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Medicina

Tropical
Apresentação da disciplina e
métodos de avaliação.
Introdução: História, bases e
conceitos em Epidemiologia.

Prof. Dr. Walmirton Bezerra D’Alessandro

Gurupi, TO 2017
Apresentação da disciplina e métodos
de avaliação.
I – DADOS GERAIS:
1.Curso: MEDICINA
2.Disciplina: EPIDEMIOLOGIA
3.Período letivo: 2017-1
4.Número de créditos: 03
5.Carga Horária: 45 Horas/aula
6.Docente: Walmirton Bezerra D’Alessandro
IV – OBJETIVO:

O objetivo desta disciplina é


introduzir os fundamentos teóricos e
técnicos do conhecimento epidemiológico
atribuídos no universo médico.
Avaliação Valor Total

Prova teórica (P1) 7,0

Lista de exercícios(P1) 3,0

Prova teórica (P2) 5,0 10,0


Seminário (P2) 5,0
VIII – BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
•ALMEIDA FILHO N.; Rouquayrol M.Z. Introdução à Epidemiologia. 4ed revisada e apliada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2006.
•ARANGO, Héctor Gustavo. Bioestatística Teórica e computacional com bancos de dados reais em disco. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2001.
•BEAGLEHOLE R.; BONITA R.; KJELLSTRÖM. Epidemiologia Básica. 2ed. São Paulo: Santos, 2007.
•COSTA, Ediná Alves. Vigilância sanitária: proteção e defesa da saúde. Rio de Janeiro: Hucitec, 1999.
•FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W. Epidemiologia Clínica: Elementos essenciais. Porto Alegre: Artmed, 2006.
•FLETCHER, R. H.; FLETCHER, S. W.; WAGNER, E. H. Epidemiologia Clínica: bases científicas da conduta médica. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1996.
•GORDIS Epidemiologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.
•HAYNES, R.B.; SACKETT D.L.; GUYATT G.H.; SACKETT D.L.; TUGWELL P. Epidemiologia Clínica: Como realizar pesquisa clínica
na prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
•MEDRONHO, R.A.; BLOCH, KV.; LUIZ, R.R.; WERNECK, G.L. Epidemiologia. 2 ed.- Editora Atheneu, 2009.
•MENEZES, Corrêa da Silva Epidemiologia das doenças respiratórias. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
•MORROW, R. H.; VAUGHAN, J. P. Epidemiologia para os municípios. Rio de Janeiro: Hucitec, 2002.
PEREIRA, Mauricio Gomes Epidemiologia – teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1995.
História
Na Grécia Antiga os gregos cultuavam Asclépios como deus da
medicina.
Asclépios é representado segurando um bastão com uma serpente
enrolada, que atualmente representa o símbolo da profissão médica e
da farmácia;
Asclépio crescia e aprendia as artes da caça e da cura com o centauro. Tornou-se
mestre nesta última, tendo um talento natural herdado do pai, o médico dos deuses,
acabando por inventar a medicina e curando imensos males. Com o avançar do seu
conhecimento sobre o corpo humano e a medicina, recebeu de Atena um frasco com
sangue da Górgona que podia usar para curar ou para matar os homens.
Asclépio tornou-se perigosamente grande – o príncipe

começou a ressuscitar os mortos e, temendo que este

conhecimento passasse para os homens, Zeus fulminou-o

com um relâmpago enviando-o para o Hades de onde ele

tinha tirado tantas almas.

Hades: Deus do mundo inferior dos mortos


História
Higéia
Duas filhas: Panacéia (remédio para cura de todos os males
(medicina individual) Higéia medicina coletiva (era a deusa da
saúde, limpeza e sanidade);
Epidemiologia no Brasil
Originou-se da medicina Tropical e dos naturalistas que, de forma sistemática

descreveram a ocorrência de diversas doenças infecciosas, seus vetores e

agentes;

Em 1903 o Presidente da República nomeou Oswaldo Cruz para diretoria geral

de saúde pública, com o objetivo de combater as principais epidemias que

assolavam a cidade: Febre amarela, peste bubônica e varíola.

