Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A síndrome da cauda eqüina é a única situação de disco funciona como ligamento ricamente inervado. A
urgência cirúrgica no tratamento da hérnia de disco. Ela evidência de que o disco pode doer vem de observações
se manifesta por dor súbita, aguda, com perda do con- clínicas; durante a cirurgia realizada com anestesia local,
trole esfincteriano, anestesia em sela e perda de força comprimindo a região posterior do anel fibroso, este re-
para os membros inferiores. Geralmente, e manifestação produz a dor. A mesma evidência ocorre quando se rea-
de volumosa hérnia distal extrusa, comprimindo a cau- liza a discografia(13,22) . A discografia é o único meio pa-
da equina. E um caso raro e, pessoalmente, vimo-lo ape- ra se determinar quando o disco é doloroso. Essa dor
nas por duas vezes, mesmo assim em pacientes com asso- somente se reproduz nos discos sintomáticos. Discos nor-
ciação de hérnia de disco com estenose de canal. mais, em pacientes assintomáticos voluntários, não apre-
No diagnóstico diferencial da hérnia de disco lom- sentam dor (36,68).
bar, devemos ter em mente as várias causas de lombalgia Patologicamente, a hérnia de disco consiste na mi-
e lombociatalgia: causas mecânicas, degenerativas, reu- gração do núcleo pulposo com fragmento do anel fibro-
máticas, traumáticas, infecciosas, tumorais, viscerais e so e, eventualmente, até da cartilagem do plateau verte-
psicogênicas. bral para o interior do canal. Essa herniação provoca
dor se compromete alguma raiz nervosa ou o saco tecal.
FISIOPATOGENIA O comprometimento neurológico pode ocorrer por com-
pressão mecânica ou secundariamente ao processo infla-
O disco intervertebral, formado pelo núcleo pulpo- matório, com edema das estruturas nervosas (54).
so, anel fibroso e pelo plateau vertebral formado pela Localização — Quanto à localização, a hérnia de
cartilagem onde o disco se insere, serve, pela sua estrutu- disco pode ser: 1) mediana, que geralmente se manifes-
(33,37)
ra, de amortecedor entre os corpos vertebrais . Ele ta por lombalgia aguda, eventualmente com irradiação;
esta sujeito a suportar as forças de compressão, cisalha- 2) hérnia centrolateral, que pode comprometer a raiz tran-
mento, flexão e extensão e de rotação. O movimento e seunte ou a raiz emergente; 3) hérnia foraminal, que com-
a força que o disco pior tolera são o torque axial, prin- promete a raiz emergente e 4) hérnia extremolateral ou
cipalmente quando este esta associado à força de com- extraforaminal, que compromete a raiz superior, pois o
pressão(1,25). Esses mecanismos, a medida que se repetem, trajeto das raízes lombares é oblíquo. Por isso, é de ex-
desencadeiam a degeneração do núcleo pulposo, que vai trema importância correlacionar os achados de imagem
(12,50)
desidratar . com os dados clínicos, para a correta localização da
Quando a degeneração do núcleo pulposo estiver hérnia.
acompanhada da erosão do anel fibroso, teremos então
a ruptura interna do disco. A fissura radial do anel fibro-
ESTUDO POR IMAGEM
so, se segue o prolapso distal, estágio em que o ligamen-
to longitudinal posterior continua íntegro. Se esse liga- O diagnóstico da hérnia de disco pode ser feito pe-
mento romper e o núcleo pulposo degenerado migrar pa- las manifestações clínicas em cerca de 90% das vezes.
