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Ed18 Final 03 PDF
Ed18 Final 03 PDF
EDUCAÇÃO INFANTIL E
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
O lúcido na educação infantil como forma
de desenvolvimento
A brincadeira e a
Aprender ou não A importância da A importância de cultura na Educação
aprender, eis a contação de histórias na aprender brincando. Infantil.
questão. Educação Infantil.
P. 48 P. 516 P. 800
P. 994
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CDD 370
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SUMÁRIO
121 A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE
APRENDIZAGEM
Alesandra Alencar Albuquerque
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300 ALGUNS ASPECTOS DA SURDEZ E O QUANTO PODEM 429 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA
INTERFERIR NO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Ana Paula Venegas Anita Rey Sinmon
312 AS TEORIAS DO CURRÍCULO E SUA RELAÇÃO COM 440 A RELAÇÃO DO PROFESSOR COM A
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NOS DIAS ATUAIS IDENTIDADE DA CRIANÇA NA PRÉ-ESCOLA
Ana Rosa Diniz Junqueira Antonia Leda do Nascimento Ximenes
332 JOGOS E BRINCADEIRAS DA CULTURA 453 O QUE É O FRACASSO ESCOLAR E POR QUÊ
AFRICANA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA IMPLEMENTAR UMA NOVA PEDAGOGIA?
Anderson Gonzaga Lopes Correia Aparecida Rolim da Silva Rubinho
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A PSICOPEDAGOGIA E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO
DA CRIANÇA SURDA
RESUMO: A surdez não implica no desenvolvimento cognitivo-linguístico da criança,
tudo ocorrerá normalmente desde que não haja outro impedimento para isso. A ausência
ou a falta de acesso a uma língua tem consequências gravíssimas, tornando o indivíduo
solitário, além de comprometer o desenvolvimento de suas capacidades mentais. Através
da língua nos constituímos como seres humanos, nos comunicamos e construímos nossas
identidades e subjetividades, adquirimos e partilhamos informações que nos possibilitem
compreender o mundo que nos cerca. E para auxiliar nessa tarefa a psicopedagogia lança
mão de seus recursos tão próprios e tão essenciais, dentro de todo o processo investigativo
psicopedagógico. Analisaremos a seguir alguns aspectos e caminhos que nortearam e
facilitaram o desenvolvimento cognitivo e linguístico dentro da abordagem psicopedagógica.
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INTRODUÇÃO A SURDEZ
Muitos foram os estudos e nas mais Ela é considerada como um estado de quem
diferentes épocas, com as mais diversas é surdo, ou seja, de quem não ouve nada. De
interpretações, algumas posições acordo com Biderman 2 (1998 apud Gesser,
demonstram que a ausência do som dificulta 2009, p.35) a surdez é uma deficiência física
a criança ter acesso à linguagem, implicando que impede a pessoa de ouvir. Mas então
diretamente no desenvolvimento abstrato podemos dizer que todo surdo é deficiente?
e reflexivo dos surdos, que por sua vez tem
seu pensamento voltado para o concreto. A definição que temos de deficiência
em alguns dicionários é a que consiste em
Outras pesquisas apontam que a uma falha, insuficiência e carência e será
competência cognitiva dos surdos é igual considerado deficiente aquele que é falho,
a das crianças ouvintes, elas passam pelas incompleto e imperfeito.
mesmas etapas do desenvolvimento, mas as
crianças surdas apresentam uma evolução Muitos surdos não acham e não querem
mais lenta. ser chamados de deficiente, pois para muitos
a surdez pode ser bem entendida e absorvida
Apesar da dificuldade em identificar quando é processada pela família, escola e
a surdez nos primeiros anos de vida, o amigos como algo natural.
desenvolvimento sensório-motor ocorre de
forma semelhante tanto nos ouvintes quanto Para muitos pesquisadores e para muitos
nos surdos. surdos chamá-los de deficientes é como uma
discriminação, pois a “deficiência” corrobora
Diante dos problemas de aprendizagem os uma atitude de desajuste social e individual.
primeiros passos para auxiliar o aluno dentro
do trabalho psicopedagógico é um olhar mais A forma como se deu a perda auditiva é
atento, a observação de sinais que a criança importantíssima, pois fatores como a idade
vem apresentando são fundamentais para da perda, a reação emocional dos pais e da
iniciar uma prática investigativa. família e, os possíveis transtornos associados,
ajudam a compreender e a buscar meios para
Nesse momento percebemos que o corpo auxiliarem no desenvolvimento da criança
e o comportamento da criança darão pistas de surda.
que algo está errado, o diagnóstico precoce
de uma surdez ou de alguma deficiência,
minimizam os reflexos negativos tanto para
a criança quanto para a família.
2
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda.
1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 35.
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A surdez mista é na verdade, uma alteração A idade em que a criança tem a perda
condutiva e neurossensorial, que causa danos auditiva é um fato fundamental para o seu
nos ouvidos interno e externo e, dificulta a desenvolvimento, pois se for antes dos 03
passagem dos sons e traz prejuízos ao nervo anos de idade terá o que se chama de surdez
auditivo. pré-locutiva.
E por último a surdez neurossensorial, que Depois dos 03 anos há a surdez pós-
afeta a cóclea e/ou o nervo auditivo. locutiva que ocorre após a aquisição da fala,
isso produzirá um efeito diferente para o
Sea criança for surda profunda, desenvolvimento da criança.
o desenvolvimento simbólico e
acompanhamento dos pais ajudam a Nessa faixa etária a criança tem maior
favorecer um ambiente ideal para o seu domínio cerebral e já consegue manter sua
desenvolvimento e contribuirá também para linguagem interna.
a superação de suas limitações.
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COLL, César et al. Desenvolvimento Psicológico e Educação (transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas
especiais). Trad. Fátima Murad. Vol.3. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, p.175.
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GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda.
1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 77.
5
Idem, ibidem, p. 76.
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Na forma original o sinal quer dizer “ajudar Neste caso, a língua majoritária deve ser
alguém”, agora invertendo a orientação (O) ensinada ao surdo em sua modalidade escrita
da palma da mão passará para “ser ajudado e a sua introdução para os surdos deve ser
por alguém”, o mesmo ocorre com os verbos feito através da língua de sinais.
perguntar, cuidar entre outros.
Eles se apropriarão melhor do
No entanto, essa regra também é usada conhecimento, através da língua de sinais,
para algumas negativas, como querer e não facilitando a dinâmica do processo de
querer, saber e não saber, gostar e não gostar. ensino-aprendizagem e favorecendo a
Mas na libras há também sinalizações não transferência e agregando novos valores aos
manuais, que reforçam o sinal e colaboram conhecimentos já adquiridos anteriormente.
para a contextualização do mesmo, como as
expressões faciais, a velocidade, a entonação
e a hesitação. A AVALIAÇÃO
PSICOPEGAGÓGICA
Todos eles facilitam e contribuem para o
entendimento de um determinado sinal. Por Essa avaliação procurará informações
exemplo, os sinais dos verbos poder, precisar relevantes do ambiente familiar, condições
e possuir são extremamente parecidos, de aprendizagem e as condições educativas,
porém, a expressão facial, a intensidade e os favorecendo o processo de ensino-
movimentos pouco variados nos três sinais aprendizagem e pontuando uma solução
marcam a diferença entre eles. educacional mais indicada a ocorrência em
questão.
O que deve ficar claro é que a língua de
sinais não é uma mímica, não é um gesto, O papel fundamental do Psicopedagogo
nem uma pantomima ou um código secreto é manter uma relação interativa entre ele, a
que os surdos sabem. família, a criança e os professores, buscando
conhecer qual a origem dessa dificuldade
A falta de conhecimento levam as pessoas educacional, trazendo meios e experiências
a uma ignorância descabida, justamente por de aprendizagens que sejam incentivadoras
acharem que os surdos não podem falar a para as crianças.
língua oral.
A avaliação psicopedagógica utilizará
De acordo com Audrei Gesser, a língua como norte três eixos principais para as
de sinais não atrapalha a aquisição de outra intervenções: a família, a criança e a escola.
língua pelo surdo, ela garantirá ao surdo uma Ambos terão que passar por
maneira de relacionar-se com os outros e readequações objetivando auxiliar no melhor
favorecendo encontros intra e interpessoais. desenvolvimento da criança surda, aliando
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forças e traçando estratégias, que favoreçam Tudo Isso aliado a uma técnica mais
bons resultados em seus diferentes apurada, são importantes meios um
contextos. bom para desenvolvimento do trabalho
psicopedagógico.
A INTERVENÇÃO
PSICOPEGAGÓGICA O CURRÍCULO ESCOLAR
Quero destacar a importância dessa A comunicação manual é necessária para
ferramenta fundamental para um significativo facilitar a integração com a comunidade
processo de aprendizagem. escolar e, ter avanços em sua aprendizagem.
Mas é importante focar também na
Precisamos antes de tudo mensurar a comunicação oral para facilitar o “diálogo”
diferença entre dificuldade de aprendizagem, em sala de aula.
defasagem de conteúdos e imaturidade
neurológica. Como por exemplo:
• Cuidados com as condições acústicas
Existem varias definições que abordam e de visibilidade na classe;
essa temática, mas em sua maioria sempre
direcionam a culpabilização dessa não • Falar dirigindo o olhar para a criança;
aprendizagem a própria criança.
• Empregar todo tipo de meios de
As intervenções se fazem necessárias informações;
respeitando sempre a individualidade da
criança e as características do seu “problema”. • Facilitar a compreensão por meio de
mensagem escrita (lousa, transparência,
Devemos considerar essa criança como cartazes etc).
alguém capaz que vive em um contexto
familiar, escolar e social específico, que Na mudança curricular devemos incluir
vivencia situações e por isso, requer um conteúdos próprios da linguagem manual,
olhar mais atento. com os objetivos da área que se pretenda
estudar e unir um ao outro.
Tanto a avaliação como a intervenção
precisam ser feitas em caráter institucional, Precisamos levar em conta que, a
analisando os materiais utilizados pela criança surda têm de aprender elementos
criança, a metodologia utilizada pela unidade comunicativos e linguísticos, já as crianças
escolar, a avaliação escolar e a entrevista ouvintes aprendem espontaneamente.
com os professores.
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Esse será um papel de mediação entre o Dando aos pais, aluno e escola alternativas
surdo e tudo aquilo que o cerca e o faz se inibir e caminhos que possam ser percorridos
frente á sociedade. As questões estruturais, juntos, sem medo, sem pré-conceitos e sem
biológicas e emocionais dificultam tudo isso. dificuldades que prejudiquem a construção
desse elo que favorecerá a aprendizagem da
Ao Psicopedagogo cabe a tarefa de filtrar criança surda em todos os seus aspectos.
toda essa problemática e orientar a família
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo de nossas vidas temos convivido com padrões de
“normalidade” e tudo que foge a essa regra causa estranheza
e um certo desconforto, não pela “anormalidade” mas sim,
pela dificuldade que nós temos em se relacionar e conviver
com essa diferença.
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REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. A educação dos surdos. V.II,
série Atualidades Pedagógicas-n.4, Brasília: MEC/SEESP, 1997.
COSTA, Dóris Anita Freire. Superando limites: a contribuição de Vygotsky para a educação
especial. Revista Psicopedagógica. Disponível em:< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000300007> Acesso em: 07 de Janeiro de
2019.
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de
sinais e da realidade surda. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
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PEREIRA, Maria Cristina da Cunha (Org.). Leitura, Escrita e Surdez. 2ª ed. São Paulo: FDE,
2009.
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O mito de Narciso alude à busca da eternização da beleza através da imagem, já que diz
à história que
[...] Narciso debruça-se sobre a água, tentando apaziguar a sede, mas, ao fazê-lo, uma outra sede cresce
dentro dele: enquanto bebe, fica seduzido pela imagem que vê refletida na água. Fica em êxtase diante de si
próprio e, sem se mexer, com o olhar fixo, parece uma estátua de mármore de Paros. Contempla, estendido
no solo, dois astros, os seus próprios olhos, os seus cabelos dignos de Baco, dignos também de Apolo, as
suas faces imberbes, o seu pescoço de marfim, a sua boca singular, o rubor que tinge a brancura nevada da
sua tez. Admira tudo aquilo que nele inspira admiração. Deseja-se, ignorando-o, a si próprio. Os desejos que
sente, é ele próprio que os inspira. É ele o alimento do fogo que o incendeia. Quantas vezes atirou beijos à
onda enganadora! Quantas vezes, para agarrar o pescoço que estava a ver, mergulhou os braços na água, sem
conseguir enlaçá-lo! Para quê esses esforços vãos para agarrar uma visão fugidia? O objeto do teu desejo não
existe! Afasta-te, e tu farás desaparecer o objeto do teu amor! Essa sombra que vês é o reflexo da tua imagem.
Ela não é nada em si própria. Foi contigo que ela apareceu, é contigo que persiste, e a tua partida dissipá-la-ia,
se tivesses a coragem de partir. (OVÍDIO, 2007)
O que é notável que ver-se refletido em uma imagem na contemporaneidade faz a junção
desses conceitos. Uma busca pela tentativa de capitar a realidade de forma a eternizar
momentos e ao mesmo tempo, apresentar este momento de forma prazeroso e belo, mesmo
que os sentimentos pessoais difiram disso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estética no Brasil ainda é recentemente explorada.
Sempre ficando em segundo plano, porque está ligada a
uma dimensão política (GAGNEBIN, 2013/vídeo). Uma vez
que trabalhar as sensações e os sentidos das artes, requer
entender os problemas políticos, sendo necessário o cidadão
entender da educação do seu meio e universal.
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REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Arte Poética. Disponível em: <http://saudedafamiliaufc.com.br/wp-content/
uploads/2016/04/ARTE-POETICA-ARISTOTELES.pdf>. Acesso em 05 set 2018.
COHN, Maria Cecília Falcão Mendes. Selfie, cultura do espelho: No espelho? Disponível
em:<http://paineira.usp.br/celacc/?q=pt-br/celacc-tcc/759/detalhe>. Acesso em 11 out de
2018.
OVÍDIO. As Metamorfoses. Trad. Ana Garrido et al. In Antologia. Português. 10º ano/
Ensino Secundário. Editora Lisboa: 2007. Disponível em:<http://folhadepoesia.blogspot.
com/2014/11/como-narciso-se-perde-uma-historia.html>. Acesso em 11 de out de 2018.
PLATÃO. Trad. Enrico Corvisieri. A República. São Paulo: Nova Cultural, 2004.
RUFINONI, Priscila Rossenetti. Estética como filosofia da arte: sobre a mimese. In CARVALHO,
Marcelo. CORNELLI. Gabriele (org). Filosofia: Estética e Política. Volume 3. Cuiabá, MT:
Central de Texto, 2013.
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estrada pela frente para o Brasil atingir o ideal da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo
previsto em 1987 pela Comissão Mundial sobre que nós, os povos da Terra, declaremos nossa
o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão responsabilidade uns para com os outros, com
Brundtland): um desenvolvimento que atenda às a grande comunidade da vida e com as futuras
necessidades do presente sem comprometer a gerações (p. 61).
possibilidade de as gerações futuras atenderem
as suas próprias necessidades. (http://www.
ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_ A educação, representada pela escola como
visualiza.php?id_noticia=1703&id_pagina=1 –
Acesso: 21/02/2012) promotora de conhecimento, considerando
que este ambiente social possibilita reflexão
aos seus educandos, deve ter iniciativas
De acordo com Gadotti (2010, p. 61), para trabalhar de forma interdisciplinar
“Os princípios e valores da Carta da Terra tal problemática, como a vida sustentável,
são defendidos particularmente através dos qualidade de vida e a não extinção da vida
programas curriculares ligados à educação no planeta Terra.
ambiental, que existem na maioria das
escolas”. De acordo com Rifuela (2012, p.53),
a autora revela que a conscientização
A carta da Terra pode ser um recurso depende da educação, que pode buscar uma
utilizado nas escolas para levar a uma reflexão sensibilização acerca da degradação dos
das consequências que o planeta sofre com recursos naturais:
a degradação a natureza em decorrência das
nossas ações e da necessidade de mudanças O ponto de partida é a conscientização, a
sensibilização a respeito da magnitude do
de hábitos que levem a sustentabilidade. problema da degradação dos recursos ambientais
do planeta e suas consequências sobre a saúde e
Ainda no mesmo texto, o autor cita que o modo de vida dos humanos. Essa sensibilização
depende de iniciativas na área da educação.
o momento é crítico e que para garantirmos
o futuro da humanidade é preciso uma
mudança coletiva em prol da natureza. A vida no planeta Terra está comprometida
pelo uso desenfreado dos recursos naturais,
Estamos diante de um momento crítico na história a sociedade consumista e o mercado buscam
da Terra, numa época em que a humanidade
deve escolher o seu futuro. À medida que o seus próprios interesses; conscientização
mundo se torna cada vez mais interdependente é ponto fundamental para que possamos
e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, sobreviver, ter qualidade de vida e
grandes perigos e grandes promessas. Para
seguir adiante, devemos reconhecer que, no proporcionar as futuras gerações condições
meio de uma magnífica diversidade de culturas de vida dignas e saudáveis, para isso é
e formas de vida, somos uma família humana necessário ações coletivas e envolvimento
e uma comunidade terrestre com um destino
comum. Devemos somar forças para gerar de toda a sociedade de forma global. Temos
uma sociedade sustentável global baseada no a facilidade da globalização
respeito pela natureza, nos direitos humanos
universais, na justiça econômica e numa cultura
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Para Boff (2003), alega que, se não houver é vista como uma esperança em meio ao
parceria em prol dos cuidados para com o caos ecológico produzido pelo consumo
planeta, arriscaremos a vida das espécies: exagerado.
A educação pode buscar parceria com ... meu isso, meu aquilo, desde a cabeça até o
bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes,
a comunidade local, promover eventos e gritos visuais, ordem de uso, abuso, reincidência,
diversas ações, ultrapassando os muros costume, hábito, premência, indispensabilidade,
da escola, instigar os alunos em trabalhos e faze de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
que visem a sustentabilidade, que eles
possam também conscientizar suas famílias
e população local. A coletividade tem força Trazer uma visão crítica para si mesmo, se
para mudar o quadro atual. enxergar em meio a sociedade de consumo,
onde marcas e rótulos são associados as
pessoas, são possibilidades que a educação
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA AO pode conduzir o educando, por meio de
CONSUMISMO INFANTIL diálogo e reflexão, permitir que este faça
uma autoavaliação do seu papel social e de
A mídia padroniza estilos e robotiza si mesmo, ações, reações e comportamento
as crianças, recorrendo a recursos que revelam que ele é, se contribui ou não
diversificados para atrair os consumidores, para uma sociedade melhor e para sua vida
sem medir os danos causados a elas, seja ao particular, progresso e qualidade de vida.
seu emocional, cognitivo, comportamental
e na formação; a educação é um paradoxo Para Barros (2012):” A publicidade está no
a esses estímulos consumistas e persuasão, centro do comportamento infantil, levando
pois, procura estimular nelas a ética e os as crianças para onde quer, a partir de suas
valores importantes para o convívio social, necessidades de pertencimento e identidade,
promovendo criticidade e consciência explorando sua fragilidade psíquica e os
ecológica de vida sustentável, respeito a vida fracos laços que as ligam aos pais”.
e ao meio ambiente, se enxergando como
colaborador e também como protagonista A criança em pleno desenvolvimento físico
em ações para melhorar a vida em sociedade e mental se torna alvo fácil de manipulação,
e consequentemente no planeta. A educação em função disto a mídia investe nelas como
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fonte de lucro, sem medir os danos psicoemocionais que produzem dentro do âmbito familiar,
principalmente aos que não têm acesso a esses produtos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preocupação com a sustentabilidade surgiu mediante
o aumento da população mundial e consequentemente
também o aumento do consumo; criar uma política de
consumo, buscar alternativas e medidas de sustentabilidade
são fundamentais como meio de mantermos as espécies e
de prolongarmos a vida no planeta.
Educar para o consumo consciente e para ações em prol da sustentabilidade é mais que
uma necessidade, é uma questão de sobrevivência.
Sabe-se que o consumo é necessário à vida, mas, o excesso, produz consequências graves
ao meio ambiente. Como a escola é incumbida de promover educação, e essa se faz por
meio da preparação para a sociedade, de forma crítica, requer conscientizar os educandos
dos direitos e deveres sociais, devemos considerar a relevância da problemática, abordando
com maior frequência essa temática dentro da sala de aula, de modo que, os conceitos
desenvolvidos como, a ética, valores, consciência cidadã e ecológica possam ultrapassar os
muros da escola e tenha abrangência nos lares e em toda a comunidade, gerando reflexão e
promovendo mudanças de hábitos, onde o que realmente tenha significado seja os valores
humanos e não o poder aquisitivo das pessoas.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. São Paulo. Record: 2001.
FREIRE, Paulo, 1921 – 1997 Política e educação: ensaios / Paulo Freire. – 5. ed - São Paulo,
Cortez, 2001 (Coleção Questões de Nossa Época; v.23- pg 21)
(Capra, Fritjof: As conexões Ocultas – Ciência para uma vida sustentável/ Pg 9)
GADOTTI, Moacir. A Carta da Terra na educação / Moacir Gadotti. -- São Paulo: Editora e
Livraria Instituto Paulo Freire, 2010. -- (Cidadania planetária; 3 – p. 61)
REFERÊNCIAS MIDIÁTICAS
Instituto Alana - Projeto Criança e Consumo – 2010 Site: www.criancaeconsumo.org.br -
Acesso: dezembro/2017.
BARROS FILHO, Clóvis – Artigos: A publicidade e o consumo Infantil Cpflcultura – luz (revista
eletrônica) Acesso: 24/02/2012
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O professor que trabalha com as crianças da primeira infância (educação infantil), deve se
atentar que nessa idade a criança é muito centrada nela mesma, como também autocentrada
com seu brinquedo, o que é plenamente admissível, não se deseja que essa autocentração
estenda-se por longo tempo, atravessando a segunda infância, a adolescência e a idade
adulta.
O papel do professor passa a ser muito importante, como também a utilização de jogos e
brincadeiras com o professor mediador e promotor da aprendizagem e do desenvolvimento
colocando o aluno diante de situações tais como: montando cantinhos de jogos, de
brincadeiras de faz-de-conta, fazendo surgir situações lúdicas primeiramente com estrutura
lógica da brincadeira e uma segunda concepção carregado de conteúdo cultural em um
tempo e espaço com uma sequência própria, com isso, a criança entra no mundo imaginário
para uma construção da representação mental e da realidade, sem esquecer a ludicidade.
Para Palangana (1994), a ludicidade é necessidade do ser humano em qualquer idade, não
devendo ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento lúdico facilita a aprendizagem,
tornando mais fácil os processos sociais e culturais com prazer e motivação. Essa ludicidade
é uma boa estratégia no auxílio da aprendizagem.
Uma educação integrada deve ser utilizada para formar cidadãos do mundo, para viver
em sociedade, coletivamente com atitude, não só estar de acordo, mas uma atitude de agir
cooperativamente.
O espaço da escola permite que a criança vá se modificando pouco a pouco por que o ser
humano é uma entidade que não basta por si, mas no mundo fora dele, a tarefa fundamental
da escola é promover o fazer juntamente com o compreender para a estruturação de outros
atos motores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após estudos e pesquisas levei meu olhar para que esse
trabalho identifique principalmente que jogos e brincadeiras
na Educação Infantil não devem ficar limitados à recreação,
ao passa tempo, ao não sério, mas a um exercitar intenso
com suas funções simbólicas, pois vimos que o ser humano
não é só instinto, mas conhecimento que construímos e
acumulamos ao longo de nossa existência com as práticas e
as ações motoras.
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REFERÊNCIAS
ARCE, A. Grandes Pensadores. Revista Nova Escola. São Paulo, vol. 3, p. 03- 130. Jul. 2009.
FREIRE, J. B. Educação De Corpo Inteiro: Prática Da Educação Física. São Paulo: Editora
Scipione, 2004.
FREIRE, J. B. SCAGLIA, J. A. Educação Como Prática Corporal. São Paulo: Editira Scipione,
2004.
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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ZILMA, R. de O. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. 4º ed. São Paulo: Cortez, 2008.
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Vale ressaltar que, por essa definição, todas Diante disso, essa instituição não pode
as dificuldades relacionadas à compreensão se omitir. Ela deve cumprir sua tarefa na
e aquisição do código escrito fazem parte do transmissão da herança cultural e, mais
quadro de dislexia. que isso, preparar o indivíduo para viver
em sociedade. Deve torná-lo um cidadão
Há outros fatores que podem estar consciente de seu papel, para que ele cumpra
associados à não-aprendizagem, como, seus deveres e seja capaz de exigir seus
por exemplo, Distúrbio no Processamento direitos. Ela deve ensiná-lo não só a receber,
Auditivo Central (DPAC), Transtorno de mas a produzir conhecimento.
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),
problemas sociais e familiares, etc. Quando o educando não aprende,
ele fica à margem da sociedade e torna-
Com o avanço da medicina, os exames de se extremamente vulnerável a diversas
imagem já podem apontar alguns problemas situações desfavoráveis ao exercício de sua
de aprendizagem de base neural. Por isso, cidadania.
Willingham (2008, em Rato & Caldas,
2010) acredita que num futuro próximo os
diagnósticos poderão ter maior precisão. FRACASSO E EVASÃO ESCOLAR
De acordo com Cordié (1996, EM BOSSA,
O PAPEL DA ESCOLA NO 2008), o fracasso escolar é uma patologia
PROCESSO DE ENSINO E recente, que surgiu com a obrigatoriedade do
ensino no fim do século XIX. É caracterizado
APRENDIZAGEM por uma sequência de insucessos na escola,
que levam o indivíduo a abandonar os
Embora o indivíduo aprenda em todos os estudos.
lugares e momentos, ao longo de sua trajetória
de vida, a escola é, por excelência, a instituição Para Patto (1996, EM BOSSA, 2008.), o
responsável pelo ensino. É dela a missão de fracasso escolar é gerado por um sistema
transmitir a herança cultural produzida, sem educacional que cria obstáculos à realização
a qual a evolução humana ficaria estagnada. de seus próprios objetivos.
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Para Amaro (2006), os recortes dados aos conteúdos pelas disciplinas escolares fazem com
que uma determinada situação possa ser lida de diferentes formas, ao passo que, quando os
diferentes olhares e perspectivas estão articulados, a compreensão é bem maior.
A AVALIAÇÃO
Para um atendimento adequado, deve-se respeitar a diversidade, ou seja, reconhecer que
cada aluno tem um ritmo próprio de aprendizagem e a avaliação deve refletir isso. Perrenoud
(1999) postula que:
Toda situação didática imposta de maneira uniforme a todos os alunos será totalmente inadequada para o
grupo, pois para alguns será fácil demais, para outros, difícil demais. Daí, então, a importância do ensino
diferenciado e, também, da avaliação diferenciada, para que possibilite a cada aluno ser avaliado de acordo
com suas habilidades orais, visuais e escritas (p.32).
Além disso, não adianta ter um olhar diferenciado e propor objetivos específicos às
dificuldades dos educandos, se eles forem avaliados de forma coletiva, sob os mesmos
critérios.
De acordo com Wilbrink (1997) citado por Capellini e Rodrigues (2010), o mesmo modelo
de avaliação usado há cem anos continua sendo reproduzido. Focado em uma educação de
massa, ele prejudica a maioria dos estudantes e gera um ensino de baixa qualidade.
Collares (1989, em BOSSA, 2008.) afirma que é preciso retificar a ideia de que as causas
externas ao ambiente escolar são as responsáveis pelo mau desempenho de um aluno, pois
mesmo com dificuldades de aprendizagem, ele pode obter êxito nos estudos, dependendo
da ajuda que recebe.
Nesse processo, “o que se espera que ele desenvolva e aprenda é estabelecido considerando
sua singularidade e não aquilo que é esperado para a maioria.” (AMARO, 2006.).
Uma avaliação inadequada não aponta diretrizes para uma atuação pedagógica eficaz e,
com isso, todo o trabalho está fadado ao fracasso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de um obstáculo, cada educando reage de forma diferente:
uns sentem-se motivados e fazem de tudo para transpor as barreiras;
outros atribuem a si a culpa, ficam tristes e acabam e desistindo.
Neste caso, o problema deve ser acompanhado, cuidadosamente,
para auxiliar o discente a superar as dificuldades de forma construtiva,
sem sofrimentos.
Com base no estudo realizado a partir da literatura existente, pode-se dizer que o educador
precisa reconhecer que problemas na aprendizagem são de cunho pedagógico, na maioria das vezes,
e que, portanto, devem ser tratados no âmbito escolar. Mesmo quando diagnosticado um distúrbio,
isso não impede o aluno de aprender. É preciso ter um olhar diferenciado e promover situações de
aprendizagem que valorizem o potencial do educando dentro de suas limitações.
Além disso, deve avaliar os avanços do aluno em todo o percurso de construção de suas
aprendizagens. Desse modo, a avaliação deve, portanto, ser usada como instrumento norteador do
trabalho pedagógico, de modo que ela não tenha um fim em si mesma.
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REFERÊNCIAS
AMARO, D.G. Educação Inclusiva, Aprendizagem e Cotidiano Escolar. São Paulo. Casa do
Psicólogo, 2006.
CONRADO, R.M.O. & SILVA, S.M.B. Dinamizando a sala de aula com a literatura infanto-
juvenil. São Paulo. Loyola, 2006.
FLOR, D. & CARVALHO, T.A.P. Neurociências para educador: coletânea de subsídios para
“alfabetização neurocientífica”. São Paulo. Ed. Baraúna, 2011.
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GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo. Atlas, 2002. p 44-45.
