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Empreendedorismo - Dando asas ao espírito empreendedor - Idalberto Chiavenato (Resumo)

EMPREENDEDORISMO

TOMANDO AS
PRIMEIRAS DECISÕES
VOCÊ VAI TOCAR SEU PRÓPRIO NEGÓCIO?

A decisão de tocar seu próprio negócio deve ser muito clara. De início, é a sua
decisão principal. Você deve estar profundamente comprometido com ela, para
ir em frente, enfrentar todas as dificuldades que normalmente aparecem e
derrubar os obstáculos que certamente não faltarão. Se o negócio falhar — e esse
é um risco que realmente existe —, isso não deve derrubar seu orgulho pessoal
nem sacrificar seus bens pessoais. Tudo deve ser bem pensado e ponderado para
garantir o máximo de sucesso e o mínimo de dores de cabeça.
Pelo lado negativo, vejamos o que pode acontecer. Fazendo uma engenharia
reversa, o primeiro passo é saber quais são as possíveis causas de insucesso nos
novos negócios, para que você possa evitá-las ou neutralizá-las e impedir que
venham prejudicá-lo no futuro. Nos novos negócios, a mortalidade prematura é
elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam. Assim, precisa-
se de cautela e jogo de cintura.
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Os perigos mais comuns nos novos negócios são:


 não identificar adequadamente qual será o novo negócio;
 não reconhecer apropriadamente qual será o tipo de cliente a ser
atendido;
 não saber escolher a forma legal de sociedade mais adequada;
 não planejar sufi cientemente bem as necessidades financeiras do novo
negócio;
 errar na escolha do local adequado para o novo negócio;
 não saber administrar o andamento das operações do novo negócio;
 não ter conhecimento sobre a produção de bens ou serviços com padrão
de qualidade e de custo;
 desconhecer o mercado e, principalmente, a concorrência;
 ter pouco domínio sobre o mercado fornecedor;
 não saber vender e promover os produtos/serviços;
 não saber tratar adequadamente o cliente.
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Mas, citando o ditado popular, devemos transformar cada limão em uma boa
limonada. Os perigos anteriormente aventados constituem os fatores críticos do
novo negócio. Um fator crítico é aquele que — se não for muito bem cuidado —
poderá colocar em risco o seu negócio. Assim, cada fator crítico deve ser
visualizado de maneira correta para evitar o reverso da moeda.

Agora, dentro uma perspectiva positiva, os fatores críticos de um negócio bem-


sucedido envolvem as seguintes questões:
 qual será o novo negócio: produto/serviço/mercado;
 qual será o tipo de cliente a ser atendido;
 qual será a forma legal de sociedade mais adequada;
 quais serão as necessidades financeiras do novo negócio;
 qual será o local adequado para o novo negócio;
 como administrar as operações cotidianas do novo negócio;
 como produzir os bens ou serviços dentro de um padrão de qualidade e de
custo;
 como obter conhecimentos profundos sobre mercado e, principalmente,
sobre concorrência;
 como dominar o mercado fornecedor;
 como vender e promover os produtos/serviços;
 como encantar os clientes.

De acordo com McClelland, as principais características que um empreendedor


bem-sucedido deve possuir ou desenvolver são as seguintes:
 iniciativa e busca de oportunidades;
 perseverança;
 comprometimento;
 busca de qualidade e eficiência;
 coragem para assumir riscos, mas calculados;
 fixação de metas objetivas;
 busca de informações;
 planejamento e monitoração sistemáticos, isto é, detalhamento de planos
e controles;
 capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contatos pessoais;
 independência, autonomia e autocontrole.

Tais características devem ser equilibradas, aplicadas com bom senso e, se


possível, distribuídas também entre os parceiros ou colaboradores do
empreendedor, para assim constituir um todo harmonioso. Não basta buscar
oportunidades se o empreendedor não se aprofundar na tomada de informações.
Também não adianta estabelecer metas objetivas se o empreendedor não for
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perseverante na sua conquista. De nada vale ser independente e autoconfiante


se o empreendedor não tiver profundo comprometimento emocional com seu
negócio. O segredo está em desenvolver todas essas características no seu
conjunto, pois elas constituem a matéria-prima básica do homem/mulher de
negócios, a essência do espírito empreendedor. Para tanto, uma constante e
profunda auto avaliação para verificar se você e sua equipe de trabalho estão
utilizando pessoalmente tais características pode ajudar muito.
O que pode tornar você bem-sucedido em um negócio é a conjunção de duas
coisas: o negócio oportuno e apropriado e o espírito empreendedor bem-dotado
que o leva adiante.

