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A CULTURA DO PALÁCIO – MEIO DO

SÉCULO XV A 1618 ARTE RENASCENTISTA


E ARTE MANEIRISTA
TEMPO HISTÓRICO
Nesta época (do século XV a 1618) houve dois momentos diferentes:
• O primeiro corresponde ao período do Renascimento e
caracterizou-se pelo crescimento económico e demográfico (após a
Grande Depressão do século XIV): e caracterizou-se por:

o Desenvolvimento das cidades;


o Centralização régia (que aboliu o feudalismo medieval);
o Ascensão económica e cultural da burguesia;
o Instalação de uma mentalidade mais humanista e pragmática,
racionalista e confiante.
• O segundo (a partir da segunda metade do século XVI) iniciou-se
com a crise de valores e de consciência provocada pela Reforma
Protestante que influenciou a:

o Guerras;
o Crises comerciais e financeiras;
o Maus anos agrícolas e pestes;
o Clima de insegurança, instabilidade e ceticismo (o que marcou
o Maneirismo).

EUROPA
O maior dinamismo e desenvolvimento económico na Europa originou o
desenvolvimento do comércio, especialmente nas rotas e redes
comerciais (em volta do Mediterrâneo e Mar Báltico), viagens marítimas
(descobrimentos portugueses). A Europa ligou-se à Africa, à Ásia e às
Américas, o que permitiu trocas mundiais de produtos, culturas e
pessoas.
PALÁCIO
As elites nobres, principalmente as burguesas passaram a morar em
grandes mansões – palácios – de forma a transmitir o seu poder
económico e político-social através do seu tamanho, luxo e conforto.
Nesses palácios, desenvolveu-se um modo de vida requintado com
muitas festas (banquetes, bailes e receções) e reuniões culturais onde
conviviam com filósofos, músicos, poetas, etc. Deste modo, as
habitações das elites transformaram-se em sedes de pequenas cortes
privadas, frequentadas pelos cortesãos para fazer sobressair os seus
dotes físicos e culturais.

LOURENÇO DE MÉDICIS
Lourenço Médicis foi um burguês italiano, que exerceu o cargo de
príncipe (no sentido o “principal” da cidade). Ele ficou conhecido pelo seu
mecenato, isto é, pela atenção que deu aos assuntos culturais,
incentivando as letras e as artes, com as suas numerosas encomendas e
patrocínios. Foi pela sua ação que Florença se tornou o primeiro centro
cultural do Renascenimento.

HUMANISMO E IMPRENSA
O Humanismo foi um movimento cultural – filosófico, literário e científico
– que se desenvolveu desde finais do século XIV até ao século XVI, a
partir de Itália, que se caracterizou por uma postura mais
antropocêntrica, racional, crítica e pragmática – com admiração pela
Antiguidade Clássica – o seu modelo ideal.

Os Humanistas foram intelectuais ecléticos que puseram em causa os


saberes teóricos e livrescos da Idade Média e construíram novos
conhecimentos, baseados na experiência pessoal e na observação direta
da Natureza.
O Humanismo foi divulgado por toda a Europa devido à Imprensa
(tipografia de caracteres móveis) → O livro impresso, mais fácil de
reproduzir e mais barato, permitiu a divulgação das obras, das correntes
e das ideias e facilitou o estudo e ensino.

No século XVI, Nicolau Copérnico, publicou um livro polémico – o De


Revolutionibus Orbium Coelestium (1543) – onde comprova
matematicamente a teoria heliocêntrica do nosso sistema astrológico.
REFORMAS E ESPIRITUALIDADE
A Igreja do Ocidente, chefiada pelo Papa de Roma, vivia um tempo de
corrupção e decadência e isso levou a um clima de crise de fé e de
crítica á Igreja, principalmente pelos Humanistas. A primeira grande
revolta contra a Igreja Romana foi liderada por Martinho Lutero em 1517.
A revolta de Lutero conduziu a outras, iniciando um amplo movimento A
Reforma Protestante.

Para combater essa Reforma Protestante (que dividiu cristãos) os Papas


de Roma iniciaram um movimento de renovação interna e de combate ao
Protestantismo com ordens monásticas dedicadas á pregação e
missionação e também ao ensino e aumentou a vigilância através da
Inquisição e do Índex.

ARQUITETURA RENASCENTISTA
A arquitetura do Renascimento nasceu em Florença com obras de
arquitetos como: Brunelleschi, Michelozzo e Alberti e mais tarde com
Bramante, Miguel Ângelo e António Sagallo. Os arquitetos renascentistas
inspiravam-se na antiguidade clássica, transformando a arte de construir
num exercício intelectual, que se iniciava com estudos projetais rigorosos
e pela construção de maquetes, antes da execução no terreno – foram
assim os primeiros arquitetos (enquanto profissionais).

As principais características gerais da arquitetura renascentista são:


❖ Cálculo rigoroso das proporções;
❖ Plantas e volumes inspirados em formas geométricas regulares; ❖
Fachadas retilíneas;

❖ Coberturas planas de madeira ou pedra em forma de abóbada (de


berço ou de arestas);
❖ Organização simétrica e perspética dos espaços interiores;
❖ Aberturas normalizadas e colocadas com simetria e regularidade no
edifício;
❖ Sobriedade decorativa conseguida pela prática de uma decoração
mais estrutural que escultórica.

