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TESTE ESCRITO
O fado é música de intervenção romântica. Quem o diz é Gisela João, que gosta de se ver como uma
espécie de “doutora do coração”, porque quando canta intervém nos assuntos do coração, do nosso
coração (…). Ela garante que nunca canta um fado da mesma maneira. O que levou a menina de Barcelos
a apaixonar-se pelo fado foi a forma como este “dá toda a força à palavra” e como textos simples
5 conseguem dizer tanta coisa. A conversa decorreu numa amena tarde de inverno, no Lux, em Lisboa, onde
Gisela João falou que se desunhou.
O que sobra hoje da menina de Barcelos que gostava de cantar sozinha no duche?
Independentemente de sermos cantores ou não, vamos sempre tornando-nos pessoas diferentes, vamos
crescendo e amadurecendo. Continuo a mesma pessoa, mas com uma tensão maior nas costas, de
10 responsabilidade. Por causa da expectativa que as pessoas têm quando ouvem o meu nome.
Vendo a história de tantos cantores, parece contar muito mais a perseverança e o trabalho do que o
talento. Mas, quando olho para ti, tenho a sensação de que não tiveste de contrariar nada e que as
coisas aconteceram naturalmente.
Eu tive de batalhar muito, filhote [responde quase zangada]. Muito. Eu venho de Barcelos. Canto desde
20 pequenina. E cantando fado, eu não era da cidade do fado. Quando cheguei a Lisboa, não sabia como eram
as dinâmicas das casas de fado (…) Quando gravei o disco, aí sim, é que as coisas aconteceram
naturalmente. As pessoas gostaram, e ainda bem...
Porquê o fado? As meninas e adolescentes de Barcelos não andavam com certeza a cantar, nem
25 sequer a ouvir, fado…
Divirto-me sempre a contar essa história. Eu era miúda e sou a mais velha de sete. E tomava conta dos meus
irmãos. Lembro-me de que éramos ainda só quatro e eu andava na segunda ou terceira classe quando ouvi o
“Que Deus me perdoe” e achei que aquele poema era sobre mim. Era um poema cantado pela Amália. (…)
Achava que aquela senhora estava a cantar sobre mim: se a minha alma fechada/se pudesse mostrar/o que eu
sofro calada/se pudesse contar/toda a gente veria/quanto sou desgraçada/quanto finjo alegrias/quanto choro
30 a cantar”. Foi o poder da poesia que me fez prender ao fado. (…) Naquele momento, quando ouvi aquele
poema, ouvi a minha vida. Eu que era pequenina e queria brincar e fazer as minhas birras de criança, não
podia porque tinha de ser o exemplo para os mais novos. Se as pessoas soubessem o quanto está cá dentro!
(…) Quando eu cantava havia qualquer coisa que se libertava cá dentro. Sabes quando estamos a desabafar
com alguém? Quando canto, sinto que estou a desabafar. Já sentia isso quando era miúda. E então
35 apaixonei-me por aquilo! Comecei a cantar nas festas de escola, de fim de período, de Natal, e numa espécie
de minichuva de estrelas que uma senhora dos círculos católicos barcelenses organizava na cidade.
Manuel Esteves in www.jornaldenegocios.pt, edição de 3 de fevereiro de 2017
[texto com supressões e adaptações, consultado em 26 de julho de 2017)
Para responder a cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. ( 20 pontos)
1. Quando afirma ser “doutora do coração” (l. 2), Gisela João pretende afirmar que a sua
música
(A) age sobre sentimentos.
(B) diagnostica problemas emocionais
(C) incentiva a ter cuidados com o coração.
(D) é sempre diferente.
Responde, com clareza e correcção às questões que se seguem, escrevendo sempre frases
completas.
1 – Em Portugal, muitas crianças sofrem acidentes gravíssimos nas varandas, porque estas são muito
perigosas.
4 – Completa os espaços com a forma adequada do verbo haver ou dos indicados. (7)
a) _____________ (Futuro do Indicativo) acidentes com crianças, sempre que _________
(Futuro do Conjuntivo) falta de atenção dos pais.
b) Atualmente _________ muitos acidentes com crianças.
c) Quando chegou a mãe, a criança já ___________ (Pretérito Imperfeito do Indicativo)
sido socorrida.
d) ___________ (dever, Condicional presente) haver mais cuidado com os mais pequeninos.
e) Se nós quisermos, __________________ (Futuro do Indicativo) de tratar melhor deles.
f) Tu ______________ (Pretérito Imperfeito do Indicativo) fechado a janela mesmo antes
de o teu irmão acordar.
A professora de Português,
Maria Rosa Costa