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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE

FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI - FACECAP

PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR COM PROJETOS NO ENSINO


FUNDAMENTAL

MARIA CLÁUDIA SANTOS SAMPAIO

Capivari, SP
2012
CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DACOMUNIDADE
FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI - FACECAP

PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR COM PROJETOS NO ENSINO


FUNDAMENTAL

Monografia apresentada ao curso de


Pedagogia da FACECAP/CNEC Capivari,
para obtenção do título de Pedagogo, sob a
orientação da Professora Lídia Inês
PagottoPiovesani.

MARIA CLÁUDIA SANTOS SAMPAIO

Capivari, SP
2012
FICHA CATALOGRÁFICA

S192i
Sampaio, Maria Claudia Santos

A importância de trabalhar com projetos no ensino


fundamental/Maria Claudia Santos Sampaio. Capivari - SP: CNEC,
2012. 44p.

Orientador: ProfªLidia Inês PagottoPiovesani


Monografia apresentada ao curso de Pedagogia.

1. Projeto. 2. Inteligência. 3. Prática. 4. Interdisciplinaridade. I.


Título. II Faculdade Cenecista de Capivari.

CDD. 371.30281
Dedico este trabalho ...

Primeiramente aos meus pais Marcus e Vera, que ensinaram- me valores e respeito, a
sempre perseverar e nunca desistir, por estarem sempre aconselhando-me e ajudando em
todos os momentos da minha vida. Obrigada por tanto amor e dedicação e por confiarem em
mim, principalmente a minha mãe que não mediu esforços para que eu concretizasse mais
essa etapa da minha vida.
Às minhas irmãs Karina, Sheila e Bruna, que contribuíram de muitas maneiras,
apoiando-me sempre nessa caminhada.
Aos meus sobrinhos Monique, Tatielly, Marcus Paulo e Lucas, que passaram os
domingos fazendo menos barulho para que eu pudesse desenvolver o trabalho. Obrigada pela
compreensão.
Aos meus amigos que compartilharam as tristezas, ansiedades, angústias e alegrias.
Especialmente ao meu querido amigo Welinton, pelo seu companheirismo e sua sincera
amizade, obrigada.
À minha orientadora Lídia, que não negou esforços para me auxiliar e compartilhou
todo o seu conhecimento. Dedico a você todo meu carinho e tudo o que aprendi.
Em especial à minha avó Lourdes, in memoriam, que me ensinou a essência de um ser
humano. Obrigada por tudo, saudades eternas.
AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a Deus, que está acima de todas as coisas e que sem Ele seria
impossível ter realizado esse trabalho.
A todos os professores que foram os estimuladores para cada semestre concluído e que
compartilharam conhecimento e muita dedicação.
À professora Teresa Bedendi que é uma mestra em conhecimento e o transmite
maravilhosamente, demonstrando toda a sua preocupação e interesse com o nosso
conhecimento. Obrigada.
Em especial à minha orientadora Lídia pela paciência, pelos ensinamentos, por dedicar uma
parte do seu tempo para auxiliar-me no desenvolvimento deste trabalho. Obrigada, vou levar
seu ensinamento para sempre em minha vida!
Agradeço a todos os meus familiares e amigos, por estarem sempre presentes e apoiando.
Obrigada por tudo, pela paciência, pela amizade e pelo carinho.
EPÍGRAFE

"O principal objetivo da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas
não simplesmente de repetir o que outras gerações fizeram, homens criativos,
inventivos, descobridores" ( Piaget)
SAMPAIO, Maria Cláudia Santos. A importância de trabalhar com projetos no Ensino
Fundamental. Monografia de Conclusão de Curso de Pedagogia. Faculdade Cenecista de
Capivari – CNEC. 44páginas, 2012.

RESUMO

A proposta da presente pesquisa é orientar professores quanto à importância de se trabalhar


com projetos na Educação Fundamental, pois esta forma de trabalho cria oportunidades para
ele utilizar diferentes métodos, adequando-os à realidade da sala de aula e da sua turma. Serão
apresentadas as características de um projeto e sua forma de organização para que seja
propiciada a junção entre as áreas do conhecimento, contribuindo para que a aprendizagem
seja significativa. Este estudo falará do importante papel do professor como mediador no
desenvolvimento do trabalho e suas contribuições a cada etapa do projeto. Também será
abordado o papel do aluno que passou de passivo para ativo e construtor de seu
conhecimento, sendo capaz de ir além do assunto proposto, uma vez que, se envolvendo
ativamente, aprende melhor, pois está em contato direto com os objetos e meios. Através de
uma pesquisa de campo buscou-se a opinião dos professores frente aos projetos que são
disponibilizados e impostos pelos órgãos educacionais e como são trabalhados sabendo que,
na maioria das vezes, já vêm elaborados com todos os passos a seguir, contradizendo a
fundamentação teórica a respeito da aprendizagem por projetos, que sugere que eles sejam
construídos junto com os alunos.

Palavras - chave: 1.Projeto. 2.Inteligências Múltiplas. 3.Prática. 4. Interdisciplinaridade.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................09
1. AIMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM PROJETOS..................................................14
1.1. ETAPAS DE UM PROJETO ................................................................................18
2. O TRABALHO COM PROJETOS E OS DIVERSOS PAPÉIS.........................................20
2.1. O PAPEL DO PROFESSOR.................................................................................24
2.2 O PAPEL DO ALUNO.......................................................................................... 25
3. COMO DESENVOLVER UM PROJETO PRONTO E IMPOSTO................................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS........................................................................................................................35
ANEXOS..................................................................................................................................37
ANEXO 1. ENTREVISTA COM A PROFESSORA 1 ...........................................................37
ANEXO 2. ENTREVISTA UMA GESTORA.........................................................................38
ANEXO 3. ENTREVISTA COM O PROFESSOR 3.............................................................39
ANEXO 4. ENTREVISTA COM A PROFESSORA 4 ...........................................................40
ANEXO 5. ENTREVISTA COM A PROFESSORA 5..........................................................41
ANEXO 6. ENTREVISTA COM A PROFESSORA 6..........................................................43
INTRODUÇÃO

Esta pesquisa surgiu da necessidade de investigar por que ainda muitos professores
trabalham com um mesmo tema, com os mesmos propósitos, sem se preocupar com as
necessidades e desejos do aluno e qual a postura do professor quando os órgãos educacionais
disponibilizam projetos param serem trabalhados no decorrer do ano letivo.
Os tempos mudaram as pessoas e principalmente as crianças da geração que vem
surgindo. Para que os professores acompanhem essa evolução é necessário que adotem
diferentes estratégias e planos que possam contribuir, de maneira significativa, para
formação do aluno.
O trabalho com projetos, se bem elaborado, discutido e conduzido, pode envolver
operações essenciais para aquisição do saber, gerando uma transformação qualitativa e
quantitativa no desenvolvimento do aluno tanto na parte cognitiva quanto social. Para tanto,
é necessário haver um propósito, o professor precisa estar ciente com o que vai trabalhar e,
principalmente, que conceitos, procedimentos e atitudes pretende que o aluno
desenvolvatrabalhando com o projeto.
Nas palavras de Moço (2011), “Um bom projeto é aquele que indica intenções claras
de ensino e permite novas aprendizagens relacionadas a todas as disciplinas envolvidas.”
(Revista Nova Escola - abril, 2011, p.52).
O trabalho com projetos envolve uma série de ações para se chegar a uma meta, o
que exige tempo e dedicação.
Alguns projetos são elaborados de forma integral por uma equipe externa à escola
nomeada por órgãos educacionais, tanto municipais quanto estaduais e chegam para o
professor com o tema já definido, com ações predeterminadas, data para iniciar e para
finalizar. Outros, com menos exigências, porém com o mesmo valor obrigatório, muitas
vezes sem considerar a necessidade dos alunos, das escolas, oferecendo projetos a serem
trabalhados sem se preocupar com a realidade do aluno.
Projetos impostos não impulsionam o aluno a caminhar rumo ao conhecimento. O
que mais se vê em tempo de Olimpíadas e Copa do Mundo são corredores da escola cobertos
com cartazes, com escritas enormes sobre a história do tema, imagens de revistas e jornais,
que não despertam o interesse dos alunos, pois eles têm essa informação e imagem rápida e
fácil pela internet. Já estão acostumados a ver o que circula na mídia.

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Isso não quer dizer que os órgãos educacionais não possam disponibilizar projetos
para serem trabalhados nas escolas.De acordo com Jolibert (1993)podem e devem desde que
o desenvolvimento do projeto seja elaborado pelos alunos com o auxilio do professor, que o
assunto seja pertinente à realidade do aluno e que possa ser algo que o desafie e o estimule
para que caminhe rumo ao saber. Por isso deve haver uma intenção em se trabalhar o tema e
também o que se espera do aluno e do professor, já que vão desenvolver juntos o projeto e
cada um tem um papel significativo.
Num projeto espera-se que o aluno desenvolva as habilidades como elaborar, refletir,
selecionar, ampliar, melhorar a prática da escrita e da leitura, revisar, registrar, pesquisar,
argumentar, saber respeitar a opinião dos colegas, trabalhar de forma cooperativa,
desenvolver a autonomia e a responsabilidade. Já o professor deve agir como mediador,
auxiliar, criar situações desafiadoras, intervir quando necessário e essas habilidades são
desenvolvidas no andamento do projeto.
Um projeto sem objetivos é algo sem significado,pois o aluno não se sente motivado
e, então, não são desencadeadas as competências essenciais para que aprendizagem
realmente aconteça.
Segundo Hernandez(1998), o tema do projeto pode surgir com base nas ações e
atitudes apresentadas pelos alunos e o professor, atento às manifestações dos alunos,
conseguirá identificar o problema e sugerir um projeto. O aluno deve interagir com o
projeto, estar por dentro de todo o assunto e se sentir livre para opinar, desenvolver,
planejar, se posicionar diante dele, favorecendo o desenvolvimento da autonomia.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),

A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, elaborar projetos pessoais e


participar enunciativa e cooperativamente de projetos coletivos, ter discernimento,
organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, participar de gestão de ações
coletivas, estabelecer critérios e eleger princípios éticos etc. (BRASIL, 2001, p.
94).