Além de possuir as características anteriormente relacionadas, para ser bem-


sucedido, o empreendedor precisa:
 ter vontade de trabalhar duro;
 ter habilidade de comunicação;
 conhecer maneiras de organizar o trabalho;
 ter orgulho daquilo que faz;
 manter boas relações interpessoais;
 ser um self-starter, um auto propulsionador;
 assumir responsabilidades e desafios;
 tomar decisões.
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Procure refletir sobre as características acima, melhorando cada uma delas. O


segredo não é ser forte em uma ou outra característica, mas saber dosá-las e
integrá-las em um conjunto harmonioso de comportamento empreendedor.

Um terceiro aspecto que torna um negócio bem-sucedido é o planejamento


sólido e detalhado daquilo que se pretende fazer. O plano de negócio é
fundamental e será analisado nos próximos capítulos.

O quarto aspecto é o capital financeiro adequado para tocar o negócio. Dinheiro


ou crédito são também fundamentais. Também esse aspecto será tratado mais
adiante.

O quinto aspecto é a sorte. E, como isso não depende de você, desejamos lhe
muito boa sorte nas suas atividades.

É conveniente ponderar algumas limitações de um novo negócio. A lista a seguir


dá uma boa ideia disso.

1. Esqueça o período de oito horas diárias de jornada, os fins de semana e os


feriados, pelo menos no decorrer de alguns meses ou, até mesmo, anos. O ócio e
a tranquilidade não são características de um início de negócio. Você certamente
terá horários de trabalho prolongados e irregulares, levará trabalho para casa,
entre outras coisas.
2. Existe a possibilidade de você perder seu investimento de capital financeiro e
talvez o dinheiro de outras pessoas que também colaboraram com o ingresso de
numerário. O risco eventual de perdas e prejuízos não deve ser descartado.
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3. Provavelmente, você não poderá contar com um ganho regular ou nem mesmo
com algum ganho durante o período inicial. Talvez alguns meses
ou anos sejam necessários para que você atinja o nível de salário que seu
emprego atual lhe garante mensalmente.
4. Você assumirá um enorme fardo de responsabilidades. Terá de tomar decisões
— com ou sem a participação de seus colaboradores — em todos os problemas
que aparecerem e precisará de um profundo engajamento em todas as fases do
negócio.
5. Você terá de fazer o que gosta — isso é extremamente importante para sua
satisfação pessoal — e mais o que não gosta para tocar seu próprio negócio.
Haverá, certamente, situações muito agradáveis, mas há atividades
desagradáveis que terão de ser realizadas de qualquer maneira. Esteja preparado
para tudo.
6. Todo o seu tempo e todas as suas energias terão de ser aplicadas. Concentre-
se nessa missão. Isso reduzirá o tempo disponível para a família, para os amigos
ou para possíveis diversões.

E agora? Vale a pena continuar? É você quem decide.

Para operar um negócio, faz-se necessário assumir vários riscos, seja quanto ao
capital empatado seja quanto ao tempo e ao esforço investidos, principalmente
quando sua aplicação pode resultar em possíveis perdas.
Risco significa possibilidade de perda. Os riscos que podem provocar perdas
incluem obsolescência do produto, disputas trabalhistas, administração
incompetente, forças extraordinárias (como fogo, inundações etc.) e dificuldade
em competir vantajosamente.