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CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA
NO PROCESSO TERAPÊUTICO DE
PACIENTES COM DEPRESSÃO
RESUMO: O presente trabalho propõe um estudo de pacientes com depressão, levando em
consideração as alterações afetivas, as manifestações sintomatológicas atuais, bem como
descrever sua psicodinâmica, e desenvolver um estudo tendo como referencial a visão
das neurociências na contemporaneidade no processo terapêutico. O trabalho é do tipo
bibliográfico e a metodologia utilizada é análise de conteúdo. Com este estudo almejamos
explorar a importância das respostas que a neurociência obteve para os aspectos psicológicos
e biológicos nas doenças depressivas. Em um primeiro momento, buscou-se compreender e
qualificar o que é a depressão, suas dimensões e como a neurociência se relaciona à doença;
já em um segundo momento nos aprofundará no estudo da neurociência, citando campos
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tenham alívio da angústia sentida e haja o Por objetivo específico deste estudo,
silêncio orgânico que chamamos saúde. buscaremos abordar as reflexões sobre
a interação entre a neurociência e a
O seguinte trabalho busca respostas para depressão, tal qual corpo e mente e a
o problema em questão: Considerando a natureza das emoções. Pela perspectiva a
depressão uma doença que exibe sintomas neuropsicológica pode contribuir para um
tanto psicológicos quanto físicos, de que entendimento complementar da interação
forma a neurociência se relaciona ao entre o biológico, o psíquico e o social, e
tratamento da depressão? De como isto assim possibilitar uma nova perspectiva de
auxilia na recuperação de um paciente e como tratamento para o doente depressivo crônico,
a neurociência se diferencia do tratamento tal qual a compreensão de sua doença.
medicamentoso?
Será realizada uma pesquisa bibliográfica
Questiona-se: Quais são as intervenções sobre o tema “depressão” que almeja explicar
psicológicas utilizadas no tratamento das a importância das respostas da neurociência
doenças depressivas para pacientes crônicos para os aspectos psicológicos e biológicos
segundo as pesquisas da neurociência? nas doenças depressivas. Esta pesquisa visa
se dirigir tanto para os profissionais da saúde,
A doença depressiva como objeto de como para os pacientes e leigos que desejam
estudo da atual pesquisa bibliográfica uma explicação científica para a depressão
justifica-se pela sua relevância social e que os acometem.
também pelo fato de constituir uma realidade
vivenciada na contemporaneidade por um A revisão bibliográfica exibe uma ideia por
número considerável de pacientes, que meio de documentos já publicados. Uma vez
se tornou expressivo em todas as classes que se tem o escopo de conferir o referencial
econômicas. Segundo relatório oficial da teórico pesquisado, a pesquisa bibliográfica
OMS (Organização Mundial da saúde), compreende a globalidade do conteúdo
atualizado em março de 2018, a depressão é bibliográfico já publicado referente ao tema
um transtorno mental frequente. Em todo o de estudo, incluindo publicações avulsas,
mundo, estima-se que mais de 300 milhões boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
de pessoas, de todas as idades, sofram com monografias e teses.
esse transtorno.
Esta é uma pesquisa qualitativa de
O objetivo geral do seguinte estudo é caráter descritivo porque observa, registra,
destacar as contribuições da neuropsicológica analisa e correlaciona fatos ou fenômenos,
e as várias formas de tratamento, para sem manipulação das variáveis. Para tal,
uma melhor compreensão das doenças busca encontrar a frequência com que um
depressivas. fenômeno acontece e sua correlação com
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outros fenômenos externos, tal qual sua Segundo Camon (2003), o sujeito em si é
natureza e características. Destaca-se que constituído pela subjetividade, ou seja, cada
a escolha desta espécie de pesquisa provém um possui seu próprio campo subjetivo que
da necessidade de se compreender mais é concebido valendo-se das experiências,
profundamente o fenômeno em questão. das vivências, e dos determinantes sociais
e biológicos. Assim, os sintomas das
alterações afetivas variam de acordo com
O TRANSTORNO DEPRESSIVO as vivências de felicidade e/ ou tristeza e
NA SOCIEDADE ATUAL dependem da subjetividade de cada um, a
qual é constituída a mediante a realidade
Considerado pela Organização Mundial de existencial desse sujeito, das vivências
Saúde como o país mais deprimido de toda psíquicas, das internalizações e das relações
a América Latina, o Brasil ocupa também o objetais. Estas determinam a percepção da
5º lugar no ranking mundial. Não é pouca realidade e que fazem ou não os sujeitos
coisa. Ao todo, são mais de 11 milhões de tristes, melancólicos, felizes ou maníacos.
brasileiros que sofrem com os sintomas
da depressão, isso contando apenas com Merquior (2004) menciona que o
os números registrados oficialmente nos mundo contemporâneo, por seus aspectos
centros de saúde. econômico-político e sócio-cultural, vive
momentos de constantes transformações
Segundo a OMS até 2020 a depressão que desnorteiam os sujeitos numa explosão
será o transtorno mental afetivo mais de referenciais. Referenciais estes, que
incapacitante em todo o planeta, podendo dificultam o processo de identificação que
atingir mais de 320 milhões de pessoas em nem sempre possibilitam “a construção de
todo o mundo, ou 4,4% da população da sujeitos capazes de criar sentido para a vida”
Terra. Nesse ranking assustador, o Distrito (Maciel, 2002, p. 112).
Federal aparece com 6,2% das pessoas,
com mais de 18 anos, diagnosticadas com Trata-se então de uma cultura marcada
esse distúrbio. São números que mostram pela “soberania do eu”, como cita Freire
à capital nos primeiros lugares quando o (2003), na qual há um controle manipulador
assunto é depressão. de tudo que cerca e pertence ao sujeito,
fazendo com que tudo seja voltado para
A depressão é a alteração afetiva mais si. Esta cultura é voltada para o imaginário
estudada e falada na atualidade. Classificada do narcisismo egóico que faz os sujeitos se
como um transtorno de humor, ela vem sentirem desamparados diante da frustração.
reger as atitudes dos sujeitos modificando a
percepção de si mesmos, passando a enxergar Este sujeito se vê perante as inúmeras
suas problemáticas como grandes catástrofes. possibilidades que provocam este vazio
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até outra mais funcional na qual o objetivo é depressivos procuram atendimento médico
conhecer o funcionamento global do cérebro. sete vezes mais que quem não tem o distúrbio,
segundo a OMS. Menos da metade delas
A depressão é uma síndrome que pode cursar é diagnosticada corretamente e recebe
com alterações cognitivas. Investigações clínicas tratamento adequado. A literatura médica sugere
têm explorado a função neuropsicológica de que noradrenalina, neurotransmissor envolvido
pacientes deprimidos há pelo menos duas na regulação do humor, do ciclo de sono e na
décadas. No entanto, pouco se sabe sobre resposta de estresse, desencadeia eventos em
a especificidade dos distúrbios cognitivos cascata, que se manifestam em ansiedade, no
nesses quadros. A dificuldade observada início e depois, em depressão. Mais de 60%
no desempenho cognitivo de pessoas com dos episódios depressivos são precedidos
depressão é também critério para o diagnóstico por quadros de ansiedade, e a insônia crônica
de quadros em que lesões ou disfunções aumenta quatro vezes o risco de depressão. Já
cerebrais estejam em jogo. Desta forma, é o estresse crônico leva à diminuição do fator
importante reconhecer o perfil cognitivo tanto de proteção neuronal, afetando a ramificação
quantitativo quanto qualitativo da depressão dendrítica dos neurônios.
e tentar traçar a sua neuroanatomia funcional
e reconhecer seus subtipos (unipolar, bipolar, O tratamento mais comum e de fácil acesso,
primária ou secundária). ainda é o farmacológico. Os medicamentos
costumam proporcionar alívio para pacientes
Existem evidências que sugerem a com sintomas moderados ou graves, que
presença de déficits neuropsicológicos geralmente apresentam prejuízos no trabalho
acompanhando o Episódio Depressivo Maior e na vida pessoal. Em depressões leves,
(Laks, Marinho, Rosenthal e Engelhardt, a eficiência dos antidepressivos é menos
1999, p. 145). Observa-se que esses déficits nítida: eles têm desempenho equivalente ao
se apresentam de forma ampla e tendem placebo (substância neutra, mas que pode
a incluir anormalidades envolvendo a desencadear efeitos psicológicos). Para o
sustentação da atenção, função executiva, psiquiatra Duailibi (2013, p. 128) “A remissão,
velocidade psicomotora, raciocínio não a ausência total de sintomas, é importante
verbal e novas aprendizagens. Contudo, a para combater essa vulnerabilidade”.
disfunção neurocomportamental associada
ao Transtorno Depressivo Maior parece Hábitos diários saudáveis e terapias
depender de diferenças individuais, com complementares ajudam a combater o
somente alguns indivíduos deprimidos estresse e podem prevenir a volta dos
demonstrando comprometimento. sintomas: acupuntura, massagem, atividade
física, alimentação rica em nutrientes e
Dor e depressão têm uma via neuroquímica pobres em gordura animal.
comuns. Em média, pessoas com sintomas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Depressão foi abordada, neste trabalho, pela a visão
da neurociência, possibilitando uma interação entre o
psicológico e o biológico. Assim, essas áreas não precisam
ser consideradas como excludentes, já que são enfoques
diferentes que lidam com o mesmo substrato. Com isso, a
depressão não deve ser considerada somente uma alteração
bioquímica ou psicológica, mas de ambos.
A depressão é uma doença cerebral, que pode ser tratada de diversas maneiras. O fato de
a psicoterapia ser uma dessas maneiras não significa que a depressão seja um fenômeno de
origem psicológica. Essa forma equivocada de pensar leva algumas pessoas a considerar que
poderia ser possível aos pacientes superar a doença apenas com a vontade de mudar, e esse
definitivamente não é o caso. Conforme mostrado pelo relatório de OMS sobre depressão,
as maiorias dos pacientes diagnosticados com a doença apenas procuram ajuda medica
apenas ao sentires os sintomas físicos. Essa redução da depressão como uma doença de
caráter unicamente físico ou unicamente psicológico leva tira seu caráter de doença.
Uma conclusão otimista pode ser tirada desta pesquisa: Apesar da alta taxa de pacientes
clinicamente diagnosticados com depressão, nas ultimas décadas, mais do que nunca, os
estudos na área da neurociência e afins ganhou grande impulso. Mais do que nunca, há
grandes incentivos para cientistas, além do acesso à informação para os pacientes afetados.
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REFERÊNCIAS
Camon, V. A. A. (2003). Temas Existenciais em Psicoterapia. São Paulo: Thompson.
DICIO. Dicionário Online de Português. Editora 7 Graus. Portugal, 2018. Disponível em: <
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Eriksson, P.S., Perfilieva E., Bjork-Eriksson T., Alborn A. M., Nordborg C., Peterson D.A., Gage
F.H. (1998). Neurogenesis in the Adult Human Hippocampus. Nature Medicine. Disponível
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Fédida, P. (2002). Dos benefícios da Depressão. Elogio da Psicoterapia. São Paulo: Escuta.
Finazzi, M. E. P. (2003). Breve Histórico sobre a Depressão. Disponível em: < http://www.
campsm.med.br/artigos/depressao.htm> Acesso em 08 de mar. 2019.
Kandell E.R., Schwartz J.H. y Jessell T.M.(2001) Princípios de Neurociência. Madrid: McGraw-
Hill/Interamericana.
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OPAS Brasil. Folha informativa Depressão. Mar. de 2018. Disponível em: <https://www.
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RIBEIRO, Sidarta. et al. Drogas e Neurociências. Boletim IBCCRIM, São Paulo, 2012, p.15-
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RIBEIRO, Sidarta. Tempo do Cérebro. Revista Estudos Avançados. Rio Grande do Norte,
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ZINBERG, N. E. Drug, set, and setting: the basis for controlled intoxicant use. New Haven:
Yale University Press, 1984.
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DIDÁTICA
RESUMO: O presente artigo propõe uma reflexão sobre Didática e a sua importância para a
formação e trabalho docente, tendo-se em vista que a didática é um ramo da ciência pedagógica
que tem como objetivo ensinar métodos e técnicas que possibilitem a aprendizagem do
aluno por parte do professor ou instrutor. O trabalho docente deve considerar que teoria e
prática são caminhos indissociáveis, paralelos e convergentes que norteiam todo o ensino-
aprendizagem. Dessa forma a didática expressa uma prática pedagógica que decorre da
relação entre professor e aluno num determinado momento histórico. Sendo assim, o texto
tem como objetivo abordar a teoria e a prática como objetos de ensino com ênfase no
pensamento pedagógico.
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ser traduzida com arte ou técnica de ensinar. A didática também pode ser observada
Na pedagogia, a didática se ocupa dos como uma disciplina que compõe a grade
métodos e técnicas de ensino, destinados curricular da formação de professores nos
a colocar em prática as diretrizes da teoria cursos de pedagogia, onde é constituída de
pedagógica. Ela (didática) estuda os diferentes conhecimentos teóricos e faz a mediação
processos de ensino e aprendizagem. entre o conhecimento científico e o trabalho
docente em sala de aula.
A didática é uma disciplina fundamental na
formação de um professor, mas não se falava Na perspectiva instrumental, pode
desse campo de estudo até o século XVII. ser concebida como um conjunto de
Já nos dias atuais compreender as relações conhecimentos técnicos o “como fazer”
entre o processo de ensinar e o processo de pedagógico, conhecimentos apresentados
aprender tem uma enorme importância. de forma universal e consequentemente
desvinculados dos problemas relativos ao
Para se desempenhar um processo sentido e aos fins da educação, dos conteúdos
significativo na formação de um educador, a específicos, assim como do contexto
didática, não poderá apenas tratar do ensino sociocultural em que fomos gerados.
de técnicas pelas quais se deseja desenvolver
um processo de ensino-aprendizagem. Ela Para que aconteça a relação de ensino-
não deve ser vista ou tradada como apêndice aprendizagem, consideramos que para
de orientações mecânicas e tecnológicas, mas se ensinar é necessário adotar diferentes
um modo crítico de desenvolver uma prática procedimentos, selecionar conteúdos e
educativa, por meio de um projeto histórico, livros didáticos, embora estes, não sejam
que não será feito apenas pelo educador, mas os únicos suportes do trabalho pedagógico
também pelo educando e outros membros do professor. É preciso complementa-los
dos diversos setores da sociedade. afim de ampliar o acesso as informações e
as atividades propostas, adequando-as ao
Para Luckesi (2001), a função da Didática grupo de alunos a quem se vai ensinar.
é a de criar condições para que o educador
se prepare através de técnicas cientificas, A dimensão linguística da relação
filosóficas e efetivamente para o tipo pedagógica é muito importante, pois a
de ação que vai exercer. Podemos dessa linguagem influência na aprendizagem dos
forma observar que o conceito vem sendo alunos e possibilita o diálogo, que por vezes
reformulado ao longo dos anos, dependendo expressa mensagens que nunca foram ditas
da ótica em que ela é observada e em forma de palavras.
contextualizada.
Dessa forma, propõe-se que a didática,
longe de ser um método ou uma receita,
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subsidie, por meio da relação pedagógica, conhecidas como Teorias de Ensino. Podemos
a oferta qualitativa do ensino em suas destacar entre elas a Pedagogia Tradicional, a
dimensões linguística, pessoal e cognitiva. Pedagogia Renovada, a Pedagogia Tecnicista
e a Pedagogia Crítica.
Como observado, o conceito da didática
é amplo e está constantemente sendo A Pedagogia Tradicional, revela um período
ampliado a partir das perspectivas que vão em que a educação era principalmente
surgindo entorno das reflexões sobre o seu religiosa, seu objetivo era transcender o
papel e sua função na educação. Através homem para ser o melhor de si. Ela sobrepunha
dessa amplitude, ela se apresenta como a teoria à prática, sendo o professor o centro
importante e capaz de influenciar no processo do ensino, “detentor do saber” e onde o
de educar, pois ultrapassa as relações foco era a exposição mecânica do conteúdo,
escolares, embora não possa ser considerada considerado por vezes enciclopédico. Seus
a única responsável pelo sucesso ou fracasso conteúdos eram separados das experiências
escolar. dos alunos e não estavam de acordo com as
realidades sociais.
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Em síntese, essa trajetória da didática na Durante muito tempo ensinar era visto
busca pela ressignificação, se apresenta com como a transmissão de conteúdos para os
características diversas, de acordo com o alunos, e estes eram considerados seres sem
momento histórico, político e social, sendo luz, incapazes de construírem conhecimentos
inspirada pelas mais diversas correntes, próprios. Hoje, no entanto, o aluno é visto
tendências e concepções pedagógicas. como um ser que possuem uma bagagem
de conhecimentos prévios e que os mesmos
devem ser respeitados.
DIDÁTICA E A FORMAÇÃO
DO PROFESSOR A didática deve ter como papel fundamental
na formação de um professor ser instrumento
A didática, considerada uma ciência que de uma prática pedagógica reflexiva e crítica,
estuda os saberes necessários à prática contribuindo para a formação da consciência
docente, é um dos principais instrumentos crítica.
para a formação de um professor, pois é
nela que o professor irá se basear para a Por esta interação, podemos perceber
aquisição dos ensinamentos de que precisa que a construção de novos conhecimentos
para a prática docente. acontece paralelamente na relação
professor-aluno, visto que o aluno, traz
Como disciplina, a didática, é entendida para o cotidiano escolar sua experiência do
como um estudo sistematizado, intencional, contexto social em que vive e o professor,
de investigação e de prática (LIBÂNEO, 1990). como mediador deve conhecê-lo enquanto
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A DIDÁTICA E A DOCÊNCIA
O docente precisa estar ciente sobre sua reflexão enquanto educador e do quanto é
importante que esteja sempre atualizado sobre os conteúdos aprendidos. Ele precisa estar
sempre em constante aprendizado, para assim melhorar suas competências profissionais e
sua metodologia de ensino.
É necessário que os professores repensem o modo pelo qual agem diante da sociedade
e qual é a sua contribuição, uma vez que a identidade não é inerente ao ser humano, mas
sim, uma posição que se constrói quer seja com certezas ou incertezas estabelecidas nas
relações com a realidade social.
“É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o conhecimento de estratégias de
ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar. Se o professor não dispõe de habilidades
de pensamento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades
de aprendizagem, será impossível ajudar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas.”
Para ele, a formação docente é um processo pedagógico, que deve acontecer de forma a
levar o professor a agir de forma competente no processo de ensino.
Cabe ao professor ser mais do que um coadjuvante no processo de ensino, que cativa e
tem a atenção do aluno. É dever do docente promover situações em que os alunos sejam
capazes de construir-se e reconstruir-se a partir de uma educação epistemologicamente
cientifica, que garante ao aluno um ensino produtivo e significativo cognitivamente, buscando
o desenvolvimento humano enquanto ser social e histórico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se então, que a didática é indispensável tanto na
formação como no trabalho docente, enquanto disciplina é
ela que deve desenvolver a capacidade crítica do professor
em formação, possibilitando analisar de forma clara e
objetiva a realidade do ensino e assim, possibilitar ao aluno,
construir seu próprio conhecimento.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Flávia Aparecida dos Santos; FREITAS, Fernando Jorge Correia de. A Didática e a
sua Contribuição no Processo de Formação do Professor. Disponível em: <https://fapb.edu.
br/wp-content/uploads/sites/13/2018/02/especial/3.pdf>. Acessado em 02 de março de
2019.
COSTA, Edna Maria Mendes Pinheiro; GOMES, Vera Rejane; MARTINHO, Mailson. A
Importância da Didática no Processo Ensino-Aprendizagem. Disponível em: <https://
editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/TRABALHO_EV057_MD1_SA8_
ID2747_09092016200737.pdf>. Acessado em 02 de março de 2019.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e
profissão docente. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
LUCKESI, Cipriano Carlos. O papel da didática na formação do educador. São Paulo: Cortez,
2001.
MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. 4. ed. São Paulo: FTD, 1997.
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pública brasileira. No artigo 206, inciso IV, XI - vinculação entre a educação escolar,
a Constituição Federal prevê: “a gestão o trabalho e as práticas sociais.
democrática na forma de lei e apresenta os
princípios sobre os quais se darão a educação É fundamental salientar que a gestão
formal no Brasil” (BRASIL, 1988). democrática é um avanço político em que
as pessoas interessadas no processo de
Lei de Diretrizes e Bases da Educação ensino e aprendizagem dialogam, deliberam,
Nacional, com destaque para o Fórum planejam e solucionam problemas
Nacional em defesa da escola Pública. Após voltados ao desenvolvimento da escola.
sucessivos impasses, a Lei de Diretrizes e Esse processo tem como sustentáculo a
Bases (LDB) foi aprovada em 20 de dezembro participação efetiva de todos os segmentos
de 1996 – Lei nº 9394/96. da comunidade escolar: alunos, professores,
funcionários, pais e demais segmentos, tais
A referida lei apresenta no artigo 3º a como, moradores do bairro no qual a escola
seguinte redação: se insere.
Art. 3º O ensino será ministrado com base As ações são definidas por meio de
nos seguintes princípios: planejamento que considera o respeito às
I - igualdade de condições para o acesso normas coletivamente construídas para os
e permanência na escola; processos de tomada de decisões e a garantia
II - liberdade de aprender, ensinar, de amplo acesso às informações aos sujeitos
pesquisar e divulgar a cultura, o da escola.
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções A gestão democrática entendida como ação
que prevê a descentralização pedagógica e
pedagógicas; IV - respeito à liberdade e administrativa como um meio para alcançar
apreço à tolerância; a autonomia da escola, deseja e implanta o
V - coexistência de instituições públicas funcionamento de colegiados que garantam uma
participação mais decisória dos protagonistas
e privadas de ensino; escolares (FONSECA; OLIVEIRA; TOSCHI, 2004,
VI - gratuidade do ensino público em p.62).
estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da A Gestão Democrática só é possível
educação escolar; por meio da interação entre a escola e
VIII - gestão democrática do ensino a comunidade onde a instituição está
público, na forma desta Lei e da legislação inserida, ou seja, é por meio do exercício da
dos sistemas de ensino; cidadania pautado na participação dos vários
IX - garantia de padrão de qualidade; segmentos da sociedade na administração
X - valorização da experiência extra- escolar, que a gestão democrática se efetiva.
escolar; É importante destacar que o foco da escola
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tomar decisões para que a escola funcione democrática, tendo um poder de decisão
melhor e com qualidade. e autonomia sobre suas necessidades e
metas, sua organização e administração
De acordo com Libâneo (2001, p.80): das finanças, trabalhando com o grupo,
expondo as ideias e experiências a todos da
O conceito de participação se fundamenta no de equipe. Quando a Gestão Escolar promove o
autonomia que significa a capacidade das pessoas
e dos grupos de livre determinação de si próprios, envolvimento de todos é porque ela possui
isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a a perspectiva social, fazendo com que os
autonomia opõe-se às formas de autoritárias de sujeitos possam “participar no processo
tomada de decisões, sua realização concreta nas
instituições é a participação. de formulação e avaliação da política de
educação e na fiscalização de sua execução”,
salienta Libâneo (2001, p. 131).
A gestão escolar democrática e
participativa pode mudar o espaço da escola, Em busca de objetivos comuns, decisões
transformando as relações e os papeis que e execuções a avaliação compartilhada deve
cada sujeito tem para ajudar na elaboração da ser sempre uma ação do trabalho educacional
construção desse espaço com a participação junto com ações didáticas em uma avaliação
de todos diante de objetivos comuns, de toda equipe escolar. A valorização do
expressando a necessidade da organização trabalho de cada educador investindo em
escolar. relações baseadas no diálogo e na qualidade
e convivência no ambiente de trabalho.
A gestão da escola é fundamental para
a gomada de decisões e posições diante
dos objetivos sociais e políticos da escola O TRABALHO PEDAGÓGICO
cumprindo sua função social e contribuindo E O PAPEL DO GESTOR
na formação e no crescimento do indivíduo.
Segundo Libâneo, (2001, p.114-115): Para atuar como líder o gestor deve incentivar
a autoconstrução, de forma criativa com
“O caráter pedagógico da ação educativa consiste compromisso e responsabilidade dentro do
precisamente na formulação de objetivos sócio-
políticos e educativos e na criação de formas processo educacional. O Gestor tem a função
de viabilização organizativa e metodológica da de coordenar as relações dos profissionais
educação (tais como a seleção e organização de envolvidos na escola, alunos e toda a
conteúdos e métodos, a organização do ensino,
a organização do trabalho escolar), tendo em comunidade para que tenha um envolvimento
vista dar uma direção consciente e planejada ao democrático e participativo, desenvolvendo
processo educacional. ” estratégias para mobilizar e gerenciar a escola
com mais democracia, possuir uma visão em
A autonomia das escolas na comunidade conjunto, articulando e integrando os setores
escolar é um dos princípios da gestão administrativo e pedagógico.
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Entretanto, para existir mudanças nessa organização, é essencial ter uma liderança
significativa para conseguir coordenar, tendo uma reação direta no comportamento desses
profissionais.
A gestão escolar atua como líder, são responsáveis pelo sucesso do que organiza. É chamado de líder a
dedicação, a visão, os valores, o entusiasmo, a competência e a integridade que expressa, que inspira aos que
trabalham em conjunto para atingirem as metas e os objetivos comuns na escola.
É fundamental um gestor que é líder possuir caminhos diferentes para desempenhar sua
função com qualidade e ter repertorio pertinente ao momento necessário e adequado a
cada situação, estabelecendo limites, a paciência e percepção dos acontecimentos ao seu
redor.
De acordo com Freire (2000, p 67) “ Se a educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela tampouco a sociedade muda”. Assim sendo é necessário que o gestor propicie um
diálogo entre os envolvidos, fortalecendo as relações interpessoais, sendo o gestor o líder
e o maior responsável pela escola, deverá ter visão articulando em conjunto e integrando
todos os setores da Unidade Escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão escolar é considerada uma área de atuação na
qual se objetiva promover a organização, a mobilização
articulando todas as condições materiais e humanas
necessárias para garantir o avanço dos processos sócio
educacionais dos estabelecimentos educacionais, sendo o
grande articulador, o gestor é o primeiro responsável por
esse processo, gerenciando os conflitos, desempenhando
suas habilidades criando um ambiente e um clima escolar
para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. ALCIONE TERESA
HECHERT
O papel de um agente de transformação, o gestor deve
Graduação em Pedagogia pela
desenvolver e refletir sobre sua postura afetiva assumindo Universidade Bandeirantes de
uma responsabilidade da escola e do sistema atuando como São Paulo em 2011; Professora
líder, incentivando com compromisso, responsabilidade e de Educação Infantil no CEMEI
Capão Redondo.
qualidade a forma criativa o desenvolvimento escolar.
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A escola precisa de mudanças que produzam as enormes dificuldades que supõe esse tipo
transformações na sua organização, no seu de enfoque impeçam o avanço da integração
funcionamento, na formação dos educadores, de pessoas com necessidades especiais.
no desenvolvimento do currículo integrador
e na construção de um planejamento de
aulas integradoras. AS CONDIÇÕES PARA A
INTEGRAÇÃO
São necessárias mudanças significativas
que produzam nas dimensões relativas aos São necessários diversos estudos para
processos da escola e das salas de aula, no saber se a integração é a melhor maneira de
qual consigam um resultado positivo. atendimento às pessoas com algum tipo de
necessidade, há crianças que não admitem o
Um critério é a integração das pessoas barulho que toda a escola faz, mas como toda
com alguma deficiência dentro da sociedade: pessoa tem o direito de viver e ter acesso à
como vive, qual sua independência, as educação pública, dentro do contexto o mais
relações sociais que estabelece, quais suas integrador possível. A escola precisa atender
reações à adversidade da vida e do meio em da melhor maneira possível essas crianças,
que esta vivendo. adequando tudo, para que a experiência
integradora contribua para uma educação de
O mais importante é como a escola pode maior qualidade.
ajudar na integração das pessoas com
algum tipo de necessidade especial dentro A escola que acolhe as crianças com
da comunidade em que vive, não apenas necessidades especiais precisam de
preparando-as, mas seus colegas também, adaptações, mas isso gera um crescimento
para que aceitem a todos, sem preconceitos, enorme, tanto para as pessoas que tratam
vendo que há a necessidade de integrar com essas crianças, quanto para elas, que
todas as pessoas, sendo elas portadoras acabam aumentando seus horizontes,
de necessidades, ou apenas com alguma não ficando limitadas dentro de casa e de
dificuldade de aprendizagem, mas que elas hospitais, pois geralmente crianças com
podem se tornarem um membro importante necessidades especiais, vão de casa para o
dentro da sociedade, mesmo que ela não hospital ou clínicas e voltam, mas a escola
consiga fazer tudo, mas algo ela pode acaba sendo um lugar no qual “brincam”,
aprender a fazer. conhecem pessoas da mesma idade, e
participam da melhor forma possível das
Podemos perceber que há algumas atividades propostas.
variáveis ambientais e familiares que influem
na competência social e na adaptação de tais É necessário que a escola crie um projeto
pessoas, sendo necessário que se reconheça educacional e um currículo integrador,
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que atenda todas as crianças, pois há um escola e todos precisam estar cientes disso,
número enorme de dificuldades, entre elas fazendo com que essa criança seja integrada,
os cadeirantes que não possuem problemas facilitando assim o acolhimento das mesmas.
no cognitivo, alunos com algumas síndromes
que atacam o sistema nervoso, alunos com Há professores que ainda mostram
espectro autista, surdez, cegueira, entre resistência ao receberem alunos com
outros problemas. algum grau de necessidade, pois se sentem
despreparados e a ausência de professores
Normalmente é preciso uma adaptação de apoio suficientes dentro das unidades
dos conteúdos de aprendizagem, dos regulares de ensino públicas, quando há
métodos pedagógicos e da atenção aos um apoio efetivo na escola, as atitudes
alunos. Esse problema está na combinação se modificam em direção positiva, pois
da diferenciação curricular com o objetivo os educadores não podem cuidar de tudo
de que todos os alunos participem de um sozinhos.
currículo comum.
