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Suinos Apostila2006 PDF
Suinos Apostila2006 PDF
INTRODUÇÃO
ORIGEM E DOMESTICAÇÃO
CLASSE Mammalia
SOBRE-ORDEM Ungulados (providos de casco)
ORDEM Artiodactilos (casco provido de dedos)
SUB-ORDEM Suiformes (casco fundido)
FAMÍLIA Suidae
SUB-FAMÍLIA Suinae
GÊNERO Sus
ESPÉCIES Sus scrofa [javali europeu (maior)]
Sus vitatus [javali asiático (menor)]
Sus domesticus (suíno doméstico)
ORIGEM - JAVALI
RANKING DE CONSUMO:
VANTAGENS DA SUINOCULTURTA:
• Pequenas áreas para as instalações;
• A alimentação dos suínos é barata, pois grande parte dela não compete com a
alimentação humana, utilizando-se muito de subprodutos da indústria e agricultura;
• Pode-se dispor de alimentação alternativa;
• Grande utilização dos subprodutos dos suínos: esterco, vísceras, cerdas, produção de
biogás, órgãos para transplantes em seres humanos, etc.
LIMITAÇÕES DA SUINOCULTURA:
• Mercado competitivo;
• Problemas com doenças, ocorrendo mortalidade do nascimento até o desmame da
ordem de 25 a 35%;
• Alto investimento com as instalações;
• Alta mortalidade embrionária (40%)
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS:
PROLIFICIDADE:
• Porca: 18 a 20 leitões por ano;
• Vaca: 1 bezerro por ano;
• Égua: 1 potro por ano;
• Ovelha: 2 cordeiros por ano;
• Cabra: 5 cabritos em 3 partos por 2 anos.
RENDIMENTO DE CARCAÇA:
• Suíno: 75 a 83% (junto com a pele);
• Bovino: 50 a 60%
• Ovino: 45 a 55%
NOMES DADOS
MACHO ADULTO: Reprodutor; Cachaço; Varão.
FÊMEA ADULTA: Porca.
CRIAS MACHO: Leitões; Marrotes.
CRIAS FÊMEAS: Leitoas; Marrãs.
CASTRADOS: Capados; Capadetes.
DENTIÇÃO: os suínos são animais difiodentes (duas dentições). A primeira dentição com
32 dentes, sendo 6 incisivos, 2 caninos e 8 molares, na parte superior e inferior. A segunda
dentição com 44 dentes, sendo 6 incisivos, 2 caninos, 8 pré-molares e 6 molares, na parte
superior e inferior. A dentição completa é observada quando nascem 8 dentes pontiagudos por
volta dos 18 meses de idade. Os pré-molares aparecem com 5 meses de idade.
LONGEVIDADE: apresenta 4 a 4,5 anos de vida reprodutiva, mas pode viver até os 10
anos. Apesar disto, os suinocultores mais modernas chegam a praticar uma taxa de reposição
mensal de 4%, o que representa 48 novas matrizes para cada 100 matrizes da granja por ano.
PRINCIPAIS RAÇAS
RAÇA LANDRACE
• Origem: Dinamarca;
• Características: pelagem branca, pele despigmentada, orelhas célticas (caídas), lombo
comprido e reto, fêmea com 7 a 8 pares de tetos funcionais, pernis amplos e cheios,
apresenta problemas nos cascos e em conseqüência com aprumos.
RAÇA WESSEX
• Origem: Inglaterra;
• Características: pelagem preta com faixa branca, extremidades posteriores e cauda
pretas, orelhas caídas (célticas);
RAÇA HAMPSHIRRE
• Origem: Estados Unidos;
• Características: pelagem preta com faixa branca, orelhas pequenas e eretas (asiática),
macho muito utilizado para cruzamentos.
RAÇA TAMWORTH
• Origem: Inglaterra;
• Características: Pelagem vermelha, orelhas eretas, boa produção de carne.
RAÇAS NACIONAIS
As raças nacionais são bastante rústicas, do tipo banha, quase não utilizadas nas criações
especializadas, mas ainda muito encontradas em pequenas propriedades e em criações
domésticas.
