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FERRAMENTAS

MANUAIS
ÍNDICE

DOCUMENTOS DE ENTRADA

OBJECTIVOS GERAIS .......................................................................................... E.1

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS................................................................................ E.1

PRÉ-REQUISITOS ................................................................................................. E.2

CORPO DO MÓDULO

0 - INTRODUÇÃO........................................................................................... 0.1

1 - FERRAMENTAS MANUAIS ..................................................................... 1.1

1.1 - FERRAMENTAS FIXAS .............................................................................................. 1.1

1.1.1 - CHAVES DE FENDAS..................................................................................... 1.2

1.1.2 - BUSCA-PÓLOS ............................................................................................... 1.4

1.1.3 - CHAVES DE CAIXA ........................................................................................ 1.5

1.1.4 - CHAVES DE CAIXA ARTICULADA DUPLA .................................................... 1.7

1.1.5 - CHAVES DE BOCAS....................................................................................... 1.7

1.1.6 - CHAVES DE LUNETA ..................................................................................... 1.8

1.1.7 - CHAVES MISTAS............................................................................................ 1.9

1.1.8 - CHAVES CRESCENTES................................................................................. 1.9

1.1.9 - CHAVES PARA SEXTAVADO INTERIOR..................................................... 1.10

1.1.10 - CHAVES TUBULARES................................................................................ 1.10

1.1.11 - CHAVES TUBULARES CURVAS................................................................ 1.11

1.1.12 - CHAVES DE VELAS.................................................................................... 1.12

1.1.13 - MARTELOS ................................................................................................. 1.13

1.1.14 - MARTELO DE PLÁSTICO ........................................................................... 1.14

1.1.15 - PUNÇÕES ................................................................................................... 1.14

1.1.16 - TALHADEIRA .............................................................................................. 1.15

1.1.17 - CHAVES PARA FILTROS DE ÓLEO .......................................................... 1.15

1.1.18 - CHAVES PARA BUJÕES DE ÓLEO ........................................................... 1.16


1.2 - FERRAMENTAS ARTICULADAS.............................................................................. 1.16

1.2.1 - ALICATES...................................................................................................... 1.16

1.2.2 - ALICATE DE CORTE .................................................................................... 1.17

1.2.3 - ALICATES DE PRESSÃO ............................................................................ 1.18

1.2.4 - ALICATES PARA FREIOS............................................................................ 1.18

1.2.5 - ALICATES DE REBITAR ............................................................................... 1.19

1.2.6 - ALICATES PARA ANÉIS DE SEGMENTO................................................... 1.19

1.2.7 - NAVALHAS.................................................................................................... 1.20

1.2.8 - TESOURAS ................................................................................................... 1.20

1.3 - FERRAMENTAS COMPLEMENTARES.................................................................... 1.20

1.3.1 - CHAVES DE IMPACTO................................................................................ 1.20

1.3.2 - CHAVES DINAMOMÉTRICAS ..................................................................... 1.21

1.3.3 - EXTRACTORES........................................................................................... 1.22

1.3.4 - CINTAS COMPRESSORAS DE SEGMENTOS ........................................... 1.24

1.3.5 - ARCO DE SERRA ........................................................................................ 1.24

1.3.6 - GAMBIARRAS.............................................................................................. 1.25

1.3.7 - CAIXAS DE FERRAMENTAS....................................................................... 1.25

1.3.8 - CARROS DE FERRAMENTAS .................................................................... 1.26

1.4 - RISCOS E CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS................................ 1.27

1.4.1 - SELECCIONAR E CUIDAR DAS FERRAMENTAS...................................... 1.27

1.4.2 - EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO.............................................................. 1.27

1.4.3 - CORRECTO MANUSEAMENTO DAS FERRAMENTAS ............................. 1.27

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................C.1
1 - FERRAMENTAS DE MANUAIS

Os técnicos da reparação automóvel deverão dispor de um conjunto de ferramentas para efectuar


os trabalhos de reparação de veículos automóveis.

Estas ferramentas geralmente estão em caixas de ferramentas que contém todas as ferramentas
necessárias para trabalhar com eficiência.

Existem ainda nas oficinas armários ou painéis de ferramentas, mais completos do que os conjun-
tos individuais de cada mecânico, destinados, por exemplo: para as ferramentas para sistemas de
travagem, sistemas de ignição, etc, designadas também como ferramentas especiais.

1.1 – FERRAMENTAS FIXAS

São consideradas ferramentas fixas, as ferramentas compostas por elementos que podem ser
agrupados de maneira a formar um conjunto rígido.