ra dentro do canal vertebral, teremos a hérnia extrusa. Portanto, os exames subsidiários apenas nos auxiliam
Quando um fragmento migra dentro do canal, para ci- para determinar o local exato e a extensão do prolapso,
ma, para baixo ou para o interior do forâmen, tem-se a para afastar outras causas de lombociatalgia e para nos
hérnia seqüestrada (75). guiar na terapia a ser instituída. A história natural da
Chamamos a atenção para o fato de que toda esta hérnia de disco(65) indica que muitas vezes ocorre proces-
evolução poderá ocorrer de forma sintomática ou assinto- so de reabsorção que se segue ao processo inflamatório
mática. Indivíduos sãos, submetidos a estudo tomografi- inicial, com o que o quadro neurológico e os sintomas
co e à primeira ressonância magnética, demonstraram da dor desaparecem. Isso pode ser comprovado pela res-
ter hérnia de disco, mesmo volumosa, sem ter tido ja- sonância magnética, em que, em uma primeira fase, apa-
mais dor lombar ou ciatalgia(10,35) . rece o disco extruso; em uma segunda fase, um halo de
Hoje esta comprovado que o anel fibroso do disco reabsorção e de processo inflamatório na periferia do
e inervado por plexo de finas fibras nervosas que pene- fragmento e, por fim, o desaparecimento da imagem
tram da periferia para o seu interior (44) , de modo que o do disco herniado.
116 Rev Bras Ortop — Vol. 29, Nº 3 — Março, 1994
HÉRNIA DE DISCO LOMBAR: REVISÃO DE CONCEITOS ATUAIS
Fig. 2 — CT
mostrando hérnia
extraforaminal em
L 4 , associada à
estenose de
forâmen por
osteófito posterior
do corpo de L4 .
Fig. 3
Mielotomografia
computadorizada
com injeção de
contraste
intratecal:
deslocamento do
mesmo e o
Fig. 1 — À esquerda, tomografia computadorizada (corte axial): apa- envolvimento da
rente protrusão discal em L3 -L 4 . À direita: após injeção de contraste raiz de L2 por
intravenoso, com pouca impregnação e densidade levemente superior hérnia extrusa em
à CT simples, o que evidencia material distal protruso. L 1 - L2 .
118 Rev Bras Ortop — Vol. 29, N° 3 — Março, 1994
HÉRNIA DE DISCO LOMBAR REVISÃO DE CONCEITOS ATUAIS
(56,57)
rém, ainda bastante controvertido . Sua principal in-
dicação continua sendo a avaliação do grau de ruptura
do anel fibroso e a verificação da integridade do ligamen-
to longitudinal posterior, o que é de extrema importân-
cia para a indicação de tratamento com a quimionucleó-
lise e a discectomia percutânea. Eventualmente, a resso-
nância magnética pode nos auxiliar nessa avaliação do
Fig. 6 — À esquerda, aspecto de discografia, com disco normal em
grau de ruptura e da extrusão do disco. Quando isso não L 4 -L 5 . À direita, discografia mostrando a ruptura do disco e hérnia,
é possível, a discografia é imperativa. Quando há extra- com extravasamento do contraste para o interior do canal, comprovan-
vasamento do contraste para o interior do canal, eviden- do a ruptura do ligamento longitudinal posterior e evidenciando hérnia
extrusa.
cia-se a ruptura do ligamento, estando nesse caso contra-
indicada a quimionucleó1ise, bem como a discectomia (38-40)
(58,67) as hérnias foraminais e extraforaminais . Também
percutânea .
a diferenciação entre fibrose epidural e hérnia recidiva-
da ou residual se obtém pela CT-discografia com a mes-
DISCOGRAFIA ASSOCIADA À
ma sensibilidade que a ressonância magnética, com inje-
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (38,39)
ção de contraste paramagnético .
A discografia pode ser associada à tomografia com- Devemos, no entanto, lembrar que esse é um exa-
putadorizada, o que permite melhor imagem e melhor me invasivo, com risco de paraefeitos, que são descritos
avaliação do estado de lesão do disco e do ligamento lon- como similares aos da injeção de metrizamida na mielo-
(32,38)
gitudinal posterior, através dos cortes axiais realizados grafia . A incidência de discite pós-discografia varia
(67) (38,39,51)
nos diversos níveis . de 0,9 a 3,4% .
A CT-discografia também fornece imagens claras Baseados nessas informações, concluímos que a
das alterações na patologia intradiscal, o que permite CT-discografia é um exame útil, mas não isento de com-
melhor sensibilidade diagnóstica em algumas situações plicações, e deve ser reservado primariamente para pacien-
de síndrome lombar persistente em que todos os outros tes com quadro doloroso importante, cuja história e exa-
(38,39)
exames resultaram normais . me clínico mostram razoável probabilidade de patologia
A análise da literatura sugere que essa técnica pode orgânica, que poderá ser amenizada com algum trata-
identificar com maior sensibilidade — acima de 90% — mento específico.
