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TELEOLOGIA
O termo teleologia provém de dois termos gregos, telos (fim, meta, propósito)
e logos (razão, explicação), ou seja, uma explicação ou razão de algo em função de seus
fins‟ ou explicação que se serve de propósitos ou de fins‟ (VILLA, 2000, p. 723).
Entender um acontecimento ou processo como sendo teleológico, implica
(1) admitir que o respectivo objeto de estudo não é aleatório ou, então, que a forma
atual da totalidade ou estrutura em que se insere tal objeto não é o resultado de
processos e acontecimentos aleatórios; (2) a existência de uma meta, fim ou propósito que
constitui sua razão, explicação ou sentido e que pode ser;
(2-a) imanentista, cuja finalidade é admitida no âmago ou essência de cada ser ou
conjunto de seres; (2-b) transcendente ao ser da totalidade, como uma razão por detrás do
mundo (VILLA, 2000, p.723-725).
Aristó
teles ampliou sua teoria sobre as quatro causas para explicar todos os
fenômenos naturais e a própria natureza. Para ele, a causa final, ou seja,
a explicação teleológica (de telos = fim, objetivo) era a mais importante delas, pois
tudo no mundo acontece para preencher uma necessidade. Segue que a natureza é
perfeita, já que tudo nela tem uma causa final, uma razão, uma explicação. Daí a idéia
aristotélica de que “a natureza não faz nada em vão”. (Sérgio Pena 2006)
A partir das explicações teleológicas Aristóteles moldou o pensamento dos
indivíduos, no sentido de que os fins explicam os meios e não o contrário,
entre as várias explicações teleológicas da época estão; as relacionadas
às mãos: “Diversos filósofos haviam discutido a razão de possuirmos mãos
tão especiais, Aristóteles dizia que a natureza nos dotara de mãos para
que exercitássemos nossa inteligência. Para este filósofo a razão pela qual o pé da
galinha, o do pato e o do gavião ser parecidos, mas profundamente diferentes,
era, pois o pé do pato tinha a finalidade de impulsionar o animal na água; o
da galinha, na terra; e o do gavião tinha a finalidade de agarrar alimento.”
(Nélio Bizzo)
Essa pseudo visão das pessoas de que a natureza é organizada e que tudo e todos
os seres que a constitui estão em constante harmonia e extremamente
bem adaptados, juntamente com as concepções teleológicas de Aristóteles
a capacidade da mente humana em relacionar causas e efeitos, e a visão
de mundo teológico cristã, ganharam força, permanecendo e findando cada vez
mais, ignorando totalmente a casualidade dos processos e relações.
Essa visão teológica cristã da época encontrou na concepção teleológica de Aristóteles
uma compatibilidade, que o mundo alcançaria a perfeição arquitetada por Deus.
O fato é que muitos pesquisadores ainda hoje estão em uma procura incessante
pela finalidade de todos os seres, estruturas, processos, de tudo presente ao nosso redor,
levando ao desenvolvimento de conhecimentos com erros absurdos.
“Nessa época a filosofia e a ciência estavam subordinadas, acima de
tudo a fé.” (Vasconcelos 2011). A Biologia aristotélica tem muito de descritivo e,
por isso, resistiu ao tempo, mas seu recurso ao finalismo e sua aversão a outros
fatores casuais colidem frontalmente com a compreensão moderna. (Nélio Bizzo)
“Entretanto, as explicações teleológicas esbarram em problemas óbvios e graves.
Basta lembrar que causas finais não são propriedades intrínsecas da natureza, mas sim
projeções da mente humana tentando fazer sentido da experiência empírica.”
(Sérgio Pena 2006). Aristóteles em todos os seus estudos, pesquisas e teorias não
apresentavam fundamentos experimentais e práticos, eram estudos, pesquisas e
teorias guiadas por projeções de sua mente. No entanto, com a chegada do século
XVI Galileu Galileu começa a questionar as concepções teleológicas de Aristóteles.
“Galileu procurou subordinar suas crenças ao resultado de ensaios sobre os quais
não pretendia interferir. Esse método era, de fato, revolucionário, e
demonstrou ser extremamente eficiente para criar conhecimento novo, capaz de resolver
problemas concretos com eficácia.” (Nélio Bizzo).