A segurança do professor depende da sua
As escolas integradoras precisam buscar competência e quando há uma estabilidade
práticas que favoreça, a educação dos alunos profissional. Essa insegurança esta
com dificuldades de aprendizagem: instrução relacionada com as dificuldades que imagina
baseada nas suas necessidades; materiais que podem criar na sala de aula os alunos com
e procedimentos que permitem que os necessidades educativas especiais e com a
estudantes avancem no seu próprio ritmo; ajuda que receberá de outros educadores,
tempo adicional para os estudantes que coordenadores e demais funcionários da
necessitarem; aumento da responsabilidade escola.
dos estudantes por sua própria aprendizagem
e cooperação entre os estudantes para É normal que o ponto de vista inicial dos
alcançar seus objetivos de aprendizagem. educadores sobre a integração seja uma
variável, especialmente em função das
Uma organização que seja flexível para dificuldades dos alunos, pois a dificuldade de
atender os alunos com necessidade são um um apoio que existem dentro das escolas é
dos fatores que facilitam a integração, a uma questão que o educador leva em conta,
escola precisa mudar a cultura que o aluno as formações e a existência de programas
é de tal professor, e ele precisa ficar isolado específicos de atualização, são questões que
dentro da sua sala de aula, com esse aluno e os educadores levam muito em conta, pois é
mais tantos outros, trabalhando sozinho, às necessário que existam diversos cursos, para
vezes sem saber o que fazer e a quem procurar que o professor tenha um conhecimento
ajuda. Criando assim barreiras que dificultam sobre o problema do seu aluno, e ao conhecer,
a tarefa conjunta da integração. O aluno é da tentar junto com os demais aprender a lidar
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com isso da melhor maneira possível, fazendo Aqui no Brasil com a legislação que temos,
com que a integração seja plena e eficaz. na qual a criança tem o direito de frequentar
as escolas regulares, fez com que as famílias
Um fator importante também são as de coragem começassem a tirar seus filhos
disposições legais em favor da integração, de casa para que frequentassem as escolas,
que geralmente não é discutida entre todos mas isso era um pouco escolha da família,
os funcionários das escolas. agora com a obrigação de se matricular
todas as crianças dentro da escola, todas as
As atitudes dos pais que colocam famílias se viram obrigadas a fazerem isso,
seus filhos em escolas integradoras, é de mas na maioria dos casos as famílias fazem
fundamental importância para o processo valer seus direitos de transporte gratuito,
educativo como um todo, tanto das crianças solicitam o que podem, para que dentro da
que possuem alguma deficiência quanto das escola tenham todos os atendimentos.
demais. Os pais de crianças com algum tipo
de deficiência precisam confiar na unidade As atitudes das demais crianças frente
escolar e nos seus funcionários, e precisam ao aluno com alguma necessidade é um dos
ter atitudes positivas, cooperando com a fatores decisivos para a boa integração social
escola quando solicitado, trazendo laudos deles, é necessário que o professor trabalhe
médicos e acompanhando o andamento de isso, desde o inicio do ano, tanto com os
seu aprendizado é de extrema importância. pais, como com seus alunos, para que não
haja nenhuma forma de discriminação frente
Dentro das escolas quando a criança a esse aluno que tem os mesmos direitos de
apresenta pouca dificuldade dentro da sua todos de estarem na sala de aula.
condição, seus pais, geralmente acham positivo
a integração dela dentro de uma escola regular
integradora, mas quando a necessidade é OS EFEITOS DA INTEGRAÇÃO
mais séria e o comprometimento é maior, NOS ALUNOS
quando a dificuldade de aprendizagem
é maior, os pais demonstram uma certa Quando há alguns casos em que as crianças
resistência à integração e mostram um medo apenas apresentam pequenos problemas
em deixar seus filhos dentro de escolas de aprendizagem, nos quais podemos ver
“normais”, achando que haverá alguma forma que a integração é um dos fatores mais
de isolamento, um tratamento agressivo importantes para que aprendam mais, pois
das demais crianças, menos possibilidades colocando essas crianças junto de outras com
educativas, pois o número de crianças é problemas semelhantes, se acomodem, não
superior que uma sala de crianças especiais sabendo em quem se espelhar, mas quando
como havia antigamente, fora que acham os colocadas numa sala regular, verá crianças
recursos das escolas regulares inferiores. da mesma idade, podendo se espelhar no
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Não é apenas a pessoa com necessidade especial que se desenvolve nesse processo de
integração, os outros indivíduos também crescem com essa forma de ensino, pois aprendem
a esperar, a respeitar as diferenças, o amor ao próximo, o companheirismo e muitas vezes a
amizade é levada para o resto da vida.
Dentro da escola é um ambiente neutro, no qual todos precisam cooperar para o andamento
das aulas, e as habilidades sociais nas quais há integração é tem mais consistência, em que o
aspecto mais importante é que os alunos com problemas de aprendizagem não apresentem
um autoconceito mais baixo que os demais colegas, independente da escola em que se
escolarizam.
A escola integradora é aquela que avalia seus alunos de acordo com suas possibilidades
e não em comparação com seus colegas e que trabalham particularmente em grupos
cooperativos heterogêneos, com mais possibilidades de melhoria e competência social e a
autoestima dos alunos.
A integração é uma opção educativa favorável para qualquer necessidade especial, mesmo
que a criança não aprenda muita coisa dentro da escola, ela sabe que será há mais pessoas
no mundo querendo ajuda-la, e para as demais, o ensinamento de atender ao próximo,
respeitando suas diferenças é algo que levará para o futuro, pois a vida pode mudar de uma
hora para outra, e podemos acabar precisando de atendimento especial algum momento da
vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não há dúvida que um conjunto de professores bons
que torna possível o ensino integrador em uma escola
integradora.
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REFERÊNCIAS
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2001. (coleção questões de nossa época.)
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1999.
VYGOTSKY, L. S.; A formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
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PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
RESUMO: Atualmente a sociedade que vivemos enfrenta constantes mudanças em todos
os contextos, a educação contemporânea e os docentes buscam estratégias para modificar a
educação tradicional. Com os avanços tecnológicos a educação busca encontrar maneiras para
atender as demandas da sociedade moderna. E diante de inúmeras mudanças o professor tem
o papel importante de mediador, que busca despertar o interesse proporcionando desafios na
sala de aula. O discente precisa estar consciente sobre sua importância na transformação da
sociedade em que vive, precisa estar preparado para ser o protagonista da sua própria realidade.
E diante desses fatores o docente busca conhecer a realidade social dos alunos e da comunidade
escolar e o planejamento participativo é uma estratégia que permite ampliar esse conhecimento,
proporcionando aos alunos exercer suas opiniões, emoções e realidade, através de discussões
coletivas promovendo a formação de cidadãos pensantes, transformadores e conscientes da sua
responsabilidade para construção de uma sociedade mais digna e justa para todos.
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Portanto, para Brasil, Corrêa (2011), o planejamento participativo apresenta-se como uma
pratica incentivadora de ações protagonistas, mas, contudo, apresenta diversas dificuldades
como resistência ao diálogo e participação efetiva de todos, se considera um processo de
construção que deve ser conquistado, possibilitando uma educação democrática e que
tornem os alunos transformadores desse processo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Planejamento Participativo nas aulas de Educação
Física, mostraram ter alguns pontos negativos entre eles
o desgaste do professor em buscar referências, vídeos e
conteúdo teórico para atender a sugestões dos alunos nas
atividades e conteúdos das aulas, o que não parece ser
negativo quando observado de outra maneira, pensando que
essa tarefa irá agregar conhecimento do docente e também
dará oportunidade de vivenciar, conhecer e aprender com
seus alunos. Outro ponto negativo discutido no artigo é a
falta de participação e comprometimento de alguns alunos ALDIVÂNIA SANTOS DO
nas discussões e tomadas de decisão, porém esse fator NASCIMENTO
precisa ser desenvolvido, uma vez que é uma novidade e
Graduação em Educação Física
eles não estão preparados a essa responsabilidade, o que pela Universidade Nove de Julho
resultará em momentos de reflexão sobre as discussões (2012); Especialista em Fisiologia
quando se deparem com situações insatisfeitas e do Exercício Aplicada a Clínica
médica pela Universidade Federal
compreenderá que foi o responsável pelas escolhas. Porém de São Paulo (2014) Professor de
as vantagens sobressaem, com o planejamento participativo Ensino Fundamental II – Educação
é possível desenvolver aspectos que construam uma Física - na EMEF Professor
Ernesto de Moraes Leme.
escola democrática, com a comunidade escolar envolvida
ativamente, um maior interesse dos alunos nas aulas e ainda
o despertar do protagonismo, a formação da cidadania, do
individuo com autonomia e com consciência critica sobre a
transformação a sociedade atual suplica.
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REFERÊNCIAS
BOSSLE, C.; BOSSLE, F.; FONSECA, D.; NUNES, L. Planejamento de ensino e Educação
Física: uma revisão de literatura em periódicos nacionais. Motrivivência, Florianópolis/SC, v.
29, n. 52, p. 280-294, setembro/2017.
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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO
EDUCADOR PARA A OFERTA DE UM
ENSINO DE QUALIDADE
RESUMO: O presente artigo discorre sobre a formação dos educadores, refletindo sobre
a importância de uma formação qualificada no contexto escolar, permeada de práticas
pedagógicas adequadas que favoreçam a construção do conhecimento e aquisição de
aprendizagens significativas dos educandos. Inicia, refletindo sobre a formação do educador,
pontuando aspectos que a caracterizam como uma capacitação profissional. Em continuidade,
explana sobre a formação continuada como um tipo de formação necessária para manter o
educador contextualizado com as mudanças sociais, favorecendo práticas pedagógicas que
tragam conteúdos que atendam às necessidades reais dos educandos. Em sequência, pontua
a relação existente entre a formação e a prática pedagógica dos educadores no cotidiano
escolar, frisando sobre a importância de uma formação adequada que traga melhorias na
qualidade de ensino ofertado aos educandos. Por objetivo, o artigo traz uma compilação de
argumentos que com o intuito de favorecer uma reflexão-crítica sobre a importância de uma
formação qualificada na capacitação do educador. Como metodologia traz uma revisão de
literatura.
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educativa, na qual uma pesquisa educativa ser articulada com a sociedade em que os
realizada, mediante a observação da prática educandos estão inseridos, contribuindo
e da sua origem em virtude das necessidades para o desenvolvimento integral e formação
dos educadores, junto a educação, possibilita cidadã dos mesmos.
um novo rumo, novas resoluções de situações
problemas e incentivo ao educador que se Portanto, Bezerra e Medeiros (2016)
encontra inserido em um meio de trabalho evidenciam que qualquer programa de
atrelado as modificações sociais. formação continuada possibilita que o
educador esteja em constante construção,
Para desenhar melhor esta assertiva, por meio da articulação de teoria e prática.
Medeiros Bezerra e Medeiros (2015) Sendo assim, a formação continuada
afirmam que as ideias voltadas à formação tem como característica tendências que
continuada são vistas como um processo enriquecem o desenvolvimento e capacitação
único, apontando para a importância de profissional do educador.
avançar e criar novos paradigmas em que
o educador efetive-se continuamente no Segundo Azevedo e Magalhães (2015), a
processo de capacitação e qualificação da formação continuada é inerente ao trabalho
formação inicial, melhorando sua prática profissional do educador, se tornando parte
profissional, por meio de saberes inovadores de um processo de formação que ocorre
com articulação entre eles e a sua carreira durante toda a carreira e atuação profissional
profissional. com a utilização de pesquisas, produções
teóricas, realizações de cursos, inovações
A formação continuada, para Solarevicz práticas contextualizadas no ambiente em
(2018), é apontada como um importante que atuam, constituindo um procedimento
caminho para que a educação atinja a que complementa a formação inicial.
qualidade almejada. Neste contexto, Com isso, é perceptível que a formação
Ferreira (2010) coloca que compreende o continuada deve estar presente nos cursos
processo de formação continuada como formais e informais, com o intuito de suprir o
uma capacitação que surge para apoiar distanciamento entre teoria e prática, sendo
o educador na sua rotina diária no que observada uma metodologia de ensino
concerne as estratégias metodológicas de adequada que atenda às necessidades do
ensino e uma prática pedagógica adequada educando, com modificações relativas ao
que deve ser desenvolvida em articulação estudo de produção de novos conhecimentos
com os educadores e profissionais das relacionados às demandas econômicas sociais
instituições, contribuindo para o trabalho tecnológicas e cultural da humanidade.
do educador. Esses aspectos trazem
contribuição positiva, de forma a destacar Ainda na ótica de Azevedo e Magalhães
que a educação necessita ser modificada e (2015), é perceptível que o educador
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de aquisição de valores éticos que se impõe como sujeito da sua prática pedagógica.
as responsabilidades. Dessa forma, refletir a formação continuada
é considerar os saberes constituídos dos
O local de formação, segundo Cunha educadores e os elementos específicos de
(2013), antigamente, era visto como um suas práticas pedagógicas.
espaço de formação único e posto que
com o tempo solicitou análises sobre É fato, como citado por Solarevicz (2018),
estratégias políticas que permitissem que que mudar é difícil e essa rebeldia apresentada
o docente verificasse aquele espaço como pelos educadores é o ponto de partida que
um embasamento fundamental para a sua mais atrapalha na evolução e capacitação do
prática pedagógica profissional, trazendo a profissional da educação. A mudança é difícil,
necessidade de modificações e acréscimos mas ela é possível. Portanto, o educador
de contingências que reformulassem essa atual deve conscientizar-se da necessidade
formação de uma maneira mais atual de de mudar, visualizando que a preservação
acordo com as necessidades sociais do de suas ações concretas não o engrandece
próprio educador, favorecendo as interações profissionalmente. Dessa forma, a educação
humanas e interações com o meio. deve modificar as suas concepções de
que o fracasso dos educadores que estão
Para Solarevicz (2018), é fundamental intimamente relacionadas apenas a sua
compreender o educador como um prática em si.
intelectual que procura sua própria
qualificação e capacitação por meio da sua Portanto, torna-se fundamental que o
formação. Porém, a formação acadêmica não educador se conscientize que existe grande
tem dado conta de suprir as necessidades importância em sua formação inicial e em
que o educador encontra em sua prática. sua formação continuada, servindo como um
Assim, existe uma credibilidade em relação instrumento de progresso contemporâneo
a importância do educador buscar novas na educação, favorecendo modificações
formas de conhecimento não apenas para nas formas de construção de conhecimento
repassar os conteúdos, mas para atuar como e atendimento das necessidades dos
um mediador do processo de aprendizagem educandos. Dessa forma, entende-se que as
dentro do ambiente escolar. aulas precisam apresentar-se de maneiras
diferenciadas para favorecer a motivação
Segundo Bezerra e Medeiros (2016), do educando e permitir a aquisição de
considerar o educador como sujeito da sua aprendizagens significativas e construção de
história significa dar a ele instrumentos conhecimento.
para uma atuação sobre a sua prática
que envolva todos os momentos de uma Isso pode ocorrer mediante a utilização
formação, permitindo que seja reconhecido de estratégias que favoreçam uma dinâmica
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de ensino mais adequada. Sendo assim, a que favoreçam reter ou rejeitar o velho diante
facilitação da aprendizagem dos educandos da sua reflexão de utilidade no novo. Solarevicz
leva o educador a refletir sobre sua prática (2018) acrescenta que ensinar traz exigências
pedagógica, propiciando que modifique as do educador sobre aceitar o novo e rejeitar o
estratégias de ensino, trazendo aplicação de que não é mais adequado à atualidade. Coloca,
instrumentos que favoreçam a articulação ainda, que a qualidade inerente ao educador
entre os conhecimentos passados e a sua está na inter-relação pessoal, onde deve
utilização social. atuar contra qualquer tipo de discriminação e
preconceito entre os indivíduos.
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ensina a pensar certo, só poderá ensinar Outro ponto levantado por Solarevicz
essa forma de pensamento caso pense desta (2018), significa que educar não é transferir
mesma forma, ou seja, tenha habilidade conhecimentos, onde o autor coloca que o
desenvolvida em si próprio. O bom educador conhecimento necessita ser vivenciado, pois
ensina seus educandos a conhecer e usar este ensinar o correto requer uma atuação exigente
conhecimento para inter-relacionar-se com difícil que necessita ser assumida e defendida.
e no mundo, favorecendo as transformações
sociais para a melhoria desse no coletivo. O educador segundo Solarevicz (2018),
deve ter consciência de que a curiosidade
Em complemento, Solarevicz (2018) pontua move, inquieta e insere o indivíduo na
que não é possível passar da ingenuidade busca de aprendizagens. Portanto, a aula
para a criticidade sem que exista um bom que educador ministrar deve desafiar os
trabalho sendo desenvolvido por meio de educandos e não permitir que se sintam
uma curiosidade crítica insatisfeita com desmotivados pelas apresentações dos
constância de busca do conhecimento. Com conteúdos. Neste contexto, a curiosidade,
isso, o autor quer colocar que o educador se bem estruturada e estimulada, durante
necessita ter conscientização de que ser a prática pedagógica, se torna a principal
ético e agir como tal é fundamental para a fonte de estímulo motivacional dos
observação e reprodução dos educandos educandos. Vale ressaltar que é necessário
em relação à sua atuação. Neste contexto, que o educador saiba lidar com a sua relação
o educador deve ter coragem para assumir de autoridade e liberdade, para que os
seus posicionamentos e modificar-se diante educandos compreendam o seu papel dentro
das atualizações sociais. da escola e dentro da sociedade, diante de
uma postura hierárquica, assim como seja
Ainda na ótica de Solarevicz (2018), perceptível o tratamento de respeito entre
ensinar exige consciência do inacabamento, ambos os indivíduos.
ou seja, o educador não é o dono da verdade,
construindo a sua própria aprendizagem Para Azevedo e Medeiros (2015), ao partir
nas inter-relações com os educandos que do pressuposto que a formação do educador
trazem óticas diferenciadas e favorecem deve orientá-lo a uma prática social crítica,
que o educador consiga visualizar coisas esta formação deve ser centralizada numa
que não via anteriormente. Isso faz parte prática social que estimule a movimentação
da construção de um conhecimento e entre agir-refletir-agir, se tornando a tomada
aprendizagem particular dos próprios de decisões e construção de conhecimento
educadores. Portanto um conhecimento pelo educador.
não se encontra acabado, se construindo,
se atualizando e reformulando a cada passo Conforme Freire (1983 apud Bezerra;
que o educador dá. Medeiros, 2016), a correlação entre teoria e
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prática se torna um processo articulado com uma práxis, ou seja, onde a ação leva a reflexão,
essa reflexão leva a uma reestruturação e uma nova ação. Isso favorece as mudanças na
forma de pensar e agir do indivíduo. Sendo assim, é importante que a teoria e a prática
estejam constantemente correlacionadas.
De acordo com Bezerra e Medeiros (2016), a práxis significa uma reflexão sobre a prática,
a qual é por uma ação, configurando uma forma circular. Esse processo vai orientando e
desenvolvendo a formação do indivíduo, porém, é necessário refletir sobre a práxis ser uma
atividade, mas nem toda atividade vem a ser uma práxis, pois a relação existente entre
a teoria e prática demonstram que a prática fundamenta a teoria, a teoria conduz a uma
prática, a prática pode ser vista como um critério de verdade, onde você verifica se a teoria
funciona a determinado espaço ou não, porém a prática pode modificar a teoria, mas todos
os elementos da teoria serão necessárias para uma prática.
Sendo assim, Ferreira (2010) coloca que a capacitação profissional do educador deve
trazer a valorização e o incentivo ao planejamento com envolvimento de estratégias de
ações onde apresente uma característica de facilitador do processo de ensino-aprendizagem
com o estabelecimento de metodologias que englobem o pensar e estimular, mediante uma
reflexão sobre a sua prática no contexto em que está inserido.
Para Azevedo e Medeiros (2015), a formação do educador não se finda nos cursos de
formação, pois o curso não se torna uma práxis para o futuro educador, sendo que um
curso não é uma prática docente mas é a teoria que este adquire para tentar qualificar a sua
prática docente e realizar a reflexão sobre a adequação dessa teoria na rotina escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das fontes argumentativas evidenciadas no
decorrer da composição deste artigo, foi possível observar
que a formação é a capacitação e qualificação necessária para
que o educador ministre suas aulas no contexto da educação
formal, devendo ser um instrumento de inovação sobre as
suas práticas pedagógicas que visem o desenvolvimento
integral dos educandos e a formação do cidadão, mediante
o atendimento de suas necessidades no que concerne a sua
atuação em sociedade.
ALECIANE FERREIRA
Isso se tornou visível por causa da verificação que muitos NASCIMENTO DA SILVA
elementos devem ser trabalhados durante o processo de
Graduação em Pedagogia
formação do educador, processo este, que deve ocorrer pelas Faculdades Integradas de
de forma contínua, trazendo subsídios que enriqueçam Ciências, Humanas, Saúde e
e adequem sua prática pedagógica de forma a articular Educação de Guarulhos (2014);
em Letras pelas Faculdades
currículo e interesse dos educandos. Integradas de Ciências, Humanas,
Saúde e Educação de Guarulhos
Dessa forma, a formação vem a engrandecer o educador (2006); Pós-graduada em Língua
e Cultura Portuguesa; Professora
e construir uma identidade que permita sentir-se realizado de Educação Infantil e Professora
ao dar suas aulas. Para isso, torna-se fundamental destacar a de Ensino Fundamental I na rede
necessidade da formação inicial e continuada, pois a primeira Municipal de São Paulo.
traz as bases teóricas e a segunda traz a reflexão sobre a
prática articulando essas duas ferramentas de grande valia
para qualificar o ensino.
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Leny Cristina Soares Souza e MAGALHAES, Lígia Karan Corrêa de. FORMAÇÃO
CONTINUADA E SUAS IMPLICAÇÕES: ENTRE A LEI E O TRABALHO DOCENTE. Cad.
Cedes, Campinas, v. 35, n. 95, p. 15-36, 2015.
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Infantil dos anos anteriores, e a criação do para que os alunos se apropriem dos
RCNEI (Referencial Curricular Nacional conteúdos de maneira crítica e construtiva.
para a Educação Infantil), grandes avanços As escolas por serem instituições sociais com
foram experimentados na Educação do país, propósito explicitamente educativo tem o
no que diz respeita à Educação Básica. No compromisso de intervir efetivamente para
contexto da Educação Infantil, muitas vezes promover o desenvolvimento e a socialização
a música é vista como um pretexto para de seus alunos.
outras atividades, e dentro desta realidade as
músicas são usadas de forma inapropriada, e Essas propostas precisam entender como
em muitos casos por pessoas despreparadas. processo que inclui a formulação de metas
e meios, respeitando as particularidades
A escola precisa ser um espaço de formação de cada comunidade, por meio da criação
e informação, em que a aprendizagem de e da valorização de rotinas de trabalho
conteúdos deve necessariamente favorecer pedagógico em grupo e da responsabilidade
a inserção das crianças no cotidiano das de todos os membros da comunidade de
questões sociais marcantes e em um todos os membros da comunidade escolar,
universo cultural muito maior do que para além do planejamento de início de ano
estão acostumados em casa. A formação ou dos períodos de reciclagem.
escolar deve possibilitar o desenvolvimento
de capacidades, de modo a possibilitar Cada região do nosso país tem suas próprias
tradições: bumba-meu-boi, no Maranhão; boi-
a compreensão e a intervenção nos bumbá, no Pará; boi-de-mamão, em Santa
fenômenos sociais e culturais, assim como Catarina; o maracatu, em Pernambuco e no
possibilitar que as crianças possam usufruir Ceará; reisados, congadas, jongo, moçambiques,
pastoris, cavalo-marinho; frevo, coco, samba,
das manifestações culturais nacionais e ciranda, maculelê, baião, enfim, um universo de
universais. ritmos, danças dramáticas, folguedos, festas,
com características e significados legítimos
Nesse sentido, é aconselhável planejar as (BRITO, 2003, p.94).
atividades de escuta musical, o que difere
de simplesmente deixar uma música soando
enquanto cuidamos dos bebês ou enquanto as É interessante trabalharmos a cultura
crianças se entretêm com outras atividades. brasileira, mas é muito enriquecedor trazer
É importante valorizar a questão da escuta
musical, evitando deixar que a música, sem para dentro da sala de aula diversas obras
critério algum, tome conta do espaço durante o de diversos países, especialmente os que
tempo todo (BRITO, 2003, p.189). fizeram parte da nossa história, como músicas
africanas, indígenas, e estudar para mostrar
que muitas das nossas cantigas folclóricas
É necessário que a proposta pedagógica vieram desses dois povos ricos em cultura e
das escolas garanta um conjunto de práticas ricos de histórias para contar.
planejadas com o propósito de contribuir
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Cada povo tem sua cultura, tem uma linguagem muito própria e carregada de características
típicas que podem ser notadas também através da música; dessa forma, trazer essa diversidade
musical para a escuta das crianças para que possam conhecer outras formas de linguagem,
e assim, favorecer uma ampliação da sua percepção, do seu conhecimento e a descoberta
de elementos, incluindo fontes sonoras não convencionais, que servirão de materiais para
futuras criações.
Com esta crescente preocupação referente à poluição sonora, os alunos devem ser
estimulados a perceber e desfrutar o som, contudo, é também necessário ouvir, respeitar e
conscientizar-se da importância do silêncio.
A escuta de obras musicais sempre provoca emoções, sensações, pensamentos e comportamentos diversos.
Uma música que tem no ritmo o seu elemento mais determinante desperta a vontade de movimentar-se,
de balançar o corpo, de dançar, ao passo que certas melodias despertam sentimentos, emoções subjetivas,
únicas, distintas para cada um (BRITO, 2003, p.190).
As crianças pequenas ainda não dispõem de ampla autonomia motora, nesse sentido,
é sugerido que o adulto movimente os membros do corpo do bebê enquanto canta ou
enquanto escutam uma música.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor deve selecionar um material que contenha
diversos gêneros e estilos musicais, abrangendo diferentes
culturas e épocas. É notável a receptividade e familiaridade
dos alunos com as músicas mais ouvidas na sociedade; um
bom exemplo é a música popular, e isto também precisa ser
levado em conta aproveitando também as contribuições
que as crianças escutam em casa ou na rua, o que muitas
vezes significa trabalhar com músicas veiculadas pela mídia,
que muitas vezes são pobres nas letras, mas, não podemos
perder de vista uma das grandes metas da educação musical
que é proporcionar novos interesses, novas experiências e
novas visões para as crianças. ALESSANDRA ALENCAR
ALBUQUERQUE
A prática escolar diferencia-se de outras práticas
Graduação em Pedagogia
educativas, como as que acontecem dentro das famílias, pela Faculdade UNG, (2001),;
no trabalho, na mídia, no lazer e nas demais formas de Especialista em Educação Musical
convívio social, por constituir-se em uma ação intencional, pela Faculdade Campos Elíseos
(2018). Professora de Educação
sistemática, planejada e continuada para crianças e jovens Infantil no CEI Parque Edu
durante o período contínuo e extenso de tempo. Chaves.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 12ª ed. Petrópolis: Vozes,
2003.
BRASIL. MEC. SEF. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Brasília:
MEC, 1998. 3 v.
BRÉSCIA, V.L.P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo,
2003.
COLL, C., TEBEROSKY, A. Aprendendo arte: conteúdos para o ensino fundamental. São
Paulo: Ática, 2000.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
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LINO, Dulcimarta; CUNHA, Susana; RICHTER, Sandra. Música é... Cantar, Dançar...e Brincar!
Ah, tocar também! Cor, Som e Movimento: A Expressão Plástica, Musical e Dramática no
Cotidiano da Criança. Porto Alegre: Meditação, 2004.
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São Paulo: ABEMÚSICA, 2002.
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WEIGEL, A.M.G. Brincando de Música: experiências com sons, ritmos, música e movimentos
na pré-escola. Porto Alegre: Kuarups, 1988.
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doença pode ser bem menor (uma em cada Portadores desse distúrbio geralmente não
dez mil crianças, aproximadamente). fazem amigos facilmente, pois têm dificuldade
para iniciar e manter uma conversa.
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destes alunos para que a proposta pedagógica não o desestimule. Não existe uma fórmula
mágica para acolher, ensinar e preparar estes alunos, o que tem que existir é preparo teórico,
materiais diversos e estar ciente das especificidades de cada um. Para Vygostsky (2000), em
consonância com Orrú (2010):
A linguagem não é apenas o ato de comunicar, mas uma ferramenta do pensamento que encontra sua unidade
com o próprio pensamento no significado das palavras. Assim, o trabalho com o significado traz consigo a
realização do processo de generalização durante a busca da apropriação de conhecimentos por parte do
aluno. ( VYGOSTSKY, apud. ORRÚ, 2010, p. 09).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de inclusão escolar impõe desafios para
todos, principalmente para os professores. Estes desafios
desestabilizam, porém fazem pensar em novas possibilidades.
O aluno está na escola para aprender, ele não pode ser
negligenciado e se for, causa mais dificuldades ainda em
sala de aula. É natural criar uma expectativa frente ao aluno
“de inclusão”, mas tem que se objetivar na aprendizagem do
aluno. Encontrar a melhor maneira para que o aluno com
síndrome de Asperger aprenda demanda um percurso de
tentativas e erros. ALESSANDRA
VEDOLVELLO BRANDÃO
A família, a equipe escolar e os agentes da saúde
Professora de língua portuguesa
precisam trabalhar em consonância para que estes alunos se do Ensino Fundamental II e Médio
desenvolvam. na prefeitura de São Paulo, nas
EMEF Senador Miltom Campos.
As pessoas com esta síndrome, muitas vezes, são
estigmatizadas como alunos problemas, preguiçosos e
indisciplinados, porém o comportamento é apenas manifestação do doença. A escola como
espaço democrático não pode apenas rotular, tem que oportunizar a aprendizagem para
todos.
Benczik e Bromberg (2003, p.209) diz que na escola deve-se:
1) Estabelecer uma rotina diária clara, com períodos de descanso definidos. Usar reforços visuais e auditivos
para definir e manter essas regras e expectativas, como calendários, cartazes e músicas. As instruções
devem ser dadas de forma direta, clara e curta. 2) Estabelecer consequências razoáveis e realistas para o
não cumprimento de tarefas e das regras combinadas [...] 3) Focalizar mais o processo (compreensão de um
conceito) que o produto (concluir 50 exercícios. Certificar-se que as atividades são estimuladoras e que os
alunos compreendem a relevância da lição. 4) Adotar uma atitude positiva, como elogios e recompensa para
comportamento adequados.
Cabe aos professores adequarem os espaços e os currículos para todos os alunos. Cada
um tem aspectos diferentes. Em pleno século XXI, não há espaço para uma escola arcaica e
obsoleta que pensa em alunos homogêneos, a inclusão põe em cheque o pensamento que
todos são iguais e desafia a um novo posicionamento sobre como cada um aprende.
