicologia: psi-co-lo-gia
pôr (verbo), por (preposição)
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada
3ª pessoa do verbo está no singular ou plural: separadamente, mantendo sua autonomia fonética. Nesse
caso, tais consoantes ficam em sílabas separadas.
9- sublingual: sub-lin-gual
SIN- sublinhar: sub-li-nhar
PLURAL
GULAR sublocar: sub-lo-car
Ele tem Eles têm
Preste atenção nas seguintes palavras:
Eles
Ele vem trei-no so-cie-da-de
vêm
gai-o-la ba-lei-a
des-mai-a-do im-bui-a
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de ra-diou-vin-te ca-o-lho
“ter” e “vir”, como: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, te-a-tro co-e-lho
reter, etc. du-e-lo ví-a-mos
a-mné-sia gno-mo

Língua Portuguesa 14
TJ MG

co-lhei-ta quei-jo a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter expli-


pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co cativo e datas.
dig-no e-nig-ma
e-clip-se Is-ra-el Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúme-
mag-nó-lia ras perdas humanas.
"Uma manhã lá no Cajapió ( Joca lembrava-se como
SINAIS DE PONTUAÇÃO se fora na véspera), acordara depois duma grande tormen-
ta no fim do verão. “ (O milagre das chuvas no nordeste-
Os sinais de pontuação são sinais gráficos emprega- Graça Aranha)
dos na língua escrita para tentar recuperar recursos espe-
cíficos da língua falada, tais como: entonação, jogo de Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o
silêncio, pausas, etc... travessão.
Divisão e emprego dos sinais de pontuação: PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
PONTO ( . ) a) Após vocativo.
a) indicar o final de uma frase declarativa. Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Sra.- Hum-
berto de Campos).
Ex.: Lembro-me muito bem dele.
b) Após imperativo.
b) separar períodos entre si.
Ex.: Cale-se!
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.
c) Após interjeição.
c) nas abreviaturas.
Ex.: Ufa! Ai!
Ex.: Av.; V. Ex.ª
d) Após palavras ou frases que denotem caráter emo-
DOIS-PONTOS ( : ) cional.
a) iniciar a fala dos personagens: Ex.: Que pena!
Ex.: Então o padre respondeu: PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )
- Parta agora. a) Em perguntas diretas.
b) antes de apostos ou orações apositivas, enumera- Ex.: Como você se chama?
ções ou seqüência de palavras que explicam, resumem
idéias anteriores. b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação.
Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gil- Ex.: - Quem ganhou na loteria?
berto.
- Você.
c) antes de citação.
- Eu?!
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não VÍRGULA ( , )
seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito en-
quanto dure.” É usada para marcar uma pausa do enunciado com a
finalidade de nos indicar que os termos por ela separados,
apesar de participarem da mesma frase ou oração, não
RETICÊNCIAS ( ... )
formam uma unidade sintática.
a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece. Sena.
b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente Podemos concluir que, quando há uma relação sintáti-
incompleta. ca entre termos da oração, não se pode separá-los por
meio de vírgula.
Ex.: - Alô! João está?
Não se separam por vírgula:
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tar-
de...  predicado de sujeito;
c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com  objeto de verbo;
a intenção de sugerir prolongamento de idéia.
 adjunto adnominal de nome;
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão,
tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília-  complemento nominal de nome;
José de Alencar)
 predicativo do objeto do objeto;
d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcri-
ta.  oração principal da subordinada substantiva (desde
que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inver-
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” sa).
(Canteiros - Raimundo Fagner)
A vírgula no interior da oração
PARÊNTESES ( () )
É utilizada nas seguintes situações:

Língua Portuguesa 15
TJ MG

a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xícara 1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos di-
de café. ferentes.
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada
A educação, meus amigos, é fundamental para o pro- vez mais pobres.
gresso do país.
2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade
b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e
empregada, esteve aqui ontem. pula de alegria.
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercala- 3) quando a conjunção e assumir valores distintos que
do. não seja da adição (adversidade, conseqüência, por e-
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você. xemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi
aprovada.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvol-
d) separar elementos de uma enumeração. vidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepos-
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de- tas à oração principal.
obras. Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-
e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo. se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gan-
cho."( O selvagem - José de Alencar)
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos
nos encontrar para acertar a viagem. d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor, dis-
se o velho, tenho grandes contentamentos em a estar
f) separar conjunções intercaladas. plantando..."
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva. Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas
por duplo travessão. Ex.: "Senhor - disse o velho - tenho
g) separar o complemento pleonástico antecipado.
grandes contentamentos em a estar plantando..."
Ex.: A mim, nada me importa.
e) separar as orações substantivas antepostas à prin-
h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
cipal.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei.
i) separar termos coordenados assindéticos.
PONTO-E-VÍRGULA ( ; )
Ex.: "Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto
a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma
contigo compactua..." (Caetano Veloso)
petição, de uma seqüência, etc.
j) marcar a omissão de um termo (normalmente o ver-
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
bo).
I- advertência;
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do
II- suspensão;
verbo preferir)
III- demissão;
Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
nem dispensam o uso da vírgula. Ex.: Conversaram sobre V- destituição de cargo em comissão;
futebol, religião e política. VI- destituição de função comissionada. ( cap. V das pe-
nalidades Direito Administrativo)
Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me decidi
se viajarei para Bahia ou Ceará. b) separar orações coordenadas muito extensas ou o-
rações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repeti- vírgula.
das, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula pas-
sa a ser obrigatório. Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressi-
vas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuo-
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à so, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a
missa de sétimo dia. bronquite crônica de que sofria desde moço se foi trans-
A vírgula entre orações formando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos,
o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim -
É utilizada nas seguintes situações: Visconde de Taunay)
a) separar as orações subordinadas adjetivas explicati- TRAVESSÃO ( - )
vas.
a) dar início à fala de um personagem.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças,
mora no Rio de Janeiro. Ex.: O filho perguntou:

b) separar as orações coordenadas sindéticas e assin- - Pai, quando começarão as aulas?


déticas (exceto as iniciadas pela conjunção e ). Ex.: Acor- b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos.
dei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho.
Estudou muito, mas não foi aprovado no exame. - Doutor, o que tenho é grave?
Há três casos em que se usa a vírgula antes da con- - Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar
junção: um antibiótico e estará bom.
c) unir grupos de palavras que indicam itinerário.

Língua Portuguesa 16
TJ MG

Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado. (Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curi-
tiba).
Também pode ser usado em substituição à virgula em • Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de
expressões ou frases explicativas. adjunto que o modifique.
Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe. Ela se referiu à saudosa Lisboa.
Vou à Curitiba dos meus sonhos.
ASPAS ( “ ” ) • Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo
a) isolar palavras ou expressões que fogem à norma subentendida:
culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologis- Às 8 e 15 o despertador soou.
mos, arcaísmos e expressões populares. • Antes de substantivo, quando se puder subentender as
palavras “moda” ou "maneira":
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu ad- Aos domingos, trajava-se à inglesa.
mirador. Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo.
• Antes da palavra casa, se estiver determinada:
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Referia-se à Casa Gebara.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feed- • Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao
back” do serviço a mim requerido. próprio lar.
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho
b) indicar uma citação textual. de casa).
Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, • Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de
bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. bordo.
( O prazer de viajar - Eça de Queirós) Voltou à terra onde nascera.
Chegamos à terra dos nossos ancestrais.
Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fi- Mas:
zer necessário a utilização de novas aspas, estas serão Os marinheiros vieram a terra.
simples. ( ' ' ) O comandante desceu a terra.
Recursos alternativos para pontuação: • Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina
Parágrafo ( § ) que aceite o artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indi-
Chave ( { } ) ferentemente:
Colchete ( [ ] ) Vou até a (á ) chácara.
Barra ( / ) Cheguei até a(à) muralha
Autoria: Monoel Jorge Franca • A QUE - À QUE
http://www.coladaweb.com/ Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com
o feminino ocorrerá crase:
Houve um palpite anterior ao que você deu.
CRASE
Houve uma sugestão anterior à que você deu.
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o
Crase é a fusão da preposição A com outro A. feminino não ocorrerá crase.
Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem. Não gostei do filme a que você se referia.
Não gostei da peça a que você se referia.
EMPREGO DA CRASE O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - prono-
• em locuções adverbiais: me demonstrativo A que ocorre antes do QUE (prono-
à vezes, às pressas, à toa... me relativo), pode ocorrer antes do de:
• em locuções prepositivas: Meu palpite é igual ao de todos
em frente à, à procura de... Minha opinião é igual à de todos.
• em locuções conjuntivas:
à medida que, à proporção que... NÃO OCORRE CRASE
• pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, • antes de nomes masculinos:
aquelas, aquilo, a, as Andei a pé.
Fui ontem àquele restaurante. Andamos a cavalo.
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no • antes de verbos:
salão: Ela começa a chorar.
Refiro-me àquilo e não a isto. Cheguei a escrever um poema.
• em expressões formadas por palavras repetidas:
A CRASE É FACULTATIVA Estamos cara a cara.
• diante de pronomes possessivos femininos: • antes de pronomes de tratamento, exceto senhora,
Entreguei o livro a(à) sua secretária . senhorita e dona:
• diante de substantivos próprios femininos: Dirigiu-se a V. Sa com aspereza.
Dei o livro à(a) Sônia. Escrevi a Vossa Excelência.
Dirigiu-se gentilmente à senhora.
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE • quando um A (sem o S de plural) preceder um nome
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes plural:
admitirem o artigo A: Não falo a pessoas estranhas.
Viajaremos à Colômbia. Jamais vamos a festas.
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia)
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo:
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Curitiba, Brasília, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas,
Porto Alegre, São Paulo, Madri, Veneza, etc.
Viajaremos a Curitiba.

Língua Portuguesa 17
TJ MG

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. ba


louvar censurar
Sinônimo
bendi-
maldizer
Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha zer
significado idêntico ou muito semelhante à outra. ativo inativo
Exemplos: carro e automóvel, cão e cachorro. simpá-
O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante antipático
tico
para que se evitem repetições desnecessárias na
construção de textos, evitando que se tornem enfadonhos. pro-
regredir
gredir
Eufemismo rápido lento
Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar sair entrar
o impacto, normalmente negativo, de algumas palavras
sozi- acompa-
(figura de linguagem conhecida como eufemismo).
nho nhado
Exemplos:
 gordo - obeso con-
discórdia
córdia
 morrer - falecer
pesado leve
Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos quente frio
Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos. pre-
Sinônimos Perfeitos ausente
sente
Se o significado é idêntico.
Exemplos: escuro claro
 avaro – avarento, inveja admiração
 léxico – vocabulário,
 falecer – morrer,
Homógrafo
 escarradeira – cuspideira,
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na
 língua – idioma escrita e diferentes na pronúncia.
 catorze - quatorze Exemplos
 rego (subst.) e rego (verbo);
Sinônimos Imperfeitos
 colher (verbo) e colher (subst.);
Se os signIficados são próximos, porém não idênticos.
Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso  jogo (subst.) e jogo (verbo);
 Sede: lugar e Sede: avidez;
Antônimo  Seca: pôr a secar e Seca: falta de água.
Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha Homófono
significado contrário (também oposto ou inverso) à outra. Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais.
O emprego de antônimos na construção de frases pode Existem dois tipos de palavras homófonas, que são:
ser um recurso estilístico que confere ao trecho  Homófonas heterográficas
empregado uma forma mais erudita ou que chame atenção  Homófonas homográficas
do leitor ou do ouvinte. Homófonas heterográficas
Pala- Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na
Antônimo
vra pronúncia), mas heterográficas (diferentes na escrita).
aberto fechado Exemplos
cozer / coser;
alto baixo
cozido / cosido;
bem mal censo / senso
bom mau consertar / concertar
bonito feio conselho / concelho
paço / passo
demais de menos noz / nós
doce salgado hera / era
forte fraco ouve / houve
voz / vós
gordo magro cem / sem
salga- acento / assento
insosso
do Homófonas homográficas
amor ódio Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na
pronúncia), e homográficas (iguais na escrita).
seco molhado
Exemplos
grosso fino Ele janta (verbo) / A janta está pronta
duro mole (substantivo); No caso, janta é inexistente na
doce amargo língua portuguesa por enquanto, já que deriva do
substantivo jantar, e está classificado como
grande pequeno neologismo.
sober- humildade

Língua Portuguesa 18
TJ MG

Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
fizemos foi bonito (substantivo).
As palavras podem ser empregadas no sentido próprio
Parônimo ou no sentido figurado:
Parônimo é uma palavra que apresenta sentido Construí um muro de pedra - sentido próprio
diferente e forma semelhante a outra, que provoca, com Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
alguma freqüência, confusão. Essas palavras apresentam A água pingava lentamente – sentido próprio.
grafia e pronúncia parecida, mas com significados
diferentes. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTAN-
O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou TIVO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, AD-
seja, a pronúncia de palavras parônimas pode ser a VÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO E
mesma.Palavras parônimas são aquelas que têm grafia e SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTA-
pronúncia parecida. BELECEM. VOZES VERBAIS: ATIVA E PASSIVA.
Exemplos
Veja alguns exemplos de palavras parônimas:
acender. verbo - ascender. subir SUBSTANTIVOS
acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para
sentar-se Substantivo é a palavra variável em gênero, número e
cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa grau, que dá nome aos seres em geral.
comprimento. extensão - cumprimento. saudação
coro (cantores) - couro (pele de animal) São, portanto, substantivos.
deferimento. concessão - diferimento. adiamento a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro,
delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender cadeira, cachorra, Valéria, Talita, Humberto, Paris, Ro-
descrição. representação - discrição. reserva ma, Descalvado.
descriminar. inocentar - discriminar. distinguir b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados
despensa. compartimento - dispensa. desobriga como seres: trabalho, corrida, tristeza beleza altura.
destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato)
emergir. vir à tona - imergir. mergulhar CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
eminência. altura, excelência - iminência. proximidade a) COMUM - quando designa genericamente qualquer
de ocorrência elemento da espécie: rio, cidade, pais, menino, aluno
emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um deter-
enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar minado elemento. Os substantivos próprios são sempre
enformar. meter em fôrma - informar. avisar grafados com inicial maiúscula: Tocantins, Porto Alegre,
entender. compreender - intender. exercer vigilância Brasil, Martini, Nair.
lenimento. suavizante - linimento. medicamento para c) CONCRETO - quando designa os seres de existência
fricções real ou não, propriamente ditos, tais como: coisas, pes-
migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar soas, animais, lugares, etc. Verifique que é sempre pos-
um país para morar em outro - imigrar. entrar num país sível visualizar em nossa mente o substantivo concreto,
vindo de outro mesmo que ele não possua existência real: casa, cadei-
peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo ra, caneta, fada, bruxa, saci.
recrear. divertir - recriar. criar de novo d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não exis-
se. pronome átono, conjugação - si. espécie de tem por si, isto é, só existem em nossa consciência, co-
brinquedo mo fruto de uma abstração, sendo, pois, impossível vi-
vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa sualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos vão,
venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho portanto, designar ações, estados ou qualidades, toma-
vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do dos como seres: trabalho, corrida, estudo, altura, largu-
singular ra, beleza.
Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados
DENOTAÇAO E CONOTAÇAO de verbos ou adjetivos
trabalhar - trabalho
A denotação é a propriedade que possui uma palavra correr - corrida
de limitar-se a seu próprio conceito, de trazer apenas o alto - altura
seu significado primitivo, original. belo - beleza

A conotação é a propriedade que possui uma palavra FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS


de ampliar-se no seu campo semântico, dentro de um a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra exis-
contexto, podendo causar várias interpretações. tente na língua portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jor-
nal.
Observe os exemplos b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua
Denotação portuguesa: florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornalei-
As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do is- ro.
queiro. c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água,
pé, couve, ódio, tempo, sol.
Conotação d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radi-
As estrelas do cinema. cal: água-de-colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-
O jardim vestiu-se de flores perfeito, girassol.
O fogo da paixão
COLETIVOS
Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular,

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designa um grupo de seres da mesma espécie. vara - de porcos


vocabulário - de palavras
Veja alguns coletivos que merecem destaque:
alavão - de ovelhas leiteiras FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
alcateia - de lobos Como já assinalamos, os substantivos variam de gêne-
álbum - de fotografias, de selos ro, número e grau.
antologia - de trechos literários escolhidos
armada - de navios de guerra Gênero
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc) Em Português, o substantivo pode ser do gênero mas-
arquipélago - de ilhas culino ou feminino: o lápis, o caderno, a borracha, a cane-
assembleia - de parlamentares, de membros de asso- ta.
ciações
atilho - de espigas de milho Podemos classificar os substantivos em:
atlas - de cartas geográficas, de mapas a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam
banca - de examinadores duas formas, uma para o masculino, outra para o femi-
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios nino:
bando - de aves, de pessoal em geral aluno/aluna homem/mulher
cabido - de cônegos menino /menina carneiro/ovelha
cacho - de uvas, de bananas Quando a mudança de gênero não é marcada pela de-
cáfila - de camelos sinência, mas pela alteração do radical, o substantivo
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves denomina-se heterônimo:
cancioneiro - de poemas, de canções padrinho/madrinha bode/cabra
caravana - de viajantes cavaleiro/amazona pai/mãe
cardume - de peixes
clero - de sacerdotes b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresen-
colmeia - de abelhas tam uma única forma, tanto para o masculino como pa-
concílio - de bispos ra o feminino. Subdividem-se em:
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes,
congregação - de professores, de religiosos que designam animais: onça, jacaré, tigre, borboleta,
congresso - de parlamentares, de cientistas foca.
conselho - de ministros Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o
consistório - de cardeais sob a presidência do papa feminino, devemos acrescentar as palavras macho ou
constelação - de estrelas fêmea: onça macho, jacaré fêmea
corja - de vadios 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substanti-
elenco - de artistas vos uniformes que designam pessoas. Neste caso, a
enxame - de abelhas diferença de gênero é feita pelo artigo, ou outro deter-
enxoval - de roupas minante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a es-
esquadra - de navios de guerra tudante, este dentista.
esquadrilha - de aviões 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes
falange - de soldados, de anjos que designam pessoas. Neste caso, a diferença de gê-
farândola - de maltrapilhos nero não é especificada por artigos ou outros determi-
fato - de cabras nantes, que serão invariáveis: a criança, o cônjuge, a
fauna - de animais de uma região pessoa, a criatura.
feixe - de lenha, de raios luminosos Caso se queira especificar o gênero, procede-se as-
flora - de vegetais de uma região sim:
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo
girândola - de fogos de artifício feminino.
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros
junta - de bois, médicos, de examinadores AIguns substantivos que apresentam problema quanto
júri - de jurados ao Gênero:
legião - de anjos, de soldados, de demônios São masculinos
malta - de desordeiros São femininos
manada - de bois, de elefantes o anátema o grama (unidade a abusão a derme
matilha - de cães de caça o telefonema de peso) a aluvião a omo-
ninhada - de pintos o teorema o dó (pena, com- a análise plata
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o trema paixão) a cal a usu-
panapaná - de borboletas o edema o ágape a cataplas- capião
pelotão - de soldados o eclipse o caudal ma a baca-
penca - de bananas, de chaves o lança- o champanha a dinamite nal
pinacoteca - de pinturas perfume o alvará a comichão a líbido
plantel - de animais de raça, de atletas o fibroma o formicida a aguarden- a senti-
quadrilha - de ladrões, de bandidos o estratagema o guaraná te nela
ramalhete - de flores o proclama o plasma a hélice
réstia - de alhos, de cebolas o clã
récua - de animais de carga
romanceiro - de poesias populares Mudança de Gênero com mudança de sentido
resma - de papel Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mu-
revoada - de pássaros dam de sentido.
súcia - de pessoas desonestas

Língua Portuguesa 20
TJ MG

Veja alguns exemplos: a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, a-


o cabeça (o chefe, o a cabeça (parte do corpo) guardentes; claraboia, claraboias; malmequer, mal-
líder) a capital (cidade principal) mequeres; vaivém, vaivéns;
o capital (dinheiro, bens) a rádio (estação transmis- b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-
o rádio (aparelho recep- sora) mestre, grão-mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-
tor) a moral (parte da Filosofia, prazer, bel-prazeres;
o moral (ânimo) conclusão) c) nos compostos de verbo ou palavra invariável segui-
o lotação (veículo) a lotação (capacidade) da de substantivo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores;
o lente (o professor) a lente (vidro de aumento) quebra-sol, quebra-sóis; guarda-comida, guarda-
comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, sem-
Plural dos Nomes Simples pre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas me-
1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acres- la-mela, mela-melas; recoreco, recorecos; tique-
centa-se S: casa, casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, tique, tique-tiques)
mães.
2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em: 2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite,
balcões; coração, corações; grandalhão, grandalhões. copos-de-leite; pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-
b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capi- meia, pés-de-meia; burro-sem-rabo, burros-sem-
tães; guardião, guardiães. rabo;
c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indi-
oxítonos): cristão, cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; cando finalidade ou limitando a significação do pri-
sótão, sótãos. meiro: pombo-correio, pombos-correio; navio-escola,
navios-escola; peixe-espada, peixes-espada; bana-
Muitos substantivos com esta terminação apresentam na-maçã, bananas-maçã.
mais de uma forma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; A tendência moderna é de pluralizar os dois elemen-
charlatão, charlatões ou charlatães; ermitão, ermitãos ou tos: pombos-correios, homens-rãs, navios-escolas,
ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc. etc.

3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. 3. Ambos os elementos são flexionados:


armazém, armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns. a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta- flor, couves-flores; redator-chefe, redatores-chefes;
se-lhes ES: lar, lares; xadrez, xadrezes; abdômen, ab- carta-compromisso, cartas-compromissos.
domens (ou abdômenes); hífen, hífens (ou hífenes). b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, câ- versa): amor-perfeito, amores-perfeitos; gentil-
nones. homem, gentis-homens; cara-pálida, caras-pálidas.
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por
is: animal, animais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, São invariáveis:
pauis. a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. fala-pouco; o pisa-mansinho, os pisa-mansinho; o
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o cola-tudo, os cola-tudo;
plural em: fóssil, fósseis; réptil, répteis. b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l chove-não-molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-
para S: barril, barris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. copo, os não-bebe-nem-desocupa-o-copo;
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quan- c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os
do paroxítonos: o pires, os pires; o lápis, os lápis. Quan- leva-e-traz; o perde-ganha, os perde-ganha.
do oxítonas ou monossílabos tônicos, junta-se-lhes ES, Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural,
retira-se o acento gráfico, português, portugueses; bur- como é o caso por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães
guês, burgueses; mês, meses; ás, ases. ou frutas-pães; guarda-marinha, guarda-marinhas ou
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariá- guardas-marinhas; padre-nosso, padres-nossos ou
veis, também, os substantivos terminados em X com va- padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
lor de KS: o tórax, os tórax; o ônix, os ônix. salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xe-
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexio- ques-mate.
nando-se o substantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-
se, porém, o S do substantivo primitivo: coração, cora- Adjetivos Compostos
çõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho, cãezitos. Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se
flexiona. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos;
Substantivos só usados no plural latino-americanos, latino-americanos; cívico-militar, cívico-
afazeres anais militares.
arredores belas-artes 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são inva-
cãs condolências riáveis, quando o segundo elemento é um substanti-
confins exéquias vo: lentes verde-garrafa, tecidos amarelo-ouro, pare-
férias fezes des azul-piscina.
núpcias óculos 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elemen-
olheiras pêsames tos variam: surdos-mudos > surdas-mudas.
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes) 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-
marinho.
Plural dos Nomes Compostos
Graus do substantivo
1. Somente o último elemento varia: Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o

Língua Portuguesa 21
TJ MG

diminutivo, os quais podem ser: sintéticos ou analíticos. Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos
adjetivos é semelhante a dos substantivos.
Analítico
Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a dimi- Número
nuição do tamanho: boca pequena, prédio imenso, livro a) Adjetivo simples
grande. Os adjetivos simples formam o plural da mesma
maneira que os substantivos simples:
Sintético pessoa honesta pessoas honestas
Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apre- regra fácil regras fáceis
sentados. homem feliz homens felizes
Observação: os substantivos empregados como ad-
Principais sufixos aumentativos jetivos ficam invariáveis:
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, blusa vinho blusas vinho
ASTRO, ÁZIO, ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, camisa rosa camisas rosa
grandalhão, corpanzil, caldeirão, povaréu, bocarra, homen- b) Adjetivos compostos
zarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentuça. Como regra geral, nos adjetivos compostos somen-
te o último elemento varia, tanto em gênero quanto
Principais Sufixos Diminutivos em número:
ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, acordos sócio-político-econômico
ICO, TIM, ZINHO, ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, acordos sócio-político-econômicos
ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho, montículo, casebre, causa sócio-político-econômica
livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim, causas sócio-político-econômicas
pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, acordo luso-franco-brasileiro
papelucho, glóbulo, homúncula, apícula, velhusco. acordo luso-franco-brasileiros
lente côncavo-convexa
Observações: lentes côncavo-convexas
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados camisa verde-clara
contextos, adquirem valor pejorativo: medicastro, poe- camisas verde-claras
tastro, velhusco, mulherzinha, etc. Outros associam o sapato marrom-escuro
valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu, etc. sapatos marrom-escuros
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às Observações:
palavras valor afetivo: Joãozinho, amorzinho, etc. 1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é composto fica invariável:
meramente formal, pois não dão à palavra nenhum camisa verde-abacate camisas verde-
daqueles dois sentidos: cartaz, ferrão, papelão, cartão, abacate
folhinha, etc. sapato marrom-café sapatos marrom-café
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro
aumentativo e diminutivo, quase sempre de maneira 2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste
afetiva: bonitinho, grandinho, bonzinho, pequenito. ficam invariáveis:
blusa azul-marinho blusas azul-marinho
Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou des- camisa azul-celeste camisas azul-celeste
conexos. Em lugar de indicarem o gênero pela flexão ou 3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo,
pelo artigo, apresentam radicais diferentes para designar o ambos os elementos variam:
sexo: menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
bode - cabra genro - nora menina surda-muda meninas surdas-mudas
burro - besta padre - madre
carneiro - ovelha padrasto - madrasta Graus do Adjetivo
cão - cadela padrinho - madrinha As variações de intensidade significativa dos adjetivos
cavalheiro - dama pai - mãe podem ser expressas em dois graus:
compadre - comadre veado - cerva - o comparativo
frade - freira zangão - abelha - o superlativo
frei – soror etc.
Comparativo
ADJETIVOS Ao compararmos a qualidade de um ser com a de ou-
tro, ou com uma outra qualidade que o próprio ser possui,
FLEXÃO DOS ADJETIVOS podemos concluir que ela é igual, superior ou inferior. Daí
os três tipos de comparativo:
Gênero - Comparativo de igualdade:
Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser: O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral.
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente.
os dois gêneros: homem inteligente - mulher inteli- - Comparativo de superioridade:
gente; homem simples - mulher simples; aluno feliz O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro.
- aluna feliz. Este automóvel é mais confortável que (ou do que)
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para econômico.
o masculino, outra para o feminino: homem simpá- - Comparativo de inferioridade:
tico / mulher simpática / homem alto / mulher alta / A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro.
aluno estudioso / aluna estudiosa Este automóvel é menos econômico que (ou do
que) confortável.