É de extrema importância que o professor crie situações para que o aluno possa
trabalhar de forma independente, construindo sua aprendizagem de maneira significativa.
Concordando com os dizeres dos PCN sobre autonomia, o objetivo deste trabalho é
contribuir para que ela seja desenvolvida no aluno e mostraro quanto é essencial trabalhar
com projetos para que muitas capacidades sejam desenvolvidas.
Hernández (1998) acredita que a autonomia poderá ser desenvolvida no momento
anterior à ação do projeto com a discussão do tema, no momento em que de desenvolve o

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projeto e no final, quando se compartilha o que foi aprendido e descoberto com o projeto
trabalhado.
Sobre a mediação do professor, Nogueira afirma que

Se pretendemos que os alunos continuem sendo eternos aprendizes, precisamos


instrumentalizá-los com procedimentos que coloquem à prova e desenvolvam sua
capacidade de autonomia, e os projetos parecem também ser meios para isso.
(NOGUEIRA, 2008, p.53).

Mas a autonomia acontecerá a partir dessa mediação na qual o professor verificará a


atuação do aluno, suas propostas, as ideias criadas por ele, intervindo quando necessário, pois
o professor também é um ser participativo e importante na elaboração do projeto que
acontecerá de forma compartilhada em cada procedimento a ser executado, tornando o aluno
um ser social que busca perspectivas futuras.
De acordo com Hernández (1998), o projeto possibilita ao aluno deparar com relações
que vão além das disciplinas e que o ajudarão a resolver situações problemas que possam
surgir, aumentando sua capacidade de encarar desafios.Portanto, um projeto tem que ser
construído não apenas para conscientizar o aluno sobre o assunto, mas para ajudá-lo a resolver
todas as questões sobre esse assunto, pois mesmo que o projeto seja trabalhado de forma
coletiva, a aprendizagem acontece de forma individual. O projeto vai se tornando algo real a
partir do momento em que, dentro do conteúdo, começa a se desenvolver uma ação.
Para Cunha (1989), professor e aluno, juntos, criam um vínculo que permite que a
aprendizagem aconteça a partir das trocas de ideias, das propostas que surgem, da mediação a
cada etapa e evolução do aluno, possibilitando que o conhecimento circule.
É essencial que a cada projeto finalizado o professor decida junto com os alunos uma
ação social como, por exemplo, exposições onde os alunos apresentem o que produziram
para as outras séries, ou para os pais e a comunidade, façam um livro, um teatro, algo que
valorize todo o trabalho desenvolvido por eles.
O projeto, quando bem desenvolvido, oferece melhores perspectivas para o aluno
enfrentar as várias situações problemas com que venha se deparar. Essa é uma oportunidade
para unir teoria e prática, aprimorando as várias competências que são desenvolvidas quando
trabalhamos com um projeto, pois o conhecimento acontece com as trocas, as assimilações, e
elaborações, tornando o aluno um ser ativo a caminho da construção do conhecimento,
abrindo possibilidades de aprender e formar habilidades aliadas à cidadania.

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Mesmo com tantas possibilidades que o trabalho com projetos proporciona, ainda
assim há resistência da parte de muitos professores que ignoram os benefícios para o
crescimento do aluno como um ser social, no processo que se percorre ao trabalhar com
projetos. Muitos ficam preocupados com os conteúdos que devem ser trabalhados e
esquecem que a atividade com o projeto pode estar associada ao conteúdo, dando maior
suporte à aprendizagem, pois para que o aluno se aproprie do conhecimento é necessário que
o professor esteja disposto a lhe oferecer diferentes maneiras para que isso aconteça.
Vale ressaltar que, para que a aprendizagem significativa aconteça, é necessário que o
aluno esteja com sede de aprender para que o professor possa aprofundar o assunto a ser
trabalhado.A relação professor e aluno, sendo recíproca, aumenta a qualidade do ensino,
criando um ambiente que propicia liberdade de expressão, no qual o aluno sinta-se à vontade
para falar sem medo de ser repreendido se errar, que possa compreender o outro, suas
opiniões, diferenças e que tudo isso contribua para sua formação como cidadão.
Segundo os PCN,

A criação de um clima favorável a esse aprendizado depende do compromisso do


professor em aceitar contribuições dos alunos (respeitando-as mesmo quando
apresentadas de forma confusa ou incorreta) e em favorecer o respeito, por parte
do grupo, assegurando a participação de todos os alunos. (BRASIL, 2001, p. 97-
98).

Diante deste cenário surge esta pesquisa que tem por objetivo realizar um estudo que
venha mostrar como projetos bem elaborados podem contribuir com o desenvolvimento de
várias habilidades tanto cognitivas quanto sociais. Neste estudo, do aluno do Ensino
Fundamental-Ciclo I. Foi feita uma investigação através de um levantamento bibliográfico
sobre o tema para discutir como eram trabalhados os projetos, o que mudou e qual foi a
evolução.
A pesquisa, discute o papel do professor ao mediar um projeto e o papel do aluno ao
desenvolvê-lo. Preocupará entender porque ainda muitos professores vêm o projeto como algo
que atrasa o conteúdo, prejudicando o andamento da matéria. A partir disso buscou-se fazer
um levantamento das contribuições que o trabalho com projetos proporciona na aprendizagem
do aluno do Ensino Fundamental.
O estudo abordará a maneira como eram trabalhados os projetos nos anos 80 e como
são desenvolvidos agora, baseando-se nos estudos dos seguintes autores: Jolibert (1993),
Hernández (1998), Nogueira (2001), Nogueira (2008) e PCN (2001). Para complementar o

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estudo será realizada uma pesquisa de campo para saber como os professores recebem e
trabalham com os projetos impostos pela escola ou pela Secretaria da Educação.
Serão investigados os pontos positivos e negativos, as contribuições para a
aprendizagem do aluno e para suas relações pessoais quando se utiliza a pedagogia de
projetos como forma de aprimorar o conhecimento.
Este trabalho tem como objetivo defender o uso da prática pedagógica através do
desenvolvimento de projetos, uma vez que essa prática promove a autonomia do aluno e
torna a aprendizagem significativa.
O primeiro capítulo da pesquisa falará sobre A Importância do trabalho com
projetos, o quanto significativa é para a aprendizagem do aluno essa forma de trabalho, o
modo como podemos abordar diversas áreas do conhecimento, ampliando e desenvolvendo
muitas habilidades que são proporcionadas durante a elaboração do projeto.
O segundo capítulo - Como deve ser o trabalho com projetos nos diversos papéis -
mostrará a postura do professor diante do projeto, como e quando deve interferir, qual sua
relação com o aluno e o trabalho a ser desenvolvido e suas contribuições para a formação
de um ser intelectual e social. Também falará da importância do envolvimento do aluno
desde a escolha do tema até o produto final, sempre levando em consideração sua vivência
e respeitando os seus saberes.
Já no terceiro capítulo - Como desenvolver um projeto que já vem pronto - foi feita
uma pesquisa de campo para investigar como os professores recebem e como trabalham
com um projeto imposto pelos órgãos educacionais e de que forma pode ser incluído em
seu conteúdo que já havia sido programado.

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1. A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM PROJETOS

Afinal, o que é um projeto? Um projeto abrange muitas áreas e diferentes planos, mas
este trabalho tratará apenas dos projetos educacionais. Segundo Machado (1997 p. 63) o
projeto é “Como esboço, desenho, guia de imaginação ou semente da ação, um projeto
significa sempre uma antecipação, uma referencia ao futuro.”Quando se fala em projetos a
maioria das pessoas tem em mente que se trata de algo para fazer no futuro, mas, na verdade
se trata de como planejar e tornar real uma ideia.
A maioria dos professores vê os projetos impostos pelos órgãos educacionais como
algo que não condiz com o planejamento e com a realidade da sala de aula. Essa forma de
trabalho, muitas vezes, frustra os professores que passam a ver o projeto como algo que
atrapalha e atrasa o conteúdo por ele programado.
Vasconcellos (2006. p. 160) defende que

A maneira de se fazer o projeto pode ser fruto de uma aprendizagem coletiva,


através da troca de experiências e de uma reflexão critica e solidária sobre as
diferentes práticas. É preciso compreender onde é que o grupo está, quais suas
necessidades. Ou seja, na busca de mudança do processo de planejamento, o ideal é
a coordenação construir a proposta do roteiro de elaboração do projeto junto com
professores; se não for ainda possível, pode propor, justificar mostrar como aquele
roteiro pode ajudar o professor a fazer um bom trabalho.

Porém, uma das características mais importante do projeto é a autonomia.É por essa
razão que quando o projeto surge dentro de uma necessidade da sala de aula, aumenta a
qualidade do conteúdo e cria a possibilidade da obtenção de melhores resultados. Sendo
assim, quanto maior for o interesse do professor em transformar o projeto em algo que motive
o aluno a desenvolvê-lo, mais proveitoso e significativo será o trabalho produzido.
Quando o projeto a ser desenvolvido acontece de maneira significativa, os resultados
são positivos, pois realmente a aprendizagem acontece e o aluno passa a ser
corresponsávelpelo seu desenvolvimento intelectual. Ele percebe que, quando tem vontade, se
esforça e busca melhorias, suas capacidades intelectuais são afloradas, o que o leva a se tornar
um ser mais consciente sobre a importância em ampliar e aprimorar o conhecimento.