120 Rev Bras Ortop — Vol. 29, N° 3 — Março, 1994
HÉRNIA DE DISCO LOMBAR: REVISÃO DE CONCEITOS ATUAIS
ELETRODIAGÓSTICO
Em casos em que a ciatalgia é muito intensa, utilizamos conseqüentemente aumento da lordose, favorecendo a
corticóide, desde que o paciente não apresente contra-in- degeneração discal.
dicação, por um período curto de sete dias. A persistên- Na fase tardia, em que o paciente apresenta apenas
cia da ciatalgia, alguns autores recomendam corticóide desconforto, e importante a manutenção da elasticidade
intratecal ou peridural(14,16,67) , mesmo na presença de dé- e tônus muscular associada aos cuidados posturais.
ficit neurológico, com bons resultados em cerca de 90%,
podendo ser repetido apostando na reabsorção do mate- TRATAMENTO CIRÚRGICO
rial do núcleo pulposo. Este, em contato com o espaço
O tratamento cirúrgico da hérnia distal lombar es-
peridural, causa intenso processo inflamatório, demons-
(65) ta indicado quando o tratamento conservador falhar na
trado pela presença de fosfolipase A2 . A ressonância
regressão do quadro álgico, persistência e/ou progressão
magnética permite verificar o halo inflamatório em tor-
do déficit neurológico e crises repetitivas de lombociatal-
no do fragmento do disco herniado, dando condições
gia. A única indicação de urgência e a síndrome da cau-
de selecionar os pacientes para tratamento conservador.
da eqüina.
Esse procedimento é dispendioso, inviável para a maio-
Vários estudos indicam que o insucesso da cirurgia
ria dos pacientes.
de hérnia de disco está relacionado com diagnóstico insu-
Concomitantemente, é usada analgesia, de preferên- (26,48,70)
ficiente e a errada seleção dos pacientes . Pode o
cia não narcótica, para evitar dependência, principalmen-
cirurgião realizar brilhante cirurgia na coluna de um pa-
te nas reagudizações. Para relaxamento da musculatura
ciente mal selecionado, transferindo o insucesso pessoal
lombar, usamos benzodiazepínicos em pacientes não de-
do mesmo ao mau resultado da intervenção cirúrgica.
primidos, sendo que nesses usamos antidepressivos, aju-
Isso contrastaria com excelentes resultados do tratamen-
dando também a reduzir o limiar de dor.
to cirúrgico(3,43,69,80) , quando são obtidas imagens adequa-
Medidas físicas, como calor e massagem suave, po-
das da hérnia distal correlacionadas com a clínica do pa-
dem ajudar no alívio do quadro álgico.
ciente, que tem como objetivo o alívio de sua ciatalgia.
A manipulação lombar é completamente contra-in-
Finneson (26) divulgou tabela de escores, dando cla-
dicada nos casos de lombociatalgia, podendo agravar a
ra possibilidade ou não de sucesso da primeira discecto-
compressão radicular. A tração lombar, de eficácia não
mia (tabela 1).
comprovada, é pouco usada.
Na fase pós-aguda, em que a dor já e mais suporta-
vel, permitindo melhor mobilização, intensificamos as TRATAMENTO CIRÚRGICO: TÉCNICA
CONVENCIONAL E CONVENCIONAL LIMITADA
medidas fisioterápicas com calor e exercícios de alonga-
mento e gradual reforço muscular com a técnica de Wil- O tratamento da hérnia discal tem sido modificado
liams. A técnica de Mackenzie, baseada na tentativa de desde Mixter & Barr, em 1934, com o melhor entendi-
redução da hérnia discal pelo indireto redirecionamento mento da biomecânica e da evolução do diagnóstico por
da pressão discal com a hiperextensão, pode ser falha imagem.
devida à extrusão de fragmentos, pela degeneração mi- A exposição unilateral limitada, modificada por Spen-
(69)
xóide da hérnia, isolando o material herniado do restan- gler, em 1982 , certamente e a técnica mais usada em
(58)
te do núcleo pulposo . Talvez seja tão eficaz quanto nosso meio para hérnias discais primárias. Permite ade-
as descompressões via anterior, nos casos de protrusão quada descompressão das estruturas nervosas, com a re-
discal. tirada de todo o material herniário e núcleo pulposo resi-
Não recomendamos uso de colete por considerar dual intradiscal, além de, sob visão direta, remover re-
que a atrofia muscular agravaria a estabilização lombar, cessos laterais das facetas articulares e permitir a forami-
não sendo mais eficaz do que o repouso sem flexão e ro- notomia, quando necessária. Essas possibilidades são as
tação lombar. grandes vantagens sobre técnica de discectomia microci-
É fundamental a escola de postura para os pacien- rúrgica ou sob descompressão indireta, como a quimio-
tes com hérnia discal, porque muitos já apresentavam nucleólise e discectomia percutânea.
déficit postural, como encurtamento dos isquiotibiais, Quando não conseguimos preservar a gordura peri-
insuficiência de abdominais e extensores lombopélvicos, dural, usamos enxerto fino de gordura livre sobre a raiz
122 Rev Bras Ortop — Vol. 29, Nº 3- Março, {994
HÉRNIA DE DISCO LOMBAR: REVISÃO DE CONCEITOS ATUAIS
(41,46)
e dura-máter , evitando a formação de fibrose. Roti- tanto, devido ao limitado campo microcirúrgico,
neiramente, usamos corticóide e marcaína no espaço pe- identificada a presença de estenose, que às vezes
(61)
ridural antes da sutura da musculatura paravertebral. demonstrada por imagens no pré-operatório , consti-
Esse procedimento reduz consideravelmente a dor no tuindo-se na maior causa de falha desta técnica.
pós-operatório imediato, praticamente dispensando o
uso de antiinflamatórios e analgésicos e encurtando o DISCECTOMIA MAIS ARTRODESE
tempo de internação. Observada a dor lombar crônica e a degeneração
(74)
discal no nível da discectomia , alguns autores reco-
MICRODISCECTOMIA mendam discectomia mais fusão. Frymoyer, em 1978 ,
(27)
A microdiscectomia foi descrita por Williams, em avaliando um longo seguimento, constatou resultados
(80)
1978 , para reduzir o trauma cirúrgico sobre a muscula- semelhantes entre as discectomias e discectomias mais
tura paravertebral, ligamento amarelo, gordura peridu- fusão, ficando a artrodese indicada se constatada insta-
ral e diminuir a manipulação sobre as estruturas nervo- bilidade concomitante com a hérnia discal ou lesão das
sas, com resultados bons variando de 86 a 97%(43,80). facetas articulares bilateralmente no transoperatório (21).
Os estudos comparativos com a técnica limitada conven-
cional demonstraram redução do tempo de hospitaliza- DISCECTOMIA PERCUTÂNEA
ção e retorno mais rápido ao trabalho, não havendo dife- Com o declínio do uso de quimionucleólise, devido
(34)
rença significativa sobre a discectomia limitada. No en- aos efeitos colaterais, Hijikata , em 1975, introduziu
TABELA 1
Pontos Pontos
positivos Fatores positivos Fatores negativos
negativos
Positivos Negativos
total total
Subtrair negativos dos positivos
Escore:
75 ou mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . bom
65-75 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . razoável
55-65 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fraco
Menos 55 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ruim
(17) (78)
a discectomia percutânea, modificada por Onik , em rio imediato . Isso ocorre pelo incorreto dimensiona-
1985, automatizando o procedimento. Geralmente, é in- mento do tamanho do espaço discal, com a cureta ou
dicada para hérnias contidas pelo ligamento longitudinal pinça pituitária ultrapassando o anel fibroso anterior e
posterior, sem sinais de estenose de canal vertebral. “Re- lacerando os vasos, o que deve ser imediatamente repa-
centemente, Mochida & Arima(52), após criteriosa seleção rado através de laparotomia. A incidência é de um para
de pacientes com hérnias contidas, com menos de 50 2.000 (21) . Solonem, em 1975, realizou 25 discografias
anos de idade e com mais de seis meses de tratamento pós-discectomias e verificou contraste anterior ao disco
conservador, excluídos os pacientes com hérnia em em três pacientes, mas todos assintomáticos. Podem ocor-
L 5 S,, por motivos técnicos, e também os que demonstra- rer fístulas arteriovenosas de diagnóstico tardio, levan-
ram sinais de estenose degenerativa, obtiveram 54% de do a alteração circulatória nos membros inferiores e car-
bons resultados em 85 pacientes, em dois anos de segui- díaca.
mento, e ainda demonstraram que o material aspirado A lesão da raiz pode ocorrer pela cauterização ou
era relativamente de núcleo normal, comparado com a excessiva retração, principalmente em hérnias volumosas,
massa herniária obtida de cirurgia, dando clara evidên- devendo-se ter todo o cuidado no afastamento e prote-
cia de que a hérnia discal propriamente dita não é total- ção da raiz. Às vezes, a raiz encontra-se completamente
mente aspirada. Em estudo multicêntrico realizado por achatada por uma hérnia anterior, podendo ser lacera-
cirurgiões treinados em quimionucleólise e discografia, da ou incisada. Deve-se obter adequada exposição da
os bons resultados foram de 55%, o que contrasta com margem lateral da raiz. Alterações anatômicas, como
os excelentes resultados divulgados pelos autores da téc- duplicidade, bifurcação pré ou pós-pedicular, devem ser
nica, em torno de 85%(58) . identificadas. Lesões de dura-máter, mais freqüentes na
Muitas vezes, a hérnia de disco contida pelo ligamen- reintervenção, devem ser reparadas no transoperatório,
to longitudinal posterior desenvolve uma degeneração para evitar a formação de fístula liquórica.
fibromixóide, isolando o material herniário do restante Discites podem ocorrer, na microcirurgia, em 1,4%
do núcleo pulposo. Também por estudos histológicos e, na macrocirurgia, em 0,5% (71), apresentando dor lom-
de hérnia discal, podemos ter hérnias de anel fibroso, bar forte, diferente das dores pré-operatórias, febrícula
anel epifisário cartilaginoso, associado ou não ao núcleo ou não, reação inflamatória na incisão e velocidade de
pulposo (83) , o que inviabilizaria qualquer tentativa de hemossedimentação acima de 50, geralmente após a se-
descompressão indireta da raiz nervosa pela quimionucleó- gunda semana(5). Sinais radiológicos aparecem cerca de
lise ou aspiração percutânea. Os bons resultados obtidos três a quatro semanas após a dor. A discite deve ser tra-
pelo tratamento conservador, na história natural das hér- tada com imobilização e antibioticoterapia dois a três
nias contidas, serão provavelmente semelhantes aos obti- meses, sendo que a cirurgia e raramente indicada quan-
dos com as técnicas de descompressão indireta por via do tratada em tempo adequado. As infecções da ferida
anterior. operatória devem ser debridadas e exaustivamente irriga-
das recomendando-se cultura e antibioticoterapia especi-
COMPLICAÇÕES fica tão logo haja a suspeita(76).
Apesar das precauções pré e transoperatórias, as
REFERÊNCIAS
complicações podem ocorrer e devem ser reconheci-
das e imediatamente tratadas. Stolke relata complicações 1. Adams, M.A. & Hutton, W.C.: Gradual disc prolapse. Spine 10:
com microcirurgias em 7,8% e, na macrocirurgia, em 524, 1985.
6. Birkland, W. & Taylor, T.K.T.: Mayor vascular injuries in 28. Frimoyer, J.W., Newberg, A., Pope, M.H., Wilder, D.G., Cle-
lumbar disc surgery. J Bone Joint Surg [Br] 51:4-19, 1960. ments, Mac Pherson, B.: Spine radiographs in patients with low
7. Blumenthal, S.: The role of anterior lumbar fusion for internal back pain. J Bone Joint Surg 66: 1048-1055, 1984.
disc disruption. Spine 13: 1-6, 1978. 29. Greenough, C.G., Dimmock, S., Edwards, D., Ransford, A.O.