Língua Portuguesa 22
TJ MG

Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado terrível - terribilíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
grau de intensidade, usamos o superlativo, que pode ser velho - vetérrimo
absoluto ou relativo: voraz - voracíssimo
- Superlativo absoluto
Neste caso não comparamos a qualidade com a de Adjetivos Gentílicos e Pátrios
outro ser: Argélia – argelino Bagdá - bagdali
Esta cidade é poluidíssima. Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
Esta cidade é muito poluída. Bóston - bostoniano Braga - bracarense
- Superlativo relativo Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
Consideramos o elevado grau de uma qualidade, Bucareste - bucarestino, Buenos Aires - portenho, bue-
relacionando-a a outros seres: -bucarestense nairense
Este rio é o mais poluído de todos. Cairo - cairota Campos - campista
Este rio é o menos poluído de todos. Canaã - cananeu Caracas - caraquenho
Catalunha - catalão Ceilão - cingalês
Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético Chicago - chicaguense Chipre - cipriota
ou analítico: Coimbra - coimbrão, Córdova - cordovês
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio conimbricense Creta - cretense
de intensidade - muito trabalhador, excessivamente Córsega - corso Cuiabá - cuiabano
frágil, etc. Croácia - croata EI Salvador - salvadorenho
- Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + Egito - egípcio Espírito Santo - espírito-
sufixo) – antiquíssimo: cristianíssimo, sapientíssi- Equador - equatoriano santense, capixaba
mo, etc. Filipinas - filipino Évora - eborense
Florianópolis - floriano- Finlândia - finlandês
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, politano Formosa - formosano
para o comparativo e o superlativo, as seguintes formas Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense
especiais: Gabão - gabonês Galiza - galego
NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino
ABSOLUTO Goiânia - goianense Granada - granadino
RELATIVO Groenlândia - groenlan- Guatemala - guatemalteco
bom melhor ótimo dês Haiti - haitiano
melhor Guiné - guinéu, guine- Honduras - hondurenho
mau pior péssimo ense Ilhéus - ilheense
pior Himalaia - himalaico Jerusalém - hierosolimita
grande maior máximo Hungria - húngaro, ma- Juiz de Fora - juiz-forense
maior giar Lima - limenho
pequeno menor mínimo Iraque - iraquiano Macau - macaense
menor João Pessoa - pessoen- Madagáscar - malgaxe
se Manaus - manauense
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sinté- La Paz - pacense, pa- Minho - minhoto
ticos: cenho Mônaco - monegasco
acre - acérrimo ágil - agílimo Macapá - macapaense Natal - natalense
agradável - agradabilís- agudo - acutíssimo Maceió - maceioense Nova lguaçu - iguaçuano
simo amável - amabilíssimo Madri - madrileno Pisa - pisano
amargo - amaríssimo antigo - antiquíssimo Marajó - marajoara Póvoa do Varzim - poveiro
amigo - amicíssimo atroz - atrocíssimo Moçambique - moçam- Rio de Janeiro (Est.) - flumi-
áspero - aspérrimo benéfico - beneficentíssimo bicano nense
audaz - audacíssimo capaz - capacíssimo Montevidéu - montevi- Rio de Janeiro (cid.) - carioca
benévolo - benevolen- cristão - cristianíssimo deano Rio Grande do Norte - poti-
tíssimo doce - dulcíssimo Normândia - normando guar
célebre - celebérrimo feroz - ferocíssimo Pequim - pequinês Salvador – salvadorenho, sote-
cruel - crudelíssimo frágil - fragilíssimo Porto - portuense ropolitano
eficaz - eficacíssimo humilde - humílimo (humildís- Quito - quitenho Toledo - toledano
fiel - fidelíssimo simo) Santiago - santiaguense Rio Grande do Sul - gaúcho
frio - frigidíssimo inimigo - inimicíssimo São Paulo (Est.) - pau- Varsóvia - varsoviano
incrível - incredibilíssimo jovem - juveníssimo lista Vitória - vitoriense
íntegro - integérrimo magnífico - magnificentíssimo São Paulo (cid.) - paulis-
livre - libérrimo maléfico - maleficentíssimo tano
magro - macérrimo miúdo - minutíssimo Terra do Fogo - fuegui-
manso - mansuetíssimo nobre - nobilíssimo no
negro - nigérrimo (ne- pobre - paupérrimo (pobrís- Três Corações - tricordi-
gríssimo) simo) ano
pessoal - personalíssi- preguiçoso - pigérrimo Tripoli - tripolitano
mo provável - probabilíssimo Veneza - veneziano
possível - possibilíssimo pudico - pudicíssimo
próspero - prospérrimo sagrado - sacratíssimo Locuções Adjetivas
público - publicíssimo sensível - sensibilíssimo As expressões de valor adjetivo, formadas de preposi-
sábio - sapientíssimo tenro - tenerissimo ções mais substantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJE-
salubre - salubérrimo tétrico - tetérrimo TIVAS. Estas, geralmente, podem ser substituídas por um
simples – simplicíssimo visível - visibilíssimo adjetivo correspondente.

Língua Portuguesa 23
TJ MG

fala, embora a concordância deva ser feita com a terceira


PRONOMES pessoa. Convém notar que, exceção feita a você, esses
pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
Pronome é a palavra variável em gênero, número e
pessoa, que representa ou acompanha o substantivo, Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
indicando-o como pessoa do discurso. Quando o pronome PRONOME ABREV. EMPREGO
representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
a
substantivo. Vossa Eminência V .Em cardeais
a
• Ele chegou. (ele) Vossa Excelência V.Ex altas autoridades em
a
• Convidei-o. (o) geral Vossa Magnificência V. Mag reito-
res de universidades
a
Quando o pronome vem determinando o substantivo, Vossa Reverendíssima V. Revm sa-
restringindo a extensão de seu significado, dizemos tratar- cerdotes em geral
se de pronome adjetivo. Vossa Santidade V.S. papas
a
• Esta casa é antiga. (esta) Vossa Senhoria V.S funcionários gradua-
• Meu livro é antigo. (meu) dos
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
Classificação dos Pronomes
Há, em Português, seis espécies de pronomes: São também pronomes de tratamento: o senhor, a se-
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as nhora, você, vocês.
formas oblíquas de tratamento:
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
flexões; 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, E-
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, LE/ELA, NÓS, VÓS, ELES/ELAS) devem ser empre-
isso, aquilo; gados na função sintática de sujeito. Considera-se er-
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, rado seu emprego como complemento:
onde; Convidaram ELE para a festa (errado)
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, cer- Receberam NÓS com atenção (errado)
to, pouco, vários, tanto quanto, qualquer e flexões; EU cheguei atrasado (certo)
alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo. ELE compareceu à festa (certo)
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, emprega- 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes
dos em frases interrogativas. oblíquos e não os pronomes retos:
Convidei ELE (errado)
PRONOMES PESSOAIS Chamaram NÓS (errado)
Pronomes pessoais são aqueles que representam as Convidei-o. (certo)
pessoas do discurso: Chamaram-NOS. (certo)
1ª pessoa: quem fala, o emissor. 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando anteci-
Eu sai (eu) pados de preposição, passam a funcionar como oblí-
Nós saímos (nós) quos. Neste caso, considera-se correto seu emprego
Convidaram-me (me) como complemento:
Convidaram-nos (nós) Informaram a ELE os reais motivos.
2ª pessoa: com quem se fala, o receptor. Emprestaram a NÓS os livros.
Tu saíste (tu) Eles gostam muito de NÓS.
Vós saístes (vós) 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito.
Convidaram-te (te) Considera-se errado seu emprego como complemento:
Convidaram-vos (vós) Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente. Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
Ele saiu (ele)
Eles sairam (eles) Como regra prática, podemos propor o seguinte: quan-
Convidei-o (o) do precedidas de preposição, não se usam as formas retas
Convidei-os (os) EU e TU, mas as formas oblíquas MIM e TI:
Ninguém irá sem EU. (errado)
Os pronomes pessoais são os seguintes: Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado)
Ninguém irá sem MIM. (certo)
NÚME- PESSOA CASO CASO OBLÍQUO Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo)
RO RETO
singular 1ª eu me, mim, comigo Há, no entanto, um caso em que se empregam as for-
2ª tu te, ti, contigo mas retas EU e TU mesmo precedidas por preposição:
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, quando essas formas funcionam como sujeito de um verbo
lhe no infinitivo.
plural 1ª nós nós, conosco Deram o livro para EU ler (ler: sujeito)
2ª vós vós, convosco Deram o livro para TU leres (leres: sujeito)
3ª eles, se, si, consigo, os, as,
elas lhes Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas
EU e TU é obrigatório, na medida em que tais pronomes
PRONOMES DE TRATAMENTO exercem a função sintática de sujeito.
Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os 5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser
pronomes de tratamento. Referem-se à pessoa a quem se empregados somente como reflexivos. Considera-se
errada qualquer construção em que os referidos pro-

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nomes não sejam reflexivos: Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
Querida, gosto muito de SI. (errado) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) oblíquos:
Querida, gosto muito de você. (certo) A mim, ninguém me engana.
Preciso muito falar com você. (certo) A ti tocou-te a máquina mercante.

Observe que nos exemplos que seguem não há erro Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não
algum, pois os pronomes SE, SI, CONSIGO, foram em- constitui pleonasmo vicioso e sim ênfase.
pregados como reflexivos:
Ele feriu-se 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pro-
Cada um faça por si mesmo a redação nomes possessivo, exercendo função sintática de ad-
O professor trouxe as provas consigo junto adnominal:
Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus
utilizados normalmente em sua forma sintética. Caso conselhos.
haja palavra de reforço, tais pronomes devem ser
substituídos pela forma analítica: 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois para representar uma única pessoa (singular), adqui-
Queriam conversar convosco = Queriam conversar rindo valor cerimonioso ou de modéstia:
com vós próprios. Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o proble-
ma das enchentes.
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados Vós sois minha salvação, meu Deus!
entre si. As combinações possíveis são as seguintes:
me+o=mo me + os = mos 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de
te+o=to te + os = tos VOSSA, quando nos dirigimos à pessoa representada
lhe+o=lho lhe + os = lhos pelo pronome, e por SUA, quando falamos dessa pes-
nos + o = no-lo nos + os = no-los soa:
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
lhes + o = lho lhes + os = lhos Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Sua Excelência, o governador, deverá estar presente
A combinação também é possível com os pronomes na inauguração.
oblíquos femininos a, as.
me+a=ma me + as = mas 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA
te+a=ta te + as = tas MAJESTADE, VOSSA ALTEZA) embora se refiram à
- Você pagou o livro ao livreiro? pessoa com quem falamos (2ª pessoa, portanto), do
- Sim, paguei-LHO. ponto de vista gramatical, comportam-se como prono-
mes de terceira pessoa:
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão Você trouxe seus documentos?
de LHE (que representa o livreiro) com O (que representa Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus
o livro). problemas.

8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empre- COLOCAÇÃO DE PRONOMES


gadas como complemento de verbos transitivos dire- Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE,
tos, ao passo que as formas LHE, LHES são emprega- SE, LHE, O, A, NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar
das como complemento de verbos transitivos indiretos: três posições:
O menino convidou-a. (V.T.D ) 1. Antes do verbo - próclise
O filho obedece-lhe. (V.T. l ) Eu te observo há dias.
2. Depois do verbo - ênclise
Consideram-se erradas construções em que o prono- Observo-te há dias.
me O (e flexões) aparece como complemento de verbos 3. No interior do verbo - mesóclise
transitivos indiretos, assim como as construções em que o Observar-te-ei sempre.
nome LHE (LHES) aparece como complemento de verbos
transitivos diretos: Ênclise
Eu lhe vi ontem. (errado) Na linguagem culta, a colocação que pode ser conside-
Nunca o obedeci. (errado) rada normal é a ênclise: o pronome depois do verbo, fun-
Eu o vi ontem. (certo) cionando como seu complemento direto ou indireto.
Nunca lhe obedeci. (certo) O pai esperava-o na estação agitada.
Expliquei-lhe o motivo das férias.
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo
pode funcionar como sujeito. Isto ocorre com os ver- Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de es-
bos: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir, ver, seguidos tilo cuidadoso, a ênclise é a colocação recomendada nos
de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse infiniti- seguintes casos:
vo: 1. Quando o verbo iniciar a oração:
Deixei-o sair. Voltei-me em seguida para o céu límpido.
Vi-o chegar. 2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de
Sofia deixou-se estar à janela. pausa:
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblí- 3. Com o imperativo afirmativo:
quos, desenvolvendo as orações reduzidas de infinitivo: Companheiros, escutai-me.

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4. Com o infinitivo impessoal: do pronome no início da oração, o que se deve evitar na


A menina não entendera que engorda-las seria apres- linguagem escrita.
sar-lhes um destino na mesa.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM: PRONOMES POSSESSIVOS
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética. discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma peque-
na moeda de meio franco. Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu”
informa que o livro pertence a 1ª pessoa (eu)
Próclise
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: Eis as formas dos pronomes possessivos:
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relati- 1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
vos, indefinidos, interrogativos e conjunções. 2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
As crianças que me serviram durante anos eram bi- 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
chos. 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOS-
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. SAS.
Quem lhe ensinou esses modos? 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOS-
Quem os ouvia, não os amou. SAS.
Que lhes importa a eles a recompensa? 3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira
vez. Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo): se à 3ª pessoa (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do
Papai do céu o abençoe. discurso (seu pai = o pai de você).
A terra lhes seja leve.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM: Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem
Em se animando, começa a contagiar-nos. margem a ambiguidade, devem ser substituídos pelas
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. expressões dele(s), dela(s).
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
sem que haja pausa entre eles. A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa de-
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova. les.
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra. Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.

Mesóclise Os possessivos devem ser usados com critério. Substi-


Usa-se o pronome no interior das formas verbais do fu- tuí-los pelos pronomes oblíquos comunica á frase desen-
turo do presente e do futuro do pretérito do indicativo, voltura e elegância.
desde que estes verbos não estejam precedidos de pala- Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em
vras que reclamem a próclise. vez de: beijou as suas mãos).
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. Não me respeitava a adolescência.
Dir-se-ia vir do oco da terra. A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Mas:
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes ex-
Jamais se diria vir do oco da terra. primir:
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: 1. Cálculo aproximado, estimativa:
Lembrarei-me (!?) Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Diria-se (!?) 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem
de uma história
O Pronome Átono nas Locuções Verbais O nosso homem não se deu por vencido.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir Chama-se Falcão o meu homem
proclítico ou enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
principal. Eu cá tenho minhas dúvidas
Podemos contar-lhe o ocorrido. Cornélio teve suas horas amargas
Podemos-lhe contar o ocorrido. 4. Afetividade, cortesia
Não lhes podemos contar o ocorrido. Como vai, meu menino?
O menino foi-se descontraindo. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
O menino foi descontraindo-se.
O menino não se foi descontraindo. No plural usam-se os possessivos substantivados no
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclí- sentido de parentes de família.
tico ou proclítico ao auxiliar, mas nunca enclítico ao É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
particípio. Podem os possessivos ser modificados por um advér-
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter- bio de intensidade.
me levado a Descartes ." Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto
Tenho-me levantado cedo. tão seu, quando não sabia o que dizer.
Não me tenho levantado cedo.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infini- São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço,
tivo, ou entre o auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, a posição da coisa designada em relação à pessoa grama-
mesmo na linguagem culta. Outro aspecto evidente, sobre- tical.
tudo na linguagem coloquial e popular, é o da colocação

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Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não
encontra perto de mim a pessoa que fala. Por outro lado, está muito distante.
“esse livro” indica que o livro está longe da pessoa que fala 3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se:
e próximo da que ouve; “aquele livro” indica que o livro a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pes-
está longe de ambas as pessoas. soas e refere-se á 3ª.
Aquele documento que lá está é teu?
Os pronomes demonstrativos são estes: Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa Naquele instante estava preocupado.
AQUELE (e variações), próprio (e variações) Daquele instante em diante modifiquei-me.
MESMO (e variações), próprio (e variações) Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele
SEMELHANTE (e variação), tal (e variação) ano, aquele século, para exprimir que o tempo já de-
correu.
Emprego dos Demonstrativos 4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já
1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se: mencionadas, usa-se este (ou variações) para a última
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa pessoa ou coisa e aquele (ou variações) para a primei-
(aquela que fala). ra:
Este documento que tenho nas mãos não é meu. Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se
Isto que carregamos pesa 5 kg. encontrava nervoso e aquela tranquila.
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange 5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela
fisicamente: preposição DE, pospostos a substantivos, usam-se a-
Este coração não pode me trair. penas no plural:
Esta alma não traz pecados. Você teria coragem de proferir um palavrão desses,
Tudo se fez por este país.. Rose?
c) Para indicar o momento em que falamos: Com um frio destes não se pode sair de casa.
Neste instante estou tranquilo. Nunca vi uma coisa daquelas.
Deste minuto em diante vou modificar-me. 6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas quando têm caráter reforçativo:
próximo do momento em que falamos: Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. camas.
Um dia destes estive em Porto Alegre. 7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando e-
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos quivale a AQUILO, ISSO ou AQUELE (e variações).
extenso e no qual se inclui o momento em que fala- Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.
mos: O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
Nesta semana não choveu. Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos
Neste mês a inflação foi maior. exames.
Este ano será bom para nós. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela
Este século terminará breve. não ama os homens superiores.
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo
Este assunto já foi discutido ontem. instante:
Tudo isto que estou dizendo já é velho. A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acep-
Só posso lhe dizer isto: nada somos. ção DE ESTE, ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. Tal era a situação do país.
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: Não disse tal.
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa Tal não pôde comparecer.
(aquela com quem se fala):
Esse documento que tens na mão é teu? Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou
Isso que carregas pesa 5 kg. pronome (atitudes tais merecem cadeia, esses tais mere-
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange cem cadeia), quando acompanha QUE, formando a ex-
fisicamente: pressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como Que
Esse teu coração me traiu. tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlati-
Essa alma traz inúmeros pecados. vo DE QUAL ou OUTRO TAL:
Quantos vivem nesse pais? Suas manias eram tais quais as minhas.
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou A mãe era tal quais as filhas.
aquilo de que desejamos distância: Os filhos são tais qual o pai.
O povo já não confia nesses políticos. Tal pai, tal filho.
Não quero mais pensar nisso. É pronome substantivo em frases como:
ª
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2 pes- Não encontrarei tal (= tal coisa).
soa: Não creio em tal (= tal coisa)
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde.
O que você quer dizer com isso? PRONOMES RELATIVOS
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do Veja este exemplo:
momento em que falamos: Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Um dia desses estive em Porto Alegre.
Comi naquele restaurante dia desses. A palavra que representa o nome casa, relacionando-
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: se com o termo casa é um pronome relativo.
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.

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PRONOMES RELATIVOS são palavras que represen- Reagir contra quê?


tam nomes já referidos, com os quais estão relacionados. Por que motivo não veio?
Daí denominarem-se relativos. Quem foi?
A palavra que o pronome relativo representa chama-se Qual será?
antecedente. No exemplo dado, o antecedente é casa. Quantos vêm?
Outros exemplos de pronomes relativos: Quantas irmãs tens?
Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
O lugar onde paramos era deserto. VERBO
Traga tudo quanto lhe pertence.
Leve tantos ingressos quantos quiser. CONCEITO
Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu “As palavras em destaque no texto abaixo exprimem
do concurso? ações, situando-as no tempo.
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a quei-
Eis o quadro dos pronomes relativos: xa. Deu-me a receita de como matá-las. Que misturasse
em partes iguais açúcar, farinha e gesso. A farinha e o
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas. Assim
Masculino Feminino fiz. Morreram.”
o qual a qual quem (Clarice Lispector)
os quais as quais
cujo cujos cuja cujas que Essas palavras são verbos. O verbo também pode ex-
quanto quanta quan- onde primir:
quantos tas a) Estado:
Não sou alegre nem sou triste.
Observações: Sou poeta.
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem b) Mudança de estado:
antecedente, vem sempre antecedido de preposição, e Meu avô foi buscar ouro.
equivale a O QUAL. Mas o ouro virou terra.
O médico de quem falo é meu conterrâneo. c) Fenômeno:
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, Chove. O céu dorme.
e precedem sempre um substantivo sem artigo.
Qual será o animal cujo nome a autora não quis reve- VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado,
lar? mudança de estado e fenômeno, situando-se no tempo.
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos
quando precedidos de um dos pronomes indefinidos FLEXÕES
tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas. O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior
Tenho tudo quanto quero. número de flexões na língua portuguesa. Graças a isso,
Leve tantos quantos precisar. uma forma verbal pode trazer em si diversas informações.
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica:
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antece- • a ação de cantar.
dente e equivale a EM QUE. • a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós).
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô. • o número gramatical (plural).
• o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito).
PRONOMES INDEFINIDOS • o modo como é encarada a ação: um fato realmen-
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, te acontecido no passado (indicativo).
designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, AL-
GUÉM, FULANO, SICRANO, BELTRANO, NADA, Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, mo-
NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO do, tempo e voz.
Exemplos: 1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural:
Algo o incomoda? O menino olhou para o animal com olhos alegres. (sin-
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. gular).
Não faças a outrem o que não queres que te façam. Os meninos olharam para o animal com olhos alegres.
Quem avisa amigo é. (plural).
Encontrei quem me pode ajudar. 2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas
Ele gosta de quem o elogia. gramaticais:
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, 1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser
CERTOS, CERTA CERTAS. a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.:
Cada povo tem seus costumes. Eu adormeço.
Certas pessoas exercem várias profissões. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.:
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. Nós adormecemos.
2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
PRONOMES INTERROGATIVOS a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU.
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefini- Ex.:Tu adormeces.
dos, referem-se de modo impreciso à 3ª pessoa do dis- b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS.
curso. Ex.:Vós adormeceis.
Exemplos: 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Que há? a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE,
Que dia é hoje? ELA. Ex.: Ela adormece.