Oswaldo Cruz

Presidente da República: Rodrigo Alves


Epidemiologia no Brasil
Em 1905 Carlos Chagas consegui controlar o surto de malária, tornando-se

referência de combate desta doença.

Em 1909 descobriu o protozoário causador da tripanossomíase americana,

denominado por ele de Trypanosoma cruzi em homenagem a Oswaldo Cruz.

Carlos Chagas
Conceito
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades
humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes
das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde
coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle,
ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam
de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações
de saúde.” (Rouquayrol e Goldbaum, 1999).

Epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de doenças


ou enfermidades, assim como a de seus determinantes na
população humana. Estes determinantes são conhecidos em
epidemiologia como fatores de risco. Além de enfermidades, as
características fisiológicas (hipertensão arterial, nível sanguíneo
de glicose) e as doenças sociais (a violência urbana, os acidentes
de trânsito) são consideradas como objeto de estudo da
epidemiologia (Neves 2011).
1. O objetivo principal da epidemiologia é a promoção da saúde através da prevenção
de doenças, em grupos populacionais.
2. Estes grupos populacionais podem ser:
3. Habitantes de uma área geográfica definida (município, estado, país),
4. Indivíduos de uma determinada faixa etária,
5. Trabalhadores de uma determinada profissão, ou seja, as pessoas que foram ou
estão expostas a um ou mais fatores de risco específicos.
OBS: Diferentemente da clínica, que tem como objeto de atenção o indivíduo doente, a
epidemiologia estuda o estado de saúde de uma população. As diferenças de
abordagem entre a medicina clínica e a epidemiologia são apresentadas na Tabela
3.1.
PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA

1. Diagnóstico da situação de saúde


2. Planejamento e organização dos serviços
3. Avaliação das tecnologias, programas ou serviços
4. Aprimoramento na descrição do quadro clínico das doenças
5. Identificação de síndromes e classificação de doenças
6. Investigação etiológica
7. Determinação de riscos
8. Determinação de prognósticos
9. Verificação do valor de procedimentos diagnósticos
10. Análise crítica de trabalhos científicos
As principais perguntas que a epidemiologia procura responder com relação a
distribuição de doenças em uma população são:
Por que certas pessoas adoecem e outras não?
Por que algumas doenças só ocorrem em determinadas áreas
geográficas?
Por que a ocorrência de determinada doença varia com o tempo?
Ao responder a estas perguntas, está implícito que a premissa
básica e fundamental em epidemiologia é a de que as doenças não
se distribuem ao acaso ou de uma forma aleatória na população,
mas existem fatores de risco que determinam esta distribuição.

Febre Maculosa

MALÁRIA
Doença de Chagas
Para entender e explicar as diferenças observadas no
aparecimento e na manutenção de uma enfermidade na
população humana, o raciocínio epidemiológico se direciona
primeiramente a descrever e a comparar a distribuição das
doenças com relação a pessoa, ao lugar e ao tempo.
Com relação a pessoa, a pergunta a ser formulada é:

1.Quem adoece e por que adoece?

O objetivo é identificar quais, como e por que as características das pessoas enfermas
diferem das pessoas não-enfermas. As características pessoais estudadas são as
demográficas (sexo, idade, grupo étnico etc.), as biológicas (níveis de anticorpos,
hormônios, pressão sanguínea etc.), as sociais e econômicas (nível socioeconômico,
escolaridade, ocupação etc.), as pessoais (dieta, exercícios físicos, uso de álcool, uso
de fumo ' ' . etc.) e genéticas (grupos sanguíneos, fator RH, tipo de hemoglobina etc.).
2. No que se refere ao lugar, a pergunta a ser respondida é: Onde a doença
ocorre, e por que ocorre naquele lugar?