• RAÇA PIAU - pele branco-creme com manchas pretas;
• RAÇA CANASTRA - pele preta;
• RAÇA NILO - pele preta;
• RAÇA TATU - pele preta;
• RAÇA PIRAPITINGA - pele preta;
• RAÇA CARUNCHO - pele vermelha;
• RAÇA SOROCABA - originada de um triplo cruzamento entre Duroc, tamworth e
caruncho, originando um animal rústico com tendência a tipo carne.
CRUZAMENTOS
A espécie suína é MULTÍPARA, ou seja, tem vários filhotes por parto. É Poliéstrica Anual,
apresentando um Ciclo Estral a cada 21 dias. As leitegadas são numerosas (8 leitões vivos no
mínimo por parto). O Período de Serviço é curto (intervalo entre o parto e o primeiro cio fértil),
possibilitando a fêmea conseguir 2 a 2,5 partos por ano, representando de 16 a 20 leitões
desmamados por ano.
APARELHO REPRODUTOR:
FEMININO: dois ovários funcionais, corpo do útero, cornos uterinos (são longos e
tortuosos, onde os embriões se desenvolvem), cérvix ou colo uterino, vagina e vulva.
Amadurecem em média de 15 a 18 óvulos por ciclo, e os espermatozóides do macho duram em
média 30 horas dentro do aparelho reprodutor feminino.
PUBERDADE:
Ocorre com 5 a 5,5 meses. Quando os animais são destinados a reprodução, ocorre a
separação dos sexos já nos 4 meses de idade.
Os machos são um pouco mais tardios, devendo começar aos 9 meses de idade.
CICLO ESTRAL:
Duração de 21 dias. Segue abaixo as fases:
TIPOS DE CIOS
• CIO SILENCIOSO: ocorreu o cio e a porca não manifestou os sintomas psíquicos,
acontecendo dois cios consecutivos, perfazendo um intervalo de 42 dias. Esta situação é
indesejável, devendo descartar a porca.
• CIO POST PARTUM: pode ocorrer de 2 a 4 dias após o parto, mas é infértil.
• CIO NA LACTAÇÃO: apresenta sintomas, é fértil, mas não é recomendada a cobertura. Pode
ocorrer, mas não é sempre.
• CIO APÓS O DESMAME: ocorre entre o 5º e o 14º dia após o desmame. Este cio deve ser
aproveitado.
NECESSIDADES AMBIENTAIS
• VENTILAÇÃO: deve apresentar uma boa ventilação. Para isto, deve-se observar o pé
direito das instalações de acordo com as condições climáticas da região.
• LUMINOSIDADE: é importante que as instalações permitam que a luz solar atinja por
completo o interior das mesmas. Instalações fechadas devem ser equipadas com
amplas janelas para facilitar a irradiação.
• CONSTRUÇÕES:
• EQUIPAMENTOS
GRADE DE MANEJO: também utilizada para a contenção. Trata-se de uma grade móvel
que pode ser utilizada dentro da baia, ou fora, para isolar um animal.
MANEJO DOS REPRODUTORES: para alcançar uma alta eficiência na criação de suínos,
é muito importante trabalhar atento aos índices técnicos econômicos da criação, ou seja, animais
em constante processo de melhoramento genético, raças ou cruzamentos adequados, observar o
número de leitegadas desmamadas por porca por ano, o peso ao nascer dos leitões, o peso a
desmama, a taxa de retorno do cio das fêmeas, dentre outros.
• CACHAÇO: não deve iniciar a reprodução antes dos 8 meses de idade. Fazer um
rigoroso controle das coberturas, conforme comentado no tópico de reprodução dos
suínos. A alimentação, quantitativamente, não deve ultrapassar 1% do peso vivo do
animal, o que representa em média 2,0Kg de ração por cabeça para animais de até 15
meses e após, até 2,5Kg por dia por cabeça. Na reprodução, a monta sempre deve ser
assistida e às vezes ajudada. Sempre se leva a fêmea a baia do macho.
