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Braz J Otorhinolaryngol.

2018;84(1):3---14

Brazilian Journal of

OTORHINOLARYNGOLOGY
www.bjorl.org

ARTIGO ESPECIAL

IV Brazilian Consensus on Rhinitis --- an update on


allergic rhinitis夽,夽夽
Eulalia Sakano a,b,∗ , Emanuel S.C. Sarinho c,d , Alvaro A. Cruz e,f , Antonio C. Pastorino f,g ,
Edwin Tamashiro b,h , Fábio Kuschnir d,i , Fábio F.M. Castro f,j , Fabrizio R. Romano b,k ,
Gustavo F. Wandalsen c,d , Herberto J. Chong-Neto d,l , João F. de Mello Jr. f,k ,
Luciana R. Silva d,m , Maria Cândida Rizzo f,n , Mônica A.M. Miyake b,o ,
Nelson A. Rosário Filho f,l , Norma de Paula M. Rubini f,p , Olavo Mion b,k ,
Paulo A. Camargos d,q , Renato Roithmann b,r , Ricardo N. Godinho d,s ,
Shirley Shizue N. Pignatari b,t , Tania Sih d,u , Wilma T. Anselmo-Lima b,h e Dirceu Solé f,v
a
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Oftalmologia e
Otorrinolaringologia, Campinas, SP, Brasil
b
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Crânio-Facial, São Paulo, SP, Brasil
c
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria, Recife, PE, Brasil
d
Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
e
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria --- Instituto da Criança, Salvador, BA,
Brasil
f
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, São Paulo, SP, Brasil
g
Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria --- Instituto da Criança, São Paulo, SP, Brasil
h
Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Ribeirão Preto, SP, Brasil
i
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
j
Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina, Departamento de Medicina --- Divisão de Imunologia Clínica e Alergia,
São Paulo, SP, Brasil
k
Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina, Divisão de Otorrinolaringologia, São Paulo, SP, Brasil
l
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Pediatria, Curitiba, PR, Brasil
m
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria, Salvador, BA, Brasil
n
Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), Faculdade de Medicina, São Paulo, SP, Brasil
o
Hospital Sirio-Libanês, Núcleo de Otorrinolaringologia, São Paulo, SP, Brasil
p
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Departamento de Medicina, Divisão de Alergia e Imunologia, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil
q
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Departamento de Pediatria, Divisão de Pneumologia, Belo Horizonte, MG, Brasil
r
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Departamento de Otorrinolaringologia, Canoas, RS, Brasil
s
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Belo Horizonte, MG,
Brasil

DOI se refere ao artigo: https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2017.10.006



Como citar este artigo: Sakano E, Sarinho ES, Cruz AA, Pastorino AC, Tamashiro E, Kuschnir F, et al. IV Brazilian Consensus on Rhinitis ---
an update on allergic rhinitis. Braz J Otorhinolaryngol. 2018;84:3---14.
夽夽 Documento de posição conjunta da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e

Cirurgia Crânio-Facial e da Sociedade Brasileira de Pediatria.


∗ Autor para correspondência.

E-mail: eulalia.s@terra.com.br (E. Sakano).


A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.
2530-0539/© 2017 Publicado por Elsevier Editora Ltda. em nome de Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.
Este é um artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
4 Sakano E et al.

t
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Escola Paulista de Medicina, Departamento de Otorrinolaringologia, São Paulo, SP,
Brasil
u
Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina, Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do
Trabalho, São Paulo, SP, Brasil
v
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Escola Paulista de Medicina, Departamento de Pediatria --- Divisão de Alergia,
Imunologia Clínica e Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil

Recebido em 3 de outubro de 2017; aceito em 16 de outubro de 2017


Disponível na Internet em 19 de dezembro de 2017

KEYWORDS Abstract
Consensus; Introduction: The guidelines on allergic rhinitis aim to update knowledge about the disease and
Rhinitis; care for affected patients. The initiative called ‘‘Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma’’,
Allergic rhinitis initially published in 2001 and updated in 2008 and 2010, has been very successful in dissemina-
ting information and evidence, as well as providing a classification of severity and proposing a
systemized treatment protocol. In order to include the participation of other medical professi-
onals in the treatment of allergic rhinitis, it is important to develop algorithms that accurately
indicate what should and can be done regionally.
Objective: To update the III Brazilian Consensus on Rhinitis --- 2012, with the creation of an
algorithm for allergic rhinitis management.
Methods: We invited 24 experts nominated by the Brazilian Association of Allergy and Immu-
nology, Brazilian Association of Otorhinolaryngology and Head and Neck Surgery and Brazilian
Society of Pediatrics to update the 2012 document.
Results: The update of the last Brazilian Consensus on Rhinitis incorporated and adapted the
relevant information published in all ‘‘Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma’’ Initiative
documents to the Brazilian scenario, bringing new concepts such as local allergic rhinitis, new
drugs and treatment evaluation methods.
Conclusion: A flowchart for allergic rhinitis treatment has been proposed.
© 2017 Published by Elsevier Editora Ltda. on behalf of Associação Brasileira de Otorrinolarin-
gologia e Cirurgia Cérvico-Facial. This is an open access article under the CC BY license (http://
creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE IV Consenso Brasileiro sobre Rinite --- atualização em rinite alérgica


