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Fundação Universidade Federal de Rondônia

Núcleo de Ciências Humanas

Curso de Extensão
Etnografia Indígena & Tradução Cultural
Coord. Prof. Dr. Hélio Rodrigues da Rocha

Departamento de Línguas Estrangeiras


Contato: heliorocha@unir.br

Vice-Coord. Dra. Heloísa Helena Siqueira Correia

Departamento de Línguas Vernáculas


Contato: heloisahelenah2@unir.br
• “Antropologia tem como postulado a unidade do
gênero humano, o que não significa que se ocupe do
homem simplesmente” (RIVIÉRE, 2016, p. 11).

* “As sociedades ditas arcaicas ou primitivas, numa


linguagem evolucionista, foram os primeiros objetos
sociais analisados por especialistas, que as
consideravam mais autênticas e mais transparentes
do que as sociedades ditas civilizadas, fossem elas
rurais ou industriais” (RIVIÉRE, 2016, p. 11).
* “A ciência do homem em geral (antropos, em grego)
aplicou-se, em seguida, à interpretação de todas
as diversidades culturais e sociais, pondo em
causa as ideias de progresso contínuo da
humanidade, de supremacia de uma civilização
sobre outra, depois, mais recentemente, propondo
o reordenamento das relações interculturais,
principalmente na época das descolonizações”
(RIVIÉRE, 2016, p. 11).
* “A Antropologia é uma ciência tanto do que é atual
quanto do que é tradicional” (RIVIÉRE, 2016, p.
12).

* “Tal como o saber global do antropólogo vai beber


no saber local do autóctone, que aquele formaliza,
da mesma forma as sociedades locais procuram
cada vez mais conhecer-se a si próprias, graças ao
olhar lançado sobre elas pelo antropólogo”
(RIVIÉRE, 2016, p. 12).
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
 1. O Outro – esta alteridade, inicialmente, foi
concebida como histórica (o primitivo) e como
geográfica (fora da Europa), e esquematizada com
o auxílio de caricaturas verbais: despotismo
oriental, irracionalidade africana, selvageria
indígena...arreigadas desde o século XVI”
(RIVIÉRE, 2016, p. 12).
 “O olhar que se lança sobre o outro implica o
estabelecimento de relações e tem como
consequência um melhor conhecimento de si
mesmo e da sua própria cultura, por comparação”
(RIVIÉRE, 2016, p. 12).
“A distinção entre eu e o outro é proposta apenas
com uma finalidade heurística, quer dizer, de
pesquisa e não para reforçar tipos ideais, muitas
vezes opostos em pares: primitivos/civilizado,
sociedades tradicionais/sociedades racionais,
comunidade/sociedade” (RIVIÉRE, 2016, p. 13).
2. O Etnocentrismo – “atitude que consiste em julgar
as formas morais, religiosas e sociais de outras
comunidades de acordo com as nossas próprias
normas, e, portanto, em considerar as suas
diferenças como uma anomalia” (RIVIÉRE, 2016,
p. 13).
3. A Etnia – define-se geralmente como uma
população (etnos significa povo, em grego), que
adota um etnônimo e que reclama uma mesma
origem, possuindo uma tradição cultural comum,
especificada por uma consciência de pertença a
um grupo, cuja unidade se apoia em geral numa
língua, numa história e num território idênticos”
(RIVIÉRE, 2016, p. 14).
4. Etnologia e antropologia – o fato de a mesma
disciplina se chamar etnografia, etnologia,
antropologia social ou cultural explica-se por
ligeiras diferenças de conteúdo, de objeto, de
método e de orientações teóricas, muitas vezes
próprias das tradições nacionais, embora se
possam também ver nisso momentos sucessivos
do trabalho antropológico.
“A ETNOGRAFIA é a etapa da recolha dos dados,
a ETNOLOGIA a fase das primeiras sínteses, a
ANTROPOLOGIA a fase das generalizações
teóricas, após a comparação” (RIVIÉRE, 2016, p.
11).
Perguntas comuns do antropólogo:

1. Qual é a natureza e a origem dos costumes e das


instituições?

2. De que forma é que o indivíduo vive a sua


cultura?

3. De que significados se revestem, entre grupos


afins, as diferenças sociais e culturais?
TRADUÇÃO CULTURAL

“De acordo com muitos antropólogos sociais, o


objeto da tradução etnográfica não é a fala
historicamente situada (esta seria a tarefa do
folclorista ou do linguista), mas a “cultura”, e, para
traduzir a cultura, o antropólogo precisa primeiro
ler e, então, reinscrever os significados implícitos
que residem aquém/dentro/além da fala situada”
(CLIFFORD, 2016, p. 231).
“A tradução cultural implica na transposição de
conteúdos significativos de uma linguagem para o
terreno de outra linguagem” (FAULHABER, 2008,
p. 16).

“A tradução consiste em uma tentativa de


decifração do sentido através da procura de
aproximações” (TAMBIAH, 1995).
O RELATO ETNOGRÁFICO
O que é um relato etnográfico?
É um registro sistemático de fatos
observados diretamente sobre a cultura de
um determinado povo e em determinado
território, a partir de análises comparativas
das intenções dos sujeitos, suas traduções e
possibilidades de trocas interpessoais”
(FAULHABER, 2008, p. 17)
CULTURA

“Cultura ou civilização, em seu sentido etnográfico


amplo, é esse todo complexo que inclui
conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e
quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos
pelo homem enquanto um membro da sociedade”
(TYLOR, cf. ASAD, 2016, p. 207).
O NOROESTE AMAZÔNICO: NOTAS DE ALGUNS
MESES QUE PASSEI ENTRE TRIBOS CANIBAIS

Publicado em Londres em 1915;


Dedicado a ALFRED RUSSEL WALLACE;
Estudos de dois grupos indígenas: Bora e Uitoto;
Local: entre os rios Japurá (Caquetá) e Içá
(Putumayo), afluentes da margem esquerda do
rio Amazonas;
Quando: 1908-1909
Prefácio de Thomas Whiffen;

Introdução e 19 capítulos;

Introdução:
Objetivo da viagem à Amazônia: ver algo
desconhecido e sem registro;
De Manaus a Iquitos; de lá desce e entra no rio
Içá/Putumayo e chegue a EL Encanto, na foz
do Cara-Paraná;
John Brown – guia e intérprete;
Companhia de Borracha (Peruvian Amazon
Company);
O grupo expedicionário;
La Chorrera;
O destino de Eugene Robuchon;
Algumas reflexões e ‘dicas’ sobre a viagem na
Amazônia;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLIFFORD, James & MARCUS, George E. (Orgs). A escrita da cultura:
poética e política da etnografia. Trad: Maria Cláudia Coelho. Rio de
Janeiro; EDUERJ, 2016.
FAULHABER, Priscila. “Etnografia na Amazônia e Tradução Cultural:
comparando Constant Tastevin e Curt Nimuendaju’. In: Bol. Museu
Pará. Emílio Goeldi. Ciencias Humanas, Belém, v. 3. n. 1, p. 15-29, já-
abr. 2008.
RIVIÉRE, Claude. Introdução à antropologia. Trad. Francisco Espadeiro
Martins. Lisboa: Edições 70 Ltda, 2016.
WHIFFEN, Thomas. The north-west Amazons: notes of some months I
spent among cannibal tribes. New York: Cambridge University Press,
2009.
GOODMAN, Jordan. The devil and Mr. Casement: one man’s battle for
human rights in South America’s heart of darkness. New York: Farrar,
Straus and Giroux, 2010.

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