Ousadia é irmã da adversidade


É importante lembrar sempre que a ousadia é irmã da adversidade, assim como a
necessidade é mãe da criatividade. No Brasil, as pessoas não são mais ousadas
porque ainda existem fatores que inibem e limitam fortemente a ousadia dos
empreendedores, tais como:
 a existência de um grande gap — brecha ou lacuna — quando o assunto é
inovação e transferência tecnológica;
 a falta de capacidade empreendedora de alta qualidade;
 a ausência de uma estrutura tributária e trabalhista orientada para pequenos
e novos negócios;
 a necessidade premente de mais opções de financiamento e capitalização,
como o capital de risco;
 a influência da família, que ainda mantém a segurança ilusória de uma vida
de trabalhador assalariado;
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 o sistema tradicional de ensino não forma empreendedores, mas


empregados;
 a falta de capital social cuja carência de preparo adequado, ou seja, de
educação, inibe a criação de negócios ou mais associações, como o Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Sociedade Brasileira para
Exportação de Software (Softex) ou ainda o programa Rede de Ensino
Universitário de Empreendedorismo (Reune), da Confederação Nacional das
Indústrias (CNI), para a difusão do empreendedorismo nas escolas superiores
brasileiras, que fomentam fortemente o movimento do empreendedorismo,
iniciado apenas em meados de 1990.

COMO ESCOLHER O NEGÓCIO ADEQUADO

Há uma enorme variedade de negócios à disposição dos empreendedores. Já


observamos esse fato nos capítulos anteriores. Os ramos de atividade de
negócios são extremamente variados. Alguns são explorados intensamente,
enquanto outros surgem aleatoriamente como áreas inexploradas, verdadeiras
oportunidades em um mundo carregado de competição. Mas antes de dar uma
espiada nas oportunidades que existem nesse mundo tão grande, é interessante
que você seja submetido a algumas questões prévias:

1. Qual é o volume de capital que você pretende investir?


2. Qual é o retorno que você pensa ou precisa obter?
3. Qual é a natureza das atividades de trabalho envolvidas?
4. Quais são as suas experiências profissionais?
5. Quais são os seus objetivos?
6. Quais são as suas atitudes e opiniões a respeito de negócios?
7. Quais são as suas características de personalidade?
8. Quais são os seus conhecimentos e as habilidades?
9. Quanto tempo você pode ficar sem um salário mensal?

O primeiro passo é refletir a respeito de todas essas questões. Elas certamente


influenciarão suas escolhas.

Mapeando as oportunidades

Criar um negócio novo a partir do nada costuma ser o caminho mais utilizado
quando se discute um novo empreendimento. Uma nova empresa representa
uma oportunidade significativa para muitos empreendedores.
As oportunidades para se iniciar um novo negócio podem ser resumidas em
quatro vertentes:
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1. Invenção de um produto/serviço que requer um novo tipo de negócio, como foi


o caso dos computadores e telefones celulares. Trata-se de fornecer aos clientes
um produto/serviço que não existe em seu mercado.
2. Desenvolvimento de uma nova tecnologia, como é o caso da internet. Trata-se
de um processo tecnicamente novo.
3. Desenvolvimento de um novo mercado, como é o caso da inclusão social de
novas faixas de consumidores. Trata-se de fornecer aos clientes um
produto/serviço que não existe em seu mercado, mas que já existe em outros
locais.
4. Desenvolvimento de novos benefícios, que são conceitos para desempenhar
antigas funções de uma nova maneira, mais aprimorada e com execução
superior. Trata-se de realizar o que já se faz no mercado, mas de maneira mais
sofisticada ou com elevada qualidade.

“Vislumbrando oportunidades naquilo em que os


outros veem problemas”

Construir um novo negócio ou comprar um negócio já existente?

O empreendedor pode optar por comprar um negócio como uma alternativa em


vez de iniciar seu próprio negócio ou comprar uma franquia. Também pode
juntar-se aos negócios da família. Tal decisão deve levar em consideração alguns
aspectos importantes, como os ressaltados no quadro a seguir.
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Na prática, a lista de prós e contras pode ser condensada em quatro


considerações básicas para a tomada de decisão sobre a compra de um negócio
já existente:
 redução da incerteza;
 aquisição de operações em andamento;
 relacionamentos já consolidados;
 preço de negociação.

