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PLANTAS SILVESTRES COMESTÍVEIS

Presentation · February 2020


DOI: 10.13140/RG.2.2.16934.47688

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1 author:

Maria Dalila Espírito-Santo


University of Lisbon
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PLANTAS SILVESTRES COMESTÍVEIS

Dalila Espírito Santo



Oenanthe crocata, embude Cicuta maculata, cicuta


Texto do Professor Galopim de Carvalho

…Foi numa das várias vezes que ali fomos em busca das
saborosas ervas, que conhecemos esta alentejana. O ti’ Justo
falava pouco, mas a mulher era uma tagarela, uma “algarvia”,
no dizer do marido. Vivia-se um tempo difícil, sobretudo, para
os camponeses, sofrendo as agruras dos meses sem trabalho
e sem pão para dar aos filhos, intimidados e perseguidos pela
GNR e pela polícia política.
- São barrigadas de fome que só a gente é que sabe. Os fiados
na venda do Germano são sempre muitos e o pessoal nem
sempre tem dinheiro para os pagar. Comemos beldroegas,
acelgas, labaças, cardinhos, espargos, cilarcas e o mais que o
campo possa dar à gente...

(Enviado por e-mail pela Margarida Guerreiro em 29-06-2015,


a propósito das plantas silvestres da Tapada)
Algumas ervas alimentares e petiscos alentejanos

• Espargos: com miolos, sopa e omeletes


• Cardinhos: com feijão, cozido com grão e sopa de cação
• Túberas: fritas, em fricassé
• Cogumelos: de várias maneiras, mas principalmente fritos
com sal
• Alabaças: com esparregado, grão, feijão
• Arrabaças: com feijão (sopa de feijão com catacuzes, que é
o mesmo que dizer arrabaças)
• Orégãos: como tempero
• Poejos: como tempero
• Beldroegas: em sopa
• Pampilhos: nas saladas
• Acelgas: em esparregado, com grão, com feijão
• Saramagos: com feijão
Asparagus albus

Asparagus acutifolius
turião de espargo-bravo

Asparagus aphyllus
Ovos mexidos com espargos e silarcas Comece por arranjar os espargos, retirando a
película grossa e fibrosa com um descascador
(o descascador de batatas é perfeito para
arranjar espargos). Corte os espargos em
pedaços e reserve.
Lave as túberas para lhes tirar a terra.
Descasque-as e volte a lavar bem. Corte-as
em fatias finas. Deite metade da manteiga
numa frigideira. Quando a manteiga estiver
quente, junte as fatias de túberas. Tempere
com flor de sal e deixe saltear dois a três
minutos. Entretanto junte os espargos e deixe
saltear. Se achar que os espargos são muito
rijos e não vão ficar tenros, dado que os
espargos selvagens são mais fibrosos,
escalde-os primeiro durante poucos minutos
em água fervente.
Por fim junte os ovos ligeiramente batidos e
temperados com flor de sal e pimenta. Deixe-
os cozinhar poucos minutos para ficarem
cremosos. No fim polvilhe com cebolinho
fresco picado e sirva em cima de fatias de pão
torrado (alentejano de preferência).
Sopa de feijão branco com tengarrinhas (cardos) – Escolha e limpe as tengarrinhas. Num
decilitro de azeite deite uma cebola picada e dois dentes de alho igualmente picados. Deixe
alourar um pouco e depois deite as tengarrinhas. Coza meio litro de feijão branco em muita
água com sal e depois de cozido junte-o às tengarrinhas. Complete com a água onde cozeu o
feijão. Pode migar sopas de pão na terrina antes de deitar a sopa.
www.colegiof3.ulisboa.pt/docs/Herbario.pdf

"VENHA PASTAR CONNOSCO" consistiu numa atividade com orientação temática que deu a conhecer ervas
silvestres que nascem, por exemplo, nas bordas das hortas. Estas ervas serviram desde tempos imemoriais
para enriquecer os cozinhados enquanto as hortaliças não crescem. A atividade decorreu no âmbito da
missão do Colégio F3, num dos seus Laboratórios Naturais, permitindo uma experiência ‘hands-on’ e o
contacto com situações reais. Assim, num passeio pela Tapada da Ajuda cerca de 30 participantes colheram,
prepararam e cozinharam labaças, acelgas, serralhas, mostarda selvagem e muitas outras, e regalaram-se
com uma boa refeição em que não faltou tradição e uma pitada de ciência e modernidade na arte culinária
Rumex crispus