Consenso;
Resumo
Rinite;
Introdução: As diretrizes sobre rinite alergica visam atualizar os conhecimentos sobre a doença
Rinite alérgica
e os cuidados para com esses pacientes. A iniciativa designada ‘‘Rinite Alergica e seu Impacto
na Asma’’, cujo relatorio inicial foi publicado em 2001 e atualizada em 2008 e 2010, tem sido
muito bem sucedida na disseminaçao de informaçoes e evidencias, bem como na formulaçao
da classificaçao de gravidade e proposta de sistematizaçao do tratamento. Entretanto, visando
a participaçao de outros profissionais medicos no atendimento da rinite alergica, e impor-
tante o desenvolvimento de algoritmos que indiquem com precisao o que deve e pode ser feito
regionalmente.
Objetivo: Atualizar o III Consenso Brasileiro sobre Rinites-2012, com elaboraçao de algoritmo
para conduta da rinite alergica.
Método: Foram convidados 24 especialistas indicados pelas Associaçao Brasileira de Alergia e
Imunologia, Associaçao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial e Sociedade
Brasileira de Pediatria para atualizaçao do documento de 2012.
Resultados: A atualizaçao do ultimo Consenso Brasileiro sobre Rinites, incorporou e adaptou
para a realidade brasileira as informaçoes relevantes publicadas em todos os documentos da
Iniciativa ‘‘Rinite Alergica e seu Impacto na Asma’’, trazendo novos conceitos como a rinite
alergica local, novos medicamentos e metodos de avaliaçao de tratamento.
Conclusão: Proposto um fluxograma de tratamento para a rinite alergica.
© 2017 Publicado por Elsevier Editora Ltda. em nome de Associação Brasileira de Otorrinolarin-
gologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Este é um artigo Open Access sob uma licença CC BY (http://
creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
IV Brazilian Consensus on Rhinitis - an update on allergic rhinitis 5

Importância das diretrizes para o manejo Classificação das rinites


da rinite alérgica
Depende dos critérios empregados (dados clínicos, frequên-
Diretrizes para o tratamento da rinite alérgica (RA) desen- cia e intensidade dos sintomas, citologia nasal, fatores
volvidas nos últimos 20 anos qualificaram melhor o cuidado etiológicos, fenótipos [clínica, padrão temporal, gravidade,
com os pacientes. Um workshop de experts feito pela duração, controle, resposta aos tratamentos e presença de
Organização Mundial de Saúde (OMS) em dezembro de comorbidades]).9
1999 deu origem a uma iniciativa designada ‘‘Rinite Alér- Em documento recente, a Academia Europeia de Aler-
gica e seu Impacto na Asma’’ (ARIA), cujo relatório inicial gia e Imunologia propôs a classificação das rinites crônicas
baseado em evidências teve quase 3.000 referências e foi com base no principal agente etiológico. É constituída por
publicado em 2001.1 Uma atualização do relatório ARIA foi quatro subgrupos, a saber: 1) rinites infecciosas (agudas,
publicada em 2008, baseada em novas evidências.2 Esse autolimitadas, causadas por vírus e menos frequentemente
novo relatório resultou de um processo contínuo de revisão por bactérias); 2) rinite alérgica (forma mais comum, indu-
da literatura sobre aspectos anteriormente não cobertos, zida por inalação de alérgeno em indivíduos sensibilizados);
como, por exemplo, medicina complementar e alternativa, 3) rinite não alérgica não infecciosa (grupo heterogêneo,
esportes, atualização sobre as relações entre rinite e asma, pacientes sem sinais de infecção e sem sinais sistêmicos
prevenção e tratamento. de inflamação alérgica. Exemplos: rinite induzida por dro-
No entanto, é necessária informação transparente sobre gas, rinite do idoso, rinite hormonal, rinite da gestação,
as diretrizes para facilitar a sua compreensão e aceitação. rinite ocupacional não alérgica, rinite gustatória e rinite
O Guia ARIA foi a primeira diretriz para doença respiratória idiopática); e 4) rinite mista (expressão significante em paci-
crônica a adotar a classificação do Sistema de Graduação entes com rinite crônica, com mais de um agente etiológico,
da Recomendação, da Avaliação, do Desenvolvimento e da conhecido ou não).10
Avaliação (Grade), um método avançado que tem sido ado- Outro conceito recente é o do endotipo, que visa a
tado pela OMS. Uma nova revisão ARIA foi publicada em identificar os mecanismos subjacentes envolvidos na gênese
2010,3 dez anos após a publicação do primeiro relatório da doença e, assim, permitir tratamento direcionado e
do workshop ARIA-OMS. A iniciativa ARIA tem sido muito mais preciso para cada paciente.9,10 Esses endotipos são
bem-sucedida na disseminação de informações e evidên- complexos e secundários a processos celulares (eosinófilos,
cias, bem como na formulação de classificação de gravidade neutrófilos e mediadores inflamatórios deles decorrentes),
e proposta de sistematização do tratamento. Mas isso não moleculares (IgE sérica total e específica, citocinas e quimi-
é bastante para orientar novas práticas, especialmente ocinas inflamatórias), além de danos estruturais da mucosa
quando elas demandam a participação de médicos de famí- de revestimento nasal.9,10 Assim, identificam-se quatro
lia, pediatras e outros profissionais de saúde. É preciso endotipos de rinite: a) com resposta imunológica tipo 2;
desenvolver algoritmos que indiquem com precisão o que b) com resposta imunológica tipo 1; c) rinite neurogênica;
deve e pode ser feito diante de um caso específico em d) disfunção epitelial (9). Espera-se que a rinite mais bem
sua região. Uma publicação recente de experts da inicia- caracterizada receba um tratamento individualizado, mais
tiva ARIA propõe um algoritmo de tomada de decisão na preciso e com maiores chances de êxito.
prática clínica para o controle da RA em adolescentes e
adultos.4,5 Rinite alérgica
A atualização do Consenso Brasileiro sobre Rinites ---
2017 incorpora e adapta para a realidade brasileira as A classificação da guia ARIA, baseada em frequência e inten-
informações relevantes publicadas em todos os documen- sidade dos sintomas, foi mantida por sua grande aceitação
tos da iniciativa ARIA, tal como foi feito nas versões no meio médico brasileiro.1
anteriores do documento brasileiro,6,7 elaborado sempre
por representantes da Associação Brasileira de Alergia e
Prevalência
Imunologia, da Associação Brasileira de Otorrinolaringolo-
gia e Cirurgia Cérvico-Facial e da Sociedade Brasileira de
À semelhança do observado em várias partes do mundo,
Pediatria.
o International Study of Asthma and Allergic Diseases in
As principais atualizações feitas no documento base de
Childhood feito em várias localidades do Brasil mostrou,
20127 foram assim estabelecidas.
entre crianças e adolescentes, aumento da prevalência de
sintomas nasais no último ano que atingiu 37,2% (entre 26,3%
Definição de rinite e 49,9%) e 16,2% (entre 15,4% e 27,9%) para rinoconjuntivite
alérgica.11
Rinite é a inflamação e/ou disfunção da mucosa de reves-
timento nasal e é caracterizada por alguns dos sintomas Quadro clínico
nasais: obstrução nasal, rinorreia anterior e posterior, espir-
ros, prurido nasal e hiposmia. Geralmente ocorrem durante O quadro clínico continua a ser importante para o diagnós-
dois ou mais dias consecutivos por mais de uma hora na tico da rinite alérgica. Além dos sintomas característicos
maioria dos dias.8 (espirros, prurido, rinorreia e obstrução nasal), a obtenção
6 Sakano E et al.