8. Bobest, M., Furo, I., Tompa, K., Pocsik, I. & Kuncz, A.: IH & Bentley, G.: The role of computerized in intervertebral disc pro-
Nuclear magnetic resonance study of intervertebral discs. Spine lapse. J Bone Joint Surg 68:729-733, 1986.
1:709-711, 1986. 30. Hakelius: Prognosis in sciatica: a clinical follow-up of surgical and
9. Boden, S., Davis, D., Dina, T. & col: Contrast-enhanced MR on-surgical treatment. Acta Orthop Scand [Suppl] 129, 1970.
imaging performed after successful lumbar disc surgery: pros- 31. Haldeman, S.: The electrodiagnostic evaluation of nerve root
pective study. Radiology 182:59-64, 1992. function. Spine 9:42-48, 1984.
10. Boden, S., Davis, D. O., Dina, T. S., Patronas, N. J., Wiesel, S. W.: 32. Herkowitz, H.N., Romeyn, R.L., Rothman: The indications for
The incidence of abnormal lumbar spine MRI scans in asymptoma- metrizamine myelography. Relationship with complications after
tic patients: a prospective and blinded investigation. Manuscript, myelography. J Bone Joint Surg 49: 1243-1244, 1983.
George Washington University, 1989. 33. Hickey, D.S., Aspden, R.M., Hukins, D.W.L., Jenkins, J.P.R.
11. Bolender, N.F., Schonstrom, N.S.R. & Spangler, D.M.: Role of & Isherwood, I.: Analysis of magnetic resonance images from nor-
computerized tomography and mielography in the diagnosis of cen- mal and degenerative lumbar intervertebral disc. Spine 11:702-708,
tral spinal stenosis. J Bone Joint Surg 67:240-246, 1985. 1986.
12. Brinckmann, P.: Injury of the annulus fibrosus and disc protru- 34. Hijikata, S.: Percutaneous nucleotomy: a new concept technique
sions in the production of disc degeneration. J Bone Joint Surg and 12 year experience. Clin Orthop 238:9-23, 1989.
[Am] 52:468, 1970. 35. Hitselberger, W.E. & Witten, R.M.: Abnormal myelograms in
13. Brodsky, A.E. & Binder, W.F.: Lumbar discography: its value in asymptomatic patients. J Neurosurg 28:204-206, 1968.
diagnosis and treatment of lumbar disc lesions. Spine 4:110, 36. Holt, J.: The question of lumbar discography. J Bone Joint Surg
1979.
[Am] 50:720, 1968.
14. Brown, F.W.: Management of diskogenic pain using epidural and
37. Inoue, H.:Three-dimensional architecture of lumbar inter-
intrathecal steroids. Clin Orthop 73: 129, 1977.
vertebral disc. Spine 5: 100, 1980.
15. Brown, F.W.: Symposium on the lumbar spine, California, Nov.,
38. Jackson, R.P., Cain, J.E., Jacobs, R.R., Cooper, B.R. & Mac
1979.
Manus, G.E.: The neuroradiography diagnosis of lumbar her-
16. Bush & col: The natural history of sciatica associated with disc niated nucleus pulposus (I): a comparison of computed tomography,
pathology. Spine 17: 1205-1212, 1992. myelography, CT-mielography, discography and CT-discography.
17. Davis, G.W., Onik, G. & Helus, C.: Automated percutaneous dis- Spine 14:1356-1361,1989.
cectomy. Spine 16:359-363, 1991. 39. Jackson, R.P., Cain, J.E., Jacobs, R.R., Cooper, B.R. & Mac
18. Delong, W.B. & col.: Conservative management of low back pain, Manus, G.E.: The neuroradiography diagnosis of lumbar her-
in Lumbar Spine Surgery, 2ª ed., 1988. niated nucleus pulposus (II): a comparison of computed tomo-
graphy, myelography, CT-mielography, discography and CT-disco-
19. Desasseure, R. L.: Vascular injuries coincident to disc surgery. Neu-
graphy. Spine 14:1362-1367, 1989.
rosurgery 16:56-59, 1959.
40. Jackson, R.P. & Glah, J.J.: Foraminal and extraforaminal lum-
20. Eisem, A. & Hoisch, M.: The electrodiagnostic of spinal root bar disc herniation: diagnosis and treatment. Spine 12:577-585,
lesions. Spine 8:98-106, 1983. 1987.
