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ILUSTRÍSSIMO SENHOR COMANDANTE DO BATALHÃO DE POLICIAMENTO

MILITAR AMBIENTAL (BCPMA) DE JOAÇABA – ESTADO DE SANTA


CATARINA

Auto de Infração n. 48

Autuante: Batalhão de Polícia Militar Ambiental - BPMA

Autuado: João das Peras

JOÃO DAS PERAS, brasileiro, solteiro, agricultor, inscrito no CPF sob o n.


001.002.003-04, portador da Cédula de Identidade n. 1.002.032, residente e
domiciliado na Linha Arraial, interior, município de Joaçaba/SC, CEP: 89600-000,
vem, respeitosamente perante Vossa Senhoria, com fulcro na Portaria Conjunta
IMA/CPMA N°. 143/19, apresentar DEFESA PRÉVIA contra o auto de infração n. 48,
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I. DA TEMPESTIVIDADE

A presente defesa é tempestiva, uma vez que oferecida dentro do prazo


legalmente estabelecido pelo art. 71, inciso I da Lei 9.608/98, o qual prevê o prazo
de 20 (vinte) dias para apresentar defesa contra o auto de infração, contados da
data da ciência da autuação, ou seja, da data do recebimento da notificação enviada
por carta registrada com Aviso de Recebimento.

II. DO AUTO DE INFRAÇÃO

O auto de infração em comento foi subscrito pelo representante do


Batalhão de Polícia Militar Ambiental, agente fiscal MALAQUIAS, no dia 10.3.2020,
às 13h40 na localidade da Linha Arraial, interior do município de Joaçaba/SC.

De acordo com o documento, o autuado teria, supostamente, danificado


floresta de vegetação secundária no estágio inicial de regeneração do bioma Mata
Atlântica, em área de 53.282m², atingindo espécie de flora ameaçada de extinção
(pinheiro brasileiro), sem autorização ou licença da autoridade ambiental
competente.

Por este motivo, o infrator foi autuado por cometer as condutas descritas
nos arts. 50, § 1º e 60, inciso II, ambos do Decreto Federal n. 6.514/08, sendo
imposta a sanção de multa no valor de R$ 49.500,00 (quarenta e nove mil e
quinhentos reais). Alfim, constaram no auto de infração o nome de 2 (duas)
testemunhas presentes na oportunidade, Sr. Pedro e Sr. Malaquias.

III. PRELIMINARMENTE

a. Da nulidade do auto de infração

Conforme disposto pela Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19, o auto


de infração ambiental deve trazer em seu bojo os elementos essenciais e
obrigatórios para sua validade:

Art. 80. No Auto de Infração Ambiental deverá constar:


I – identificação do órgão fiscal;
II – nome ou razão social do autuado, com o respectivo endereço para
correspondência;
III – endereço da infração administrativa ambiental, bem como a hora, dia,
mês e ano da constatação da mesma;
IV – georreferenciamento do local da infração;
V – descrição sumária da infração administrativa ambiental;
VI – grau de lesividade da infração administrativa ambiental;
VII – fundamento legal referente à infração administrativa ambiental;
VIII – Indicação da sanção ou sanções aplicadas, e o valor no caso de
indicação de sanção de multa;
IX – identificação e assinatura do autuado ou de seu preposto;
X – identificação e assinatura das testemunhas;
XI – identificação e assinatura do Agente autuante; e
XII – informação de que o autuado possui prazo de até 20 (vinte) dias
contados a partir da ciência da infração e do valor da penalidade, para
apresentação da Defesa Prévia, bem como que o processo administrativo
ambiental seguirá conforme estabelecido na presente Portaria. (grifei)

À luz do dispositivo legal supracitado, verifica-se o auto de infração


ambiental n. 48 prescinde do georreferenciamento do local da infração, visto que
não acompanha o auto qualquer indicação das coordenadas geográficas do local por
meio de mapas ou imagens, estando em total desacordo com o disposto no inciso IV
do art. 80 da Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19.