de histórico alérgico pessoal e familiar é fundamental, assim preferencialmente com alérgenos padronizados, escolhidos
como a identificação dos fatores desencadeantes.12 de acordo com a relevância clínica pela história, idade
do paciente, profissão, pelo ambiente, pela distribuição
Fatores desencadeantes regional de alérgenos e sob a supervisão direta de médico
devidamente capacitado para se evitarem os falso-positivos
e falso-negativos e as potenciais reações sistêmicas.18 A
Estudos nacionais reforçam a participação dos ácaros domés-
intensidade da reação geralmente é mais reduzida nos
ticos como os principais agentes etiológicos da rinite
extremos da vida e a presença de eczema extenso ou
alérgica, seguidos por alérgenos de barata, epitélio de ani-
dermografismo, o uso de anti-histamínicos orais e o uso
mais domésticos e mais raramente fungos.13,14 Na Região Sul
de corticosteroides tópicos por mais de sete dias são
do país os pólens têm importância na sensibilização de adul-
contraindicações do teste.18
tos e crianças.15 Reforça-se o papel dos irritantes da mucosa
Embora níveis elevados de IgE sérica total sejam admiti-
com especial ênfase aos poluentes e irritantes (tabela 1).16
dos por alguns autores como sinônimo de doença alérgica,
Os alimentos raramente desencadeiam sintomas respira-
podem ser detectados também em diferentes doenças,
tórios de modo isolado. Na maioria das vezes vêm como
como infecção pelo HIV, aspergilose pulmonar alérgica, sinu-
manifestações associadas a quadros mais graves como a
site fúngica alérgica, linfomas, tuberculose, parasitoses com
anafilaxia.17
ciclo pulmonar, entre outras. Assim, o seu valor no diagnós-
tico de alergias é limitado. À semelhança dos SPT, os níveis
Fisiopatogenia de IgE total sérica são baixos nos primeiros anos de vida.19
Por outro lado, a presença de IgE sérica específica a um
Mecanismos celulares e moleculares participantes da reação determinado alérgeno é forte indicador de sensibilização
alérgica e responsáveis pela inflamação alérgica são apre- alérgica, mas não deve ser valorizada na ausência de
sentados de modo a facilitar o entendimento dos diferentes sintomas alérgicos.20,21 Tem sensibilidade e especificidade
endotipos de rinite propostos.9 similares aos do SPT, é mais onerosa, requer punção venosa,
laboratório especializado e maior tempo para obtenção
do resultado. Entretanto, não sofre a interferência de
Recursos diagnósticos
medicações e das condições da pele, é isenta de risco de
reações alérgicas graves, permite a avaliação de número
De acordo com a finalidade de avaliação eles podem ser divi-
maior de alérgenos, tem melhor reprodutibilidade e não tem
didos em: a) diagnóstico etiológico, b) avaliação da cavidade
interferência da técnica na feitura do exame.20
nasal, c) avaliação por imagem e d) avaliação complementar.
Mais recentemente, a aquisição do Component Resolved
Diagnostic (CRD) permitiu a determinação de IgE específica a
a) Diagnóstico etiológico múltiplos alérgenos (recombinantes ou não) com o emprego
Os exames subsidiários mais importantes no diagnóstico eti- da técnica de microarray (ex: Immuno Solid Phase Allergen
ológico da rinite alérgica, tanto pela especificidade como (ISAC) e possibilitou maior precisão diagnóstica e a possi-
pela sensibilidade, são os skin prick test (SPT) e a avaliação bilidade de discriminar cossensibilização de sensibilização
dos níveis séricos de IgE alergenoespecífica. O diagnóstico de cruzada por diferentes alérgenos que apresentam a mesma
alergia e a identificação dos alérgenos mais relevantes em proteína em sua composição.21,22
cada caso são importantes pela perspectiva de intervenções ®
No Brasil, está disponível o ImmunoCap-ISAC (Thermo-
preventivas dirigidas, como o controle ambiental, pelas Fisher Scientific), uma plataforma múltipla que identifica
opções de tratamento farmacológico e, finalmente, pela 112 componentes, naturais ou recombinantes, de 51 fontes
opção da imunoterapia específica com alérgenos. alergênicas. O custo elevado ainda o restringe a casos muito
Os SPT com aeroalérgenos são os recursos mais usa- especiais.
dos no diagnóstico da alergia respiratória e evidenciam Apesar de os testes de provocação nasal (TPN) serem
reações alérgicas mediadas por IgE. Devem ser executados mais empregados na área de pesquisa, têm se mostrado úteis