Galileu discordou de várias afirmações feitas por Aristóteles e para
comprova que as afirmações desse filósofo eram falhas Galileu utilizou-se de
experiências, ele procurou resolver questões propondo repostas, mas não baseadas
na teleologia ou teologia e sim voltadas para experimentação e linguagem
matemática. Galileu deu inicio ao um novo conhecimento, e como tudo que é
novo assusta, pela falta de entendimento, esse novo conhecimento trouxe grande
resistência por parte da igreja. Essa por sua vez, questionava se tal filosofia era
contra os dogmas cristãos. Por muito tempo Galileu permaneceu em silêncio com
receio de ser morto por divulgar suas idéias. As idéias desse filósofo retornam
anos depois com os movimentos protestantes, dando inicio a ciência moderna. Para
Descartes, à ciência só restaria a causa eficiente (modelos de explicação estritamente de
causa e efeito), enquanto o questionamento da causa final, tanto de cada ser quanto do
universo em seu todo, seria relegado aos teólogos. Ademais, atribuir vontade e finalidade à
matéria seria conceber, ao material, atributos que são específicos da subjetividade (alma), o
que não se adequaria ao método científico. O
século XVIII é marcado pela chegada das idéias de Charles Darwin e com ele a
diluição dos pensamentos Aristotélicos, essa diluição ocorre devido a idéia de
Darwin sobre a origem, evolução e adaptação das espécies, essas idéias apresentaram
o fim da afirmação de que tudo o que existe tem uma finalidade, um fim ou um
propósito de ser ou de existir. “Segundo Darwin a origem das espécies era devida a
uma combinação de circunstâncias, mas não era resultado de um propósito,
de uma finalidade. Em suma, o finalismo, a teleologia, deixava o campo cientifico e
passava a ser útil apenas na teologia, quadro que permanece inalterado até
nossos dias”. (Nélio Bizzo) As idéias de Darwin são opostas as finalidades
impostas em simples processos biológicos, são opostas a inserção de sentimentos,
vontades e consciências a uma planta, por exemplo, a partir de suas idéias ele
então publicou seu livro A origem das espécies. O livro obteve várias críticas.
Na Autobiografia Darwin se diferencia de modo mais radical daqueles que acreditavam
existir na natureza um desígnio:
“O antigo argumento do plano [design] da natureza, tal como exposto por Paley,
e que antes me parecia tão conclusivo, cai por terra, agora que a lei da
seleção natural foi descoberta. Já não podemos argumentar, por
exemplo, que a bela charneira [hinge] de uma concha bivalve
deve ter sido feita por um ser inteligente, como a charneira
de uma porta foi feita pelo homem. Parece haver tão
pouco planejamento na variabilidade dos seres
orgânicos e na ação da seleção natural quanto
na direção em que sopra o vento. Tudo na
natureza é resultado de leis fixas”.11
Com esse posicionamento Darwin rompe a relação dos processos naturais com o
finalismo, ele argumenta através de um simples e eficaz exemplo entre a charneira
de uma concha bivalve e a charneira de uma porta que ambas não poderiam ter
sido feitas por um ser inteligente, mas apenas a charneira de uma porta, pois
essa sim foi construída para uma finalidade. No entanto a charneira de uma
concha bivalve não teve nenhuma intenção ou finalidade para o seu surgimento
é apenas uma estrutura resultante de um longo e continuo processo de seleção
natural. “Ao recusar as teses finalistas de sua época, Darwin nos mostra a
natureza como um processo histórico se fazendo, que passa agora a demandar
um a preocupação genealógica para o entendimento das diferentes espécies.
“Nossas classificações hão de se transformar em genealogias”, nosso autor afirma de modo
muito sugestivo ao final de “A origem das espécies”. (Maurício Vieira Martins 2010)
Objetivo Geral:
Objetivos Especificos:
- Determinar quais pronomes e expressões presentes nos exercícios e explicações dos livros
didáticos que resultam na formulação de respostas e explicações finalistas pelos alunos;
(EXEMPLOS:Como, Por que, “função de”, “o papel de”, “serve como”, “serve para”, “com o
objetivo de”, “com propósito de” entre outros.) Só para te mostrar oq eu quis dizer
- Determinar um processo biológico em comum nas quatro coleções de livro didático que
apresente atribuição finalista; OU (Determinar se os conceitos de osmose e evolução são
apresentados com atribuições finalistas)
http://pt.scribd.com/doc/7182651/Bachelard-Gaston-A-Formacao-Do-Espirito-Cientifico
Os Livros Didáticos: