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o diploma Paul Tissandier por seus méritos FSD (o primeiro da América do Sul), ao qual
na aviação. doou o seu "Brasil". Entre esses visitantes,
Em 1956, Ada foi convidada a fazer contam-se vários astronautas norte-
parte da comissão organizadora das americanos incluindo Neil Armstrong, que,
comemorações do Cinqüentenário do 1º Vôo antes de se tornar o primeiro homem a pisar
do 14-bis. Sua sugestão foi a realização de na Lua, conheceu ali a aviadora e seu avião e
um reide por todos os Estados e Territórios a elogiou por suas façanhas. Ao morrer em
brasileiros para homenagear e divulgar os 1986, Ada ainda era diretora do Museu que
feitos de Santos-Dumont. Nesta viagem, ela abrigava o seu inseparável "Brasil".
percorreu 25057 km em 163 horas de vôo,
levando consigo não só material sobre a vida
e obra do Pai da Aviação como também, a
pedido das autoridades eclesiásticas, uma
imagem de Nossa Senhora Aparecida em
peregrinação aérea. O roteiro não se
restringiu às capitais, com seu espírito
aventureiro, a aviadora o estendeu a locais
perdidos do interior, sobrevoando com seu
minúsculo Cessna trechos quase inexplorados
do Centro-Oeste, descendo em campos de Figura 4 – Ada e o avião “Brasil” no acervo
pouso recém-abertos na mata e visitando do museu da aeronáutica de São Paulo.
várias aldeias indígenas. Foi mais uma vez
pioneira ao atravessar sozinha e num pequeno O Museu da Aeronáutica da cidade de
avião a selva amazônica, incluindo o até hoje São Paulo ocupava 5000m², em dois
temeroso trecho Xingu-Cachimbo pavimentos do Pavilhão Governador Lucas
Jacareacanga. Nogueira Garcez, no Parque do Ibirapuera.
Mesmo com todos esses louros, Ada As suas instalações incluiam auditório
ainda não estava satisfeita: após ter atingido o para filmes, palestras e conferências, sala-
Círculo Ártico, o aeroporto mais alto e as cofre blindada para peças valiosas e
profundezas da Amazônia, queria chegar biblioteca.
também ao extremo sul do continente. E só O seu acervo reunia aviões, motores,
encerrou sua série de grandes viagens quatro peças originais, maquetes em escala e outros
anos depois em 1960, quando se tornou a objetos ligados à história da aviação.
primeira piloto a chegar a Ushuaia, na Terra O museu foi criado em 1959 pela
do Fogo (Argentina), a cidade mais austral do Fundação Santos Dumont, homenageando o
mundo, ainda a bordo do mesmo Cessna, inventor do avião.
chamado "Brasil". E só não foi mais longe Poucos anos após a morte de Ada
nos anos seguintes por não ter conseguido Rogato, o museu foi fechado e seu acervo se
obter um avião maior e mais potente. dispersou ao ser removido do espaço que
Como membro da comissão do ocupava no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Cinqüentenário do 14-bis, a aviadora passou Com isso, a aviadora foi aos poucos
posteriormente a fazer parte da Fundação sendo quase totalmente esquecida e apagada
Santos-Dumont (FSD), destinada a cuidar do da memória nacional. Em 2000, os Correios
acervo do inventor e apoiar o se lembraram dela ao lançar, sob o tema
desenvolvimento da aeronáutica. Como "Mulheres Aviadoras", um carimbo postal e
dirigente dessa entidade da qual foi um selo comemorativo dos 50 anos do
sucessivamente conselheira, secretária e primeiro sobrevôo dos Andes por Ada com
presidente, Ada recepcionava os visitantes seu "Brasileirinho", um avião CAP-4 de
mais ilustres do Museu da Aeronáutica da apenas 65 HP. Desde então, as únicas
Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 1 – nº 1 – 2009
Seção – Fatos Históricos da Aviação
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