Tabela 1 Fatores desencadeantes de alergias respiratórias16


Aeroalérgenos
Ácaros pó domiciliar Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae, Blomia tropicalis
Baratas Blatella germanica, Periplaneta americana
Fungos Aspergillus sp, Cladosporium sp, Alternaria sp, Penicillium notatum.
Animais de pelo gato, cão, coelho, cavalo e roedores (hamster, guinea pig, furão doméstico, camundongos)
Pólens: gramíneas --- Lolium multiflorum (azevém), Phleum pratense
Ocupacionais trigo, poeira de madeira, detergentes, látex.
Poluentes
Intradomiciliares fumaça de cigarro, material particulado (PM 10) e dióxido de nitrogênio (NO2 ) derivados
da combustão do gás de cozinha ou fogão a lenha.
Extradomiciliares ozônio, NOx e dióxido de enxofre.
Irritantes Odores fortes, perfumes, ar condicionado, produtos de limpeza
IV Brazilian Consensus on Rhinitis - an update on allergic rhinitis 7

no diagnóstico de rinite alérgica, inclusive a rinite alérgica entendimento e de baixo custo.33 São exemplos desses
local, e de rinite não alérgica.23---25 São úteis no diagnóstico questionários: Rhinoconjunctivitis Quality of Life Questi-
da rinite ocupacional, têm por objetivo identificar e quanti- onnaire (RQLQ),34 Mini Rhinoconjunctivitis Quality of Life
ficar a relevância clínica de alérgenos inaláveis ou irritantes Questionnaire (MiniRQLQ)35 e Pediatric Rhinoconjunctivitis
ocupacionais.23,24 Os TPN devem ser feitos por médicos Quality of Life Questionnaire (PRQLQ).36
especializados, em locais apropriados e com o emprego de
extratos alergênicos padronizados. Avaliação da resposta
Comorbidades
nasal pode ser feita por escore de sintomas, mas o uso de
método objetivo de monitoramento é recomendado.23,24
As principais comorbidades associadas à rinite alérgica são:
asma, conjuntivite alérgica, rinossinusite aguda, crônica,
b) Avaliação da cavidade nasal otite média com efusão e as alterações do desenvolvimento
Outros exames (citologia nasal, bacterioscopia e cultura de craniofacial dos respiradores bucais em crianças, além de
secreções de vias aéreas, avaliação do olfato, permeabili- apneia e hipopneia obstrutiva do sono, tanto em crianças
dade nasal [rinometria acústica, rinomanometria, pico de como em adultos.12
fluxo nasal]) são usados com menor frequência.12
Tratamento
c) Avaliação por imagem
A radiografia simples da rinofaringe é útil para o diagnós- Constam do tratamento do paciente com rinite alérgica
tico de obstrução nasal por hipertrofia da tonsila faríngea medidas não farmacológicas e medidas farmacológicas. As
(adenoide) ou por outros processos tumorais da rinofaringe. medidas não farmacológicas visam a reduzir a exposição
A dos seios paranasais (incidências de Caldwell e Waters) do paciente aos agentes irritantes e/ou aos quais é sen-
não tem papel no diagnóstico da rinite alérgica.26 sibilizado. Embora haja discussão com relação aos efeitos
A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear dessas medidas de controle ambiental sobre o controle das
magnética de seios paranasais podem ser necessárias na alergias respiratórias, elas têm sido defendidas por vários
avaliação de quadros inflamatórios e infecciosos crônicos pesquisadores.37 A tabela 2 reúne as principais medidas a
sinusais, em complicações de quadros infecciosos agudos e serem tomadas para um controle ambiental efetivo.16
na avaliação de processos tumorais benignos e malignos.26 Como medidas farmacológicas destacamos as diferentes
classes de medicamentos habitualmente usados na aborda-
d) Avaliação complementar gem terapêutica dos pacientes com rinite alérgica: anti-
Sabe-se que a rinite alérgica gera elevado impacto sobre a -histamínicos H1 isolados (anti-H1; sistêmicos ou tópicos),
vida dos pacientes e de seus parentes. Recentemente foram descongestionantes (sistêmico, tópico nasal), corticoste-
idealizados questionários autoaplicáveis que permitem uma roides (sistêmico, tópico nasal), cromoglicato dissódico,
avaliação mais ampla dos pacientes e assim possibilitam antagonistas de receptores de leucotrienos. Além desses, a
abordagem terapêutica mais personalizada e abrangente. solução salina, a imunoterapia alergenoespecífica e, mais
Entre eles destacam-se os que avaliam distúrbios do sono e recentemente, agentes imunobiológicos têm composto o
os de qualidade de vida. arsenal terapêutico de pacientes com rinite alérgica.12
Distúrbios relacionados ao sono (DRS) têm associação Os anti-H1 são considerados medicamentos de primeira
com fatores ambientais, sociais, culturais, biológicos, fami- linha no tratamento da RA, sobretudo os de segunda geração
liares e emocionais e geralmente são pouco relatados ou não clássicos.2,3,7 Por atuar sobre o receptor H1 da hista-
e consequentemente não valorizados e investigados.27,28 mina, aliviam de forma eficaz os sintomas da fase imediata
A polissonografia, considerada o padrão-ouro para o diag- da RA, como o prurido nasal, os espirros, a rinorreia e os sin-
nóstico de DRS, é uma avaliação objetiva, entretanto seu tomas oculares associados, e parcialmente o bloqueio nasal,
custo é elevado, é de difícil feitura, o que limita seu uso característico da fase tardia da doença.38 Por serem menos
em estudos populacionais. Diários de sono são baratos, lipofílicos e terem baixa passagem pela barreira hemato-
mas requerem tempo para preenchimento e são difíceis de encefálica, fixam-se pouco aos receptores H1 cerebrais e
interpretar.28 consequentemente causam menos efeitos adversos sobre o
Recentemente, questionários escritos têm sido desenvol- sistema nervoso central como sedação.39
vidos para avaliação de DRS em diversas faixas etárias. São Os anti-H1 de segunda geração tem início rápido de ação
autoadministrados e de fácil aplicação, com custo baixo e são medicamentos para uso por tempo variável (uma a
e úteis para grandes estudos.29,30 Um exemplo é o Chil- quatro semanas), podem também ser usados por tempo
dren’s Sleep Habits Questionnaire (CSQH).31 Estudo recente prolongado em casos moderados-graves e persistentes. Em
documentou escore significativamente maior do CSHQ em virtude de seu excelente perfil de segurança e vantagens
crianças com asma e/ou rinite em comparação com crianças terapêuticas no tratamento da rinite alérgica, os anti-H1 de
saudáveis, em especial naquelas nas quais a doença era mal segunda geração devem ser sempre priorizados em relação
controlada.32 aos compostos mais antigos para todas as faixas etárias.40---42
Outros instrumentos que têm sido cada vez mais empre- Além das formulações orais, atualmente são disponíveis
gados no seguimento de pacientes com rinite alérgica são anti-histamínicos para uso tópico nasal e ocular. Os anti-H1
os questionários de qualidade de vida em saúde (Health tópicos nasais têm eficácia similar aos compostos orais e
Related Quality of Life, HRQL), pois permitem avaliar de apresentam como vantagem terapêutica início de ação
forma mais ampla o quanto a doença interfere no dia mais rápido e maior efetividade no controle da obstrução
a dia do paciente. São curtos, autoaplicáveis, de fácil nasal.43---45
8 Sakano E et al.