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b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca
ELAS. Ex.: Eles adormecem. alterações no radical: canto - cantei - cantarei – canta-
3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a va - cantasse.
atitude do falante em relação ao fato que comunica. Há b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca altera-
três modos em português. ções no radical ou nas desinências: faço - fiz - farei - fi-
a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do zesse.
fato. c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjuga-
A cachorra Baleia corria na frente. ção completa, como por exemplo, os verbos falir, abolir
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do e os verbos que indicam fenômenos naturais, como
fato. CHOVER, TROVEJAR, etc.
Talvez a cachorra Baleia corra na frente . d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma
c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um forma com o mesmo valor. Geralmente, essa caracte-
conselho, um pedido rística ocorre no particípio: matado - morto - enxugado
Corra na frente, Baleia. - enxuto.
4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radi-
o fato no tempo, em relação ao momento em que se fa- cal em sua conjugação.
la. Os três tempos básicos são: verbo ser: sou - fui
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala: verbo ir: vou - ia
Fecho os olhos, agito a cabeça.
b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO
anterior àquele em que se fala: 1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujei-
Fechei os olhos, agitei a cabeça. to implícito ou explícito. Quase todos os verbos são
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que pessoais.
se fala: O Nino apareceu na porta.
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça. 2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qual-
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não quer sujeito implícito ou explícito. São utilizados sem-
ocorre com o presente. pre na 3ª pessoa. São impessoais:
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: cho-
Veja o esquema dos tempos simples em português: ver, nevar, ventar, etc.
Presente (falo) Garoava na madrugada roxa.
INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei) b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
Imperfeito (falava) Houve um espetáculo ontem.
Mais- que-perfeito (falara) Há alunos na sala.
Futuro do presente (falarei) Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica
do pretérito (falaria) com seus olhos claros.
Presente (fale) c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno me-
SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse) teorológico.
Futuro (falar) Fazia dois anos que eu estava casado.
Faz muito frio nesta região?
Há ainda três formas que não exprimem exatamente o
tempo em que se dá o fato expresso. São as formas nomi- O VERBO HAVER (empregado impessoalmente)
nais, que completam o esquema dos tempos simples. O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado in-
Infinitivo impessoal (falar) variavelmente na 3ª pessoa do singular - quando significa:
Pessoal (falar eu, falares tu, etc.) 1) EXISTIR
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando) Há pessoas que nos querem bem.
Particípio (falado) Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá.
5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser: Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios.
a) agente do fato expresso. Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
O carroceiro disse um palavrão. 2) ACONTECER, SUCEDER
(sujeito agente) Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
O verbo está na voz ativa. Não haja desavenças entre vós.
b) paciente do fato expresso: Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos.
Um palavrão foi dito pelo carroceiro. 3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passa-
(sujeito paciente) do:
O verbo está na voz passiva. Há meses que não o vejo.
c) agente e paciente do fato expresso: Haverá nove dias que ele nos visitou.
O carroceiro machucou-se. Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava.
(sujeito agente e paciente) O fato aconteceu há cerca de oito meses.
O verbo está na voz reflexiva. Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HA-
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se VER concorda no pretérito imperfeito, e não no presen-
o nome de rizotônica à forma verbal cujo acento tônico te:
está no radical. Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
Falo - Estudam. Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acen- Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tem-
to tônico está fora do radical. po.
Falamos - Estudarei. Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procura-
7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classifi- va.
cam-se em: 4) REALIZAR-SE
a) regulares - são aqueles que possuem as desinências Houve festas e jogos.

Língua Portuguesa 29
TJ MG

Se não chovesse, teria havido outros espetáculos. Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba. Leis".
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases É o chamado presente histórico ou narrativo.
negativas e seguido de infinitivo): - fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
Em pontos de ciência não há transigir. Amanhã vou à escola.
Não há contê-lo, então, no ímpeto. Qualquer dia eu te telefono.
Não havia descrer na sinceridade de ambos. b) Pretérito Imperfeito
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezi- Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para
nhas. designar:
E não houve convencê-lo do contrário. - um fato passado contínuo, habitual, permanente:
Não havia por que ficar ali a recriminar-se. Ele andava à toa.
Nós vendíamos sempre fiado.
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locu- - um fato passado, mas de incerta localização no tempo.
ção adverbial de há muito (= desde muito tempo, há muito É o que ocorre por exemplo, no inicio das fábulas, len-
tempo): das, histórias infantis.
De há muito que esta árvore não dá frutos. Era uma vez...
De há muito não o vejo. - um fato presente em relação a outro fato passado.
Eu lia quando ele chegou.
O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos c) Pretérito Perfeito
verbos que com ele formam locução, os quais, por isso, Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para refe-
permanecem invariáveis na 3ª pessoa do singular: rir um fato já ocorrido, concluído.
Vai haver eleições em outubro. Estudei a noite inteira.
Começou a haver reclamações. Usa-se a forma composta para indicar uma ação que
Não pode haver umas sem as outras. se prolonga até o momento presente.
Parecia haver mais curiosos do que interessados. Tenho estudado todas as noites.
Mas haveria outros defeitos, devia haver outros. d) Pretérito mais-que-perfeito
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação
A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VIS- passada em relação a outro fato passado (ou seja, é o
TO. Pode ser construída de três modos: passado do passado):
Hajam vista os livros desse autor. A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a al-
Haja vista os livros desse autor. cançou.
Haja vista aos livros desse autor. e) Futuro do Presente
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para
CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA apontar um fato futuro em relação ao momento em que
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar se fala.
substancialmente o sentido da frase. Irei à escola.
Exemplo: f) Futuro do Pretérito
Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa) Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para
A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva) assinalar:
- um fato futuro, em relação a outro fato passado.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, - Eu jogaria se não tivesse chovido.
o sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo - um fato futuro, mas duvidoso, incerto.
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. - Seria realmente agradável ter de sair?
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito
Outros exemplos: indica polidez e às vezes, ironia.
Os calores intensos provocam as chuvas. - Daria para fazer silêncio?!
As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei. Modo Subjuntivo
Ele será acompanhado por mim. a) Presente
Todos te louvariam. Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar:
Serias louvado por todos. - um fato presente, mas duvidoso, incerto.
Prejudicaram-me. Talvez eles estudem... não sei.
Fui prejudicado. - um desejo, uma vontade:
Condenar-te-iam. Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos
Serias condenado. professores.
b) Pretérito Imperfeito
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para
a) Presente indicar uma hipótese, uma condição.
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar: Se eu estudasse, a história seria outra.
- um fato que ocorre no momento em que se fala. Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo.
Eles estudam silenciosamente. e) Pretérito Perfeito
Eles estão estudando silenciosamente. Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo
- uma ação habitual. para apontar um fato passado, mas incerto, hipotético,
Corra todas as manhãs. duvidoso (que são, afinal, as características do modo
- uma verdade universal (ou tida como tal): subjuntivo).
O homem é mortal. Que tenha estudado bastante é o que espero.
A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa. d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito
- fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pre- mais-que-perfeito do subjuntivo para indicar um fato
térito para dar maior realce à narrativa. passado em relação a outro fato passado, sempre de

Língua Portuguesa 30
TJ MG

acordo com as regras típicas do modo subjuntivo:


Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a NOMEAR
prova tranquilamente. Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, no-
e) Futuro meamos, nomeais, nomeiam
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava,
futuro já concluído em relação a outro fato futuro. nomeávamos, nomeáveis, nomeavam
Quando eu voltar, saberei o que fazer. Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos,
nomeastes, nomearam
VERBOS IRREGULARES Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, no-
meemos, nomeeis, nomeiem
DAR Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos,
Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão nomeai, nomeiem
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear,
Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, dé- recear, passear
ramos, déreis, deram
Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem COPIAR
Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, désse- Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos,
mos, désseis, dessem copiais, copiam
Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copia-
derem mos, copiastes, copiaram
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copi-
MOBILIAR ara, copiáramos, copiáreis, copiaram
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobi- Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos,
liamos, mobiliais, mobiliam copieis, copiem
Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobi- Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai,
liemos, mobilieis, mobiliem copiem
Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos,
mobiliai, mobiliem ODIAR
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos,
AGUAR odiais, odeiam
Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiá-
aguais, águam vamos, odiáveis, odiavam
Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguas- Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes,
tes, aguaram odiaram
Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara,
agueis, águem odiáramos, odiáreis, odiaram
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos,
MAGOAR odieis, odeiem
Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, mago- Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar,
amos, magoais, magoam ansiar
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos,
magoastes, magoaram CABER
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, mago- Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos,
emos, magoeis, magoem cabeis, cabem
Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos,
caçoar, voar e perdoar coubestes, couberam
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas,
APIEDAR-SE coubera, coubéramos, coubéreis, coube-
Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada- ram
se, apiedamo-nos, apiedais-vos, apia- Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos,
dam-se caibais, caibam
Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade- Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubes-
se, apiedemo-nos, apiedei-vos, apiedem- se, coubéssemos, coubésseis, coubes-
se sem
Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, cou-
bermos, couberdes, couberem
MOSCAR O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no
Presente do indicativo musco, muscas, musca, mos- imperativo afirmativo nem no imperativo negativo
camos, moscais, muscam
Presente do subjuntivo musque, musques, musque, CRER
mosquemos, mosqueis, musquem Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes,
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U crêem
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos,
RESFOLEGAR creiais, creiam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede,
resfolegamos, resfolegais, resfolgam creiam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, Conjugam-se como crer, ler e descrer
resfoleguemos, resfolegueis, resfolguem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece DIZER

Língua Portuguesa 31
TJ MG

Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis,


dizem PROVER
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, disses- Presente do indicativo provejo, provês, provê, prove-
tes, disseram mos, provedes, provêem
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dis- Pretérito imperfeito provia, provias, provia, provía-
sera, disséramos, disséreis, disseram mos, províeis, proviam
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, pro-
dirão vestes, proveram
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras,
diríeis, diriam provera, provêramos, provêreis, proveram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, Futuro do presente proverei, proverás, proverá,
digais, digam proveremos, provereis, proverão
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria,
disséssemos, dissésseis, dissesse proveríamos, proveríeis, proveriam
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, dis- Imperativo provê, proveja, provejamos,
serdes, disserem provede, provejam
Particípio dito Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, pro-
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, vejamos, provejais. provejam
maldizer Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse,
provêssemos, provêsseis, provessem
FAZER Futuro prover, proveres, prover, provermos,
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fa- proverdes, proverem
zeis, fazem Gerúndio provendo
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram Particípio provido
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera,
fizéramos, fizéreis, fizeram QUERER
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos,
farão quereis, querem
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes,
faríeis, fariam quiseram
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, fa- Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, qui-
çam sera, quiséramos, quiséreis, quiseram
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queira-
façais, façam mos, queirais, queiram
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizés- Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse,
semos, fizésseis, fizessem quiséssemos quisésseis, quisessem
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, qui-
fizerdes, fizerem serdes, quiserem
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer
REQUERER
PERDER Presente do indicativo requeiro, requeres, requer,
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perde- requeremos, requereis. requerem
mos, perdeis, perdem Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requere-
Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, mos, requereste, requereram
percais. percam Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras,
Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, requerera, requereramos, requerereis,
percam requereram
Futuro do presente requererei, requererás requere-
PODER rá, requereremos, requerereis, requere-
Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, rão
podeis, podem Futuro do pretérito requereria, requererias, reque-
Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, reria, requereríamos, requereríeis, reque-
podíeis, podiam reriam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudes- Imperativo requere, requeira, requeiramos,
tes, puderam requerer, requeiram
Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pude- Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira,
ra, pudéramos, pudéreis, puderam requeiramos, requeirais, requeiram
Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possa- Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, re-
mos, possais, possam queresse, requerêssemos, requerêsseis,
Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, requeressem,
pudéssemos, pudésseis, pudessem Futuro requerer, requereres, requerer, reque-
Futuro puder, puderes, puder, pudermos, pu- rermos, requererdes, requerem
derdes, puderem Gerúndio requerendo
Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poder- Particípio requerido
des, poderem O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
Gerúndio podendo
Particípio podido REAVER
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no Presente do indicativo reavemos, reaveis
imperativo afirmativo nem no imperativo negativo Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos,

Língua Portuguesa 32
TJ MG

reouvestes, reouveram Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós,


Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, vejam vocês
reouvéramos, reouvéreis, reouveram Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, ve-
Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, jais, vejam
reouvesse, reouvéssemos, reouvés- Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos,
seis, reouvessem vísseis, vissem
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouver- Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
mos, reouverdes, reouverem Particípio visto
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas
formas em que esse apresenta a letra v ABOLIR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis,
SABER abolem
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolía-
sabeis, sabem mos, abolíeis, aboliam
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolis-
soubestes, souberam tes, aboliram
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, aboli-
soubera, soubéramos, soubéreis, soube- ra, abolíramos, abolíreis, aboliram
ram Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboli-
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, remos, abolireis, abolirão
sabíeis, sabiam Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboli-
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubes- ríamos, aboliríeis, aboliriam
se, soubéssemos, soubésseis, soubes- Presente do subjuntivo não há
sem Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse,
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, abolíssemos, abolísseis, abolissem
souberdes, souberem Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolir-
des, abolirem
VALER Imperativo afirmativo abole, aboli
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, Imperativo negativo não há
valeis, valem Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolir-
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, des, abolirem
valhais, valham Infinitivo impessoal abolir
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, Gerúndio abolindo
valham Particípio abolido
O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que de-
TRAZER pois do L do radical há E ou I.
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos,
trazeis, trazem AGREDIR
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredi-
trazíeis, traziam mos, agredis, agridem
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agrida-
trouxestes, trouxeram mos, agridais, agridam
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, Imperativo agride, agrida, agridamos, agre-
trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxe- di, agridam
ram Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, do radical substituído por I.
trareis, trarão
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, COBRIR
traríeis, trariam Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos,
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, cobris, cobrem
tragam Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos,
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, cubrais, cubram
tragais, tragam Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri,
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxes- cubram
se, trouxéssemos, trouxésseis, trouxes- Particípio coberto
sem Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir,
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, engolir
trouxerdes, trouxerem
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, tra- FALIR
zerdes, trazerem Presente do indicativo falimos, falis
Gerúndio trazendo Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falí-
Particípio trazido eis, faliam
Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira,
VER falíramos, falireis, faliram
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
vêem Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos,
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram falireis, falirão
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, vira- Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos,
mos, vireis, viram faliríeis, faliriam

Língua Portuguesa 33
TJ MG

Presente do subjuntivo não há Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos,


Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falísse- peçais, peçam
mos, falísseis, falissem Imperativo pede, peça, peçamos, pedi,
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem peçam
Imperativo afirmativo fali (vós) Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Imperativo negativo não há
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem POLIR
Gerúndio falindo Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis,
Particípio falido pulem
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos,
FERIR pulais, pulam
Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
ferem
Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, REMIR
firam Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redi-
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus mimos, redimis, redimem
derivados. Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redi-
mamos, redimais, redimam
MENTIR
Presente do indicativo minto, mentes, mente, menti- RIR
mos, mentis, mentem Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
mintais, mintam Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
Imperativo mente, minta, mintamos, menti, Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos,
mintam rireis, riram
Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, con- Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis,
sentir, pressentir. rirão
Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis,
FUGIR ririam
Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
fogem Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos,
Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, rísseis, rissem
fujam Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
IR Gerúndio rindo
Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão Particípio rido
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam Conjuga-se como rir: sorrir
Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôra- VIR
mos, fôreis, foram Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vin-
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão des, vêm
Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos,
iriam vínheis, vinham
Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram
Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera,
não vades, não vão viéramos, viéreis, vieram
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis,
Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, virão
fôsseis, fossem Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, virí-
Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem eis, viriam
Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde,
Gerúndio indo venham
Particípio ido Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venha-
mos, venhais, venham
OUVIR Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viésse-
Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, mos, viésseis, viessem
ouvis, ouvem Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
ouçais, ouçam Gerúndio vindo
Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, Particípio vindo
ouçam Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobre-
Particípio ouvido vir

PEDIR SUMIR
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos,
pedis, pedem sumis, somem
Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos,
pediram sumais, sumam

Língua Portuguesa 34
TJ MG

Imperativo some, suma, sumamos, sumi, Você lá sabe o que está dizendo, homem...
sumam Mas que olhos lindos!
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, Veja só que maravilha!
fugir, consumir, cuspir
NUMERAL
ADVÉRBIO
Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem,
Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo múltiplo ou fração.
ou o próprio advérbio, exprimindo uma circunstância.
O numeral classifica-se em:
Os advérbios dividem-se em: - cardinal - quando indica quantidade.
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algu- - ordinal - quando indica ordem.
res, alhures, nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, - multiplicativo - quando indica multiplicação.
adiante, diante, onde, avante, através, defronte, aonde, - fracionário - quando indica fracionamento.
etc.
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteon- Exemplos:
tem, sempre, nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, Silvia comprou dois livros.
outrora, então, amiúde, breve, brevemente, entremen- Antônio marcou o primeiro gol.
tes, raramente, imediatamente, etc. Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
debalde, pior, melhor, suavemente, tenazmente, co-
mumente, etc. QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS
4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão,
bastante, demasiado, meio, completamente, profun- Algarismos Numerais
damente, quanto, quão, tanto, bem, mal, quase, ape- Roma Ará- Cardi- Ordinais Multipli- Fracioná-
nas, etc. nos bicos nais cativos rios
5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente,
efefivamente, etc. I 1 um primeiro simples -
6) NEGAÇÃO: não. II 2 dois segundo duplo meio
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, dobro
quiçá, decerto, provavelmente, etc. III 3 três terceiro tríplice terço
IV 4 quatro quarto quádru- quarto
Há Muitas Locuções Adverbiais plo
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à V 5 cinco quinto quíntu- quinto
frente, à entrada, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, plo
de fora, de lado, etc. VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
à tarde, à noite, às ave-marias, ao entardecer, de ma-
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
nhã, de noite, por ora, por fim, de repente, de vez em
IX 9 nove nono nônuplo nono
quando, de longe em longe, etc.
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, X 10 dez décimo décuplo décimo
a esmo, de bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, XI 11 onze décimo onze avos
a rigor, de preferência, em geral, a cada passo, às a- primeiro
vessas, ao invés, às claras, a pique, a olhos vistos, de XII 12 doze décimo doze avos
propósito, de súbito, por um triz, etc. segundo
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a XIII 13 treze décimo treze avos
martelo, a máquina, a tinta, a paulada, a mão, a faca- terceiro
das, a picareta, etc. XIV 14 quatorze décimo quatorze
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc. quarto avos
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em XV 15 quinze décimo quinze
hipótese alguma, etc. quinto avos
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc. XVI 16 dezes- décimo dezesseis
seis sexto avos
Advérbios Interrogativos XVII 17 dezes- décimo dezessete
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como? sete sétimo avos
XVIII 18 dezoito décimo dezoito
Palavras Denotativas oitavo avos
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre XIX 19 dezeno- décimo dezenove
os advérbios, terão classificação à parte. São palavras que ve nono avos
denotam exclusão, inclusão, situação, designação, realce, XX 20 vinte vigésimo vinte avos
retificação, afetividade, etc. XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc. XL 40 quarenta quadragé- quarenta
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc. simo avos
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc. L 50 cinquen- quinqua- cinquenta
4) DE DESIGNAÇÃO - eis. ta gésimo avos
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, LX 60 sessen- sexagé- sessenta
etc. ta simo avos
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc. LXX 70 setenta septuagé- setenta

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TJ MG

simo avos ciso, particular.


LXXX 80 oitentaoctogési- oitenta Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido,
mo avos determinado).
XC 90 noventa nonagé- noventa
simo avos Os indefinidos determinam os substantivos de modo
C 100 cem centésimo centésimo vago, impreciso, geral.
CC 200 duzen- ducenté- ducenté- Viajei com um médico. (Um médico não referido, des-
tos simo simo conhecido, indeterminado).
CCC 300 trezen- trecenté- trecenté-
tos simo simo lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias
CD 400 quatro- quadrin- quadrin- de sentido.
centos gentésimo gentésimo
D 500 quinhen- quingen- quingen- CONJUNÇÃO
tos tésimo tésimo
DC 600 seiscen- sexcenté- sexcenté- Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
tos simo simo
DCC 700 setecen- septingen- septingen- Coniunções Coordenativas
tos tésimo tésimo 1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
DCC 800 oitocen- octingen- octingen- 2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entre-
C tos tésimo tésimo tanto, senão, no entanto, etc.
CM 900 nove- nongenté- nongenté- 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer,
centos simo simo quer, etc.
M 1000 mil milésimo milésimo 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por
consequência.
Emprego do Numeral 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, por-
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, que, pois, etc.
capítulos, etc. empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro) Conjunções Subordinativas
Luis X (décimo) ano I (primeiro) 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma
Pio lX (nono) século lV (quarto) vez que, etc.
2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto,
De 11 em diante, empregam-se os cardinais: etc.
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze) 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como,
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis) mais que, etc.
Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte) 4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante,
como, etc.
Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal. 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto
XX Salão do Automóvel (vigésimo) que, se bem que, etc.
VI Festival da Canção (sexto) 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
lV Bienal do Livro (quarta) 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
XVI capítulo da telenovela (décimo sexto) 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que,
de sorte que, de forma que, de modo que, etc.
Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar 9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que,
preferência ao emprego do ordinal. quanto... tanto mais, etc.
Hoje é primeiro de setembro 10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que,
Não é aconselhável iniciar período com algarismos etc.
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES
A título de brevidade, usamos constantemente os car-
dinais pelos ordinais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima Examinemos estes exemplos:
primeira casa), página trinta e dois (= a trigésima segunda 1º) Tristeza e alegria não moram juntas.
página). Os cardinais um e dois não variam nesse caso 2º) Os livros ensinam e divertem.
porque está subentendida a palavra número. Casa número 3º) Saímos de casa quando amanhecia.
vinte e um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se
dizer e escrever também: a folha vinte e um, a folha trinta No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da
e dois. Na linguagem forense, vemos o numeral flexiona- mesma oração: é uma conjunção.
do: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e
ARTIGO QUANDO estão ligando orações: são também conjunções.

Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou
para determiná-los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gêne- palavras da mesma oração.
ro e o número.
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer
Dividem-se em que uma dependa da outra, sem que a segunda complete o
• definidos: O, A, OS, AS sentido da primeira: por isso, a conjunção E é coordenativa.
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
Os definidos determinam os substantivos de modo pre- No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se

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TJ MG

completam uma à outra e faz com que a segunda dependa hipótese, conformidade, consequência, finalidade, propor-
da primeira: por isso, a conjunção QUANDO é subordinati- ção, tempo). Abrangem as seguintes classes:
va. 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto
que, visto como, já que, uma vez que, desde que.
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o
subordinativas. tambor soa: efeito).
Como estivesse de luto, não nos recebeu.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS Desde que é impossível, não insistirei.
As conjunções coordenativas podem ser: 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim co-
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamen- mo, (tal) como, (tão ou tanto) como, (mais) que ou do
to: e, nem, mas também, mas ainda, senão tam- que, (menos) que ou do que, (tanto) quanto, que nem,
bém, como também, bem como. feito (= como, do mesmo modo que), o mesmo que (=
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. como).
Não aprovo nem permitirei essas coisas. Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
Os livros não só instruem mas também divertem. O exército avançava pela planície qual uma serpente
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas imensa.
ainda polinizam as flores. "Os cães, tal qual os homens, podem participar das
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, três categorias."
ressalva, compensação: mas, porém, todavia, con- (Paulo Mendes Campos)
tudo, entretanto, sendo, ao passo que, antes (= pe- "Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
lo contrário), no entanto, não obstante, apesar dis- (Antônio Olavo Pereira)
so, em todo caso. "E pia tal a qual a caça procurada."
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. (Amadeu de Queirós)
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. "Por que ficou me olhando assim feito boba?"
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. (Carlos Drummond de Andrade)
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formi-
O professor não proíbe, antes estimula as pergun- gas apressadas.
tas em aula. Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio
O exército do rei parecia invencível, não obstante, sincero.
foi derrotado. Os governantes realizam menos do que prometem.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que,
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que,
Hoje não atendo, em todo caso, entre. por mais que, por muito que, por menos que, se bem
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância que, em que (pese), nem que, dado que, sem que (=
ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. embora não).
Os sequestradores deviam render-se ou seriam Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
mortos. A vida tem um sentido, por mais absurda que possa
Ou você estuda ou arruma um emprego. parecer.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. Beba, nem que seja um pouco.
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
apanhando. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
"Já chora, já se ri, já se enfurece." Em que pese à autoridade deste cientista, não pode-
(Luís de Camões) mos aceitar suas afirmações.
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de
portanto, por conseguinte, pois (posposto ao ver- noite.
bo), por isso. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que,
As árvores balançam, logo está ventando. salvo se, sem que (= se não), a não ser que, a menos
Você é o proprietário do carro, portanto é o respon- que, dado que.
sável. Ficaremos sentidos, se você não vier.
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
motivo: que, porque, porquanto, pois (anteposto ao "Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a
verbo). areia, a menos que os mosquitos se opusessem."
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou por- (Ferreira de Castro)
quanto) podem causar incêndios. 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão mo- As coisas não são como (ou conforme) dizem.
lhadas. "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
(Machado de Assis)
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos
sentido adversativo: tal, tão, tanto, tamanho, às vezes subentendidos), de
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. sorte que, de modo que, de forma que, de maneira
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." que, sem que, que (não).
(Jorge Amado) Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
Conjunções subordinativas Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que)
As conjunções subordinativas ligam duas orações, su- não saí.
bordinando uma à outra. Com exceção das integrantes, Não podem ver um cachorro na rua sem que o persi-
essas conjunções iniciam orações que traduzem circuns- gam.
tâncias (causa, comparação, concessão, condição ou Não podem ver um brinquedo que não o queiram com-

Língua Portuguesa 37
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prar. to tempo.
7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que). Beba, um pouco que seja.
Afastou-se depressa para que não o víssemos. 7) Temporal (= depois que, logo que):
Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofen- Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
desse. 8) Final (= pare que):
Fiz-lhe sinal que se calasse. Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao 9) Causal (= porque, visto que):
passo que, quanto mais... (tanto mais), quanto mais... "Velho que sou, apenas conheço as flores do meu
(tanto menos), quanto menos... (tanto mais), quanto tempo." (Vivaldo Coaraci)
mais... (mais), (tanto)... quanto. A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a
À medida que se vive, mais se aprende. frase:
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve. 1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida,
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão sem que ele pedisse. (sem que = embora não)
tendo. 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que
Os soldados respondiam, à medida que eram chama- estude muito. (sem que = se não,caso não)
dos. 3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem
cansados. (sem que = que não)
Observação: 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de
São incorretas as locuções proporcionais à medida em modo que não)
que, na medida que e na medida em que. A forma correta
é à medida que: Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
"À medida que os anos passam, as minhas possibilida-
des diminuem." PREPOSIÇÃO
(Maria José de Queirós)
Preposições são palavras que estabelecem um vínculo
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo entre dois termos de uma oração. O primeiro, um subordi-
que), sempre que, assim que, desde que, antes que, nante ou antecedente, e o segundo, um subordinado ou
depois que, até que, agora que, etc. consequente.
Venha quando você quiser.
Não fale enquanto come. Exemplos:
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra. Chegaram a Porto Alegre.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. Discorda de você.
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. Fui até a esquina.
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Casa de Paulo.
Povina Cavalcânti)
10) Integrantes: que, se. Preposições Essenciais e Acidentais
Sabemos que a vida é breve. As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ,
Veja se falta alguma coisa. COM, CONTRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PE-
RANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e ATRÁS.
Observação:
Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem Certas palavras ora aparecem como preposições, ora
que ninguém o chorasse, consideramos sem que conjun- pertencem a outras classes, sendo chamadas, por isso, de
ção subordinativa modal. A NGB, porém, não consigna preposições acidentais: afora, conforme, consoante, du-
esta espécie de conjunção. rante, exceto, fora, mediante, não obstante, salvo, segun-
do, senão, tirante, visto, etc.
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde
que, se bem que, por mais que, ainda quando, à medida INTERJEIÇÃO
que, logo que, a rim de que, etc.