• MATRIZ: inicia a sua vida reprodutiva com 7 a 8 meses de idade, quando deve estar
pesando cerca de 100 a 120 Kg. São alojadas em gaiolas individuais ou em lotes. As
instalações das fêmeas devem ser construídas próximas as dos machos. As
construções contíguas (uma baia ou gaiola ao lado da outra) facilitam a incidência de
cio. Observar e registrar sempre o intervalo entre partos das fêmeas (devem manter
próximos de 156 dias). O IEP é um importante parâmetro para a permanência ou o
descarte da fêmea.
• COBRIÇÃO: antes de levar a fêmea ao macho, deve-se verificar se a mesma se
encontra no cio, executando o toque de imobilização, que é apertar o dorso ou montar
no dorso da fêmea e ela permanecer imóvel. Nas fêmeas primíparas, faz-se duas
cobrições, sendo uma 12 a 18 horas após a identificação do cio e a segunda cobertura
18 a 24 horas após a primeira cobertura. No caso das porcas, apenas uma cobertura 18
a 24 horas após a identificação do cio.
• GESTAÇÃO: o período de gestação é de 114 dias. Deve-se ter muita atenção com a
alimentação. As marrãs não devem exceder o peso na gestação além de 50Kg, e as
porcas além de 30Kg. As quantidades devem ser determinadas com base em 2% do
peso vivo para as marrãs e de 1 a 1,5% do peso vivo para as porcas.
• PARTO E LACTAÇÃO: 5 a 7 dias antes do parto, deve-se higienizar a porca (água e
sabão). Em seguida levar a porca para a maternidade para a mesma ir se adaptando as
gaiolas de parição. Neste período, deve-se diminuir a quantidade de ração e fornecer
uma ração com até 30 a 40% de fibra bruta. No dia do parto não fornecer ração,
mantendo apenas água a vontade. O parto deve ser assistido. Após o parto a fêmea
entra em lactação.
MANEJO COM OS LEITÕES:
PROGRAMA DE VACINAÇÃO
Confinar suínos é uma atividade que exige, além de controle na higiene, a manutenção do
local sempre limpo. Uma das mais simples providências que alguns criadores tomam é colocar
uma caixa com cal na entrada de todas as instalações: impedirá que haja a propagação de
microorganismos entre as baias, pois desinfeta-se os calçados nos trajetos internos da granja.
Toda vez que um lote de animais deixar a instalação, é preciso limar o local com cuidado:
com água e sabão, ou algum produto comercial desinfetante; depois com um maçarico; pode-se
também aplicar caiação nas paredes. Recomenda-se aguardar de 3 a 5 dias antes de colocar um
novo lote no local.
Este tipo de desinfecção deve ser executado, sobretudo na maternidade, onde se não for
possível deixar o estabelecimento vazio por alguns dias, é bom pelo menos fazer um
revezamento, evitando a colocação consecutiva de duas fêmeas no mesmo boxe.
Deve-se lavar também, periodicamente, os bebedouros e comedouros e verificar se o
sistema de escoamento de fezes está funcionando bem. Ao perceber um porco doente, separe-o
dos demais até que esteja curado. Quando adquirir um novo animal, mantenha-o sozinho por
cerca de três semanas para observar se apresenta algum sintoma de doença e junte-o aos outros
só depois de confirmar seu bom estado de saúde.
É importante vacinar os animais, e para que as vacinas sejam eficazes, deve-se observar à
risca as recomendações do veterinário e do fabricante. Para prevenir o aparecimento das várias
doenças, é preciso uma série de vacinas, o que pode custar caro. Uma forma de baratear os
custos da vacinação é vacinar de acordo com a ocorrência de doenças na região onde está
instalada a criação. Se casos de Leptospirose, por exemplo, são freqüentes na região, a criação
recebe as aplicações específicas contra essa doença. Se a Colibacilose é mais comum, recebem
outro tipo de vacina, e assim por diante. Esse esquema, sem dúvida deixa muito a desejar como
garantia de uma vez por todas à saúde dos animais.
