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DA DIÁSPORA

Identidades e mediações culturais


(Stuart Hall)

Para S. Hall o MULTICULTURALISMO é um termo bastante usado hoje, mas


ainda com um conceito inacabado, sua proliferação não contribuiu para
estabilizar ou esclarecer seu significado.

MULTICULTURAL -> é um termo QUALIFICATIVO. Descreve características


sociais e os problemas de governabilidade no qual diferentes comunidades
culturais convivem e tentam construir uma vida comum ao mesmo tempo que
retém sua IDENTIDADE original.

MULTICULTURALISMO -> e um SUBSTANTIVO e refere-se as estratégias e


políticas adotadas para governar ou administrar problemas adotados pelas
múltiplas sociedades.

Reconhecida a diferença no MULTICULRUALISMO identificamos as


IDENTIDADES.

IDENTIDADE -> cada identidade é própria, ela se constitui na hibridização, no


movimento de articulação, nunca de forma completa, sempre provisória tendo
em vista vários encontros que causam choques e entrechoques com outras
culturas.

(da questão da identidade como um posicionamento que cada indivíduo


assume, que não é fixa, porém é resultado de formações históricas e deve ser
vivida por completo. “Acho que a identidade cultural não é fixa, é sempre
híbrida. Mas é justamente por resultar de formações históricas específicas, de
histórias e repertórios culturais de enunciação muito específicos, que ela pode
constituir um ‘posicionamento’, ao qual podemos chamar provisoriamente de
identidade)

A representação é parte essencial do processo pelo qual o significado é


produzido e intercambiado entre os membros de uma cultura. Ou, de forma
mais sucinta, como veremos a seguir, representar é produzir significados
através da linguagem. Descrever ou retratar, junto a simbolizar e significar.

O significado só acontece em função de convenções associadas à linguagem


que, por sua vez, funciona como sistema de codificação do mundo,
reconhecido e aceito comunitariamente por cada cultura segundo suas
especificidades. Ou seja, como enfatiza o autor, o significado é produzido pela
prática, pelo trabalho da representação.

COLONIALISMO E PÓS-COLONIALISMO -> suas fragilidades e limitações


das sociedades diante o colonialismo e a consequência do pós-colonialismo. O
colonialismo sempre tentou inserir o colonizado ao ‘tempo homogêneo’, vazio
da modernidade global, sem abolir as profundas diferenças ou disjunturas de
tempo, espaço e tradição.

 O sistema colonial marcou bastante as sociedades dominadas, foram


muitas experiências de dominação;
 A diversidade era pretexto para imposição de novos valores e
costumes culturais.

A COLONIZAÇÃO reconfigura o terreno, a própria ideia de um mundo


composto por identidades isoladas, por culturas ou economias
separadas tem tido que ceder a variedade de paradigmas de
relacionamento, interconexão e descontinuidade.

o autor revela que a própria sucessão de termos para se referir ao colonialismo


vem carregado de alta intensidade conceitual, politica e epistemológica; o
colonialismo atrela palavras como: dependência, Terceiro Mundo, Neoliberal,
neocolonial, imperialismo. Hall explica que o desafio é compreender esses
termos, suas contradições, seus interesses e suas relações que o constituíram
historicamente.
CAPITULO 3 – cultura popular e identidade

A transição entre capitalismo agrário e a formação do capitalismo industrial


deve servir de base par ao ponto de partida dos estudos em torno da classe
trabalhadora e da cultura dos trabalhadores. As principais mudanças e as
transformações das relações das forças sociais aparecem ao longo da historia.

Os magistrados e o policiamento evangélico ocupam um lugar de mais honrado


na historia da cultura popular. Contudo as transformações se situam no centro
da cultura popular.

As transformações são a chave para um longo processo de ‘moralizações’ das


classes trabalhadoras, de ‘desmoralização’ dos pobres e de ‘reeducação’ do
povo.

Os pólos dialéticos dos estudos culturais são contenção/resistência;

Profundas transformações na cultura das classes populares entre 1880 e 1920.

Stuart Hall coloca como qualitativamente algo novo que ocorreu com a
imprensa no final do sec. XIX e XX – a efetiva inserção em massa de uma
audiência desenvolvida e madura da classe trabalhadora num novo tipo de
imprensa comercial popular.

As consequências disso foram profundas – a partir dai a questão passou a não


ser mais cultural mas gerou um reorganização global da base de capital e da
estrutura da indústria cultural. -> operacionalização de novos mercados
culturais de massa.