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REFERÊNCIAS
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2003.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Editora do
Senado, 1996.
FERREIRA, Marcia Elisa Caputo; GUIMARÃES, Marly. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
PAULA, J. Inclusão: mais que um desafio escolar, um desafio social. São Paulo: Jairo de Paula,
2004.
ORRÚ, Sílvia Ester. Síndrome de Asperger: aspectos científicos e educacionais. Revista Ibero-
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VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
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A RITALINA NO TRATAMENTO DE
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE
ATENÇÃO
RESUMO: O presente estudo é uma revisão de literatura a respeito do Transtorno do Déficit
de Atenção/ Hiperatividade (TDAH), bem como sobre a dificuldade de aprendizagem, e o
uso do metilfenidato (ritalina), medicamento amplamente indicado para o tratamento da
Hiperatividade e do déficit de atenção, por facilitar o aprendizado de crianças com TDAH.
Pretende-se discorrer sobre a definição e a tipologia, a indicação e os efeitos adversos da
ritalina, bem como sobre as implicações neuropsicológicas desse composto, perpassando
os efeitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos a eles correlatos. Contudo, mesmo que
o tratamento seja rigidamente supervisionado em acompanhamento médico, verifica-
se que o uso incorreto ou abusivo do composto supracitado ocasiona efeitos adversos,
de ordem gastrointestinais, além de alterações adaptativas no Sistema Nervoso Central,
que constituem efeitos colaterais, sendo importante o enfoque desse estudo orientado à
indicação consciente do uso do medicamento.
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CRITÉRIOS PARA
DIAGNÓSTICO DE TDAH
PELO DSM-IV-R
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É possível afirmar que uma parte significativa dos efeitos indesejáveis relatados está
associada ao uso do medicamento por adultos, porque estão sucetíveis a outras comorbidades,
e submetem-se a tratamentos com outros medicamentos em decorrência disso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ritalina não deve ser utilizada por longos períodos devido
aos efeitos adversos que condiciona. O uso inadequado
desse medicamento gera efeitos colaterais principalmente
na esfera gastrointestinal e no sistema nervoso central,
porque interfere na produção de neurotransmissores.
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REFERÊNCIAS
CALIMAN, Luciana vieira. O TDAH: entre as funções, disfunções e otimização da atenção.
Psicol. estud. [online]. 2008, vol.13, n.3, pp.559-566. ISSN 1413-7372. http://dx.doi.
org/10.1590/S1413-73722008000300017.
GIRALDO L , Sandra Milena and BERTEL N, Luis Fernando Consumo del medicamento
metilfenidato-ritalina® en el valle del Aburrá, departamento de Antioquia, febrero a julio de
2003. Rev. Fac. Nac. Salud Pública, Ene 2005, vol.23, no.1, p.47-57. ISSN 0120-386X.
HABEL, Laurel A.. , PhD; COOPER, William O., MD, MPH; SOX, Colin M., MD, MS; et al.
ADHD Medications and Risk of Serious Cardiovascular Events in Young and Middle-aged
Adults. JAMA. 2011;306(24):2673-2683. doi:10.1001/jama.2011.1830.
TOASSA, Gisele. Sociedade Tarja Preta: uma crítica à medicalização de crianças e adolescentes.
Fractal, Rev. Psicol., Ago 2012, vol.24, no.2, p.429-434. ISSN 1984-0292
VILLALBA L. DPP Safety Review: Sudden death with drugs used to treat ADHD. February
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WINTERSTEIN AG, Gerhard T, Shuster J, Johnson M, Zito JM, Saidi A. Cardiac Safety of
Central Nervous System Stimulants in Children and adolescents with Attention-Deficit/
Hyperactivity Disorder. Pediatrics. 2007;120(6):e1494-501.
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A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA
NA ATUAÇÃO DOS PROFESSORES
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente trabalho tem como proposta tratar da formação e do exercício
profissional do professor na educação infantil, para isso lançando mão das contribuições
importantes que a psicologia tem a oferecer para essa área do conhecimento e de sua atuação.
Sendo professor uma formação que se utiliza de diversas outras áreas do conhecimento,
sobretudo da pedagogia e psicologia, delimitamos às contribuições que devem começar a
partir de uma perspectiva de aprendizado e desenvolvimento que considere o histórico dos
indivíduos e seus processos particulares de construção de conhecimento específicos da
psicanálise, permitindo aprofundar a reflexão da prática profissional.
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Esse cenário atual tem levado cada vez (...) dentro das possibilidades gradativas do
desenvolvimento, os bebês, desde que nascem,
mais as escolas a repensarem seus processos são capazes de estabelecer relação com o outro,
de ensino/aprendizagem, pois já é consenso incluindo seus coetâneos. É preciso endossar
que a aprendizagem se dá dentro de uma tal afirmação pelo fato de que as suas relações
são atravessadas por aspectos culturais que
relação que envolve diversos fatores, tanto diversificam as suas vivências e a fomentação de
ambientais como relacionais. suas infâncias, o que rompe com a ideia única
e evolutiva do “ser” bebê. Assim, a creche se
apresenta como espaço social, contexto onde
Nesse sentido todos os envolvidos têm os sujeitos se encontram cotidianamente,
um papel importante para o sucesso do se comunicam, produzem e compartilham
indivíduo, incluindo toda a sociedade e o significados e sentidos (2011, pág. 21).
ambiente que o cerca.
Sobre a aprendizagem, Friedmann afirma
Não avançaremos muito no nosso tema que:
se não tratarmos do conceito de criança
a aprendizagem depende em grande parte da
e, principalmente da escola, que é o local motivação: as necessidades e os interesses das
definido como de aprendizagem por crianças são mais importantes que qualquer
excelência. outra razão para que elas se dediquem a uma
atividade. Ser esperta, independente, curiosa,
ter iniciativa e confiança em sua capacidade de
Conforme a definição de Friedmann: construir uma ideia própria sobre as coisas, assim
como expressar seu pensamento e sentimentos
(...) as crianças são seres integrais, embora não com convicção, são características inerentes a
seja dessa forma que elas têm sido consideradas personalidade integral das crianças (2014, pág.
na maior parte das escolas, uma vez que as 45).
atividades propostas são estruturadas de modo
compartimentado: há uma hora determinada
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OS ESPAÇOS ESCOLARES
COMO COADJUVANTE NA Devemos também levar em consideração
baseado em CARVALHO no caso do
PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA planejamento e da administração escolar para
a educação infantil, parece-me indispensável
Analisaremos com o espaço da escola enriquecer a cultua da escola com práticas
deve ser pensado para que a aprendizagem tais como:
das crianças tenha garantido um ambiente
que permita a criatividade incluindo as (a) conhecer as recomendações de
inclusões escolares, mas mais do que isso organismos nacionais e internacionais;
ela faça parte do planejamento em todas as
instâncias hierárquicas que criam os planos (b) atualizar a revisão teórica sobre
de educação. aprendizagem e desenvolvimento
humano, examinando-se a concepção de
CARVALHO nos lembra que: diversos autores;
Ainda que as escolas sejam autônomas (c) analisar a base legal em vigência no
para elaboração de seus projetos político-
pedagógicos, devem inspirar-se no plano de Brasil, referente a educação;
ação elaborado pela secretaria de educação
à qual pertencem. Tais organizações sejam
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Por que há sujeitos que não conseguem sustenta numa ilusão, que pontua que:
aprender?
Podemos, portanto, chamar uma crença de
ilusão quando uma realização de desejo constitui
A busca de respostas para esta questão fator proeminente em sua motivação e assim
tem sido responsável pelo crescente procedendo, desprezamos suas relações com a
encaminhamento de alunos em situação de realidade, tal como a própria ilusão não dá valor
à verificação.” (1927, p.40)
dificuldade escolar para profissionais “psi”,
bem como pela procura frenética dos (psico)
pedagogos pela teoria/metodologia da Também faz referência a Lajonquière que
moda, que finalmente poderia orientar como aponta que:
ensinar ‘tudo a todos’.
As capacidades psicológicas fazem as vezes da
realidade última, de uma espécie de fundo do
Para que possamos lançar um olhar mais poço do mundo pedagógico, pois pensa-se que
crítico sobre a psicopedagogia que temos sempre estão presentes nos “problemas” tanto
observado atualmente encontramos uma de aprendizagem quanto de disciplina escolar.
Problemas que não seriam mais do que expressão
situação bastante preocupante no terreno da falta de ajuste ou adequação a esta última
da clínica. instância - ou primeira, dependendo do ponto
de vista. Assim sendo, as capacidades instam,
solicitam insistentemente, que o restante da
Ao finalizar o curso de psicopedagogia existência se adapte a elas ou, em outras palavras,
muitos profissionais iniciam atendimentos elas clamam por complementação aos olhos do
psicopedagógicos em consultórios, e discurso (psico) pedagógico hegemônico.” (1999,
p. 56).
as práticas clínicas costumam repetir o
“fenômeno” encontrado nos cursos de
especialização. Como se processou o cruzamento da
psicologia com a pedagogia no Brasil?
Com o invólucro de psicopedagogia pode-
se encontrar de tudo: aulas particulares, O trabalho de Jurandir Freire Costa (1999)
recreação, orientação de pais e professores, Ordem Médica e Norma Familiar analisa
massagem, escuta “psicanalítica” e várias que a entrada da psicologia no Brasil se deu
outras abordagens. através de uma relação muito próxima com
a medicina higienista, e juntas, ambas as
Colocamos uma pergunta intrigante, mas disciplinas legislavam sobre o que era o bem
necessária quando indaga: ‘Se não existe um viver.
campo conceitual da psicopedagogia, onde
esta prática se sustenta? Logo após o autor considera que:
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todos os sintomas apresentados pelos alunos possa escutar a equipe da escola, que esta
seriam institucionais. equipe possa se escutar, que o sujeito para
além do professor e do coordenador possa
Certamente há sujeitos que apresentam ter um espaço para escuta do desejo.
questões que demandam uma escuta
singular. Voltando ao texto que nos guiou nesta
reflexão, Freud pondera que no âmbito
Os sintomas que se apresentam na escola religioso (e aqui estamos também pensando
não devem ser entendido estritamente como no discurso científico podendo ocupar este
“sintomas escolares”, mas como sintoma de lugar), abrir mão de uma ilusão de uma
um sujeito. outra vida no futuro, que seria uma vida
melhor, permite-nos um maior investimento
Ocariz assinala que: (libidinal) no aqui e agora.
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Isso pode ser observado quando Andrade (2002) toma como pressuposto uma
“psicopedagogia psicanaliticamente orientada”, sem discutir como esse encontro se dá.
Ela diz que: “Situar a singularidade da estruturação psicótica abordada pelo saber da
psicanálise é um atravessamento necessário à clínica que se propõe a abordar a psicose”
(MILMANN, 2003, p. 48).
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Este estudo descreveu sobre os fatores intervenientes no
processo de aprendizagem de alunos e / ou dificuldades de
aprendizagem, bem como identificar e delinear as principais
visões dos psicopedagogos perante um atendimento dos
professores na educação infantil sobre tais dificuldades.
Por fim, vale ressaltar, por outro lado, a diversidade de intervenções mencionadas pelos
autores pesquisados em relação á melhor atender as necessidades dos pacientes/alunos.
Essa diversidade parece revelar uma performance que reflete os muitos desafios que os
alunos enfrentam no contexto do ensino básico.
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Daí a importância destes serviços que obviamente não podem atender a todas as
necessidades dos alunos, mas representa um ponto de partida para acolhê-los e guiá-los.
Portanto, mais estudos são necessários para avaliar a efetividade das intervenções, para
que seus resultados possam focar mais diretamente no processo de aprendizagem, no
sucesso acadêmico e na permanência dos alunos na educação infantil.
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REFERÊNCIAS
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Lomônaco, José Fernando Bitencourt. Psicologia e educação: hoje e amanhã. Psicol. Esc.
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Por meio das pesquisas realizadas pela As pessoas sofriam bullying por diversos
Professora de Ensino Fundamental II – motivos lá pelos idos da década de 70. Era
Educação Física - na EMEF Joaquim Bento comum a violência física, apelidos perjorativos,
Alves de Lima Neto, Professora de Educação preconceito e outras formas de tratamento.
Básica – Educação Física - na EMEF Joaquim A pessoa era discriminada por ser pobre, por
Bento Alves de Lima Neto na Rede pública ser negra, por usar óculos, por usar roupas de
para a realização do presente trabalho, é segunda mão, por ser magra, por ser gorda,
possível conhecer um pouco mais sobre o por ser alta ou por ser baixa e ainda por
bullying. diversos outros motivos. Pode-se observar
que os motivos não mudaram com o tempo.
Em 1970 o pesquisador sueco Dan Olweus
passou a estudar sobre os casos de suícidio na Algumas pessoas que sofriam o bullying
infância e na adolescência, que se começou acreditavam piamente que ela era o
a descobrir os casos de agressão sofrida de realmente o problema e que ela precisava
maneira frequente que hoje chamamos de mudar para se adequar aos padrões que os
bullying, nos anos 80 o assunto se tornou outros consideravam certo.
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ter sido ridicularizado publicamente pela ataque o estudante tentou se suicidar, mas,
garota popular da escola; um amigo espalhou foi impedido por um funcionário da escola.
a notícia de que ele era gay, além disso, por
ele ter dificuldade motora e de aprendizado Há uma infinidade de casos de crianças
vinha sendo humilhado por uma professora. e adolescentes que tentaram o suicídio por
não suportarem a pressão de sofrer bullying
Dylan Stewart de 12 anos, em depressão diariamente e uma quantidade enorme
por causa do bullying sofrido na escola, se de pessoas que ainda acreditam que fazer
enforcou e foi encontrado por sua mãe e pai bullying é só uma brincadeira.
agonizando dentro de casa.
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O COMPORTAMENTO DO O COMPORTAMENTO DA
AGRESSOR VÍTIMA
É possível que com a observação do Existem diversas formas de identificar
comportamento do agressor possa se uma pessoa que está sofrendo bullying até
entender a sua motivação e conseguir porque cada um reage de forma diferente,
ajudar e resolver o problema. Seguem porém a maioria apresenta pelo menos
alguns itens observados em vários bullies dois dos cinco sinais listados abaixo:
ou valentões.
1. Falta de interesse pela escola - é
• Muitos se comportam com total muito comum a criança não querer
falta de limites tanto na escola como contato com o agressor, por isso muitas
em relação com a família. Sua “valentia” vezes arruma desculpas ou doenças
muitas vezes é apoiada pelo pai, que não para não ir à escola;
vê problema na atitude do filho. Algumas
vezes o filho repete ações do pai. 2. Isolamento – a criança fica mais
retraída e se isolam se se escondendo
• Os agressores procuram na reação até mesmo de parentes e amigos;
violenta um meio de conseguir poder e
status na escola. Normalmente escolhem 3. As notas escolares caem – a vítima
vítimas mais fracas para demonstrar seu de bullying não consegue se concentrar,
poder. pois estão com medo de serem atacadas
e com isso suas notas caem.
• Há os que por problemas particulares
como separação ou morte procuram a 4. Não se valorizam – é comum a
violência como forma de extravasar a vítima de bullying estar sempre se
dor, é possível perceber que o agressor criticando, a autoestima da vítima cai e
não é acostumado com a pratica de ela se sente frustrada com ela mesma.
bullying.
5. Ataques de fúria e impulsividade
• É como último caso há os agressores – algumas vezes as crianças que
que tem prazer em agredir, faz parte de passam por bullying apresentam um
sua personalidade, falta-lhes o querer comportamento agressivo com amigos
bem a outra pessoa e sobra o desamor. e familiares
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Segundo Aramis a prevenção de futuros incidentes pode ser obtida com orientações sobre
medidas de proteção a serem adotadas: ignorar os apelidos, fazer amizade com colegas
não agressivos, evitar locais de maior risco e informar ao professor ou funcionário sobre o
bullying sofrido.
Em uma brincadeira de criança uma chamar a outra de bobo não pode ser qualificado
como bullying, uma criança chamar a outra de chorão, se a outra é realmente chorona não é
qualificado como bullying.
Muitas vezes a criança não tem noção de que uma brincadeira pode ser ofensiva, cabe
aos pais ensinar como tratar o colega. E cabe aos pais entender o que é bullying e o que é
simplesmente uma brincadeira de criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fato é que a violência nas escolas tem se tornado
um caso de polícia e como os valentões não estão sendo
advertidos e nem punidos, estão sentindo a falda falsa
impressão de que estão agindo de forma correta.
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REFERÊNCIAS
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Pediatria – Artigo de Revisão, 2005.
BRASIL. Leis de diretrizes e bases da educação nacional: Lei no. 9394, 20 de dezembro de
1996. São Paulo, 1996.
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www.correiodopovo.com.br/Jornalcomtecnologia/2018 /07/11/brasil-e-o-2o-pais-com-
mais-casos-de-bullying-virtual-contra-criancas/. Acesso em 25 de jan. 2019.
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Disponível em: https://www.familia.com.br/como-reconhecer-os-diferentes-tipos-de-
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comportamento agressivo entre estudantes. Rio de Janeiro: Abrapia, 2003.
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Disponível em: https://nacoesunidas.org/pesquisa-da-onu-mostra-que-metade-das-
criancas-e-jovens-do-mundo-ja-sofreu-bullying/. Acesso em 25 de jan. 2019.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas. 1ª edição. Editora
Fontanar. 2010.
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Um em cada dez estudantes no Brasil é vítima frequente de bullying. Disponível em: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-04/um-em-cada-dez-estudantes-no-
brasil-e-vitima-frequente-de-bullying. Acesso em 25 de jan. 2019.
Pesquisa mostra que 20% dos estudantes já praticaram bullying. Disponível em:https://
escoladainteligencia.com.br/pesquisa-mostra-que-20-dos-estudantes -ja-praticaram-
bullying/. Acesso em 25 de jan. 2019.
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Por isso, se faz questão de promover As artes visuais devem visar a um trabalho
momentos de descontração e confiança no que cumpra o seu papel de auxiliar no
qual o professor faz intervenções indiretas desenvolvimento pleno das capacidades
positivas, para que a criança possa se criadoras da criança. Nas atividades com
manifestar por meio de suas possibilidades desenhos ou criações artísticas as crianças
artísticas livremente, podendo assim exercer brincam, surgindo o faz-de-conta e
seu direito de cidadão de expressar-se, verbalizam a respeito de suas criações.
bem como de ter contato e refletir sobre as
produções artísticas.
A IMPORTÂNCIA DO
O desenvolvimento da imaginação DESENVOLVIMENTO DA
criadora, da expressão, da sensibilidade e das
capacidades estéticas das crianças poderá
ARTE
ocorrer no fazer artístico, assim como no
contato com a produção de arte presentes Pensar no ensino da Arte na escola requer
na comunidade. O desenvolvimento da uma análise profunda sobre a sua importância
capacidade artística está apoiado também, no desenvolvimento do homem. A educação
na prática reflexiva das crianças ao tem privilegiado na sua história, conteúdos
aprender, que articula a ação, a percepção, a escolares que propiciem aos alunos o
sensibilidade à cognição e a imaginação. domínio de informações e não a formação e
compreensão dos fatos e fenômenos sociais,
As artes visuais são linguagens que culturais e científicos que acontecem no
expressam, comunicam e atribuem sentidos mundo.
a sensações, sentimentos, pensamentos e
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A Arte na Educação brasileira passou a ser livre, sem a preocupação como processo de
considerada fundamental a partir de reflexões desenvolvimento artístico.
recentes que coincide com as transformações
educacionais que caracterizam o século XX Considerar a aprendizagem artística
em várias partes do mundo. como conseqüência automática do processo
de maturação da criança por meio da
Pesquisas desenvolvidas a partir do início expressão livre, levou educadores como
do século em vários campos das ciências Feldman, Thomas Munro ancorados em John
humanas trouxeram dados importantes Dewey, a refletirem sobre o processo de
sobre o desenvolvimento da criança, sobre o desenvolvimento do pensamento artístico; e
processo criador, sobre a arte e sua influência proporem mudanças no enfoque educacional
no desenvolvimento do homem. e afirmavam que o desenvolvimento
artístico é resultado de formas complexas
Na confluência da antropologia, da filosofia, de aprendizagem e, portanto, não ocorre
da psicologia, da psicanálise, da crítica da automaticamente à medida que a criança
arte, da psicopedagogia e das tendências cresce; é tarefa do professor propiciar essa
estéticas da modernidade, surgiram autores aprendizagem por meio de instrução.
que formularam os princípios inovadores
para o ensino das artes em geral. Tais O ser humano sempre organizou e
princípios reconheciam a arte da criança classificaram os fenômenos da natureza,
como manifestação espontânea e auto- o ciclo das estações, os astros no céu, as
expressiva: valorizavam a livre expressão diferentes plantas e animais, as relações
e a sensibilização para a experimentação sociais, políticas e econômicas, para
artística como orientações que visavam o compreender seu lugar no universo,
desenvolvimento do potencial criador, ou buscando a significação da vida.
seja, eram propostas centradas na questão
do desenvolvimento do aluno. Uma das primeiras referências da
existência humana na Terra aparece nas
Sabemos a importância da expressão livre imagens desenhadas nas cavernas, que hoje
como uma das maneiras de contribuirmos chamamos de imagens artísticas. Neste
para o desenvolvimento expressivo dos sentido, pode-se dizer que a arte está
alunos, porem a aplicação indiscriminada presente no mundo desde que o homem se
de idéias vagas e imprecisas sobre a fez presente.
função da educação artística levou a
uma descaracterização progressiva da A vida adquire sentido para o ser humano
área. A educação artística ficou restrita à medida que ele organiza o mundo. Por
durante muito tempo em atividades que meio das percepções e interpretações,
proporcionavam aos alunos a expressão os sistemas externos da realidade são
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mapeados nos sistemas internos do ser. Para propicia ao homem contato consigo mesmo
construir imagens, o homem não só deve e com o universo. Por isso, a arte é uma
ter sensibilidade para com o fenômeno, mas forma de o homem estender o contexto ao
necessita de memória e capacidade de tomar seu redor e relacionar-se com ele.
decisões.
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tudo menos o principal: de por meio viemos o sentido profundo do que fazemos e para
por meio nos encaminhamos. A informação é o primeiro passo para conhecer. Conhecer
é relacionar, integrar, contextualizar, incorporar o que vem de fora. Conhecer é saber,
desvendar, é ir além da superfície, do previsível, da exterioridade.
A arte, ainda nos tempos das cavernas, permitiu ao homem compreender a atribuir sentido
ao mundo e à sua atividade sobre ele.
Foi na qual da arte que, pela primeira vez, o homem entendeu e representou o mundo em
torno de si.
A idéia é de que esta atitude não é alguma coisa, que ficou esquecida em algum lugar do
nosso passado. Nós carregamos conosco essa capacidade de aprender a configuração do
nosso mundo interior ou exterior e objetivá-la em algo dotado de sentido, sem ter, para isso,
de recorrer à religião, à filosofia e à ciência. É nisto que consiste a experiência estética.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão da Arte no currículo escolar foi instituída
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
nº. 5.692/71, com a denominação de Educação Artística,
sendo considerada uma “atividade educativa” e não uma
disciplina. O fato representou certa conquista, em especial,
porque deu sustentação legal a essa prática educacional e
pelo reconhecimento da arte na formação dos indivíduos. O ALZIRA DA SILVA
resultado dessa proposição, no entanto, foi contraditório e
Graduação em Ciências
paradoxal. pela Faculdade UNIABC
(11/10/2006); Professor de
A criança tem sido educada e cuidada desde o início da Ensino Fundamental II - Ciências
- na EMEF Maria Lisboa da Silva.
humanidade, no qual de uma educação informal: educar e
cuidar eram responsabilidade das famílias.
O século XIX é que trouxe métodos pedagógicos específicos para cada idade.
Cada uma das linguagens que permeia o trabalho da educação infantil tem seu conjunto
de regras e princípios de funcionamento próprio. Elas são diferentes umas das outras,
requerendo investimentos diferenciados para serem apropriadas por crianças e professores.
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Portanto, uma das formas da criança ler o mundo, de relacionar-se com ele, recriá-lo
é a expressão. Isso implica em entender a expressão com possibilidade de construção de
conhecimento, envocada uma das linguagens que permeia o trabalho da educação infantil
tem seu conjunto de regras e princípios de funcionamento próprio. Elas são diferentes umas
das outras, requerendo investimentos diferenciados para serem apropriadas por crianças e
professores.
Portanto, uma das formas da criança ler o mundo, de relacionar-se com ele, recriá-lo
é a expressão. Isso implica em entender a expressão com possibilidade de construção de
conhecimento, envolvendo crianças e adultos em diferentes contextos.
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REFERÊNCIAS
BUORO, A. B. O Olhar em Construção: Uma Experiência de Ensino e Aprendizagem da Arte
na Escola. 6ª. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Docente. 29ª. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FROIS, J. P. Notas sobre a Educação Estética e Artística in Revista Formar, Porto: Ed. APEVT,
nº. 16, 2001.
GARDNER, H. Estruturas da mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1994.
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AS HORTAS ESCOLARES NO
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
RESUMO: O presente artigo traz uma revisão bibliográfica da importância da Educação
Ambiental no ambiente escolar como um tema interdisciplinar e transversal com ênfase na
implantação das hortas escolares e seu impacto na vida dos alunos, comunidade escolar e
familiares. Com base em uma abordagem histórica, a partir da década de 70, no século XX, o
artigo mostra a evolução da Educação Ambiental e as hortas nas , bem como as dificuldades
que podem surgir em sua implementação, muitas vezes devido a impedimentos que podem ser
encontrados para a continuidade de projetos já em andamento, ou dos próprios professores,
que resistem à novas mudanças.
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uma ligação mais estreita entre o ser humano Na educação fundamental, os PCNs a
e a natureza. Uma transformação social inserem em diversos temas transversais,
de caráter urgente que busque, conforme sobretudo meio ambiente, saúde e consumo,
Sorrentino (2005), a superação das injustiças nas áreas do saber (disciplinas), de modo
ambientais e sociais na humanidade. que impregne toda a prática educativa, e
ao mesmo tempo, crie uma visão global
ANDRADE (2000) expõe que implementar e abrangente da questão ambiental,
a educação ambiental nas escolas tem se visualizando os aspectos físicos e histórico-
mostrado uma tarefa exaustiva, em razão sociais, assim como a articulação entre a
da existência de grandes dificuldades nas escala local e planetária desses problemas
atividades de sensibilização e formação, (MEC, 2005).
na implantação de atividades e projetos e,
notadamente, na manutenção e continuidade Os Parâmetros Curriculares Nacionais
dos já existentes. Fatores como o tamanho da (PCN) criados pelo Ministério da Educação
escola, número de alunos e de professores, em 1998, indicam que a aprendizagem
predisposição destes professores em passar de valores e atitudes deve ser mais
por um processo de treinamento, vontade da explorada do ponto de vista pedagógico e
direção de realmente implementar um projeto o conhecimento dos problemas ambientais
ambiental que vá alterar a rotina na escola, e de suas consequências desastrosas para
além de fatores resultantes da integração a vida humana é importante para promover
dos acima citados e ainda outros, podem uma atitude de cuidado e atenção com essas
servir como obstáculos à implementação da questões, incentivar ações preservacionistas
Educação Ambiental. (BRASIL, 1998).
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seu processo de socialização. Por meio da Segundo Capra (2003, p.14), a educação
potencialização de atividades desenvolvidas para uma vida sustentável é uma pedagogia
nesse ambiente, os alunos terão acesso a que facilita o entendimento das múltiplas
um novo caminho de saberes e descobertas relações entre atitudes humanas e seus
no processo de aprendizagem. À medida impactos e também entre as disciplinas
que os saberes são construídos de formas que compõem o currículo, pois ensina os
variadas, concomitantemente desenvolve-se princípios básicos da ecologia tendo como
nos alunos a capacidade de transformar sua base a experiência dos sujeitos.
própria realidade. A escola passa a ser assim
um local de importância social significativa, Por meio dessas experiências, nós também
tomamos consciência de que nós mesmos
contribuindo para a formação de cidadãos fazemos parte da teia da vida e, com o passar
envolvidos com a melhoria da qualidade da do 20 tempo, a experiência da ecologia na
vida planetária. natureza nos proporciona um senso do lugar que
pertencemos (CAPRA, 2003, p.14).
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A horta escolar também tem o poder As atividades na horta são uma alternativa
de impactar os familiares dos alunos, de unir o lúdico ao meio ambiente, fazendo
incentivando-os a cultivar hortas em suas com que desperte o interesse dos alunos,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Ambiental inserida no cotidiano escolar por
meio de atividades incorporando teorias e práticas no fazer
pedagógico oferece uma ampla contribuição no processo de
ensino-aprendizagem, ao resgate de valores socioambientais
e na socialização da comunidade escolar.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, D. F. Implementação da Educação Ambiental em escolas: uma reflexão. In:
Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação
Ambiental, v. 4.out/nov/dez 2000.
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professor. 2. ed. Florianópolis: Instituto Souza Cruz, 2002. 77 p.
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a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da]
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DIAS, A. A.; MORAES M. B. S.; FARIA M. F.; FRITZEN, N.; A Organização do Espaço com
a Construção de uma Horta Lúdica. Florianópolis, 2004. 130f. (Trabalho de Conclusão do
Curso de Pedagogia em Educação Infantil) – Centro de Educação a Distância, UDESC, 2004.
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Fato que nas últimas décadas muito se tem Assim sendo, me dispus a desenvolver
discutido sobre formação docente, mesmo esse artigo a fim de discutir os pressupostos
porque tem se aumentado gradativamente a da formação do professor e discutir como
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esta deve se dar para formar profissionais docente no curso de Pedagogia e traçar
qualificados, preparados efetivamente para meios e estratégias que proporcionariam a
enfrentar uma sala de aula, e desenvolver formação de profissionais adequados que
diferentes estratégias que enriquecerão contribuiriam, portanto eficazmente no
a formação de educandos “cursantes” do Ensino Fundamental I.