Em todo caso, um criador com recursos limitados pode apelar para esse método na
tentativa de diminuir a perda de animais. Certas doenças, com a Peste Suína, nunca devem ser
deixadas de vacinar, pois mata 100% dos porcos contaminados.
As verminoses e os ácaros causadores da sarna podem ser tratados com medicamentos
receitados pelo médico veterinário, nas dosagens e modo de aplicar indicados por ele.
As principais vacinas para suínos estão nas duas tabelas a seguir, divididas em doenças
provocadas por bactérias e por vírus:
MÃO DE OBRA
Construção civil 2,376. 09 -
Formação dos piquetes - 211.70
Elétrica 79.20 21.17
Hidráulica 87.12 42.34
Pintura 23.76 21.17
Esterqueiras 198.41 -
Cabanas - 122.82
Quadro: exigências de água dos suínos, de acordo com a fase do ciclo de produção:
CATEGORIA DO SUÍNO LITROS D'ÁGUA/SUÍNO/DIA
Leitão em aleitamento 0,1 - 0,5
Leitão (7-25kg) 1,0 - 5,0
Suíno (25-50kg) 4,0 - 7,0
Suíno (50-100kg) 5,0 - 10,0
Porcas na maternidade 20,0 - 35,0
Cachaço 10,0 - 15,0
Fonte: Barbari & Rossi, 1992.
A redução do desperdício de água dos bebedouros está relacionado com a escolha correta
do tipo de bebedouro para cada fase do ciclo de produção dos suínos, que deve seguir orientação
técnica para a escolha.
Quadro: tipos de bebedouros e recomendações de emprego para garantir o consumo e
evitar o desperdício, de acordo com a fase de produção dos suínos:
FASE PRODUTIVA TIPO DE BEBEDOURO
CHUPETA TAÇA CALHA NÍVEL BÓIA
Leitão em aleitamento - X - - X
Leitão em fase inicial X X - - X
Suínos de 25 a 100kg - - - X X
Reprodutores e Matrizes X X X - -
Cachaço X X - - X
Matriz na maternidade - X - - X
X = tipo de bebedouro recomendado / Fonte: Oliveira, 1994.
TRATAMENTO FÍSICO
SEPARAÇÃO DAS FASES (SÓLIDA E LÍQUIDA) DOS DEJETOS: os processos de
separação das fases podem ser: Decantação, Peneiramento e Centrifugação.
No processo de decantação, um volume de dejetos é armazenado em reservatório por
tempo determinado, para que a fase sólida se decante, ocorrendo a separação das fases. Existem
tanques de decantação de fundo inclinado e de fundo plano. O dimensionamento desses tanques
devem ser feitos com acompanhamento técnico, uma vez que dependem da vazão do efluente e
velocidade de sedimentação das partículas para o cálculo da área do tanque.
O peneiramento também promove a separação das fases, obtendo-se duas fases bem
distintas, uma líquida e outra sólida, porém com uma eficiência menor de remoção dos sólidos em
relação aos decantadores. No mercado, encontram-se dois tipos de peneiras: as vibratórias e as
rotativas.
A centrifugação é um processo que usa a força gravitacional para a separação das fases,
com capacidade de separar grande parte da matéria em suspensão. Pode ser do tipo horizontal,
cilindro rotativo ou cônico, com diferentes velocidades.
Como processo de tratamento, ainda pode-se citar a separação química, através da adição
de produtos químicos, como o Sulfato de Alumínio, Sais de Ferro e Hidróxido de Cálcio ou Óxido
de Cálcio. Este método não é apropriado para a remoção de compostos orgânicos solúveis e sim
compostos inorgânicos insolúveis na forma de precipitados insolúveis.
TRATAMENTO BIOLÓGICO:
No tratamento biológico vai ocorrer a decomposição da matéria orgânica, que pode ocorrer
por dois processos: na presença de oxigênio (aeróbio) e na sua ausência (anaeróbio).
COMPOSTAGEM: A compostagem é um processo de decomposição aeróbia, em que a
ação e interação de microorganismos em condições favoráveis de temperatura, umidade, aeração,
pH, tipos de compostos orgânicos e nutrientes disponíveis, permitirá a produção de um adubo
orgânico de qualidade. É técnica promissora que poderá ser adotada em algumas propriedades
que diversificam a produção agrícola.