Tabela 2 Medidas de controle do ambiente16


- O quarto de dormir deve ser preferentemente bem ventilado e ensolarado. Evitar travesseiro e colchão de paina ou pena.
Use os de espuma, fibra ou látex, sempre que possível envoltos em material plástico (vinil) ou em capas impermeáveis aos
ácaros. O estrado da cama deve ser limpo duas vezes por mês. As roupas de cama e cobertores devem ser trocados e
lavados regularmente com detergente e a altas temperaturas (>55 ◦ C) e secadas ao sol ou ar quente. Se possível a
superfície dos colchões deve ser aspirada com um modelo potente de aspirador doméstico.
- Evitar tapetes, carpetes, cortinas e almofadões. Dar preferência a pisos laváveis (cerâmica, vinil e madeira) e cortinas do
tipo persianas ou de material que possa ser limpo com pano úmido. No caso de haver carpetes ou tapetes muito pesados,
de difícil remoção, devem ser aspirados se possível duas vezes por semana após terem sido deixados ventilar.
- Camas e berços não devem ser justapostos à parede. Caso não seja possível, coloque-a junto à parede sem marcas de
umidade ou a mais ensolarada.
- Evitar bichos de pelúcia, estantes de livros, revistas, caixas de papelão ou qualquer outro local onde possam ser formadas
colônias de ácaros no quarto de dormir. Substitua-os por brinquedos de tecido para que possam ser lavados com frequência.
- Identificar e eliminar o mofo e a umidade, principalmente no quarto de dormir, reduzir a umidade a menos de 50%. Verifique
periodicamente as áreas úmidas de sua casa, como banheiro (cortinas plásticas do chuveiro, embaixo das pias etc.). A
solução diluída de água sanitária pode ser aplicada nos locais mofados, até sua resolução definitiva, mesmo porque são
irritantes respiratórios. É essencial investigar outras fontes de exposição aos fungos fora do domicílio (creche, escola e
locais de trabalho).
- Evitar o uso de vassouras, espanadores e aspiradores de pó comuns. Passar pano úmido diariamente na casa ou usar
aspiradores de pó com filtros especiais 2x/semana. Afastar o paciente alérgico do ambiente enquanto se faz a limpeza.
- Ambientes fechados por tempo prolongado (casa de praia ou de campo) devem ser arejados e limpos pelo menos 24 horas
antes da entrada dos indivíduos com alergia respiratória.
- Evitar animais de pelo e pena, especialmente no quarto e na cama do paciente (ambiente seguro). Manter a porta do quarto
sempre fechada. Se for impossível, restringir o animal a uma única área da moradia e usar purificadores HEPA no quarto do
paciente. Preferencialmente, animais de estimação para crianças alérgicas são peixes e tartarugas.
- Evitar a exposição aos alérgenos de camundongos e ratos com intervenção profissional integrada aos cuidados de limpeza da
moradia; inclusive a colocação de armadilhas, vedação de furos e rachaduras que possam atuar como pontos de entrada e a
aplicação de raticida, nos casos de grandes infestações.
- A inspeção é passo importante no extermínio de baratas. Evitar inseticidas e produtos de limpeza com forte odor, usar o
método de iscas. Exterminar baratas e roedores pode ser necessário.
- Remover o lixo e manter os alimentos fechados e acondicionados, pois esses fatores atraem os roedores. Não armazenar lixo
dentro de casa.
- Dar preferência às pastas e aos sabões em pó para limpeza de banheiro e cozinha. Evitar talcos, perfumes, desodorantes,
principalmente na forma de sprays.
- Não fumar e nem deixar que fumem dentro da casa e do automóvel. O tabagismo pré-natal, perinatal e pós-natal está
associado a problemas respiratórios futuros na prole.
- Evitar banhos extremamente quentes e oscilação brusca de temperatura. A temperatura ideal da água é a temperatura
corporal.
- Dar preferência à vida ao ar livre. Esportes podem e devem ser praticados, evitar dias com alta exposição aos pólens ou
poluentes em determinadas áreas geográficas.
- Recomenda-se aos pacientes alérgicos ao pólen manter as janelas da casa e do carro fechadas durante o dia, abri-las à noite
(menor contagem de pólens). Os sistemas de ventilação de casa e do carro devem ser equipados com filtros especiais para
pólens. Máscaras protetoras e óculos são úteis. Os pólens podem ser transportados para dentro de casa nas roupas e em
animais domésticos. Evite deixar as roupas para secar ao ar livre, se possível use secadora automática.
- Evitar atividades externas nos períodos de alta contagem de pólens, entre 5h e 10h e em dias secos, quentes e com ventos.
- Manter os filtros dos aparelhos de ar condicionado sempre limpos. Se possível limpe-os mensalmente. Evitar a exposição a
temperatura ambiente muito baixa e oscilações bruscas de temperatura. Lembrar que o ar condicionado é seco e pode ser
irritante.
IV Brazilian Consensus on Rhinitis - an update on allergic rhinitis 9