Muitas conjunções não têm classificação única, imutá- Interjeição é a palavra que comunica emoção. As inter-
vel, devendo, portanto, ser classificadas de acordo com o jeições podem ser:
sentido que apresentam no contexto. Assim, a conjunção - alegria: ahl oh! oba! eh!
que pode ser: - animação: coragem! avante! eia!
1) Aditiva (= e): - admiração: puxa! ih! oh! nossa!
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai. - aplauso: bravo! viva! bis!
A nós que não a eles, compete fazê-lo. - desejo: tomara! oxalá!
2) Explicativa (= pois, porque): - dor: aí! ui!
Apressemo-nos, que chove. - silêncio: psiu! silêncio!
3) Integrante: - suspensão: alto! basta!
Diga-lhe que não irei.
4) Consecutiva: LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras
Tanto se esforçou que conseguiu vencer. que têm o mesmo valor de uma interjeição.
Não vão a uma festa que não voltem cansados. Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios
Onde estavas, que não te vi? te partam!
5) Comparativa (= do que, como): Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!
A luz é mais veloz que o som.
Ficou vermelho que nem brasa.
6) Concessiva (= embora, ainda que): SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Alguns minutos que fossem, ainda assim seria mui-

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FRASE Verbo intransitivo é aquele que não necessita de


Frase é um conjunto de palavras que têm sentido complemento.
completo. O sabiá voou alto.
O tempo está nublado. Verbo transitivo é aquele que necessita de
Socorro! complemento.
Que calor! • Transitivo direto: é o verbo que necessita de
complemento sem auxílio de proposição.
ORAÇÃO Minha equipe venceu a partida.
Oração é a frase que apresenta verbo ou locução • Transitivo indireto: é o verbo que necessita de
verbal. complemento com auxílio de preposição.
A fanfarra desfilou na avenida. Ele precisa de um esparadrapo.
As festas juninas estão chegando. • Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que
necessita ao mesmo tempo de complemento sem
PERÍODO auxílio de preposição e de complemento com auxilio de
Período é a frase estruturada em oração ou orações. preposição.
O período pode ser: Damos uma simples colaboração a vocês.
• simples - aquele constituído por uma só oração 3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de
(oração absoluta). verbo intransitivo mais predicativo do sujeito ou de
Fui à livraria ontem. verbo transitivo mais predicativo do sujeito.
• composto - quando constituído por mais de uma Os rapazes voltaram vitoriosos.
oração. • Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado
Fui à livraria ontem e comprei um livro. verbo-nominal, ajuda o verbo intransitivo a comunicar
estado ou qualidade do sujeito.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO Ele morreu rico.
São dois os termos essenciais da oração: • Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado
verbo-nominal, ajuda o verbo transitivo a comunicar
SUJEITO estado ou qualidade do objeto direto ou indireto.
Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma Elegemos o nosso candidato vereador.
coisa.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = Chama-se termos integrantes da oração os que
bandeirantes) completam a significação transitiva dos verbos e dos
nomes. São indispensáveis à compreensão do enunciado.
O sujeito pode ser :
- simples: quando tem um só núcleo 1. OBJETO DIRETO
As rosas têm espinhos. (sujeito: as Objeto direto é o termo da oração que completa o
rosas; núcleo: rosas) sentido do verbo transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou
- composto: quando tem mais de um núcleo PEIXE.
O burro e o cavalo saíram em
disparada. 2. OBJETO INDIRETO
(suj: o burro e o cavalo; núcleo Objeto indireto é o termo da oração que completa o
burro, cavalo) sentido do verbo transitivo indireto.
- oculto: ou elíptico ou implícito na As crianças precisam de CARINHO.
desinência verbal
Chegaste com certo atraso. (suj.: 3. COMPLEMENTO NOMINAL
oculto: tu) Complemento nominal é o termo da oração que
- indeterminado: quando não se indica o agente da completa o sentido de um nome com auxílio de
ação verbal preposição. Esse nome pode ser representado por um
Come-se bem naquele restaurante. substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio.
- Inexistente: quando a oração não tem sujeito Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo)
Choveu ontem. O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
Há plantas venenosas. Nós agíamos favoravelmente às discussões. -
FAVORAVELMENTE (advérbio).
PREDICADO
Predicado é o termo da oração que declara alguma 4. AGENTE DA PASSIVA
coisa do sujeito. Agente da passiva é o termo da oração que pratica a
O predicado classifica-se em: ação do verbo na voz passiva.
1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação A mãe é amada PELO FILHO.
mais predicativo do sujeito. O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO.
Nosso colega está doente. Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
PERMANECER, etc. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na
ligação a comunicar estado ou qualidade do sujeito. oração uma função secundária, limitando o sentido dos
Nosso colega está doente. substantivos ou exprimindo alguma circunstância.
A moça permaneceu sentada.
2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo São termos acessórios da oração:
intransitivo ou transitivo. 1. ADJUNTO ADNOMINAL
O avião sobrevoou a praia. Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou

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determina os substantivos. Pode ser expresso: A oração coordenada sindética pode ser:
• pelos adjetivos: água fresca,
• pelos artigos: o mundo, as ruas 1. ADITIVA:
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem =
• pelos numerais : três garotos; sexto ano e não), mas, também:
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem Ele falava E EU FICAVA OUVINDO.
escrúpulos Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ.
2. ADJUNTO ADVERBIAL
Adjunto adverbial é o termo que exprime uma 2. ADVERSATIVA:
circunstância (de tempo, lugar, modo etc.), modificando o Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação
sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. ou de contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
Cheguei cedo. senão, no entanto, etc).
José reside em São Paulo. A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR
3. APOSTO DENTRO.
Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração.
Dr. João, cirurgião-dentista, 3. ALTERNATIVAS:
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. excluindo a outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer,
4. VOCATIVO etc).
Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para Mudou o natal OU MUDEI EU?
chamar ou interpelar alguém ou alguma coisa. “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
Tem compaixão de nós, ó Cristo. OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
Professor, o sinal tocou. (C. Meireles)
Rapazes, a prova é na próxima semana.
4. CONCLUSIVAS:
PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES Ligam uma oração a outra que exprime conclusão
(LOGO, POIS, PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR
No período simples há apenas uma oração, a qual se ISTO, ASSIM, DE MODO QUE, etc).
diz absoluta. Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
Fui ao cinema. Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
O pássaro voou.
5. EXPLICATIVAS:
PERÍODO COMPOSTO Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no
No período composto há mais de uma oração. imperativo, outro que a explica, dando um motivo (pois,
(Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) porque, portanto, que, etc.)
(e os homens folgam.) Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE
É PIOR.
Período composto por coordenação Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS.
Apresenta orações independentes.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE
cedo.) É aquela que vem entre os termos de uma outra
oração.
Período composto por subordinação O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
Apresenta orações dependentes.
(É bom) (que você estude.) A oração intercalada ou interferente aparece com os
verbos: CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
Período composto por coordenação e
subordinação ORAÇÃO PRINCIPAL
Apresenta tanto orações dependentes como Oração principal é a mais importante do período e não
independentes. Este período é também conhecido como é introduzida por um conectivo.
misto. ELES DISSERAM que voltarão logo.
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.) ELE AFIRMOU que não virá.
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)
ORAÇÃO COORDENADA
Oração coordenada é aquela que é independente. ORAÇÃO SUBORDINADA
Oração subordinada é a oração dependente que
As orações coordenadas podem ser: normalmente é introduzida por um conectivo subordinativo.
- Sindética: Note que a oração principal nem sempre é a primeira do
Aquela que é independente e é introduzida por uma período.
conjunção coordenativa. Quando ele voltar, eu saio de férias.
Viajo amanhã, mas volto logo. Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
- Assindética: Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
Aquela que é independente e aparece separada por
uma vírgula ou ponto e vírgula. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
Chegou, olhou, partiu. Oração subordinada substantiva é aquela que tem o
valor e a função de um substantivo.

Língua Portuguesa 40
TJ MG

Por terem as funções do substantivo, as orações uma comparação.


subordinadas substantivas classificam-se em: O som é menos veloz QUE A LUZ.
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA.
1) SUBJETIVA (sujeito)
Convém que você estude mais. 3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede,
Importa que saibas isso bem. . que se admite:
É necessário que você colabore. (SUA POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram.
COLABORAÇÃO) é necessária. Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos
com agrado.
2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto) CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava.
Desejo QUE VENHAM TODOS.
Pergunto QUEM ESTÁ AI. 4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
SE O CONHECESSES, não o condenarias.
3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto) Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS.
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE. 5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER. conformidade de um fato com outro:
Fiz tudo COMO ME DISSERAM.
4) COMPLETIVA NOMINAL Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
Complemento nominal.
Ser grato A QUEM TE ENSINA. 6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência,
Sou favorável A QUE O PRENDAM. um resultado:
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS
5) PREDICATIVA (predicativo) OLHOS.
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA!
CHUVA) Tenho medo disso QUE ME PÉLO!
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE. 7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:
Não sou QUEM VOCÊ PENSA. Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE.
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.
6) APOSITIVAS (servem de aposto)
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA 8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:
FELICIDADE) À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME. QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o
tombo.
7) AGENTE DA PASSIVA
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO 9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o
SEU AUTOR) fato expresso na oração principal:
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM. ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor 10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
e a função de um adjetivo. Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE
INCOMODE.
1) EXPLICATIVAS:
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo ORAÇÕES REDUZIDAS
antecedente, atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das
inerente ou acrescentando-lhe uma informação. formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará.
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria. Exemplos:
• Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU
2) RESTRITIVAS: PREPARADO.
Restringem ou limitam a significação do termo • Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE
antecedente, sendo indispensáveis ao sentido da frase: ESTIVERAM LÁ.
Pedra QUE ROLA não cria limo. • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem. ASSIM, conseguirás.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE
aqui. FIQUEMOS ATENTOS.
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS SOUBE DISSO, entristeceu-se.
Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor • É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante
e a função de um advérbio. QUE ESTUDES MAIS.
• SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em: DAQUI, procure-me.
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
O tambor soa PORQUE É OCO.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de

Língua Portuguesa 41
TJ MG

Concordância é o processo sintático no qual uma pala- Conversei bastante com eles.
vra determinante se adapta a uma palavra determinada, Conversei com bastantes pessoas.
por meio de suas flexões. Estas crianças moram longe.
Conheci longes terras.
Principais Casos de Concordância Nominal
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral CONCORDÂNCIA VERBAL
concordam em gênero e número com o substantivo.
As primeiras alunas da classe foram passear no CASOS GERAIS
zoológico.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e
número vão normalmente para o plural. 1) O verbo concorda com o sujeito em número e pesso-
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. a.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número O menino chegou. Os meninos chegaram.
diferentes vai para o masculino plural. 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prê- no singular.
mios. O pessoal ainda não chegou.
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o A turma não gostou disso.
substantivo mais próximo: Um bando de pássaros pousou na árvore.
Trouxe livros e revista especializada. 3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substan- verbo só irá ao plural se tal núcleo vier acompanhado
tivo mais próximo. de artigo no plural.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. Os Estados Unidos são um grande país.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito Os Lusíadas imortalizaram Camões.
concorda com o sujeito. Os Alpes vivem cobertos de neve.
Meus amigos estão atrapalhados. Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito singular.
pede o predicativo no gênero da pessoa a quem se Flores já não leva acento.
refere. O Amazonas deságua no Atlântico.
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter
8) Os substantivos acompanhados de numerais prece- luz elétrica.
didos de artigo vão para o singular ou para o plural. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo)
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). seguidos de nome no plural deixam o verbo no singu-
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que lar ou levam-no ao plural, indiferentemente.
o primeiro vier precedido de artigo e o segundo não A maioria das crianças recebeu, (ou receberam)
vão para o plural. prêmios.
Já estudei o primeiro e segundo livros. A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE
plural. concorda com o sujeito paciente.
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. Vende-se um apartamento.
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam Vendem-se alguns apartamentos.
com o nome a que se referem. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do
Ela mesma veio até aqui. sujeito leva o verbo para a 3ª pessoa do singular.
Eles chegaram sós. Precisa-se de funcionários.
Eles próprios escreveram. 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que acompanha no singular e o verbo no singular ou no
se refere. plural.
Muito obrigado. (masculino singular) Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
Muito obrigada. (feminino singular). 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando ou no plural.
é adjetivo e fica invariável quando é advérbio. Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o
Quero meio quilo de café. Sul.
Minha mãe está meio exausta. 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
É meio-dia e meia. (hora) Mais de um jurado fez justiça à minha música.
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NIN-
com o substantivo a que se referem. GUÉM, quando empregadas como sujeito e derem
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. ideia de síntese, pedem o verbo no singular.
A expressão em anexo é invariável. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Trouxe em anexo estas fotos. 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora,
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, acompanham o sujeito.
etc, que substituem advérbios em MENTE, permane- Deu uma hora.
cem invariáveis. Deram três horas.
Vocês falaram alto demais. Bateram cinco horas.
O combustível custava barato. Naquele relógio já soaram duas horas.
Você leu confuso. 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável
Ela jura falso. e o verbo da frase em que é empregada concorda
normalmente com o sujeito.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não vari- Ela é que faz as bolas.
am, se adjetivos, sofrem variação normalmente. Eu é que escrevo os programas.
Esses pneus custam caro. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente

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quando o sujeito é um pronome relativo. pende gramaticalmente do outro.


Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
Fui eu que fiz a lição A regência nominal trata dos complementos dos nomes
Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias cons- (substantivos e adjetivos).
truções possíveis.
• que: Fui eu que fiz a lição. Exemplos:
• quem: Fui eu quem fez a lição.
• o que: Fui eu o que fez a lição. - acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA
COM
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR
deixam o verbo na terceira pessoa do singular. A- PARA = passagem
companhados de auxiliar, transmitem a este sua im-
pessoalidade. A regência verbal trata dos complementos do verbo.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem.
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver bri- ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA
gas e discussões. 1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto)
• pretender (transitivo indireto)
CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER No sítio, aspiro o ar puro da montanha.
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado 2. OBEDECER - transitivo indireto
por um dos pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, Devemos obedecer aos sinais de trânsito.
AQUILO, os verbos SER e PARECER concordam com 3. PAGAR - transitivo direto e indireto
o predicativo. Já paguei um jantar a você.
Tudo são esperanças. 4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
Aquilo parecem ilusões. Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.
Aquilo é ilusão. 5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indi-
reto
2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o Prefiro Comunicação à Matemática.
verbo SER concorda sempre com o nome ou pronome
que vier depois. 6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
Que são florestas equatoriais? Informei-lhe o problema.
Quem eram aqueles homens?
7. ASSISTIR - morar, residir:
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concor- Assisto em Porto Alegre.
dância se fará com a expressão numérica. • amparar, socorrer, objeto direto
São oito horas. O médico assistiu o doente.
Hoje são 19 de setembro. • PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros. Assistimos a um belo espetáculo.
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou Assiste-lhe o direito.
falta, o verbo SER fica no singular.
Três batalhões é muito pouco. 8. ATENDER - dar atenção
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro. Atendi ao pedido do aluno.
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singu- direto
lar. Atenderam o freguês com simpatia.
Maria era as flores da casa.
O homem é cinzas. 9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
A moça queria um vestido novo.
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o • GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
verbo SER concorda com o predicativo. O professor queria muito a seus alunos.
Dançar e cantar é a sua atividade.
Estudar e trabalhar são as minhas atividades. 10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Todos visamos a um futuro melhor.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, • APONTAR, MIRAR - objeto direto
o verbo SER concorda com o pronome. O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
A ciência, mestres, sois vós. • pör o sinal de visto - objeto direto
Em minha turma, o líder sou eu. O gerente visou todos os cheques que entraram na-
quele dia.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro
verbo no infinitivo, apenas um deles deve ser flexiona- 11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com
do. objeto indireto
Os meninos parecem gostar dos brinquedos. Devemos obedecer aos superiores.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos. Desobedeceram às leis do trânsito.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL 12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE


• exigem na sua regência a preposição EM
Regência é o processo sintático no qual um termo de- O armazém está situado na Farrapos.
Ele estabeleceu-se na Avenida São João.

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13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intran- No coração do progresso


sitivo. Há séculos a civilização ocidental vem correndo atrás
Essas tuas justificativas não procedem. de tudo o que classifica como progresso. Essa palavra
• no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, mágica aplica-se tanto à invenção do aeroplano ou à des-
constrói-se com a preposição DE. coberta do DNA como à promoção do papai no novo em-
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do prego. “Estou fazendo progressos”, diz a titia, quando
tupi-guarani enfim acerta a mão numa velha receita. Mas quero chegar
• no sentido de dar início, realizar, é construído com a logo ao ponto, e convidar o leitor a refletir sobre o sentido
preposição A. dessa palavra, que sempre pareceu abrir todas as portas
O secretário procedeu à leitura da carta. para uma vida melhor.
Quando, muitos anos atrás, num daqueles documentá-
14. ESQUECER E LEMBRAR rios de cinema, via-se uma floresta sendo derrubada para
• quando não forem pronominais, constrói-se com objeto dar lugar a algum empreendimento, ninguém tinha dúvida
direto: em dizer ou pensar: é o progresso. Uma represa monu-
Esqueci o nome desta aluna. mental era progresso. Cada novo produto químico era um
Lembrei o recado, assim que o vi. progresso. As coisas não mudaram tanto: continuamos a
• quando forem pronominais, constrói-se com objeto usar indiscriminadamente a palavrinha mágica. Mas não
indireto: deixaram de mudar um pouco: desde que a Ecologia saiu
Esqueceram-se da reunião de hoje. das academias, divulgou-se, popularizou-se e tornou-se,
Lembrei-me da sua fisionomia. efetivamente, um conjunto de iniciativas em favor da pre-
servação ambiental e da melhoria das condições da vida
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto em nosso pequenino planeta.
para pessoa. Para isso, foi preciso determinar muito bem o sentido
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos. de progresso. Do ponto de vista material, considera-se
• pagar - Pago o 13° aos professores. ganho humano apenas aquilo que concorre para equilibrar
• dar - Daremos esmolas ao pobre. a ação transformadora do homem sobre a natureza e a
• emprestar - Emprestei dinheiro ao colega. integridade da vida natural. Desenvolvimento, sim, mas
• ensinar - Ensino a tabuada aos alunos. sustentável: o adjetivo exprime uma condição, para cer-
• agradecer - Agradeço as graças a Deus. cear as iniciativas predatórias. Cada novidade tecnológica
• pedir - Pedi um favor ao colega. há de ser investigada quanto a seus efeitos sobre o ho-
mem e o meio em que vive. Cada intervenção na natureza
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige há de adequar-se a um planejamento que considere a
objeto direto: qualidade e a extensão dos efeitos.
O amor implica renúncia. Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo, uma a-
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se valiação ética e política de todas as formas de progresso
com a preposição COM: que afetam nossa relação com o mundo e, portanto, a
O professor implicava com os alunos qualidade da nossa vida. Não é pouco, mas ainda não é
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói- suficiente. Aos cientistas, aos administradores, aos empre-
se com a preposição EM: sários, aos industriais e a todos nós – cidadãos comuns –
Implicou-se na briga e saiu ferido cabe a tarefa cotidiana de zelarmos por nossas ações que
inflectem sobre qualquer aspecto da qualidade de vida. A
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer tarefa começa em nossa casa, em nossa cozinha e ba-
a preposição A: nheiro, em nosso quintal e jardim – e se estende à preocu-
Ele foi a São Paulo para resolver negócios. pação com a rua, com o bairro, com a cidade.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer “Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia o
PARA: poeta. Mas um mundo que merece a atenção do nosso
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato coração e da nossa inteligência é, certamente, melhor do
Grosso. que este em que estamos vivendo.
Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz pro-
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não gresso, o sentido preciso – talvez oculto - da palavra má-
tem pessoa como sujeito: gica empregada. (Alaor Adauto de Mello)
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá
aparecer na 3ª pessoa do singular, acompanhada do 1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de progres-
pronome oblíquo. Quem sente dificuldade, será objeto so, segundo a qual este deve ser
indireto. (A)) equacionado como uma forma de equilíbrio entre as
Custou-me confiar nele novamente. atividades humanas e o respeito ao mundo natural.
Custar-te-á aceitá-la como nora. (B) identificado como aprimoramento tecnológico que
resulte em atividade economicamente viável.
PROVA SIMULADA (C) caracterizado como uma atividade que redunde em
maiores lucros para todos os indivíduos de uma co-
Nota munidade.
As questões aqui transcritas foram extraídas de (D) definido como um atributo da natureza que induz os
provas anteriores dos mais variados concursos, homens a aproveitarem apenas o que é oferecido em
obedecendo o programa oficial. sua forma natural.
(E) aceito como um processo civilizatório que implique
Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se melhor distribuição de renda entre todos os agentes
ao texto que segue. dos setores produtivos.