As palhadas de culturas (cana, café, arroz, milho, feijão), sobras de capineiras, etc.,
associadas aos dejetos de suínos, produzirá o composto orgânico. Como regra prática, utilizam-se
duas a quatro partes de restos vegetais (palhadas), material rico em carbono, para uma parte rica
em dejeto de suíno, rico em nitrogênio. Entretanto, sempre que for possível, é aconselhável
analisar, principalmente os teores de carbono, de nitrogênio e de matéria seca dos dejetos e
materiais palhosos, pois essa composição irá refletir na qualidade dos compostos orgânicos
produzidos.
Quadro: Composição das matérias primas (secas a 65ºC) empregadas na produção de
compostos orgânicos.
% do total
MATERIAIS C N P K Ca Mg RELAÇÃO C/N MIST*
Bagaço 48,59 0,72 0,05 0,14 0,97 0,33 68 1,5:1
Palha de café 52,95 1,39 0,10 3,42 0,76 0,11 39 3,0:1
Capim Napier 43,93 1,39 0,16 1,22 0,92 0,29 32 16:1
Dejeto 21,31 1,98 1,99 0,45 6,15 0,59 11 -
* relação entre materiais palhosos e dejeto líquido de suínos
Fonte: Relatório de pesquisa da EPAMIG/CRZM, 1995.
Os compostos orgânicos produzidos com dejeto líquido de suínos e materiais palhosos
(bagaço de cana de açúcar, palha de café e capim napier picado), fornecem em quantidades
totais, em média, para cada 10 toneladas/há de matéria seca: 160kg de N, 135kg de P2O5, 180 kg
de K2O, 28 kg de S, 234 kg de Ca, 26 kg de Mg e 12 kg de N.
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: o sistema de tratamento de dejetos líquidos de suínos
considerado mais econômico é o sistema de lagoas de estabilização, que possui duas fases de
tratamento biológico, a fase anaeróbia e a faz aeróbia.
Os dejetos líquidos a serem tratados no sistema de lagoas de estabilização podem ser do
tipo bruto (dejetos não processados em decantadores e/ou peneiras) ou o líquido resultante da
separação de fases, que neste caso vão exigir lagoas de menor tamanho (volume). O sistema
constitui-se de um conjunto de lagoas em série: As lagoas que compõem o sistema podem ser
classificadas como:
Lagoas anaeróbias
Lagoas facultativas
Lagoas aeróbias com aeração natural
Lagoas aeróbias com aeração mecânica
O sistema de lagoas de estabilização tem duas fases. Na primeira fase, formada por lagoas
anaeróbias, onde não há oxigênio livre, ocorrendo a destruição e a estabilização da matéria
orgânica, desempenhando a função de sedimentadoras, reduzindo a carga orgânica dos dejetos
para posterior tratamento aeróbio. São lagoas que requerem menor área superficial, com
profundidades adequadas para promover as condições de anaerobiose. As profundidades destas
lagoas variam de 3,0 m a 5,0 m.
Na segunda fase podem-se ter as lagoas facultativas, que possuem na região na região
superficial uma fase aeróbia, ocorrendo fotossíntese pelas algas e suprimento de oxigênio da
superfície, na região central uma fase facultativa, e no fundo junto com uma camada de
sedimentos uma fase de anaerobiose, onde é removida uma quantidade adicional de carbono. A
profundidade varia de 1,0 m a 2,5 m, de acordo com as condições do ambiente e tipo de dejeto a
ser tratado.
Quadro: Profundidades recomendadas para lagoas facultativas em relação ao meio
ambiente e o tipo de dejeto:
Profundidade Ambiente Tipo de dejeto
recomendada
(m)
1,0 Temperatura alta uniforme Dejeto pré-sedimentado
1,0 - 1,5 Temperatura alta uniforme Dejeto sem tratamento
1,5 - 2,0 Moderada variação sazonal da Dejeto contendo sólidos
temperatura sedimentáveis
2,0 - 2,5 Ampla variação sazonal da temperatura Dejeto com alta
quantidade de sólidos
sedimentáveis
Fonte: Merkel (1981), citado por Oliveira et al, 1993.