21. Eismont, F.J. & Currier, B.: Current concepts review: surgical 41. Jacobs, R.R., McLain, O. & Neff, J.: Control of post laminec-
management of lumbar intervertebral-disc disease. J Bone Joint tomy scar formation: an experimental and clinical study. Spine 5:
Surg [Am] 71: 1266-1271, 1991. 223-229,1980.
22. Executive Comittee of the North American Spine Society: Position 42. Kahanovitz, N. & col.: A multicenter analysis of percutaneous dis-
statement on discography. Spine 13: 1343, 1988. cectomy. Spine 15:713-715, 1990.
23. Fager, C.A.: Identification and management of radiculopathy. 43. Kahanovitz, N.: Limited surgical discectomy and microdiscectomy:
Neuros Clin North Am 1-12, 1993. a clinical comparison. Spine 14: 79-81, 1981.
24. Fager C.A.: Ruptured median and paramedian lumbar disk: a 44. Konttinen, Y.T., Gronblad, M. & Antti-Poika, I.: Neuroimmuno-
review of 243 cases. Surg Neurol 23:309-323, 1985. histochemical analysis for peridiscal nociceptive neural elements.
25. Farfan, H.F., Cosaette, J.W., Robertson, G.H. & col.: The effects Spine 15:383, 1990.
of torsion on the lumbar intervertebral joints: the role of torsion 45. Kornberg, M., Rechtine, G.R. & Dupuy, T.E.: Computed tomo-
in the production of disk degeneration. J Bone Joint Surg [Am] graphy in the diagnosis of a herniated disc at the L5 S 1 , level.
52:468, 1970. Spine 9:433-436, 1984.
26. Finneson, B.: A lumbar disc surgery predictive score card. Spine 46. Langenskiold, A. & Kiviluoto, O.: Prevention of epidural scar for-
3:186-188, 1978. mation after operation on lumbar spine by means of free fat trans-
27. Frymoyer, J.W.: Disc excision and spine fusion in the manage- plants. Clin Orthop 115:92-95, 1976.
ment of lumbar disc disease: a minimum ten-year follow-up. 47. Loquidice, V.: Anterior lumbar interbody fusion. Spine 13:366-369,
Spine 13:1-6, 1978. 1988.
48. MacNab, I.: Negative disc exploration. J Bone Joint Surg [Am] 66. Scheibler, M., Camerino, V., Fallon, M. & col.: In vivo and
3: 891-903, 1971. ex vivo magnetic resonance imaging evaluation of early disc
49. Maravilla, K.R., Lesh, P., Weinreb, J.C. & col.: Magnetic reso- degeneration with histopathologic correlation. Spine 16: 635-640,
nance imaging of the lumbar spine with CT correlation. AJNR 9: 1991.
51-358, 1988. 67. Shields, C.B., Reiss, S.J. & Garretson, H.D.: Chemonucleolysis
with chymopapain: results in 150 patients. J Neurosurg 67: 187-191,
50. Markolf, K.L. & Morris, J.M.: The structural components of the
1987.
intervertebral disc. J Bone Joint Surg [Am] 56: 675, 1974.
68. Simmons, E.H. & Segil, C.M.: An evaluation of discography in
51. Massie, W.K. & Stevens, D.B.: A critical evaluation of discography. the localization of symptomatic levels in discogenic disease of the
J Bone Joint Surg 49: 1243-1244, 1987. spine. Clin Orthop 108: 57, 1975.
52. Mochida, J. & Arima, T.: Percutaneous nucleotomy in lumbar 69. Spengler, D.M.: Lumbar discectomy. Results with limited disc ex-
disc herniation: a prospective study. Spine 18: 2063-2068, 1993. cision and selective foraminotomy. Spine 7: 604-607, 1982.