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2. Considere as seguintes afirmações: destruí-la em nome de um benefício em que quase


I. A banalização do uso da palavra progresso é uma ninguém desfrutará.
consequência do fato de que a Ecologia deixou de (C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha receita,
ser um assunto acadêmico. não hesitou em ver como progresso a operação à
II. A expressão desenvolvimento sustentável pressu- qual foi bem sucedida.
põe que haja formas de desenvolvimento nocivas e (D) A precisão da qual se pretende identificar o sentido
predatórias. de uma palavra depende muito do valor de contexto a
III. Entende o autor do texto que a magia da palavra que lhe atribuímos.
progresso advém do uso consciente e responsável (E)) As inovações tecnológicas de cujo benefício todos se
que a maioria das pessoas vem fazendo dela. aproveitam representam, efetivamente, o avanço a
Em relação ao texto está correto APENAS que se que se costuma chamar progresso.
afirma em
(A) I. 7. Considere as seguintes afirmações, relativas a as-
(B)) II. pectos da construção ou da expressividade do texto:
(C) III. I. No contexto do segundo parágrafo, a forma plural
(D) I e II. não mudaram tanto atende à concordância com aca-
(E) II e III. demias.
II. No contexto do terceiro parágrafo, a expressão há de
3. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente adequar-se exprime um dever imperioso, uma neces-
uma frase do texto em: sidade premente.
(A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me antecipar III. A expressão Em suma, tal como empregada no quar-
a qualquer conclusão. to parágrafo, anuncia a abertura de uma linha de ar-
(B) continuamos a usar indiscriminadamente a palavrinha gumentação ainda inexplorada no texto.
mágica = seguimos chamando de mágico tudo o que Está correto APENAS o que se afirma em
julgamos sem preconceito. (A) I.
(C) para cercear as iniciativas predatórias = para ir ao (B)) II.
encontro das ações voluntariosas. (C) III.
(D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto da qua- (D) I e II.
lidade da vida = práticas alheias ao que diz respeito (E) II e III.
às condições de vida.
(E)) há de adequar-se a um planejamento = deve ir ao 8. A palavra progresso frequenta todas as bocas, todas
encontro do que está planificado. pronunciam a palavra progresso, todas atribuem a
essa palavra sentidos mágicos que elevam essa pa-
4. Cada intervenção na natureza há de adequar-se a lavra ao patamar dos nomes miraculosos.
um planejamento pelo qual se garanta que a quali- Evitam-se as repetições viciosas da frase acima
dade da vida seja preservada. substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem
Os tempos e os modos verbais da frase acima conti- dada, por:
nuarão corretamente articulados caso se substituam (A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam
as formas sublinhadas, na ordem em que surgem, (B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na
por (C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe
(A) houve - garantiria - é (D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe elevam
(B) haveria - garantiu - teria sido (E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam
(C) haveria - garantisse - fosse
(D) haverá - garantisse - e 9. Está clara e correta a redação da seguinte frase:
(E) havia - garantiu - é (A) Caso não se determine bem o sentido da palavra
progresso, pois que é usada indiscriminadamente,
5. As normas de concordância verbal estão plenamente ainda assim se faria necessário que reflitamos sobre
respeitadas na frase: seu verdadeiro sentido.
(A)) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo à pala- (B) Ao dizer o poeta que seu coração não é maior do que
vra progresso algumas conotações mágicas. o mundo, devemos nos inspirar para que se estabe-
(B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras sem leça entre este e o nosso coração os compromissos
conhecer seu sentido real muitos equívocos ideológi- que se reflitam numa vida melhor.
cos. (C) Nada é desprezível no espaço do mundo, que não
(C) Muitas coisas a que associamos o sentido de pro- mereça nossa atenção quanto ao fato de que seja-
gresso não chega a representarem, de fato, qualquer mos responsáveis por sua melhoria, seja o nosso
avanço significativo. quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja.
(D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse de ser (D)) Todo desenvolvimento definido como sustentável
investigadas a fundo, veríamos que são irrelevantes exige, para fazer jus a esse adjetivo, cuidados espe-
para a melhoria da vida. ciais com o meio ambiente, para que não venham a
(E) Começam pelas preocupações com nossa casa, com ser nocivos seus efeitos imediatos ou futuros.
nossa rua, com nossa cidade a tarefa de zelarmos (E) Tem muita ciência que, se saísse das limitações
por uma boa qualidade da vida. acadêmicas, acabariam por se revelarem mais úteis
e mais populares, em vista da Ecologia, cujas conse-
6. Está correto o emprego de ambas as expressões quências se sente mesmo no âmbito da vida prática.
sublinhadas na frase:
(A) De tudo aquilo que classificamos como progresso 10. Está inteiramente correta a pontuação do seguinte
costumamos atribuir o sentido de um tipo de ganho período:
ao qual não queremos abrir mão. (A) Toda vez que é pronunciada, a palavra progresso,
(B) É preferível deixar intacta a mata selvagem do que parece abrir a porta para um mundo, mágico de

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prosperidade garantida. abusiva.


(B)) Por mínimas que pareçam, há providências inadiá-
veis, ações aparentemente irrisórias, cuja execução 12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há fórmula
cotidiana é, no entanto, importantíssima. perfeita para solucionar o conflito entre manifestantes
(C) O prestígio da palavra progresso, deve-se em grande e os prejuízos causados ao restante da população. A
parte ao modo irrefletido, com que usamos e abusa- saída estaria principalmente na
mos, dessa palavrinha mágica. (A) sensatez.
(D) Ainda que traga muitos benefícios, a construção de (B) Carta de 1998.
enormes represas, costuma trazer também uma série (C) Justiça.
de consequências ambientais que, nem sempre, fo- (D) Companhia de Engenharia de Tráfego.
ram avaliadas. (E) na adoção de medidas amplas e profundas.
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu a teses
ambientalistas segundo as quais, o conceito de pro- 13. De acordo com o segundo parágrafo do texto, os
gresso está sujeito a uma permanente avaliação. protestos que param as ruas de São Paulo represen-
tam um custo para a população da cidade. O cálculo
Leia o texto a seguir para responder às questões de desses custos é feito a partir
números 11 a 24. (A) das multas aplicadas pela Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET).
De um lado estão os prejuízos e a restrição de direitos (B) dos gastos de combustível e das horas de trabalho
causados pelos protestos que param as ruas de São Pau- desperdiçadas em engarrafamentos.
lo. De outro está o direito à livre manifestação, assegurado (C) da distância a ser percorrida entre as cidades de São
pela Carta de 1988. Como não há fórmula perfeita de Paulo e São Carlos.
arbitrar esse choque entre garantias democráticas funda- (D) da quantidade de carros existentes entre a capital de
mentais, cabe lançar mão de medidas pontuais – e sobre- São Paulo e São Carlos.
tudo de bom senso. (E) do número de usuários de automóveis particulares da
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima cidade de São Paulo.
em R$ 3 milhões o custo para a população dos protestos
ocorridos nos últimos três anos na capital paulista. O cál- 14. A quantidade de carros parados nos engarrafamen-
culo leva em conta o combustível consumido e as horas tos, em razão das manifestações na cidade de São
perdidas de trabalho durante os engarrafamentos causa- Paulo nos últimos três anos, é equiparada, no texto,
dos por protestos. Os carros enfileirados por conta de (A) a R$ 3,3 milhões.
manifestações nesses três anos praticamente cobririam os (B) ao total de usuários da cidade de São Carlos.
231 km que separam São Paulo de São Carlos. (C) ao total de usuários da cidade de São Paulo.
A Justiça é o meio mais promissor, em longo prazo, pa- (D) ao total de combustível economizado.
ra desestimular os protestos abusivos que param o trânsito (E) a uma distância de 231 km.
nos horários mais inconvenientes e acarretam variados
transtornos a milhões de pessoas. É adequada a atitude 15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da Justiça
da CET de enviar sistematicamente ao Ministério Público em coibir os protestos abusivos, o texto assume um
relatórios com os prejuízos causados em cada manifesta- posicionamento de
ção feita fora de horários e locais sugeridos pela agência (A) indiferença, porque diz que a decisão não cabe à
ou sem comunicação prévia. Justiça.
Com base num documento da CET, por exemplo, a (B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já tem po-
Procuradoria acionou um líder de sindicato, o qual foi con- der para impedir protestos abusivos.
denado em primeira instância a pagar R$ 3,3 milhões aos (C) decepção, porque não vê nenhum exemplo concreto
cofres públicos, a título de reparação. O direito à livre do órgão para impedir protestos em horários de pico.
manifestação está previsto na Constituição. No entanto, tal (D) confiança, porque acredita que, no futuro, será uma
direito não anula a responsabilização civil e criminal em forma bem-sucedida de desestimular protestos abu-
caso de danos provocados pelos protestos. sivos.
O poder público deveria definir, de preferência em ne- (E) satisfação, porque cita casos em que a Justiça já
gociação com as categorias que costumam realizar protes- teve êxito em impedir protestos em horários inconve-
tos na capital, horários e locais vedados às passeatas. nientes e em avenidas movimentadas.
Práticas corriqueiras, como a paralisia de avenidas essen-
ciais para o tráfego na capital nos horários de maior fluxo, 16. De acordo com o texto, a atitude da Companhia de
deveriam ser abolidas. Engenharia de Tráfego de enviar periodicamente re-
(Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado) latórios sobre os prejuízos causados em cada mani-
festação é
11. De acordo com o texto, é correto afirmar que (A) pertinente.
(A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não sabe (B) indiferente.
mensurar o custo dos protestos ocorridos nos últimos (C) irrelevante.
anos. (D) onerosa.
(B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em razão dos (E) inofensiva.
engarrafamentos já foram pagos pelos manifestantes.
(C) os protestos de rua fazem parte de uma sociedade 17. No quarto parágrafo, o fato de a Procuradoria conde-
democrática e são permitidos pela Carta de 1988. nar um líder sindical
(D) após a multa, os líderes de sindicato resolveram (A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998.
organizar protestos de rua em horários e locais pre- (B) deve ser comemorada, ainda que viole a Constitui-
determinados. ção.
(E) o Ministério Público envia com frequência estudos (C) é legal, porque o direito à livre manifestação não
sobre os custos das manifestações feitas de forma isenta o manifestante da responsabilidade pelos da-

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nos causados. (E) O poder público deveria obedecer os horários e lo-


(D) é nula, porque, segundo o direito à livre manifesta- cais.
ção, o acusado poderá entrar com recurso.
(E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar dos direi- 24. Transpondo para a voz passiva a frase – A Procura-
tos assegurados, um manifestante será punido. doria acionou um líder de sindicato – obtém-se:
(A) Um líder de sindicato foi acionado pela Procuradoria.
18. Dentre as soluções apontadas, no último parágrafo, (B) Acionaram um líder de sindicato pela Procuradoria.
para resolver o conflito, destaca-se (C) Acionaram-se um líder de sindicato pela Procuradori-
(A) multa a líderes sindicais. a.
(B) fiscalização mais rígida por parte da Companhia de (D) Um líder de sindicato será acionado pela Procurado-
Engenharia de Tráfego. ria.
(C) o fim dos protestos em qualquer via pública. (E) A Procuradoria foi acionada por um líder de sindicato.
(D) fixar horários e locais proibidos para os protestos de
rua. Leia o texto para responder às questões de números 25 a
(E) negociar com diferentes categorias para que não 34
façam mais manifestações.
Diploma e monopólio
19. No trecho – É adequada a atitude da CET de enviar
relatórios –, substituindo-se o termo atitude por com- Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de
portamentos, obtém-se, de acordo com as regras direito e medicina no Brasil. É embaraçoso verificar que
gramaticais, a seguinte frase: ainda não foram resolvidos os enguiços entre diplomas e
(A) É adequada comportamentos da CET de enviar rela- carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrência (sob um
tórios. bom marco regulatório) promove o interesse da sociedade
(B) É adequado comportamentos da CET de enviar rela- e que o monopólio só é bom para quem o detém. Não fora
tórios. essa ignorância, como explicar a avalanche de leis que
(C) São adequado os comportamentos da CET de enviar protegem monopólios espúrios para o exercício profissio-
relatórios. nal?
(D) São adequadas os comportamentos da CET de envi-
ar relatórios. Desde a criação dos primeiros cursos de direito, os gradu-
(E) São adequados os comportamentos da CET de envi- ados apenas ocasionalmente exercem a profissão. Em sua
ar relatórios. maioria, sempre ocuparam postos de destaque na política
e no mundo dos negócios. Nos dias de hoje, nem 20%
20. No trecho – No entanto, tal direito não anula a res- advogam.
ponsabilização civil e criminal em caso de danos pro-
vocados pelos protestos –, a locução conjuntiva no Mas continua havendo boas razões para estudar direito,
entanto indica uma relação de pois esse é um curso no qual se exercita lógica rigorosa,
(A) causa e efeito. se lê e se escreve bastante. Torna os graduados mais
(B) oposição. cultos e socialmente mais produtivos do que se não hou-
(C) comparação. vessem feito o curso. Se aprendem pouco, paciência, a
(D) condição. culpa é mais da fragilidade do ensino básico do que das
(E) explicação. faculdades. Diante dessa polivalência do curso de direito,
os exames da OAB são uma solução brilhante. Aqueles
21. “Não há fórmula perfeita de arbitrar esse choque.” que defenderão clientes nos tribunais devem demonstrar
Nessa frase, a palavra arbitrar é um sinônimo de nessa prova um mínimo de conhecimento. Mas, como os
(A) julgar. cursos são também úteis para quem não fez o exame da
(B) almejar. Ordem ou não foi bem sucedido na prova, abrir ou fechar
(C) condenar. cursos de “formação geral” é assunto do MEC, não da
(D) corroborar. OAB. A interferência das corporações não passa de uma
(E) descriminar. prática monopolista e ilegal em outros ramos da economia.
Questionamos também se uma corporação profissional
22. No trecho – A Justiça é o meio mais promissor para deve ter carta-branca para determinar a dificuldade das
desestimular os protestos abusivos – a preposição provas, pois essa é também uma forma de limitar a con-
para estabelece entre os termos uma relação de corrência – mas trata-se aí de uma questão secundária.
(A) tempo. (...)
(B) posse. (Veja, 07.03.2007. Adaptado)
(C) causa.
(D) origem. 25. Assinale a alternativa que reescreve, com correção
(E) finalidade. gramatical, as frases: Faz quase dois séculos que foram
fundadas escolas de direito e medicina no Brasil. / É em-
23. Na frase – O poder público deveria definir horários e baraçoso verificar que ainda não foram resolvidos os en-
locais –, substituindo-se o verbo definir por obedecer, guiços entre diplomas e carreiras.
obtém-se, segundo as regras de regência verbal, a (A) Faz quase dois séculos que se fundou escolas de
seguinte frase: direito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que
(A) O poder público deveria obedecer para horários e ainda não se resolveu os enguiços entre diplomas e carrei-
locais. ras.
(B) O poder público deveria obedecer a horários e locais. (B) Faz quase dois séculos que se fundava escolas de
(C) O poder público deveria obedecer horários e locais. direito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que
(D) O poder público deveria obedecer com horários e
locais.

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ainda não se resolveram os enguiços entre diplomas e (D) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho
carreiras. poderá ser melhor.
(C) Faz quase dois séculos que se fundaria escolas de (E) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e
direito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que carreiras se resolvem brevemente.
ainda não se resolveu os enguiços entre diplomas e carrei-
ras. 30. A substituição das expressões em destaque por um
(D) Faz quase dois séculos que se fundara escolas de pronome pessoal está correta, nas duas frases, de acordo
direito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que com a norma culta, em:
ainda não se resolvera os enguiços entre diplomas e car- (A) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. /
reiras. A concorrência promove-o. II. Aqueles que defenderão
(E) Faz quase dois séculos que se fundaram escolas de clientes. / Aqueles que lhes defenderão.
direito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que (B) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. /
ainda não se resolveram os enguiços entre diplomas e O governo fundou elas. II. Os graduados apenas ocasio-
carreiras. nalmente
exercem a profissão. / Os graduados apenas ocasional-
26. Assinale a alternativa que completa, correta e respecti- mente exercem-la.
vamente, de acordo com a norma culta, as frases: O mo- (C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais
nopólio só é bom para aqueles que ____________. / Nos cultos. II. É preciso mencionar os cursos de administração.
dias de hoje, nem 20% advogam, e apenas 1% / É preciso mencionar-lhes.
____________. / Em sua maioria, os advogados sempre (D) I. Os advogados devem demonstrar muitos conheci-
____________. mentos. Os advogados devem demonstrá-los. II. As asso-
(A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os postos ciações mostram à sociedade o seu papel. / As associa-
de destaque na política e no mundo dos negócios ções mostram-lhe o seu papel.
(B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos postos (E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis
de destaque na política e no mundo dos negócios protegem-os. II. As corporações deviam fiscalizar a prática
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram os postos profissional. / As corporações deviam fiscalizá-la.
de destaque na política e no mundo dos negócios
(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se apropriaram de 31. Assinale a alternativa em que as palavras em destaque
postos de destaque na política e no mundo dos negócios exercem, respectivamente, a mesma função sintática das
(E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram de postos expressões assinaladas em: Os graduados apenas ocasi-
de destaque na política e no mundo dos negócios onalmente exercem a profissão.
(A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino
27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo de ora- básico.
ção introduzida pela conjunção se, empregado na frase – (B) A interferência das corporações não passa de uma
Questionamos também se uma corporação profissional prática monopolista.
deve ter carta-branca para determinar a dificuldade das (C) Abrir e fechar cursos de “formação geral” é assunto do
provas, ... MEC.
(A) A sociedade não chega a saber se os advogados são (D) O estudante de direito exercita preferencialmente uma
muito corporativos. lógica rigorosa.
(B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é da fragi- (E) Boas razões existirão sempre para o advogado buscar
lidade do ensino básico. conhecimento.
(C) O advogado afirma que se trata de uma questão se-
cundária. 32. Assinale a alternativa que reescreve a frase de acordo
(D) É um curso no qual se exercita lógica rigorosa. com a norma culta.
(E) No curso de direito, lê-se bastante. (A) Os graduados apenas ocasionalmente exercem a
profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente se dedi-
28. Assinale a alternativa em que se admite a concordân- cam
cia verbal tanto no singular como no plural como em: A a profissão.
maioria dos advogados ocupam postos de destaque na (B) Os advogados devem demonstrar nessa prova um
política e no mundo dos negócios. mínimo de conhecimento. / Os advogados devem primar
(A) Como o direito, a medicina é uma carreira estritamente nessa prova por um mínimo de conhecimento.
profissional. (C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não procedeu o
(B) Os Estados Unidos e a Alemanha não oferecem cursos exame da OAB.
de administração em nível de bacharelado. (D) As corporações deviam promover o interesse da soci-
(C) Metade dos cursos superiores carecem de boa qualifi- edade. / As corporações deviam almejar do interesse da
cação. sociedade.
(D) As melhores universidades do país abastecem o mer- (E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. / Essa é
cado de trabalho com bons profissionais. uma forma de restringir à concorrência.
(E) A abertura de novos cursos tem de ser controlada por
órgãos oficiais. 33. Assinale a alternativa em que o período formado com
as frases I, II e III estabelece as relações de condição
29. Assinale a alternativa que apresenta correta correlação entre I e II e de adição entre I e III.
de tempo verbal entre as orações. I. O advogado é aprovado na OAB.
(A) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhe- II. O advogado raciocina com lógica.
cimento, poderiam defender bem seus clientes. III. O advogado defende o cliente no tribunal.
(B) Embora tivessem cursado uma faculdade, não se de- (A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele será aprova-
senvolveram intelectualmente. do na OAB e defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
(C) É possível que os novos cursos passam a ter fiscaliza-
ção mais severa.

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(B) O advogado defenderá o cliente no tribunal com su- (C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam.
cesso, mas terá de raciocinar com lógica e ser aprovado (D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito.
na OAB. (E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmi-
(C) Como raciocinou com lógica, o advogado será aprova- cos.
do na OAB e defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
(D) O advogado defenderá o cliente no tribunal com su- 36. A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vas-
cesso porque raciocinou com lógica e foi aprovado na quez é retomada na seguinte expressão do texto:
OAB. (A) núcleo especulativo e reflexivo.
(E) Uma vez que o advogado raciocinou com lógica e foi (B) objeto descritível de uma Ciência.
aprovado na OAB, ele poderá defender o cliente no tribu- (C) explicação dos fatos morais.
nal com sucesso. (D) parte da Filosofia.
(E) comportamento consequencial
34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a culpa é
mais da fragilidade do ensino básico do que das faculda- 37. No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser
des. – a palavra paciência vem entre vírgulas para, no entendida como aquela em que se considera, sobretudo,
contexto, (A) o valor desejável da ação humana.
(A) garantir a atenção do leitor. (B) o fundamento filosófico da moral.
(B) separar o sujeito do predicado. (C) o rigor do método de análise.
(C) intercalar uma reflexão do autor. (D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
(D) corrigir uma afirmação indevida. (E) o rigoroso legado da jurisprudência.
(E) retificar a ordem dos termos.
38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito
Atenção: As questões de números 35 a 42 referem-se ao quando ambos revelam, em relação aos valores morais da
texto abaixo. conduta, uma preocupação
(A) filosófica.
Sobre Ética (B) descritiva.
A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em (C) prescritiva.
três acepções. Numa, faz-se referência a teorias que têm (D) contestatária.
como objeto de estudo o comportamento moral, ou seja, (E) tradicionalista.
como entende Adolfo Sanchez Vasquez, “a teoria que
pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da 39. Considerando-se o contexto do último parágrafo,
moral, relacionando-a com necessidades sociais huma- o elemento sublinhado pode ser corretamente substi-
nas.” Teríamos, assim, nessa acepção, o entendimento de tuído pelo que está entre parênteses, sem prejuízo
que o fenômeno moral pode ser estudado racional e cienti- para o sentido, no seguinte caso:
ficamente por uma disciplina que se propõe a descrever as (A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (in-
normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciên- clusão)
cias, ser capaz de explicar valorações comportamentais. (B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir
(...) (arremate)
Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma (C) (...) qualificação do comportamento do homem como
categoria filosófica e mesmo parte da Filosofia, da qual se ser em situação. (provisório)
constituiria em núcleo especulativo e reflexivo sobre a (D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo.
complexa fenomenologia da moral na convivência huma- (nem, ainda)
na. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto refletir (E) (...) de um agir, de um comportamento consequenci-
sobre os fundamentos da moral na busca de explicação al... (concessivo)
dos fatos morais.
40. As normas de concordância estão plenamente obser-
Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como vadas na frase:
objeto descritível de uma Ciência, tampouco como fenô- (A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em
meno especulativo. Trata-se agora da conduta esperada torno de três acepções de Ética.
pela aplicação de regras morais no comportamento social, (B) As referências que se faz à natureza da ética conside-
o que se pode resumir como qualificação do comporta- ram-na, com muita frequência, associada aos valores
mento do homem como ser em situação. É esse caráter morais.
normativo de Ética que a colocará em íntima conexão com (C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as
o Direito. Nesta visão, os valores morais dariam o baliza- leis deixariam de ter a dignidade humana como balizamen-
mento do agir e a Ética seria assim a moral em realização, to.
pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especi- (D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o
almente de dignidade. Como se vê, a compreensão do efetivo valor de que se impregna a conduta dos indivíduos.
fenômeno Ética não mais surgiria metodologicamente dos (E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam
resultados de uma descrição ou reflexão, mas sim, objeti- as circunstâncias, atentar para a observância dos valores
vamente, de um agir, de um comportamento consequenci- éticos.
al, capaz de tornar possível e correta a convivência. (A-
daptado do site Doutrina Jus Navigandi) 41. Está clara, correta e coerente a redação do seguinte
comentário sobre o texto:
35. As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme (A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no
se depreende da leitura do texto, texto, uma apenas diz respeito à uma área em que conflui
(A) aos usos informais que o senso comum faz desse com o Direito.
termo.
(B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra.

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(B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em (E) II e III.


que, cada um em seu campo, se empenham o jurista e o
filósofo. 44. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir já decorreu um bom século de psicologia e psiquiatria
Ética ou Moral, haja vista que tanto uma quanto outra dinâmicas indica um fator determinante para que
pretendem ajuizar à situação do homem. (A) concluamos que o homem moderno já não dispõe de
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do compor- rigorosos padrões morais para avaliar sua conduta.
tamento humano, a Ética varia conforme a perspectiva de (B) consideremos cada vez mais difícil a discriminação
atribuição do mesmo. entre o homem moral e o homem moralizador.
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da (C) reconheçamos como bastante remota a possibilidade
Ética, costumam apresentar divergências de enfoques, em de se caracterizar um homem moralizador.
que pese a metodologia usada. (D) identifiquemos divergências profundas entre o compor-
tamento de um homem moral e o de um moralizador.
42. Transpondo-se para a voz passiva a frase Nesta visão, (E) divisemos as contradições internas que costumam
os valores morais dariam o balizamento do agir, a forma ocorrer nas atitudes tomadas pelo homem moral.
verbal resultante deverá ser:
(A) seria dado. 45. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais
(B) teriam dado. para exemplificar uma sociedade na qual
(C) seriam dados. (A) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos
(D) teriam sido dados. cidadãos.
(E) fora dado. (B) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta
de todos.
Atenção: As questões de números 43 a 48 referem-se ao (C) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de
texto abaixo. uma moral comum.
(D) a situação de barbárie impede a formulação de qual-
O homem moral e o moralizador quer regra moral.
(E) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza
Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria di- das leis.
nâmicas, estamos certos disto: o moralizador e o homem
moral são figuras diferentes, se não opostas. O homem 46. Na frase A distinção entre ambos tem alguns corolá-
moral se impõe padrões de conduta e tenta respeitá-los; o rios relevantes, o sentido da expressão sublinhada está
moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões corretamente traduzido em:
que ele não consegue respeitar. (A) significativos desdobramentos dela.
A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes. (B) determinados antecedentes dela.
Primeiro, o moralizador é um homem moral falido: se sou- (C) reconhecidos fatores que a causam.
besse respeitar o padrão moral que ele impõe, ele não (D) consequentes aspectos que a relativizam.
precisaria punir suas imperfeições nos outros. Segundo, é (E) valores comuns que ela propicia.
possível e compreensível que um homem moral tenha um
espírito missionário: ele pode agir para levar os outros a 47. Está correta a articulação entre os tempos e os modos
adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição verbais na frase:
forçada de um padrão moral não é nunca o ato de um (A) Se o moralizador vier a respeitar o padrão moral que
homem moral, é sempre o ato de um moralizador. Em ele impusera, já não podia ser considerado um hipócrita.
geral, as sociedades em que as normas morais ganham (B) Os moralizadores sempre haveriam de desrespeitar os
força de lei (os Estados confessionais, por exemplo) não valores morais que eles imporão aos outros.
são regradas por uma moral comum, nem pelas aspira- (C) A pior barbárie terá sido aquela em que o rigor dos
ções de poucos e escolhidos homens exemplares,mas por hipócritas servisse de controle dos demais cidadãos.
moralizadores que tentam remir suas próprias falhas (D) Desde que haja a imposição forçada de um padrão
morais pela brutalidade do controle que eles exercem moral, caracterizava-se um ato típico do moralizador.
sobre os outros. A pior barbárie do mundo é isto: um mun- (E) Não é justo que os hipócritas sempre venham a
do em que todos pagam pelos pecados de hipócritas que impor padrões morais que eles próprios não respei-
não se aguentam. (Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, tam.
20/03/2008)
48. Está correto o emprego de ambos os elementos subli-
43. Atente para as afirmações abaixo. nhados na frase:
I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador (A) O moralizador está carregado de imperfeições de que
não se preocupa com os padrões morais de conduta. ele não costuma acusar em si mesmo.
II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de (B) Um homem moral empenha-se numa conduta cujo o
conduta, o homem moral acaba por impô-lo à conduta padrão moral ele não costuma impingir na dos outros.
alheia. (C) Os pecados aos quais insiste reincidir o moralizador
III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato são os mesmos em que ele acusa seus semelhantes.
respeitasse os padrões de conduta que ele cobra dos (D) Respeitar um padrão moral das ações é uma
outros.
Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS
qualidade da qual não abrem mão os homens a
em quem não se pode acusar de hipócritas.
(A) I. (E) Quando um moralizador julga os outros segundo um
(B) II. padrão moral de cujo ele próprio não respeita, demonstra
(C) III. toda a hipocrisia em que é capaz.
(D) I e II.