LABAÇAS COM FEIJÃO E CHOURIÇO


Ingredientes: Azeite, cebola, pimentão,
massa de tomate cozinhado, sal, louro,
labaças, feijão, chouriço
Preparação: Apanham-se as labaças e
cortam-se com as mãos. Escaldam-se.
Numa panela faz-se um refogado com
azeite, cebola picada, massa de tomate
cozinhado, pimentão, sal, louro e o
chouriço às rodelas, a que se juntam as
labaças escaldadas. Quando estas
estiverem refogadas junta-se-lhes o
feijão. Deixa-se envolver muito bem e
deita-se água suficiente para cozer.
Portulaca oleracea

SOPA DE BELDROEGAS

1 molho grande de beldroegas


1 cebola
2 cabeças de alho
1 colher se sobremesa de colorau
1 pitada de pimenta
sal a gosto
1 folha de louro
1,5 dl de azeite
4 ovos
Água (cerca de 2 litros)
4 batatas
1 queijinho seco de cabra
fatias de pão alentejano (de véspera)
Sopa de urtigas
Ingredientes: 2,5 L de água, 1Kg de
batata, 1 cabeça de nabo, 1 cebola, 1
molho de urtigas, uns bagos de arroz,
sal e azeite.
Modo de preparação: Cozer a batata,
a cebola e o nabo durante 15 minutos.
Triturar, adicionar as urtigas,
previamente preparadas, e os bagos
de arroz. Cozer 5 minutos. Temperar
com sal e azeite a gosto.
Preparação das urtigas: Depois de
apanhar as urtigas deixar murchá-las
durante 12 horas, depois são
preparadas como outros legumes.
Para atenuar o seu aroma podem-se
escaldar, depois de preparadas e antes
de as colocar na panela como verdura.
http://stopogm.net/sites/stopogm.net
/files/webfm/plataforma/receitaserva
s.pdf
Esparregado do campo
Ingredientes: Nabiças, vagens de fava, alface, beterraba, folhas de malva,
acelgas, um ramo de salsa, um ramo de agriões, feijão verde sem fios, espinafre, um
molho de couves, dentes de alho, azeite, vinagre de vinho e sal q.b..
Modo de preparação: Depois de bem cozidos, picar tudo numa tábua. Num
tacho alourar levemente o alho esmagado em azeite. Deitar os legumes picados,
mexer. Polvilhar com farinha e mexer enquanto coze. Temperar com um pouco de
vinagre de vinho e sal e deixar cozer até não se notar o cheiro do vinagre.
(RIBEIRO, José Alves; MONTEIRO, António Manuel, SILVA, Maria de Lurdes Fonseca (2000),
Etnobotânica – Plantas bravias, comestíveis, condimentares e medicinais, 2ª edição, Colecção
“Património Natural Transmontano”, João Azevedo Editor)
Sugestão: podem usar-se uma mistura de várias ervas, como labaça, malvas, acelgas,
tanchagem, serralha, mostarda-dos-campos e saramagos

Soncus oleraceus Plantago lanceolata Sinapis arvensis


SOPA DE URTIGAS

2,5 L de água
1Kg de batata
1 cabeça de nabo
1 cebola
1 molho de urtigas
Uns bagos de arroz
Azeite e sal