Os descongestionantes nasais são estimulantes adre- No Brasil as formulações de CN disponíveis são:


nérgicos ou adrenomiméticos, cuja ação principal é a dipropionato de beclometasona (BDP), budesonida (BUD),
vasoconstrição, produzem alívio rápido do bloqueio nasal propionato de fluticasona (FP), furoato de mometasona
na rinite alérgica.46 De acordo com a via de aplicação, são (MF), furoato de fluticasona (FF) e ciclesonida (CIC). Os CN
divididos em dois grupos: oral e tópico nasal. A pseudoefe- liberados para uso em maiores de dois anos são o MF e o
drina é o descongestionante oral mais usado, seguido pela FF; para maiores de quatro anos a BUD e o FP enquanto que
fenilefrina. No Brasil, só estão disponíveis em combinação acima dos seis anos são o BDP e a CIC.12 O início da ação dos
com anti-H1. A pseudoefedrina deve ser usada com cautela CN ocorre em sete a 12 horas após sua administração, mas
em função de sua ação psicotrópica e de seus potenci- os pacientes devem ser notificados de que o efeito terapêu-
ais efeitos colaterais cardiovasculares. Não é recomendada tico final pode demorar até 14 dias para ser atingido.12,51
para pacientes menores de quatro anos, pelo maior risco de Embora todos tenham ação anti-inflamatória, diferem em
toxicidade, e as formulações de liberação prolongada com suas características farmacodinâmicas e farmacocinéticas,
doses de 120 mg não são recomendadas para menores de o que lhes garante diferentes perfis de segurança.51
12 anos.46,47 Os descongestionantes tópicos nasais devem Estudos mostram que o efeito terapêutico dos CN
ser usados no máximo por até 5-7 dias, pois o uso pro- depende não apenas da efetividade da substância ativa,
longado aumenta o risco de rinite medicamentosa, muitas mas também da deposição do produto na cavidade nasal
vezes de difícil resolução. Além disso, podem causar efeitos (spray ou aerossol),51,52 de sua afinidade pelo recep-
cardiovasculares importantes, assim como no sistema ner- tor de glicocorticoide e da relação concentração-tempo
voso central (derivados imidazólicos), são contraindicados no local da atuação e a lipofilia é fator importantes
em crianças menores de seis anos. Também devem ser no efeito terapêutico e no do potencial de atingir a
evitados em idosos, em função da maior incidência de circulaça˜o sisteˆmica (disponibilidade sistêmica) e da sua
hipertensão e retenção urinária com seu uso nessa faixa eliminação.51,52 Acredita-se que o CN ideal deveria apresen-
etária.46 tar alta lipofilia, baixa disponibilidade sistêmica e elevado
A associação de oximetazolina e furoato de mometa- clearance sistêmico.52,53
sona para uso tópico nasal acompanhou-se por início rápido Os efeitos adversos dos CN são, em sua maioria, depen-
de ação, melhor eficácia sobre o bloqueio nasal e redução dentes da disponibilidade sérica, que é diminuída pela
do tamanho dos pólipos, em pacientes com rinite alérgica capacidade do fármaco de ligar-se a proteínas plasmáticas.
sazonal e polipose nasal, em comparação com os fármacos A nova geração de CN exibe alta afinidade de ligação às pro-
administrados de forma isolada.48,49 teínas plasmáticas: FF, FM e CIC ligam-se em 99%; FP em
Os corticosteroides, potentes agentes anti-inflamatórios, 90%, BUD em 88% e DPB em 87%, o que afeta sua biodispo-
têm sido muito usados no tratamento de várias doenças, nibilidade sistêmica.53,54
inclusive as alérgicas. Em pacientes com rinite alérgica os Os principais efeitos adversos relacionados ao uso de CN
corticosteroides sistêmicos são reservados a pacientes com são locais (irritação local, sangramento, perfuração septal),
exacerbações graves ou formas graves de rinite alérgica podem ser observados com qualquer dos produtos usados e
sempre por curto período (cinco a sete dias) para prevenção são dependentes da dose usada e da técnica de aplicação.
de efeitos adversos decorrentes do uso prolongado.2,12 Em relação aos efeitos adversos sistêmicos (interferência
Entretanto, a administração parenteral de corticosteroides sobre o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, efeitos oculares,
(conhecidos como de depósito; ação prolongada) é pros- efeitos sobre o crescimento, reabsorção óssea e efeitos
crita no manejo da rinite, em especial em crianças e idosos, cutâneos), podem ocorrer segundo a idade do paciente, a
devido aos efeitos adversos sistêmicos.12 Estudo recente dose usada e a farmacocinética do produto.53,54
avaliou a ação da associação desloratadina (0,5 mg/mL) e Embora sejam apontados como seguros, mesmo em
prednisolona (4 mg/mL) durante sete dias em crianças (dois pequena escala, todos os CN são absorvidos sistemicamente
a 12 anos) em crise aguda grave de rinite alérgica e docu- em alguma porção e podem exibir efeitos adversos. Os efei-
mentou controle significativo dos sintomas nas primeiras tos dos CN em crianças e em gestantes são semelhantes
24 horas de tratamento, acompanhada por menor incidência aos observados em pacientes adultos.54 Entretanto, o uso
de eventos adversos, sobretudo sonolência.50 dos CN em gestantes exige maior ponderação, uma vez que
Já os corticosteroides tópicos nasais (CN) apresentam há sempre a preocupação com a embriogênese. A BUD é
perfil de segurança mais amplo, o que possibilita seu uso o único CN que entra na categoria B para uso na gravi-
por períodos de tempo mais prolongados e são o trata- dez, com a ressalva da prescrição na menor dose e tempo
mento anti-inflamatório de escolha advogado pela maioria possíveis.55
dos especialistas que tratam a rinite alérgica (de várias soci- A associação de anti-H1 (cloridato de azelastina) e CN
edades médicas1---3,8,12,51 ). Os corticosteroides tópicos nasais (propionato de fluticasona) para uso tópico, em disposi-
também têm se mostrado efetivos no controle de rinites tivo único, incialmente indicada para pacientes maiores
ocupacional, gestacional e idiopática.51 de 12 anos, com sintomas persistentes moderados ou
Os CN melhoram a congestão nasal, a alteração do graves e sem controle com anti-H1 e/ou CN,55---58 mostrou-se
olfato, a coriza, os espirros, o prurido nasal e os sintomas eficaz e segura em crianças a partir dos quatro anos.59,60
oculares associados, esses últimos por possível ação no Estudos em pacientes com rinite alérgica compararam
reflexo naso-ocular (rinoconjuntivite alérgica). Seu uso leva o tratamento com a associação e os componentes admi-
a melhoria na qualidade de vida, na qualidade de sono nistrados de modo isolado e revelaram ser a associação
e na concentração diurna. O tratamento com CN reduz mais efetiva no controle desses pacientes,55---60 sem perda
também o risco de complicações como a rinossinusite, a de sua ação mesmo quando administrados por tempo
otite secretora e a asma.1,2,12 prolongado.61 A incidência de eventos adversos tem sido
10 Sakano E et al.