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Atenção: As questões de números 49 a 54 referem- III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira
se ao texto abaixo. traz a superação de tudo o que determina a existência de
diversas espécies de seres humanos.
Fim de feira Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS
Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barra- em
cas, começam a chegar os que querem pagar pouco pelo (A) I.
que restou nas bancadas, ou mesmo nada, pelo que ame- (B) II.
aça estragar. Chegam com suas sacolas cheias de espe- (C) III.
rança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o (D) I e II.
que está pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas (E) II e III.
folhas de couve amarelas,
a metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os 52. Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um
fregueses compradores. Há uns que se aventuram até recurso de construção do texto: no contexto do
mesmo nas cercanias da barraca de pescados, onde pode (A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz suben-
haver alguma suspeita sardinha oculta entre jornais, ou tender a expressão verbal querem pagar.
uma ponta de cação obviamente desprezada. (B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses comprado-
res faz subentender a existência de “fregueses” que não
Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: compram nada.
oferecem-lhes o que, de qualquer modo, eles iriam jogar (C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo
fora. está empregada com o sentido de de toda maneira.
Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento (D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar
dos refugos, e chegam a recolhê-los para não os verem está empregada com o sentido de a fim de resguardar.
coletados. Agem para salvaguardar não o lucro possível, (E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido
mas o princípio mesmo do comércio. Parecem temer que a equivalente ao de mesmo não sendo.
fome seja debelada sem que alguém pague por isso. E
não admitem ser acusados de egoístas: somos comercian- 53. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se
tes, não assistentes sociais, alegam. no plural para preencher de modo correto a lacuna da
frase:
Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da lim- (A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não
peza e os funcionários da prefeitura varrem e lavam tudo, ...... (deixar) de as recolher quem não pode pagar pelas
entre risos e gritos. O trânsito é liberado, os carros atra- boas e bonitas.
vancam a rua e, não fosse o persistente cheiro de peixe, a (B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza
ninguém ocorreria que ali houve uma feira, frequentada pública a providência que fará esquecer que ali funcionou
por tão diversas espécies de seres humanos. (Joel Rubi- uma feira.
nato, inédito) (C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que
oferecem as sobras de seus produtos, a observação do
49. Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveita- autor sobre o egoísmo humano.
mento dos refugos e não admitem ser acusados de egoís- (D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos
tas, o narrador do texto detalhes da coleta, a que o narrador deu ênfase em seu
(A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos texto.
feirantes. (E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar
(B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de o lucro razoável de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável
certos feirantes. impiedade de outros.
(C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse
tipo de coleta. 54. A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte
(D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir frase:
julgamentos. (A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compre-
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos endem a carência dos mais pobres.
feirantes. (B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da
tradicional coleta de um fim de feira.
50. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o (C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza
sentido de um segmento do texto em: centralizado nessa narrativa.
(A) serviu de chamariz  (D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocu-
pação do autor em distinguir os diferentes caracteres hu-
(B) alguma suspeita sardinha possivelmente uma sardi-
manos.
nha.
(E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá
(C) teimoso aproveitamento
também a humilde coleta de que trata a crônica.
(D) o princípio mesmo do comércio e-
ração comercial.
Instruções: Para responder às questões de números
(E) Agem para salvaguardar
55 a 64, considere o texto a seguir.
51. Atente para as afirmações abaixo.
Jornalismo e universo jurídico
I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da
É frequente, na grande mídia, a divulgação de informações
ponta de um cação que foi desprezada justificam o empre-
ligadas a temas jurídicos, muitas vezes essenciais para a
go de se aventuram, no primeiro parágrafo.
conscientização do cidadão a respeito de seus direitos.
II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa
Para esse gênero de informação alcançar adequadamente
entrever que o autor não compactua com a justificativa dos
o público leitor leigo, não versado nos temas jurídicos, o
feirantes.
papel do jornalista se torna indispensável, pois cabe a ele
transformar

Língua Portuguesa 51
TJ MG

informações originadas de meios especializados em notí- (B) II.


cia assimilável pelo leitor. (C) III.
Para que consiga atingir o grande público, ao elaborar uma (D) I e II.
notícia ou reportagem ligada a temas jurídicos, o jornalista (E) II e III.
precisa buscar conhecimento complementar. Não se trata
de uma tarefa fácil, visto que a compreensão do universo 57. O trecho citado de Leão Serva ressalta o fato de que
jurídico exige conhecimento especializado. A todo instante (A) a profissão de jornalista leva o homem de imprensa a
veem-se nos meios de comunicação informações sobre se familiarizar com paradigmas que norteiam outros cam-
fatos complexos relacionados ao mundo da Justiça: refor- pos de atuação.
ma processual, controle externo do Judiciário, julgamento (B) a investigação de assuntos muito específicos faz com
de crimes de improbidade administrativa, súmula vinculan- que o jornalista descure dos paradigmas de seu próprio
te, entre tantos outros. campo de atuação.
Ao mesmo tempo que se observa na mídia um grande (C) os jornalistas são levados à incompreensão de muitos
número de matérias atinentes às Cortes de Justiça, às fatos quando se limitam aos paradigmas próprios do uni-
reformas na legislação e aos direitos legais do cidadão, verso desses fatos.
verifica-se o desconhecimento de muitos jornalistas ao (D) a inobservância dos paradigmas da imprensa leva
lidar com tais temas. muitos jornalistas a simplificarem excessivamente a com-
O campo jurídico é tão complexo como alguns outros as- plexidade da matéria de que tratam.
suntos enfocados em segmentos especializados, como a (E) as características do jornalismo levam muitos profis-
economia, a informática ou a medicina, campos que tam- sionais da imprensa a submeter uma matéria específica a
bém possuem linguagens próprias. Ao embrenhar-se no paradigmas de outra área.
intrincado mundo jurídico, o jornalista arrisca-se a cometer
uma série de incorreções e imprecisões linguísticas e 58. Ainda no trecho de Leão Serva, a expressão Por conta
técnicas na forma como as notícias são veiculadas. Uma desse procedimento pode ser substituída, sem prejuízo
das razões para esse risco é lembrada por Leão Serva: para a correção e o sentido da passagem, por:
Um procedimento essencial ao jornalismo, que neces- (A) Tendo por alvitre o mesmo procedimento.
sariamente induz à incompreensão dos fatos que nar- (B) No influxo de tal procedimento.
ra, é a redução das notícias a paradigmas que lhes são (C) Em que pese a esse procedimento.
alheios, mas que permitem um certo nível imediato de (D) Conquanto seja considerado o procedimento.
compreensão pelo autor ou por aquele que ele supõe (E) A par deste procedimento.
ser o seu leitor. Por conta desse procedimento, notici-
ários confusos aparecerão simplificados para o leitor, 59. As normas de concordância verbal estão plenamente
reduzindo, consequentemente, sua capacidade real de atendidas na frase:
compreensão da totalidade do significado da notícia. (A) Cabe aos jornalistas transformar informações especia-
(Adaptado de Tomás Eon Barreiros e Sergio Paulo França lizadas em notícias assimiláveis pelo grande público.
de Almeida. (B) Restam-lhes traduzir assuntos especializados em pala-
http://jus2.uol.com.br.doutrina/texto.asp?id=1006) vras que os leigos possam compreender já à primeira
leitura.
55. Uma das razões para a dificuldade de se veicularem (C) Exigem-se dos jornalistas que mostrem competência e
notícias atinentes ao campo jurídico está flexibilidade na passagem de uma linguagem para outra.
(A) na improbidade de jornalistas que se dispõem a pontifi- (D) Não são fáceis de traduzir em palavras simples um
car em assuntos que lhes são inteiramente alheios. universo linguístico tão especializado como o de certas
(B) na inexistência de técnicas de comunicação adequa- áreas técnicas.
das à abordagem de temas que exigem conhecimento (E) Sempre haverá de ocorrer deslizes, ao se transpor
especializado. para a linguagem do dia-a-dia o vocabulário de um campo
(C) no baixo interesse que os temas desse campo do técnico.
conhecimento costumam despertar no público leigo.
(D) na problemática tradução da linguagem do mundo da 60. Ao mesmo tempo que se observa na mídia um grande
Justiça para uma linguagem que o leigo venha a compre- número de matérias atinentes às Cortes de Justiça, às
ender. reformas na legislação (...)
(E) no frequente equívoco de considerar um assunto emi- NÃO se mantém o emprego de às, no segmento acima,
nentemente técnico como questão de interesse público. caso se substitua atinentes por
(A) alusivas.
56. Considere as seguintes afirmações: (B) concernentes.
I. A expressão buscar conhecimento complementar suge- (C) referentes.
re, no contexto do 2o parágrafo, a necessidade de atribuir (D) relativas.
aos juristas mais eminentes a tarefa de divulgar notícias do (E) pautadas.
mundo jurídico.
II. No segmento que também possuem linguagens próprias 61. Traduz-se de modo claro, coerente e correto uma ideia
(parágrafo 3o), a palavra sublinhada assinala que a im- do texto em:
prensa dispõe, como outros campos da mídia, de uma (A) A complexidade do universo jurídico é de tal ordem,
linguagem específica. tendo em vista a alta especialização de seu vocabulário,
III. Na expressão ao embrenhar-se no intrincado mundo razão pela qual um jornalista vê-se em apuros ao traduzir-
jurídico (parágrafo 3o), os dois termos sublinhados dão lhe.
ênfase ao risco de desnorteio que oferece uma matéria (B) Não apenas o campo jurídico: também outras áreas,
específica ao jornalista que pretende simplificá-la. como a economia ou a medicina, onde se dispõem de
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se termos específicos, suscitam sérios desafios à linguagem
afirma em jornalística.
(A) I.

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(C) Há matérias especializadas que exigem dos jornalistas benefícios onde a contrapartida em criação de empregos é
uma formação complementar, para que possam traduzir insuficiente.
com fidelidade os paradigmas dessas áreas. c) Naquele editorial da revista não ficou claro a posição
(D) Sem mais nem porque, alguns jornalistas passam a do mesmo, seja porque o editorialista de fato não o dese-
considerar-se aptos na abordagem de assuntos especiali- jasse, ou então porque a redação dele não o permitiu.
zados, daí advindo de que muitas de suas matérias desvir- d) Com o fim do rodízio no trânsito, espera-se que ele
tuam a especificidade original. aumente, voltando a terem problemas de congestionamen-
(E) Em sua citação, Leão Serva propõe que a incompreen- to justamente quando todos saem ou voltam para casa.
sibilidade de muitas matérias jurídicas na imprensa deve-
se ao procedimento redutor que leva um jornalista a inca- 66) Indique a sequência que preenche corretamente as
pacitar-se para aprender a totalidade da notícia. lacunas:
1. Ainda _____ pouco exultava, o que agora chora.
62. Transpondo-se para a voz passiva o segmento Para 2. Conversarei contigo daqui ___ pouco, disse-lhe.
esse gênero de informação alcançar adequadamente o 3. Diz-se que os milionários portugueses, ____ muitos
público leitor leigo, a forma verbal resultante será residentes no Brasil, sentem saudades de Portugal.
(A) tenha alcançado. 4. O sábio francês Adhémar, que viveu _____ mais de cem
(B) fosse alcançado. anos, formulou a teoria dos Períodos Glaciários.
(C) tenha sido alcançado. a) há - há - há - há
(D) ser alcançado. b) há - a - há - há
(E) vier a alcançar. c) a - há - há - há
d) há -a - a - há
63. Atente para as seguintes afirmações:
I. Haverá alteração de sentido caso se suprimam as vírgu- 67) Marque o conjunto de palavras que preenche as lacu-
las do segmento Um procedimento essencial ao jornalis- nas do texto, com correção gramatical e adequação à
mo, que necessariamente induz à incompreensão dos modalidade padrão da língua:
fatos que narra, é a redução das notícias (...). "Como profissional de comunicação, com alguma experi-
II. Ainda que opcional, seria desejável a colocação de uma ência em seu uso na política, tenho dificuldade em com-
vírgula depois da expressão Ao mesmo tempo, na abertura preender o que pretendem os candidatos. Enganar-nos?
do 3o parágrafo. Creio que é isso. Não ________ basta nada ________.
III. Na frase Não se trata de uma tarefa fácil, visto que a Dizem ________. Uns, ________, de fato, nada têm a
compreensão do universo jurídico exige conhecimento propor ou oferecer. Outros, ________ sabem falar." (S.
especializado, pode-se, sem prejuízo para o sentido, subs- Farhat)
tituir o segmento sublinhado por fácil: a compreensão. a) lhes - terem a dizer - mal - porquê - mal
Está correto o que se afirma em b) lhes - ter a dizer - mal - porque - mal
(A) I, II e III. c) nos - termos a dizer - mau - porque - mal
(B) I e III, somente. d) lhos - ter a dizerem - mau - porquê - mau
(C) I e II, somente.
(D) II e III, somente. 68) A alternativa em que a pontuação está CORRETA é:
(E) I, somente. a) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de
marca de identidade, constitui recurso imprescindível para
64. A flexão dos verbos e a correlação entre seus tempos uma boa argumentação. Ou seja: em situações em que a
e modos estão plenamente adequadas em: norma culta se impõe, transgressões podem desqualificar
(A) Seria preciso que certos jornalistas conviessem em o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
aprofundar seus conhecimentos na área jurídica, para que b) O padrão culto do idioma - além de ser uma espécie
não seguissem incorrendo em equívocos de informação. de marca de identidade -, constitui recurso, imprescindível,
(B) Se um jornalista decidir pautar-se pela correção das para uma boa argumentação. Ou seja: em situações, em
informações e se dispor a buscar conhecimento comple- que a norma culta se impõe, transgressões podem des-
mentar, terá prestado inestimável serviço ao público leitor. qualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o
(C) Todo equívoco que sobrevir à precária informação autor.
sobre um assunto jurídico constituiria um desserviço aos c) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de
que desejarem esclarecer-se pelo noticiário da imprensa. marca de identidade, constitui recurso imprescindível para
(D) As imprecisões técnicas que costumam marcar notí- uma boa argumentação, ou seja, em situações em que a
cias sobre o mundo jurídico deveriam-se ao fato de que norma culta, se impõe transgressões, podem desqualificar
muitos jornalistas não se deteram suficientemente na es- o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
pecificidade da matéria. d) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de
(E) Leão Serva não hesitou em identificar um procedimen- marca de identidade constitui recurso imprescindível para
to habitual do jornalismo, a “redução das notícias”, como uma boa argumentação; ou seja: em situações em que a
tendo sido o responsável por equívocos que vierem a norma culta se impõe, transgressões podem desqualificar
tolher a compreensão da matéria. o conteúdo exposto e, até mesmo, desacreditar o autor...

65) Indique o período cuja redação está inteiramente clara 69) Assinale a única alternativa em que a expressão "por-
e correta. que" deve vir separada:
a) Resultou frustrada a nossa expectativa de adquirir a) Em breve compreenderás porque tanta luta por um
bons livros, já que, na tão decantada liquidação daquela motivo tão simples.
grande livraria, só havia títulos inexpressivos. b) Não compareci à reunião porque estava viajando.
b) Os incentivos fiscais constituem uma questão compli- c) Se o Brasil precisa do trabalho de todos é porque pre-
cada, pois segundo alguns, a iniciativa privada recebe cisamos de um nacionalismo produtivo.
d) Ainda não se descobriu o porquê de tantos desenten-
dimentos.

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locução adjetiva.
70) Assinale a opção correta quanto à pontuação: Indique a alternativa cuja frase também apresenta uma
a) De tempos em tempos práticas criadas para reduzir a locução desse tipo.
degradação do meio ambiente, ganham notoriedade espe- (A) A família viajou de avião à Argentina.
cial. (B) A energia produzida pela força dos ventos é chamada
b) De tempos em tempos, práticas criadas para reduzir a de eólica.
degradação do meio ambiente ganham notoriedade espe- (C) Ele resolveu de imediato todas as questões pendentes.
cial. (D) A secretária gosta de chantili em seu café.
c) De tempos em tempos práticas, criadas para reduzir a (E) No fórum, as salas estavam cheias de gente.
degradação do meio ambiente ganham notoriedade espe-
cial. 75. No texto, as palavras gaúcha e alcoolismo possuem
d) De tempos em tempos práticas criadas, para reduzir a hiato.
degradação do meio ambiente ganham notoriedade especial Indique a alternativa em que as duas palavras também
possuem esse encontro vocálico.
Considere o texto para responder às questões de números (A) Quadrado e caatinga.
71 a 76. (B) Guaraná e leopardo.
O antibafômetro (C) Toalha e saguão.
O Conselho Regional de Farmácia autuou uma drogaria da (D) Violeta e teatro.
capital gaúcha que anunciava a venda de um remédio (E) Moeda e guindaste.
aparentemente capaz de mascarar os efeitos do álcool e
enganar o bafômetro. Cartazes no interior da farmácia 76. Em – ... destinado a pacientes de alcoolismo... – o
faziam a propaganda do medicamento. Originalmente substantivo em destaque é comum de dois gêneros.
destinado a pacientes de alcoolismo crônico, ele não pro- Assinale a alternativa que apresenta dois substantivos que
duz os efeitos anunciados. O dono da farmácia deverá também são comuns de dois gêneros.
responder ainda a um processo por incitar os consumido- (A) Mártir e monstro.
res a beber e dirigir, crime previsto no Código Penal. (Re- (B) Carrasco e sósia.
vista Época, 06.10.2008. Adaptado) (C) Xereta e intérprete.
(D) Criatura e piloto.
71. Em – Cartazes no interior da farmácia faziam a propa- (E) Ídolo e cônjuge.
ganda do medicamento – o verbo em destaque está con-
jugado no 77. Assinale a frase correta quanto ao emprego do gênero
(A) pretérito perfeito, pois apresenta um fato inesperado e dos substantivos.
incomum, ocorrido uma única vez. (A) A perda das esperanças provocou uma profunda dó na
(B) pretérito imperfeito, pois se refere a um fato que era personagem.
habitual no passado. (B) O advogado não deu o ênfase necessário às milhares
(C) pretérito mais-que-perfeito, pois indica fatos que acon- de solicitações.
teceram repentinamente num passado remoto. (C) Ele vestiu o pijama e sentou-se para beber uma cham-
(D) imperfeito do subjuntivo, pois apresenta um fato prová- panha gelada.
vel, mas dependente de algumas circunstâncias. (D) O omelete e o couve foram acompanhados por doses
(E) futuro do pretérito, pois se refere a um fato de futuro do melhor aguardente.
incerto e duvidoso. (E) O beliche não coube na quitinete recém-comprada
pelos estudantes.
72. Considere os trechos:
... de um remédio aparentemente capaz de mascarar os 78. Considere as frases:
efeitos do álcool... Esta escada tem degrau irregular.
... por incitar os consumidores a beber e dirigir, crime pre- O troféu vem adornado com ouro.
visto no Código Penal. Elas estão corretamente escritas no plural na alternativa:
Os termos em destaque expressam, respectivamente, as (A) Estas escadas têm degraus irregulares. Os troféus vêm
circunstâncias de adornados com ouro.
(A) afirmação e meio. (B) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféis vêm
(B) afirmação e lugar. adornados com ouro.
(C) modo e lugar. (C) Estas escadas tem degraus irregulares. Os troféus
(D) modo e meio. vem adornados com ouro.
(E) intensidade e modo. (D) Estas escadas tem degrais irregulares. Os troféis vem
adornados com ouro.
73. Assinale a alternativa em que os termos em destaque, (E) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféus vem
na frase a seguir, estão corretamente substituídos pelo adornados com ouro.
pronome.
O dono da farmácia deverá sofrer um processo por incitar 79. Assinale a alternativa correta quanto ao emprego do
os consumidores a beber. gênero e do número das palavras.
(A) sofrê-lo ... incitá-los (A) Os portas-retratos estavam espalhados sobre o baú.
(B) sofrê-lo ... incitar-lhes (B) Toalhas laranja deverão recobrir as mesas usadas na
(C) sofrer-lo ... incitar-los próxima convenção.
(D) sofrer-lhe ... incitá-los (C) A empresa escolheu os uniformes na cor azul-marinha.
(E) sofrer-lhe ... incitar-lhes (D) Os assaltantes, munidos de pés-de-cabras, invadiram
o banco.
74. Em – ... um remédio aparentemente capaz de masca- (E) As folhas de sulfite para a impressão dos convites
rar os efeitos do álcool... – os termos em destaque consti- eram bege.
tuem uma

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80. Indique a alternativa cujas palavras preenchem, correta III. Estes relatórios devem ser conferidos por mim e por
e respectivamente, as frases a seguir: vocês.
............................o motorista chegou, já havia uma série O emprego do pronome mim está correto em
de tarefas para ele realizar. (A) III, apenas.
Aquele que .......................... é caráter não progride na (B) I e II, apenas.
carreira profissional. (C) I e III, apenas.
Como ele se saiu ...............................na prova prática, não (D) II e III, apenas.
conseguiu a colocação esperada. (E) I, II e III.
(A) Mau ... mau ... mal
(B) Mau ... mal ... mau Leia o texto para responder às questões de números 86 e
(C) Mal ... mau ... mau 87.
(D) Mal ... mau ... mal Nova lei torna airbag frontal obrigatório
(E) Mal ... mal ... mau O projeto de lei que torna o airbag frontal para motorista e
passageiro item de segurança obrigatório em carros, ca-
81. Indique a alternativa que completa a frase a seguir, mionetes e picapes, aprovado pela Câmara no mês pas-
respectivamente, com as circunstâncias de intensidade e sado, foi sancionado pelo presidente da República e publi-
de modo. cado ontem no “Diário Oficial” da União.
Após o telefonema, o motorista partiu.................. A estimativa é que hoje de 15% a 25% dos veículos vendi-
(A) às 18 h com o veículo. dos no país tenham o airbag, índice que é menor entre os
(B) rapidamente ao meio-dia. populares (5%). (Folha de S.Paulo, 20.03.2009)
(C) bastante alerta.
(D) apressadamente com o caminhão. 86. Entre os termos em destaque no texto, os que exercem
(E) agora calmamente. a função de adjetivo são
(A) frontal, passado e Oficial.
82. A alternativa em que o termo em destaque exerce a (B) frontal, item e passado.
função de substantivo é: (C) Oficial, ontem e índice.
(A) Respondeu à pergunta com um sorriso amarelo. (D) Oficial, item e passado.
(B) Estava pálida, e seu rosto apresentava tons amarelos. (E) item, ontem e índice.
(C) As cortinas amarelas combinavam com o ambiente.
(D) Marque com um traço amarelo as ruas do mapa. 87. Supondo-se que um cidadão resolva escrever ao pre-
(E) Os amarelos de Van Gogh tornaram suas telas famo- sidente da República para elogiá-lo pela sanção desse
sas. projeto, esse
cidadão deve se dirigir ao presidente tratando-o por
83. Considere as frases e as observações sobre elas: (A) Vossa Senhoria.
Marcelo, que trabalha em nosso departamento, declara-se (B) Vossa Excelência.
um solteirão convicto. (C) Vossa Magnificência.
O avô disse à neta: Você é minha princesinha! (D) Vossa Reverendíssima.
Para dona Salete, todos da vizinhança pertencem à genta- (E) Vossa Eminência.
lha.
I. Nos termos em destaque, o emprego do aumentativo e 88. Um dos pronomes de tratamento com que as pessoas
do diminutivo expressa a ideia de tamanho. devem se dirigir a juízes de direito é Vossa Meritíssima.
II. Você é um pronome pessoal do caso reto. Em sua composição, o pronome Meritíssima é um
III. Todos classifica-se como pronome indefinido, pois se (A) adjetivo empregado em seu comparativo de superiori-
refere aos seres de maneira vaga e imprecisa. dade.
IV. Em – ... que trabalha em nosso departamento... – o (B) adjetivo empregado no superlativo relativo.
pronome em destaque é relativo e se refere a Marcelo. (C) adjetivo empregado no superlativo absoluto.
É correto o que se afirma em (D) substantivo empregado no grau aumentativo sintético.
(A) I e III, apenas. (E) substantivo empregado no grau aumentativo analítico.
(B) II e III, apenas.
(C) III e IV, apenas. 89) Considerando-se o significado com que foi empregada
(D) I, II e IV, apenas. a palavra MESMO no trecho "Mesmo depois de pronto, o
(E) I, II, III e IV. barco de esporte e lazer continua a gerar trabalho em
marinas", pode-se afirmar que ela foi empregada com
84. Assinale a alternativa cujos verbos preenchem, correta idêntico significado na frase:
e respectivamente, as frases a seguir. a) Um passeio de barco é agradável, mesmo com tempo
Se o motor do veículo .................a temperatura alta, leve-o chuvoso.
à oficina mecânica. b) A Receita Federal mesma é que vetou a diminuição da
Quando você .......................o motorista, informe-lhe os carga tributária.
novos endereços do Tribunal de Justiça. c) Mesmo que o mar esteja agitado, o esportista não
(A) manter ... ver deixa de sair com seu barco.
(B) manter ... vir d) Apenas um barco chegou ao mesmo local onde estive-
(C) manter ... viu ra antes.
(D) mantiver ... ver
(E) mantiver ... vir 90. Assinale a alternativa cujos verbos preenchem, correta
e respectivamente, a recomendação a seguir, afixada em
85. Considere as frases: seção
I. Recomendou que era para mim esperá-lo à porta do de determinado fórum.
cinema. Prezados Senhores
II. Entre mim e a sua família sempre houve entrosamento.