Entre as ferramentas fixas podemos citar:

Chaves de fendas

Busca-pólos

Chaves de caixa

Chaves de caixa articulada dupla

Chaves de bocas

Chaves de lunetas

Chaves mistas

Chaves crescentes

Chaves para sextavado interior

Chaves tubulares
Chaves tubulares curvas

Chaves de velas

Martelos

Martelo de plástico

Punções

Talhadeira

Chaves para filtros de óleo

Chaves para bujões de óleo

1.1.1 - CHAVES DE FENDAS


Chave de fendas ou chave de parafusos são os nomes genéricos da ferramenta utilizada principal-
mente para apertar e desapertar parafusos com cabeça entalhada. Pode ainda ser utilizada, sem
abusos, para uma série de trabalhos complementares, tais como a extracção de componentes por
alavanca.
Existem muitos formatos e modelos de chaves de fendas, dependendo do tipo de ponta da chave
e do correspondente entalhe da cabeça do parafuso. Os tipos mais correntes são as de fenda
direita e a de “Phillips”, “Pozidriv” também conhecidas como chaves de cruz, e “Torx”, também
conhecida como chave de estrela. Estes formatos estão indicados na figura 1.1.

Fenda direita Phillips Pozidriv Torx

Fig. 1.1 – Formatos de entalhes das chaves de fenda


Uma chave de fendas é composta pelas seguintes partes:

Punho – parte destinada a ser agarrada pela mão. Deve ter um formato ergonómico
para permitir aplicar um esforço, sem ferir a mão do utilizador. É conveniente que o
cabo seja de material que garanta um bom isolamento eléctrico.

Haste – é a parte que sai do punho, feita em aço temperado. Deve ser capaz de
resistir aos esforços a que está sujeita esta ferramenta. Algumas chaves apresentam
um sextavado na haste, permitindo que seja aplicada uma maior torção por meio de
uma chave de bocas.

Ponta – é a extremidade da haste, adequada a encaixar na cabeça do parafuso,


podendo ter vários formatos.

Fig. 1.2 - Constituição da chave de fendas

Existem jogos em que, numa chave,


podem ser aplicados vários tipos de pon-
teiras, aumentando a versatilidade da
ferramenta e reduzindo o número de
chaves a transportar. As chaves de fen-
Fenda
das podem ainda ter a haste com forma-
tos curvos para aplicações especiais.
Existem ainda chaves curtas, como mos-
trado na figura 1.3, vulgarmente chama-
das “cotos”, bem como chaves de fendas
Phillips
angulares, como mostrado na figura 1.4,
para manobras em zonas de difícil aces- Fig. 1.3 - Chaves curtas com ponta de fenda e Philips
so.

As chaves de fendas são referenciadas pela largura e espessura da lâmina. As chaves Phillips e
Pozidriv são referenciadas por números, sendo geralmente utilizados os números de 0 (zero), cor-
respondente à chave menor até 4, correspondente à chave maior. As chaves Torx são referencia-
das por números de 6, correspondente à chave menor até 60, correspondente à chave maior.
Fig. 1.4 - Chave de fendas angular

Para uma correcta aplicação, aplicar a chave de formato e tamanho adequado, que é sempre
aquela que encaixa perfeitamente na ranhura do parafuso. Se a ponta da chave não se ajustar
perfeitamente na ranhura do parafuso, pode danificar a fenda ou a ranhura do parafuso.

As pontas das chaves devem apresentar-se sempre afiadas e conservar planas as faces da fenda.
Não utilizar a chave de fendas como alavanca, escopro ou punção. Não bater no cabo da chave
com o martelo. Não deixar os dedos junto à ponta da lâmina durante o trabalho, pois esta pode
resvalar e ferir os dedos. Apenas as chaves de fendas em que o topo do cabo tenha um reforço
específico e que a haste atravesse o cabo, podem receber ligeiras pancadas para desbloquear
parafusos calcinados.

1.1.2 - BUSCA-PÓLOS

O busca-pólos é uma variante da chave de fendas. Os busca-pólos são utlizados para verificar cir-
cuitos eléctricos de baixa tensão e corrente contínua, utilizados nos automóveis sendo compostos
por uma pequena chave de fendas com um terminal, onde é aplicado um fio que tem na extremida-
de uma pinça de “crocodilo”, conforme mostrado na figura 1.5. Uma lâmpada acende no interior do
busca-pólos quando a ponta estabelece o circuito eléctrico entre o elemento sob tensão e a pinça.