similar à observada com os pacientes tratados com placebo. e crônicas. Por ser método barato, prático e bem tolerado
Até o momento não há dados suficientes sobre segurança de tornou-se muito difundido. O uso da solução salina facilita
seu uso em mulheres grávidas ou em amamentação.55,61 a remoção de secreções, promove consequentemente alívio
O cromoglicato dissódico tem ação estabilizadora sobre sintomático aos pacientes.51 No caso específico das rinites
a membrana de mastócitos e, consequentemente, impede inflamatórias e alérgicas, a lavagem nasal também promove
a ação dos mediadores químicos liberados por essas células a remoção de mediadores inflamatórios presentes no muco
durante a reação alérgica. São superiores ao placebo, porém nasal, atua assim na melhoria do quadro.51 A solução salina
muito menos eficazes quando comparados com aos anti-H1 isotônica deve ser usada 1-2x ao dia, como tratamento adju-
e os CN, no controle da rinorreia, dos espirros e do prurido vante na rinite alérgica.80 A observação clínica recomenda
nasal, além de pouco atuar sobre a obstrução.2,62 Apresenta a lavagem nasal prévia antes da aplicação de outros medi-
excelente perfil de segurança, torna-se uma opção terapêu- camentos tópicos nasais.
tica aceitável em lactentes, faixa etária em que os CN não Agentes biológicos (anticorpos monoclonais humanos ou
são liberados.2,62 Devido à sua curta meia-vida, deve ser humanizados) desenvolvidos para o tratamento da asma
administrado de quatro a seis vezes ao dia, o que dificulta a grave têm sido usados, com bons resultados, em outras
adesão ao tratamento. doenças, como urticária crônica, rinossinusite crônica, poli-
O montelucaste sódico (MS) é o único composto repre- pose nasal e rinite alérgica. Sintetizados por organismos
sentante dos antagonistas de receptores de leucotrienos vivos e direcionados contra um determinante específico, por
existente no Brasil. Tem superioridade reconhecida ao pla- exemplo, uma citocina ou seu receptor.81 A identificação de
cebo no controle dos sintomas e na melhoria da qualidade diferentes vias moleculares que têm significado clínico con-
de vida de pacientes com rinite alérgica.63---65 Embora o MS tribuiu para estabelecer os alvos do tratamento e levou à
não seja a primeira escolha para o tratamento de pacien- identificação dos endotipos descritos em asmáticos e que
tes com rinite alérgica, tem sido apontado como uma opção poderiam muito bem ser transferidos à rinite alérgica.82
terapêutica para os pacientes com asma e rinite alérgica Em doenças alérgicas os alvos contra os quais foram
concomitante66 e naqueles com dificuldade de adesão aos desenvolvidos agentes biológicos são: IgE, citocinas promo-
regimes de tratamento com medicação tópica nasal. Além toras de resposta Th2, como IL-4, IL-5, IL-9, IL-13, IL-31, e
disso, podem ser considerados nos casos de rinossinusite crô- TSLP, receptor para quimiocinas CCR4 e moléculas de super-
nica com polipose nasal, na doença respiratória exacerbada fície e adesão CD2, CD11a, CD20, CD25, CD52 e ligante OX40.
por aspirina (AERD). No entanto, há poucas evidências de uso de biológicos em
Recentemente uma associação entre um anti-H1 (levoce- rinite alérgica.
tirizine 5 mg + montelucaste de sódio 10 mg) para indivíduos Metanálise avaliou a eficácia e segurança de omalizu-
maiores de 18 anos foi disponibilizada para uso.67 Estudos mabe em pacientes com rinite alérgica não controlada e o
em adultos mostram que a terapia combinada é superior associou de modo significante a alívio de sintomas, redução
a ambas as medicações quando administradas de modo do consumo de medicação de resgate e melhoria da qua-
isolado.68---70 lidade de vida nesses pacientes.83 O omalizumabe é, em
A imunoterapia alergenoespecífica (ITE) permanece geral, bem tolerado e a sua readministração não é seguida
como o único tratamento modificador da doença alérgica.71 pela formação de anticorpos contra a medicação, portanto
Além disso, proporciona benefícios duradouros após a sua não se mostrou imunogênico.84 Além disso, a adição de anti-
descontinuação,72 previne a progressão da doença, inclusive -IgE à imunoterapia alérgeno específica reduziu o índice de
o desenvolvimento de asma,73,74 bem como o desenvolvi- reações sistêmicas à ITE.85---87
mento de novas sensibilizações.75---77 Biológicos, inclusive anti-IL-5 (mepolizumabe, reslizu-
A ITE é recomendada no tratamento de adultos e crianças mabe) e anti-IL4/13 (dupilumabe), foram estudados em
(> 5 anos) com rinite alérgica moderada/grave intermi- pacientes com diferentes condições, mas a eficácia não
tente e em todas as formas persistentes,77 sempre por ocorreu em todos os pacientes. O alvo desses biológicos
especialista em alergologia. A indicação da ITE deve estar são moléculas específicas que participam dos mecanismos
fundamentada na comprovação da sensibilização alergeno- patogenéticos da asma, rinite, dermatite atópica e rinossi-
específica por métodos in vivo ou in vitro, na relevância nusite crônica.88 O que se espera é o controle das doenças
do(s) alérgeno(s) no desencadeamento de sintomas, na pela redução da inflamação imunológica e da produção de
impossibilidade de evitar a exposição ao(s) alérgeno(s) e na anticorpos IgE. Há necessidade de estudos delineados para
disponibilidade de extrato alergênico padronizado e com- avaliar a ação desses recursos terapêuticos com desfecho
provadamente eficaz.12,78 É procedimento terapêutico de primário na rinite alérgica.89
longa duração.
São contraindicações absolutas de ITE: asma não contro-
lada, doença autoimune ativa, neoplasia maligna, crianças Avaliação do controle clínico
menores de dois anos e pacientes com infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV). São contraindicações rela- De modo semelhante ao observado em diversas doenças crô-
tivas: asma parcialmente controlada, doença autoimune em nicas, como a asma e a urticária crônica, o conceito de
remissão, uso de betabloqueadores, doenças cardiovascu- controle clínico na rinite tem sido valorizado nos últimos
lares, crianças entre dois e cinco anos, infecção pelo HIV anos. Esse conceito pode ser definido como o nível no qual
(classificação A e B; CD4 > 200 células/mm3 ), infecções crô- os objetivos do manejo da doença são alcançados pelo tra-
nicas, imunodeficiências e uso de imunossupressores.79 tamento instituído.90
A lavagem nasal com soluções salinas tem sido empregada Diferentemente do nível de gravidade da doença, cri-
como coadjuvante no tratamento de afecções nasais agudas tério classicamente empregado para definir o tratamento
IV Brazilian Consensus on Rhinitis - an update on allergic rhinitis 11

