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EIXO II
Os espaços e materiais a serviço do
desenvolvimento da linguagem infantil
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No caso dos bebês, a professora é peça fundamental para ajudar na comunicação (observando
e interpretando seus sinais, verbalizando gestos, apresentando palavras e expressões, oferecendo
alternativas, etc.).
Alguns motivos têm relação específica com o trabalho docente e aqui vale
lembrar o que diz Solé (1998) - “o interesse também se cria, se suscita e se
educa e em diversas ocasiões ele depende do entusiasmo e da apresentação
que o professor faz de uma determinada leitura e das possibilidades que seja
capaz de explorar”4 - mas, outros nos levam a considerar questões que estão
além deste campo.
Dadas as imensas desigualdades sociais, econômicas e culturais de nosso
país, cabe considerar que muitas crianças chegam à escola sem ter vivido a
experiência de escutar leituras em voz alta.
Além disso, nas escolas, as práticas de ler para os alunos desde bebês e de
favorecer o livre manuseio dos livros por crianças de todas as faixas etárias é
relativamente recente. Assim, uma primeira questão a se pensar diz respeito às
oportunidades oferecidas anteriormente para as turmas de 2 anos da escola Y.
Uma criança que desde a mais tenra idade teve a oportunidade de ouvir his-
tórias e manusear livros tem condições de participar de uma leitura em voz alta
a ela dirigida de modo bastante diferente do que outra criança a quem essas
oportunidades não foram dadas.
No caso da primeira criança, procedimentos leitores (olhar a capa de um livro,
folheá-lo ou escutar atentamente a leitura) parecerão familiares e o fato de ela DIFERENÇAS ENTRE AS
estar em um espaço organizado intencionalmente para a sua aprendizagem CRIANÇAS
lhe oferecerá novos desafios ajustados à sua capacidade de enfrentá-los. No
caso da segunda criança, tudo lhe será novidade e, embora algum grau de in-
teresse até possa ser suscitado, inseguranças frente ao desconhecido têm
probabilidade de vir à tona e desafios podem se transformar em grandes obs-
táculos.
A relação entre escola e família será aprofundada no Eixo III. Mesmo assim,
por agora vale dizer que, como instância pública de socialização cuja função CULTURA LETRADA E
precípua é ensinar, cabe à escola apresentar aos alunos a cultura letrada e tomar ESCOLA
a iniciativa de dar os primeiros passos em direção aos familiares, reconhecendo-os
como importantes mediadores de conhecimento, mesmo que em condições
precárias de escolaridade.
Outras questões a se considerar dizem respeito:
4
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: ArtMed,1998.
5
GATTI, Bernardete. Desafios para a qualidade da educação básica. In: Justiça pela qualidade na
Educação. São Paulo: Saraiva, 2013.
Identificar cada um dos aspectos que fazem a hora do almoço desta escola
ser um momento tranquilo e prazeroso é muito diferente de passar pela cena e
ficar com impressões gerais (as crianças se comportam bem, por exemplo). Mas
para que identificá-los se tudo vai bem?
Em primeiro lugar, para valorizar o trabalho de todos os envolvidos e, em
segundo, para aprender com um bom modelo e transferir essa aprendizagem
para outras escolas em situação diferente.
Em síntese: quando o acompanhamento da situação dos espaços e dos
materiais escolares tem foco específico e engloba um conjunto de questões
previamente planejadas, boas condições se instauram para o reconhecimento
de problemas, busca de soluções conjuntas, comemoração de conquistas, etc.
Comunidade Educativa CEDAC. O que revela o espaço escolar? Um livro para direto-
res de escola. São Paulo: Moderna, 2013.
VÍDEO
“Visita à creche inspirada em Reggio Emilia”, disponível em: <www.youtube.com/
watch?v=Z2CTr-5Bnsc>. Acesso em: 13 fev. 2018.