Fig. 1.5 - Busca-pólos


1.1.3 - CHAVES DE CAIXA
As chaves de caixa são chaves de formato cilíndrico. Num topo possuem 6 ou 12 faces internas,
como mostrado na figura 1.6, para trabalhar em parafusos de cabeça sextavada exterior. No outro
topo têm um quadrado interior onde encaixam as extensões e os punhos que vão transmitir o
esforço.

As medidas padrão destas


chaves são medidas métricas,
tais como 10 mm, 11 mm, 13
mm e 17 mm, ou em polega-
das tais como 3/8”, 7/16 ½” e
9/16”.

Devem ser usadas chaves


métricas em parafusos com
medidas métricas, e chaves
em polegadas para parafusos
Fig. 1.6 - Chaves de caixa de 6 e de 12 faces
com medidas em polegadas.
As chaves de caixa de 12 faces assentam nas extremidades do sextavado do parafuso. São utili-
zadas no serviço geral, dado que permitem trabalhar com a ferramenta em pequenos espaços.

As chaves de caixa de 6 faces são utilizadas para a transmissão de maiores esforços, ou para
parafusos e porcas com muito desgaste, dado que assentam em todo o sextavado do parafuso.

As chaves de caixa permitem uma grande versatilidade de utilizações.

Os principais constituintes de um conjunto de chaves de caixa, como mostrados na figura 1.7, são:

EXTENSÕES: ligam o cabo em T ou punho às chaves, são construídos


em vários comprimentos, de forma a poder ser escolhido o mais adequado
a cada tarefa.

ROQUETE: de acordo com o sentido de rotação aperta ou desaperta


parafusos rapidamente, por impulsos, sem necessidade de tirar a chave
do parafuso. Permitem um aperto rápido, sendo eficazes na desblocagem
de parafusos calcinados ou colados.

CARDAN: para utilizar as chaves e extensões em locais de difícil acesso,


permitindo um ângulo entre a chave e o punho sem prejudicar a transmis-
são dos esforços.
CABO ARTICULADO: para zonas com pouco espaço em frente ao parafu-
so.

CABO EM T: para aplicação de maiores esforços.

MANIVELA: para dar voltas rapidamente a um parafuso, de maneira contí-


nua.

PONTEIRAS: fazem a ligação entre os acessórios deste conjunto e a cabe-


ça de parafusos com entalhes, como a fenda, o Phillips, Pozidriv, o sextava-
do interior, também conhecido como Umbrako ou Allen, o Torx e entalhes
específicos de vários fabricantes de automóveis e equipamento.

Fig. 1.7 - Peças de manobra das chaves de caixa

Os roquetes devem ser lubrificados com frequência.

Nunca utilizar chaves de caixa manuais numa chave pneumática ou de impactos, dado que as cha-
ves de caixa manuais podem não ter o tratamento térmico adequado para resistirem ao choque. Uti-
lizar apenas as extensões previstas, não aplicando sobrecargas com tubos ou pancadas, pois pode-
rão danificar as chaves.

Este tipo de chaves pode ser utilizada, por exemplo, na desmontagem dos componentes da suspen-
são dos automóveis.
1.1.4 - CHAVES DE CAIXA ARTICULADA DUPLA

As chaves de caixa articulada duplas, como mostrado na figura 1.7, apresentam duas medidas de
chaves de caixa num mesmo cabo o que, com a possibilidade de articulação, vai permitir trabalhar
em condições de acessibilidade limitada.

Fig. 1.8 - Chave de caixa articulada dupla

1.1.5 - CHAVES DE BOCAS

Também conhecidas como chaves de duas bocas. Cada chave possui duas bocas com medidas
diferentes, com uma inclinação em relação ao cabo para permitir trabalhos em locais de difícil
acesso. Como mostrado na figura 1.9, trazem gravado no cabo um número que representa a medi-
da da abertura. Assim, uma chave com o número 17 serve para trabalhar num parafuso com cabe-
ça sextavada exterior de 17 milímetros. O comprimento da chave está geralmente relacionado com
a medida da boca, permitindo uma correcta aplicação do binário de aperto.

Fig. 1.9 – Chave de bocas


Utilizar sempre a chave correspondente à dimensão da cabeça do parafuso, e nunca aplicar chaves
com medidas em milímetros em parafusos de polegadas, nem utilizar chaves com medidas superio-
res às da cabeça do parafuso.

Fig. 1.10 – Correcta utilização da chave de bocas

As chaves de bocas são utilizadas, por exemplo, na afinação do tirante da correia do alternador.