1. PARA O SENSO COMUM, O POPULAR É O QUE AS MASSAS


CONSOMEM, ESCUTAM E LEEM. SENDO A DEFINIÇÃO DO
MERCADO OU COMERCIAL.
2. A 2ª DEFINIÇÃO DA CULTURA POPULAR É A MAIS
ANTROPOLOGICA, POIS É TUDO QUE O POVO FEZ OU FAZ. OS
VALORES, MENTALIDADES E COSTUMES DE UM POVO.
3. A 3ª DEFINIÇÃO DO TERMO ‘POPULAR’ CONSIDERA EM
QUALQUER ÉPOCA, AS FORMAS E ATIVIDADES CUJAS RAIZES SE
SITUAM EM CONDIÇÕES SOCIAIS E MATERIAIS DE CLASSES
ESPECIFICAS.
4. AS DEFINIÇÕES DE CULTURA POPULARSAO AS RELAÇÕES QUE
COLOCAM A CULTURA POPULAR EM UMA TENSAO CONTINUA
COM A CULTURA DOMINANTE. (TRATA-SE DE UM PROCESSO)

Creio que há uma luta continua e necessariamente irregular e desigual, por


parte da cultura dominante, no sentido de desorganizar e reorganizar
constantemente a cultura popular. Essa é a dialética da forma cultural.

A tradição é um elemento vital da cultura popular, mas ela tem pouco a ver com
a mera persistência das velhas formas. Está muito mais relacionada as formas
de associação e articulação de elementos.

A relação entre a posição histórica e o valor estético é uma questão difícil na


cultura popular. Os símbolos não são solidificados, fixados. Não há garantia
intrínseca ao signo ou a forma cultural.

OS TERMOS CLASSE E POPULAR ESTAO PROFUNDAMENTE


RELACIONADOS ENTRE SI.

A CULTURA POPULAR É UM DOS LOCAIS ONDE A LUTA A FAVOR OU


CONTRA A CULTURA DOS PODEROSOS É ENGAJADA.

Cultura popular se define em experiências de pessoas comuns

O problema da ideologia – marxismo sem garantias


O pós-marxismo continua sendo uma das maiores e mais vigorosas escolas
teóricas da atualidade. Stuart Hall tenta traçar as fragilidades e limitações das
formulações marxistas clássicas sobre IDEOLOGIA.

 A importância da ideologia teve uma razão objetiva: o desenvolvimento


da consciência de massa, o crescimento maciço das industrias culturais.

IDEOLOGIA compreende os referencias mentais, linguagens, conceitos,


categorias, conjunto de imagens e pensamentos e sistemas de representação
– que as diferentes classes sociais as empregam para dar sentido, definir e
decifrar e tornar inteligível a forma como a sociedade funciona.

PROBLEMA DA IDEOLOGIA é a apropriação das formas que a mente das


massas toma conta, se tornando uma força material.

Hoje, a IDEOLOGIA, é utilizada para denominar todas as formas organizadas


de pensamento social. A ideologia está relacionada ainda aos processos pelos
quais novas formas de pensamento e de consciência e concepção de mundo
emergem.

 Marx empregou o termo ideologia para se referir especificamente as


manifestações do pensamento burguês. Para a utilização do termo,
Marx usa da premissa Materialista (de que as ideias surgem de
condições materiais) e Determinista (as transformações econômicas se
expressam como modificação de ideias)

A partir da entrada da revisão de Althusser com os termos INTERPELAÇÃO de


Freud e de Posicionamento de Lacan torna-se a psicanálise o único objeto de
estudo do sujeito ideológico. As teorias e suas tensões foram liberadas, é o
declive do trabalho revisionista sobre ideologia que em última instancia diria
Foucault leva à abolição total da categoria IDEOLOGIA.

CAPITULO 4 – TEORIA DA RECEPÇÃO


Mas, afinal, o que é essa tal de teoria da recepção? Parece simples: é um novo
modelo baseado em Marx para conceituar a prática de produção da mídia. Ok
e onde entra a recepção dentro disso? Não faz pergunta dificil, mas acho que
está ligado com a audiência. A relação entre audiência e a produção. Não dá pra
entender um sem o outro, saca? Eles são relacionados. Mas isso é obvio? Pois é
justamente por pensar assim que fica dificil entender o código. Que tal de
código é esse, Ceila? Sorry!!!! Não dá mesmo pra explicar de maneira simples,
apesar de parecer tão simples. Então, lá vai o que eu joguei no google docs para
meu grupo de estudo, quem sabe você não pode decodificar a mensagem pra
gente:
Primeiro, Hall vai defender um novo conceito de como funciona a mídia e
defende que em todos os momentos há codificação e decodificação. quais
momentos?

