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UNIVERSIDADE PAULISTA

SEPI – SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL INTERATIVO


VALERIO DA SILVA MAGALHAES

LOGÍSTICA INTEGRADA: PRODUÇÃO E COMÉRCIO

Manaus
2019
1. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

Para Severo Filho (2006, p. 73), o planejamento e controle da produção (PCP) é o


conjunto de funções necessárias para coordenar o processo de produção de forma que os
produtos sejam fabricados nas quantidades e prazos certos. Como você pode notar, esse
departamento tem uma grande preocupação com o produto fabricado, principalmente nas
questões de quantidade e de prazo.
A que mais se destaca é a BSC — Balanced Scored Card, que é uma ferramenta
completa para os executivos, traduzindo a visão e a estratégia da empresa num conjunto
adequado e coerente de medidas de desempenho. O BSC traduz a missão e a estratégia em
objetivos e medidas, organizados segundo quatro perspectivas diferentes: financeira, do
cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento.
As funções do PCP são diversas, como: emissão de ordens de produção, gestão de
estoques, programação das ordens de fabricação, bem como acompanhamento da produção. A
seguir, veja as principais atividades do departamento:
• Planejamento estratégico da produção: define-se a estratégia de produção que será
adotada e que deverá estar de acordo com o planejamento estratégico da corporação e, ainda,
em conformidade com os planejamentos estratégicos de marketing e de finanças.
• Planejamento-mestre da produção: local em que se definem as quantidades de
produtos que deverão ser produzidos em cada período.
• Programação da produção: local em que são emitidas as ordens de fabricação, de
compra e de montagem.
• Acompanhamento da produção: consiste na verificação se a execução está de
acordo como planejado.
O PCP pode ser dividido m médio, curto e longo com suas devidas características.
Funções de longo prazo do PCP
Funções que são mais próximas ao planejamento estratégico da organização e que, de
forma mais ampla, envolve pontos mais abrangentes relacionados à produção, como:
• A definição da estratégia de produção a ser adotada.
• Se será tradicional ou mais avançada.
• Se será do tipo Just-in-Time.
• Previsão de vendas.
2. FUNÇÕES DE MÉDIO PRAZO

São aquelas atividades que se relacionam com a definição do plano-mestre, que é


definida a partir do plano de produção estabelecido.
O planejamento-mestre da produção ou MPS — Master Production Schedule coordena
a demanda de mercado com os recursos internos da empresa, de forma a programar taxas
adequadas de produção de produtos finais, sendo um nível intermediário de planejamento
responsável pelo processo de desdobramento dos planos estratégicos, de vendas e de
operações em planos operacionais (CORRÊA; GIANESI; 1997).
Funções de curto prazo
São aquelas funções que se relacionam com o planejamento operacional do PCP
como:
• Gestão do estoque.
• Sequenciamento da produção.
• Programação das ordens de fabricação.
• Acompanhamento e controle da produção.

2.1 NATUREZA DA DEMANDA E DO FORNECIMENTO


MRP I e MRP II (árvore de produto/ plano-mestre de produção)
Para Severo Filho (2006, p. 77), o MRP é um sistema que auxilia as organizações no
cálculo do volume de materiais (matéria-prima) que deverão entrar na linha de produção, ou
seja, ele planeja e controla toda a necessidade de materiais da organização.
Outro aspecto do uso conjunto do MRP II com o JIT está relacionado às necessidades
de material que não possuem uma disponibilidade linear no mercado. Exemplos:
• Materiais provenientes de colheitas agrícolas.
• Materiais provenientes de origem animal, como: óleos vegetais, gordura animal e
leite.
• Safras agrícolas, como: ervilhas, tomates, frutas críticas etc.

2.2 DEMANDA VERSUS CAPACIDADE DE PRODUÇÃO


De acordo com Slack (1993), o equilíbrio adequado entre capacidade e demanda pode
gerar altos lucros e clientes satisfeitos, enquanto equilíbrio “errado” pode ser potencialmente
desastroso.
Atualmente, essa responsabilidade cabe somente à área de produção, ela é extensa a
outras áreas, principalmente porque:
• As decisões da capacidade têm um impacto em toda a empresa.
• Todas as outras áreas fornecem entradas vitais para o processo de planejamento.
• Normalmente, cada área deverá planejar e controlar a capacidade de suas próprias
“microoperações” para atender à função “produção principal”.

3. INTEGRAÇÃO DA PRODUÇÃO COM OUTRAS ÁREAS


Marketing
Marketing como ferramenta logística é um dos processos da cadeia de suprimentos.
Hoje, sua atividade é interligar o cliente ao restante da cadeia. Muito sabemos da sua
importância, mas, como função logística, vai além do simples fato do atendimento ao cliente e
as vendas. Isso se relaciona com o posicionamento da empresa em relação ao mercado. Hoje,
dentro de uma visão moderna de Supply Chain Management — gerenciamento da cadeia de
suprimentos, os canais de distribuição têm quatro funções básicas: indução da demanda,
satisfação da demanda, pós-vendas (todo o trabalho de relacionamento com o cliente,
desenvolvimento de novos produtos e serviços com base em pesquisas no ponto de consumo)
e troca de informações.