O especifico do educador, neste sentido, não se restringe à informação que oferece,


mas exige sua inserção num projeto social, a partir do qual desenvolva a capacidade
de desafiar, de provocar, de contagiar, de despertar o desejo, o interesse, a vida no
educando, a fim de que possa se dar a interação educativa e a construção do
conhecimento, bem como a instrumentalização, de forma que o educando possa
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continuar autonomamente a elaboração do conhecimento. (VASCONCELLOS
2005. p. 75).

Quando o aluno é estimulado a encarar o novo, passa a ver o problema como um


desafio e a motivação faz com que suas habilidades sejam descobertas e desenvolvidas. Nas
palavras de Gardner (1994), a função de resolver problema leva o sujeito a descobrir
caminhos, possibilidades e rotas para atingir um objetivo. Já a criação de um produto é
encarada como a expressão de suas descobertas que pode, em muitos casos, ser útil a outras
pessoas.
Os projetos, quando bem elaborados, trazem benefícios para a aprendizagem do aluno
como a melhora da escrita e da leitura, torna-o mais crítico e menos dependente, aprende a
respeitar as opiniões dos outros e consegue expor a sua, consegue fazer relação com o que
sabia inicialmente e com tudo o que pesquisou e aprendeuproporcionado um desenvolvimento
amplo e eficaz. A prática propicia as múltiplas interações, melhorando a qualidade do ensino.
Projetos impostos para serem desenvolvidos nas escolas não surtem o mesmo
resultado dos projetos elaborados através de uma necessidade, respeitando a realidade do
aluno, com um objetivo, um propósito, um plano e trabalhado por um professor que esteja
disposto a trabalhar com o novo, com o diferente, que seja flexível. Hernández (2000, p.179)
ressalta que “os projetos de trabalho [...] significam um enfoque do ensino que tenta ressituar
a concepção e as práticas educativas na escola, e não simplesmente readaptar uma proposta do
passado, atualizando-a”.
Não é só o professor que precisa ter essa postura e mudar, mas o sistema educacional e
a forma de ensinar. Hernandez (1998, p. 49) enfatiza que o trabalho por projetos “não deve ser
visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função
da escola”.
Assim, podemos compreender que o caminho para se obter sucesso quando se trabalha
com projetos é estar consciente que não existe um modelo pronto, acabado e que cada sala de
aula possui a sua singularidade. Nenhuma turma é igual à outra, pois os estímulos, os
desenvolvimentos cognitivo, afetivo, cultural e social são diferentes e o professor deve
perceber isso e trabalhar de acordo com cada realidade.
A prática pedagógica deve propiciar aos alunos uma nova forma de aprender (e isso
pode ser obtido através do trabalho com projeto) que faça uma relação entre conteúdo e
vivência, que seja importante para o aluno, que ele passe a interpretar as informações e
relacioná-las criticamente.

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Hernandez (2000, p.180) destaca preocupações que estão de acordo com a nossa
realidade, pois defende a ideia de que devemos“[...] formar indivíduos com uma visão mais
global da realidade, vincular a aprendizagem a situação e problemas reais, trabalhar a partir da
pluralidade e da diversidade, preparar para que aprendam durante toda a vida, etc.”.
Porém, o trabalho com projetos vai muito além de o aluno aprender a pesquisar, pois o
foco não está apenas em saber sobre o conteúdo a ser pesquisado, mas no processo de
relacionar as pesquisas realizadas em diferentes fontes e por vários alunos, a troca de
informações, o momento da leitura e da escrita, da interpretação, enfim, cada etapa do projeto
possibilitando um novo olhar. Segundo Nogueira (2008),isso faz com que desenvolva várias
habilidades, amplie o conhecimento e promova a capacidade de ir além do que a informação
lhe proporcionou.
O aluno relaciona tudo o que viu e compreende o tema de uma nova forma. A
compreensão, de acordo com Hernández (2000, p.184), “consiste em poder realizar uma
variedade de „ações de compreensão‟ que mostrem uma interpretação do tema, e, ao mesmo
tempo um avanço do mesmo”.
A compreensão do tema sobre vários olhares e a crítica do aluno diante do trabalho
elaborado é uma das finalidades do trabalho com projetos. A trajetória realizada no projeto
não é estável, pois pode sofrer mudanças conforme o rumo que ele tomar. Mesmo sendo o
projeto algo planejado, ainda assim muitos alunos se depararam com imprevistos e hipóteses
que vão ajudá-lo a enriquecer o trabalho e seu conhecimento.
Diante desse contexto vale ressaltar que dentro de um projeto existe o momento do
planejamento (que é quando se define sobre como vai fazer, se a curto ou longo prazo, quais
os objetivos que se quer atingir com esse projeto, quais os recursos iniciais, por que ao
decorrer de todo o projeto surgirão novos recursos a serem utilizados) o momento da troca, no
qual todos participam colaborando com informações que contribuam para o desenvolvimento
do projeto, envolve a elaboração da escrita, a pesquisa em várias fontes e é quando começa a
dar corpo ao trabalho. No momento de repassar tudo o que foi desenvolvido é essencial a
participação de todos os envolvidos. Quando tudo está de acordo com o que havia sido
planejado é hora de avaliar se todos os objetivos foram atingidos, o que poderia ter sido
diferente, enfim entender que destacando os pontos positivos e negativos é uma forma de
perceber o quanto podemos estar melhorando a cada passo que avançamos para a construção
do conhecimento.

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Quando se pensa na elaboração de um projeto é muito importante e indispensável que
suas características contribuam para o processo de organização, tendo sempre etapas a se
seguir, pois isso facilita o desenvolvimento do trabalho e colabora para que os resultados
sejam alcançados de maneira satisfatória.
Hernández (2000, p. 182) destaca algumas características do trabalho com projetos:
 Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a turma.
 Inicia-se um processo de pesquisa.
 Busca-se e selecionam-se fontes de informação.
 São estabelecidos critérios de organização e interpretação das fontes.
 São recolhidas novas dúvidas e perguntas.
 Representa-se o processo de elaboração do conhecimento vivido.
 Recapitula-se (avalia-se) o que se aprendeu.
 Conecta-se com um novo tema ou problema.

Ter um ponto de referência é essencial para se começar um projeto, para saber o que e
onde procurar as informações. Todas essas características acima citadas, quando trabalhadas
de forma organizada contribuem para um projeto mais eficaz. As atividades vão sendo
encadeadas e isso é essencial para o Ensino Fundamental, pois é possível trabalhar diversos
assuntos no decorrer dos estudos com essa metodologia.
Num projeto são utilizadas diversas formas de expressão tais como a leitura, as
imagens, os registros, as trocas de informações, entre outros. Isso faz com que o aluno,
progressivamente, conceitue o conhecimento, ampliando e obtendo uma visão crítica sobre o
que lê ou sobre o que ele mesmo produz indo além da pesquisa.
Mesmo sendo o projeto desenvolvido individualmente, em grupos ou com a
participação de todos os alunos, é importante que o professor consiga transformar a
aprendizagem em algo real, que proporcione vivências que propiciem a aprendizagem e um
conhecimento mais significativo.
O professor tem diversas maneiras para trabalhar essas vivências, pois o cotidiano
escolar é repleto de situações que podem servir de início a uma discussão e aumentar o
conhecimento destacando diversos pontos de vista existentes, os conflitos e quais as
alternativas para resolvê-los.
E para que isso venha a enriquecer e tornar possível a criação de condições reais de
aprendizagem é necessário que professor e aluno contribuam, cada um com seu papel, no
desenvolvimento do projeto.

1.1 – Etapas de um projeto

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Ao se desenvolver um projeto é necessário partir de algumas etapas para que ele
ocorra de forma fundamentalmente significativa, tais como:
Inicialização - Inicia-se a partir da escolha do tema, que pode ser um problema
frequente na sala de aula, na escola ou até mesmo na comunidade, ou indicado pelo próprio
aluno. Vale lembrar que mesmo partindo do aluno é o professor que verificará se é relevante e
se atende às necessidades da classe e ele orientará na elaboração do projeto preservando a
autonomia do aluno.
Nogueira (2005) ressalta que

Nos casos em que tenhamos mais de uma possibilidade de tema, o consenso é a


melhor estratégia, pois coloca os alunos em processo de “negociação”, de tal modo
que ao final não existam vencedores e perdedores, mas um grupo conciso que está
convencido de que o tema escolhido pode ser o mais importante naquele momento.
(NOGUEIRA, 2005, p.65).