1- produção ( mensagem)
2-circulação (discursiva)
3- distribuição (discursiva)
4- consumo ( sentido)
5- reprodução (valor de uso social)

Cada momento deste é determinista no fluxo de produção (fixo), porém cada


momento isolado é um processo de codificação e decodificação (articulação).
Como estes cinco momentos foram criados a partir da teoria de Marx, ele
resulta num produto. qual produto? a mensagem que só é consumida se tiver
sentido e valor de uso social. Outra coisa importante é de que a Circulação (2)
e a Distribuição (3) só são realizadas de forma discursiva. E, detalhe, todo
discurso envolve a operação de códigos. Logo, circulação e distribuição
envolve o processo de codificar e decodificar um discurso. E onde está o
codificar/decodificar do restante do fluxo ( produção/consumo/reprodução)?

o circuito de produção da mídia produz (1) uma mensagem codificada na


forma ( 2 e 3) de um discurso significativo.
A meleca toda começa porque ele vai explicar cada pedacinho dessa frase aí
em cima e mistura uma porrada de coisa só pra dizer como se constroi o
código da mensagem. Para nos convencer disso, ele argumenta contra as
seguintes teorias:
1- abordagem do conteúdo do behaviorismo, onde acontece a teoria semiotica (
signos – pierce)
2-teoria linguística ( conotação e denotação), onde acontece a codificação
3-teoria da percepção seletiva ( audiencia) onde acontece a decodificação a
partir dos seguintes hipotéticos códigos dominantes, códigos profissionais,
códigos negociados e os códigos de oposição
Não entendeu nada? Hummmmm, eu fiz outro resuminho da mesma coisa,
quando dei uma passada de olhos. Veja se facilita ou complica:

Stuart Hall traz três inovações nos conceitos de Mídia. Primeiro ela não
funciona de forma unidirecional no modelo “produtor emite a mensagem ao
receptor”. Ele ensina: “produzir a mensagem não é uma atividade tão
transparente como parece”. Segunda mudança: a lógica da mídia não é
determinista, mas sim multirreferencial. Porém, os momentos do fluxo de
produção são deterministas. Ou seja, a mensagem tem sentido diferentes de
acordo com a referência do receptor. A terceira inovação é contra a idéia de
que a relação de produção do conteúdo está relacionada ao consumo (grana e
capital). Ou seja, Hall não acredita nos ditados populares: “a TV é ruim
porque é o que o povo gosta. Audiência é quem manda. circo para povo…”. Ele
alerta para o fato de que o consumo determina a produção assim como a
produção determina o consumo. Ou seja, a relação da produção de conteúdo é
um resultado de articulação entre os circuitos de produção.

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a) Sujeito do Iluminismo- baseado numa concepção de pessoa humana como


um indivíduo totalmente centrado, unificado, e de ação cujo centro consistia
num núcleo interior, que emergia deste o nascimento e ao longo de toda sua
vida, permanecendo totalmente o mesmo.
b) Sujeito Sociológico- reflete a complexidade do mundo moderno e a consci-
ência de que este núcleo moderno não era autônomo e auto-suficiente, mas
isto era formado na relação com outras pessoas importantes para ele.
c) Sujeito pós-moderno- a identidade torna-se uma celebração móvel,
formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais
somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam.
A globalização é outro aspecto da questão da identidade que está
relacionada ao caráter da mudança da modernidade. As sociedades modernas
são constituídas em mudanças constantes, rápidas e permanentes, e isto a
diferencia da sociedade tradicional. Nesta sociedade moderna, não há nenhum
centro, nenhum princípio articulador ou organizador único e não se
desenvolvem de acordo com o desdobramento de uma única causa ou lei. Ela
está constantemente sendo descentrada por forças fora de si mesmas.

No interior do discurso do consumismo global, as diferenças e as distinções


culturais, que até então definiam a identidades, ficam reduzidas a uma espécie
de língua franca internacional ou de moeda global, em termos das quais todas
as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem ser
traduzidas. Este fenômeno é conhecido como “homogeneização cultural”.

Com uma linguagem objetiva e esclarecedora, Stuart Hall explora algumas


questões sobre a identidade cultural na modernidade tardia apresentando
uma afirmação de que as identidades modernas estão sendo descentradas,
transformando as identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós
mesmos como sujeitos integrados e promovendo uma “crise de identidade”.

O autor mostra o efeito contestador e deslocador da globalização nas


identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional. Esse efeito
verdadeira-mente pluralizante altera as identidades fixas, tornando-as menos
fixas, plurais, mais políticas e diversas.
É nesse movimento/deslocamento que emerge a concepção de culturas
híbridas (entre a tradição e a tradução) como um dos diversos tipos de
identidades destes tempos de modernidade tardia.

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