Ensino Fundamental I, possibilitando-os a
compreensão e a transformação positiva e Diante destas, observei a necessidade
crítica da sociedade em que vivem. de discutir a temática com profissionais
envolvidos com o Ensino Fundamental I com
Cabe aqui destacar que não pretendo o objetivo de compreender em que medida
impor ou apresentar modelos previamente a formação docente no curso de Pedagogia
estabelecidos que findem com os problemas reflete em tal. Portanto, em um momento
evidenciados que aparecerão no decorrer em que pude me reuni com sete professores
do meu estudo, porém proporei reflexões da rede pública no município de São Paulo a
acerca desta formação que possibilitem, qual estou atualmente inserida, propus uma
acredito eu, tais avanços. discussão a cerca do tema já mencionado,
para assim ampliar a visão do que os “outros”
Desenvolverei, portanto, o tema “Formação pensam sobre a temática apresentada, estas
docente no curso de Pedagogia” destacando destacarei ao longo do desenvolvimento
as influências desta no Ensino Fundamental deste artigo.
I. Para elucida-lo buscarei algumas respostas
e indagações tais como: O que é Pedagogia? Neste cenário, delineei a questão problema
Qual o perfil do professor universitário da pesquisa sendo ela: Em que medida a
do curso de Pedagogia? Qual o perfil do formação docente no curso de Pedagogia
estudante do curso de Pedagogia? Quais são reflete no Ensino Fundamental I? Sendo
as habilidades, competências ou recursos que assim, no primeiro momento será discutido
o professor do curso de Pedagogia deve ter simploriamente o termo Pedagogia, em
para minimizar os problemas que interferem seguida apresentarei um breve histórico sobre
no Ensino Fundamental I “profissional o curso, posteriormente traçarei o perfil do
competente”? professor universitário e do aluno do curso
de Pedagogia relacionando-os, destacarei
Nesta perspectiva, procurei levantar ainda o Ensino Fundamental I fazendo-lhe
dados para facilitar a análise e a construção uma relação nos dias atuais, mencionarei
interpretativa dos procedimentos adotados, as influências do curso de Pedagogia no
através de analise de documentos Ensino Fundamental I e apresentarei o perfil
pertencentes à educação, além de optar do profissional qualificado que denominarei
pela pesquisa bibliográfica para refletir e como “competente”, por fim destacarei a
entender melhor como se dá a formação necessidade de rever a formação docente no
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Nesta perspectiva, o curso em questão Diante disso, cabe agora definir no item a
assumiu progressivamente a função de seguir, a importância da formação docente
habilitar professores para a atuação das séries destacando quais os perfis do professor
iniciais do Ensino Fundamental, podendo universitário e do estudante de Pedagogia,
ser realizado, atualmente, como uma das relacionando-os entre si.
possibilidades formativas desse profissional,
sendo outra o Curso Normal Superior.
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Parágrafo único. O notório saber, Gil (2011) destaca ainda que muitos
reconhecido por faculdade com curso de professores universitários não recebem
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preparação pedagógica específica e nem vivenciará seu aluno tendo-o como docente
ao longo de sua vida profissional tem a – com as devidas diferenças etárias. Assim a
oportunidade de participar de cursos, formação docente deverá contemplar como
seminários ou reuniões sobre os métodos ponto de referência a coerência entre a
de ensino e avaliação da aprendizagem que teoria e a prática.
seriam cruciais para enriquecer sua prática.
“A pedagogia fica, portanto, ao sabor dos É imprescindível que um profissional
dotes naturais de cada professor.” (p.9). formado pelo curso de Pedagogia, que
pretenda lecionar no Ensino Fundamental
Por outro lado, Gil (2011), coloca que, neste I esteja de acordo com as características
segundo caso, há professores que veem seus destacadas no Parecer CNE/CP 009/2001
alunos como agentes principais do processo homologado em 8/5/2001, características
educativo, estes se preocupam em identificar essas que constituem, segundo o
as aptidões, necessidades e interesses de desenvolvimento do texto, a atividade
seus educandos e visam auxiliá-los na coleta docente, entre as quais se destacam:
das informações de que necessitam para o
desenvolvimento das novas habilidades, para Orientar e mediar o ensino para a aprendizagem
dos alunos;
modificação de atitudes, comportamentos e
para busca de novos significados. Assim as Comprometer-se com o sucesso da aprendizagem
atividades desses professores centram-se na dos alunos;
figura do aluno e atuam como facilitadores Assumir e saber lidar com a diversidade existente
da aprendizagem. entre os alunos;
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Cabe neste momento, ainda desenvolvendo antes dos sete anos de idade apresentam,
a abrangência da Educação Básica, destacar em sua maioria, resultados superiores em
o artigo 22 da LDB que estabelece seus fins: relação àquelas que ingressam somente aos
sete anos.
Art. 22. A educação básica tem por finalidades
desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício Na medida em que as mudanças foram
da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir ocorrendo, as preocupações acerca delas
no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL, foram se tornando mais evidentes, é
1996)
importante ressaltar que o ingresso de
crianças de seis anos no ensino fundamental
Essa perspectiva, apresentada no artigo não pode constituir-se apenas de uma medida
acima, trata do desenvolvimento do educando administrativa, mas sim é necessário e requer
que irei me atrelar, pois este é o objetivo atenção ao processo de desenvolvimento e
principal no qual o profissional docente a ele aprendizagem destas crianças bem como o
disponibilizado deve lhe assegurar. respeito às características peculiares da faixa
etária, o social, o psicológico e o cognitivo
Antes disso, ressalvo a aprovação da Lei das mesmas.
nº 11.274/06, que contempla a duração do
ensino fundamental obrigatório passasse Ao discorrer sobre o Ensino Fundamental
a durar nove anos, iniciando-se aos 6 (seis) I, torna-se importante trazer os princípios
anos de idade. Aqui destacarei apenas dos traçados pelas Diretrizes Curriculares
seis aos dez anos, que constituem os cinco Nacionais para o Ensino Fundamental (Brasil.
primeiros anos do Ensino Fundamental. Ministério da Educação/Conselho Nacional
de Educação, Resolução CEB nº 2, 1998)
Assim sendo, as discussões acerca do que constituem o documento legal que
ensino e o seu desenvolvimento passaram apresenta uma direção para que as escolas
a ser constantes na área da educação. reflitam sobre suas propostas pedagógicas,
Destarte que o trabalho com tal faixa etária estes aparecem como eixos das propostas
(seis a dez anos) devem estar pautados pedagógicas das escolas e se definem nos
no desenvolvimento e nas aprendizagens seguintes princípios:
das crianças sem deixar de considerar a
abrangência da infância nessa etapa de a) Princípios Éticos da Autonomia, da
Responsabilidade, da Solidariedade e do
ensino. Respeito ao Bem Comum;
b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres
Alguns fatores contribuíram para tais da Cidadania, do Exercício da Criticidade e do
Respeito à Ordem Democrática;
mudanças sendo um deles os resultados c) Princípios Estéticos da Sensibilidade,
de estudos demonstrarem que, quando as Criatividade e Diversidade de Manifestações
crianças ingressam na instituição escolar Artísticas e Culturais.
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Este profissional deverá levar em Sobre essa ótica Libâneo (2006) aponta
consideração que ensinar requer dispor e que:
mobilizar conhecimentos para improvisar,
intuir, atribuir valores e fazer julgamentos “o valor da aprendizagem escolar está justamente
na sua capacidade de introduzir os alunos nos
que fundamentem a ação mais pertinente significados da cultura e da ciência por meio de
e eficaz, além de estar diretamente ligado a mediações cognitivas e interacionais providas
comunicação, a convivência, ao trabalho em pelo professor.” (p.28).
equipe, a enfrentar e respeitar a diferença
e a solucionar conflitos e assim perceber Além disso, a prática pedagógica deve
que ensinar exige aprender a inquietar-se e estar presente desde o início do curso
questionar-se com os problemas, dificuldades superior para a formação desse profissional
e fracassos sem permitir destruir-se por eles. docente, através de vivências em escolas de
Ensino Fundamental I ou mesmo por meio
Tais atitudes traçam o perfil do profissional de vídeos, estudos de caso, depoimentos
competente a qual pretendo me referir, este que remetessem tais profissionais a
deve manter-se em uma postura reflexiva, realidade que fará parte de sua vida futura.
flexível possibilitando a integração entre Atualmente, tais ações são vivenciadas
teoria e prática, estando capaz de tomar somente nos meses ou ano final do curso
decisões qualificadas diante de contextos através de estágios supervisionados, estes,
instáveis, indeterminados e complexos. porém, não contemplam o que aqui exponho,
Profissional reflexivo este que seja capaz de pois as condições que lhe são impostas em
entender, rever e reformular a própria ação, grande parte não possibilitam o exercício
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Fracasso Escolar; desmotivação; entre outros que se descritos aqui ampliariam tal estudo,
estes sem sombra de dúvidas servirão para análise e como suporte para um futuro estudo
pretendido por mim.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perceber e analisar em que medida a formação docente
no curso de Pedagogia reflete no Ensino Fundamental I
era questão central desta pesquisa. Assim delineei e tracei
inúmeros fundamentos acerca dela, porém perceber que
a má formação docente realmente interfere no Ensino
Fundamental I não necessitou de grandes e aprofundados
conhecimentos, pois se torna fácil perceber diante da
realidade que me encontro inserida (educação pública) que
esta se apresenta como uma das questões que degeneram a AMANDA MENOZZI
educação em nosso país. Desta forma essa pesquisa deu-se
Graduada em Pedagogia
através de estudos sobre os problemas que causam tal má pela Universidade do Grande
formação assim foram realizadas pesquisas bibliográficas e ABC (2003); Especialista em
estudo de documentos que norteiam e que tratam do termo Psicopedagogia pela Universidade
do Grande ABC (2010), Em
Pedagogia e o curso, tracei o perfil do profissional docente Docência do Ensino Superior
responsável pelo curso e do graduando do mesmo, e assim pela Universidade Bandeirante
foi possível perceber que inúmeros problemas giram em de São Paulo (2012) e em
Administração da Educação com
torno dessa educação em nosso país. Ênfase em Direito Aplicado na
Educação (2018) pela Faculdade
Diante do tema, que atualmente se encontra presente, Campos Elíseos; Professora de
Ensino Fundamental I (EJA)- no
realizei conversas informais com profissionais atuantes Centro Integrado de Educação
no Ensino Fundamental I da rede municipal de ensino, na de Jovens e Adultos (CIEJA)
qual estou inserida, durante uma reunião pedagógica a Iguatemi I e Professora de Ensino
Fundamental I na EMEF Rodrigo
fim de reconhecer outros pontos de vista que giram sobre Mello Franco de Andrade.
o tema desta pesquisa, sendo assim foram abordadas
questões relevantes como o perfil do profissional docente
qualificado e sobre o fracasso escolar colocado como
reflexo do despreparo desse profissional, assim delineei o
perfil de um profissional totalmente preparado que seria fruto de uma formação qualificada
denominando-o de profissional “competente” que ao atuar na educação traria benefícios
futuros ao desenvolvimento da aprendizagem no Ensino Fundamental I minimizando os
problemas que o degeneram atualmente.
Sendo assim, foi possível perceber que para atualmente haver profissionais adequados,
qualificados na educação será necessária uma reformulação imediata no curso que os
formam, Pedagogia, este necessariamente deve contemplar à formação de um profissional
que esteja altamente envolvido com o ato de ensinar, profissional comprometido que utilize
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Encerrarei este expondo as dez novas atitudes docentes apresentadas por Libâneo (2006),
que certamente servirão de reflexão acerca de todo este estudo e de posteriores a este:
“Assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor; Modificar
a ideia de uma escola e de uma prática pluridisciplinares para uma escola e uma prática interdisciplinares;
Conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender; Persistir no empenho de auxiliar os
alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, a se habilitarem a apreender as realidades enfocadas
nos conteúdos escolares de forma crítico-reflexiva; Assumir o trabalho de sala de aula como um processo
comunicacional e desenvolver capacidade comunicativa; Reconhecer o impacto das novas tecnologias da
comunicação e informação na sala de aula; Atender a diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto
da escola e da sala de aula; Investir na atualização científica, técnica e cultural, como ingredientes do processo
de formação continuada; Integrar no exercício da docência a dimensão afetiva; Desenvolver comportamento
ético e saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às relações humanas, a
si próprios.” (p.29 a 50)
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REFERÊNCIAS
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Maria Aparecida Viggiani, SILVA Jr., Celestino Alves (Orgs.). Formação do educador. São
Paulo: UNESP, 1996.
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Revista Educar FCE - Março 2019
GHIRALDELLI, Paulo Junior. O que é Pedagogia? (Coleção primeiros passos; 193) 5ª reimpr.
da 3. ed. de 1996. São Paulo: Brasiliense, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2011.
LIBÂNEO, José C., Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências educacionais e
profissão docente. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2006.
PERRENOUD, Philippe. Pedagogia Diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed,
2000.
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Palavras-Chave: Ensino Bilíngue; Bilinguismo precoce; Educação bilíngue; Educação Infantil Bilíngue.
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A fim de entender o crescente interesse [...] indivíduos ou grupo de pessoas que obtêm
habilidades comunicativas em diversos níveis
por escolas bilíngues, este artigo pretende de proficiência, nas formas oral e escrita, com o
apresentar algumas vantagens do ensino propósito de interagir com falantes de uma ou
bilíngue desde a infância por meio de revisão mais línguas em uma determinada sociedade. Do
mesmo modo, o bilinguismo pode ser definido
bibliográfica sobre o assunto. como o estado psicológico e social de indivíduos
ou grupo de pessoas que resulta das interações
Este artigo está estruturado em três via língua(gem) no qual dois ou mais códigos
linguísticos (incluindo dialetos) são utilizados
tópicos: o bilinguismo, com suas definições para a comunicação (BUTLER e HAKUTA, 2008,
de acordo com diversos autores; o ensino p.115).
bilíngue, na qual é apresentada a visão de
vários autores sobre a definição desse tipo A pesquisadora de bilinguismo Bialystok
de educação; e o ensino bilíngue na infância (2006) afirma que há diversos motivos
e suas vantagens, em que são apresentadas pelos quais as pessoas se tornam bilíngues,
as vantagens comprovadas por pesquisas entre eles estão a migração, a residência
realizadas por alguns pesquisadores e temporária, a educação pretendida, a família
autores sobre os benefícios do ensino estendida (tios, primos e avós), etc.
bilíngue precoce. Para Diebold (apud MELLO, 1999),
podemos chamar de bilíngue a pessoa que
Nas considerações finais está a síntese tem um mínimo de competência linguística
da pesquisa aqui apresentada e a conclusão em uma segunda língua que a possibilita
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suas pesquisas que as crianças sabem diferenciar as duas línguas e que sua seleção vocabular
é uma resposta adaptativa ao contexto em que essas crianças estão inseridas.
Para Hull e Vaid (2006), há até vantagens neurológicas do ensino bilíngue precoce. Em
estudos sobre assimetria hemisférica funcional em cérebros bilíngues e monolíngues,
verificou-se que monolíngues e bilíngues tardios apresentaram predominância do hemisfério
esquerdo, ao passo que os bilíngues precoces apresentaram significativo envolvimento
hemisférico bilateral, quando a aquisição da segunda língua começa antes dos seis anos de
idade.
Um “sumário de conclusões confiáveis” foi apresentado por Diaz e Klinger (2000) após análise
de pesquisas sobre experiências bilíngues precoces e sua influência no desenvolvimento
cognitivo. Para eles, as crianças que participaram de ensino bilíngue têm vantagens
significativas em tarefas que envolvem as habilidades verbais e não-verbais; demonstram
capacidades metalinguísticas avançadas, especialmente no controle do processamento da
língua; vantagens cognitivas e metalinguísticas são depreendidas em situações bilíngues que
envolvem o uso sistemático da língua (aquisição simultânea ou ensino bilíngue); entre outros.
Ainda enfatizam que os benefícios do ensino bilíngue na infância aparecem relativamente
cedo, em diversos níveis de proficiência, mesmo sem a aquisição da mesma proficiência em
ambos idiomas.
[...] se as duas línguas forem suficientemente valorizadas, o desenvolvimento cognitivo da criança levará a um
benefício máximo da experiência bilíngue, que atuará como uma estimulação enriquecida levando a uma maior
flexibilidade cognitiva em comparação com os pares monolíngues (HAMERS e BLANC, 2003, p. 29).
Logo, ao falarmos das vantagens do bilinguismo precoce, para que as vantagens acima
expostas sejam efetivas, é necessário um programa de educação bilíngue aditivo bem
construído e implementado que contribua para a proficiência da criança em dois idiomas
e culturas sem desvantagens a longo prazo para o desenvolvimento de suas habilidades
linguísticas. O apoio contínuo dos pais e o incentivo da família de práticas de leitura e escrita
também são de grande importância e colaboram positivamente no letramento bilíngue
precoce.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca por escolas de ensino infantil bilíngue tem crescido
nos últimos anos graças ao interesse dos pais em oferecer
aos seus filhos uma experiência cultural mais ampla e maior
familiaridade com um segundo idioma, a fim de possibilitar
melhores colocações no mercado de trabalho e de ascensão
social.
Os seis critérios de Flory (2009) foram analisados para exprimir os diferentes tipos de
bilinguismo compreendidos pelo autor e justificar sua visão de que o bilinguismo deve ser
um processo contínuo, em que o estudante transita e evolui seu tipo de bilinguismo até
atingir a fluência e certa apropriação cultural na língua desejada.
Já as escolas bilíngues podem ser definidas como aquelas em que os alunos recebem as
orientações do currículo regular em duas línguas diferentes, em sua língua materna e em
uma outra de sua escolha. Para Hamers e Blanc (2003), essas escolas de ensino imersivo
podem ser de três tipos: inicial total, parcial ou tardia, seguindo a quantidade de exposição
à segunda língua oferecida pela instituição.
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Após a apreciação dos resultados obtidos em diversas pesquisas realizadas pelos autores
analisados no terceiro capítulo, pode-se averiguar algumas relevantes vantagens da aquisição
de uma segunda língua ainda na infância, antes dos seis anos de idade.
Hull e Vaid (2006) observaram ainda vantagens neurológicas do ensino bilíngue precoce,
considerando o resultado de suas pesquisas em que verificaram que há predominância de
desenvolvimento hemisférico bilateral em crianças bilíngues em oposição à predominância
do desenvolvimento do hemisfério esquerdo em crianças monolíngues.
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REFERÊNCIAS
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HULL, R.; VAID, J. Laterality and language experience. Texas: A&M University, 2006.
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B. V., 1986.
PIAGET, J. Linguagem e Pensamento Infantil. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1973.
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A NEUROPSICOPEDAGOGIA E OS
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
RESUMO: Esta pesquisa trata do tema Neuropsicopedagogia e dos Distúrbios de
Aprendizagem. Com base neste tema temos como objetivos apresentar os principais conceitos
e definições que englobam o tema Neuropsicopedagogia, além deste aspecto, esta pesquisa
visa abordar as questões relacionadas aos principais distúrbios de aprendizagem. O fracasso
escolar, por muitas vezes, está relacionado a falhas da aprendizagem, esses distúrbios podem
estar relacionados a diferentes áreas como leitura, escrita, ortografia, dentre outras, além
destes aspectos podem relacionar-se a coordenação do movimento, organização espacial,
etc. O não aprender do indivíduo pode estar relacionado a um distúrbio ou a uma dificuldade
escolar, nos dois casos, o indivíduo apresenta rendimento escolar abaixo da média nas
diferentes áreas de aprendizagem. O objetivo do diagnóstico é compreender globalmente
a maneira como a criança aprende e o que está ocorrendo neste processo dificultando a
aprendizagem, depois de especificado o problema parte-se então para o encaminhamento
de ações para solucioná-los.
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aprendizagem, suas causas e quais são as na sua capacidade de ser alterado e moldado
possibilidades de intervenção. pelas experiências ao longo da vida”.
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Na década do cérebro as ciências cognitivas se escolar é algo mágico, rico e desafiador. Todo
confundem com a neurociência, congregando ser humano pode encontrar esse caminho, basta
cientistas oriundos das áreas de filosofia, querer. As figuras abaixo nos alertam para tal
psicologia, antropologia, informática e direcionamento. (REZENDE, 2008, p.43).
computação, que procuram uma compreensão
extensiva da inteligência humana seja
descrevendo, simulando, reproduzindo, A Ciência e a Educação buscam esforços
replicando, ampliando, transferindo as para compreender como se aprende, tendo
capacidades mentais humanas. Abre-se um
campo de questões desafiadoras para a educação como principal processo a inter-relação
com uma nova ciência da aprendizagem. As do sistema nervoso, as funções cerebrais,
descobertas sobre a neuroplasticidade e a mentais e o ambiente. Por isso, a quantidade
melhor compreensão das funções mentais,
influenciam a prática educacional, as estratégias de pesquisas existentes em ambas as
em sala de aula e apontam para novas formas de áreas sobre a hipótese e possibilidade
ensinar. (OLIVEIRA, 2011, p.78-79) de que aprendizagem e comportamento
começam no cérebro e são mediados por
Segundo Rezende (2008), o nosso meio de processos neuroquímicos, fatos
cérebro (encéfalo) possui dois hemisférios, o dificilmente abordados durante a formação
esquerdo e o direito, com base nos estudos de educadores.
o hemisfério esquerdo é relacionado
aos aspectos cognitivos da linguagem e Segundo Rezende (2008), a escola busca
processamento verbal e o hemisfério direito uma forma de ensino e prática escolar que
seria responsável pela percepção de formas possa suprir as dificuldades de aprendizagem
e ortografia. Com base na autora esses dos alunos e não apenas seja responsável
dois hemisférios são diferentes e idênticos. pela transmissão de conteúdos, com isso, a
“São responsáveis pela inteligência e pelo neurociência pode contribuir na inclusão de
raciocínio, ou seja, atuam no aprender, saberes que auxiliem o professor e o aluno
lembrar, ler, agir por si mesmo e sobrevivem neste processo de ensino e aprendizagem.
à diferenciação da equipotencialidades. Um Neste sentido a autora afirma que “a
domina, com frequência, o outro”. (p.45). aprendizagem acontece sob dois aspectos:
de um lado, os conhecimentos construídos e/
A capacidade de pensar, organizar sistemas e ou reconstruídos e, de outro, os mecanismos
categorias, imaginar, sorrir, chorar, compreender,
aprender, é apenas um ponto de vista entre utilizados para construí-los”. (p. 29).
outros possíveis da capacidade cerebral.
Recuperar nos alunos esta percepção, conforme Quando falamos em educação e aprendizagem
mostram as figuras 03 e 04 abaixo, significa criar estamos falando em processos neurais, redes
estratégias de organização de uma metodologia que se estabelecem, neurônios que se ligam e
que avance em conhecimentos. Cada hemisfério fazem novas sinapses. É o que entendemos por
do nosso cérebro tem um comprometimento aprendizagem. Aprendizagem, nada mais é do
em algumas habilidades sejam elas, concretas, que esse maravilhoso e complexo processo pelo
analógicas, intuitivas, sintéticas, verbais, qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente,
racionais, simbólica, analíticas ou abstratas. ativa essas sinapses (ligações entre os neurônios
Buscar entre professores e estudantes, no por onde passam os estímulos), tornando-as
tempo e no espaço, essas aptidões no contexto mais intensas. A cada estímulo novo, a cada
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e discalculia (dificuldade para lidar com Segundo Tabaquim (2003) o estudo das
conceitos e símbolos matemáticos). questões neurobiológicas do comportamento
humano busca estabelecer relações entre os
O diagnóstico em psicopedagogia é processos mentais e as atividades celulares.
utilizado para avaliar quais fatores podem A Neuropsicologia estuda os distúrbios das
ocasionar as dificuldades de aprendizagem. funções superiores que são produzidos
De acordo com Ribeiro (2011) a dificuldade por alterações cerebrais e investiga os
de aprendizagem pode ser definida como distúrbios de comportamento adquiridos, é
um termo geral que se refere a um grupo uma ciência do conhecimento que estuda
heterogêneo de desordens manifestadas as relações entre cérebro e comportamento,
por dificuldades significativas na aquisição apresentando o funcionamento dos sistemas
e utilização da compreensão auditiva, da cerebrais individuais em seus diferente
fala, da leitura, da escrita e do raciocínio níveis, tanto em condições normais como
matemático. patológicas.
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Com base nas ideias de Ciasca (2003) sem uma organização cerebral integrada, intra e
interneurossensorial, não é possível que ocorra a aprendizagem normal, pois os processos
de codificação e decodificação são de extrema importância quando tratamos de problemas
de aprendizagem. As revelações de sinais neurológicos quase sempre são identificáveis nos
casos de crianças com dificuldades de aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As descobertas no campo da Neurociência são de
fundamental importância para a área de educação de
uma forma geral, pois estes estudos podem demonstrar e
explicitar como o cérebro funciona e como se estabelecem
as conexões e estímulos que geram as ações necessárias para
a capacidade de desenvolvimento da memória e apreensão
de conhecimentos, com o armazenamento de informações
recebidas neste processo.
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O fracasso escolar, por muitas vezes, está relacionado a falhas da aprendizagem, esses
distúrbios podem estar relacionados a diferentes áreas como leitura, escrita, ortografia,
dentre outras, além destes aspectos podem relacionar-se a coordenação do movimento,
organização espacial, etc. O não aprender do indivíduo pode estar relacionado a um distúrbio
ou a uma dificuldade escolar, nos dois casos, o indivíduo apresenta rendimento escolar
abaixo da média nas diferentes áreas de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
BARTOSZECK, Amauri Betini. 2007. Neurociência dos seis primeiros anos: implicações
educacionais. EDUCERE. Revista da Educação. Disponível em: <revistas.unipar.br/educere/
article/viewFile/2830/2098> Acesso em 05 mai. 2019.
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provinciais. Em 1837, foi criado o Colégio 1934, pela então criada Universidade de
Pedro II, na Corte, que servia como modelo São Paulo, e, em 1935, pela Universidade do
para os demais. Os professores, nesta época, Distrito Federal.
ainda não tinham uma instrução específica e
nem havia fiscalização. O Ministério de Educação e Saúde
foi criado em 1930 por Getúlio Vargas
A primeira universidade brasileira foi e em 1931 foi aprovado o Estatuto das
criada em 1920 no Rio de Janeiro, resultante Universidades Brasileiras. Conforme este
do Decreto n° 14.343, desta universidade estatuto as universidades poderiam ser
faziam parte faculdades profissionais que pública (de esfera federal, estadual ou
eram voltadas ao ensino em detrimento da municipal) ou particular e deveria incluir ao
pesquisa e mantinham a sua autonomia. mínimo três dos seguintes cursos: Direito,
Medicina, Engenharia, Educação, Ciências
As primeiras faculdades brasileiras foram e Letras. Essas faculdades mantinham sua
a de Medicina, de Direito e Politécnica autonomia jurídica, mas eram ligadas por
e estavam situadas em grandes cidades meio da reitoria.
e tinham como base de orientação um
propósito voltado à elite. Baseavam-se nos A Universidade do Distrito Federal foi
modelos franceses que eram voltados muito criada em 1935 e era voltada à renovação
mais ao ensino do que a pesquisa. Os cargos e ampliação da cultura, mesmo com poucos
eram vitalícios e o responsável pelo campo recursos econômicos, as atividades de
de saber, tinha o poder de escolher seus pesquisa foram estimuladas com o apoio dos
assistentes e mantinha essa posição ao longo professores e aproveitamento dos espaços.
da vida.
Com o apoio de professores estrangeiros
Em 1931, o Decreto N° 19.852/31 de e pesquisadores foi criada a Universidade de
Getúlio Vargas, estabeleceu o Estatuto São Paulo, em 1934, reunindo faculdades
das Universidades Brasileiras, elevando a tradicionais e faculdades independentes,
formação dos professores secundários ao originando a Faculdade de Filosofia, Ciências
nível superior. Foi, então, criada a Faculdade e Letras, (USP), que se tornou um dos grandes
de Educação, Ciências e Letras, com a centros de pesquisa do país, conforme
finalidade de se ampliarem os conhecimentos idealizado pelos seus fundadores.
das ciências “puras”.
Durante a Nova República, cada estado
A Faculdade de Ciências e Letras foi brasileiro passou a contar com uma
criada, porém não foi instalada, no entanto, universidade pública federal em suas
instalaram-se modelos de organizações capitais. Neste período também surgiram
responsáveis pela formação docente, em universidades religiosas, católicas e
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em planos e objetivos dos quais a universidade Com base nas ideias de Pimenta (2003)
pretende alcançar, todos voltados para o temos que é preciso que o professor
objetivo comum de favorecer o processo de do ensino superior aprenda a pensar e
aprendizagem. refletir coletivamente, expondo as suas
ideias, abandonando o hábito de executar
De acordo com Cunha (2004) o que se processos de planejamento, execução
espera dos docentes universitários é um e avaliação de suas atividades de forma
conhecimento aprofundado de sua área individual, tanto as relacionadas a pesquisa
de atuação, com base nas ciências e com quanto aquelas relacionadas ao ensino. Essa
profissionalismo, vinculando o saber com a mudança de concepção e prática docente
prática docente. Seria de grande importância deve ocorrer de maneira processual com a
conforme o autor, um aprofundamento construção de vínculos e com análise das
nos conhecimentos pedagógicos e uma situações vivenciadas, partindo assim para o
preocupação neste sentido, mesmo em se envolvimento com o grupo de trabalho.
tratando de alunos de nível superior, fato este
que não se encontra como uma preocupação Entendendo a Universidade como um serviço
de educação que se efetiva pela docência e
na história do ensino superior. investigação, suas funções podem ser sintetizadas
nas seguintes: criação, desenvolvimento,
O saber escolar é entendido como o conjunto transmissão e crítica da ciência, da técnica
dos conhecimentos selecionados entre os bens e da cultura; preparação para o exercício de
culturais disponíveis, enquanto patrimônio atividades profissionais que exijam a aplicação
coletivo da sociedade, em função de seus de conhecimentos e métodos científicos e para
efeitos formativos e instrumental. Longe de ser a criação artística; apoio científico e técnico ao
caracterizado como conjunto de informações desenvolvimento cultural, social e econômico
a ser depositado na cabeça do aluno, o saber das sociedades. (PIMENTA, 2003, p.270).
escolar constitui-se em elemento de elevação
cultural, base para a inserção crítica do aluno na
prática social de vida. (LIBÂNEO, 1990, p.12).