Desenvolvimento - O projeto começa a ser desenvolvido por meio das informações


levantadas em diversas fontes e, quando se separa as escolhas fundamentadas, definir
estratégias que correspondam com a pesquisa para o esclarecimento e estrutura do projeto.
Segundo Nogueira (2005. p.66) “[...] impossível entrar em um projeto sem intenções, portanto
é fundamental que os objetivos sejam planejados nesse momento.” É importante que
professores e alunos estejam conscientes sobre os objetivos que se quer alcançar com o
projeto e cabe ao professor estar sempre a par de cada procedimento do projeto para que se
possa atingir o objetivo.
Ainda Nogueira (2005) aponta que

O acompanhamento é fundamental para a correção de rotas, depuração, orientação,


inclusão de conceitos, ajustes de hipóteses e até para o próprio ato de investigação,
pois o professor é um dos membros desse processo e como tal também investiga,
descobre e busca soluções para os problemas. (NOGUEIRA, 2008, p 69)

O professor segue orientando e indicando caminhos para aprimorar o projeto,


replanejando quando necessário.
Finalização - Nesse momento deve acontecer uma descrição sobre os resultados
alcançados com a pesquisa e tudo deve passar pelas mãos de professor, que indicará as
devidas correções e os devidos ajustes.
De acordo com Nogueira (2005 p. 69-70)

Mesmo que durante o projeto o professor tenha feito suas interferências, é sempre
bom que ao final ele “alinhave e costure” tudo, ou seja, que faça um fechamento,
lembrando qual era o problema inicial, quais eram as dúvidas, os interesses, as
propostas de ações, os resultados obtidos e a finalização das conclusões.
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Portanto, é responsabilidade do professor verificar se o projeto está de acordo com os
objetivosiniciais, se todas as dúvidas apontadas foram sanadas, enfim é o momento do
professor reconhecer todo trabalho do aluno no projeto e “aprovar”. Hernández (2000, p. 183)
especifica que “A finalidade do ensino é promover nos alunos a compreensão dos problemas
que pesquisam”.
Divulgação – É importante que tudo o que foi aprendido durante a pesquisa seja
socializado, na escola ou até mesmo aberto à comunidade. Pode ser divulgado em forma de
exposição, de fotografias, de teatro, palestras, portfólios e de muitas outras maneiras que
possibilitem o enriquecimento do trabalho.
Avaliação - Ocorre ao término do projeto, quando se verifica se os objetivos propostos
foram alcançados, se ficou faltando algo para tornar o trabalho mais fundamentado, se houve
pontos positivos e negativos, quais os devidos ajustes que podem ser feitos, enfim é um
momento para refletir e ampliar o conhecimento.
Para Nogueira (2005, p.70) “Avaliar um projeto é ter em mente que tínhamos
objetivos traçados inicialmente e que agora devemos verificar se eles foram atingidos.” É um
meio de saber quanto conhecimento foi adquirido pelo aluno, através das informações
coletadas e selecionadas em todo o projeto. Portanto, a pedagogia de projeto não é apenas
uma maneira para se aprender a pesquisar e expandir o conhecimento, tudo isso é importante,
mas ela possibilita uma transformação no modo de aprender sobre o assunto, atravésdas
mediações do professor e das relações com os conteúdos e com meio que o aluno vivencia.
Hernández (1998, p. 61) ressalta que

A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos


conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento das informações, e 2) a
relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses
quefacilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da
informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento
próprio.

E, para que o trabalho com projeto seja um transformador no conhecimento do aluno,


é essencial que professor e aluno construam uma “ponte” na qual a troca de informação e
experiência seja diária e caminhem juntas em direção ao saber, ainda que dentro do projeto
cada um tenha uma função a exercer.
O próximo capítulo tratará da importância do papel do aluno e do professor no
desenvolvimento e sucesso do projeto.
2. O TRABALHO COM PROJETOS E OS DIFERENTES PAPÉIS

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A pedagogia de projetos envolve muitos participantes, cada um desempenhando o seu
papel. Tem como objetivo o trabalho em equipe, mas desenvolve a autonomia e a criticidade.
Assim, podemos dizer que a atuação tanto do professor quanto do aluno, são
indispensáveis para uma boa elaboração do projeto e todo o processo que envolve a
aprendizagem nele existente. Nos dias de hoje, espera-se muito de uma prática do professor
condizente com a realidade de cada sala de aula, que venha ao encontro das necessidades de
inovar, atualizar, de sentir quando deve modificar sua forma de trabalhar, para melhor atender
seus alunos.
Porém, ambos são cobrados por uma sociedade que exige melhor desempenho em suas
atuações, estabelecendo padrões já definidos de como cada um deve ser, e agir diante das
expectativas que a sociedade cria em relação aos devidos papéis.
A propósito convém lembrar Cunha:

Por certo os papéis escolares estão definidos ideologicamente também na sociedade,


identificados com a classe dominante, passando pelas formas de produção e
distribuição do conhecimento. Os professores vivem num ambiente complexo onde
participam de múltiplas interações sociais no seu dia-a-dia. São eles também frutos
da realidade cotidiana das escolas, muitas vezes incapazes de fornecer uma visão
crítica aos alunos, porque eles mesmos não têm, porque se debatem no espaço de
ajustar seu papel à realidade imediata da escola, perdendo a dimensão social mais
ampla da sociedade. (CUNHA, 1989 p. 66)

Portanto é importante, que o professor saiba buscar meios para contribuir com a
mudança desta perspectiva e passe a valorizar cada momento de sua atuação, acreditando em
sua capacidade de ensinar e na do aluno de aprender.
Quando se trabalha com projetos cria-se um ambiente onde não existe hierarquia, pois
a centralidade não está apenas no professor, que passa a atuar como colaborador, auxiliador,
mediador, se preocupando em fazer de cada etapa do trabalho um momento de troca de
experiência, cooperando para um ensino melhor e para a formação de um aluno melhor. E
para isso, é importante que o professor considere os dizeres e as manifestações dos alunos e
seja flexível diante do assunto trazido por eles, sem desprezar seu conhecimento.
Quando se decide trabalhar com um projeto, o primeiro passo é pensar como trabalhar,
o que se pretende atingir, como elaborar, qual o assunto; enfim, surgem diversas dúvidas que
serão solucionadas no decorrer da preparação de todo o processo que engloba o projeto.
Vale ressaltar que é impossível pensar em projeto e não imaginar uma ação, pois
envolve planejamento de algo idealizado, que ainda não se realizou.
Neste sentido Marina (1995. p. 178 e 179) ressalta que:
20
Não existem projetos desligados da ação. Há, evidentemente, muitas antecipações de
acontecimentos futuros, como os sonhos, os desejos ou os planos abstratos que são
apenas, na melhor das hipóteses, anteprojetos que se converterão em projetos
quando tiverem sido aceitos e promulgados como programas vigentes. O projeto é
uma ação prestes a ser empreendida. Uma possibilidade vislumbrada não é projeto
até que se lhe dê uma ordem de marcha, ainda que diferida.

Porém o projeto não é uma atividade prática isolada, ele faz parte de um processo que
inclui discussões e atividades intercaladas promovendo formulações de ideias e a construção
de teorias e conhecimentos sobre o assunto que está sendo trabalhado. Mesmo dentro de uma
equipe, cada participante contribui com seu modo de pensar, de perceber e enfrentar os
desafios, de criar relações recíprocas com os demais participantes, tornando a pesquisa rica e
os conhecimentos ampliados, pois ele é partilhado, havendo uma integração entre ensino e
pesquisa.
A pedagogia de projeto provoca desafios tanto para o professor quanto para o aluno,
pois possibilita trabalhar nas diversas áreas da educação e abrange diversas mídias e, além
disso, aumenta a possibilidade de se fazer pesquisa em várias fontes. Portanto, hoje isso é
possível porque está dentro do contexto escolar do aluno.
De acordo com Hernandez (1978, p.178),

Quando a aprendizagem é proposta como uma produção ativa de


significados,transforma-se numa manifestação das possibilidades dos seres humanos
por exemplo de sintetizar informação complexa e dispor de maneira coerente de
observar situações de diferentes pontos de vista ou de estar conscientes dos
preconceitos determinados diante dos fatos e fenômenos.

As atividades desenvolvidas (individuais ou coletivamente) durante o projeto servem


para que aos alunos compreendam a realidade, pois eles escutam, perguntam, levantam
hipóteses, fazem resumos, e tudo isso leva os alunos a estarem conscientes do que estão
aprendendo.
O conhecimento vai sendo construído através das possibilidades que o trabalho com
projeto proporciona, criando espaço para que professores e alunos trabalhem juntos
permitindo que estabeleçam relações a partir das transferências de conhecimento que vão
além dos limites escolares, procurando centrar na realidade do aluno e sua cultura.
Hernandez(1998) diz:

Entendo aqui a noção de cultura num sentido concreto: como o conjunto de valores,
crenças e significações que os alunos utilizam para dar sentido ao mundo em que
vivem [...]. Apresentar exemplos retirados da cultura que nos cerca tem a função de
fazer com que se aprenda a interpretá-los a partir de diferentes pontos de vista,
favorecendo a tomada de consciência dos alunos sobre si mesmos e sobre o mundo.

21
Portanto é importante e indispensável considerar a bagagem do aluno sua cultura e
seus conhecimentos para, a partir daí, ampliá-los.
A realização do projeto não deve ser o principal alvo do ensino, mas o que realmente
se aprende com ele, vai além de realizá-lo: é compreendê-lo a cada etapa e criar relações
conceituais, sendo capazes de irem além das informações fornecidas, reconhecendo sua
autoria no trabalho. No entanto, professores e alunos trabalham juntos e transformam em
aprendizagem as experiências sociais.
Segundo Machado (2000, p. 2), “existem três características fundamentais de um
projeto:a referência ao futuro; a abertura para o novo; a ação a ser realizada pelo sujeito que
projeta”.
Quando idealizamos um projeto, já temos consciência do que queremos atingir, de
uma meta a ser alcançada e isso já é uma referência ao futuro. É através desse ponto de
partida que encontramos abertura para o novo, pois deparamos com situações diferentes que
nos fazem inovar por meio das ações que enfrentamos para alcançarmos os objetivos
pretendidos.
O professor que tenta trabalhar o processo de ensino-aprendizagem por meio dos
projetos acaba encontrando muitos desafios que resultam em desestruturar o projeto que
envolve ações que precisam ser realizadas na sala de aula ou no espaço físico da escola, pois
muitas dessas ações extrapolam o tempo de aula.
Por isso, é importante que o professor pense em tudo antes de iniciar um projeto,
direcionando meios para facilitar seu desenvolvimento, estabelecendo relação com o conteúdo
programado, viabilizando uma articulação entre mídia, saberes e protagonistas.
A pedagogia de projetos proporciona diferentes estratégias e isso depende da
organização do professor em relação à perspectiva que busca desenvolver.
Para Araújo,

