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Estratégias de leitura e

produção textual
Renata Ávila Troca
Não é necessário mais que dez
linhas...
A partir de hoje, em todas as aulas, vocês me tragam um pequeno texto livre. Uma história qualquer
que tenha acontecido no dia a dia. Dez linhas. Não é necessário mais que dez linhas, entenderam? (...)

Assim foi o primeiro dia de aula de dona Furquim. Ela nunca fez questão das coisas muito na ponta da
língua. Gostava de dizer que é bom aprender para a vida. Como se aprende a andar. Foi por causa da
dona Furquim que desse dia em diante passei a rabiscar coisas que aconteciam em minha vida. Enchi
um caderno de redação e depois outro caderno de redação. Isto que estou contanto aqui não passa
de folhas soltas desses cadernos. No passar a limpo, procurei emendar os erros que dona Furquim
havia corrigido. Emendei os erros, mas não modifiquei os fatos.

Lourenço Diaféria.

(GERALDI, 2014, p. 58)

Como a leitura e a escrita te foram apresentadas?


Retomando a aula anterior...
 “(...) o prazer é coisa simples, e é por isso
que o reivindicam ou o desprezam. (...) É
fácil ver que o prazer do texto é
escandaloso: não porque é imoral, mas
porque é atópico.” (BARTHES, 2010, p.
30)

Ao discutir os gêneros discursivos, entendemos que a tipologia textual não


necessariamente é engessada. E que, sim, é possível haver prazer no texto.
Prova Concurso Público - Prefeitura Municipal de
Pelotas – Professor de Língua Portuguesa
2019
Com questões básicas que não exploram um texto mais a fundo, que tipo de
professor está se colocando em sala de aula?
Índice de redações ENEM com
Zero 2018

112.559

Por que é tão difícil entender o enunciado ou mesmo defender um ponto de


vista acerca de um assunto social?
O texto pode, se tiver gana, investir contra as
estruturas canônicas da própria língua. (Barthes,
2010) • Total desconhecimento por parte dos professores do que seja
efetivamente leitura e dos processos sociocognitivos envolvidos
(Matta, 2014,p.68);
• A leitura pode funcionar como instrumento de informação, mas
conhecimento não é simplesmente coleta de informações. O
Conhecimento só é construído se o sujeito, num determinado
contexto histórico, utiliza seus sistemas de referência e
interpretação, para manipular e dar sentido às informações.
• (...) a leitura tem sido instrumento de dominação, já que as
classes dominantes sempre utilizaram a escrita em seu serviço.
(...)
• Acaba-se confundindo o prazer estético da literatura como suas
narrativas ficcionais, com os seus textos poéticos e com o ato de
ler como um todo.(s (Matta, 2014,p.73)
• A leitura revela-se uma exigência para a produção e acesso o
conhecimento, tão importantes hoje para o mundo do trabalho e
para a participação social e exercício da cidadania.(s (Matta,
2014,p. 70)
“A impossibilidade de viver fora do
texto infinito.” (Barthes, 2010)
• “É muito mais importante saber ler do que escrever.”
(Cagliari, 2004, p.148) (...) (p.77)
• Se a leitura é um ato de negociação de sentidos, as
aulas de leitura devem ser polemizadas, discutidas,
interativas, para levar o aluno a ampliar a sua
capacidade de discutir, criticar, argumentar e defender
os seus pontos de vista – elementos, alias,
indispensáveis ao pleno convívio na sociedade. (p.78)
• É nesse ponto que se podem diferenciar aspectos
envolvidos no ato de ler e observar a diferença entre
ler e interpretar. (p.79)
• Três etapas: de planejamento, execução e revisão
(p.108)

Estratégias para qualificar a leitura e produção textual


“Português não é só saber gramática,
tem que saber se expressar...”
“Não é só interpretar texto, ler,
ler... Escrever...”
 As atividades de escrita propostas nas
aulas de LP possibilitam que o aluno
refine as operações que realiza no
tocante à linguagem (pré-requisitos para
escrever?) ou não produzem efeitos na
relação do sujeito com a escrita?
(RIOLFI, 2008, p 113)
 O exercício de redação, na escola, tem sido um
martírio não só para os alunos, mas também para
os professores. Os temas propostos têm se
repetido de ano para ano, e o aluno que for
suficientemente vivo perceberá isso. Se quiser,
poderá guardar redações feitas no sexto ano para
novamente entregá-las ao professor do sétimo ano,
na época oportuna: no início do ano, o título
infalível “Minhas férias”; em maio, “O dia das mães”;
em junho, “São João”; em setembro, “Minha Pátria”;
e assim por diante... Tais temas, além de insípidos,
são repetidos todos os anos, de tal modo que uma
criança do sétimo ano passa a pensar que só se
escreve sobre essas coisas. (GERALDI, 2014, p. 64)
GERALDI, 2014, p. 73
 O momento nacional é de luta, de renovação
e incita à mudança, a favor de uma
participação cada vez maior de toda a
população e de um exercício cada vez mais
pleno da cidadania. O professor não pode
ausentar-se desse momento nem, tampouco,
estar nele de modo superficial. O ensino de
LP também não pode afastar-se desses
propósitos cívicos de tornar as pessoas cada
vez mais críticas, mais participativas e
atuantes, política e socialmente. (ANTUNES,
2003, p.15)
BNCC e suas competências
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns
que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades,
sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários

Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#introducao. Acesso


em 18 de novembro de 2019.
Base Nacional Currículo Comum:
Leitura e Produção Textual
Referências
 ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São
Paulo; Parábola Editorial, 2003.
 BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2010.
 GERALDI, João Wanderley (org). O texto na sala de aula. São Paulo:
Anglo, 2012.
• MATTA, Sozângela Schemim da. Português: linguagem e interação.
Curitiba: Bolsa Nacional do Livro LTDA, 2009.
• Movimento pela Base Nacional Comum. Língua Portuguesa no
Novo Ensino Médio. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=S1bx8t_xQXw. Acesso em 14 de
novembro de 2019.
• PASSARELLI, Lílian Maria Ghiuro. Ensino e correção na produção
de textos escolares. São Paulo: Telos, 2012.
• RIOLFI, Claudia (org). Ensino de Língua Portuguesa. São Paulo:
Cengage Learning, 2014
• TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta
para o ensino de gramática. 14ª ed. São Paulo: Coztez, 2009.

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