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Originalidade e senso comum

Originalidade e senso comum são conceitos díspares. Para escrever uma boa redação,
é essencial a apresentação de argumentos autênticos, evitando assim o uso de clichês,
chavões ou frases feitas pela coloquialidade.

Na hora de escrever uma redação, nossas competências linguísticas são


colocadas à prova: é preciso dominar a língua portuguesa e seus diversos
aspectos para então construir um texto que seja apreciado pelo leitor. O
bom escritor sabe que elementos como a coerência e a coesão são
indispensáveis para a inteligibilidade dos textos escritos, bem como o
respeito às normas gramaticais. Além disso, também é essencial conhecer
a estrutura do tipo textual solicitado nos concursos e vestibulares.

É preciso mais do que o domínio da técnica, pois aspectos como a


originalidade e o senso comum devem ser levados em consideração na
hora de escrever uma redação. Infelizmente, muitas pessoas recorrem a
recursos desgastados, como lugares-comuns e clichês, que empobrecem o
texto e acabam revelando certa preguiça linguística de quem escreve.
Observe os parágrafos criados a partir de temas do Exame Nacional do
Ensino Médio e identifique os deslizes linguísticos.

Enem 2001 → “Desenvolvimento e preservação ambiental”:

Nos dias de hoje o ser humano não tem piedade da natureza,


está desmatando nossas reservas naturais sem pensar no amanhã. É
preciso que a população se conscientize para dar um basta nesse
processo que já vem acontecendo há muitos anos, pois sem natureza
não haverá futuro para nossos filhos e netos.

Enem 2003 → “A violência na sociedade brasileira: como mudar as


regras desse jogo?”:

Hoje em dia, todos somos reféns da insegurança e do medo, pois


a violência tem atingido proporções assustadoras. Nossos governantes
precisam se mobilizar para proteger o cidadão, mas os políticos são
todos corruptos, não se importam com o bem-estar do povo. As
autoridades precisam investir na segurança pública, pois só assim
essa chaga da sociedade chamada “violência” será combatida.

O tipo textual cobrado pelo Enem é a dissertação argumentativa, ou


seja, o candidato, além de discorrer sobre o tema apresentado, precisa
defender seus argumentos e criar uma proposta de intervenção para o
problema. Os dois exemplos acima ilustram aquilo que chamamos de
senso comum nos textos escritos. Apesar de estarem sintaticamente bem
construídos, os dois fragmentos abusam dos clichês e dos lugares-comuns,
vícios linguísticos que estão intrinsecamente associados à inabilidade
argumentativa. Imagine você a reação de um corretor ao encontrar
centenas de textos parecidos, desprovidos de autenticidade, com ideias
exaustivamente repetidas sem que sobre elas se faça qualquer tipo de
análise mais profunda. Imaginou? Infelizmente, essa é uma realidade.

Mas como ser original na escrita?

Ser original não significa apresentar ideias mirabolantes e soluções


impraticáveis. Ser original ─ e a palavra vem de origem ─ significa evitar
o senso comum, formado por conceitos superficiais reproduzidos sem que
haja reflexão e problematização do assunto. Dizer que “todos os políticos
são corruptos”, que “os governantes precisam se mobilizar” ou que “é
preciso que a população se conscientize” não agrega absolutamente nada
de novo ao discurso, apenas faz do texto mais um entre tantos outros
parecidos. Não existe uma dica mágica que fará um aluno um exímio
escritor da noite para o dia; quem quer redigir bons textos precisa ler,
buscar outras vozes, outras opiniões, descobrir e apreciar os diversos
gêneros textuais na busca pelo conhecimento e pela originalidade.
http://www.portugues.com.br/redacao/originalidade-senso-comum.html
Adaptado

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