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DISCIPLINA:

LOGÍSTICA EMPRESARIAL
AULA 03

Prof. Renato da Costa dos Santos


CONVERSA INICIAL
Você deve estar curioso em saber como as empresas decidem sobre
como adquirir ou não seus estoques, as principais resoluções a serem tomadas
e quando e quanto comprar. O principal desafio das empresas é quanto e quando
comprar seus produtos, afim de não gerar estoques desnecessários e
comprometer seu orçamento.
Atingir o equilíbrio na gestão e controle dos estoques é o que faz a
diferença nas empresas, pois com a grande quantidade atuando nos mesmos
setores e as exigências dos consumidores tornam dinâmico este processo.
Decidir quanto e quando adquirir mais materiais está associado com o processo
e como estocar. Portanto, o controle dos níveis de estoques passa ser,
efetivamente, a ser estratégico para os gestores.
Tenho certeza que você já deve ter se perguntado o motivo pelo qual as
empresas mantêm estoques. A resposta é bastante simples: os ritmos de
fornecimento e da demanda nem sempre andam juntos. Ocorrem diferenças
entre fornecimento e demanda de uso e, também, na comercialização dos
produtos.
Vamos então a nossa primeira aula!
CONTEXTUALIZANDO
Na logística, os estoques respondem por uma parte bastante expressiva
nos custos das empresas (BALLOU, 1993; BOWERSOX; CLOSS, 2001). A área
de compras da empresa desempenha um papel fundamental na logística
empresarial, pois é responsável por adquirir, no mercado fornecedor, os
materiais e os serviços que a empresa não consegue ou não se interessa em
produzir internamente (MORAIS, 2015).
Adquirir na quantidade adequada, na hora certa, com qualidade e a custos
reduzidos, faz parte da estratégia da empresa. Minimizar os custos é um desafio
cada vez maior, então os gestores precisam tomar decisões acertadas para dar
continuidade aos processos produtivos da empresa. Os gestores precisam
decidir quanto pedir, quando pedir e como monitorar o sistema de planejamento
e controle de estoques.
No processo de compras, de acordo com Morais (2015), existem duas
dimensões de qualidade em compras:
1. qualidade de especificação
2. qualidade de conformidade
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A primeira diz respeito a clareza de informações sobre os materiais ou
serviços desejados. Já a segunda trata das corretas especificações do material
a ser fornecido.
Outra questão importante a ser levada em conta, em relação ao processo
de compras, é a quantidade de material adquirido. Esta quantidade deve ser
suficiente para atender às demandas da empresa. Porém, sem gerar estoques
desnecessários. Um dos critérios utilizados é o lote econômico de compras, o
MRP, just in time (produção puxada x produção empurrada), entre outros.

TEMA 1 – DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS


A literatura sobre o tema trata o processo de compras como fundamental
para a correta gestão do planejamento e controle de estoques. Segundo Morais
(2015, p. 224), “o fluxo no processo de compras obedece a uma lógica: emissão
de requisição; realização de uma cotação; análise das cotações; negociação e
emissão do pedido de compra”.
A gestão de estoques tem sua responsabilidade compartilhada entre os
gestores financeiros, gestores comerciais e os gestores fabris. Os primeiros
buscam, constantemente, reduzir os recursos financeiros, enquanto os gestores
comerciais tentam equilibrar a eficiência logística da empresa com o atendimento
das necessidades dos clientes. Do ponto de vista da produção, buscam evitar a
falta de matérias-primas para a linha de produção.
Algumas atividades são características do setor de compras que não se
resumem apenas na aquisição de produtos ou serviços. Destacam-se a pesquisa
de mercado, o estudo dos materiais, a análise de custos, novas fontes de
fornecimento, a inspeção nas instalações dos fornecedores, o desenvolvimento
de fornecedores, conferência de requisições, entrevista de vendedores,
negociação de contratos e acompanhamento do recebimento de materiais
(MORAIS, 2015, p. 224-225).
De acordo com Ballou (2004), os itens adquiridos pelas empresas
impactam no valor de venda dos produtos. Assim, qualquer ganho na etapa de
compras representa ganhos significativos no processo. O fluxo de informações
é muito importante para se atingir resultados satisfatórios nas compras. Muitas
vezes, negligenciar este processo pode acarretar em prejuízos consideráveis