Entender o projeto como uma estratégia traz, assim uma nova perspectiva para o
trabalho pedagógico, pois a partir de representações prévias sobre os caminhos a
serem percorridos, incorpora, por exemplo, a abertura para o novo; a perspectiva de
uma ação voltada para o futuro, visando transformar a realidade; e a possibilidade
de decisões, escolhas, apostas, riscos, e incertezas. Além disso, permite dar um
sentido baseado na busca de relações entre os fenômenos naturais, sociais e
pessoais, bem como planejar estratégias que vão alem da
compartimentalizaçãodisciplinar.(ARAUJO, 2003, p.69)

É pensando no projeto como uma estratégia, que o professor poderá encontrar


soluções para melhorar a qualidade do ensino, pois ele desenvolverá meios para chegar no
aluno com uma proposta atraente, que o envolva e desperte o interesse em relação ao
22
conteúdo e o aluno passe a sistematizar o conhecimento, pois as estratégias podem ser
modificadas se necessário.
Isso não significa que o trabalho com projetos seja a única forma de obter resultados.
A questão é que o projeto contribui de forma significativa no desenvolvimento do aluno, pois
ele participa ativamente, e o trabalho pode acontecer de forma interdisciplinar, ou mesmo
multidisciplinar o que aumenta a qualidade de conhecimento e a troca dos diferentes saberes.
Porém, o trabalho com projetos desenvolve uma “rede” de conhecimentos
ligados por diversas ramificações que relacionam o que o aluno já sabia com o que ele
conclui, portanto, todas essas manifestações possibilitam que ocorra aprendizagem de um
modo significativo.
Machado, na visão de Araujo (2003. p. 99)

[...] compreende a ideia de rede como uma teia de relações e significações e de


modo resumido afirma:
 Compreender é apreender o significado.
 Apreender o significado de um objeto ou de um acontecimento é vê-lo em suas
relações com os outros objetos ou acontecimentos.
 Os significados constituem, pois, feixes de relações.
 As relações entretecem-se, articulam-se em teias, em rede, construídas social e
individualmente e em permanente estado de atualização.
 Em ambos os níveis – individual e social – ideia de conhecer assemelha-se à de
enredar.

Entretanto, a rede deve ser um sistema harmonioso e que todo o processo do projeto
esteja integrado em uma relação de aprendizado organizado e que as ramificações (que
compreende as direções a serem seguidas) se envolvam com o campo de conhecimento
trabalhado. Isto vem a mostrar que ao se trabalhar com projetos o foco não fica apenas no
assunto a ser trabalhado, mas todo o desenvolvimento, uma vez que existe uma perspectiva
em tudo que se irá fazer. E para que o projeto aconteça de forma eficiente é necessário que
cada participante contribua, partindo da ideia de que cada um tem um papel importante e
essencial na elaboração do projeto.

2.1. O PAPEL DO PROFESSOR

23
Ao se falar em professor, muitos já imaginam uma figura autoritária, falante, como
eram os professores há alguns anos atrás, quando eram considerados os donos do saber e
passavam o que sabiam aos alunos sem manter uma relação de troca de experiência, de
informações, já que isso cabia somente ao professor.
Hoje o papel do professor é outro perante a escola e os alunos, pois ele não é só
responsável pelo conteúdo a ser dado de forma eficiente, mas pela aprendizagem do aluno,
pela transformação do mesmo em um ser independente, com autonomia, crítico, mediando
toda forma de conhecimento.
De acordo com Zanotto (2000) um projeto exige do professor uma postura
fundamentada na aprendizagem do aluno, nas várias etapas que surgirão no projeto a ser
desenvolvido. Essa postura é extremamente valiosa para auxiliar na aprendizagem, pois o
professor deve agir como “gerenciador” do saber, auxiliando, estimulando, proporcionando
melhor desempenho nos afazeres dentro do projeto e tornando todo o processo que engloba o
projeto em uma construção rica emconhecimentos e nas habilidades que são desenvolvidas.
O professor que se envolve com o projeto passa para o aluno segurança, confiança,
determinismo, ajudando-o a ser independente ao atuar no desenrolar dos trabalhos, adotando
fundamentos significativos para a elaboração do projeto. Portanto, o papel do professor não é
de apenas instruir, mas dar suporte, mediar, auxiliar em cada etapa. A contribuição do
professor é muito importante nesse processo.
Nas palavras de Zanotto (2000. p. 15), “[...] Educar não é somente instruir! Instruir é
tão somente condicionar o comportamento do educando a um padrão pré-estabelecido [...]”.
O aluno não vai aprender apenas fazendo o projeto, pois ele precisa ser questionado,
entender o porquê fazer o trabalho, para que fazer, qual é o objetivo sendo, portanto,
necessário ter um fundamento.
Ainda para Zanotto (2000, p. 94), “O aluno não aprende simplesmente ao fazer”.
Fundamentado nisso, é importante que o aluno questione, opine, crie, se sinta disposto a
aprender , dando mais sentido através das muitas possibilidades que o professor disponibiliza,
atribuindo um papel ativo ao aluno quanto à aprendizagem.
A sala de aula não deve ser o único espaço para o projeto ser desenvolvido. É
importante que o professor se preocupe com a relação escola e meio, com a aprendizagem do
aluno e suas necessidades, pois a escola tem uma função social, o que é muito importante, na
vida do aluno.

24
A escola é uma instituição contextualizada, isto é, sua realidade, seus valores, sua
configuração variam segundo as condições histórico-sociais que a envolvem, a toda
uma confluência de fatores que determinam seu perfil, e suas manifestações. O
professor com relação à escola é, ao mesmo tempo, determinante e determinado.
Assim como seu modo de agir e ser, recebem influências do ambiente. A escola
analisada em diferentes momentos históricos, certamente mostrará realidades
também diferenciadas. Se o professor refletir sobre si mesmo, sua trajetória
profissional, seus valores e crenças, suas práticas pedagógicas, encontrará
manifestações não semelhantes, ao longo do tempo. Esse jogo de relações entre a
escola e a sociedade precisa ser, cada vez mais, desvendado para que se possa
compreender e interferir na prática pedagógica. (ZANOTTO, 2000).

A escola precisa fazer com que o aluno se aproprie e construa seu conhecimento,
favorecendo sua inserção crítica na sociedade. O cotidiano do aluno deve ser considerado pelo
professor.
Portanto é indispensável que o professor valorize o conhecimento que o aluno já
possui e o ensine a fazer relação com o novo e possa constituir seu pensamento, sua opinião,
de forma crítica, reconhecendo seus avanços através das relações concebidas anteriormente.

2.2 O PAPEL DO ALUNO

Há vinte anos os alunos eram passivos, vistos como receptadores do conhecimento.


Para Freire(1987)a educação na qual os alunos são passivos, só recebem conteúdo sem se
manifestar e seus conhecimentos não são levados em consideração. A isto Paulo Freire
chamava de “educação bancária”. Nessa época os alunos não eram estimulados a pensar e o
conteúdo era memorizado. Muitos alunos não davam significado ao que aprendiam, pois a
verdade é que não aprendiam, apenas memorizavam e tempos depois esqueciam.
O método utilizado naquela época não beneficiava o aluno e a preocupação maior era
com o cumprimento do conteúdo planejado. A falta da importância com a aprendizagem do
aluno era notável, principalmente ao passar para as séries seguintes, nas quais chegavam
despreparados. A consequência disso eram alunos desinteressados e professores
desestimulados. “Infelizmente, o aluno não aprende simplesmente quando coisas lhe são ditas
ou mostradas. Algo essencial à sua curiosidade natural ou desejo de aprender está faltando na
sala de aula.” (SKINNER, 1968, p. 101).
Quando se pensa em trabalhar com projetos, surgem muitos levantamentos e propostas
em relação à pessoa que o professor pretende formar, para qual sociedade, e qual cidadão a
sociedade aspira. O projeto precisa ter ações que façam com que os objetivos sejam atingidos
e para isso o aluno deve ser ativo, mostrar interesse, não se preocupar somente em acertar,

25
mas aprender com os erros, fazendo levantamento de dúvidas, ideias, criando condições para
que a aprendizagem aconteça.
O papel do aluno poderá iniciar antes mesmo de começar o projeto, quando ele mesmo
sugere o tema, ou através de uma dúvida, de situações problema que ele se interesse em
solucionar, pesquisar, abrindo caminhos para o conhecimento.
Entretanto, oprofessor deve estar sempre atento ao que acontece no ambiente escolar e
até mesmo fora da escola.O conteúdo que envolve a vivência do aluno, que está próximo à
sua realidade, produz efeito positivo na aprendizagem, pois a relação ensino-aprendizagem
acontece de forma eficaz.
O projeto provoca transformações visíveis no desenvolvimento cognitivo do aluno,
que passa a ser estimulado a cada etapa com avanços intelectuais que refletirão no ensino, nas
várias matérias, pois ao se trabalhar com projetos ocorrem mudanças qualitativas no ensino-
aprendizagem. O aluno torna-se mais independente ao longo do desenvolvimento, esforçando-
se mais para atingir seus objetivos, estabelecendo um elo entre o conteúdo e o seu significado.
O trabalho cuidadoso possibilita que o aluno se transforme em um sujeito autônomo,
que produz, desenvolve com qualidade, construindo de maneira crítica seus próprios
conceitos. As possibilidades que surgem quando se trabalha com projetos, preveem estímulos
que determinam a mudança necessária para que o aluno aprenda de forma significativa,
contribuindo com seu desenvolvimento intelectual. Os estímulos acontecem quando o
professor usa métodos atraentes para o aluno, e eles se sentem motivados e encontram
condições para construir e reconstruir seu conhecimento.
Nas palavras de Hernandez (2000) papel do aluno dentro de um projeto deve ser de
sujeito pensante, reflexivo, transformador, crítico, que aprende a gerenciar estratégias,
encaminhado as próprias relações para entender o porquê das dificuldades, verificar, revisar.
Isso vai contribuir para que o aluno não só produza, mas crie, promovendo o conhecimento de
si e do mundo por meio de experiências e trocas de informações na relação aluno-aluno e
aluno-professor. O aluno poderá utilizar múltiplas formas de registrar o assunto por meio da
escrita nos textos, relatórios, fotografias, enfim de muitas outras formas.
Para que haja construção de conhecimento é importante que o aluno passe a relacionar
o seu conhecimento anterior com o que está aprendendo.
Para Vasconcellos (2005, p. 90),

[...] o trabalho de confronto tem que ser (apenas) do aluno, que deve buscar a
referência que tinha, estabelecer um paralelo com a referência que o professor está

26
trazendo, para daí atuar sobre a diferença e reconstruir, ou não, seu conhecimento.
Cabe, pois, ao aluno buscar o conhecimento anterior para estabelecer o confronto.

O conhecimento, portanto, não é algo que acontece de imediato, uma vez que ele vai
sendo construído a partir do estímulo do professor e da forma como trabalha o conteúdo. O
grande desafio é quando o projeto a ser trabalhado é de certa forma imposto aos professorese
cabe a eles incluí-los de uma maneira que obtenha bons resultados. É o que trataremos no
próximo capítulo - como o professor encara esse desafio e o que ele tem a falar sobre
trabalhar com projeto.

3.COMO DESENVOLVER UM PROJETO PRONTO E IMPOSTO

27
Este capítulo tem como objetivo mostrar como os projetos que são impostos pelos
órgãos educacionais (Municipais e Estaduais) são recebidos e trabalhados pelos professores.
Para isso foi feita uma pesquisa de campo, com cinco professores e uma diretora de uma
escola municipal de uma cidade do interior de São Paulo.
Almeida (2000) salienta que “Na pedagogia de projetos é necessário ter coragem de
romper com as limitações do cotidiano, muitas vezes auto-impostas”.
Muitos professores vêm o trabalho com os projetos que são enviados pelos órgãos
educacionais como muito bons para o crescimento e aprimoramento das inúmeras habilidades
já citadas no 1º capítulo, que são desenvolvidos através de todo o processo do projeto. A
preocupação desses professores e juntamente a do diretor é que a maioria desses projetos vem
com uma carga de exigência que é difícil para o professor cumprir com sucesso. O sucesso é a
aprendizagem acontecer ao longo de todo processo que envolve o projeto, e ao final dele o
aluno sair com uma visão crítica de tudo o que viu, ter autonomia para compreender cada
relação que se fez presente ou que se faça nas comparações futuras.
E como fazer isso acontecer, sem recursos, sem interesse dos alunos e, dependendo do
assunto, muitas vezes até do professor que não tem estímulo e está desmotivado a preparar a
sala para encarar o projeto, que muitas vezes encontra-se fora da realidade da sala de aula e o
professor entende que impor o projeto sem ter uma necessidade específica ou um problema,
pode acumular matéria atrasada e ainda não atingir os objetivos desejados pelos órgãos
educacionais.
Segundo Freire (1986, p.53)

Poder-se-á dizer, uma vez mais, que tudo isto requer tempo. Que não há tempo a
perder, visto que existe um programa que deve ser cumprido. E uma vez mais, em
nome do tempo que não se deve perder, o que se faz é perder tempo, alienando-se a
juventude com um tipo de pensamento formalista, com narrações quase sempre
exclusivamente verbalistas. Narrações cujo conteúdo “dado” deve ser passivamente
recebido e memorizado para depois ser repetido.

Assim, cabe ao professor encontrar a melhor maneira para que se possa cumprir com
as exigências do órgão educacional respeitando o compromisso político, que crie uma forma
que possibilite obter resultados, que valorize o conteúdo e transforme o ensino em
aprendizagem significativa.
No entanto quando o projeto vem disponibilizado por algum órgão público, precisa
partir de um tema que apresente diferentes propostas de atividades para que os professores
possam se adequar à realidade de cada sala de aula.
De acordo com Vasconcellos,
28
Há que se considerar que o trabalhando com uma metodologia mais adequada,
aumenta-se a produtividade em sala de aula, o tempo passa ser melhor aproveitado
pelo coletivo dos alunos. Só um exemplo desse aumento de produtividade, é o
tempo que se “ganha” em relação ao ensino tradicional, com a melhoria da
disciplina da classe, em função do maior envolvimento dos alunos nas atividades
pedagógicas. (VASCONCELLOS, 2005, p.133)

Ao contrário do que muitos professores pensam, trabalhar com projetos não é um meio
para se perder tempo, mas para ganhar conhecimento. Adequar o projeto abre caminhos que
possibilitam ao aluno ampliar seu conhecimento e melhorar seus conceitos. Vasconcellos
(2005, p.133) aponta que “[...] com o desenvolvimento do raciocínio e a solidificação dos
conhecimentos anteriores, aumenta a produção dos alunos (que acabam exigindo ainda mais
conteúdo)”.
E parte do professor chegar ao ponto no qual leve os alunos a se interessarem cada vez
mais em aprender e obter conhecimento, abrangendo diferentes saberes durante todo o
projetoque devem passar a ser mais qualitativos que quantitativos.
Para saber mais sobre os projetos que são disponibilizados pelos órgãos educacionais e
a maneira como o professor trabalha, relatarei a pesquisa que foi realizada com cinco
professores de escolas de uma cidade do interior de São Paulo, sendo um diretor para a
conclusão deste trabalho, contribuindo para esclarecer algumas dúvidas que surgem quando se
recebe uma proposta de um projeto pronto, lembrando que todos os nomes serão preservados
e os citados são fictícios.
Na pesquisa realizada muitos professores se queixaram da falta de tempo, muitos se
preocupam em finalizar conteúdo sem se preocupar se o aluno realmente entendeu, pensando
em quantidade e não em qualidade. Trabalhar com projetos já definidos requer adequação e
flexibilidade.
Veja o que uma das professoras que vou chamar de professora número 1 pensa sobre
isso.
É mais complicado, mas é possível. Já trabalhei com projetos que já vêm com temas e
datas definidas e deu tudo certo, inclusive o resultado. Porém, precisei de autorização
do gestor escolar para flexibilizar as datas das avaliações bimestrais, pois o tempo
estava pequeno demais para concluir as etapas do projeto.

Diante disso fica fácil entender que cabe ao professor adequar a forma como irá
trabalhar o projeto, bastando se empenhar e partir da realidade da comunidade escolar,
fazendo ajustes para melhor desenvolvê-lo.
Entende-se que trabalhar com projeto proporciona uma forma diferente de
aprendizagem que contribui para ampliar o conhecimento, envolvendo o aluno de maneira

29
profundamente participativa, pois ele estará a todo o momento desenvolvendo o projeto de
forma ativa.
A gestora entrevistadadiz como entende o trabalho com projeto: “Entendo que
trabalhar com projetos é uma maneira de dirigir uma necessidade escolar e desta forma com o
intuito de suprir a mesma, despertando a necessidade de cada aluno e assim desenvolvendo
interesse, raciocínio, curiosidade entre outros”.
Todas essas habilidades e muitas outras são desenvolvidas quando o professor
encontra meios para estimular o aluno que passa a agir com motivação e se dispõe a construir
seu conhecimento através de meios fornecidos pelo professor, que indica caminhos, faz
interações, intervenções, agindo como facilitador do conhecimento.
De acordo com a professora número 1 “O papel do professor é fundamental para um
bom resultado na avaliação do projeto. É ele que vai aplicar as metodologias e conteúdos,
para se chegar ao objetivo esperado. Se não houver empenho do professor na realização do
projeto, seja qual for o tema, os resultados estarão comprometidos, e os alunos serão os mais
prejudicados com essa irresponsabilidade”.
De acordo com as palavras da professora acima é importante ressaltar que o docente
tem que se colocar à frente do projeto contribuindo para sua melhor elaboração, apontando
caminhos. O projeto, quando trabalhado de forma adequada fazendo com que o aluno se
aproprie do saber, ao mesmo tempo propiciará condições para levar o aluno a se tornar um ser
crítico a situações dentro e fora da escola servindo para a transformação social.
É indispensável que o professor parta de uma situação real conhecida pelo aluno e
relacione com a nova situação que apresentará. O aluno, quando estimulado, começa a
perceber possibilidades de ação diante da sociedade e vai entender que, em muitos momentos
do projeto, vai se deparar com situações que vão exigir relações e busca por outras disciplinas,
explorando suas próprias ideias e assimilando-as com sua bagagem.
O professor que, a cada desafio, encontra possibilidade de aumentar e melhorar o
conhecimento do aluno, vê no projeto uma forma de ir além do conteúdo programado.
Diante desse contexto o professor número 3 fala sobre como o projeto pode ser
trabalhado sem prejudicar o conteúdo programado. Ele aponta que

Coordenando seu tempo e muitas vezes o tema a ser abordado poderá ser trabalhado
juntamente com o conteúdo (sic) de forma com que se relacione ao assunto
trabalhado ou destinando um momento semanal somente para ser trabalhado o
projeto!