Cozer a batata, a cebola e o nabo durante 15


minutos.
Triturar, adicionar as urtigas, previamente ESPARREGADO DO CAMPO PATÉ DE AZEDAS
preparadas, e o arroz. Cozer 5 minutos. Temperar
com sal e azeite a gosto. Pode usar-se uma mistura de várias ervas, como labaça, Um molhinho de azedas
Preparação das urtigas: Depois de apanhar as urtigas malvas, acelgas, tanchagem, serralha, mostarda preta e 2 ovos
deixar murchá-las durante 12 horas, depois são saramagos. E juntar outras verduras, como nabiças. 1 cebola pequenina
preparadas como outros legumes. Depois das ervas escaldadas uns minutos em água a Azeite
ferver, picar tudo numa tábua. Num tacho alourar 2 colheres de chá de caril
levemente alho esmagado em azeite. Deitar os legumes Meia colher de chá de canela
TARTE DE LABAÇAS picados, mexer. Polvilhar com farinha e mexer enquanto sal e pimenta q.b.
coze. Temperar com um pouco de vinagre de vinho e sal
6 folhas de massa Filo e deixar cozer até não se notar o cheiro do vinagre. Refogar ligeiramente a cebola e juntar os
Um molhinho de labaças talos da flor cortados em pedaços.
1 cebola Cozinhar 5 min. Reduzir a puré juntar as
200 mL de leite ACELGAS BRAVAS COM GRÃO E CHOURIÇO especiarias e os ovos batidos, voltar a
250 g de requeijão cozinhar até à consistência desejada.
4 ovos Um molho de acelgas bravas
Azeite, manteiga, sal, pimenta 1 lata de grão LABAÇAS COM FEIJÃO
Queijo parmesão para polvilhar 2 cebolas
2 tomates Um molho de labaças
Preparar e escaldar as labaças. Forrar uma forma 1 chouriço cortado às rodelas 1 lata de feijão manteiga
de tarte com a massa Filo, tendo o cuidado de Azeite, alho, sal, pimenta 2 cebolas médias
pincelar com manteiga todas as folhas e colocá-las 1 colher de sobremesa de massa de
com os vértices desencontrados. Saltear em azeite Preparar e escaldar as acelgas. Preparar o refogado pimentão
a cebola às rodelas, juntar as labaças. Deixar com o azeite, as cebolas picadas e o tomate. Juntar o Azeite, louro, alho, sal, pimenta
arrefecer um pouco, juntar os ovos batidos, o chouriço e refogar mais um pouco. Juntar o grão
requeijão e o leite. Temperar. Verter na forma, lavado e escorrido e as acelgas. Deixar apurar e Preparar e escaldar as labaças. Preparar o
polvilhar com o queijo. Levar a forno médio até ter ajustar o tempero. refogado com o azeite, as cebolas picadas e
bom aspeto. o tomate. Juntar o feijão lavado e escorrido
e as labaças. Apurar e ajustar o tempero.
Sopa de urtigas
Tarte de labaças

Labaças com feijão


Rumex crispus Oxalis pes-caprae Urtica membranacea
COMPOSIÇÃO MINERAL, PROPRIEDADES ANTIOXIDANTS E ANÁLISE
DE LECTINAS DE RUMEX CRISPUS L., SINAPIS ARVENSIS L. BETA
MARITIMA L. E SONCHUS OLEARACEUS L.

Ana Carolina Branco, Maria Dalila Espírito Santo, Margarida Moldão,


Ana Cristina Ribeiro
Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa

RESUMO

Neste trabalho foram estudadas folhas de quatro plantas silvestres


(Rumex crispus, Sinapis arvensis, Beta maritima e Sonchus oleraceus)
com o objetivo de analisar a sua composição mineral, teor de fenóis,
capacidade antioxidante e deteção de lectinas (composto
antinutricional). Os resultados obtidos sugerem que as folhas de
Rumex crispus podem ter relevância na indústria alimentar e as
lectinas das restantes espécies poderão ter diversas aplicações.