Segundo Veiga (2006) temos que estamos
diante de um processo de ampliação do
Segundo Pimenta (2003) temos três campo da docência universitária, desta
aspectos que podem contribuir para o maneira, é preciso considerar a docência
desenvolvimento profissional do professor como uma atividade especializada, à docência
universitário, as questões relacionadas a como profissão. A profissão é uma palavra
sociedade, como seus valores e as formas de construção social, segundo a autora,
de organização; o avanço da ciência no permeada por ações coletivas, nas quais os
decorrer dos anos; a consolidação de uma atores são os docentes universitários.
ciência da educação, que possibilite o acesso
aos saberes fundamentais no campo da As investigações sobre o processo de ensino
Pedagogia. e aprendizagem mostram novas formas,
novos desafios e demandas que requerem
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos anos 1990 ocorreram profundas modificações no
sistema educacional brasileiro, a LDBEN 9394/96 enfatiza
as dimensões sociais e políticas da atividade educativa,
incluindo a dinâmica escolar, o relacionamento da escola
com seu entorno mais amplo, a avaliação e a gestão.
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O sistema de pós-graduação brasileiro está dividido em lato sensu e stricto sensu, e visa
atender aos milhares de profissionais liberais, professores e estudantes que concluíram
algum tipo de curso superior, e que desejam complementar seus conhecimentos ou formação
acadêmica, para atividades de pesquisa e docência.
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REFERÊNCIAS
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Docência no ensino superior: construindo caminhos. Formação de educadores: desafios e
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PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no Ensino
Superior. São Paulo: Cortez, 2002.
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Sendo assim, educar é proporcionar buscando construir junto com elas novos
às crianças, condições para que as recursos, novas tentativas, de maneira que
aprendizagens aconteçam nas brincadeiras a aprendizagem seja alcançada. Passa então
e precisam ser orientadas pelos adultos de a ser necessária uma parceria de todos para
maneira intencional com teorias que surgem o bem-estar do educando. Cuidar e educar
das orientações pedagógicas. Para que isto envolve pesquisa, dedicação, cooperação,
ocorra é necessário vivencia o sentido, a cumplicidade e, especialmente, amor de
percepção. todos os responsáveis pelo processo, que
apresenta-se dinâmico e em constante
Nessa concepção, “o professor precisa evolução.
saber selecionar as situações importantes
dentro da sala de aula, percebendo o Em todas as situações onde se relaciona
sentido de forma a auxiliar no processo de com outros indivíduos, se é educador e
aprendizagem e desenvolvimento de cada educando, isso porque se ensina, aprende-se
criança” (VYGOTSKY, 1991). Entretanto, trocando experiências e pratica-se o cuidar
cabe ainda salientar que estas aprendizagens, e o educar nas mais variadas atividades
de natureza variada, acontecem de maneira do dia a dia. As crianças pequenas ainda
integrada no processo de desenvolvimento estão desvendando o mundo, tudo é novo,
infantil. precisa ser trabalhado e aprendido, não são
independentes e autônomas para os próprios
Desta maneira, o processo educativo cuidados pessoais, necessitam de ajudada e
efetua-se diversas maneiras: na família, orientação para construir hábitos e atitudes
na rua, nos grupos sociais e, também, na corretas, fomentadas na fala e aprimoradas
instituição. Educar, nesta primeira fase da em seu vocabulário.
vida, não deve ser confundido com cuidar,
ainda que crianças de zero ano precisem Os dizeres de MACHADO (2001, p.51)
de cuidados muito importantes para que lecionam que brincar, construir e expressar-
se assegure sua própria sobrevivência. O se é a mesma coisa.
que precisa então ser discutido não são os
cuidados que as crianças precisam receber, Por volta dos cinco anos, então, brincar, construir
e expressar-se podem ser uma coisa só: a criança
entretanto as formas como elas precisam constrói cenas, objetos, cenários para sua
recebê-los, já que se alimentar-se, assear- brincadeira enquanto está se auto-expressando,
se, brincar, dormir, interagir são direitos da verbalmente e de outras formas também,
imaginárias ou simbólicas. (MACHADO, 2001,
infância. p. 51)
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assim como engrossar e transformar-se em um bulbo ou tubérculo; o rizoma da botânica, que tanto pode funcionar como raiz, talo ou ramo, independente de sua localização na figura da planta, servindo para exemplificar um
sistema epistemológico onde não há raízes - ou seja, proposições ou afirmações mais fundamentais do que outras - que se ramifiquem segundo dicotomias estritas. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rizoma_(filosofia).
2 Atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer quando de sua execução, ou seja, divertir o praticante. Sumariamente teríamos as seguintes características sobre elas:- são brinquedos ou
brincadeiras menos consistentes e mais livres de regras ou normas;- são atividades que não visam a competição como objetivo principal, mas a realização de uma tarefa de forma prazerosa;- existe sempre a presença de motivação
para atingir os objetivos. Desde os filósofos gregos que se utiliza esse expediente para ajudar os aprendizes. As brincadeiras e jogos podem e devem ser utilizados como uma ferramenta importante de educação. Frequentemente,
as atividades lúdicas também ajudam a memorizar fatos e favorecem em testes cognitivos. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Atividade_l%C3%BAdica. Acesso em:
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A socialização implica na adaptação a certos padrões culturais existentes na sociedade, ou seja, é a tendência para viver em sociedade, é a civilidade (conjunto de formalidades, observadas entre si pelos cidadãos, quando bem
educados). Por socialização, escreve o sociólogo pernambucano Gilberto Freire (1900-1987) “É a condição do indivíduo (biológico) desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, em pessoa ou homem social, pela
aquisição de status ou situação, desenvolvidos como membro de um grupo ou de vários grupos.” Disponível em http://www.significados.com.br/socializacao/ acesso em: 2017
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4 Atribuir caráter humano a; conceder ou possuir condição humana: a narrativa humanizava os psicopatas; algumas entidades espirituais se humanizam na figura do ser humano. Tornar-se benéfico; fazer com que seja tolerável;
humanizar-se: humanizar um ofício, uma doutrina; o governo humanizou-se quando ouviu o povo. Tornar-se civilizado; atribuir sociabilidade a; civilizar-se: humanizar uma pessoa incivil; o Papa se humanizou através do convívio
com os fiéis. v.t.d. Regionalismo. Domar animais. (Etm. do francês: humaniser). Disponível em http://www.significados.com.br/?s=humanizar acesso em: 2017
5 Aculturação é o conjunto das mudanças resultantes do contato, de dois ou mais grupos de indivíduos, representante de culturas diferentes, quando postos em contato direto e contínuo. O termo assimilação é o que define todo
o processo que diz respeito às mudanças na personalidade das pessoas envolvidas no processo de aculturação. Disponível em http://www.significados.com.br/aculturacao/ acesso em:
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formas, pontos, tanto bidimensional como por meio das práticas artísticas; a apreciação
tridimensional, além de volume, espaço, cor e luz artística – que visa desenvolver a capacidade de
na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, percepção e sentido das obras artísticas, tanto
na arquitetura, nos brinquedos, bordados, em relação aos elementos da linguagem visual
entalhes etc. (BRASIL, 1998c, p.85) quanto da linguagem material; a reflexão – que
promove o pensar sobre os conteúdos das obras
artísticas, a partir de questionamentos e dúvidas
Através destas organizações artísticas, levantadas pelos alunos sobre suas próprias
criações e também sobre outras produções.
podemos levar o educando tanto a refletir (BRASIL 1998c, p.89)
a realidade a sua volta, como também a
conhecermos mais da sua realidade, e Essas dimensões são fundamentais
adaptarmos os objetivos educacionais a para desenvolvermos e revertermos os
percepção dele, objetivando uma ampliação paradigmas educacionais 6 que identificamos
dupla: de sua capacidade de percepção e da nas passagens anteriores. Apenas com
melhoria da comunicação dessa percepção. soluções novas e criativas poderemos enfim
tocar intelectualmente os alunos, e o ensino
Por meio deste processo comunicativo, de artes pode proporcionar essas soluções.
podemos receber melhor as opiniões iniciais
destes educandos, e como eles percebem
suas relações com os pais/responsáveis, O LÚDICO COMO
professores, colegas de classe, instituições, ESTRATÉGIA DA AÇÃO
percepções midiáticas, e respeitando os
graus de maturação individuais, conseguimos
PEDAGÓGICA NO CONTEXTO
aprimorar nossa prática cotidiana. ESCOLAR
Precisamos utilizar várias dimensões para Após constatarmos as dificuldades do
o alcance do sucesso educacional, utilizando trabalho educacional, tanto as questões
o ensino de artes como uma solução criativa: rotineiras de preparação de aulas e
precisamos estimular o fazer artístico motivação para a aplicação das mesmas,
(para ouvirmos as opiniões e capacidades além de constatarmos mais especificamente
individuais), estimular a apreciação artística das particularidades no ensino de arte, como
(para ensinar os educandos a ouvirem a objetivação conceitual de ideias subjetivas
outras opiniões e possibilidades) e por fim, e difundidas de forma diferenciada em vários
estimular a reflexão artística (para confirmar, meios, percebemos uma crise de significado
desconstruir ou aprimorar as opiniões e que gera um pedido de ajuda docente.
capacidades individuais dos educandos):
Percebemos que esta crise se agrava à
[...] sugere que a prática das Artes Visuais, no medida que a participação familiar e a falta de
interior das instituições escolares, seja abordada
sob três dimensões principais: o fazer artístico espaço para a expressão individual dos alunos
– que busca desenvolver a criação pessoal é diminuída. Além de termos percebidos
6 Um paradigma educacional é um modelo usado na área da educação. Paradigmas inovadores constituem uma prática pedagógica que dá lugar a uma aprendizagem crítica e que causa uma verdadeira mudança no aluno. O
paradigma usado por um professor tem grande impacto no aluno, muitas vezes determinando se ele vai aprender ou não aprender o conteúdo que é abordado. A forma de aprendizagem das novas gerações é diferente das gerações
anteriores, e por isso um paradigma conservador não terá grande eficácia. Disponível em http://www.significados.com.br/paradigma/ acesso em:
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que o ensino de arte pode proporcionar práticas precisam fazer sentido para fazerem
essas soluções novas e criativas, tanto no os educandos identificarem qual relação elas
aspecto da expressão individual, quanto na têm com sua própria realidade:
admiração pelo trabalho do outro e mais
além na capacidade de reflexão do mundo. [...] as práticas educacionais surgem de
mobilizações sociais, pedagógicas, filosóficas, e,
no caso de arte, também artísticas e estéticas.
Vemos que os desafios identificados Quando caracterizadas em seus diferentes
podem encontrar como caminho a momentos históricos, ajudam a compreender a
questão do processo educacional e sua relação
comunicação. E a comunicação pode com a própria vida. (FERRAZ; FUSARI, 1993,
ser feita de diferentes formas, sendo as p.27)
diversas expressões artísticas das histórias
do mundo, oportunidades de discussão das Identificar essa responsabilidade do
mais variadas temáticas de desenvolvimento ensino lúdico, em especial o das artes visuais,
humano, por exemplo, desde a busca é tarefa fundamental para a tomada de
global desenfreada por bens materiais consciência da importância que o professor
(consumismo causado pelo capitalismo), até de artes tem na formação individual dos seus
a falta de recursos para a reforma estrutural educandos:
de várias partes da escola onde estudam.
As expressões artísticas diversificadas são [...] tal como a música, as Artes Visuais são
linguagens, e, portanto. uma das formas
um meio de comunicação fundamental para importantes de expressão e comunicação
aprimorarmos nossa didática e aprimorarmos humanas, o que, por si só, justifica sua presença
nossa ‘língua do mundo’: no contexto da educação, de um modo geral, e
na Educação Infantil, particularmente. (BRASIL,
1998c, p.85)
A comunicação entre as pessoas e as leituras de
mundo não se dão apenas por meio da palavra.
Muito do que se sabemos sobre o pensamento
e os sentimentos das mais diversas pessoas, Através de provocações estéticas,
povos, países, épocas são conhecimentos que é que se pode mediar à construção destes
obtivemos única e exclusivamente por meio de
suas músicas, teatro, pintura, dança, cinema, etc. saberes reflexivos diversos. Ao perceber as
(MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p.14) temáticas preferidas pelos alunos podemos
perceber suas principais indagações.
Ao discutir com a turma as produções
Essa construção semântica se aprimora no estéticas individuais, o aluno sente que suas
reforço contínuo das práticas educacionais. manifestações artísticas têm importância,
Essas práticas necessitam ser expressivas, que seu ‘conteúdo pessoal’ existe e pode ser
de reflexão social, da filosofia cotidiana, de compartilhado com outros iguais.
práticas pedagógicas visando o indivíduo,
da discussão e expressão de momentos Nós precisamos desta atenção constante,
históricos recentes e passados. Essas esta necessidade de nos colocarmos
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disponíveis para a escuta dos nossos alunos. em sua atuação, é preciso saber desafiá-los
E dentro destas possibilidades notamos intelectualmente, criar provocações que
uma que pode se sobressair ainda mais: o sejam encaradas como desafios a inteligência
uso do lúdico, da brincadeira, como forma individual:
de desenvolver a criatividade, apresentar
conhecimentos através de jogos, de forma Há brinquedos que são desafios ao corpo, à sua
força, habilidade, paciência... E há brinquedos
divertida e interativa com os outros. que são desafios à inteligência. A inteligência
Precisamos usar o lúdico como ferramenta de gosta de brincar. Brincando ela salta e fica mais
mediação dos conteúdos, segundo Martins: inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a
inteligência. Mas se ela tem de fazer coisas
que não são desafios, ela fica preguiçosa e
A atitude mediadora exige de nós o estar emburrecida. Todo conhecimento científico
disponível e atento ao outro, seja como começa com um desafio: um enigma a ser
observador ou como ouvinte, percebendo
decifrado! (ALVES. 2004, p.39).
conceitos e pré-conceitos, as preferências
e o que causa estranhamento. Ludicamente
podemos chegar até nossos alunos por vias mais
ousadas, menos “escolares”, mais repletas de Essa citação do recém falecido Rubem
vida que a arte reflete. (MARTINS,2005, p.121). Alves nos deixa um conselho com várias
dicas: precisamos de brinquedo para
inteligência, pois brincando ela salta e fica
A partir do momento que conseguimos mais inteligente ainda, se não há um desafio
desconstruir os paradigmas educacionais intelectual, a inteligência fica preguiçosa e
que trazem o tradicional na educação para estimular essa busca científica, é preciso
vertical, que consideramos o individual para de um enigma que cause desejo em ser
a reconstrução do processo e utilizamos a decifrado. O professor deve trazer consigo o
educação em artes como ferramenta criativa desejo de ensinar coisas úteis para estimular
para um novo fazer, instrumentalizar essa a arte de aprender contínua.
atuação faz-se necessário.
A comunicação lúdica, sem aquele
Precisamos considerar a inteligência tom monótono tradicional, que estimula
individual para a aprimorarmos, e a à criatividade ao invés da imposição de
inteligência gosta de brincar, quando ela informações, que estimula a expressão
não encontra lugar para se expressar, ao invés da rispidez da imposição de
ela se deprime e míngua. Da mesma conhecimentos, que estimula os sorrisos ao
forma que exercícios físicos tonificam o invés da crítica inerte, que estimula os elogios
corpo material, brincadeiras intelectuais sinceros às atuações positivas intelectuais ao
tonificam a inteligência. E identificar o que invés dos comentários depreciativos, enfim,
estimula a inteligência dos educandos é um essa relação sincera e profunda, é à base de
desafio, é preciso ter mais do que dados e uma educação concreta e eficaz.
informações, é preciso ser inteligente e sábio
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que o outro exerça também seus direitos. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais.
Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país. Disponível em http://www.significados.com.br/cidadania/ acesso em: 2017
8 Eloquente significa ser convincente, persuasivo e expressivo. Um indivíduo eloquente é aquele que possui a arte e o talento de convencer ou comover outras pessoas apenas falando. Ser eloquente é a arte de falar bem, é ter o
dom da oratória. Ser eloquente é uma característica muito importante nos dias atuais, as pessoas que tem facilidade em se expressar e convencer outras pessoas, acabam sempre tendo maiores benefícios em quem possui certa
timidez, ou não gosta de falar em público. Disponível em http://www.significados.com.br/eloquente/ acesso em: 2016
9 Cognitivo é uma expressão que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento (cognição). A cognição envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que
fazem parte do desenvolvimento intelectual. A psicologia cognitiva está ligada ao estudo dos processos mentais que influenciam o comportamento de cada indivíduo e o desenvolvimento intelectual. Segundo o epistemólogo e
pensador suíço Jean Piaget, a atividade intelectual está ligada ao funcionamento do próprio organismo, ao desenvolvimento biológico de cada pessoa. A teoria cognitiva criada por Piaget, defende que a construção de cada ser
humano é um processo que acontece ao longo do desenvolvimento da criança. O processo divide-se em quatro fases:
Sensório-motor (0 – 2 anos)
Pré-operatório ( 2 – 7 anos)
Operatório-concreto ( 8 – 11 anos)
Operatório-formal (a partir dos 12 anos até aos 16 anos, em média)A terapia cognitiva é uma área de estudo sobre a influência do pensamento no comportamento do indivíduo. A junção dos dois conceitos levaram à criação da
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ser um contexto familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade. O relacionamento interpessoal implica uma relação social, ou seja, um conjunto de normas comportamentais que orientam as interações entre membros de uma
sociedade. O conceito de relação social, da área da sociologia, foi estudado e desenvolvido por Max Weber. O conteúdo de um relacionamento interpessoal pode ser de vários níveis e envolver diferentes sentimentos como o
amor, compaixão, amizade, etc. Um relacionamento deste tipo também pode ser marcado por características e situações como competência, transações comerciais, inimizade, etc. Um relacionamento pode ser determinado e
alterado de acordo com um conflito interpessoal, que surge de uma divergência entre dois ou mais indivíduos. Por outro lado, o conceito de relacionamento intrapessoal é distinto mas não menos importante. Este conceito remete
para a aptidão de uma pessoa de se relacionar com os seus próprios sentimentos e emoções e é de elevada importância porque vai determinar como cada pessoa age quando é confrontada com situações do dia-a-dia. Para ter
um relacionamento intrapessoal saudável, um indivíduo deve exercitar áreas como a autoafirmação, automotivação, autodomínio e autoconhecimento. Disponível em http://www.significados.com.br/relacionamento-interpessoal/
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Ao pensar na palavra arte, por exemplo, o aluno precisa compreender o significado que esta palavra expressa.
Para aprender o significado, precisa saber relacionar outras informações mais simples. Quando for capaz de
dizer o que é arte usando o seu repertório simbólico é sinal de que foi capaz de perceber um conjunto de
aspectos de sua estrutura que, reunidos e interligados, deram a ideia do que constituí uma obra de arte. Neste
caso, o aluno ficou de posse de um conjunto significativo de informações inter-relacionadas que ajudam a
entender quando alguém fala sobre arte ou quando se expressa através dela. (SANTOS, 2006, p.21).
Por fim, se obteve que a educação carrancuda, vertical e que impõe conteúdos, não tem
mais espaço na identificação da crise que vivemos. Percebemos que a brincadeira com
objetivo, tendo os aspectos lúdicos mais relevância do que as lições formais, é um caminho
fundamental nesta solução, finalizamos com esta citação do poeta Carlos Drummond de
Andrade:
Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é
vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo pudemos constatar algumas considerações
finais. O lúdico é uma ferramenta que sempre foi usada no
ensino e tem eficácia, como vimos por muitos autores citados.
Também, vemos que é nos espaços lúdicos, nos jogos e nas
brincadeiras ali desenvolvidos que podem servir de apoio
ao professor, para diagnosticar as dificuldades discentes,
os seus desenvolvimentos nas questões de estratégias, o
respeito às regras e ao colega. Sendo assim, pode-se afirmar
que o educador estará mais próximo das crianças, quando
as atividades são lúdicas e mais dinâmicas. ANA MARIA RODRIGUES
MARTIM
Sabemos que utilizar menos o lúdico não é a resposta.
Graduação em Pedagogia pela
Saber como implementar o lúdico na educação infantil é Universidade Guarulhos (2004);
ainda a melhor forma de conquistar a criança. Pode-se Especialista em Psicopedagogia
assim com este estudo se constatar que o lúdico vivenciado pela Universidade .(2008);
Professor de Educação Infantil e
no contexto escolar, em relação às crianças, facilita-lhes a Ensino Fundamental - na EMEF
aprendizagem e o desenvolvimento integral em todos os Antonio Carlos de Andrada e
aspectos. Enfim, o lúdico desenvolve o indivíduo como um Silva, Professor de Educação
Básica I - na E.E. Prof. “Victório
todo, e, por isso, a educação infantil usa este método como Napoleão Oliani”
fonte de formação para as crianças.
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O PAPEL DO PROFESSOR DE
EDUCAÇÃO INFANTIL NA
ATUALIDADE
RESUMO: No decorrer das últimas décadas, a educação infantil no Brasil vem sofrendo mudanças
significativas, bem como o papel do professor e o que deve ser ensinado para os bebês e as crianças
pequenas. Importantes acontecimentos legais como a constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação marcam estudos e esforços para adequar as crianças de zero a cinco anos
de idade a educação básica no Brasil. Influências da proposta Construtivista, baseada na teoria
Piagetiana começam a desenhar um novo cenário para a educação infantil, vindo a romper com
a proposta tradicional mecânica de ensino, dando espaço para os jogos e brincadeiras como um
elemento fundamental para o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Em face
ao novo contexto educacional, o papel do professor também precisou ser modificado abrindo
mão do controle absoluto pedagógico, e passando a adquirir um papel de mediador e facilitador
na aprendizagem de seus alunos, dando o devido valor a brincadeira como a ferramenta para a
criança se expressar, aprender e se desenvolver.
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A partir da década de 1990 em contradição como, quando e onde o jogo deva acontecer,
a essa prática de ensino, muitas instituições estando atrelado ao horário do intervalo, ao
educacionais começaram a adotar a proposta término das atividades escolares ou até como
Piagetiana. jogo associado às atividades pedagógicas
com fins de transmissão de conteúdos, sem
Para Krammer, (1999, apud a manifestação espontânea da criança.
SAMMERHALDER & ALVES 2011), os
estudos de Piaget que se sustentavam sobre Ao tornar parte na Educação Básica,
a investigação do processo de construção a partir da LDB, em 1996, a Educação
do conhecimento nos indivíduos, foram Infantil é chamada a refletir sobre a questão
transpostos para o campo pedagógico como curricular ao mesmo tempo em que garante
no caso de Emília Ferreiro, que estudou a especificidade da educação e cuidado dos
a psicogênese da alfabetização, trazendo bebês e crianças pequenas.
contribuições extremamente relevantes à
questão da alfabetização e à compreensão Anos depois, essas questões foram
do processo de aprendizagem do sistema especificamente tratadas nas Diretrizes
da língua escrita. A proposta construtivista, curriculares Nacionais para a Educação
baseada na teoria piagetiana, é caracterizada Infantil. A mesma cita a importância do
por essa autora de Tendência Cognitiva, planejamento de um currículo de Educação
cuja proposta para a educação pré-escolar Infantil ter como eixos norteadores a
enfatiza a construção do pensamento infantil interação e a brincadeira.
no desenvolvimento da inteligência e da
autonomia. As experiências vividas pelas crianças em suas
brincadeiras e seus jogos passam a ser vistas
como momentos construtivos e de riqueza
Nessa direção, Sommerhalder e Alves ( para o enriquecimento de conteúdos, de
2011, p. 51) nos elucida que: comportamentos ou de interesses das crianças
(SOMMERHALDER E ALVES, 2011, p.52)
A abordagem construtivista considera o brincar
como um elemento fundamental para o processo
de desenvolvimento e aprendizagem da criança, Nesse contexto o professor de educação
dado que esse seria uma forma da criança infantil, passa a ocupar o papel de mediador
resolver problemas e/ou situações problemas entre as crianças e a aprendizagem, utilizando
que surgem a partir de sua interação com o
meio. Com isso valoriza-se a presença do jogo interações e brincadeiras como fonte rica e
educativo da criança na educação infantil. imprescindível para que novas aprendizagens
o corram.
A presença do jogo na educação infantil
passa a ser vista como importante, mas na As práticas vivenciadas no espaço de
prática, ainda ocupa um lugar em que é educação Infantil, passam a ser vistas como
o professor que detém o controle sobre um instrumento que possibilita à criança
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Nessa direção, Emerique (2004, apud SOMMERHALDER & ALVES, 2011) por fim nos
acrescenta:
[..]penso que o próprio processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande
brincadeira de esconde-esconde ou de caça ao tesouro: tanto uma criança pré - escolar
brincando num tanque de areia, quanto um cientista pesquisando no laboratório de uma
universidade, estão lidando com sua curiosidade, com o desejo de descoberta, com a
superação do não saber, com a busca do novo, que sustentam a construção de novos saberes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição Federal de 1998 reconheceu a educação
de crianças de zero a cinco anos como direito do cidadão
e dever do Estado. Tal concepção também aparece na na
Lei de Diretrizes e bases da educação Nacional(1996),
compreendendo a criança como sujeito histórico social e de
direitos.
Perante a dicotomia ensinar e brincar, a ação lúdica da criança por muito tempo foi
restringida pela total direção do professor, em momentos pré estabelecidos como jogo
educativo ou como momento de recreação sem a devida intenção e atenção pedagógica
como um momento de construção de novos saberes.
.Além das teorias de Piaget, autores como Kishimoto, Sommerhalder, Alves, Oliveira,
Winnicott, Piccolo, entre outros citados e abordados no presente trabalho, trouxeram
importantes considerações sobre a importância do jogo e da brincadeira como um recurso
privilegiado de ensino e aprendizagem, sendo definido por Winnicott como uma forma
básica de viver.
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Por fim, unimos a elas nossos anseios, para que cada vez mais dentro das salas de aula de
educação infantil, tenhamos professores brincantes, envolvidos e comprometidos com uma
aprendizagem mais significativa para nossas crianças.
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para a criança surda, caso contrário, haverá Quando esse problema acontece no
um enorme risco dela se tornar atrasada no aparelho médio, costuma ser por causa de
seu desenvolvimento global. algum traumatismo, no qual houve uma
perfuração do tímpano ou alguma alteração
As crianças com deficiência auditiva grave na parte dos ossinhos, podendo ser
e não conseguirem se comunicar oralmente, decorrência de uma má formação genética.
quando nascem em uma família ouvinte, que Os médicos observam em que local é
desconhecem a LIBRAS (Linguagem Brasileira a alteração para diagnosticar se houve
de Sinais), acabam não ouvindo as conversas, ou não algum problema e com isso pode
as palavras carinhosas, várias atividades destacar três tipos diferentes: a condutiva
como ouvir uma história, canções de ninar, e ou de transmissão, a neurossensorial ou de
diversos momentos de prazer pela palavra de percepção e a mista.
um adulto da família. E com isso ocorre um
prejuízo na construção de conhecimentos A surdez condutiva ou de transmissão é
da cultura no qual esta inserida e da língua quando ocorre algum problema na região do
propriamente dita, disponível às crianças ouvido externo ou no médio, impedindo ou
que escutam, desde quando nascem. dificultando a transmissão das ondas sonoras
até o ouvido interno.
Quando ocorre a exposição em LIBRAS,
as crianças surdas podem usufruir de todas Esse tipo de surdez geralmente não é muito
essas atividades, diminuindo, ou melhor, grave e nem duradora, com um tratamento
anulando esse atraso, as crianças por serem médico ou quando necessário uma pequena
curiosas e atentas aprendem com muita cirurgia acaba resolvendo esse problema.
facilidade os sinais e conseguem se expressar
rapidamente com os adultos que fazem uso A surdez condutiva altera na quantidade
dessa linguagem. da audição, não na sua qualidade, o grau
de perda auditiva fica até 60 decibéis,
A deficiência auditiva pode ser qualquer e normalmente não são graves para o
alteração produzida ou no órgão em si ou desenvolvimento da linguagem oral.
na via auditiva. O nosso aparelho auditivo é
dividido em: ouvido externo, ouvido médio e Nos casos de surdez neurossensorial ou
ouvido interno. de percepção a área na qual o problema
esta situado é no aparelho interno ou na
Esses problemas algumas vezes ocorrem via auditiva para o cérebro. É um problema
por uma otite, malformações ou falta do de origem genética, geralmente produzida
pavilhão auditivo. por intoxicação (uso de medicamentos),
por alguma infecção (meningite é um dos
maiores causadores de problemas auditivos),
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Revista Educar FCE - Março 2019
ou por alterações vasculares e dos líquidos certa para ser implantado, para poder ajudar
linfáticos do ouvido interno. na formação da linguagem, entre outros
problemas.
Essa surdez afeta tanto a quantidade
como a qualidade da audição, fazendo com A implantação deve ser estudada caso a
que a pessoa escute menos, mas ouve caso, para que aconteça o melhor para essa
sons retorcidos, por causa aos possíveis pessoa que precisa.
resquícios auditivos de que a criança dispõe,
dependendo também da idade com que isso A surdez mista é quando a pessoa é
ocorreu, faz diferentes tipos de alterações, prejudicada tanto no ouvido interno ou na
ou seja, a frequência é diferente. via auditiva como no canal auditivo externo
ou médio. Sua origem pode ser por causa da
Costuma ser uma surdez permanente, pois surdez neurossensorial ou uma confluência
ainda não temos recursos para se tratar desse de causas próprias de cada tipo de surdez,
problema, nem mesmo com uma intervenção alguns casos uma alteração condutiva pode
cirúrgica para restabelecer a zona prejudicada acabar se estendendo ao ouvido interno e
e recuperar se quer parte da perda da provocando a surdez mista, várias alterações
audição; mas vem se desenvolvendo uma ósseas que podem afetar o componente
nova técnica, um implante coclear, que abre ósseo do ouvido de forma progressiva, à
uma grande possibilidade para as pessoas principio se manifesta em uma afecção
que apresentam esse problema. do ouvido médio podendo fazer com que
ocorra uma perda auditiva significativa ou
Esse implante consiste na introdução, até completa.
isso no ouvido interno, por meio de uma
operação, de um dispositivo eletrônico que O fator de variação do nível de surdez
transforma os sons externos em estimulação tem uma grande variabilidade, que muda
elétrica, fazendo com que as aferências conforme a idade da perda, a reação
sobre o nervo coclear, fazendo com que a emocional dos pais e parentes, com os
pessoa surda receba uma sensação auditiva transtornos que podem ocorrer junto, com o
e, reeducando de forma seu ouvido, para desenvolvimento da criança.
conseguir discriminar a linguagem e os sons.