Como obter o máximo de seu novo negócio


Algumas dicas são importantes para você se firmar no mundo dos negócios. O Guia
PEGN — Pequenas Empresas & Grandes Negócios dá algumas delas:

excelência: você precisa se considerar seu próprio concorrente e procurar se superar


a cada dia. Essa é a única maneira de você desafiar a competição no mercado;
cooperação: ninguém está isolado do mundo. Você precisa desenvolver parcerias
estratégicas e juntar esforços com outras empresas do ramo para reduzir custos
operacionais e complementar talentos e competências;
apoio da família e dos amigos: você pode (e deve) envolver a família e os amigos no
negócio para ajudá-lo a buscar soluções;
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criatividade e inovação: seja um eterno questionador daquilo que faz. Nunca


considere o que produz perfeito e acabado. Pense sempre em melhorar, criar e
inovar continuamente;
soluções novas: ofereça sempre novos produtos/serviços ou um atendimento
diferenciado ao cliente;
foco no cliente: conheça e ouça o cliente e esteja sempre disponível para ajudá-lo a
resolver os seus problemas e necessidades;
visibilidade: faça com que o empreendimento seja visível ao público-alvo e invista
em divulgação e propaganda;
capacitação e conhecimento: você deve investir pesadamente no aprendizado
contínuo e no desenvolvimento de conhecimentos e competências dos parceiros;
autonomia: busque sempre alternativas próprias e nunca espere que o governo
venha a solucionar os problemas de sua empresa. Aja com independência de ação;
divertimento: faça do trabalho um hobby, um divertimento, tanto para você como
para todos os funcionários e clientes. Crie um ambiente de trabalho agradável e
harmonioso. A alegria ajuda — e anima — o negócio.
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PROVIDÊNCIAS
INICIAIS

Os sete hábitos das pessoas muito eficientes


Stephen Covey tornou-se famoso por enunciar sete hábitos que tornam
uma pessoa muito eficiente, a saber:
1. Ser proativo: adotar princípios de visão pessoal. Ser proativo significa antecipar-
se aos problemas, ter iniciativa e responsabilidade.
2. Começar com o objetivo em mente: adotar princípios de liderança pessoal.
Começar com o objetivo na mente e focar metas e resultados.
3. Primeiro o mais importante: adotar princípios de administração pessoal. Em
primeiro lugar, o mais importante. Estabelecer prioridades e saber executá-las.
4. Pensar em ganhar/ganhar: adotar princípios de liderança interpessoal. Adotar o
pensamento de ganhar/ganhar, de vencer/vencer para alcançar benefícios mútuos:
de sua parte e da parte dos outros. Respeito e reciprocidade.
5. Procurar primeiro compreender para depois ser compreendido: adotar princípios
de comunicação enfática. Compreender as pessoas para depois pensar em ser
compreendido por elas.
6. Sinergizar: adotar princípios de cooperação criativa. Saber ultrapassar conflitos e
criar cooperação para alcançar resultados multiplicados.
7. Afinar sempre o instrumento: adotar princípios de auto renovação equilibrada.
Promover a renovação constante. Isso significa mudar e mudar sempre para
melhorar continuamente. Afinar constantemente seu instrumento.

Os três primeiros princípios referem-se à conquista da vitória interna. Os três


princípios seguintes relacionam-se com a vitória em público. E o último princípio
refere-se à renovação para recomeçar de dentro para fora.

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O DINÂMICO AMBIENTE DOS NEGÓCIOS


Macroambiente
Todos os negócios operam em um ambiente geral, que é composto de uma
multiplicidade de variáveis que interagem dinamicamente entre si, como
variáveis econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, demográficas e
ecológicas. Todas essas variáveis causam impactos profundos em todas as
empresas, sem qualquer discriminação. Daí a denominação ambiente geral.

Variáveis econômicas
Estão relacionadas com os eventos econômicos, como desenvolvimento ou
recessão econômica, aquecimento ou desaquecimento econômico, renda per
capita da população, Produto Interno Bruto (PIB), inflação, juros, preços,
aluguéis, câmbio, balança comercial etc. Todas essas variáveis são importantes
para qualquer negócio, pois constituem indicadores da situação econômica do
ambiente. Queira ou não, essas variáveis influenciam poderosamente o ambiente
de negócios e afetam direta ou indiretamente as empresas, independentemente
de seu tamanho.

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