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Nós temos ...................a situações constrangedoras por isso, poderá


conta do uso indevido do celular. 29 receber na corrente sanguínea soluções de glicose,
Se os senhores não se .....................a agir com educação cálcio,
e respeitar o outro, desligando o aparelho quando neces- 30 vitamina C, produtos aromáticos - tudo sem saber dos
sário, a Direção ....................... tomando medidas drásti- riscos que
cas. 31 corre pela entrada súbita destes produtos na sua circu-
Contamos com a colaboração de todos! lação.
(A) chego ... predispuserem ... interverá Dr. Geraldo Medeiros - Veja - 1995
(B) chego ... predisporem ... intervirá
(C) chegado ... predisporem ... interverá 91 Sobre o título dado ao texto - um arriscado esporte
(D) chegado ... predispuserem ... intervirá nacional -, a única afirmação correta é:
(E) chegado ... predisporem ... intervirá A) mostra que a automedicação é tratada como um es-
porte sem riscos;
Um arriscado esporte nacional B) indica quais são os riscos enfrentados por aqueles
que se automedicam;
01 Os leigos sempre se medicaram por conta própria, já C) denuncia que a atividade esportiva favorece a auto-
que de medicação;
02 médico e louco todos temos um pouco, mas esse pro- D) condena a pouca seriedade daqueles que consomem
blema jamais remédio por conta própria;
03 adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como E) assinala que o principal motivo da automedicação é a
atualmente. tentativa de manter-se a juventude.
04 Qualquer farmácia conta hoje com um arsenal de ar-
mas de 92 Os leigos sempre se medicaram por conta própria,...
05 guerra para combater doenças de fazer inveja à própria Esta frase inicial do texto só NÃO equivale semanticamen-
indústria te a:
06 de material bélico nacional. Cerca de 40% das vendas A) Os leigos, por conta própria, sempre se medicaram;
realizadas B) Por conta própria os leigos sempre se medicaram;
07 pelas farmácias nas metrópoles brasileiras destinam-se C) Os leigos se medicaram sempre por conta própria;
a pessoas D) Sempre se medicaram os leigos por conta própria;
08 que se automedicam. A indústria farmacêutica de me- E) Sempre os leigos, por conta própria, se medicaram.
nor porte e
09 importância retira 80% de seu faturamento da venda 93 O motivo que levou o Dr. Geraldo Medeiros a abordar
''livre'' de o tema da automedicação, segundo o que declara no pri-
10 seus produtos, isto é, das vendas realizadas sem recei- meiro parágrafo do texto, foi:
ta médica. A) a tradição que sempre tiveram os brasileiros de auto-
11 Diante desse quadro, o médico tem o dever de alertar a medicar-se;
12 população para os perigos ocultos em cada remédio, B) os lucros imensos obtidos pela indústria farmacêutica
sem que com a venda ''livre'' de remédios;
13 necessariamente faça junto com essas advertências C) a maior gravidade atingida hoje pelo hábito brasileiro
uma sugestão da automedicação;
14 para que os entusiastas da automedicação passem a D) a preocupação com o elevado número de óbitos de-
gastar mais corrente da automedicação;
15 em consultas médicas. Acredito que a maioria das E) aumentar o lucro dos médicos, incentivando as con-
pessoas se sultas.
16 automedica por sugestão de amigos, leitura, fascinação
pelo 94 Um grupo de vocábulos do texto possui componentes
17 mundo maravilhoso das drogas ''novas'' ou simples- sublinhados cuja significação é indicada a seguir; o único
mente para item em que essa indicação está ERRADA é:
18 tentar manter a juventude. Qualquer que seja a causa, A) bélico - guerra;
os B) metrópoles - cidade;
19 resultados podem ser danosos. C) antibióticos - vida;
20 É comum, por exemplo, que um simples resfriado ou D) glicose - açúcar;
uma E) cálcio - osso.
21 gripe banal leve um brasileiro a ingerir doses insuficien-
tes ou 95 O item em que o segmento sublinhado tem forma
22 inadequadas de antibióticos fortíssimos, reservados equivalente corretamente indicada é:
para A) ...já que de médico e louco todos temos um pouco. -
23 infecções graves e com indicação precisa. Quem age uma vez que;
assim está B) ...vendas realizadas pelas farmácias... - entre as;
24 ensinando bactérias a se tornarem resistentes a antibió- C) ...sem que necessariamente faça junto com essas
ticos. Um advertências... - embora;
25 dia, quando realmente precisar de remédio, este não D) ...para que os entusiastas da automedicação... - afim;
funcionará. E) Quem age assim está ensinando bactérias... - mal.
26 E quem não conhece aquele tipo de gripado que chega
a uma 96 ...jamais adquiriu contornos tão preocupantes no
27 farmácia e pede ao rapaz do balcão que lhe aplique Brasil como atualmente; ...sem que necessariamente faça
uma junto com essas advertências...; ...quando realmente pre-
28 ''bomba'' na veia, para cortar a gripe pela raiz? Com cisar de remédio...; os advérbios sublinhados indicam,
respectivamente:

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A) tempo, modo, afirmação; em que podem colher verduras não contamina-


B) tempo, modo, tempo; das.
C) tempo, tempo, tempo; II. Um hábito da Idade Média inspirou várias famí-
D) modo, tempo, modo; lias que, morando nas cercanias da Serra da
E) modo, modo, afirmação. Cantareira, resolveram fazer das hortas comu-
nitárias autênticas feiras livres
97 O item em que o par de palavras NÃO está acentuado III. A venda de hortaliças diretamente do produ-
em função da mesma regra ortográfica é: tor para o consumidor traz, para aquele,
A) própria / advertências; vantagens financeiras e, para este, a garan-
B) farmácia / bactérias; tia de produtos mais saudáveis.
C) indústria / cálcio;
D) importância / raízes; Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que
E) remédio / circunstância. se afirma em
(A) I.
98 Palavra que NÃO pertence ao mesmo campo semân- (B) II.
tico das demais é: (C) III.
A) arsenal; (D) I e II.
B) armas; (E) II e III.
C) guerra;
D) combater; 102. São grandes as vantagens que ....., da compra direta
E) inveja. de hortaliças (ou dos ...... , em geral); sabem disso
aqueles que já se ...... e pensaram nos males dos
99 Termo sublinhado que exerce função diferente dos agrotóxicos.
demais é: Completam corretamente as lacunas do período a-
A) ...venda de seus produtos...; cima:
B) ...dever de alertar...; (A) adviriam - hortifrutigranjeiros - detiveram
C) ...sugestão de amigos...; (B) adveriam - hortifrutigranjeiros - detiveram
D) ...fascinação pelo mundo...; (C) adviriam - hortisfrutisgranjeiros - deteram
E) ...fazer inveja à indústria..... (D) adveriam - hortisfrutisgranjeiros - deteram
(E) adviriam - hortifrutigranjeiros - deteram
100 Ao indicar as prováveis razões pelas quais os brasilei-
ros se automedicam, o Dr. Geraldo Medeiros utiliza um 103. A frase corretamente construída é:
argumento baseado em opinião e não numa certeza; o (A) Alface, rúcula, pepino e outros legumes espa-
segmento que comprova essa afirmação é: lham-se, aos dezessete hectares na Chácara
A) É comum...(l.20); do Frade.
B) Acredito...(l.15); (B) As pessoas preferem os legumes de cujo risco
C) ...por exemplo...(l.20); de agrotóxicos seja evitado.
D) Com isso...(l.28); (C) Foi na Idade Média onde começou a surgir a
E) Qualquer que...(l.18). venda direta do plantio ao consumidor.
(D) Os agrotóxicos, com que estão contaminados
As questões de números 101 a 105 referem-se ao texto os legumes nos supermercados, são evitados
que segue. pelo produtor José Frade.
(E) Comprar hortaliças do próprio produtor é uma
Várias famílias percorrem dez ou mais quilômetros com providência de que muitas pessoas já começa-
destino à Serra da Cantareira, mais precisamente à ram a se habituar.
Chácara do Frade, com seus dezessete hectares to-
mados por alface, rúcula, pepino, cenoura e dezenas 104. Transpondo para a voz passiva a frase "Estão abrin-
de outras hortaliças. As pessoas caminham entre os do suas portas aos visitantes", a forma verbal resul-
canteiros, trocam informações sobre o plantio, esco- tante será ..... .
lhem o que comprar e levam produtos fresquinhos, ja- (A) serão abertas
mais "batizados" por agrotóxicos. (B) são abertas
(C) têm sido abertas
Cada vez mais hortas instaladas perto da capital es- (D) têm aberto
tão abrindo suas portas aos visitantes. O proprietário, José (E) estão sendo abertas
Frade, lucra com a venda direta. O consumidor, por sua
vez, garante a qualidade do que está comendo. 105. Na Chácara do Frade, as pessoas olham os cantei-
Na Europa, isso é muito comum. Desde a Idade ros e percorrem os canteiros informando-se sobre o
Média, durante a época da colheita, as plantações dos que está plantado nos canteiros.
vilarejos vizinhos às cidades se transformam em verdadei- Eliminam-se as repetições viciosas da frase acima
ras feiras livres. Por aqui, a onda está apenas começando. substituindo-se corretamente os termos sublinhados
Num raio de cem quilômetros da capital já existem pelo por:
menos nove sítios e chácaras que trabalham nesse siste- (A) percorrem eles - lhes está plantado
ma. (B) os percorrem - neles está plantado
(C) percorrem-lhes - neles está plantado
(D) os percorrem - está plantado-lhes
101. Considere as seguintes afirmações: (E) percorrem-lhes - lhes está plantado
I. Muitos consumidores das cercanias de São
Paulo passaram a cultivar hortas domésticas, As questões de números 106 e 107 referem-se ao texto
que segue.

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ninas, é como se a velhice de cada um reafir-


É grave o quadro anual do ensino superior. A greve de masse a que vem das montanhas e dos hori-
professores paralisa boa parte das universidades federais. zontes, velhice quase eterna, pousada no tem-
As universidades públicas estão amargando uma espécie po.
de êxodo de seus melhores profissionais. Têm cada vez
menos condições de competir com os salários pagos pelas Vejam-se as roupas dos velhinhos interioranos: a-
instituições privadas. quele chapéu de feltro manchado, aquelas largas calças
de brim cáqui incontavelmente lavadas. aquele puído dos
106. Indique o período que resume, de forma clara e exa- punhos de camisas já sem cor  tudo combina admira-
ta, as informações do texto, e que não apresenta in- velmente com a enorme jaqueira do quintal, com a gene-
correção gramatical alguma. rosa figueira da praça, com as teias no campanário da
(A) Devido a pagarem mal os professores, estão igreja. E os hábitos? Pica-se o fumo de corda, lentamente,
havendo greves nas universidades federais, em com um canivete herdado do século passado, enquanto a
que os melhores profissionais procuram as ins- conversa mole se desenrola sem pressa e sem destino.
tituições privadas.
(B) Os professores do ensino superior oficial estão Na cidade grande. há um quadro que se repete mil
fazendo greve, ou mesmo êxodo para as parti- vezes ao dia, e que talvez já diga tudo: o velhinho, no
culares, já que seus salários não são competiti- cruzamento perigoso, decide-se, enfim, a atravessar a
vos. avenida, e o faz com aflição, um braço estendido em sinal
(C) Como os salários que pagam estão cada vez de pare aos motoristas apressados, enquanto amiúda o
mais baixos, as universidades públicas estão que pode o próprio passo. Parece suplicar ao tempo que
sofrendo greves e o êxodo de seus melhores diminua seu ritmo, que lhe dê a oportunidade de contem-
professores. plar mais demoradamente os ponteiros invisíveis dos dias
(D) As universidades particulares atraem os pro- passados, e de sondar com calma, nas nuvens mais altas,
fessores das oficiais, em virtude dos salários o sentido de sua própria história.
que pagam, e que chegam a provocarem gre- Há, pois, velhices e velhices  até que chegue o
ves. dia em que ninguém mais tenha tempo para de fato enve-
(E) Há êxodo ou greve dos professores das univer- lhecer. Celso de Oliveira
sidades federais para as particulares, onde os
salários as tornam muito mais competitivas.
108. A frase "Os velhos das cidadezinhas do interior pare-
107. Indique o período cuja pontuação está inteiramente cem muito mais plenamente velhos que os das me-
correta. trópoles" constitui uma
(A) Há muito, vêm caindo os salários dos professo- (A) impressão que o autor sustenta ao longo do
res das universidades públicas, estes desani- texto, por meio de comparações.
mados fazem greve ou, as trocam pelas institu- (B) impressão passageira, que o autor relativiza ao
ições privadas. longo do texto.
(B) Há muito vêm caindo os salários, dos professo- (C) falsa hipótese, que a argumentação do autor
res das universidades públicas estes desani- demolirá.
mados, fazem greve ou as trocam, pelas insti- (D) previsão feita pelo autor, a partir de observa-
tuições privadas. ções feitas nas grandes e nas pequenas cida-
(C) Há muito, vêm caindo, os salários dos profes- des.
sores das universidades públicas; estes desa- (E) opinião do autor, para quem a velhice é mais
nimados fazem greve, ou as trocam pelas insti- opressiva nas cidadezinhas que nas metrópo-
tuições privadas. les.
(D) Há muito vêm caindo os salários dos professo-
res das universidades públicas; estes, desani- 109. Considere as seguintes afirmações:
mados, fazem greve ou as trocam pelas institu- I. Também nas roupas dos velhinhos interioranos
ições privadas. as marcas do tempo parecem mais antigas.
(E) Há muito vêm caindo, os salários dos professo- II. Na cidade grande, a velhice parece indiferente
res, das universidades públicas; estes, desa- à agitação geral.
nimados, fazem greve, ou: as trocam pelas ins- III. O autor interpreta de modo simbólico o gesto
tituições privadas. que fazem os velhinhos nos cruzamentos.
Em relação ao texto, está carreta o que se afirma
As questões de números 108 a 112 referem-se ao texto SOMENTE em
que segue. (A) I.
(B) II.
Os velhos das cidadezinhas do interior parecem (C) III.
muito mais plenamente velhos que os das me- (D) I e III.
trópoles. Não se trata da idade real de uns e ou- (E) II e III.
tros, que pode até ser e mesma, mas dos tem-
110. Indique a afirmação INCORRETA em relação ao
pos distintos que eles parecem habitar Na agi- texto.
tação dos grandes centros, até mesmo a velhice (A) Roupas, canivetes, árvores e campanário são
parece ainda estar integrada na correria, os ve- aqui utilizados como marcas da velhice.
lhos guardam alguma ansiedade no olhar, nos (B) O autor julga que, nas cidadezinhas interiora-
modos, na lentidão aflita de quem se sente fora nas, a vida é bem mais longa que nos grandes
do compasso. Na calmaria das cidades peque- centros.

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(C) Hábitos como o de picar fumo de corda deno- produzida pelas circunstâncias econômicas comuns e só
tam relações com o tempo que já não existem restava, como esperança, a conservação do que ainda não
nas metrópoles. fora destruído. Defendia que as terras adquiridas pelo
(D) O que um velhinho da cidade grande parece Patrimônio Nacional, a maioria completamente inculta,
suplicar é que lhe seja concedido um ritmo de deveriam ser mantidas assim.
vida compatível com sua idade.
(E) O autor sugere que, nas cidadezinhas interio- Há apenas poucos séculos, a mera ideia de resistir
ranas, a velhice parece harmonizar-se com a à agricultura, ao invés de estimulá-la, pareceria ininteligí-
própria natureza. vel. Como teria progredido a civilização sem a limpeza das
florestas, o cultivo do solo e a conversão da paisagem
111. O sentido do último parágrafo do texto deve ser as- agreste em terra colonizada pelo homem? A tarefa do
sim entendido. homem, nas palavras do Gênesis, era "encher a terra e
(A) Do jeito que as coisas estão, os velhos pare- submetê-la". A agricultura estava para a terra como o
cem não ter qualquer importância. cozimento para a carne crua. Convertia natureza em cultu-
(B) Tudo leva a crer que os velhos serão cada vez ra. Terra não cultivada significava homens incultos. E
mais escassos, dado o atropelo da vida moder- quando os ingleses seiscentistas mudaram-se para Mas-
na. sachusetts, parte de sua argumentação em defesa da
(C) O prestígio do que é novo é tão grande que já ocupação dos territórios indígenas foi que aqueles que por
ninguém repara na existência dos velhos. si mesmos não submetiam e cultivavam a terra não tinham
(D) A velhice nas cidadezinhas do interior é tão direito de impedir que outros o fizessem.
harmoniosa que um dia ninguém mais sentirá o
próprio envelhecimento. 113. Ao mencionar, no primeiro parágrafo do texto, a
(E) No ritmo em que as coisas vão, a própria velhi- inclinação dos ingleses pelo espaço rural, o autor
ce talvez não venha a ter tempo para tomar (A) busca enfatizar o que ocorre no século XX, em
consciência de si mesma. que a afeição pelo campo lhe parece ser real-
mente mais genuína.
112. Indique a alternativa em que se traduz corretamente (B) a caracteriza em diferentes momentos históri-
o sentido de uma expressão do texto, considerado o cos, tomando como referência distintas situa-
contexto ções em que ela se manifesta.
(A) "parecem muito mais plenamente velhos" = dão (C) cita costumes do povo inglês destruídos pela
a impressão de se ressentirem mais dos males aceleração do crescimento das fábricas, causa
da velhice. de sua impossibilidade de volta periódica ao
(B) "guardam alguma ansiedade no olhar = seus campo.
olhos revelam poucas expectativas. (D) refere autores que procuraram conscientemen-
(C) "fora do compasso" = num distinto andamento. te manter sua popularidade explorando temas
(D) "a conversa mole se desenrola" = a explanação "rurais" para mostrar como se criou o mito de
é detalhada. um paraíso campestre.
(E) "amiúda o que pode o próprio passo" = deve (E) particulariza o espaço estrangeiro visitado pe-
desacelerar suas passadas. los ingleses - Portugal - para esclarecer o que
os indivíduos buscavam e não podia ser encon-
As questões de números 113 a 125 referem-se ao trado na sua pátria.
texto que segue.
114. Leia com atenção as afirmações abaixo sobre o
No inicio do século XX a afeição pelo campo era segundo parágrafo do texto.
uma característica comum a muitos ingleses. Já no final do I. Em confronto com o primeiro parágrafo, o autor
século XVIII, dera origem ao sentimento de saudade de apresenta um outro matiz da relação do espírito
casa tão característico dos viajantes ingleses no exterior, inglês com o espaço rural.
como William Beckford, no leito de seu quarto de hotel II. O autor assinala os pontos mais relevantes re-
português, em 1787, "assediado a noite toda por ideias feridos por G.M. Trevelyan para comprovar a
rurais da Inglaterra." À medida que as fábricas se multipli- ideia universalmente aceita de que o contato
cavam, a nostalgia do morador da cidade refletia-se em com a natureza é importante para o espírito.
seu pequeno jardim, nos animais de estimação, nas férias III. O historiador inglês revela pessimismo, a cujos
passadas na Escócia, ou no Distrito dos Lagos, no gosto fundamentos ele não faz nenhuma referência
pelas flores silvestres e a observação de pássaros, e no no texto.
sonho com um chalé de fim de semana no campo. Hoje São corretas:
em dia, ela pode ser observada na popularidade que se (A) I, somente.
conserva daqueles autores conscientemente "rurais" que, (B) III, somente.
do século XVII ao XX, sustentaram o mito de uma arcádia (C) I e III, somente.
campestre. (D) II e III, somente.
(E) I, II e III.
Em alguns ingleses, no historiador G.M. Trevelyan,
por exemplo, o amor pela natureza selvagem foi muito 115. As indagações presentes no terceiro parágrafo re-
além desses anseios vagamente rurais. Lamentava, em presentam, no texto,
um dos seus textos mais eloquentes, de 1931, a destrui- (A) pontos relevantes sobre os quais a humanida-
ção da Inglaterra rural e proclamava a importância do de ainda não refletiu.
cenário da natureza para a vida espiritual do homem. Sus- (B) perguntas que historiadores faziam, ás pessoas
tentava que até o final do século XVIII as obras do homem para convence-las da importância do culto a
apenas se somavam às belezas da natureza; depois, dizia, natureza
tinha sido rápida a deterioração. A beleza não mais era

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(C) os pontos mais discutidos quando se falava do (E) Faz séculos que filósofos discutem as relações
progresso na Inglaterra, terra da afeição pelo ideais entre os homens e a natureza, questão
campo. que nem sempre lhes parece passível de con-
(D) questões possivelmente levantadas pelos que senso.
procurassem entender a razão de muitas pes-
soas não considerarem a agricultura um bem 119. Assinale a alternativa que NÃO apresenta erro algum
em si. de concordância.
(E) aspectos importantes sobre a relação entre a (A) Já há muito tempo tinha sido feito por importan-
natureza e o homem, úteis como argumentos a te estudioso previsões pessimistas quanto ao
favor da ideia defendida por Trevelyan. destino das áreas rurais na Inglaterra, mas mui-
tos não as consideraram.
116. No último parágrafo do texto, o comentário sobre os (B) Às vazes não basta alguns comentários sobre
ingleses seiscentistas foi feito como a importância do cenário da natureza para a vi-
(A) denúncia dos falsos argumentos utilizados por da espiritual do homem no sentido de que se
aqueles que ocupam territórios indígenas tentem evitar mais prejuízos ao meio ambiente.
(B) exemplo do caráter pioneiro dos ingleses na ta- (C) Certos argumentos de G.M. Trevelyan torna-
refa de colonização do território americano. ram vulnerável certas visões acerca do modo
(C) maneira de evidenciar a árdua tarefa dos que como deveriam ser tratadas terras incultas.
acreditavam na força da agricultura para o pro- (D) Segundo o que se diz no texto, os ingleses ha-
gresso da civilização. via de terem se preocupado com a legitimação
(D) confirmação de que terras incultas são entra- de sua tarefa de ocupação dos territórios indí-
ves que, há séculos, subtraem ao homem o di- genas.
reito de progredir. (E) Quaisquer que sejam os rumos das cidades
(E) comprovação de que, há poucos séculos, o cul- contemporâneas, sempre haverá os que la-
tivo da terra era entendido como sinônimo de mentarão a perda da vida em contato direto
civilização. com a natureza.

