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ACÓRDÃO
nos artigos 107, IV, 109, VI, 110, § 1 o , e 117, IV, do Código Penal, a
RALDO XAVIER
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação 238.705.3/0
Apelante(s): Sérgio Von Helde Luiz
Ministério Público
Apelado(a)(s): Ministério Público
Sérgio Von Helde Luiz
Comarca: São Paulo
Voto: 2.952
Condenado a 2 anos de
reclusão, por prática do delito do artigo 20 da Lei 7.716/89,
bem como a 1 mês e 10 dias de detenção, por cometimento
do crime do artigo 208, parágrafo único, do Código Penal,
tempestivamente apela Sérgio Von Helde Luiz: com relação
ao segundo ilícito requer conversão do julgamento em
diligência para aplicação do disposto no artigo 89 da Lei
9.099/95, alega cerceamento de defesa porque a denúncia
não esclarece em qual dos três núcleos do artigo 20 da Lei
7.716 se enquadram as condutas nela descritas, aduz não
caracterizadas as infrações, pondera débeis as provas,
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Recebidos e processados, os
recursos foram contrariados; a douta Procuradoria-Geral de
Justiça é pela rejeição das preliminares e, quanto ao mérito,
pelo improvimento do reclamo do acusado e pelo parcial
provimento do interposto pelo Ministério Público, a fim de
que se aumentem as penas.
Inexistiu cerceamento de
defesa por ter a denúncia atribuído a Sérgio as condutas
previstas nos três núcleos do tipo do artigo 20 da Lei 7.716.
A prática de discriminação ou
preconceito não é incompatível com o induzimento ou a
incitação a tanto. Quem pratica também pode induzir ou
incitar.
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Com efeito.
As atitudes e as palavras de
Sérgio extrapolam os limites da crítica e da pregação
religiosa, resvalam na aversão a outros credos, no ânimo de
atingir a dignidade de seus membros.
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Os comentários e as atitudes de
Sérgio são potencialmente capazes de induzir e incitar os
espectadores a sentimentos discriminatórios e
preconceituosos em relação a católicos, a espíritas e a
adeptos de seitas afro-brasileiras.
As condutas do réu se
subsumem nos três núcleos do tipo em comento; não só ele
praticou a discriminação e o preconceito de religião, como
ainda induziu e incitou outrem a fazê-lo.
A sanção permaneceu no
mínimo legal e nada justificava seu estabelecimento em
patamar superior, visto como se trata de réu primário, de
bons antecedentes. Desmerece guarida o inconformismo do
Ministério Público.
Deixa-se de efetuar a
substituição a que alude o artigo Io da Lei 9.714/98 porque,
diante da concessão de "sursis", parece ela, à primeira vista,
desfavorável ao réu; este, se for o caso, poderá pleiteá-la ao
juízo das Execuções Criminais.
Geraldo Xavier
Relator