O objetivo é determinar por que, em um área geográfica, uma enfermidade ou um


grupo de enfermidades ocorre com maior freqüência quando comparada com
outras áreas geográficas.
3. Com relação ao tempo, pergunta-se: Quando a doença ocorre e por que apresenta
variações em sua ocorrência?

Com relação ao tempo, o interesse maior é determinar se ocorreram mudanças


(aumento ou decréscimo) na frequência de determinada doença através do tempo, bem
como compreender os mecanismos desta variação.
As informações obtidas em estudos epidemiológicos são utilizadas, juntamente
com as informações obtidas de outras áreas do conhecimento, como medicina,
biologia, genética, parasitologia, sociologia, demografia e bioestatística, com os
seguintes objetivos:

Identificar a etiologia ou a causa das enfermidades: Procurar compreender e


explicar a patogênese das doenças, incluindo sua forma de transmissão. A identificação
dos fatores de risco ou causais de uma doença permite o desenvolvimento de
programas de prevenção.
Estudar a história natural das enfermidades: Entender o curso ou sequência das
diversas etapas do desenvolvimento de uma doença através do tempo.

Câncer : genética, alimentação e etc.


Descrever o estado de saúde das populações: Investigar a extensão das doenças
nas populações através de medidas de morbidade e mortalidade. Estas medidas podem
ser expressas em números absolutos, em proporções ou taxas.
Avaliar as intervenções ou programas de saúde: Investigar se ocorreram mudanças
nos indicadores de saúde da população em decorrência do emprego de intervenções ou
programas.
TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS

O agente é o fator cuja presença é essencial para ocorrência da doença; o


hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente, e o meio
ambiente é o conjunto de fatores que interagem com o agente e o meio ambiente.
Os vetores de doenças, como os mosquitos, os carrapatos, entre outros, são
frequentemente envolvidos neste processo.
A classificação dos agentes de doenças é
apresentada abaixo:
Para que a interação aconteça é necessário que o hospedeiro seja susceptível.
Fatores de suscetibilidade humana são determinados por uma variedade de
fatores, incluindo os biológicos, genéticos, nutricionais e imunológicos.

Imunidade inata
- Fatores do hospedeiro podem influenciar a susceptibilidade à
malária.
S C
Impede
s interação de
e merozoítos

K D Merozoíto

M N Duffy (FyFy)
Hemácia
O meio ambiente, conjunto de fatores que mantêm relações interativas entre o
homem e o agente etiológico, pode ser classificado: em biológico, social e físico:

Meio ambiente

Biológico Social Físico


Meio ambiente biológico: inclui reservatórios de infecção, vetores (moscas,
mosquitos, triatomíneos) que transmitem as doenças.
Meio ambiente social: é definido em termos da organização política e econômica
e da inserção do indivíduo dentro da sociedade.

Favela da Rocinha
Meio ambiente fisico: inclui situação geográfica, recursos hídricos, poluentes
químicos, agentes físicos e ambientais, que são os seus componentes.
Temperatura, umidade e pluviosidade são variáveis climáticas que mais de perto
se relacionam com as doenças.
As interações observadas para doenças infecciosas também são observadas para
as doenças não-infecciosas. Embora algumas doença sejam de origem genética,
o aparecimento destas doenças é também resultante da interação genética e dos
fatores ambientais.
CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS DE DOENÇAS

Formas de disseminação

Veículo Comum

O agente etiológico pode ser transferido por fonte única, como a água, os alimentos, o
ar. As infecções alimentares e a cólera (transmissão pela água) são exemplos de
doenças transmitidas por veículo comum

Propagação de Pessoa a Pessoa

O agente é disseminado através de contato entre indivíduos infectados e suscetíveis,


por via respiratória (sarampo), oral, genital (HIV) ou por vetores (leishmaniose, malária,
doença de Chagas).
Porta de Entrada no Hospedeiro Humano

Trato respiratório (tuberculose), gastrintestinal (cólera), geniturinário (HIV), cutâneo


(leishmaniose, doença de Chagas).

