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FRANQUIA

O contrato de franquia empresarial, franchising em origem inglesa, pois


advém do âmbito empresarial originário nos Estados Unidos da América, sendo
amplamente difundido especificamente após o fim da Segunda Guerra Mundial,
como uma maneira de multiplicar economicamente e popularmente aquelas
empresas que já haviam se firmado no mercado e os quais seus produtos eram
os principais alvos dos consumidores, estando estas empresas nos topos das
listas de vendas, se traduzindo em uma grande ferramenta de expansão
mercadológica.

Em nosso ordenamento jurídico brasileiro, está positivado na Lei


8.9555/94 e seu conceito é expresso no artigo 2º e possui a seguinte grafia:
“Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao
franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de
distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.”

Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de


sistema de franquia empresarial, deverá, obrigatoriamente, fornecer ao
interessado em se tornar franqueado, uma Circular de Oferta de Franquia,
em linguagem clara e acessível, a qual deverá conter diversas informações
previstas em lei, dentre as quais o histórico resumido, forma societária e
nome completo ou razão social do franqueador e de todas as empresas a
que esteja diretamente ligado, nomes de fantasia e endereços, descrição
detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão
desempenhadas pelo franqueado, perfil do "franqueado ideal" no que se
refere à experiência anterior, nível de escolaridade e outras características
que deve ter, obrigatória ou preferencialmente e dados quanto ao
investimento necessário e remuneração.
Havendo decisão pela assinatura do contrato, poderá este ser
formalizado por instrumento particular, sendo imprescindível a assinatura de
duas testemunhas para que tenha validade. Seguindo a teoria geral dos
contratos, o contrato de franquia poderá findar por decurso de prazo, acordo
entre as partes e resolução por conta de descumprimento da avença por uma
das partes.

Ilustres doutrinadores brasileiros se posicionam de maneira pacífica


sobre o franchising. Podemos citar para exemplificar o grande civilista
Orlando Gomes que conceitua este contrato mercantil como “operação pela
qual um empresário concede a outro o direito de usar a marca de um produto
seu com assistência técnica para sua comercialização, recebendo, em troca,
determinada remuneração. É um contrato que se aproxima da concessão
exclusiva, da distribuição, do fornecimento de prestação de
serviços”.(Contratos, 8ªed., 1981, pg.567, nº 393). Conforme ficou expresso
do ponto de vista doutrinário, além dos elementos objetivos da definição legal
há acréscimos de expressões que demonstram elementos subjetivos das
partes contratantes, como a estrita colaboração, parceria entre franqueado e
franqueador, agregação à concessão de um conjunto de métodos, meios de
venda, distribuição de bens e prestação de serviços com assistência técnica e
administrativa.

O contrato de franquia possui características peculiares e singulares. É


um contrato típico, uma vez que está regulado pela Lei 8.955/94; Formal, pois
deve ser sempre escrito e assinado na presença de duas testemunhas,
conforme estabelece o art. 6º da Lei de Franquia; Bilateral ou Sinalagmático,
pois gera obrigações recíprocas; Oneroso por essência, uma vez que se trata
de contrato empresarial; Aleatório, pois o resultado não pode ser previsto com
certeza; De execução continuada, pois se prolonga no tempo; Intiuitu
personae, uma vez que é celebrado em função da pessoa contratada- embora
haja divergência doutrinária; Individual, já que vincula apenas as partes
contratantes, franqueador e franqueado; Em tese, negociável, podendo as
partes dirimirem sobre as cláusulas contratuais. De natureza jurídica mista ou
híbrida, pois resulta da combinação de diversos contratos empresariais, como
“compra e venda empresarial”, “licença para exploração de marcas e
patentes”, “mandato mercantil”, “concessão mercantil”, dentre outros.
O contrato de franquia estrutura-se em um sistema, ou seja, um
conjunto de diversos elementos relacionados entre si. São eles: 1) produção
e/ou distribuição de bens e prestação de serviços; 2) colaboração recíproca;
3) preço; 4) cessão de direito de uso de marca ou patente; 5) independência
entre franqueado e franqueador; 6) métodos e assistências técnico
administrativas permanentes; 7) território; 8) exclusividade e 9) semi-
exclusividade quanto aos produtos e à comercialização. Quanto às suas
espécies, as franquias dividem-se em quatro, subdividias de acordo com o
seu tipo de atividade. Assim, podem ser de serviços, de produção, de
distribuição e de indústria: 1) Serviço: quando o modo de prestá-los identifica
o franqueador. 2) Produção: ocorre quando o franqueador fabrica os produtos
e a rede de franqueados os comercializa. 3) Distribuição: o franqueador
terceiriza a produção de suas mercadorias, cabendo a comercialização aos
franqueados. 4) Indústria: ocorre quando o próprio franqueado industrializa o
produto objeto da franquia, sob orientação do franqueador.

Por fim, porém não menos importante, vamos explicitar sobre a função
social do contrato. O contrato de franquia cumpre uma função social
aristocrata, pelo fato de ser uma entidade jurídica competente a conciliar
interesses e necessidades da sociedade em geral e de ser uma caução ao
equilíbrio de direitos e obrigações, pois dispensa prévia experiência, bastando
ao franqueado seguir as orientações do franqueador, além da facilidade de
lidar com marcas e produtos consagrados, o que dispensa luta para conquista
de mercado. Apesar da função social ser de extrema importância, não
podemos deixar de frisar também a função econômica do contrato em
comento. A função econômica tanto ocorre pela vantagem de o franqueador
ampliar a rede sem a necessidade de abrir filiais, quanto pela vantagem de o
franqueado ingressar no mercado baseada em imagem empresarial já
conhecida, quanto igualmente pela vantagem de o consumidor ter ampliados
os pontos de venda e por conseguinte mais opções inclusive de preço.

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