30
Entretanto vale ressaltar que cabe ao professor adaptar o projeto à realidade da escola,
à possibilidade de trabalho, à disponibilidade de recursos materiais e muitas outras coisas que
precisam ser levadas em consideração. Segundo Hernandez (1998) é importante que o
professor valorize os recursos que a escola oferece e crie possibilidades de trabalhar de uma
forma diferente, que propicie a mesma ou mais informação e conhecimento.
Interessante comentar a visão do professor número 4 quanto à postura do professor.
“O professor é o norteador e o intermediário do desenvolvimento do projeto de tal forma que
eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes”.
Cabe ao professor encontrar a melhor maneira de levar conhecimento de forma
significativa ao seu aluno e inovar seu jeito de trabalhar e diferenciar a forma como apresenta
os conteúdos. Trabalhando um conteúdo em forma de projeto, a aprendizagem se faz mais
significativa, pois os assuntos são vistos em várias fontes e de várias maneiras, além de
possibilitar a troca de conhecimentos entre alunos, entre alunos e professores, ampliando e
valorizando o conteúdo. De acordo co Zanotto (2000) o professor deve estar atendo às
manifestações de seus alunos e sua realidade.
De acordo com Vasconcellos (2006. p.107),

O conhecimento da realidade do aluno é essencial para subsidiar o processo de


planejamento numa perspectiva dialética. Devemos ter em conta o aluno real de carne
e osso que efetivamente está na sala de aula, que é um ser que tem suas necessidades,
interesses, nível de desenvolvimento (psicomotor, sócio-afetivo e cognitivo), quadro
de significações, experiências anteriores (história pessoal), sendo bem distinto daquele
aluno ideal, dos manuais pedagógicos (marcados pelos valores de classe) ou do sonho
de alguns professores. Temos que trabalhar em função daquilo que realmente o aluno
é, e não do que gostaríamos que fosse.

Faz-se necessário que o professor esteja atendo a tudo isso e que seu foco esteja
direcionado à aprendizagem do aluno e de como criar situações que o leve ao conhecimento.
O trabalho com projetos é um meio de o professor propiciar inúmeras situações de
forma diferenciada e provocar o aluno para que o mesmo amplie e valorize o conhecimento.
Veja o que a professora de número 5 comenta quanto à diferença em se trabalhar o
conteúdo em forma de projetos.

[...] quando se trabalha com projetos o mesmo tema é falado por um tempo maior, o
que facilita o professor atingir todos os alunos da sala de forma que cada um entenda
o assunto no seu tempo, e o interesse inicial que a criança apresenta pelo tema é um
indicador positivo de que os objetivos serão alcançados, mesmo tendo que ser feita
algumas adequações, e como já disse o assunto tratado de forma prazerosa traz mas
significado ao conhecimento vivenciado pela criança.Com tudo como professores
temos que tomar cuidado para não estender o assunto de mais (sic), pois se não um
conhecimento que antes era prazeroso acaba se tornando maçante e chato.

31
Quando o conteúdo é trabalhado através de projeto, passa a ser mais discutido e
aproveitado pelos alunos, dando ênfase e valorizando sua aprendizagem. Cabe ao professor ir
norteando cada etapa do projeto ampliando os conceitos.
Nogueira (2008, p. 33) aponta que

Ampliar esses conceitos significa compreender onde e como o projeto pode auxiliar
na práxis, quais as vantagens para o professor e para os alunos em trabalhar com
essa dinâmica, qual a relação entre projetos e competências, até onde vai a
autonomia dos alunos nesse trabalho e, principalmente, quais são os papéis dos
diferentes atores quando se trabalha com projetos.

Portanto, dentro de um projeto é importante que o professor saiba agir da melhor


maneira para mediar todo o processo que engloba o projeto. É importante a sua participação e
orientação como facilitador da aprendizagem.
Diante desse contexto, observemos o depoimento da professoranúmero 5 sobre o
papel do professor diante do desenvolvimento do projeto: “É ele que orienta, sensibiliza,
aconselha, desafia e direciona o projeto sempre avaliando seu desempenho e o desempenho
dos alunos”.
De certo modo, o acompanhamento do professor em relação ao projeto é fundamental
para que se obtenham resultados além dos objetivos propostos e que tragam conhecimento
com qualidade.
Nogueira (2008 p. 69) aponta que

O acompanhamento é fundamental para a correção de rotas, depuração, orientação,


inclusão de conceitos, ajustes de hipóteses e até para o próprio ato de investigação,
pois o professor é um dos membros desse processo e como tal também investiga,
descobre e busca soluções para os problemas.

Assim o trabalho com projetos, além de possibilitar maior envolvimento do professor


e do aluno, propicia uma aprendizagem significativa, pois o foco não fica apenas em um
assunto e percorre caminhos que, se bem trabalhados, estimulam os alunos a querer saber
cada vez mais, obtendo mais conhecimento e valorizando-o.

Diante desse cenário, a professora de número 6 aponta que

O trabalho com projeto é uma forma intensa de desenvolver o conteúdo, pois revela
meios de interação maior do aluno com o assunto e suas abrangências. Sempre
procuro incluir o trabalho com projetos em diversos momentos do ano letivo e
principalmente com diversos conteúdos, o que facilita o ensino aprendizagem, e
enriquece o conhecimento, além de ser prazeroso e obter sucesso .

32
Portanto, a partir da pesquisa realizada, podemos perceber o quanto o trabalho com
projetos é significativo no contexto escolar. Os professores procuram desenvolver os projetos,
mesmo que impostos, fazendo as adequações necessárias para que todas as etapas estejam de
acordo com a realidade da sua turma, fazendo com que através de estimulação, de interação,
de mediação e de intervenção entre outros já citados, os alunos possam obter mais
conhecimento e de forma significativa.
Nas palavras de Vasconcellos ( 2006, p, 98)

De qualquer forma e muito sinteticamente, entendemos que a educação escolar é


um sistemático e intencional processo de interação com a realidade, através do
relacionamento humano baseado no trabalho com o conhecimento e na organização
da coletividade, cuja finalidade é colaborar na formação do educando na sua
totalidade – consciência, caráter, cidadania - , tendo como mediação fundamental o
conhecimento que possibilite o compreender, o usufruir ou o transformar a
realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os projetos conduzidos e bem elaborados tanto pelo professor que faz o papel de
construtor, quanto pelo aluno que executa o projeto, abrem diferentes caminhos que

33
beneficiam a aprendizagem, contribuindo para o avanço intelectual do aluno, não apenas no
aspecto cognitivo como também no social, dando significado ao assunto a ser trabalhado, que
mobiliza não apenas as pessoas que estão envolvidas diretamente, mas aquelas que
indiretamente contribuem para o seu desenvolvimento. O caminho a se descobrir quando se
desenvolve um projeto é muito rico e amplia de modo significativo a aprendizagem.
O tempo passa e muitos professores ainda trabalham com projetos que são
desenvolvidos apenas quando aparece algum tema que está em destaque ou “moda” como, por
exemplo, “Carnaval”. As escolas ficam enfeitadas com cartazes e máscaras, mas, muitas
vezes, não possuem um conteúdo significativo sobre o assunto e a única intenção é a de criar
um clima carnavalesco, sem trabalhar o conteúdo, sendo que as várias competências dos
alunos não são colocadas em prática.
Um projeto que possui uma intenção contribui de forma significativa na relação
professor-aluno na troca de ideias, nas mediações, na avaliação que o professor poderá fazer
diante das intenções do aluno; na relação aluno-aluno quando se trabalha de maneira
cooperativa; e no ensino-aprendizagem, pois o aluno sente-se motivado e tem prazer em
aprender.
A importância em trabalhar com projetos reside na intenção não só sobre o assunto a
ser trabalhado, mas no desenvolvimento das habilidades que ocorrerá ao se trabalhar, pois o
professor não será somente a fonte de informação para o aluno, mas encontrará muitas
possibilidades para obter informações que contribuirão com o projeto e com o crescimento
intelectual do aluno.
Portanto trabalhar com projetos é uma forma de abrir possibilidades de ajudar o aluno
a compreender o conhecimento trabalhado na escola e permitir que ele cresça como um ser
social.

REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, F. J.;FONSECA Júnior, F. M. Projetos e Ambientes Inovadores.Brasília:
Secretaria da Educação à Distância-SEED/ PROINFO - Ministério da Educação, 2000.

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Nacionais: Introdução. MEC / SEF – 3 ed. Brasília: A Secretaria, 2001.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GARDNER, Howard. Estruturas da mente: A teoria das inteligências múltiplas. Porto


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HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por


projetos de trabalho. Porto Alegre: Editora Artmed, 1998.

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São Paulo: Érica, 2001.

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Disponível em: <www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos.../texto18.pdf>.
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metodólogicos para elaboração e realização, 16º ed São Paulo Libertad, 2006.

ZANOTTO, Maria de Lourdes Bara. Formação de professores.São Paulo: Artmed, 2000.

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ANEXOS

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Entrevistas feitas com professores e gestor, com respostas copiadas na íntegra e, por isso,
colocadas entre aspas. Ocultaremos os nomes dos profissionais por uma questão ética.

Anexo 1. Entrevista com a professora 1Sheila Ribeiro –


1.O que entende por trabalho com projetos?

“Entendo que é um trabalho voltado para as necessidades do público ao qual você


atende. Normalmente os projetos são definidos de acordo com a realidade da comunidade
escolar”.

2.Com tanta complexidade que envolve a sala de aula, é possível trabalhar comum projeto
que já vem definido e com data para entrega?

“É mais complicado, mas é possível. Já trabalhei com projetos que já vem com temas
e data definidas e deu tudo certo, inclusive o resultado. Porém, precisei de autorização do
gestor escolar paraflexibilizar as datas das avaliações bimestrais, pois o tempo estava pequeno
demais para concluir as etapas finais do projeto”.

3. Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

“O papel do professor é fundamental para um bom resultado na avaliação do projeto.