Estes princípios concretizam-se sobretudo em três tipos de edifícios:

• As igrejas→planta centrada ou modelo inovador de planta


tradicional em cruz latina; espaços interiores com pinturas nas
paredes e tetos ou relevos, a par da estatuária de culto. Exemplo:
Igreja de Santa Maria das Flores, por Brunelleschi.
• Os palácios → construções urbanas em pedra, em forma cúbica ou
paralelipípeda compactas e fechadas. As janelas eram alinhadas na
vertical ou horizontal e as colunas correspondiam às ordens
clássicas. Os palácios eram organizados em 4 alas interiormente.
As fachadas dos pátios interiores eram decoradas com relevos ou
medalhões de cerâmica. Exemplo: Palácio Médici- Ricardi, por
Michelozzo.
• As villae → Eram palácios de férias, com os mesmos princípios das
villae referidas nos módulos 1 e 2. Exemplo: Villa Madama, por
Rafael.

No urbanismo: as praças eram retangulares e rodeadas de arcadas, e as


plantas das cidades eram de traçado geométrico.

ESCULTURA RENASCENTISTA
Na escultura renascentista há o gosto pela representação do corpo
humano, procura do naturalismo nas posições e nos gestos,
individualização dos rostos, preocupação com o domínio técnico e prática
do desenho projetual para estudos de forma e composição (estudos de
anatomia, proporção e perspetiva) → regresso ao nu, em figuras bíblicas
ou mitológicas.

No gótico já havia maior naturalismo e humanismo, no entanto, no


renascimento há a emancipação da escultura em relação à arquitetura –
visando uma decoração mais estrutural. As temáticas foram religiosoas,
mitológicas, profanas e retrato (praticado corpo inteiro e tamanho natural;
cabeças e bustos) e tamném estatuária equestre.

Os nomes importantes da escultura renascentista são: Ghiberti (nos


relevos) e Donatello e Miguel Ângelo (na estatuária).

PINTURA RENASCENTISTA
Visto que há uma nova mentalidade no Renascimento, a arte é mais
interessada no Homem com o objetivo de glorificar a Deus e os Homens.
Começou a ser considerada como uma atividade intelectual que exigia
estudos. Assim a pintura foi a arte que mais evoluiu nesta época.A
pintura do Renascimento teve como objetivo a imitação da Natureza, tal
como o olho humano a captava (mimésis). As bases da matemática e
geometria ajudam para a criação de espaços pictóricos reais e
equilibrados → formas mais rigorosas e modelação tridimensional dos
corpos. As características da pintura são:

➢ Estudos do claro-escuro, com a pintura a óleo;

➢ Criação de transparências e rigor na luminosidade;

➢ Cores e cambiantes mais vivos; Uso de papel e novos meios


riscadores (pau de carvão e sanguínea);

➢ Aparecimento da tela;

➢ Cenas mitológicas e retratos --> Objetivo de alcançar harmonia,


equilíbrio, ordem e beleza racional.
ARTE MANEIRISTA
O Maneirismo desenvolveu-se na Europa. Corresponde a um tempo de
incerteza e de crise que se manifesta numa nova mentalidade que acaba
com o espírito positivo, racional e confiante do Renascimento→a
mentalidade maneirista é cética e individualista e não segue regras
universais – dramatismo, sensualidade, miticismo, raiva – exagera a
expressividade. As suas características são:

• Na pintura → temáticas religiosas, mitológicas, alegóricas e retratos em


composições complexas e movimentadas. Cores artificiais muito
intensas, forte expressividade.
•Na arquitetura → Igrejas-salão (planta em cruz latina com as naves
transformadas em capelas; decoração exuberante); palácios e villas em
torno de vários pátios de diferentes tamanhos reinterpretados em
composições inovadoras.

• Na escultura → temáticas de cunho profano, com preferência cenas


mitológicas e alegóricas.

Grande domínio técnico e formas trabalhadas em posturas contorcidas,


complexas e expressivas.

EUROPA ENTRE RENASCIMENTO E MANEIRISMO


A partir de Itália, as artes renascentista e maneirista difundiram-se para a
restante Europa, com maior ou menor aceitação consoante os países e
as suas tradições locais. Levada por comerciantes e colonizadores, a
arte maneirista foi a primeira a atingir outros continentes.

• Em França: o renascimento deixou marcas na arquitetura, mas o


maneirismo evidenciou-se na pintura e escultura;
• Nos Países Nórdicos: Dürer foi um importante pintor renascentista
com retratos e autorretratos. No maneirismo destaca-se também a
pintura;
• Na Inglaterra: a influência italiana teve pouco peso (apenas na
arquitetura com poucas construções como palácios);
• Na Flandres: manteve-se ligada ao gótico com misturas com o
sagrado e profano;
• Em Espanha: destaca-se a arquitetura da arte renascentista e a
arquitetura, escultura e pintura da arte maneirista.

RENASCIMENTO E MANEIRISMO EM PORTUGAL


Em Portugal a artes renascentista e maneirista apareceram misturadas
com influências flamengas e manuelinas. A arte do renascimento foi de
curta duração, mas a do Maneirismo estendeu-se até ao século XVIII e
foi a que melhor soube interpretar, sobretudo na pintura, o contexto
político e religioso que se vivia naquela época. Exemplos da arte
maneirista em Portugal:

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