117. Assinale a afirmação INCORRETA. 120. Assinale a alternativa em que há regência INCOR-
(A) Infere-se do texto que as palavras do Gênesis RETA.
foram entendidas por muitos como estímulo a (A) O empenho com que G.M. Trevelyan dedicou-
derrubar matas, lavrar o solo, eliminar predado- se à sua causa foi reconhecido por outros,
res, matar insetos nocivos, arrancar parasitas, principalmente pelo autor do texto.
drenar pântanos. (B) A crise em que passa a civilização contempo-
(B) O paralelo estabelecido entre o cultivo da terra rânea é visível em muitos aspectos, inclusive
e o cozimento dos alimentos é feito para se pôr na relação do homem com a natureza selva-
em evidência a ação do homem sobre a natu- gem.
reza. (C) O homem sempre esteve disposto a dialogar
(C) O texto mostra que o amor pela natureza sel- com a natureza, mas esse diálogo nem sempre
vagem está na base da relação que se estabe- se deu segundo os mesmos interesses ao lon-
lece entre cultivo da terra e civilização. go dos séculos.
(D) O texto mostra que o amor à natureza selva- (D) Muitos consideram ofensivo à natureza consi-
gem, considerado como barbárie, permitiu que derá-la como algo à disposição das necessida-
certos povos se dessem o direito de apoderar- des humanas.
se dela. (E) Acompanhar a relação do ser humano com o
(E) O Gênesis foi citado no texto porque o crédito campo através dos séculos propicia ao estudi-
dado às palavras bíblicas explicaria o desejo oso observar situações de que o homem nem
humano de transformar a natureza selvagem sempre pode orgulhar-se.
pensando no bem-estar do homem.
121. Assinale a alternativa em que há ERRO de flexão
118. Assinale a alternativa que apresenta ERRO de con- verbal e/ou nominal
cordância. (A) Receemos pelo futuro, dizem alguns especialis-
(A) Não que os esteja considerando inválido, mas tas, pois, afirmam eles, se os cidadãos não de-
o professor gostaria de conhecer os estudos de tiverem a deterioração ambiental, a humanida-
que se retirou os dados mencionados no texto. de corre sérios riscos.
(B) Segundo alguns teóricos, deve ser evitada, o (B) Crêem certos estudiosos que convém estudar
mais possível, a agricultura em regiões de flo- profunda e seriamente o progresso da civiliza-
resta; são áreas tidas como adequadas à pre- ção quando ele implica destruir o que a nature-
servação de espécies em vias de extinção. za levou milhões de anos para sedimentar.
(C) Existem com certeza, ainda hoje, pessoas que (C) Quando, na década de 30, o historiador inglês
defendem o cultivo incondicional da terra, as- interviu na discussão sobre o tratamento dis-
sim como deve haver muitos que condenam pensado às terras adquiridas pelo Patrimônio
qualquer alteração da paisagem natural, por Nacional, muitos não contiveram seu desagra-
menor que seja. do.
(D) Nem sempre são suficientes dados estatistica- (D) Dizem alguns observadores que, quando as
mente comprovados para que as pessoas se pessoas virem o que resta da natureza sem as
convençam da necessidade de repensarem marcas predatórias do homem, elas próprias
suas convicções, trate-se de assuntos polêmi- buscarão frear as atividades consideradas ne-
cos ou não. gativas para o meio ambiente.

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(E) Elementos da natureza são verdadeiros arte- complementado as belezas naturais, quando
sãos de obras-primas; se os homens as desfi- chegou o tempo de degradá-las.
zerem, estarão cometendo crime contra a hu- (E) Apesar de, durante séculos, a atividade huma-
manidade. na ter complementado as belezas naturais,
chegou o tempo em que ela começou a degra-
122. No segundo período do primeiro parágrafo, a forma dá-las, por isso iniciou-se a luta pela conserva-
verbal "dera" pode ser substituída pela forma corres- ção da natureza ainda não deteriorada pelo
pondente homem.
(A) haveria dado.
(B) havia dado. 125. As frases abaixo, tiradas do texto, apresentam alte-
(C) teria dado. rações em sua pontuação original. Assinale a alter-
(D) havia sido dado. nativa em que a alteração acarretou frase pontuada
(E) tinha sido dado. de maneira INCORRETA.
(A) Hoje em dia ela pode ser observada na popula-
123. Do século XVII ao XXX circulou na Europa, com ridade, que se conserva daqueles autores
bastante intensidade, o mito de uma arcádia cam- conscientemente "rurais" que do século XVII ao
pestre. Muitos escritores ingleses sustentaram tam- XX, sustentaram o mito de uma arcádia cam-
bém esse mito durante séculos; os textos desses au- pestre.
tores ingleses são até hoje bastante populares. (B) Em alguns ingleses  no historiador G.M. Tre-
Reescrevendo-se o segundo período e substituindo- velyan, por exemplo , o amor pela natureza
se os termos grifados acima por pronomes corres- selvagem foi muito além desses anseios vaga-
pondentes, obtém-se corretamente: mente rurais.
(A) Muitos escritores ingleses, os quais textos são (C) Sustentava que, até o final do século XVIII, as
até hoje bastante populares, o sustentaram obras do homem apenas se somavam às bele-
também durante séculos. zas da natureza; depois, dizia, tinha sido rápida
(B) Muitos escritores ingleses, cujos textos são até a deterioração.
hoje bastante populares, sustentaram-lhe tam- (D) A beleza não mais era produzida pelas circuns-
bém durante séculos. tâncias econômicas comuns e só restava como
(C) Muitos escritores ingleses, cujos os textos são esperança a conservação do que ainda não fo-
até hoje bastante populares, sustentaram-no ra destruído.
também durante séculos. (E) E quando os ingleses seiscentistas mudaram-
(D) Muitos escritores ingleses, cujos textos são até se para Massachusetts, parte de sua argumen-
hoje bastante populares, sustentaram-no tam- tação em defesa da ocupação dos territórios
bém durante séculos. indígenas foi que aqueles que, por si mesmos,
(E) Muitos escritores ingleses, que os textos deles não submetiam e cultivavam a terra não tinham
são até hoje bastante populares, sustentaram- direito de impedir que outros o fizessem.
lhe também durante séculos.
126. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimen-
124. Leia com atenção as frases que se seguem. tos mínimos necessários para que a pessoa permaneça
I. Iniciou-se a luta pela conservação da natureza viva, de acordo com os padrões da Organização Mundial
ainda não deteriorada pelo homem. da Saúde.
II. Durante séculos a atividade humana comple- A redação desse período do texto deve ser aprimorada,
mentou as belezas naturais. pois
III. Chegou o tempo em que a atividade humana I. a expressão nesse caso tem sentido obscuro, já que o
começou a degradar as belezas naturais. contexto do último parágrafo não permite saber de que
Assinale a alternativa em que as frases acima estão caso se trata.
em correta relação lógica, de acordo com o texto. II. a expressão de acordo com os padrões da Organização
(A) Chegou o tempo em que a atividade humana Mundial da Saúde tem dupla leitura, pois tanto pode se
começou a degradar as belezas naturais, referir a permaneça viva quanto a alimentos mínimos ne-
mesmo tendo acontecido de, antes, comple- cessários.
mentá-las, logo que se iniciou a luta pela con- III. A proximidade entre termos inclui e apenas gera uma
servação da natureza ainda não deteriorada contradição que prejudica o sentido da frase.
pelo homem. É correto SOMENTE o que se afirma em
(B) Iniciou-se a luta pela conservação da natureza (A) I.
ainda não deteriorada pelo homem, quando (B)) II.
ocorreu o tempo de a atividade humana come- (C) III.
çar a degradar as belezas naturais, visto que, (D) I e II.
durante séculos, a atividade humana comple- (E) II e III.
mentou as belezas naturais.
(C) Assim que chegou o tempo de a atividade hu- 127. Estão corretos o emprego e a flexão dos verbos na
mana começar a degradar as belezas naturais, seguinte frase:
iniciou-se a luta pela conservação da natureza (A) Quando eles virem a receber o suficiente para a aqui-
ainda não deteriorada pelo homem, à propor- sição desses bens e serviços, situar-se-ão acima da linha
ção que, durante séculos, a atividade humana de pobreza.
complementou as belezas naturais. (B) Quem se provém apenas do estritamente necessário
(D) Iniciou-se a luta pela conservação da natureza para não morrer de fome inclui-se na chamada linha de
ainda não deteriorada pelo homem, embora a indigência.
atividade humana tivesse, durante séculos,

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(C) Se alguém se contrapor a esse método de quantifica- meses encerrados em setembro de 2008, levando-se em
ção dos pobres, os acadêmicos refutarão demonstrando o conta apenas sete setores da indústria nacional. As esti-
rigor de seus critérios. mativas são da pesquisa “O impacto da pirataria no setor
(D)) Caso tal metodologia não conviesse aos acadêmicos, de consumo no Brasil”, divulgada pela Associação Nacio-
eles tê-la-iam abandonado e substituído por outra. nal para Garantia dos Direitos Intelectuais (Angardi) e pelo
(E) Os acadêmicos há muito comporam uma cesta de Conselho Empresarial Brasil - Estados Unidos.
bens e serviços em cujo valor monetário se baseiam para
fixar a linha de pobreza. “Discutíamos em 2007 R$ 40 bilhões da CPMF. Só essa
perda significa metade do que se estimava para a CPMF
128. Pode-se, corretamente, e sem prejuízo para o sentido em 2008. É um número muito grande”, frisou Solange
do contexto, substituir o elemento sublinhado na frase Mata Machado, representante no Brasil do Conselho Em-
(A) Para que a discussão possa ser feita em bases mais presarial Brasil - Estados Unidos.
sólidas por desde que.
(B) Embora suficientes para conversas informais sobre o Além da menor arrecadação de impostos, há também a
assunto por uma vez. perda de receita da indústria, que chegou a R$ 62,4 bi-
(C) A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimen- lhões considerando apenas os setores de tênis, roupas e
tos necessários para que a pessoa permaneça viva por brinquedos. Quando entram na conta relógios, perfumes e
mesmo assim. cosméticos, jogos eletrônicos e peças para motos, as
(D) A maioria diria que os pobres são aqueles que ganham perdas podem ter atingido R$ 93,1 bilhões.
mal por os mesmos.
(E)) Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de A despeito da significativa perda de arrecadação e do
indigência não conseguiria sequer sobreviver por vale prejuízo estimado para a indústria, a estimativa é de que
dizer. em 2008 o consumo de produtos piratas nas três categori-
as pesquisadas (tênis, roupas e brinquedos) seja de R$
129. Justificam-se inteiramente ambas as ocorrências do 15,609 bilhões, contra R$ 25,175 bilhões no ano anterior.
sinal de crase em:
(A)) Os que têm pleno acesso àquilo que oferece a cesta Para Solange, isso é reflexo direto da ação do governo
de bens e serviços devem considerar-se à margem da contra a pirataria e o contrabando. Em 2008, segundo a
pobreza. enquete, foram
(B) Quem atribui um valor monetário à essa cesta de bens apreendidos mais de R$ 1 bilhão em mercadorias, recorde
e serviços está-se habilitando à definir uma linha de po- na história do país. Além disso, a pesquisa salienta que
breza. houve também uma mudança de rumo nos hábitos da
(C) Não falta, à maioria das pessoas, uma definição de população, principalmente de baixa renda, que consumiu
pobreza; o que falta à uma boa definição é o rigor de um menos produtos piratas.
bom critério.
(D) Há quem recrimine à cultura da subsistência, imputan- Em termos da demanda, Solange explica que o público
do-lhe à responsabilidade pelo mascaramento da real não é sensível às perdas de arrecadação, aos prejuízos da
situação de miséria de muitos brasileiros. indústria ou
(E) Os que têm proventos inferiores à quantia necessária ao potencial de corrupção existente no sistema de distribu-
para a aquisição dessa cesta deixam de atender à todas ição e vendas de produtos piratas ou contrabandeados.
as suas necessidades básicas. Em contrapartida, os argumentos de que o comércio ilegal
pode fomentar a violência e o crime organizado costumam,
130. Estão corretamente grafadas todas as palavras da segundo a enquete, contribuir para que os brasileiros dei-
frase: xem de comprar produtos piratas. (Rafael Rosas, Valor
(A) Não devem prevalescer nossas intuições ou percep- Online, 10.11.2008. Adaptado)
ções mais imediatas, mas apenas os critérios mais objeti-
vos, quando se trata de formular alguma precisa definição. 131. De acordo com o texto,
(B)) A todos os que apenas subsistem, como é o caso de (A) estima-se um crescimento do impacto da pirataria
quem vive da mendicância, negam-se os direitos da cida- sobre a economia brasileira.
dania, ao passo que para uns poucos reservam-se todos (B) o governo brasileiro adotou medidas mais eficazes no
os privilégios. combate à pirataria em 2008.
(C) Não se constitue uma sociedade verdadeiramente (C) o aumento da violência em 2008 está diretamente
democrática enquanto não venham a incluir-se nela aque- ligado ao aumento da pirataria.
les que, já a séculos, vivem mais do sistema de favor que (D) o impacto da pirataria na arrecadação de 2007 foi
de um trabalho digno. inferior ao que se esperava.
(D) Os que alferem lucros excessivos na exploração do (E) o prejuízo da pirataria sobre as finanças públicas exce-
trabalho alheio também devem ser responsabilizados pelo deu ao impacto no setor privado.
contingente de infelizes que estão abaixo da linha de po-
breza. 132. Conforme o texto, pode-se inferir que os brasileiros
(E) Deve-se à inépsia ou à má fé de sucessivos governos, tendem a se convencer do caráter negativo da pirataria
que descuraram a implementação de medidas de caráter (A) quando se apela para seu senso de ética e justiça.
social, o fato de que continua crescendo o número de (B) ao refletirem sobre seu impacto na economia.
pobres e indigentes em nosso país. (C) ao se sentirem ameaçados por suas ramificações.
(D) quando se sentem explorados por vendedores corrup-
Leia o texto e responda às questões de números 131 a tos.
140 (E) pois entendem que os danos ao governo afetam a
população.
As vendas de produtos piratas no Brasil em 2007 significa-
ram uma perda de R$ 18,6 bilhões em impostos nos 12

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133. Observe o trecho do segundo parágrafo: – Discutía- (B) Uma perda de R$ 18,6 bilhões em impostos foram
mos em 2007 R$ 40 bilhões da CPMF. Só essa perda causados pelas vendas de produtos piratas no Brasil.
significa metade (C) Também deve ser levado em conta, além da menor
do que se estimava para a CPMF em 2008. ......................é arrecadação de impostos, a perda de receita da indústria.
um número muito grande. – A conjunção adequada para (D) Se for considerado apenas os setores de tênis, roupas
estabelecer a relação entre as idéias das frases é: e brinquedos, a perda da indústria chega a R$ 62,4 bi-
(A) Contudo lhões.
(B) Portanto (E) Consumiu-se menos produtos piratas em 2008.
(C) Todavia
(D) Conforme 139. Assinale a frase em que o pronome está posicionado
(E) Embora corretamente.
(A) Muitos não preocupam-se com a pirataria no Brasil.
134. No trecho do último parágrafo – Em contrapartida, os (B) A verdade é que tornou-se um hábito para muitos.
argumentos de que o comércio ilegal pode fomentar a (C) Ainda espera-se reduzir a pirataria no Brasil.
violência e o crime organizado costumam, segundo a en- (D) O governo tem mostrado-se atento ao problema.
quete, contribuir para que os brasileiros deixem de com- (E) Naturalmente, a pirataria tornou-se comum nas classes
prar produtos piratas. populares.
– o verbo fomentar tem sentido equivalente a
(A) aferir. 140. Observe a pontuação nas frases:
(B) delatar. I. As vendas de produtos piratas no Brasil, em 2007, signi-
(C) arrefecer. ficaram uma perda de R$ 18,6 bilhões em impostos nos 12
(D) defraudar. meses encerrados em setembro de 2008.
(E) fustigar. II. A estimativa é de que, em 2008, o consumo de produtos
piratas nestas categorias, seja de R$ 15,609 bilhões.
135. No penúltimo parágrafo – Além disso, a pesquisa III. Além disso, a pesquisa salienta que houve também,
salienta que houve também uma mudança de rumo nos uma mudança de rumo nos hábitos da população.
hábitos da população, principalmente de baixa renda, que A pontuação está correta apenas em
consumiu menos produtos piratas. – a expressão em des- (A) I.
taque pode ser substituída, sem alterar o sentido do tre- (B) II.
cho, por (C) III.
(A) inversão de valores. (D) I e II.
(B) troca de papéis. (E) II e III.
(C) retratação pública.
(D) nova orientação. Vícios tolerados
(E) revolução dogmática.
Ficam longe de animadores os resultados de uma pesqui-
136. Atendo-se apenas às regras de regência verbal e/ou sa de opinião sobre ética realizada pela Universidade de
nominal, a expressão em destaque no trecho – Em termos Brasília entre
da demanda, Solange explica que o público não é sensível cidadãos de todo o país e também com servidores públi-
às perdas de arrecadação, aos prejuízos da indústria ou cos de sete unidades federativas. Só 59% dos entrevista-
ao potencial de corrupção existente no sistema de distribu- dos na população geral disseram ser éticos; 26% declara-
ição e vendas de produtos piratas ou contrabandeados. – ram que não, e outros 13%, às vezes. Entre servidores
pode ser corretamente substituída, sem alteração do res- públicos, variam as cifras, mas não o panorama: 51%
tante da estrutura da frase, por “éticos”, 19% “não-éticos” e 22%, às vezes. Pode-se ar-
(A) despreza. gumentar, com razão, que o conceito comum sobre ética é
(B) desconsidera. vago, quase vazio. Um terço dos que já ouviram falar disso
(C) é alienado. alegam não saber do que se trata.
(D) é indiferente.
(E) é desinteressado. Abstrações à parte, a consulta abrangeu também situa-
ções muito presentes, como o nepotismo. No plano socio-
137. Assinale a frase correta quanto ao emprego do acen- lógico, pode-se
to indicador de crase. até compreender que 32% dos servidores avaliem a práti-
(A) O título atribuído à esta pesquisa foi “O impacto da ca como permissível. Afinal, são seus maiores beneficiá-
pirataria no setor de consumo no Brasil”. rios: 37% obtiveram o emprego público por indicação de
(B) As vendas de produtos piratas equivaleram à uma parentes, políticos ou amigos, e menos da metade por
perda de R$ 18,6 bilhões em impostos. concurso (44%).
(C) A pesquisa vincula-se à Associação Nacional para
Garantia dos Direitos Intelectuais (Angardi). Bem mais inquietante é a popularidade do nepotismo entre
(D) As somas se elevam à aproximadamente R$ 93 bi- cidadãos comuns. Metade dos ouvidos afirmou que contra-
lhões se considerarmos outros setores da indústria. taria parentes para um cargo público, se tivessem oportu-
(E) Alguns argumentos tendem à funcionar mais que ou- nidade. A população parece inclinar-se por chancelar, na
tros para dissuadir os brasileiros da compra de produtos esfera privada, o
piratas. que condena na vida pública.

138. Considerando as regras de concordância na voz Essa contradição é uma das marcas da vida nacional – e
passiva, assinale a frase correta. provavelmente se verifica, em graus variados, em outros
(A) Divulgou-se, recentemente, a análise de alguns núme- países.
ros relacionados ao impacto da pirataria no Brasil. Cabe à lei o papel de conter as inclinações pessoais. Dei-
xadas à vontade, elas corroem a possibilidade de uma

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TJ MG

nação percorrer o longo caminho civilizatório. (Folha de (B) rotina moralmente adequada
S.Paulo, 06.11.2008) (C) mudança comportamental aceitável
(D) transformação social inevitável
141. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa (E) permissividade social indesejável
sobre ética não são animadores porque
(A) os valores éticos têm atingido os cidadãos comuns e 147. O sinônimo do termo chancelar, em destaque no 3.º
não os servidores públicos. parágrafo, é
(B) poucos não sabem o que seja ética, e muitos a têm (A) evitar.
nas suas práticas cotidianas. (B) aprovar.
(C) há uma quantidade significativa de cidadãos que não (C) recusar.
se atêm aos valores éticos. (D) engrandecer.
(D) a quantidade de cidadãos éticos é bem menor do que (E) superar.
a de cidadãos não-éticos.
(E) o sentido do conceito é muito comum, porque falta a Para responder às questões de números 148 e 149, consi-
sua devida divulgação. dere a informação que inicia o último parágrafo: Essa
contradição é uma das marcas da vida nacional...
142. Entende-se por nepotismo a
(A) investidura de cidadãos comuns em cargos públicos 148. A expressão Essa contradição diz respeito
por meio de concurso. (A) ao comportamento dos cidadãos comuns.
(B) aprovação de parentes e amigos em concurso público (B) às formas de atuação dos servidores públicos.
sem favorecimento. (C) à falta de lei para inibir as inclinações pessoais.
(C) eliminação de parentes e amigos de empregos e de (D) à impossibilidade de uma nação se civilizar.
concursos públicos. (E) ao descaso da população com a vida pública.
(D) realização de concurso público para os cidadãos torna-
rem-se servidores. 149. O antônimo de contradição é
(E) obtenção de emprego público por meio da indicação de (A) incoerência.
parentes. (B) desacordo.
(C) contestação.
143. Quando se trata de nepotismo, a população parece (D) consenso.
(A) aceitar na vida pessoal o que condena no âmbito da (E) autenticidade.
vida pública.
(B) rejeitar para a vida pessoal qualquer forma de favore- 150. O pronome elas, em destaque no último parágrafo do
cimento. texto, refere-se às
(C) ser coerente, pois condena para a vida pessoal o que (A) pessoas comuns.
condena para a pública. (B) leis.
(D) acreditar que a ajuda pessoal deva ser coibida, mas (C) marcas da vida nacional.
não na vida pública. (D) inclinações pessoais.
(E) aprovar plenamente essa prática, seja na vida pessoal (E) nações.
seja na pública.
RESPOSTAS
144. De acordo com o autor, pode-se até compreender
que 32% dos servidores avaliem a prática como permissí- 01. A 11. C 21. A 31. E 41. B
vel. Isso quer dizer que ele 02. B 12. A 22. E 32. B 42. A
(A) acredita que o nepotismo é uma forma legítima nas 03. E 13. B 23. B 33. A 43. C
práticas sociais de um país. 04. C 14. E 24. A 34. C 44. D
(B) entende por que os servidores aceitam o nepotismo, 05. A 15. D 25. E 35. E 45. B
mas não concorda com essa prática. 06. E 16. A 26. D 36. B 46. A
(C) justifica a opção dos servidores pelo nepotismo, decla- 07. B 17. C 27. A 37. A 47. E
08. A 18. D 28. C 38. C 48. D
rando-a adequada e honesta. 09. D 19. E 29. B 39. D 49. B
(D) condena os servidores que se valem do nepotismo, 10. B 20. B 30. D 40. E 50. C
embora o utilizasse em seu benefício.
(E) define o nepotismo como uma prática necessária à 51. D 61. C 71. B 81. C 91. D
organização de uma sociedade. 52. E 62. D 72. C 82. E 92. D
53. D 63. B 73. A 83. C 93. C
145. Para o autor, a popularidade do nepotismo entre 54. A 64. A 74. B 84. E 94. E
cidadãos comuns é bem mais inquietante. Portanto, tal 55. D 65. A 75. D 85. D 95. A
situação 56. C 66. B 76. C 86. A 96. A
57. E 67. B 77. E 87. B 97. D
(A) é apreendida com indiferença por ele.
58. B 68. A 78. A 88. C 98. E
(B) aplaca a sua ansiedade. 59. A 69. A 79. B 89. A 99. C
(C) lhe traz certo desassossego. 60. E 70. B 80. D 90. D 100. B
(D) leva-o à ignorância dos fatos.
(E) sublima seu sentimento de impotência. 101. C 111. E 121. C 131. B 141. C
102. A 112. C 122. B 132. C 142. E
146. O título – Vícios tolerados – pode ser entendido, 103. D 113. B 123. D 133. B 143. A
quanto à ética, como uma .................... , segundo o ponto 104. E 114. A 124. E 134. E 144. B
de vista expresso pelo autor. 105. B 115. D 125. A 135. D 145. C
Segundo as informações textuais, o espaço da frase deve 106. C 116. E 126. B 136. D 146. E
107. D 117. C 127. D 137. C 147. B
ser preenchido com
108. A 118. A 128. E 138. A 148. A
(A) necessidade para a civilidade do país

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TJ MG

109. D 119. E 129. A 139. E 149. D


110. B 120. B 130. B 140. A 150. D

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