Dois grandes fatores são as causas mais
Sabemos que uma intervenção cirúrgica, comuns que podem ser o motivo da surdez,
assim tão drástica tem seus prós e seus uma é a base hereditária e as adquiridas,
contras, e esse aparelho não estabelece a mas cerca de um terço das pessoas com
audição, significando que é necessário um deficiência auditiva não tem um diagnóstico
prolongado processo de reabilitação, e tem exato, sendo de origem desconhecida.
uma duração limitada , e tem uma idade
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Não é fácil determinar a causa da surdez, alguns sons e outros não. Entender toda essa
cerca de 30 a 50% é por causas hereditárias, complexidade inerente às perdas auditivas
sendo a principal razão, de origem genética é importante para perceber que diferentes
tem caráter recessivo. Em muitos casos a pessoas com perdas auditivas leves podem
perda da audição das crianças com pais escutar, ou não, sons diferentes.
ouvintes é genética, levando em conta que
apenas 10% das pessoas surdas têm pais O que merece muita atenção é o fato de que
também surdos. tanto a perda leve quanto a moderada pode
trazer algum prejuízo para a compreensão da
A surdez adquirida na maioria dos casos fala, visto que ambas concentram-se na faixa
esteja associada a outras lesões ou outros de percepção desse tipo de som.
problemas, sendo neonatal, várias infecções,
incompatibilidade de Rh ou rubéola, O grau pode ser avaliado por sua
podendo explicar vários casos em que as intensidade em cada um dos ouvidos em
crianças possuem surdez profunda, com função de diversas frequências, sendo
causa hereditária, com níveis intelectuais medidas em decibéis (dB).
mais elevados que os surdos com outro tipo
de etiologia. O grau de perda é classificada em quatro
níveis: leve, médio, sério e profundo.
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Quando atendemos crianças com dos pais diante desse fato, podendo ser o
problemas auditivos, precisamos levar mais e improvável, há pais que tentam negar a
em conta todos esses dados e estudos. existência de uma deficiência, tratando o filho
As crianças surdas pré-locutivas precisam como se fosse uma criança ouvinte, outros
aprender uma linguagem totalmente nova, desenvolvem atitudes de superproteção,
que nunca tiveram contato, pois não possuem colocando a criança dentro de um globo de
experiência com o som. Nas crianças que vidro, já os pais que tratam com uma forma
perderam a audição entre o segundo e o mais positiva, aceitam as consequências da
terceiro ano de idade conseguem chegar a surdez, criando um ambiente descontraído
um maior nível de competência linguística, de comunicação e se dispõem a aprender
mas sua estrutura ainda é frágil, mas o e a utilizar com seu filho uma comunicação
objetivo continua sendo a aquisição de um mais enriquecedora, fazendo com que a
sistema linguístico organizado quando a criança consiga desenvolver uma forma de
criança perde a audição. Quando a criança linguagem para se comunicar com as pessoas
perde a audição depois dos três anos, do seu circulo familiar e de amigos.
quando consideramos que ela consiga falar,
o objetivo é manter a linguagem já adquirida, Outro fator que diferencia e muito quando
enriquecê-la e complementá-la. a criança é surda e seus pais também são
surdos, pois aceitam com mais facilidade
a surdez da criança, compreendendo
ALGUNS FATORES melhor sua situação e oferecendo desde
QUE INTERFEREM NO cedo a criança um sistema adequado de
comunicação, a linguagem de sinais, que ela
DESENVOLVIMENTO adquirirá com maior facilidade.
Várias diferenças que as crianças com Os pais ouvintes, que são a maioria no
deficiência auditiva podem apresentar caso de crianças surdas, embora tenham
não dependem somente dos aspectos uma competência maior na linguagem
médicos, associados ao tipo, ou o grau e oral, demonstram maior dificuldade para
nem à época em que a surdez apareceu. encontrar um modelo de comunicação
Existem outros problemas capazes de adequada e o maior problema é que não
modificar substancialmente o curso do conseguem se colocar no lugar de seu filho,
desenvolvimento da criança. não compreendendo direito as experiências
vividas pela criança surda.
Muito depende da atitude os pais frente
da surdez de seu filho, influenciando A melhor forma de se garantir um
consideravelmente o seu desenvolvimento. desenvolvimento satisfatório é quando
É claro que ninguém pode prever a atitude a criança tem a possibilidade de receber
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a atenção adequada quando se detecta a surdez logo. A criança precisa de uma atenção
educativa que inclua a estimulação sensorial, com atividades comunicativas e expressivas, a
utilização da linguagem de sinais se a criança tiver uma surdez profunda, o desenvolvimento
simbólico, o envolvimento dos pais e a utilização dos resquícios auditivos da criança
favorecendo a superação das suas limitações decorrentes da surdez.
Uma educação adequada é a melhor maneira para um bom desenvolvimento nas crianças
surdas, quando é adaptada às suas possibilidades, com o uso de meios comunicativos de
que a criança necessita, facilitará e muito a sua aprendizagem, claro que esses objetivos são
mais difíceis de alcançar quando a criança com a deficiência precisa se acomodar a modelos
educativos que foram estabelecidos pensando apenas em crianças ouvintes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos perceber que quanto antes as crianças são
diagnosticadas com alguma deficiência auditiva, mas fácil
será a sua comunicação, pois percebido o problema o
quanto antes começar a ensinar a ela a língua de sinais, mais
fácil será a sua comunicação e não perdera nada no seu
desenvolvimento, pois crianças deixadas de lado por não se
comunicarem, vão perdendo o interesse na comunicação e
muitas vezes não se desenvolvem adequadamente.
Não podemos considerar que as crianças com deficiência auditiva seja tratada como um
incapaz, pois não é.
Podemos perceber também que quando a criança é tratada por pais que apresentam o
mesmo problema que ela, eles são capazes de mostrar os sinais desde bem cedo, fazendo
com que a criança consiga se comunicar de forma clara, desde pequena, por isso é bom
destacar a importância em se diagnosticar com rapidez o problema auditivo.
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Crianças com algum tipo de deficiência auditiva não passam por várias experiências que
as demais crianças passam, mas conseguem se adequar e acompanhar facilmente uma sala
de aula dita normal, claro que várias atividades serão complicadas, mas tudo se olhando
do ponto de vista de uma pessoa com deficiência auditiva, depois acaba se tornando uma
prática inventar atividades que possam incluir a todos, sempre pensando em todos.
Dentro das escolas, podemos ter alguns alunos que possuem alguma forma de deficiência
auditiva e podem não terem sidos diagnosticados, e precisamos ter um pouco de tato,
observar e fazer alguns testes, especialmente com aqueles alunos que são desatentos, os
que quase não falam com mais de três anos de idade e até mesmo aqueles que falam alto
demais, mesmo estando do lado da pessoa com quem quer se comunicar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-
Libras e art.18 da Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000.
FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante. Rio de Janeiro:
WalPrint Gráfica e Editora, 2007.
FIGUEIRA, A. S. Material de apoio para o aprendizado de LIBRAS. São Paulo: Phorte, 2011.
GORGATTI, M.G; COSTA, R.F. Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas
com necessidades especiais. 2ª edição. Barueri: Manole, 2008.
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AS TEORIAS DO CURRÍCULO E
SUA RELAÇÃO COM AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NOS DIAS ATUAIS
RESUMO: Este artigo tem por objetivo apresentar através de pesquisa bibliográfica, demonstrar
mediante um panorama, as diferentes teorias do currículo e sua aplicabilidade nas escolas
promovendo uma análise das diferentes teorias curriculares e o cotidiano da sala de aula;
abordando o processo histórico destas teorias e a constituição do currículo oculto frente ao
currículo formal no processo de ensino – aprendizagem e nas relações professor – aluno. As
reorganizações curriculares afetam diretamente as práticas docentes, seja na didática como
no processo de avaliação do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. As pedagogias
participativas apresentam propostas que buscam promover consideráveis reflexões sobre as
práticas na sala de aula e na qualificação dos registros do processo educativo dos alunos.
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o que lhes permite o acesso dos graus superiores do sistema educacional. As crianças e jovens das classes
dominadas, em troca só podem encarar o fracasso, ficando pelo caminho’’. (SILVA, 2010).
As teorias se direcionam para as Teorias Pós – Críticas, que trazem as relações entre o
currículo e o multiculturalismo, sendo um movimento de reivindicações das minorias, dos
excluídos, sendo um movimento legítimo de luta por igualdade de direitos, e por políticas
públicas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste artigo foi de explicitar a concepção de
currículo e sua prática nas escolas, de modo a favorecer a
compreensão do currículo pelos diferentes autores, bem
como as teorias curriculares e suas influências principalmente
para as classes menos favorecidas da sociedade.
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Revista científica multidisciplinar núcleo de conhecimento.
Ano 2, vol.1, p.508-526, abril de 2017. ISSN-2448-0959.
FREIRE, PAULO. O sentido da aprendizagem. In: Paixão de aprender. Petrópolis, RJ: Vozes,
1992.
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA
PSICOPEDAGOGIA
RESUMO: Neste artigo correlacionarei o lúdico como ferramenta psicopedagógica. A
palavra lúdico pode ser definida de várias formas, do ponto de vista educacional, segundo
ANTUNES,2003,p.17.”.. essencialmente visam estimular o crescimento e aprendizagem”. O
jogo é uma atividade que pode ser expressiva ou geradora de habilidades cognitivas gerais e
específicas PIAGET (2005) relaciona o jogo com a aprendizagem e o define também com um
comportamento que distorce a realidade para servir de papel expressivo no desenvolvimento
de certas habilidades cognitivas, mas não gerador da constituição do pensamento na criança.
Atraves dos jogos a criança pode reviver suas alegrias, seus medos, seus conflitos, resolvendo-
as a sua maneira e transformam sua realidade naquilo que desejam, internalizando regras de
conduta e valores que orientarão seu comportamento, com uma proposta criativa e recreativa
de caráter físico, mental e social A criança que brinca esta desenvolvendo sua linguagem oral,
seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo conceitos de
relações de conservação, classificação, seriação, aptidões visu-espaciais e muitas outras.
(ANTUNES, 2003, P.19). Ela desenvolve, ainda, sua imaginação, atenção, imitação e memória,
além de amadurecer algumas competências para a vida coletiva, por meio da interação e da
utilização de regras e papéis sociais Ao brincar, a criança explora tudo o que pode naquele que
lhe é oferecido, questionando ou entrevistando e buscando o que está vivenciando, explorando
ao máximo, desenvolvendo-se psicologicamente e socialmente. Trabalha sua comunicação,
envolvendo-se com o mundo exterior tendo liberdade de se expressar, se envolver em
diferentes situações de que ela resolva. O trabalho psicopedagogico deve ser estabelecido em
função das necessidades da criança. Veremos a seguir a importância da utilização do ludico no
atendimento psicopedagogico,conhecendo e identificando a influencia do mesmo.
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valores da própria comunidade em que estão do seu eu, deformando-o para atender os
inseridas. seus desejos e fantasias. Afirma tambem
que o jogo tem uma evolução, começando
Kishimoto (1999,p.28) afirma que a com exercícios funcionais ( correr, saltar,
brincadeira é terapeutica (libertaria, curativa) jogar bolinha, etc.) e seguidos pelos jogos
e pedagogica, facilita a aproximação dos simbolicos (imitar, dramatizar). Aparecem
indivíduos, criando um clima de harmonia, depois os jogos de construção, que vão
comunicação, alegria e confronto dos aproximando-se cada vez mais do modelo,
desafios através do espirito ludico. A criança e os jogos de regras, introduzindo a logica
se desenvolve atraves da atividade do brincar, operatória.
neste sentido, a brincadeira pode ser vista
como atividade condutora que determina o Sara Pain (1986,p.50) observa que o
desenvolvimento da criança num mundo rico exercício de todas as funções semioticas
e em continua mudança, com um intercambio que supõe a atividade ludica possiblita uma
permanente entre a fantasia e a realidade de aprendizagem adequada, na medida em que
acordo com a fase evolutiva. É tambem uma é atraves dela que se constroem os codigos
forma de avanço para novos dominios da simbolicos e significativos e se proccessa
vida futura. os paradgmas do conhecimento conceitual,
ao se possibilitar, atraves da fantasia e do
Segundo Freud (vol.XX) o jogo é uma tratamento de cada objeto nas suas multiplas
atividade criativa e curativa, pois permite circunstancias possíveis.
á criança (re) viver ativamente as situações
dolorosas que viveu passivamente, Bossa (1994,p.86) afirma que do ponto de
modificando os enlaces dolorosos e vista afetivo, os jogos infantis reproduzem
ensaiando na brincadeira as suas expectativas situações psicologicas estruturantes na
da realidade. constituição do eu . A autora cita como
exemplo, os jogos de esconder-aparecer.
Conforme aponta Fernandez (1990,p.165) Esses jogos significariam a expressão do
que não pode haver construção do saber vinculo, ou seja, o vinculo mãe-filho, e a
se não se joga com o conhecimento, pois descoberta pela criança da mãe como objeto
o saber é a incorporação do conhecimento de amor separado de si.
numa importante ferramenta terapeutica.
Do ponto de vista cognitivo, significa a via Freud (1920) faz considerações sobre
de acesso ao saber. o caso de uma criança de um ano e meio (
jogo fort-da) que repetia uma brincadeira na
Piaget (1986,p.50) afirma que o jogo qual arremessava um carretel amarrado por
simbolico, que surge ao redor dos dois anos, um cordão de forma que desaparece ao ser
permite á criança assimilar o mundo á medida arremessado e voltasse a aparecer quando o
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garoto o puxava pelo cordão, simbolizando desta forma as saidas da mae. Segundo Freud
(1920) em Além do principio do prazer, ao simbolizar dessa maneira a partida e o retorno da
mãe, o garoto pode integrar de forma positiva em sua realidade psiquica uma experiencia
dolorosa, elaborando-a.
Bossa (1994,p.87) cita que alem dos jogos orais, tambem os jogos com argila, água,
areia, tinta plastica, etc, como representantes excrementicios em forma de substitutos
socialmente aceitos; os jogos com bonecas e animais como expressão da fantasia da criança
sobre a relação dos pais e os jogos como veiculos simbolizando as fantasias de penetração
e representando a forma de controle pulsional fornecem ao terapeuta elementos de analise.
A autora afirma que todos esses jogos tomados como referencia ao campo da aprendizagem
dizem de como a criança aprende, que coisas aprende, qual o significado do aprender, como
ela se defende do objeto do conhecimento e que operações mentais utiliza no jogo.
Pain (1986,p.54) aponta que conhecer a aptidão da criança para criar, refletir,
organizar,integrar. A autora considera que quatro aspectos fundamentais da aprendizagem
podem ser extraidos da observação do jogo, distancia de objeto, capacidade de inventario,
função simbolica, adequação significante-significado, organização, construção de sequencia,
integração, esquemas de assimilação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para uma criança o jogo é muito mais do que um simples
ato de brincar, é atraves dele que a criança se comunica com
o mundo e tambem se expressa. Para o psicopedagogo, ele
constitui um espelho, uma fonte de dados para compreender
melhor como se dá o desenvolvimento infantil e quais são
suas dificuldades de aprendizagem. Jogos e brincadeiras
não são somente divertimento ou recreação; são atividades
naturais e que satisfazem as necessidades humanas.
O jogo tem um papel fundamental, que deve ser aproveitado num trabalho psicopedagogico
e integrado com outras areas de desenvolvimento e aprendizagem infantil.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho. 5. ed., São Paulo: Boitempo.2002.
BARBOSA, Laura Monte Serrat. A historia da psicopedagia contou tamem com Visca, in
psicopedagogia e aprendizagem – coletania de reflexões. Curitiba; 2002.
CAMPOS, Maria Célia Rabello Malta. A importância do jogo no processo ded aprendizagem.
Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/entrevista.asp?entrID=39. Acesso em
30 de Janeiro de 2019.
Tia, me deixe brincar! O espaço do jogo na educação pré-escolar, SP, 1990. Dissertação
(Mestrado), PUC-SP.
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HENRIOT, Jaques. Sous couleur de jouer: la metáphore ludique. Paris: Jose Corti, 1989.
HUIZINGA, J. Homo ludens: a brincadeira como elemnto da cultura. 2. ed.,( Trad. de João
Paulo Monteiro), São Paulo: Perspectiva, 1980.
PAIN, Sara. A função da ignorancia. Porto alegre: Artes Médicas, vols. 1 e 2, 1988.
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JOGOS E BRINCADEIRAS DA
CULTURA AFRICANA NAS AULAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo abordar a cultura africana e seus costumes,
assim como os jogos e brincadeiras que podem ser aproveitados nas aulas de educação física.
Mostrar que os jogos e as brincadeiras fazem parte da cultura e são criados pelas pessoas ao
longo do tempo, passando de geração em geração e podendo ser trabalhados nas aulas. Outro
fato a ser considerado é como a inclusão da cultura africana na grade curricular pode afetar a
socialização da criança na escola, de forma positiva.
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O que podemos ver atualmente são poucas Contudo, devido aos povos africanos
instituições de ensino incluindo essa Lei em chegarem ao Brasil pela força da escravização,
seu currículo escolar, o que leva a questionar esses povos e seus descendentes nascidos
o porquê se dentro da nossa cultura brasileira no Brasil, os afro-brasileiros, se tornaram
tem tantos costumes, religiões, arte, música extremamente estigmatizados pelas classes
que já fazemos uso cultural. Ressaltando que burguesas, sofrendo ao final do século XIX
os jogos e as brincadeiras fazem parte da e durante todo o século XX um preconceito
cultura e são criados pelas pessoas ao longo racial e cultural, além da discriminação de
do tempo, passando de geração em geração classes sociais, comum em países capitalistas.
e podendo ser trabalhados nas aulas.
Para Souza (2006, p.47) “a escravidão é: (...)
Ressaltando os benefícios da Lei n situação na qual o escravo não é visto como
10.639/2003 e como fazer melhor proveito membro completo da sociedade em que vive,
dela em sala de aula, para inclusão social das mas como ser inferior e sem direitos (...)”
crianças. Assim, os resquícios de preconceito duram e
perduram até a atualidade. No entanto, para
O presente trabalho iniciará com um resgate a formação do povo e da cultura brasileira,
histórico da cultura africana, bem como, abordará não há como negar a importância das
discussões acerca de como nos apropriamos da culturas africanas e da sua contribuição para
mesma, pegando seus costumes, brincadeiras, a miscigenação do nosso povo.
jogos e diversos costumes.
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Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas Decerto, o ensino de história e cultura afro-
crenças religiosas deram origem às religiões brasileira e africana, na escola da educação
afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de básica, não se limita à discussão sobre o
religião islâmica e alfabetizados em árabe. preconceito racial. No entanto, mesmo que
crianças não tenham uma opinião formada
Os africanos contribuíram para a cultura acerca desse fenômeno, podem ou não
brasileira em uma enormidade de aspectos: reproduzirem estereótipos sobre a África, os
dança, música, religião, culinária e idioma. africanos, as pessoas negras no Brasil e suas
culturas, visto terem acesso à televisão e à
Outro ponto muito importante, que não internet, meios de comunicação nos quais os
pode ser esquecido, são as brincadeiras. estereótipos são constantemente veiculados
Mesmo que a vida dos escravos tenha e reproduzidos.
sido extremamente dura, quase sempre
em condições sub-humanas, a tradição Logo, em qualquer nível de escolaridade,
oral, aquela passada de pai para filho, é a é possível ao professor/a, a partir de
grande responsável por não deixar que essas um simples recurso, como uma gravura
brincadeiras sejam esquecidas. pertinente à história e a cultura afro-
brasileira e africana, trabalhar esses
conteúdos, sem necessariamente ter que
HISTÓRIA E CULTURA esperar o preconceito racial se manifestar
AFROBRASILEIRA E em sala de aula. Basta que tenha formação,
acesso ao material didático adequado e
AFRICANA: CONTEÚDOS E vontade política para reinventar sua prática,
ABORDAGENS NA SALA DE assim como a metodologia com que vai
AULA abordar esses conteúdos em sala de aula e
implementá-lo no currículo escolar.
Os conteúdos de história e cultura afro-
brasileira e africana podem ser trabalhados Para tanto, é imprescindível planejar as
em qualquer nível de escolaridade e a partir de ações a serem desenvolvidas, de modo que os
diversas abordagens. Geralmente, docentes conteúdos e as abordagens sejam compatíveis
dos anos iniciais do ensino fundamental I com os níveis de escolaridade das crianças e,
alegam que não trabalham os conteúdos de assim oportunizem a elas construírem outras
história e cultura afro-brasileira e africana referências acerca da África, dos/as africanos/
porque seus alunos/as são por demais as e das culturas que essa gente reinventou
crianças e ingênuos/as para entender tais no Brasil, como também perceberem e
conteúdos e não são preconceituosos. identificarem-se nas expressões culturais
afro-brasileiras, valorizando-as e respeitando-
as, pois também são suas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que a cultura africana está mais
presente em nosso cotidiano há muitos anos e com mais
frequência que pensamos. Apresentamos cada jogo,
brincadeira, costumes, religiões e assim conseguimos ver a
importância dela em nosso dia a dia.
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REFERÊNCIAS
CHAGAS, W.F. (2017). História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica da
Paraíba. Vol. 42.
GEERTZ, Clifford. (1980) A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1978.
HAMPATÊ BA, Amadou. “A tradição viva”. in: J. KI-ZERBO (org.), História geral da África I.
São Paulo, Ed. Ática/UNESCO, p. 30-70.
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NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
RESUMO: Este trabalho é de natureza descritiva, e tem por objetivo apresentar brevemente
a relação entre neurociência e aprendizagem, como aprendemos, o que determina nossas
aprendizagens, que fatores influenciam esse processo, buscando explicar como se dá a
aprendizagem em cada indivíduo, o que determina que alguns indivíduos tenham facilidade
na assimilação de uma disciplina e/ou conteúdo e como a neurociência pode contribuir ou
explicar a aprendizagem e o desempenho de alguns indivíduos na escola ou fora dela.
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funciona como um simples órgão, mas que informações a cerca do movimento dos
contém dentro dele muitos órgãos, Gall hemisférios cerebrais para o cerebelo.
enumerou inicialmente 27 regiões e muitas O Cerebelo modula a força e a amplitude do
outras foram adicionadas posteriormente. movimento e está envolvido no aprendizado
de habilidades motoras.
O sistema nervoso central é uma estrutura
bilateral, com duas partes principais, a medula Mesencéfalo – Controla muitas funções
espinal e o encéfalo. O encéfalo compreende sensoriais e motoras incluindo o movimento
seis estruturas principais: o bulbo, a ponte, dos olhos e a coordenação dos movimentos
o cerebelo, o mesencéfalo, o diencéfalo e o dos reflexos visuais e auditivos.
cérebro. No córtex cerebral, principalmente
ocorrem as operações da capacidade O Diencéfalo – Possui duas estruturas:
cognitiva humana, essa massa cinzenta cheia O tálamo que processa a maior parte das
de sulcos recobre os dois hemisférios, em informações que chegam ao córtex cerebral a
cada um dos hemisférios, o córtex que os partir do resto do sistema nervoso central e o
recobre é dividido nos lobos frontal, parietal, Hipotálamo que regula funções autônomas,
occipital e temporal. Cada lobo tem diversos endócrinas e viscerais.
dobramentos, para empacotar o maior
número de células nervosas em um espaço O Cérebro – compreende dois hemisférios
limitado. cerebrais, cada um deles consistindo em
uma camada mais externa e enrugada (o
O sistema nervoso central tem sete partes córtex cerebral) e três estruturas situadas
principais: mais profundamente (os núcleos da base,
o hipocampo e os núcleos da amigdala).
A medula espinal – Recebe e processa O córtex cerebral é dividido em quatro
informação sensorial da pele, das articulações, lobos distintos (frontal, parietal, occipital e
dos músculos dos membros e do tronco e temporal).
controla os movimentos dos membros e do
tronco. É subdividida nas regiões cervical,
torácica, lombar e sacral.
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O sistema nervoso funciona por meios do sistema nervoso é então a sua permanente
dos neurônios, células responsáveis pela plasticidade ou seja, a capacidade de fazer e
condução e processamento da informação, desfazer ligações entre os neurônios. O treino
os neurônios conduzem a informação por e a aprendizagem podem levar a criação de
meios de impulsos elétricos que passam novas sinapses e a facilitação de um fluxo de
para outras células por meio das sinapses, informação dentro de um circuito nervoso.
na qual é liberado um neurotransmissor.
Os neurônios formam circuitos completos Aprender não é memorizar informações,
entre si e se agrupam no interior do sistema como foi realizado por muito tempo nas
nervoso nas áreas de substância cinzenta. escolas. É preciso relacionar a informação
ressignificá-la e refletir sobre ela. A medida
As vias sensórias chegam ao cérebro em que aprende a criança e seu cérebro
por meio das cadeias neurais, que levam a se desenvolvem e constroem novos
informação até uma região do córtex. O córtex conhecimentos. A aprendizagem não é a
cerebral se organiza em unidades funcionais mesma para todos, ela também difere de
com regiões: primárias, secundárias e acordo com os níveis de desenvolvimento
terciárias que atuam de forma hierárquica de cada um, por isso quanto mais interações
para permitir a interação com o ambiente e o e estímulos uma criança sofrer mais
processamento das informações. aprendizagem ela apresentará, pois o cérebro
se modifica em contato com o meio durante
No processo de construção do cérebro toda a vida.
são formados em um número muito maior do
que será necessário para seu funcionamento
e muitas são descartadas porque não O CURRÍCULO E A ESCOLA
conseguiram realizar as ligações necessárias
ou por não estarem nos locais corretos. Um currículo escolar padrão entendia
a maioria dos alunos, se as crianças estão
Erros ocorridos na primeira fase do entediadas como é possível aprender
desenvolvimento do sistema nervoso, que por e desenvolver novos conhecimento e
problema genéticos ou ambientais, poderão participação das crianças?
trazer consequências para a vida toda.
Quando nascemos possuímos um circuito As escolas devem repensar seu currículo
básico que nos permite processar um tipo de ajudar seus alunos a desenvolver suas
informação, a medida que vamos interagindo inteligências, proporcionar atividades
e recebendo estímulos do ambiente nosso integradoras que favoreçam a interação e
sistema nervoso vai proporcionando a a aprendizagem dos alunos. Não podemos
formação de novas sinapses e manutenção esquecer em nosso dia a dia que:
das já existentes, uma característica marcante
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Todas as crianças independentes de sua classe social, com necessidades especiais ou não
podem melhorar;
Que cada criança é única, e que a forma como assimila o conhecimento pode ser
diferenciada necessitando de mais ou menos tempo.
Torne o currículo mais profundo por meio da organização dos conceitos de currículo e
estruturas do conhecimento;
Ao final de cada processo busque a avaliação dos seus alunos, elas trarão norte para o
desenvolvimento de novos conteúdos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a
análise do que é neurociência e inteligência, e do mito de
que um QI elevado equivale a ter sucesso na vida.
A escola deve proporcionar um ambiente ideal para que haja aprendizagem de fato, para
isso algumas medidas seriam necessárias:
Relação mais próxima com o aluno, quando o educador conhece seus alunos ele saberá a
melhor forma de passar o conteúdo.
Além do quadro negro – o educador deve procurar outras formas de incrementar suas
aulas para torna-las mais atrativas utilizando histórias, debates, jogos, filmes, diagramas
exercícios.
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Avaliação da sala de aula – avalie constantemente não só o desempenho dos alunos nas
avaliações, mas seu processo de aprendizagem, ou seja todo o processo de assimilação e
participação em sala.
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REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, Thomas J.; VERONESE, Maria Adriana Veríssimo. Inteligências múltiplas na
sala de aula. Artmed, 2001.
DA SILVA ALMEIDA, Rodrigo et al. A teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner
e suas contribuições para a educação inclusiva: construindo uma educação para todos.
Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-ALAGOAS, v. 4, n. 2, p. 89, 2018.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
LARUCCIA, Mauro Maia; COSMANO, Sergio Roberto. As Inteligências Múltiplas: Uma Análise
de Conteúdo de Pesquisa. Augusto Guzzo Revista Acadêmica, n. 9, p. 148-156, 2012.
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A DIFICULDADE ENCONTRADA
ENTRE A GESTÃO E O CORPO
DOCENTE NO DESENVOLVER DO
TRABALHO
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo realizar um panorama geral acerca dos novos
padrões de gestão da educação básica brasileira e a dificuldade encontrada entre a direção e
o corpo docente no desenvolver do trabalho. A intenção é apresentar o gerenciamento dos
estabelecimentos de ensino segundo a perspectiva da Gestão Democrática, demonstrando
seu funcionamento e evidenciando, por meio desse, os avanços que a educação vivencia
atualmente em termos de autonomia e participação social nos processos de gestão da escola,
bem como os desafios e/ou obstáculos que ainda vivemos no que diz respeito à efetivação de
todos os princípios propalados pela Gestão Democrática.
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modelo de gestão escolar das escolas desenrolava desde os anos de 1950 e, que
públicas, buscando como fonte de inspiração, se agravava nos anos de 1970 e 1980 nos
modelos de gestão de escolas privadas que países subdesenvolvidos.
são escolas de sucesso, e se adequando às
normas e regimentos, - claro, de acordo com A crise do capitalismo foi uma crise
as leis às quais são submetidas esta escola, estrutural da sua forma de produção que até
seja municipal, estadual ou federal. Uma então era direcionada com base no modelo
escola democrática não pode ser gerida fordista, onde o trabalho era organizado de
por uma única pessoa. Ela deve ser gerida forma a concentrar um grande número de
pelo coletivo, privilegiando os espaços mais trabalhadores, com hierarquias de cargos,
amplos de discussão e decisão. sem nenhuma participação dos funcionários
na tomada de decisões.