Reservatórios dos Agentes

Quando o homem é o único reservatório dos agentes a doença é classificada como


uma antroponose (sarampo, filariose bancroftiana); quando o homem e outros
vertebrados são reservatórios, a doença é classificada como uma zoonose
(leishmaniose, doença de Chagas).
Período de incubação: intervalo entre a exposição ao agente (contato) e o
aparecimento da enfermidade.

As doenças infecciosas apresentam período de incubação específico, que


depende diretamente da taxa de crescimento do agente infeccioso no organismo
do hospedeiro , dose do agente infeccioso, o grau de resposta imune do
hospedeiro.

Este mesmo conceito é aplicável às doenças não-infecciosas.


Em muitas doenças, a proporção de indivíduos infectados sem sinais ou
sintomas clínicos (doença subclínica) pode ser bem maior do que a proporção de
indivíduos que apresentam sintomas clínicos (doença clínica). Por não
apresentarem manifestações definidas, estas infecções não são de início
clinicamente diagnosticáveis. Entretanto, as infecções sem sintomas clínicos são
importantes do ponto de vista epidemiológico e, dependendo da doença, esta
fase pode ser de alta transmissibilidade.
Este modelo apresenta a relação existente entre o número de indivíduos
infectados, sem e com sintomas clínicos. A doença subclínica ou inaparente pode
incluir:
(1) doença pré-clínica: inicialmente não é detectável através de sintomas clínicos,
no entanto, progride para a forma clínica;
(2) doença subclínica: permanece em forma subclínica, sendo detectável através
de exames sorológicos (anticorpos);
(3) doença latente: infecções em que o agente permanece em forma latente, não
se multiplica.
DINÂMICA DA DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS
NA POPULAÇÃO

As doenças se distribuem nas populações em períodos epidêmicos, em períodos inter-


epidêmicos ou esporádicos e endêmicos.

Endemia

É definida como a presença constante de uma doença em uma população de


determinada área geográfica; pode também referir-se a prevalência usual de uma
doença em um grupo populacional ou em uma área geográfica. As doenças
parasitárias, em sua grande maioria, se manifestam como endemias, no Brasil e no
mundo.
Epidemia

É conceituada como a ocorrência de uma doença em uma população, que se


caracteriza por uma elevação progressiva, inesperada e descontrolada, ultrapassando
os valores endêmicos ou esperados. Algumas doenças endêmicas podem,
eventualmente, se manifestar em surtos epidêmicos.

Pandemias

São as epidemias que ocorrem ao mesmo tempo em vários países. A peste bubônica,
na Idade Média, e a gripe espanhola, no início do século XX, são exemplos de
pandemias que ocorreram na humanidade. Atualmente, a AIDS, por ser epidêmica em
vários países, é considerada pela Organização Mundial da Saúde uma pandemia.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

São classificados em dois grupos principais: os estudos de observação e os


experimentais.

Estudos de observação

Estudos em que o investigador observa e analisa a ocorrência de enfermidades

em grupos da população humana. Os grupos a serem estudados podem ser

selecionados como doente e não-doentes ou expostos e não-expostos a um

determinado fator de risco.


Estudos experimentais

Estudos em que o investigador exerce um controle sobre os grupos

populacionais (experimental e controle) que estão sendo estudados, decidindo

quais serão expostos a uma possível medida preventiva ou terapêutica ou o fator

de risco. Os testes de vacinas e drogas realizados em populações humanas que

utilizam o delineamento experimental são conhecidos como ensaios clínicos.


Lista de exercício 01

1. O que você espera da disciplina de epidemiologia médica?

2. Explique a tríade epidemiológica da doença.

3. Conceitue Endemia, Epidemia e Pandemia.

4. Faça um gráfico representativo de endemia e epidemia.

5. O que vem a ser estudo de observação e estudo experimental?

Fim!
Obrigado!

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