1.1.6 - CHAVES DE LUNETA

São utilizadas quando é necessário aplicar esforços maiores, devido ao seu encaixe em anel envol-
ver toda a cabeça do parafuso, permitindo uma maior rigidez do conjunto. As aberturas possuem
geralmente 12 faces, o que permite soltar a chave e voltar a rodar o sextavado do parafuso em
locais com pouco espaço. Como mostrado na figura 1.11, as chaves de lunetas apresentam medi-
das diferentes nas duas extremidades e o anel geralmente está fora do plano da barra, de modo a
facilitar o manusea- mento.

Fig. 1.11 - Chave de lunetas


As chaves de luneta são utilizadas, por exemplo, nas suspensões tipo “MacPherson”, na porca
superior do amortecedor.

1.1.7 - CHAVES MISTAS

Também conhecidas como “chaves combinadas”, possuem uma extremidade aberta e outra fecha-
da, como mostrado na figura 1.12, juntando as vantagens da chave de bocas e da chave de lunetas
numa só ferramenta. Neste tipo de chaves o anel e a boca têm a mesma medida.
A extremidade fechada é utilizada para soltar parafusos apertados e para dar o aperto final, enquan-
to a extremidade aberta é usada para dar voltas sucessivas ao parafuso.

Fig. 1.12 - Chave mista

1.1.8 - CHAVES CRESCENTES

As chaves crescentes são uma espécie de chave de boca, com abertura regulável. A figura 1.13,
mostra uma chave crescente, que também é conhecida como chave inglesa. Tem actualmente uma
utilização directa limitada na mecânica automóvel, mas continua presente em todas as caixas de
ferrramentas, pois permite ao utilizador ter muitas medidas apenas com uma chave, funcionando
como ferramenta de apoio quando são necessárias duas chaves com a mesma medida. É utilizada
em recurso, na falta da chave adequada.
A variação da medida da abertura da chave crescente faz-se pela rotação com os dedos, de um veio
roscado que efectua a aber-
tura ou o fecho Cabo da boca.
Veio roscado

Boca

Fig. 1.13 – Chave crescente

1.1.9 - CHAVES PARA SEXTAVADO INTERIOR

São chaves utilizadas em


parafusos cuja cabeça tem
um encaixe sextavado
interior, permitindo a sua
utilização em locais com
pouco espaço de mano-
bra. As chaves para sexta-
vado interior, mostradas
na figura 1.14, podem ter
medidas métricas ou Fig. 1.14 - Chaves para sextavado interior
medidas em polegadas.

1.1.10 - CHAVES TUBULARES

As chaves tubulares são tubos de aço especial, com um sextavado interior em cada ponta. Como
mostrado na figura 1.16 são accionadas por um cabo corrediço que passa por um furo existente no
tubo, ou por uma chave de bocas. Permitem trabalhar em parafusos situados em locais pouco aces-
síveis e em porcas aplicadas sobre veios longos.
Tubo
Furo
São utilizadas tam-
Sextavado
bém em parafusaria
gasta ou moída
devido ao seu
encaixe de seis Furo
faces ajustar-se per- Fig. 1.15 - Chave tubular
feitamente na porca
ou parafuso.
O seu manuseio é seguro, mas necessitam algum espaço de manobra junto ao parafuso para a
movimentação do cabo corrediço ou da chave de bocas.

Fig. 1.16 – Manuseamento da chave tubular

1.1.11 - CHAVES TUBULARES CURVAS

A figura 1.17 apresenta uma chave tubular curva, também conhecida como “chave de cachimbo”.
Estas chaves têm as mesmas características das chaves tubulares.

Fig. 1.17 - Chave tubular curva


Quando manuseadas pela extremidade livre, o binário de aperto é aplicado directamente na chave,
como por exemplo, nos trabalhos em porcas sobre veios roscados compridos.

Podem ainda ser manuseadas por um cabo corrediço, que facilita a aplicação do binário de aperto
quando existe pouco espaço livre junto ao parafuso. O manuseamento das chaves tubulares curvas
é mostrado na figura 1.18.

Manuseamento pela

Manuseamento com

Fig. 1.18 – Aplicações da chave tubular curva

1.1.12 - CHAVES DE VELAS

São utilizadas para aplicar ou retirar as velas de ignição dos motores. Consiste numa chave de caixa
comprida, com uma extensão e desandador em “T”. A chave deve adaptar-se ao corpo da vela sem
tocar no isolador e a extensão deve ter o comprimento adequado. Em alguns casos é necessário uti-
lizar um cardan para permitir a manobra da chave no espaço disponível.

Fig. 1.19 - Chave de velas


1.1.13 - MARTELOS

Consistem numa peça, a cabeça, em aço especial, com duas faces onde está fixado um cabo,
geralmente em madeira. Os martelos utilizados na mecânica automóvel têm uma face plana e a
outra em forma de bola ou de pena, conforme mostrado na figura 1.20.