(http://docplayer.com.br/43463487-Caracterizacao-nutricional-e-
toxicologica-de-especies-de-plantas-silvestres.html
• Os minerais são substâncias inorgânicas que ocorrem naturalmente e são
essenciais em diversas atividades fisiológicas dos tecidos do corpo. Nos alimentos,
estes elementos contribuem para o seu sabor e textura (Belitz, 2009).
• Os antioxidantes são compostos importantes na proteção do organismo contra
radicais livres que contribuem para o desenvolvimento de várias doenças
degenerativas. Nos tecidos das plantas, os compostos fenólicos atuam como
antioxidantes naturais, sendo utilizados pelo Homem como suplementos
alimentares ou em formulações farmacêuticas (Belitz, 2009). Atualmente, na
indústria e investigação cientifica há um crescente interesse nas plantas silvestres
devido às suas propriedades antioxidantes.
• No entanto, nas plantas existem metabolitos secundários altamente ativos e que
são conhecidos como compostos antinutricionais porque provocam efeitos
deletérios por precipitação e/ou atuam reduzindo a absorção de nutrientes no
organismo humano. Nas plantas, estão presentes diversos grupos de
antinutrientes (taninos, fitatos, oxalatos, saponinas, alcalóides, inibidores de
protéases, glicósidos cianogénicos e lectinas) que são utilizados como mecanismos
de defesa (Gemede & Ratta, 2014).
• Este estudo revelou que as folhas destas plantas tem uma boa composição mineral e uma
capacidade antioxidante relativamente elevada. Os estudos de avaliação da composição
mineral, demonstraram que as plantas silvestres estudadas se destacam pelos seus elevados
níveis de magnésio, ferro e zinco, comparativamente com as espécies cultivadas
correspondentes (Rheum rhabarbarum (ruibarbo), Brassica napus (nabiças), Beta vulgaris
(acelga-comum) e Lactuca sativa (alface).
• Em relação ao teor fenólico e à capacidade antioxidante, as quatro plantas silvestres
utilizadas neste trabalho, apresentaram um elevado teor fenólico (891,55 – 105,84 mg/ 100 g
massa seca em EAG) e poder antioxidante
• O Rumex crispus não apresentou atividade lectina, tanto nas folhas cruas como nas
confecionadas, concluindo-se que, a nível deste composto antinutricional, não há riscos de
consumo desta espécie silvestre.
• Do ponto de vista toxicológico, a Sinapis arvensis, a Beta maritima e o Sonchus oleraceus
contêm lectinas, ainda que inativas no estado cru, pelo que o seu consumo alimentar não é
aconselhado. Estes diferentes extratos quando sujeitos a tratamento térmico (+100 °C),
expõem a atividade de lectina. Estes resultados, pela primeira vez evidenciados, traduzem-se
em diferentes abordagens destas espécies, relativamente ao estudo dos inibidores de
lectinas e em estratégias de purificação de novas lectinas. Atualmente, as lectinas são
ferramentas de topo, usadas em glicómica (identificação de genes associados a glicosilação).
O seu mecanismo de ação confere-lhes propriedades biológicas, biomédicas e
biotecnológicas. Assim num estudo futuro, poder-se-ia explorar as lectinas destas plantas e o
impacto da sua utilização.
http://stopogm.net/sites/stopogm.net/files/
webfm/plataforma/receitaservas.pdf

FEIJÃO COM FUNCHO Ingredientes: 0,5 L de


feijão encarnado, 3 bases carnudas de folhas
de funcho (de preferência silvestre), sal, azeite,
cebola e alho. Modo de preparação: Refogar
levemente a cebola e o funcho picados. Juntar
o feijão previamente cozido, o alho e retificar
de sal. Deixar apurar 5 minutos.
(autoria: Alexandra Azevedo) Foeniculum vulgar
ALMEIRÃO COM FEIJÃO BRANCO
Ingredientes: 0,5 L de feijão branco, almeirões,
azeite e sal. Modo de preparação: Põe-se o
feijão de molho de um dia para o outro e coze-
se. Escolhem-se os almeirões e cozem-se em
água e sal. Escorrem-se bem, apertando-os e
fazendo bolas. Escaldam-se, para perderem o
sabor amargo, escorrem-se novamente e
misturam-se com o feijão. Servem-se regados
com azeite.
(Sabores da Nossa Infância, Comissão de
Festas de Nossa Senhora da Assunção-2002,
Minde 2002) Cichorium intybus
http://www.matosdecomer.com.br/2014/12/caruru-amaranto-bredo-espinafre-gratis.html
Chenopodium album
Flores silvestres comestíveis
❖ Allium ❖ Jasminum
❖ Aster ❖ Lavandula
❖ Borago ❖ Linum
❖ Dianthus ❖ Mentha
❖ Chrysanthemum ❖ Myosotis
❖ Campanula ❖ Nepeta
❖ Centaurea ❖ Papaver
❖ Calendula ❖ Rosmarinus
❖ Geranium ❖ Rosa
❖ Hissopus officinalis ❖ Salvia
❖ Tropaeolum majus
❖ Tulipa
❖ Verbena
❖ Viola
❖ …
Tropaeolum majus L., cinco-chagas, capuchinha, bico-de-papagaio, capuchinho, mastruço-do-
peru, flor-de-chagas, nastúrcio, agrião-do-méxico, chaguinha, agrião-da-índia e mastruço
Distribuição natural nas regiões e elevada altitude dos Andes, desde a Bolívia à Colômbia.
(Labiadas)

Mentha pulegium L.
Calamintha baetica Boisset poejo Rosmarinus officinalis L.
& Reuter, erva-das-azeitonas
alecrim

Origanum vulgare L.
subsp. virens (Hoffmanns. & Link)
Bonnier & Layens Satureja montana L.
orégão segurelha

Preslia cervina L. (Labiadas)


hortelã-da-ribeira, erva-peixeira

Thymus vulgaris L., tomilho


Laurus nobilis, loureiro

Nerium oleander
loendro, sevadilha
• OBRIGADA!

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