Anos 20/30
Primeira travessia aérea
do atlântico sul
1. A história da aviação foi possível graças a homens
destemidos e aventureiros. A par com a evolução da
ciência aeronáutica, muitas foram, as tentativas de
colocar o homem a “voar”. Costuma-se dizer que
sempre foi um sonho de homem conseguir voar. Ao
longo dos tempos muitas façanhas foram realizadas,
algumas com sucesso e outras com insucessos.
Vários foram os obstáculos que estes homens
encontraram. Conduziam máquinas com motores
que não eram fiáveis, que não sabiam quanto tempo
se mantinham no ar e sem instrumentos náuticos
que facilitassem e conduzissem em segurança os
voos. Há cem anos atrás, os pioneiros portugueses,
o Almirante Gago Coutinho e o Comandante
Sacadura Cabral, conseguiram realizar um feito
inédito, que ficou registado na história portuguesa
da aviação.
Hidroavião Fairey III
1ª Travessia Aérea
2. A 30 de março de 1922 deu-se início à primeira travessia
aérea do Atlântico Sul. Participaram nesta epopeia os
portugueses Almirante Gago Coutinho e o Comandante
Sacadura Cabral. Neste dia entraram a bordo do hidroavião -
Fairey III - tendo como destino final a cidade do Rio de Janeiro.
O Almirante Gago Coutinho (1869-1958) foi um geógrafo,
navegador e oficial da Marinha Portuguesa que este ao serviço
de vários navios e tendo participado em várias operações
militares em África. No decurso destes trabalhos, fez uma
travessia por terras de África, onde veio a conhecer o
Sacadura Cabral. Foi este que o incentivou a dedicar-se aos
problemas da navegação aérea. O Comandante Sacadura
Cabral (1881-1924) foi um aviador e oficial da Marinha
Portuguesa que serviu nas colónias na Primeira Guerra
Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar
de Aviação Portuguesa.
3. O espaço no interior do hidroavião era pequeno. O que
tornava muito difícil os seus ocupantes se mobilizarem. Assim
tiveram de passar muitas horas na mesma posição.
O piloto aviador foi o Comandante Sacadura Cabral e o
Almirante Gago Coutinho prestava apoio nas tarefas
complementares à condução do hidroavião.
Vários foram os obstáculos que tiveram de ultrapassar, a
referir: a questão de fiabilidade dos motores que após algum
tempo em funcionamento provocavam instabilidade ao voo
com grande facilidade (ex: refrigeração, abastecimento de
gasolina e perdas de óleo); questões relacionadas com as
dificuldades de orientação ao sobrevoarem zonas
desconhecidas (ex: velocidade do avião vs velocidade do
vento); o peso dos motores da época sobrecarregava a
aeronave, invalidando-a de voar após longas viagens.
 Anos
20/30
Primeira
travessia aérea
do atlântico sul
Invenção de um novo aparelho
aeronáutico
4.Gago Coutinho e Sacadura Cabral
conceberam um instrumento, o corretor de
rumos, que permitia calcular, de uma forma
expedita a deriva provocada pelo vento.
Além disso, o corretor de rumos servia
igualmente para determinar qual a direção
para a qual deveria apontar a aeronave, de
modo a seguir na direção desejada.
A utilização de um sextante vulgar numa
aeronave, colocava problemas de natureza
instrumental. Para resolver o problema de
medição da altura de um astro sem
horizonte de mar disponível, Gago Coutinho
inventou o primeiro sextante com horizonte
artificial que podia ser usado a bordo de
aeronaves.
Homenagem à travessia em Lisboa
6.Numa época em que voar era uma
odisseia, os portugueses demonstraram ao
mundo, mais uma vez, ao longo da sua
História de mais de oito séculos, a sua
imensa vontade e determinação, o seu
espírito pioneiro e aventureiro, a sua
confiança no futuro.
Corretor de rumos utilizado na
navegação
5.Um dos hidroaviões que há quase 100 anos transportaram Sacadura Cabral
e Gago Coutinho na primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul está exposto no
Museu da Marinha, em Lisboa, e é o único aparelho original no mundo.
Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido
promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas
distinções do Estado Português.
Este faleceu no dia a seguir a completar 90 anos, sendo sepultado no Cemitério
da Ajuda em Lisboa. Sacadura Cabral após realizar este projeto, seguiu-se outro
ainda mais complexo, mais difícil, mais audaz.
A 6 de janeiro de 1925 realizava uma viagem de Amsterdão a Brest, este
despenhou-se algures no Mar do Norte e nunca foi encontrado o corpo do
piloto Sacadura Cabral.
Bibliografia:
https://www.pportodosmuseus.pt/2022/01/17/museu-de-marinha-celebra-
primeira-travessia-aerea-do-atlantico-sul-com-exposicao/
https://www.dn.pt/sociedade/hidroaviao-de-sacadura-cabral-e-gago-coutinho-e-
unico-no-mundo-e-esta-em-lisboa-14158708.html
https://www.lojadomuseudemarinha.pt/pt/sextante.html
https://escolanaval.marinha.pt/pt/mediacenter_web/noticias_web/Paginas/Antiga
s/Sacadura-Cabral-(1881-1924)---Patrono-do-Curso-de-1972.aspx
https://www.cm-sbras.pt/pt/menu/1003/hidroaviao-santa-cruz.aspx#a-travessia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_travessia_a%C3%A9rea_do_Atl%C3%A2ntic
o_Sul
http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p25.html
https://amensagem.pt/2022/03/30/100-anos-travessia-
Luísa Campos Lopes nº12 9C