Existem vários pesos de martelos,


em função da variação do seu tama- Martelo de pena
nho. Um martelo pode ser: leve,
médio ou pesado. O cabo deve ser
bem ajustado ao olhal e, nos cabos
em madeira ou derivados, ser apli-
cada uma cunha de travamento.
Face plana
A face plana é utilizada sobre super-
fícies planas ou para dar pancadas
Martelo de bola
em objectos salientes, como por
exemplo, cavilhas elásticas ou em
ferramentas como punções e talha- Fig. 1.20 - Martelos

deiras.

A face em forma de bola é utilizada em superfícies côncavas, geralmente para desempenar com-
ponentes em chapa.

A face em forma de pena é utilizada na dobragem de chapas ou barras finas, para dar a forma da
curva pelo interior.

Conforme mostrado na figura 1.21, a pancada deve ser dada com o martelo alinhado com a
superfície, de forma a que a face bata por inteiro. Não bater com um martelo inclinado, nem pegar
muito junto à cabeça, o que pode dar origem ao martelo bater com as bordas da face, podendo
danificar as mesmas.

Incorrecto
Correcto

Fig. 1.21 – Manuseamento correcto e incorrecto do martelo


1.1.14 - MARTELO DE PLÁSTICO

São martelos especiais, mostrados


na figura 1.22, com as faces protegi-
das por troços de materiais plásticos,
ou também por cobre, latão, borra-
cha ou couro. Quando utilizados cor-
rectamente, não deixam marcas nas
superfícies onde bateram, servindo
para desempenar e alinhar materiais
mais sensíveis, tais como veios ros-
cados ou peças em cobre, que não
poderiam ser corrigidos com um Fig. 1.22 - Martelos de plástico

martelo de aço pois danificariam


estas peças.

1.1.15 - PUNÇÕES

Os punções, mostrados na figura


1.23, são constituídos por troços
cilíndricos ou em barra, de aço espe-
Punção para cavilhas
cial, e que contêm um punho, um
topo ou cabeça destinados a bater
com um martelo, uma haste e uma
ponta. A haste pode ser cilíndrica ou
Punção para rebites
cónica, e a ponta pode ser direita ou
afiada em bico. Os punções de pon-
ta direita são utilizados para colocar
e retirar cavilhas, veios e demais Punção de bico
peças mantidas sob pressão, e tam-
bém para rebater rebites. Os pun- Fig. 1.23 - Punções
ções de bico servem para marcar
centros de peças e pontos para ini-
ciar a furação com uma broca.

Não utilizar um punção como alavanca.


1.1.16 – TALHADEIRA

Uma talhadeira consiste numa barra curta de aço especial, com secção rectangular, uma extremi-
dade forjada e afiada em cunha e outra extremidade recta, como mostrado na figura 1.24. A talha-
deira é uma ferramenta de corte, que pode ser utilizada por exemplo, para cortar um rebite, rece-
bendo as pancadas de um martelo.

Fig. 1.24 - Talhadeiras

1.1.17 - CHAVES PARA FILTROS DE ÓLEO

Esta chave, mostrada na figura 1. 25, é utilizada para retirar os filtros de óleo. Podem ter a trans-
missão do esforço por correia, por corrente, ou por encaixe adequado a cada tipo de filtros.

Fig. 1.25 – Chave de correia para filtros de óleo


1.1.18 - CHAVES PARA BUJÕES DE ÓLEO

São utilizadas para retirar e


aplicar os bujões, durante a Aplicada pelo
interior
mudança do óleo lubrificante.
Estas chaves podem ser apli-
cadas aos bujões pelo interior
ou pelo exterior. Aplicada pelo
exterior

Fig. 1.26 - Chaves para bujões de óleo interior e exterior

1.2 – FERRAMENTAS ARTICULADAS

1.2.1 - ALICATES

Os alicates são ferramentas utilizadas para fixar peças de várias formas, dobrar, torcer, cortar fios
e arames.

O mais conhecido é o alicate universal.


Este tem duas zona de fixação, uma pla-
na com denteado fino e outra arredonda- Denteado fino

da com denteado grosso. Tem ainda uma


zona de corte junto à articulação. Os ali-
cates podem ter ou não os cabos reco-
bertos com material isolante, permitindo Denteado grosso Zona de corte
trabalhar sob tensão e melhorando o con-
Fig. 1.27 - Alicate universal
tacto com as mãos durante a aplicação
de esforços.

Como mostrado na figura 1.28, além do alicate universal existem ainda os alicates de pontas cha-
tas e os alicates de pontas curvas. Servem para segurar ou apertar peças macias, podendo ser
utilizado em locais de difícil acesso, onde sejam necessárias pontas compridas.