É ele quem vai aplicar as metodologias e conteúdos para se chegar ao objetivo esperado. Se
não houver empenho do professor na realização do projeto, seja qual for o tema, os resultados
estarão comprometidos, e os alunos serão os mais prejudicados com essa irresponsabilidade”.

4. Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem comtudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

“Fazendo acordos e adaptações com os gestores e professores extra-curriculares. Às


vezes é necessário descentralizar o projeto, e atribuir algumas funções a outras áreas como:
professor de informática, bibliotecários, prof. de arte etc. Muitas vezes sofremos demais
porque achamos que é apenas nosso o papel de desenvolver projetos e aplicar conteúdos.

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Devemos e podemos fazer parcerias com outros professores, isso na maioria das vezes
funciona muito, pois eles podem nos ajudar em pesquisa de campo, confecção de cartazes,
bibliografias etc.”.

5.Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“Sim. Os projetos quando bem elaborados, direcionam melhor o conteúdo, com


metodologias e estratégias bem definidas, o que provoca nas crianças um melhor empenho e
dedicação.O tema também ajuda muito, por isso é sempre melhor, que a equipe escolar, que
está diretamente envolvida com a comunidade atendida, defina os temas a serem trabalhados,
de acordo com o problema que ela enfrenta na escola.Porém isso não significa que não dê
para trabalhar temas já definidos por outros órgãos, desde que sejam bons e bem elaborados”.

Anexo 2.Entrevista com uma gestoraVera Machado

1. O que entende por trabalho com projeto?

“Entendo que trabalhar com projetos é uma maneira de dirigir uma necessidade
escolar e desta forma com o intuito de suprir a mesma. Despertando a necessidade de cada
aluno e assim desenvolvendo interesse, raciocínio, curiosidade entre outros”
2. Com tanta complexidade que envolve a sala de aula é possível trabalhar com um projeto
que já vem com tema definido e com data para a entrega?

“Sim, devemos adequar o tema de acordo com a realidade da sala. Acredito que todos
os temas, mesmo não sendo próximo da realidade da classe o aluno deve conhecer de forma
prazerosa e educativa”.

3.Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

O papel do professor é de intermediar para que o aprendizado ocorra de forma


prazerosa e bem aproveitada com o intuito de levar mais conhecimento ao aluno.

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4.Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem com tudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

“Como sempre, cabe ao professor planejar de forma eficiente e adequar à necessidade


de classe”.

5. Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“Acredito que quando se trata de um projeto damos mais ênfase. Embora que um bom
professor dá ênfase mesmo não sendo projeto”.

Anexo 3. Entrevista com o professor 3Wellington Zamboni

1. O que entende por trabalho com projetos?

“Trabalhar com projetos permite que o educador ultrapasse seus limites de ensino por
uma simples forma de transmitir o conhecimento, transferindo assim toda responsabilidade do
processo de construção do saber ao próprio aluno, bem como o aluno tende a assumir o
controle sobre sua aprendizagem obrigatoriamente, e ao professor cabe a função de
coordenador e instruir o projeto”.
2.Com tanta complexidade que envolve a sala de aula, é possível trabalhar com um projeto
que já vem com tema definido e com data para entrega?

“Sim, pois a única dificuldade em primeiro momento seria o de adaptação do tema


proposto, conseguindo assim o desenrolar do projeto quebrando essa barreira (adaptação)”.

3. Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

“Ao professor cabe somente a função de instruir e coordenar o projeto”.

4. Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem com tudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

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“Coordenando seu tempo e muitas vezes o tema a ser abordado poderá ser trabalhado
juntamente com o conteúdo programado de forma com que se relacione ao assunto trabalhado
durante o projeto ou reservando um momento semanal para ser trabalhado o projeto”.

5. Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“Sim, pois toda responsabilidade do processo de construção do saber se dá ao próprio


aluno, fazendo com que ele se interaja ainda mais com o assunto abordado”.

Anexo 4. Entrevista com a professora 4Catarina Borteleto

1. O que entende por trabalho com projeto?

“Quando um professor elabora um projeto para ser executado pelos alunos, a


aprendizagem é muito mais produtiva. Os projetos se constituem em planos de trabalho e em
um conjunto de tarefas que podem proporcionar uma aprendizagem em tempo real e
diversificada, além de favorecer a construção da autonomia e da autodisciplina. O trabalho
com projetos pode tornar o processo de aprendizagem mais dinâmico, significativo e
interessante para o aprendiz. A partir da escolha de um tema, o aprendiz realiza pesquisa,
investiga, registra dados, formula hipóteses, tornando-se sujeito do seu próprio
conhecimento”.

2. Com tanta complexidade que envolve a sala de aula, é possível trabalhar com um projeto
que já vem com tema definido e com data para entrega?

“Hoje tudo gira em torno de projetos, é comum falar em projetos, e é difícil para o
professor trabalhar com vários projetos. A escola tem o dela a Secretária da Educação manda
os dela, e o professor tem o seu. Ora, o professor vai ter que fazer um projeto e achar tempo
para fazer esse projeto para desenvolver os outros projetos. E todos com qualidade”.

3. Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

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“O professor é o norteador e o intermediário do desenvolvimento do projeto de tal
forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e
participantes”.

4. Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem com tudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

“A estratégia é estimular os alunos e manter o interesse no projeto


definido/escolhido,pois se os educadores não se entusiasmarem coma problematização haverá
o comprometimento da ação.Buscar a interdisciplinaridade para a realização do projeto e
tornar o ambiente da sala de aula um local onde todos atuem com criatividade e
responsabilidade”.

5. Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“Estabelecer um projeto é definir um resultado a ser alcançado. É assim que se


constrói o ato de aprender e ensinar e se imagina a interação professor /aluno. Eu acredito que
com qualquer tipo de projeto (projetinho/projetão) o aluno só tem a aprender, pois quando
temos um projeto que envolve a disciplinaridade e a transversalidade a gama de aprender é
imensa. O aluno deve cobrar do professor conhecimentos que ele confere e aproveitar,
culminando o sucesso de resultados”.

Anexo 5. Entrevista com a professora5Marina Schiavuzzo.

1. O que entende por trabalho com projetos?

“Eu entendo projetos como, um instrumento para trabalhar determinados temas, que
seja do interesse da turma e ajude a englobar outros assuntos que são necessários se trabalhar
durante o ano letivo ele será aplicado em um tempo maior do que uma atividade simples,
entretanto não tem um tema previamente estipulado para a execução e que tem um objetivo
amplo em relação ao desenvolvimento das crianças, pois quando esse determinado tema é

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mostrado de uma forma prazerosa e que desperte o interesse na criança atribui valor e
significado na vida da mesma”.

2. Com tanta complexidade que envolve a sala de aula, é possível trabalhar com um projeto
que já vem com tema definido e com data para a entrega?

“Sim é possível depende de como o professor vai abordar esse projeto com o tema pré-
estabelecido, pois é o professor quem faz essa mediação entre os conhecimentos e se essa
mediação instigar o aluno a se interessar pelo tema do projeto o professor alcançará os
objetivos propostos dentro do prazo estabelecido.

3. Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

“É ele quem orienta, sensibiliza, aconselha, desafia e direciona o projeto, sempre


avaliando seu desempenho e o desempenho dos alunos”.

4. Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem com tudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

“Geralmente esses projetos são interdisciplinares dando ao professor a possibilidade


de incluir alguns conteúdos que necessitam ser trabalhados dentro que já vem com o tema
definido facilitando assim o trabalho do professor e também o entendimento dos alunos nesse
conteúdo”.

5.Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“Na minha opinião, sim, pois quando se trabalha com projetos o mesmo tema é falado
por um tempo maior o que possibilita o professor atingir todos os alunos da sala de forma que
cada um entenda o conteúdo ao seu tempo, e o interesse inicial que as crianças apresentam
pelo tema é um indicador positivo que os objetivos serão alcançados, mesmo tendo que ser
feita algumas adequações e como já disse uma assunto tratado de forma prazerosa traz mais
significado para o conhecimento vivenciado pela criança. Com tudo como professores
devemos tomar cuidado para não estender o assunto demais, pois se não um conhecimento

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que antes era prazeroso acaba se tornando maçante e chato”.

Anexo 6. Entrevista com Professora nº 6 -Elisângela Monteiro

1. O que entende por trabalho com projeto?

“Entendo que é uma forma de diferenciar o assunto a ser trabalho, pois é algo que
planeja em cima de objetivos que se queira alcançar. Existe toda uma intenção que gera um
produto final”.

2. Com tanta complexidade que envolve a sala de aula, é possível trabalhar com projeto que
já vem com tema definido e com data para entrega?

“Sim, basta o professor ser flexível e fazer desse projeto imposto um desafio que
venha acrescentar conhecimento qualitativo na aprendizagem do aluno”.

3. Qual o papel do professor durante o desenvolvimento do projeto?

“O professor tem um papel muito importante, ele deve agir como mediador,
participando de cada momento do projeto mesmo que seja por meio das observações e
intervenções”.

4. Como o professor desenvolve, de forma eficiente, um projeto que já vem com tudo definido
sem prejudicar o conteúdo programado?

“Adequando ao seu conteúdo programado, o professor deve adaptá-lo para melhor


desenvolvê-lo”.

5.Existe diferença na aprendizagem quando um assunto é tratado em forma de projeto?

“O trabalho com projeto é uma forma intensa de desenvolver o conteúdo, pois revela
meios de interação maior do aluno com o assunto e suas abrangências. Sempre procuro incluir
o trabalho com projetos em diversos momentos do ano letivo, e principalmente com diversos

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conteúdos, o que facilita o ensino aprendizagem e enriquece o conhecimento, além de ser
prazeroso e obter sucesso”.

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