Outrossim, embora tenham sido indicadas duas testemunhas no auto de


infração em tela, vislumbra-se a ocorrência de imprecisão na indicação da segunda
testemunha, visto que pode-se presumir que trata-se da mesma pessoa do agente
autuante ou, caso contrário, que carece da assinatura da testemunha indicada. Em
ambos os casos, tem-se que o disposto no inciso X do art. 80 da Portaria Conjunta
IMA/CPMA n°. 143/19 não foi devidamente observado quando da elaboração do
auto de infração.

Nesta toada, o auto de infração deve ser considerado nulo pela ocorrência
dos vícios de forma indicados, consistentes na omissão ou na observância
incompleta de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato, com
fulcro no art. 86, inciso II da Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19.

IV. DO MÉRITO

a. Da existência de Autorização de Corte de Vegetação


O agricultor autuado possui Autorização de Corte de Vegetação (AUC) em
área rural, regularmente emitida pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa
Catarina – IMA após o devido processo legal, nos termos da Lei Federal nº.
12.651/2012, Lei Estadual n° 14.675/09, Lei Estadual n° 16.342/2014, Lei Federal nº
11.428/2006 e Decreto Federal n° 6.660/2008.

A referida Autorização de Corte de Vegetação (AUC) foi emitida no dia


20.8.2019 e tem prazo de duração de 3 (três) anos, nos termos do Decreto Estadual
n° 2.955/2010, conforme cópia da AUC anexa.

Além disso, a fim de embasar o pedido da AUC, o autuado, que possui


Cadastro Ambiental Rural e apresentou durante o processo Estudo de Impacto
Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), evidenciando as
consequências ambientais previstas com relação à supressão de vegetação na área.

b. Da compensação pela área desmatada

Ainda, salienta-se que o autuado efetuou compensação pela supressão de


vegetação secundária em estado inicial de regeneração do Bioma da Mata Atlântica,
tendo incluído a destinação de área equivalente à área desmatada em outra parte da
sua propriedade, conforme comprova-se pelo georreferenciamento da totalidade da
área anexo ao presente pedido.

Diante de todo o exposto, o teor do auto de infração ambiental n. 48 é


integralmente rechaçado pela prova da existência de Autorização de Corte de
Vegetação emitida pelo IMA/SC, o que não foi observado pela autoridade autuante,
o que afasta a ocorrência de qualquer conduta ilegal do infrator, razão pela qual
deve declarado nulo e cancelado o auto de infração em tela.

V. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto requer:

a) O recebimento da presente Defesa Prévia, uma vez que os requisitos


necessários encontram-se preenchidos de acordo com as exigências da
Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19;
b) A citação do Agente Fiscal que lavrou o Auto de Infração Ambiental n. 48,
para que apresente manifestação acerca da Defesa Prévia, nos termos do art.
104 da Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19;

c) O acolhimento da preliminar e a consequente decretação da nulidade do auto


de infração impugnado, nos termos do art. 86, inciso II da Portaria Conjunta
IMA/CPMA n°. 143/19;

d) Não sendo acolhida a preliminar, requer o julgamento TOTALMENTE


PROCEDENTE da presente Defesa Pévia, a fim de que seja cancelado o
auto de infração ambiental n. 48, considerando a existência de Autorização do
Orgão Ambiental competente;

e) No caso do não recebimento ou indeferimento da presente Defesa Prévia, a


expedição de parecer motivado e escrito pela autoridade responsável pelo
julgamento, sob pena de nulidade deste processo administrativo, nos termos
o art. 114, inciso X da Portaria Conjunta IMA/CPMA n°. 143/19;

f) A produção de provas por todos os meios em direito admitidos, especialmente


a prova documental.

Nestes termos, pede deferimento.

Joaçaba/SC, 25 de março de 2020.

OAB/SC xx.xxx

Rol de documentos:
a) Procuração
b) Documentos pessoais
c) Cópia do auto de infração ambiental n. 48
d) Cópia da Autorização de Corte de Vegetação (AUC)
e) Georreferenciamento da propriedade do autuado, constando o local
onde foi realizada a compensação pela área suprimida.

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