Transporte
O transporte é uma área fundamental de decisões no mix logístico. Excetuando os
produtos adquiridos, o transporte é, dentre as atividades logísticas, a que absorve a maior
percentagem dos custos. Embora as decisões de transportes se manifestem automaticamente
em diversos formatos, as principais são: a seleção do modal, a roteirização dos embarques, a
programação dos veículos e a consolidação dos fretes.
Os modais possuem características mais ou menos adequadas para cada tipo de carga.
De acordo com Martins (2006), os modais e seus tipos de carga podem ser divididos em:
• Dutoviários: altamente eficientes para mover líquidos ou gasosos por grandes
distâncias. Exemplo: petróleo, derivados e gás. Os custos de movimentação são baixos, mas a
linha de produtos atendida é limitada.
• Aéreos: limitados pelas altas taxas de frete – limitado aos produtos (de alto valor
específico ou que necessitam de rapidez na entrega) que podem compensar os custos elevados
por melhor nível de serviço. Exemplo: equipamentos eletrônicos e instrumentos óticos.
• Hidroviários: produtos de baixo valor específico e não perecíveis. Custos de estoque
mais baixos permitem a utilização de um modal mais lento com fretes mais baixos. Exemplo:
granéis, minérios, areia, grãos e cimento. • Ferroviários e Rodoviários: há competição pelos
produtos que são transportados pelo modal ferroviário com o modal rodoviário. O trem, que
possui fretes mais baratos e desempenho um pouco inferior, concentra-se nas cargas de valor
específico menor. Exemplo: produtos químicos, siderúrgicos e plásticos. O oposto ocorre com
as cargas rodoviárias. Exemplo: móveis, bebidas etc.
Quando o serviço de transporte não é utilizado de maneira a proporcionar vantagem
competitiva, a melhor opção é aquela obtida mediante a compensação do custo da utilização
de um serviço de transporte, com o custo indireto do estoque ligado ao desempenho do modal
selecionado. Ou seja, a rapidez e confiabilidade afetam os níveis de estoques do embarcador e
comprador (estoque de pedido e estoque de segurança), tanto quanto o nível dos estoques em
trânsito entre as sedes do embarcador e do comprador. Quando se escolhem serviços menos
ágeis e de menor confiabilidade, mais estoques aparecerão no canal. O custo de manutenção
dos estoques pode estar compensado com o menor custo do serviço de transporte.

4. GERENCIAMENTO DE ESTOQUE PELO FORNECEDOR

Os fornecedores querem que seus clientes os abasteçam com informação sobre vendas
de produtos, níveis atualizados de estoques, data precisa do recebimento de mercadorias,
estoque obsoleto e devoluções. A informação flui para o fornecedor por uma rede de EDI ou
outros meios eletrônicos e, por isso, estão sempre atualizados. Os fornecedores, muitas vezes,
incorrem em elevados custos em matéria de VMI, por exemplo, ao absorver os custos de
transporte, mas sentem que esses custos adicionais são cobertos pelo aumento de vendas
concretizado a partir da utilização do VMI. Com o intercâmbio eletrônico de dados e os dados
de pontos de venda, os vendedores têm condições de saber, tanto quanto o próprio dono da
loja, o que existe nas prateleiras do varejista. Alguns grandes varejistas capacitam os
vendedores a manter o controle de seus estoques, decidindo, assim, o que e quando despachar.

5. COMÉRCIO ELETRÔNICO

Com o acréscimo de um website para a entrada dos pedidos dos clientes, as


companhias tradicionais conseguem acrescentar e integrar os pedidos pela internet às suas
operações logísticas normais. Outras conseguem separar as operações pela internet das
operações internas e, até mesmo procurar suporte externo de um provedor de serviços
logísticos, sob o argumento de que as exigências dos clientes são suficientemente
diferenciadas para justificar tal separação. De acordo com dados obtidos da empresa de
consultoria e-bit em 2007, os consumidores que mais consomem na internet têm faixa de
idade entre 21 a 40 anos.