Nesta fase também se podem ter lagoas aeróbias ou aeradas mecanicamente. Lagoas
aeróbias (aeração natural) são lagoas que exigem pouca profundidade e grandes extensões de
áreas, que as torna limitantes e inviáveis economicamente. Já as lagoas aeradas mecanicamente
são aquelas, onde a aeração é induzida por agitação mecânica diretamente na superfície. Estas
trabalham com oxigênio dissolvido mínimo de 1,5 mg/l e possuem profundidades entre 1,8 e 4,5
m.
O nitrogênio, nos dejetos líquidos de suínos está em grande parte na forma prontamente
disponível para as plantas e também mais sujeito a ser perdido por volatilização de N - NH3 ou
lixiviação de N - NO3. Enquanto o nitrogênio estiver na forma de cátion amônio, a possibilidade de
sua perda por lixiviação é baixa.
Entretanto, em condições normais de solo cultivado, o amônio é oxidado à nitrato, íon de
carga negativa que move-se mais livremente com a água do solo. A lixiviação pode ocorrer se o
nitrato estiver presente em grandes quantidades no solo antes do plantio, quando a cultura não
estiver utilizando este nutriente com rapidez, ou ainda, quando a irrigação ou chuva exceder a
capacidade de retenção do solo e o requerimento de umidade da cultura.
A taxa de nitrificação (passagem da forma amoniacal para a forma nítrica) no solo é afetada
pela taxa de aplicação de nitrogênio, aeração, temperatura e umidade do mesmo. A alternância de
aplicação de resíduos com períodos de repouso permite que grandes cargas de nitrogênio
possam ser dispostas, já que o fornecimento de mais dejeto favorece a desnitrificação (perda de
nitrogênio na foram de N2) do nitrato presente no solo, minimizando os riscos de contaminação de
águas subterrâneas por nitratos.
Na fração sólida dos dejetos líquidos de suínos a quase totalidade do nitrogênio (N)
encontra-se fazendo parte de substâncias orgânicas e, para tornar-se disponível para as plantas,
deve passar pelo processo de mineralização. Estudos comprovaram que 50% do N orgânico
presente nos dejetos sólidos de suínos foi mineralizado num período de 3 semanas. Sendo o
dejeto líquido de suínos rico em nitrogênio, recomenda-se, sempre que possível, a incorporação
do esterco ao solo e, de preferência, nas horas de mais baixa temperatura e insolação, afim de
reduzir as perdas de N por volatilização.
A combinação do fósforo com compostos orgânicos e sua mineralização gradual durante o
ciclo da cultura fazem com que este nutriente fique menos sujeito às reações de adsorção e
fixação pelos óxidos de Fe e Al, material argiloso presente em abundância nos solos de regiões de
clima tropical e que estão associados à fixação do fósforo solúvel dos solos. Estudos comparando
a eficiência agronômica de doses idênticas de fósforo fornecidas por dejetos de suínos e
superfosfato triplo encontra-se maiores teores de fósforo disponível nos solos que receberam
dejeto líquido de suínos como fonte de fósforo.
Além dos macronutrientes essenciais, os dejetos de suínos contém também
micronutrientes, tais como o Zn, Cu, Mn e Fe, devido as suplementações minerais oferecidas aos
animais.
Os métodos de utilização dos dejetos como fertilizante são diversos, pois podem ser
utilizados na forma líquida e sólida, e ainda na forma de composto orgânico, após o processo de
compostagem, com já comentado ser uma das formas de tratamento.
As culturas adubadas com dejetos líquidos de suínos ou com a parte sólida são as mais
diversas (hortaliças, banana, milho, café, cana-de-açucar, capineiras e pastagens), e os
resultados obtidos são bastante satisfatórios, inclusive com economia no gasto com adubos
químicos.
Quadro: produtividade de hortaliças cultivadas com composto orgânico produzido com
dejeto líquido de suínos: