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ELECTROCARDIOGRAMA

O E.C.G. permite registar um certo número de deflecções positivas ou


negativas em relação à linha de base isoeléctrica; tais deflecções estão associadas
à onda de excitação que se espalha por todo o coração e é responsável pelo início
das contracções cardíacas.
• Onda P - corresponde à despolarização atrial (contracção).
• Ondas do complexo QRS - correspondem à despolarização ventricular
(contracção).
• Onda T - corresponde à repolarização ventricular (relaxamento).

EFEITO DA DIRECÇÃO DA ONDA DE DESPOLARIZAÇÃO NAS


DEFLECÇÕES DO E.C.G.

A onda registada será positiva quando a onda de despolarização se dirige


para o eléctrodo positivo.
Uma deflecção negativa será registada quando a onda de despolarização se
desloca no sentido oposto ao do eléctrodo positivo.
A deflecção será isoeléctrica quando a despolarização é perpendicular a
uma linha imaginária que une os 2 eléctrodos.

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O E.C.G. é assim utilizado para avaliar a actividade eléctrica do coração de
diferentes ângulos. A cada ângulo diferente ou par de eléctrodos é chamado
DERIVAÇÃO.

Derivações dos membros (Sistema de Bailey):


Derivações BIPOLARES standard - medem diferença de potencial enter
dois eléctrodos:
• I - ant. dir.(-) comparando com ant. esq.(+)
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• II - ant. dir. (-) comparando com post. esq. (+)
• III - ant. esq. (-) comparando com post. esq. (+)

Derivações UNIPOLARES:
• aVR - ant. dir. (+) comparando com ant. esq. e post esq.(-)
• aVL - ant. esq. (+) comparando com ant.dir. e post esq. (-)
• aVF - post. esq (+) comparando com ant. dir. e ant. esq. (-)

Estas derivações são perpendiculares às derivações bipolares.

Derivações PRÉCORDIAIS.
Utilizam um eléctrodo positivo colocado em diferentes posições no tórax:
• CV5RL - 5º espaço intercostal dir. próximo ao bordo esternal
• CV6LL - 6º esp. intercostal esq. próximo ao bordo esternal
• CV6LU - 6º esp. intercostal esq. na união costocondral
• V10 - sobre a apófise espinhosa da 7ª vértebra torácica.

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CONDIÇÕES PARA REALIZAR UM E.C.G.

As cores dos cabos têm um código internacional:

VERMELHO anterior direito


AMARELO anterior esquerdo Objectivo
NEGRO posterior direito Tipo A
VERDE posterior esquerdo

A colocação dos electrodos deve fazer-se numa prega cutânea localizada:


• Membros anteriores - na zona caudal ao nível do olecrâneo.

• Membros posteriores - na zona cranial à rótula.

A posição do paciente deve ser relaxada e pela seguinte ordem de acordo com as
possibilidades e disponibilidade do mesmo: Objectivo Tipo A
1. Decúbito lateral direito
2. Decúbito esternal
3. Sentado
4. Em estação sobre a mesa e se não há outra alternativa no chão.

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Em caso de impossibilidade absoluta de realizar o E.C.G. poderemos
utilizar diversas drogas embora tenhamos de ter tal facto em consideração uma
vez que modificam discretamente o traçado electrocardiográfico.

De forma a recolher todos os dados, o E.C.G. deve incluir as derivações I,


II, III, aVR, aVL e aVF registando pelo menos 4 complexos em cada uma delas
e, finalmente, um traçado do E.C.G. com um mínimo de 5-6 seg. de duração
exclusivamente na derivação II. (Escrever no papel: (1) sempre que se mudar a
derivação; (2) a calibração no início e (3) as derivações)
Objectivo Tipo A

NOTA: As derivações pré-cordiais são de uso rotineiro em medicina humana já


que permitem a localização dos enfartes do miocárdio assim como avaliar a sua
extensão. Contudo, dada a escassez desta patologia nos animais de companhia, o
seu uso diário apenas aumenta o tempo de elaboração do exame
electrocardiográfico.

A velocidade a que se faz o E.C.G. deve ser registada. Cada velocidade tem as
suas vantagens e os seus inconvenientes:
-A 50 mm/seg. é mais fácil identificar cada onda e realizar
correctamente as medições.
-A 25 mm/seg. é mais fácil observar alterações do ritmo e variações
devidas às fases respiratórias.

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Cada quadrado (1 mm)
Velocidade Largura (tempo)
25 mm/seg. 0.04 seg.
50 mm/seg. 0.02 seg.

Sensibilidade (por cm) Altura (amplitude)


1 mV 0.1 mV
2 mV 0.2 mV
0.5 mV 0.05 mV

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Cada E.C.G. deve ser sistematicamente examinado em, pelo menos, quatro
parâmetros:

1. Cálculo da frequência cardíaca


2. Avaliação do ritmo
3. Medição dos complexos e intervalos:
• Onda P
• Intervalo P-R
• Complexo QRS
• Segmento S-T
• Onda T
• Intervalo Q-T
4. Determinação do Eixo eléctrico

FREQUÊNCIA
Método 1
O método mais fácil para calcular a frequência, o qual é valido ainda que
estejamos em presença de arritmias, consiste em marcar 3 segundos no traçado
do E.C.G., contar nesse intervalo o nº de complexos QRS e multipicá-lo por 20.
Teremos assim a frequência por minuto.
Contudo, se houver possibilidade, contar num período de tempo mais longo
(6 segundos e multiplicar por 10) o cálculo obtido é mais exacto.

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Método 1

Método 2

Método 2
Método 1

Método 2
Existem 1500 quadradinhos de 1 mm num minuto à velocidade de 25
mm/seg (e, portanto 3000 quadradinhos à velocidade de 50 mm/seg).
Ao contar o nº de quadradinhos entre 2 ondas R sucessivas e dividir 1500
(ou 3000) por essa contagem, obtém-se assim a frequência cardíaca.
1500/10,5 = 142,85
1500/12,5 = 120

Método 3
Utilizando uma régua com uma graduação previamente marcada.

AVALIAÇÃO DO RITMO
Para avaliar o ritmo cardíaco, devemos analisar o E.C.G. de uma forma
sistemática:
1. Inspecção geral - revelará se o ritmo é um ritmo sinusal normal ou
se é característico de algum tipo de arritmia cardíaca.
2. Identificar as ondas P
3. Reconhecer os complexos QRS
4. Analisar a relação entre ondas P e complexos QRS

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No cão constata-se a ausência de uma regularidade absoluta no nódulo
sinusal e, deste modo, admite-se que o é ritmo é REGULAR sempre e quando as
diferenças entre os intervalos R-R não sejam maiores de 0,12 segundos (6
quadrados a 50 mm/seg e 3 quadrados a 25 mm/seg).

DIRECÇÕES PARA AS MEDIÇÕES DOS COMPLEXOS E INTERVALOS


Objectivo Tipo A
São feitas na derivação II.
A Amplitude das deflecções é registada em quadradinhos ou milivolts; a
Duração das ondas, complexos, intervalos e segmentos é medida em centésimos
de segundo.

Onda P
É o primeiro acidente eléctrico após uma pausa isoeléctrica.
Representa a despolarização dos átrios. É constituída pelo somatório da
despolarização da aurícula direita, que se contraí primeiro, e da despolarização da
aurícula esquerda, que se contraí de seguida.
A repolarização não aparece no traçado pois sobrepõem-se à
despolarização ventricular.

A Amplitude da onda P é medida do limite superior da linha de base até ao


topo. Máximo de 0,4 mV

A Largura é medida no interior, desde o início até ao fim da deflecção.


máximo de 0,04 seg..
A onda P é:
- positiva em II e aVF
- Nula ou positiva em I e III
- Negativa em aVR, aVL, CV5RL e V10

Intervalo P-R
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Representa o tempo necessário para que um impulso passe do nódulo S.A.
para o nódulo A-V.
É medido desde o início da onda P até ao início da onda Q (ou onda R se
não existir onda Q). O valor deve ser aproximadamente o mesmo de complexo
para complexo (se variar podemos estar na presença de um distúrbio da
condução). P-R = P-Q.
Varia com a freq. cardíaca:
- quanto > freq.<será o tempo de condução

O segmento P-R é a porção isoeléctrica situada entre o fim da onda P e o


início do ventriculograma. Corresponde ao abrandamento da onda de activação na
passagem do nódulo A-V para o feixe de His. Varia de acordo com a freq.; está
normalmente compreendido entre 0,08 a 0,13 seg..

Complexo QRS

Corresponde à despolarização ventricular.


Os vários componentes são definidos como:
Onda Q - é a primeira deflecção negativa que precede a
onda R nas derivações I, II, III e aVF (positiva nas
derivações aVR e aVL).
Representa a propagação do influxo no septo
ventricular.
Onda R - é a primeira deflecção positiva nas derivações I,
II, III e aVF e (negativa nas derivações aVR e aVL).
Representa a despolarização das paredes ventricu-
lares esq. e dir..
Onda S - é a primeira deflecção negativa que se segue à
onda R nas derivações I, II, III e aVF (positiva nas
derivações aVR e aVL)
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0
A largura do QRS é medida desde o início da primeira deflecção até ao fim
da última deflecção do complexo. A altura da onda R é medida a partir do limite
superior da linha de base até ao topo da onda R. A profundidade das ondas Q ou
S é medida a partir do limite inferior da linha de base até à parte mais baixa de Q
ou S, respectivamente.

A duração normal do QRS não deverá exceder os 0,05 seg. em cães de


raças pequenas e 0,06 em cães de raças grandes. O alongamento da duração
indica uma hipertrofia vent. esq.

A amplitude deverá ser inferior a 2,5 a 3 mV na derivação II. Uma


amplitude superior é característica de uma hipertrofia ventricular esq.. Uma baixa
voltagem será característica de um derrame pericárdico ou de um derrame
pleural.

Segmento S-T

Representa a fase lenta de repolarização ventricular.


Começa no fim do complexo QRS e termina no início da onda T.
é normalmente isoeléctrico, ligeiramente côncavo ou convexo.
Todas as desnivelções negativas maiores do que - 0,2 ou sobrelevações
superiores a 0,15 mV deverão ser consideradas patológicas (nomeadamente em
isquémia, hipóxia ou hipertrofia vent. esq.)

Onda T

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Representa a fase rápida da repolarização ventricular. Esta deflecção, que
se segue ao QRS termina como retorno à linha isoeléctrica.
Pode ser positiva, negativa ou difásica. Uma onda T > que 1/4 de R é sinal
de hipertrofia ventricular esq..

Intervalo Q-T

É medido desde o início da onda Q até ao fim da onda T. É a soma da


despolarização e da repolarização ventriculares e representa a sístole ventricular
Varia na forma inversa com a freq. cardíaca: quanto > freq. cardíaca < o
intervalo Q-T.

EIXO ELÉCTRICO
Corresponde a uma média de todas as forças eléctricas produzidas pela
despolarização ventricular a cada instante.
O eixo eléctrico normal do cão está compreendido entre +40º e +100º. No
gato o valor variará entre os valores compreendidos entre 0º e 160º.

O primeiro significado clínico do eixo eléctrico em cães e gatos é o de


estabelecer critérios para a dilatação ventricular direita e para vários defeitos de
condução interventriculares. Se o eixo é < que +40º chama-se desvio à esq.; se é
> que 100º chama-se desvio à direita. Se há hipertrofia dos dois ventriculos o eixo
eléctrico permanece normal.(se o E.C.G. indica só uma hipertrofia do vent esq.
mas o eixo está normal => considerar que os dois vent estão hipertrofiados).

A forma do tórax de várias raças de cães afecta o eixo eléctrico:


Cães de peito estreito: Collies; Caniches, P. Alemão - tem um
coração mais vertical.
Cães de peito largo: Cocker spaniel e Boxer tem um eixo mais
horizontal.

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MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO

Método 1
É necessário encontrar uma derivação isoeléctrica (a soma algébrica nula
das deflecções positivas e negativas do complexo QRS), depois observar no
sistema tri-axial duplo de Bailey qual é a derivação perpendicular a qual é
tomada como eixo eléctrico (o sinal é dado pelo valor - negativo ou positivo - da
maior deflecção dessa derivação).

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Método 2
Um método preciso para determinar o eixo envolve a medição absoluta das
amplitudes na derivação I e a medição absoluta das amplitudes da derivação III.
Depois recorrer às tabelas.

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