53. Modic, M.T., Masarik, T., Boumphrey & col.: Lumbar herniated 70. Spengler, D. & col.: Patient selection for lumbar discectomy —
disc disease and canal stenosis: prospective evaluation by surface An objetive approach. Spine 4: 129-134, 1979.
coil MR, CT and myelography. AJNR 7: 709-711, 1986. 71. Stolke, D.: Intra and postoperative complication in lumbar disc
54. Murphy, R.W.: Nerve roots and spinal nerves in degenerative disk surgery. J Bone Joint Surg [Br] 51: 4-19, 1960.
disease. Clin Orthop 129: 46, 1977. 72. Torgerson, W.R. & Dotter, W.E.: Comparative roentgenographic
55. Nachemsom, A. & Morris, J.M.: In vivo measurements of intra- study of the asymptomatic and symptomatic lumbar spine. J
discal pressure. J Bone Joint Surg [Am] 46: 1077-1092, 1964. Bone Joint Surg 58: 850-853, 1976.
56. Nachemsom, A.: Lumbar discography — where are we today? 73. Vanderburgh, D.F. & Kelly, W.M.: Magnetic resonance imaging
(editorial) Spine 14: 555-557, 1989. signal changes of degenerative disc disease. Clin North Am J 20-21,
1993.
57. North American Spine Society: position statement on discography
74. Vaughan, P.: Results of L4 L 5 disc extrusion alone versus disc ex-
(editorial). Spine 13: 1343, 1988.
cision and fusion. Spine 13: 670-695, 1988.
58. Onik, G., Mooney, V., Marron, J.C. & col.: Automated percuta-
75. Venner, R.M. & Crock, H.V.: Clinical studies of isolated disc
neous discectomy: a prospective multi-institutional study. Neuro-
resorption in the lumbar spine. J Bone Joint Surg [Am] 56: 675,
surgery 26: 228-233, 1990.
1974.
59. Osborne, D.R., Heiz, E.R., Bullard, D. & col.: Role of com-
76. Voelker, J.L., Mealey, J., Eskridge, J.M. & Gilmore, R.L.: Metri-
puted tomography in the radiological evaluation of painful radicu-
zamide enhanced computed tomography as an adjust to metriza-
lopathy after negative myelography: foraminal neural entrapment.
mide myelography in the evaluation of lumbar disc herniation and
Neurosurgery 14: 147-153, 1984.
spondylosis. Neurosurgery 20: 379-384, 1987.
60. Panagiotacopulos, N.D., Pope, M.H., Krag, M.H. & Blick, R.: 77. Weber, H.: Lumbar disc herniation: a controlled prospective study
Water content in human intervertebral discs. Part I — Measure- with ten year of observation. Spine 8: 131-140, 1983.
ment by magnetic resonance imaging. Spine 12: 912-917, 1987.
78. Wiesel, S., Berini, P. & Rothman, R.: The aging lumbar spine,
61. Poster, R.W., Hibbert, C.S. & Wicks, M.: The spinal canal in 1982.
symptomatic lumbar disc lesion. J Bone Joint Surg [Br] 60: 485-487,
79. Williams, P.C.: Examination and conservative treatment for disc
1978.
lesion of the lower spine. Clin Orthop 5: 28-36, 1955.
62. Roberts, F.F., Kishore, P.R. & Cunningham, M.E.: Routine obli-
80. Williams, R.: Microlumbar discectomy: a conservative surgical
que radiography of the pediatric lumbar spine: is it necessary?
approach to the virgin herniated lumbar disc. Spine 3: 175-183,
AJR 131: 297-298, 1978. 1978.
63. Ross, J.: Magnetic resonance assessment of the postoperative 81. Williams, R.W.: Microlumbar discectomy. A 12 year statistical
spine. Radiol Clin North Am 29: 793, 1991. review. Spine 11: 851-852, 1980.
64. Rothman, S.L. & Glenn, W.V. Jr.: The postoperative spine, Balti- 82. Wilson, D.H.: Microsurgical and standard removal of the pro-
more, University Park Press, 1985. p. 349-383. truded lumbar disc: a comparative study. Neurosurgery 8: 422-427,
65. Saal, J.A., Saal, J.S. & Herzog, R.J.: The natural history of 1981.
lumbar disc extrusions treated non-operatively. Spine 15: 683-686, 83. Yasuma, T.: Histological development of intervertebral disc
1990. herniation. J Bone Joint Surg [Am] 68: 1066-1072, 1986.