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para a empresa. Um bom relacionamento com os fornecedores pode gerar boas
negociações de preços e prazos de pagamentos.
O departamento de compras também interage com outras áreas da
empresa como por exemplo, a produção, engenharia, planejamento e controle
da produção (PCP), o departamento financeiro e a contabilidade. Quanto maior
for a integração entre estas áreas da empresa, melhor para o alcance dos
objetivos estratégicos. Logo, os gestores necessitam gerir com eficiência seus
processos internos afim de estabelecer um padrão que traga bons resultados.

TEMA 2 – CICLO DE COMPRAS


O mercado exige respostas rápidas e eficientes para dar conta do
ambiente dinâmico em que se encontram. Dos gestores das empresas se exige
habilidade para lidar com as diferentes situações e capacidade para propor
soluções criativas com objetivo de atingir uma posição competitiva.

Figura 01: funções do gestor no ciclo de compras

Fonte: Wikipedia, 2016


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As principais decisões que envolvem o setor de compras dizem respeito
a: o que comprar, quanto e quando comprar, onde comprar e como comprar.
Aspectos como qualidade, prazo, entrega, frete, preços e assistência técnica são
discutidos no ciclo de compras, para que se possa atender, eficientemente, as
necessidades dos clientes.
O ciclo de compras na logística objetiva é fundamental para a eficiência
da aquisição dos materiais necessários para empresa e, ao mesmo tempo, para
focalizar no volume de recursos financeiros. O desafio maior é equilibrar este
processo de comprar e estocar, primando pela redução de custos, mas ao
mesmo tempo atendendo prontamente a demanda. Negociar com os
fornecedores é outra questão importante, pois os prazos e formas de pagamento
precisam ser bem definidos dentro da estratégia de compras.
De acordo com Ballou (2012), quando ocorre uma ordem de compra, ele
é despachado para o fornecedor, gerando os chamados custos de compras,
devido ao processamento de pedido e a sua preparação. O caráter, antes
rotineiro do setor de compras, agora passou a ser estratégico. Manter um
estoque alto para garantir a produção da empresa e não interromper seu
processo de fabricação, pode representar, por outro lado, custos mais altos
ainda, pois estes estoques precisam ser controlados constantemente.

TEMA 3 – FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO FORNECEDOR


A escolha adequada dos fornecedores de uma empresa é fundamental
para a garantia de eficiência da cadeia logística. O resultado desta escolha vai
garantir um bom nível de serviço, portanto, a empresa deve ser criteriosa na
escolha de seus fornecedores. O relacionamento com os fornecedores é
essencial para o alcance dos objetivos da empresa, e deve fazer parte da
estratégia da empresa estabelecer bons relacionamentos com os seus
fornecedores.
Outra questão importante para o sucesso do relacionamento com o
fornecedor é estar atento a logística deles, seus prazos de entrega, seus pontos
fortes e fracos. Pesquisas com outros clientes é o primeiro passo para contratar
um bom fornecedor. Conhecer o preço praticado pelo fornecedor, sua estrutura,
assistência técnica, qualidade no fornecimento e capital humano também são
importantes para a decisão de negociar com este ou aquele fornecedor. Cabe a