6. ESTOQUE

A principal dificuldade em gestão de estoques está em conciliar os diferentes objetivos


de cada departamento da empresa sem prejudicar a operacionalidade. Cita-se, como exemplo,
a demonstração dos conflitos interdepartamentais (departamento de compras e o departamento
financeiro). Para o departamento de compras ter um grande estoque de matéria-prima, isso
requer a obtenção de bons descontos sobre a quantidade comprada. Já para o departamento
financeiro é considerado um investimento alto com perdas financeiras e recurso improdutivo,
até que seja utilizado.
Existem alguns motivos que evidenciam deficiências ao se controlar estoques.
Vejamos: • Dificuldades em cumprir prazos de entregas para produtos acabados e tempo de
reposição de matéria-prima.
• Alto índice de cancelamento de pedidos ou devoluções.
• Produção frequentemente parada por falta de material ou por manutenção de
equipamentos.
• Falta de espaço para armazenagem.
• Baixa rotatividade de estoques.
Decisões sobre política de estoques De acordo com Ballou (2006), estoques são
acumulações de matérias-primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e
produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e logística das
empresas.
Razões da existência dos estoques
• Compras ou produção de forma mais econômica.
• Redução de fretes.
• Prevenir incertezas de abastecimentos.
• Reduzir efeitos de sazonalidades.
• Atender melhor aos consumidores.
Para Bowersox (2007), as principais funções existentes para o controle dos estoques
são:
• Determinar o tempo de permanência dos itens no local armazenado.
• Determinar a periodicidade de reabastecimento.
• Determinar o volume necessário de estoque para determinado período.
• Acionar o departamento de compras quando necessário.
• Receber, armazenar, bem como atender solicitações conforme as necessidades.
• Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e também fornece
informações sobre sua posição.
• Identificar e retirar do estoque itens obsoletos e danificados.
Os estoques podem ser classificados em 5 tipos distintos, conforme Christofer (1997):
1. Estoque de matéria-prima: materiais básicos e insumos que constituem os itens
iniciais e fazem parte do processo produtivo da empresa.
2. Estoque de produtos em processo: produtos em fabricação, ou seja, aqueles que
estão sendo processados ao longo do processo produtivo da empresa. Não são matérias-primas
e nem produtos acabados.
3. Estoque de materiais semiacabados: aqueles que por qualquer razão não tiveram sua
produção concluída.
4. Estoque de produtos acabados — PA: produtos que fazem parte do estágio final do
processo produtivo, portanto, prontos.
5. Estoque em consignação: aqueles que não foram vendidos nem doados.

6.1 Previsão de estoques


Para Moura et al (2004, p. 181), a principal função da armazenagem é, essencialmente,
gerenciar espaço e tempo. O espaço é sempre limitado e, por isso, os gestores utilizam os
espaços disponíveis com eficiência, porém, o tempo e a mão de obra são, substancialmente,
mais difíceis de gerenciar que o espaço.
As funções básicas da armazenagem são:
• Recebimento (descarga).
• Identificação e classificação.
• Conferência (qualitativa e quantitativa).
• Endereçamento para o estoque.
• Estocagem. • Remoção do estoque (separação de pedidos).
• Acumulação de itens.
• Embalagem.
• Expedição.
• Registro das operações.
Os locais em que, normalmente, ficam os estoques são:
• Armazéns: que podem ser classificados em armazéns de matérias-primas,
abastecimento, material auxiliar, produtos acabados, granéis e distribuição.
• Pátios: também conhecidos como armazenagem em área externa. Esse tipo de
armazenagem diminui custos e amplia o espaço interno.
• Chão de fábrica: possuem as mesmas características da armazenagem em área
externa, porém podem receber coberturas alternativas quando necessário.
• Equipamentos de transporte: existem alguns equipamentos que possuem o material
estocado, como por exemplo, caminhões tipo container, silos, vagões de trens etc.
• Armazéns das redes de varejo: também denominados como armazenagem no ponto
de uso. É a estocagem denominada focalizada. Aumenta a visibilidade e a disponibilidade do
material, reduzindo a variação do processo e aumentando a confiabilidade.

6.2 Estoques virtuais


Uma semelhante política de estoque torna-se razoável a partir da constatação de que o
custo de garantir que jamais ocorra falta de estoque acaba se revelando insuportavelmente
alto. Alternativamente, a demanda passará a ser atendida concomitantemente a partir de
outros pontos de estoque dos mesmos itens por um sistema de estoque de dois pontos de
armazenagem. A combinação de pontos de estoque já foi batizada de “estoque virtual”.
O problema do profissional de logística será decidir quais itens terão atendimento
cruzado e quais continuarão a ser fornecidos apenas a partir de um local principal. A solução
requer uma comparação dos custos de estoques regulares com os custos do estoque de
segurança. Lembre-se de que o estoque regular é aquele destinado a satisfazer a demanda
média e prazo de entrega médio.
Dimensionamento de estoques Para Chiavenato (2005), dimensionar estoques significa
estabelecer os níveis de estoque adequados ao abastecimento da produção sem atingir os dois
extremos: excesso de estoque ou estoque insuficiente. Importância do dimensionamento de
estoques
• Definir quais os materiais que devem permanecer em estoque, isto é, quais os itens
de estoque?
• Quanto de estoque será necessário para determinado período? Qual o nível de
estoque para cada item?
• Quando os estoques devem ser reabastecidos, isto é, qual a periodicidade das
compras e o giro dos estoques? Quando se administra bem os estoques, passa-se a ter uma
vantagem competitiva com relação à concorrência.

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