Os alicates de pontas redondas servem para fazer olhais de fixação nas extremidades dos fios
condutores.
Pontas chata Pontas curvas Pontas Redondas

Fig. 1.28 - Alicates de pontas chatas, de pontas curvas e de pontas redondas

Não devem ser utilizados alicates, em vez da chave adequada, para apertar porcas ou parafusos,
pois danificam a ferramenta e as porcas ou parafusos.

Um alicate nunca deve ser usado como martelo.

1.2.2 - ALICATE DE CORTE

O alicate de corte, mostrado na figura 1.29, serve para cortar fios, cabos e arames, preparar as
pontas das ligações eléctricas e descarnar fios condutores. É utilizado para retirar troços ou chave-
tas, cortando as de material macio.

Fig. 1.29 - Alicate de corte

Devem ser utilizados alicates de corte, adequados ao diâmetro e dureza do arame a cortar. Deve-
mos dar preferência a cortar junto à articulação do alicate, em vez de cortar junto às pontas, para
não esforçar o alicate.
1.2.3 - ALICATES DE PRESSÃO

São ferramentas polivalentes na


reparação automóvel, como ferra-
menta de apoio. Funcionam com o
princípio do auto-aperto, multiplican-
do a força muscular do operador e
mantendo a força sobre o material a
apertar, até que seja destravado o ali-
cate. São geralmente utilizados para
Fig. 1.30 - Alicate de pressão
fixar peças ou em parafusaria muito
gasta, em que não é possível utilizar
chaves de medidas fixas.

As maxilas deste alicate apresentam um serrilhado, que pode deixar marcas ao apertar um mate-
rial macio. Um alicate de pressão não deve ser utilizado para prender peças de forma permanente.
Estas podem vir a soltar-se com impactos ou vibrações. Não devem também ser utilizados em ope-
rações de levantamento de motores ou caixas de velocidades.

1.2.4 - ALICATES PARA FREIOS

Podem ser direitos ou curvos, interiores ou exteriores. Servem para aplicar ou extrair freios metáli-
cos. Alguns possuem um parafuso regulador que limita a deformação aplicada ao freio.

Fig. 1.31 - Alicate para freios interiores


Os alicates para freios devem ser escolhidos em função do tamanho dos freios a utilizar.

Fig.1.32 – Alicate para freio exteriores

CUIDADOS: na colocação de freios devemos apertar o mínimo necessário para efectuar o traba-
lho, de maneira a não deformar o freio. Ao aplicar um freio, devemos sempre utilizar óculos de pro-
tecçãos, porque o freio pode escapar e saltar com grande velocidade.

1.2.5 - ALICATE DE REBITAR

Têm especial aplicação na reparação das


carroçarias, na aplicação dos elementos
de acabamento e na fixação de compo-
nentes de pequeno peso. Cravam rebites
de alumínio, com haste em aço e outras
combinações. A figura 1.33 mostra um ali-
cate de rebitar
Fig.1.33 – Alicate de rebitar

1.2.6 - ALICATE PARA ANÉIS DE SEGMENTO

São alicates destinados a


expandir os anéis de seg-
mento até ao ponto suficien-
te para passarem pela
cabeça dos êmbolos e
serem aplicados nas ranhu-
ras. A figura 1.34 mostra um
alicate para anéis de seg-
Fig. 1.34- Alicate para aneis de segmento
mento.
1.2.7 - NAVALHAS

São compostas por uma ou duas


lâminas de aço e um cabo. Devem
estar sempre presentes numa caixa
de ferramentas para cortar materiais
macios, raspar pequenas superfícies
e retirar o isolamento de fios condu-
tores. A figura 1.35 mostra uma
navalha. Fig.1.35 – Navalha

1.2.8 - TESOURAS

Existe uma grande variedade de tesouras, sendo de escolher para o mecânico de automóveis um
modelo robusto e de tamanho médio. A tesoura, como a mostrada na figura 1. 36, efectua o corte
de materiais macios tais como papel, plásticos, borracha e cartão de juntas. As tesouras não
devem ser utilizadas para cortar arames.

Fig.1.36 – Tesoura

1.3 – FERRAMENTAS COMPLEMENTARES

1.3.1 - CHAVES DE IMPACTO

As chaves de impacto, também conhecidas como chaves de pancada, permitem apertar e desa-
pertar com segurança porcas e parafusos muito apertados ou gripados. Como mostrado na figura
1.37, as chaves de impacto recebem a pancada de um martelo e, através de um sistema mecâni-
co, a transmitem ao parafuso sob a forma de uma rotação brusca. São compostas por um cabo e
um encavador quadrado para aplicar uma chave de caixa ou ponteiras de fenda, Philips, Torx, etc.

Fig. 1.37 - Chave de Impacto

Algumas pancadas com um martelo pesado na cabeça da chave provocam a rotação da ponteira
no sentido de aperto ou de desaperto.

As chaves de impacto podem funcionar com chaves de caixa adequadas a este tipo de trabalho.
Estas chaves têm sempre um acabamento superficial preto, sem cromados.

1.3.2 - CHAVES DINAMOMÉTRICAS

As chaves dinamométricas têm como finalidade aplicar um binário de aperto controlado, por um
valor previamente ajustado, a uma porca ou parafuso. Este ponto de afinação pode ser lido direc-
tamente numa escala ou transmitido ao operador por um estalido durante o aperto.

São constituídas por um punho ou braço de alavanca, uma mola graduada e uma escala, como
mostrado na figura 1.38.

Fig.1.38 – Chaves dinamómetro


As chaves dinamométricas são utilizadas, por exemplo, no aperto dos parafusos da cabeça dos
motores.

As principais porcas e parafusos de um automóvel têm um binário de aperto definido pelo constru-
tor. Selecciona-se o valor de aperto desejado e ajustam-se todos os parafusos na sequência indi-
cada pelo fabricante do equipamento. Seguidamente faz-se outra volta a dar o aperto final, não
esforçando para além do binário de aperto recomendado.

As chaves dinamométricas devem estar permanentemente limpas, de forma a não entrar sujidade
no mecanismo de leitura. Devem ser manuseadas suavemente e evitar a sua queda. Ao fim do tra-
balho, o posicionamento da escala deve voltar ao zero, para não deformar a mola, o que poderia
alterar os valores.

1.3.3 - EXTRACTORES

São utilizados na extracção de componentes mecânicos, montados sob pressão na posição de


funcionamento, tais como rolamentos e polias. São constituídos por garras que vão fixar o extractor
ao componente a retirar, e por uma rosca ou um elemento hidráulico que exerce a força de extrac-
ção.
A utilização de um extractor pelo interior ou pelo exterior é determinada pelo espaço existente para
a aplicação das garras do extractor, junto à peça a extrair.

Rosca

Garras

Fig.1.39 – Extractores de dois braços

Aplicam-se os braços de acordo com a forma do componente a extrair, pelo interior ou pelo exte-
rior. Monta-se o extractor e move-se gradualmente o sextavado da rosca ou o parafuso do elemen-
to hidráulico, até a extracção do componente.
Fig. 1.40 – Extractores de três braços

Lubrificar bem a rosca e os pontos de passagem dos componentes a extrair. Não bater nas peças
a extrair nem nos extractores. Verificar o correcto alinhamento dos braços e que estejam bem pre-
sos, pois em trabalho esta ferramenta armazena tensões de várias toneladas. Nunca exceder a
capacidade de um extractor.

Rosca

Extractor

Elemento hidráulico
Parafuso do elemento
hidráulico

Fig.1.41 – Extractor de dois braços com elemento hirráulico


1.3.4 - CINTAS COMPRESSORAS DE SEGMENTOS

Destinam-se a comprimir os anéis de segmento junto ao êmbolo, para que este possa ser introdu-
zido no cilindro com mais facilidade e sem partir os segmentos.

Fig. 1.42 – Cintas compressoras de segmentos

1.3.5 – ARCO DE SERRA

O arco de serra, também conhecido como serrote, consiste num arco metálico, que tem a função
de manter esticada uma lâmina de serra substituível, servindo como empunhadura e para guiar o
corte. Utiliza-se para cortar materiais de várias durezas, tais como plásticos, alumínio, cobre, cha-
pas e tubos de aço, etc. A figura 1.43 mostra um arco de serra.

Folha de serrote Arco da serra

Fig. 1.43 – Arco de serra


O número de dentes que contactam com a superfície é importante, sendo fabricadas lâminas entre
os 14 e os 32 dentes por polegada, não devendo estar menos de 3 dentes em contacto com o
material a cortar. Em materiais macios devemos utilizar lâminas de serra com poucos dentes por
polegada, resultando em dentes grandes. Por outro lado, em materiais duros devemos usar lâmi-
nas de serra com muitos dentes por polegada, resultando em dentes pequenos.
Montar sempre a lâmina de serra com o lado recto dos dentes apontado para a frente, de modo a
cortar quando empurrada. A tensão com que a lâmina é esticada deve ser adequada. Uma lâmina
solta deixa fugir o corte, enquanto uma lâmina muito esticada pode partir bruscamente.

1.3.6 - GAMBIARRAS

Na oficina mecânica devem ser sempre


utilizadas tensões até 36V, de forma a
evitar o choque eléctrico em caso de
rompimento de algum fio. Existem mode-
los para lâmpadas incandescentes,
como mostrado na figura 1.44 e modelos
para lâmpadas fluorescentes.

Fig. 1.44 – Gambiarra para lâmpada incandescente

1.3.7 - CAIXAS DE FERRAMENTAS

As caixas de ferramentas permitem arrumar um conjunto de ferramentas adequadas à maior par-


te dos trabalhos de reparação efectuados numa oficina mecânica. Geralmente têm divisões supe-
riores com vários espaços para ferramentas pequenas, e uma divisão inferior de maior tamanho,
para ferramentas grandes.

O critério de distribuição das caixas de


ferramentas varia em cada oficina: pode
ser distribuída uma caixa para cada
mecânico, ou haver caixas completas
com as ferramentas destinadas a activi-
dades específicas numa oficina. A figu-
ra 1.45 mostra uma caixa de ferramen-
tas.
Fig. 1.45 - Caixa de ferramentas
Não transporte caixas de ferramentas muito pesadas, pois pode magoar as costas.

A caixa de ferramentas não é uma escada, não deve subir na caixa de ferramentas.

Não arrume as ferramentas cortantes ou pontudas desordenadamente, pois pode dar origem a ferir
as mãos na próxima vez que for buscar ferramentas.

1.3.8 - CARROS DE FERRAMENTAS

Os carros de ferramentas contém o conjunto de ferramentas de um posto de trabalho, que trans-


portam para junto da viatura a reparar. O tampo superior pode servir como bancada, tendo a altura
adequada para o trabalho em pé. Podem dispor de gavetas para melhor arrumação ou de espaços
abertos para a melhor visualização das ferramentas disponíveis. Dipõem de rodas de forma a des-
locar-se pela oficina. As ferramentas bem arrumadas encontram-se com maior facilidade e rapidez,
aumentando a eficiência do trabalho.

Fig. 1.46 - Carros de ferramentas

Devem ser mantidas sobre a bancada do carro, apenas as ferramentas e os materiais necessários
à tarefa que se tem de executar.

Não abrir várias gavetas carregadas ao mesmo tempo, pois podem fazer virar o carro de ferramen-
tas.

Respeitar os limites de carga do carro e das gavetas.

Travar o carro quando parado.


Fechar sempre as gavetas durante as deslocações.

Não deslocar o carro com objectos colocados em desequilíbrio.

1.4 – RISCOS E CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS

1.4.1 - SELECCIONAR E CUIDAR DAS FERRAMENTAS

Cada ferramenta foi concebida para uma função própria. Não utilizar uma ferramenta para uma
função que não seja a de origem. Só a ferramenta certa oferece a segurança, o conforto em ser-
viço e a produtividade desejados.

Não altere as características das ferramentas por esmerilagem, soldadura, aquecimento excessi-
vo, dobragem, etc. Isso modifica as suas características, podendo levar à ruptura em serviço.

Não utilizar as ferramentas para além das suas capacidades, por meio de extensões ou panca-
das. Não martelar numa chave que não seja construída para esta finalidade: só as ferramentas
desenvolvidas para este efeito podem receber pancadas.

Manter limpas as ferramentas para evitar que escorreguem por estarem sujas ou engorduradas,
tornando-se assim mais seguras.

Inspeccione sempre as ferramentas antes de as utilizar. Não devem apresentar desgastes, trin-
cas, rebarbas, punhos partidos, nem estar mal encabadas.

1.4.2 - EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO

Usar sempre óculos de protecção em todos os trabalhos em que haja limalhas ou projecção de
aparas.

Usar sempre luvas adequadas nos trabalhos em que haja risco de corte, queimaduras ou cho-
ques eléctricos.

1.4.3 – CORRECTO MANUSEAMENTO DAS FERRAMENTAS

Garantir um bom equilíbrio, sobretudo nos trabalhos de força. Nas operações de levantamento
de componentes pesados, deve-se manter as costas direitas e flectir as pernas.
BIBLIOGRAFIA

HAZET – Catálogo Técnico

CRAFTSMAN – Catálogo Técnico

FACOM – Catálogo Técnico

INSTITUTO UNIVERSAL BRASILEIRO – Mecânica de Automóveis

RS COMPONENTS – Catálogo Técnico

VASSALO, Francisco – Manual de Ferramentas para o Electricista, Plátano Editora

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