Diagnóstico de Rinite Alérgico

Intermitente Persistente

Leve Moderada / Grave Leve Moderada / Grave

Higiene ambiental (evitar alérgeno e irritantes)

Anti-H1 oral ou aCortic. cCortic. nasal ou


nasal ou anti-H1 oral
anti-H1 nasal ou ou anti-H1 nasal ou cortic. nasal+anti-H1b
antileucotrieno Antileucotrieno ou cortic ou anti-h1 oral ou anti-h1
nasal+azelastina nasalb nasal ou antileucotrieno

Melhora:
Rever paciente após Rever paciente após Reduzir medicação
2 − 4 semanas 2 − 4 semanas e manter por 1 mês

Falha: Falha:
Aumentar Rever diagnóstico, adesão e Rever diagnóstico, adesão
tratamento investigar infecção ou outras investigar infecção ou outras
causas causas

Falha: Associação de dois ou mais:


Curso curto de
Melhora: Rever diagnóstico, adesão e Cortic. nasal+azelastina nasalb Encaminhar para
Manter tratamento descongestionante
investigar infecção ou outras / cortic. nasal / anti-H1 oral / especialista
oral ou cortic. oral
causas antileucotrieno+levocetirizinad

Imunoterapia específica

Medicação de resgate: anti-H1 oral / anti-H1 com descongestionante / cortic. oral

Anti-H1 − anti-histamínico H1; Cortic. − corticosteroide; a − sem ordem de preferência; b - acima de 6 anos; c − em ordem de preferência;
d - acima de 18 anos.

Figura 1 Fluxograma de tratamento para a rinite alérgica.

da rinite,2 o controle da rinite parece ser um critério mais obstrução nasal refratária ao tratamento clínico e que
adequado para nortear o seu tratamento.90 Entretanto, a apresentam hipertrofia da concha inferior.41 Os benefí-
avaliação do controle da doença deve ser personalizada e cios relatados por estudos observacionais indicam potencial
nada substitui o adequado seguimento da rinite alérgica melhoria da respiração e consequente melhoria na qualidade
no contexto da relação médico-paciente. Diversos instru- de vida, assim como a melhor distribuição dos medicamentos
mentos foram desenvolvidos com o objetivo de auxiliar a tópicos na cavidade nasal.40
avaliação do controle da rinite por médicos e/ou atuar na Até o momento, nenhuma técnica foi estabelecida como
triagem de pacientes não controlados na atenção padrão-ouro. A seleção da técnica a ser empregada é indivi-
primária.90,91 Entre eles destacam-se a escala visual dualizada e depende de fatores como, por exemplo, maior
analógica (EVA) e questionários/escores de avaliação. ou menor componente ósseo ou mucoso da concha inferior,
A EVA foi recentemente proposta por algumas organizações experiência do cirurgião, equipamentos disponíveis, custo,
e sociedades médicas como ferramenta para a autoavaliação entre outros.100
rotineira do paciente e como método auxiliar no manejo do
tratamento farmacológico.4,92,93
Considerações finais
Os questionários/escores de avaliação de controle, pro-
postos mais recentemente, diferem no enfoque dado ao
Com base nas recomendações para tratamento da rinite
conceito de controle, ora abordam mais intensamente os
alérgica publicadas pela iniciativa ARIA2,4,5 e pela Acade-
sintomas da doença, ora valorizam o impacto das consequên-
mia Europeia de Alergia e Imunologia, Americana de Asma,
cias da rinite nas atividades e na vida diária. Além disso,
Alergia e Imunologia9 e Americana de Otorrinolaringologia,40
observam-se questionários específicos para a avaliação da
propusemos o fluxograma para o tratamento (figura 1).
rinite e questionários que abordam simultaneamente a rinite
e a asma. Entre esses destacam-se: Rhinitis Control Asses-
sment Test (RCAT),94,95 Rhinitis Control Scoring System Conflitos de interesse
(RCSS)96 e Allergic Rhinitis Control Test.97 O Control of Aller-
gic Rhinitis and Asthma Test (CARAT) foi idealizado para Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
avaliar conjuntamente o controle de pacientes com asma
e rinite em adolescentes e adultos98 e o Control of Allergic
Rhinitis and Asthma Test --- Kids (CARATkids) para crianças Referências
de seis a 12 anos.99
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