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empresa estabelecer alguns critérios para a escolha do fornecedor e, por meio
destes, realizar as melhores parcerias para o setor. Por parte de quem fornece,
é fundamental deter tecnologia de ponta para prontamente atender as
solicitações e garantir a qualidade dos serviços prestados
De acordo com Bertaglia (2009), o processo de seleção de fornecedores
não é nada simples, pois depende muito das características do item a ser
adquirido por outras empresas. As exigências podem, ou não, ser maiores em
decorrência desta variedade de produtos, o que denota a complexidade de se
efetuar uma compra. Bertaglia (2009) também considera que existem três
características básicas que norteiam a escolha de um determinado fornecedor,
o preço, a qualidade e o serviço. Isto levanta, ainda, a seguinte questão: comprar
ou produzir um material? Tamanha a complexidade faz com que alguns pontos
devam ser analisados (BERTAGLIA, 2009):
1. desempenho em qualidade, preço e serviço;
2. flexibilidade;
3. carteira de clientes;
4. proatividade e cooperação;
5. investimentos;
6. capacidade instalada;
7. localização geográfica;
8. solidez financeira;
9. histórico.

Sendo assim, as empresas buscam um parceiro que atenda não somente


aos seus interesses, mas que possa construir junto uma vantagem competitiva
que faça frente aos demais concorrentes. É importante que as áreas de
planejamento de materiais tenham contato direto com os seus fornecedores para
que recebam informações sobre os planos (BERTAGLIA, 2009).

TEMA 4 – O PAPEL DOS ESTOQUES NAS EMPRESAS


As empresas não conseguem sincronizar, exatamente, a oferta e
demanda pelos seus produtos. Caso isso acontecesse, a gestão de estoques
seria desnecessária. Como isso dificilmente vai acontecer, é necessário
acumular uma quantidade de estoques de um determinado produto afim de
atender a demanda futura e garantir a disponibilidade das mercadorias.

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De acordo com Ballou (2012, p. 205) “os estoques auxiliam a função do
marketing a vender os produtos da empresa. Estes podem ser localizados mais
próximos aos pontos de venda e com quantidades mais adequadas”. O que os
clientes e consumidores mais querem é que os produtos estejam disponíveis nos
mais variados locais de venda. Isto exige uma logística integrada, por parte das
empresas, para garantir os tempos de ressuprimento pequenos.
Os objetivos dos estoques são prevenir as incertezas, lidar com flutuações
da oferta e/ou da demanda, cobrir restrições produtivas, logísticas, econômicas
etc., e prever sazonalidades (MORAIS, 2015, p. 164). Por outro lado, este
mesmo autor explica que podem existir conflitos entre áreas da empresa. De um
lado, o departamento de compras pode estar fazendo esforços em adquirir
materiais a um preço baixo e, do outro, o departamento financeiro pode estar
pensando que este esforço poderia ser feito em aplicações financeiras.
Enquanto o departamento de produção pensa em minimizar os riscos de falta de
materiais, o departamento financeiro pode estar pensando no risco de se
acumular estoques e com isso aumentar os custos com a armazenagem
(MORAIS, 2015).
As empresas precisam encontrar o equilíbrio entre manter e gerenciar os
seus estoques. Ter estoque não significa prejuízo, pelo contrário, a má gestão
dos estoques é que causa prejuízos. A manutenção dos estoques pode melhorar
o nível de serviço ao cliente, disponibilizando, de imediato, os produtos e
atendendo prontamente a demanda. Permite que a produção não paralise,
mantendo sempre abastecida a linha produtiva. A quantidade de materiais
adquiridos também pode influenciar no pagamento, nos descontos etc.
Armazenar produtos adquiridos a um preço baixo, pode render bons
investimentos quando o mercado aquecer. Os estoques também podem suprir
uma incerteza quanto a uma eventual falha de fornecedores, greves ou
desastres naturais por exemplo (MORAIS, 2015).

TEMA 5 – GESTÃO DE ESTOQUES


Com base nestes conceitos, espera-se atingir melhores resultados,
mesmo diante das mais variadas dificuldades encontradas no ambiente externo,
que em muitos casos, obrigada as empresas a tomarem decisões imediatas, com
pouco tempo para planejamento.

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Gerenciar os estoques requer enfrentar um dos maiores desafios
possíveis na logística, a natureza de sua demanda. De acordo com a literatura,
a demanda pode ser permanente, sazonal, irregular, em declínio e variada
(BALLOU, 2012, MORAIS, 2015). A demanda permanente está relacionada com
os produtos que tem ciclo de vida muito longo e um longo período de
comercialização, são produtos de consumo normal ao longo do tempo. A
demanda sazonal diz respeito a produtos com ciclos de vida mais curtos, como,
por exemplo, produtos para o Natal, a venda de sorvetes no verão, que é muito
maior do que em outras estações do ano, ou ainda, roupas da moda que
obedecem a uma tendência.
A demanda irregular trata de produtos que apresentam picos alternados,
como, por exemplo, veículos de pequeno, médio e grande porte. A alternância
nas suas vendas devido à variedade e possibilidade de veículos diferenciados,
demandados pelo ambiente externo, traz uma dificuldade ainda maior para os
gestores das empresas. Em um dado momento, o ciclo de vida de um produto
chega ao seu fim, e a partir disso, surge a necessidade de fazer a gestão da
demanda em declínio. Mesmo que gradualmente, e de forma prevista em alguns
casos, o desafio maior é o de planejar os períodos que os materiais devem ser
estocados (BALLOU, 2012).
Em relação a demanda derivada, significa que é possível prever a
demanda de determinado produto com base em outros. No caso da indústria
automobilísticas, por exemplo, a previsão de vendas dos automóveis permite
calcular a demanda por peças e componentes. Vale ressaltar que em um dado
momento, as empresas poderão passar por mais de um tipo de demanda.
Assim, compete aos gestores estarem focados e preparados para tomar
decisões em cada momento.

NA PRÁTICA

Estudo de caso:
Leia o texto “Magazine Luiza – Integração de Fornecedores” e respondas
as questões. Disponível em:
http://www.portalsupplychain.com.br/pdf/cases/Case%20CPFR%20(3).pdf

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a) A Magazine Luiza apresentou alguns problemas em seus processos
logísticos. Cite e explique cada um deles.

b) Tomando como base a análise do texto, vemos que a empresa Magazine


Luiza optou por um modelo dividido em quatro processos de
planejamento. Analise se estes processos são suficientes para identificar
a demanda real dos produtos.

SÍNTESE
Neste primeiro contato com os conceitos sobre estoques, sua importância,
gestão, pontos positivos e negativos, você já pode se considerar apto a discutir
as principais ações estratégicas a serem adotadas na sua empresa sobre este
tema. Agora, você já poderá propor ações que visem a otimização dos processos
para atingir melhores resultados. Lembre-se que é praticamente impossível
prever a demanda do mercado, pois envolve questões de marketing, escolha de
canais de distribuição, questões econômicas etc.
Finalmente, podemos compreender que com estes conceitos
apresentados é possível elaborar um planejamento que contemple as principais
ações necessárias para prevenir os problemas de administração de estoques.
As empresas que dependem da produção não conseguem sobreviver sem um
sistema eficiente de gerenciamento de estoques.
A gestão dos estoques também pode causar conflitos dentre os
departamentos e setores, pois cada um enxerga de uma forma diferente os
pontos positivos e negativos que envolvem esta gestão. Quando uma empresa
possui um estoque muito elevado pode ser um sinal de problemas de produção,
ou quando o estoque está alto e o dinheiro está baixo, pode ser sinal de sérios
problemas.

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REFERÊNCIAS

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos:


planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013.

BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes,


administração de materiais e distribuição física. 1. ed. 26. reimpr. São Paulo:
Atlas, 2012.

BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de


abastecimento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BOWERSOX, D. J. Leading Edge Logistics: a competitive positioning


for the 1990’s-comprehensive research on logistics organization strategy
and behavior in North America. Oak Brook: cln, 1989.

MORAIS, R. R. Logística empresarial. Curitiba: Intersabere

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