As primeiras discussões acerca de uma
forma de gestão que proporcionasse uma Esta forma de produção produziu um
educação mais democrática e igualitária acúmulo do capital, causando assim uma crise
ocorreram durante a redemocratização do no seu modo de produção, ou seja, a crise
Brasil, nos movimentos sociais que lutavam do capital. A partir deste momento torna-se
para por um fim no governo militar e, necessário uma reestruturação na forma de
portanto, na ditadura militar. produção do capital, sendo o toyotismo o
modelo escolhido para tentar superar a crise.
Era um desejo antigo dos educadores O modelo toyotista de produção propunha
alcançarem uma educação democrática, a produção flexível, ou seja, a produção
de qualidade, capaz de formar o indivíduo nas fábricas passaria a ocorrer conforme a
autônomo. Uma educação igual para todos, demanda de pedidos, sem acumulação de
com o direito de acesso e permanência na produção.
escola garantidos.
O trabalho passou a ser organizado em
Em prol desse desejo, lutaram e equipes, onde os trabalhadores poderiam
contribuíram para a adoção da Gestão discutir sobre o seu trabalho procurando
Democrática para educação. sempre a melhor forma de se alcançar altos
níveis de produtividade. Neste momento,
Paralelamente a isso, discutiam-se, os funcionários das fábricas passam a ser
em eventos internacionais, uma reforma chamados para discutir sobre assuntos
educacional para a educação dos países inerentes a seus postos de trabalho,
Latino Americanos e do Caribe, como um rompendo com a forma de administração
mecanismo necessário para a modernização do fordismo, sendo assim, a administração
da economia desses países. Isso se dava passa a ser denominada gestão, sendo
pelo cenário de crise do capital que se esta denominação devido à nova forma de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dada a importância e as particularidades do tema,
esse artigo procurou ressaltar alguns aspectos essenciais,
deixando em aberto outras questões que poderão ser
desenvolvidas posteriormente com maior profundidade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
FREITAS, Katia Siqueira de; GIRLING, Robert; KEITH, Sherry. Escola participativa: o trabalho
do gestor escolar. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Editora Ática, 1997.
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A INCLUSÃO EDUCACIONAL
RESUMO: O presente artigo analisa a inclusão na Educação, trazendo à tona discussões
pertinentes deste novo paradigma social, fundamentalmente para as crianças com alguma
deficiência, as quais têm seu processo de desenvolvimento cada vez mais estudado. O objetivo
desta pesquisa é verificar e analisar a interação social de crianças especiais. Neste estudo relata-
se a importância da educação especial para a formação e desenvolvimento dessas crianças
e a influência da estimulação precoce em relação à aprendizagem deste aluno. Pretende-se
com este artigo abordar algumas reflexões a respeito da inclusão na Educação, bem como as
experiências obtidas em sala de aula, sendo um dos objetivos refletir sobre as condições de
inclusão social a partir, e dentro da sala de aula. Outra preocupação presente diz respeito as
representações sociais, presentes na sociedade brasileira, ou melhor, no imaginário social, das
variadas formas de exclusão construídas e representadas por meio de estigmas e estereótipos.
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A tendência da política social durante as duas Com base nesses dispositivos político-
últimas décadas foi de fomentar a integração
e a participação e de lutar contra a exclusão. filosóficos e nos dispositivos da legislação
A integração e a participação fazem parte da brasileira, o Conselho Nacional de Educação
dignidade humana e do gozo e exercício dos aprovou a Resolução nº 02/2001 que institui
direitos humanos. No campo da educação,
essa situação se refere no desenvolvimento as Diretrizes Nacionais para a Educação
de estratégias que possibilitem uma autêntica Especial na Educação básica.
igualdade de oportunidades. A experiência de
muitos países demonstra que a integração de
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OS PROFESSORES E A INCLUSÃO
Para a maioria dos professores, assim como para grande parte da população, ainda há
aqueles velhos conceitos culturais referentes às pessoas com deficiência, como imaginar
que elas são doentes e/ou que não se desenvolveram ou aprendem como as demais. Ora,
a aprendizagem e o desenvolvimento humanos são individuais, ninguém tem um modelo a
seguir.
De fato, nenhum professor está preparado para trabalhar com a Inclusão Escolar até o
momento em que chegue à sua turma um aluno a ser incluído, ou seja, ninguém em nenhuma
situação está preparado para resolver algo que nunca vivenciou - o que muitas vezes exige
conhecimento de experiências anteriores. Será neste momento que veremos realmente
quem é o educador de verdade. O acomodado alegará não estar preparado, pois rejeitar um
aluno com essa alegação será muito mais fácil e rápido para se livrar da questão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante muitos anos, o conceito de Educação Especial
teve uma forte aceitação em nosso país. Era um modelo
educacional-médico, ou seja, instituições que mantinham
equipes multidisciplinares, formadas por professores
especializados, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogas,
terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros profissionais
menos comuns. Essa equipe tinha como meta habilitar
as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência
ou reabilitar aquelas que, ao longo de sua vida, viessem
adquirir alguma deficiência, seja por meio de doenças ou ANDREA HELENA DA
acidentes, dentre outros motivos. Eram os profissionais SILVA BERNARDES
que preparavam crianças ou pessoas com deficiência para
Graduação em Pedagogia pela
depois integrá-las na sociedade - e com muitos resultados Faculdade Campos Salles em
positivos. 1995 Professora de Educação
Infantil pela Prefeitura Municipal
de São Paulo.
Historicamente, pessoas com deficiência ficaram por
muito tempo escondidas do convívio social. Até que, cerca
de uma década atrás, nasceu o conceito de integração social.
Surgiram, por exemplo, entidades, centros de reabilitação,
clubes sociais especiais, associações desportivas, todas
dedicadas a pessoas com deficiência. A intenção principal
delas era preparar essas pessoas para ingressar e conviver
em sociedade.
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entendimento mais profundo da questão de justiça. A escola justa e desejável para todos
não se sustenta unicamente no fato de os homens serem iguais e nascerem iguais.
Por meio da convivência com as diferenças as crianças vão construindo o processo para
inclusão social, um mundo melhor, no qual todos saem ganhando, e com isso, possibilitando
falar em inclusão social real.
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REFERÊNCIAS
AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença: Deficiência. Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Brasília, 1994.
BARTALOTTI, Celina Camargo. Inclusão Social das Pessoas com Deficiência: Utopia ou
possibilidade? Editora PAULUS. 2ª edição. SP, 2010. Pg. 8, 9, 11, 23 até 31.
FIGUEIRA, Emílio. Educação Inclusiva. Editora Brasiliense. São Paulo, 2011. Pg. 10, 11, 12,
13,14, 15,18, 19.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér; PRIETO, Rosângela Gavioli. Inclusão Escolar. Summus
editorial. 4ª edição. SP, 2006 Pg. 16, 17, 36, 37, 39, 40, 41
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OS ESTUDOS EM PSICOPEDAGOGIA
E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA
O PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
RESUMO: Este estudo traz uma revisão bibliográfica com o tema voltado ao estudo da
Psicopedagogia e as suas contribuições para as práticas de ensino e para o processo de
aprendizagem na escola, no que diz respeito ao atendimento e acompanhamento dos alunos
que apresentam alguma dificuldade em assimilar os conteúdos. Dentro desse tema, o objetivo
deste trabalho é apresentar e refletir acerca da importância dos estudos em Psicopedagogia
relacionadas a Educação. O psicopedagogo institucional trabalha na instituição escolar e
realiza o levantamento e compreensão, analisando as práticas que acontecem no âmbito
escolar e a atuação da equipe escolar. O objetivo do diagnóstico é compreender globalmente
a maneira como a criança aprende e o que está ocorrendo neste processo dificultando a
aprendizagem, depois de especificado o problema parte-se então para o encaminhamento
de ações para solucioná-los. O profissional em psicopedagogia indicará a dificuldade de
aprendizagem, que foi diagnosticada na sessão e depois da devolutiva ao paciente inicia-se
o processo de intervenção para integração escolar e social.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para compreender os problemas de aprendizagem são
realizados diagnósticos e intervenções, que devem considerar
os fatores externos tanto quanto os fatores internos,
promovendo desta maneira uma intervenção adequada
aquele indivíduo em questão. A psicopedagogia atua no
sentido de intervir no contexto educacional, posicionando-
se entre o indivíduo e os objetos de conhecimentos
que são apresentados a ele. Desta maneira é possível
avaliar e diagnosticar quais fatores estão interferindo na
aprendizagem e trabalhar no sentido de resolvê-los. ANDRÉA RODRIGUES
MARIN DE SOUZA
O trabalho da Psicopedagogia deve ocorrer em
Graduação em Pedagogia pelas
consonância e parceria com a escola, desta forma poderá Faculdades Metropolitanas
contribuir de forma positiva para amenizar as dificuldades Unidas – FMU (1997). Atua como
relacionadas a aprendizagem que surgem no contexto Professora de Educação Infantil
na Prefeitura do Município de São
educacional, de forma conjunta, envolvendo todos os Paulo No CEI Vereador Joaquim
profissionais de educação. Thomé Filho.
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O psicopedagogo deve atentar-se as reações do indivíduo diante dos testes e das avaliações
propostas, a maneira como o sujeito se comporta durante a atividade é um facilitador no
processo de conhecimento dos fatores que estão prejudicando a aprendizagem. A avaliação
psicopedagógica deve ocorrer de maneira dinâmica e os instrumentos utilizados devem
abarcar as diferentes variáveis que se pretende avaliar e diagnosticar.
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REFERÊNCIAS
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia do Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
DANTAS, Viviane Andrade de Oliveira, and ALVES, Jamille de Andrade Aguiar. Dificuldades
de leitura e escrita: Uma intervenção psicopedagógica. V Colóquio Internacional: Educação
e Contemporaneidade, São Cristóvão – SE. 2011.
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes
Médias, 1985.
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clinica: uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Lamparina, 2002. 13 ed.
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bem ou serviço apropriado pela economia de O regime militar esvaziou essa tensão
mercado, sofre pressões e digressões. por meio da expansão do ensino privado.
Paradoxalmente, até mesmo os artífices das
Não se pode ignorar que, em diferentes políticas do governo perceberam os riscos
contextos, a adoção do ensino a distância da degradação de padrões educacionais pela
e de modalidades educacionais similares foi educação a distância apropriada por setores
provocada por fortes pressões sociais. O privados (BRAGA, 2011).
Centre National Enseignement à Distance
(CNED), na França, surgiu como alternativa Newton Sicupira (1973), articulista de
para a oferta de educação a contingentes de políticas educacionais do regime militar,
refugiados da Guerra Civil Espanhola, no final produziu um substancioso relatório sobre o
da década de 1930. Na ex-União Soviética assunto. Registra sua visita à Open University,
e em países socialistas do leste europeu, a do Reino Unido, com o objetivo de instruir a
busca de qualificação técnica resultou em criação de uma universidade similar no Brasil.
políticas de articulação entre educação e Poucos meses depois, esta proposta foi
trabalho. abandonada. O autor, emérito conservador,
advertiu para possíveis conseqüências da
Por meio de diversos programas, operários privatização do ensino a distância.
graduaram-se sem se afastar do trabalho
graças à educação à distância. Instituições de O receio de que o ensino a distância
ensino a distância contribuíram para superar acarretasse a deterioração de padrões
barreiras geográficas e climáticas, bem como educacionais ou se convertesse em estuário
para superar entraves da diversidade étnica. para o proselitismo de esquerda levou o
No Reino Unido, o Partido Trabalhista Inglês, Ministro da Educação, Ney Braga, a aventar
em 1962, formulou a proposta do Open outras prioridades para sustar a organização
University. A instituição seria fundada em deste projeto.
1969, na vigência de um governo conservador,
para viabilizar o atendimento a trabalhadores No Brasil, ao contrário do direito de
egressos do sistema educacional. tradição Anglo-americana, a principal
fonte do direito é a lei. A palavra lei pode
Sucinta Braga (2011) que a perspectiva de significar tanto norma geral emanada do
criação de Universidade Aberta, no Brasil, no Poder Legislativo, como qualquer norma de
início dos anos de 1970, esteve associada à direito escrito, desde a Constituição até um
oferta de vagas no ensino superior para conter decreto regulamentar ou mesmo decreto
a pressão das camadas médias. Desejosas individualizado (JOAQUIM, 2006, p. 2).
de ascensão social viram-se frustradas pelo
limitado número de matrículas na rede de A forma escrita é a manifestação mais
ensino superior. característica da lei e igualmente, está é a
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modalidade; mas, essencialmente, um desafio a ser vencido, promovendo-se de forma combinada, o avanço
na utilização de processos industrializados e cooperativos na produção de materiais com a conquista de novos
espaços de socialização do processo educativo. (ARAÚJO, 2011, p. 7).
Esta modalidade de ensino não pode ser encarada como uma panacéia para todos os
males da educação brasileira. Há um esforço muito grande dos educadores e pesquisadores
da educação em mostrar que os problemas da educação brasileira não se concentram
somente no interior do sistema educacional, mas, antes de tudo, refletem uma situação de
desigualdade e polaridade social, produto de um sistema econômico e político perverso e
desequilibrado.
Certamente que a educação, nas suas mais diversas modalidades, não tem condições de sanear nossos
múltiplos problemas nem satisfazer nossas mais variadas necessidades. Ela não salva a sociedade, porém, ao
lado de outras instâncias sociais, ela tem um papel fundamental no processo de distanciamento da incultura,
da criticidade e na construção de um processo civilizatório mais digno do que este que vivemos. (LUCKESI,
1989, p. 10).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se as reflexões sobre o papel do educador
de ensino superior proporcionada pelas universidades
representam um forte referencial para enriquecermos
nossas discussões e amadurecer nossa prática enquanto
educadores, pode-se considerar que o presente estudo
abordou questões, que de certa forma implicam num
repassar de nossa atuação, e que, favorecerá a inverter a
prática tradicional em prática construtiva capaz de oferecer
ao graduando subsídios para enfrentar os desafios da
profissão.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, E. G. A escola do século XXI e as novas tecnologias da informação e da comunicação.
2011. Disponível em: http://www2.unifap.br/gtea/wp-content/uploads/2011/10/A-Escola-
do-S_culo-XXI-e-NTIC_s2.pdf. Acesso em 04 Mar de 2019.
BRASIL. MEC – Regulamentação para Educação à Distância no Brasil. Disponível em: http://
portal.mec.gov.br/seed/. Acesso em 06 Mar de 2019.
JOAQUIM, N. Direito Educacional: O quê? Para quê? E para quem? Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 9, n. 693, 29 maio 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6794/
direito-educacional. Acesso: 06 Mar de 2019.
JOAQUIM, N. Educação a luz do direito. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1081,
17 jun. 2006. https://jus.com.br/artigos/8535/educacao-a-luz-do-direito/3. Acesso em 08
Mar de 2019.
KEARSLEY, G. The World Wide Web: Global Access to Education. Educational Technology
Review. n. 5, p. 26-30, Winter, 1996.
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NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. 33. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2011.
NOLETO, A. A formação por um fio: o tutor na EAD no estado do Tocantins. 2014. Disponível
em: https://eventos.fe.ufg.br/up/248/o/1.4.__7_.pdf. Acesso em 12 Mar de 2019.
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O ENSINO DE ARTES NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: As artes sempre estiveram presentes na vida humana de forma marcante
e acompanham a evolução do ser e sua interação com o meio, além de uma forma de
expressão e comunicação. Como um dos primeiros recursos que o ser humano adquire
para se expressar quando criança, as artes na educação são um importante recurso para
o desenvolvimento infantil. O ensino de artes ainda é recente e vem passado por diversas
alterações para promover um bom desempenho. Neste trabalho, através de uma revisão
bibliográfica, abordamos um pouco da historicidade do ensino de artes, de sua importância
na educação infantil, abordamos algumas limitações sobre o ensino de artes e analisamos as
perspectivas da BNCC para um novo ensino de artes. Por fim buscamos refletir sobre como
é possível contornar estas limitações enquanto educadores.
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O ensino de artes tornou-se uma matéria disciplina nas escolas. Através da LDBN de
obrigatória a partir da criação da Lei Federal 96, ordenou-se o ensino de artes em três
nº 5692, denominada “Diretrizes e Bases da eixos principais e norteadores: A produção
Educação”. Essa lei estabeleceu uma educação artística, a contemplação – da própria
tecnológica que visava profissionalizar a produção, da produção de colegas ou dos
criança na 7ª série, sendo a escola secundária trabalhos de artistas.
completamente profissionalizante. Esta foi
uma maneira de profissionalizar mão-de- Propostas desta natureza têm como
obra barata durante o regime da ditadura objetivo que a criança construa conhecimento
militar de 1964 a 1983. na área de artes visuais DESENVOLVA a
criatividade, apresente uma postura de
Para Barbosa (1987), no currículo pesquisa, demonstre senso crítico e faça a
estabelecido em 1971, as artes eram atualização de informações visuais com seu
aparentemente a única matéria que poderia próprio trabalho (MORENO, 2007, p.40).
mostrar alguma abertura em relação às
humanidades e ao trabalho criativo, porque Depois dos estudos de alguns autores,
mesmo filosofia e história haviam sido compreende- se que o ensino de arte
eliminadas do currículo. está baseado na interdisciplinaridade, no
interculturalismo e na aprendizagem dos
Naquele período não tínhamos cursos de conhecimentos artísticos, a partir da inter-
arte-educação nas universidades, apenas relação entre o fazer, o ler e o contextualizar
cursos para preparar professores de desenho, arte (SILVA e ARAÚJO, 2007). Portanto,
principalmente desenho geométrico. o ensino de arte deve ser interdisciplinar
com ele mesmo, através das diferentes
A arte não era considerada como linguagens, assim também com outras áreas
disciplina, mas como “área generosa”; de conhecimento humano.
contraditoriamente, os professores tinham
de explicar objetivos, conteúdos, métodos e Segundo Gouthier (2008, p.19): “Com a
avaliações. Inseguros, apoiavam-se em livros nova LDBN, é extinta a Educação Artística e
didáticos de má qualidade. (IAVELBERG, entra em campo a disciplina Arte, reconhecida
2003, p.115) oficialmente como área do conhecimento”. O
autor destaca que:
Passado este período histórico, o ensino
de artes encontra uma nova transformação De acordo com o referencial curricular
nacional para educação infantil, a presença das
em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases Artes Visuais na educação infantil, ao longo da
da Educação Nacional (LDBN) nº 9394/96 história, tem demonstrado um descompasso
que determinou a obrigatoriedade e o entre os caminhos apontados pela produção
teórica e a prática pedagógica existente. Em
reconhecimento do conteúdo de Arte como muitas propostas as práticas de Artes Visuais são
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As crianças são extremamente curiosas e maravilhadas
pelo aprender. Ao longo de suas vidas adquirem várias
experiências, elas exploram, sentem, agem, refletem e
elaboram sentidos de suas experiências. Com base nisso,
a arte deve ser entendida como uma linguagem que tem
estrutura e características próprias.
Para superar este pensamento engessado das artes como mero passatempo, é
necessária, antes de tudo, a reflexão dos profissionais da educação, sobretudo daqueles que
lecionam ou fazem uso das artes na educação, sobre como estes abordam a matéria? Se o
conteúdo transmitido é baseado em promover a livre expressão e em expandir os horizontes
das crianças, ou se suas aulas são baseadas em modelos de repetição.
405
Revista Educar FCE - Março 2019
REFERÊNCIAS
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Ainda segundo a autora, os Contos de que em sua estrutura básica, sempre estão
Fadas têm a intenção de dar respostas aos presentes os elementos constantes, o número
anseios da humanidade como “segurança, e a sequência das funções. De acordo com
justiça, amor, rivalidade, medo e rejeição” Kraemer (2008, p.6): “nos contos de fadas
(KRAEMER, 2008 p.2). Trabalham os valores há sempre o herói, a busca, os obstáculos,
morais e contribuem para a formação do a conclusão baseada nas suas ações”.
adulto. Apesar de serem fantasiosas, retratam Percebe-se que a criança no seu imaginário
algo bem real. representado pelos personagens dos Contos
de Fadas, consegue superar obstáculos,
A criança intuitivamente compreende que, enfrentar problemas, resolver conflitos e ter
embora estas estórias sejam irreais, não são falsas;
que ao mesmo tempo em que fatos narrados não um amadurecimento emocional.
acontecem na vida real, podem ocorrer como uma
experiência interna e de desenvolvimento pessoal; É como se o conto de fadas, admitindo que
que os contos de fadas retratam de forma imaginária é humano sentir raiva, esperasse apenas dos
e simbólica os passos essenciais do crescimento adultos o autocontrole suficiente para não serem
e da aquisição de uma existência independente. arrebatados por ela, já que seus desejos raivosos e
BETTELHEIM (2004, p.89) apud KRAEMER (2008, grotescos tornam-se fatos - mas os contos frisam
p.2). as consequências maravilhosas para uma criança
se ela se empenha num pensamento ou desejo
positivo. A desolação não induz a criança, no conto
A autora afirma ainda que os Contos de fadas, a ter desejos vingativos. Ela deseja apenas
boas coisas, mesmo quando tem amplas razões
de Fadas estiveram presentes no folclore para desejar coisas ruins para os que a perseguem
europeu. As histórias eram contadas, [...] BETTELHEIM (2004, p.89) apud KRAEMER
recontadas e adaptadas em cada região e (2008, p.07).
a cada geração. Destaca que os escritores
recolheram esses contos e compilaram em Para Bettelheim (2004), os Contos de
obras. Quando esses escritores compilaram Fadas deveriam ser lidos ou narrados para
esses contos tornaram-se famosos. Entre dar oportunidade da criança a imaginá-
os autores mais famosos estão Charles los a partir de sua experiência pessoal. É
Perrault, Jacob e Wilhelm Grimm (irmãos necessário que o professor esteja sempre
Grimm). Ainda segundo Kraemer (2008), atento para os reais interesses dos alunos,
Hans Christian Andersen também escreveu conforme apontam os RCNEI’s (1998ª):
Contos de Fadas, mas diferentemente dos
outros autores, ele criou suas próprias Ao ler uma história para as crianças, que está
trabalhando não só a leitura, mas também, a fala,
histórias. Esse autor é considerado o pai da a escuta, e a escrita; ou, quando organiza uma
literatura infantil, pois escreveu Contos de atividade de percurso, que está trabalhando tanto
Fadas pensando nas crianças. a percepção do espaço, como o equilíbrio e a
coordenação da criança. Esses conhecimentos
ajudam o professor a dirigir sua ação de forma mais
Pesquisadores e estudiosos analisaram consciente, ampliando as suas possibilidades de
os Contos de Fadas e chegaram à conclusão trabalho. (BRASIL, 1998, p. 53).
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DE FADAS PARA NO
Assim sendo, com essas práticas a criança
DESENVOLVIMENTO DA explora o espaço, o tempo, levanta hipóteses,
CRIANÇA PEQUENA pesquisa, levanta possibilidades de respostas,
organiza ideias e se alfabetiza. Corso (2006)
A criança ainda pequena poderá construir aponta para a importância do imaginário
uma relação prazerosa com a leitura e ao infantil está em constante desenvolvimento
compartilhar este prazer com seus colegas quando a criança vivencia as experiências de
ou familiares estará vivenciando situações imaginar por meio dos contos de fadas.
de aprendizagens positivas. Quando o
professor realiza com frequência leituras Boa parte das histórias infantis ocorre na floresta
ou inclui a tarefa de atravessá-la. É o espaço o qual
de um mesmo gênero está propiciando às passa a missão de sair para o mundo para provar
crianças oportunidades para que conheçam algum valor, como ser capaz de sobreviver aos seus
as características próprias do gênero, isto perigos, trazer um objeto ou tesouro, tarefas mais
usuais dos heróis dos contos de fadas. (CORSO,
é, identificar se o texto lido é, por exemplo,
CORSO, 2006, p.37).
uma história, um anúncio, etc.
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Nesta perspectiva, Vygotsky seleciona a escrita como um dos aspectos da cultura em que a ideia de progresso
cultural, é a princípio, evidente. A fala, os sistemas de escrita e de contagem servem a uma dupla função – a de preservar
a tradição e funcionar, também, como instrumentos para o controle crescente da vida humana [...] (CARVALHO, 2005
p.28).
Sendo assim, o crescimento social e interpessoal na evolução da história se deu por conta
da função da escrita no cotidiano e desenvolvimento da espécie humana. O desenvolvimento
da escrita percorre um caminho que passa pela história da civilização. Este caminho resume-
se na “substituição, primeiro, de linhas e rabiscos por figuras e imagens e posteriormente, de
figuras e imagens por signos”. (LURIA, 1998, p.168 apud CARVALHO, 2005, p.30).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo foi possível discutir sobre a importância
dos Contos de Fadas para o processo de ensino e
aprendizagem da criança, sendo possível perceber que
os contos de fadas se constituem como uma importante
ferramenta que contribui para o processo de ensino e
aprendizagem da criança.
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É o constante olhar do professor sobre sua prática que torna a criança protagonista de
suas ações, possibilitando que vivenciem experiências de ensino e aprendizagem que faça
sentido para seu desenvolvimento integral.
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REFERÊNCIAS
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conhecimento e deve assumir uma postura O educador que deixa as crianças livres
capaz de pensar e de examinar diariamente às vezes é visto como um marginal, pois não
suas aulas e suas atitudes cotidianas, apresenta uma ordem dentro de sala de aula,
ensinando com amor e dedicação, formando mas isso precisa ser trabalhado entre seus
alunos cidadãos. pares e superiores.
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Na fase espontânea que se constitui o brincar cotidiano da criança, que flui e é mobilizado
a partir de questões internas do sujeito, sem nenhum comprometimento com a produção
de resultados pedagógicos. O caráter educativo do brincar é uma atividade formativa,
que pressupõe o desenvolvimento integral do sujeito quer seja, na sua capacidade física,
intelectual e moral, como também a constituição da individualidade, a formação do caráter e
da personalidade de cada um. Na fase dirigida há a presença das brincadeiras como atividades
cujo objetivo específico é o de promover a aprendizagem de um determinado conceito, ou
seja, além de serem marcados pela intencionalidade do educador.
O professor deve utilizar certas brincadeiras como ferramenta de suas aulas facilitando o
aprendizado, devendo sempre dar espaço para as brincadeiras lúdicas, pois assim auxiliará no
aprendizado das crianças. A partir do brincar as crianças se comunicam, interagem, consigo
mesma, com as outras e com o mundo em que estão inseridas.
O adulto tem um papel fundamental, de estimular a criança com músicas, sons de objetos,
animais e mostrando diversos elementos, materiais e cores. O ato de se brincar com as
crianças favorecem a descoberta e com o passar do tempo vai evoluindo conforme o interesse
delas e o valor que o objeto lhe interesse.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com todos os avanços tecnológicos e as mudanças
culturas, os professores precisam pesquisar e aplicar
novos conhecimentos, quando estamos munidos de novas
ferramentas enfrentamos os desafios do cotidiano com
mais facilidade, fazendo com que o trabalho se torne um
desafio, buscando maiores chances de desenvolverem novas
relações sociais que estão impostas pela sociedade.
O jogo é útil para a alfabetização, colabora para a aprendizagem e prepara a criança para
a vida em sociedade.
Queremos sonhar com um mundo melhor e para isso devemos ser capazes de cria-lo.
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A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE
FÍSICA PARA AS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
RESUMO: Este presente trabalho tem como principal objetivo discutir a importância da
atividade física nas crianças e adolescentes, com dimensões biológicas, físicas, psicológicas e
até mesmo culturais. A prática de atividades físicas pode beneficiar todas as crianças, jovens
ou adultos, além da oportunidade para diversão, estar com amigos e manter-se saudável
e em forma. A atividade física também tem sido associada com os benefícios psicológicos
principalmente entre os jovens e crianças, melhorando o seu controle sobre sintomas de
ansiedade e depressão. Da mesma forma, a participação na atividade física pode ajudar no
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, oferecendo oportunidades de autoexpressão, a
construção de autoconfiança, interação e integração social. Também tem sido sugerido que
a atividade física nos jovens facilita a adoção de outros comportamentos saudáveis como,
por exemplo, evitar o uso de álcool, tabaco e drogas e demonstrar um melhor desempenho
acadêmico. A atividade física e o esporte são aliados à saúde das nossas crianças e jovens,
mantendo-os fisicamente ativos trará benefícios que durará uma vida inteira.
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cabe alertar que, quando esta é mal utilizada, novo olhar do professor de Educação Física,
poucos são os benefícios trazidos para o como agente de mediação entre a educação
desenvolvimento dos adolescentes, estando e a saúde, na busca de práticas educativas
os mesmos em processo de formação. E, a formativas. Considerando que a qualidade
escola, ciente dessa realidade deve cumprir de vida é um conjunto de relações essenciais
seu papel social de formar cidadãos, e essa favoráveis a saúde física, mental e social,
formação envolve corpo e mente, portanto a essa visão poderá ser ampliada se:
valorização da saúde física e mental precisa
fazer parte da proposta política pedagógica A atividade física, combinada com uma
das escolas, envolvendo educação e saúde alimentação adequada e uma maneira suave
como parte do processo de formação de de conviver com situações de tensão e
indivíduos com qualidade de vida. ansiedade evita a totalidade dos males ditos
modernos. Não é à toa que a Organização
Mundial de Saúde (OMS) considera a
QUAL A IMPORTÂNCIA DA atividade física como fator primordial na
ATIVIDADE FÍSICA E DA melhoria do bem-estar físico, emocional
e social. Ela também eleva a autoestima.
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A (NUNES, 2004, p. 20)
SAÚDE DOS NOSSOS JOVENS
E CRIANÇAS? Sendo assim, comportamentos
inesperados e ausência de comunicação são
A Educação Física Escolar deve ter como indícios de que o adolescente está tentando
proposta promover o desenvolvimento desenvolver uma identidade diferenciada
físico e cognitivo, a socialização, a educação dos adultos. Tal comportamento favorece
pelo movimento, o cuidado com o corpo, uma situação de carência e isolamento e o
tudo isso a partir de desenvolvimento de favoritismo pelos relacionamentos virtuais.
competências e habilidades propostas para O que deixa muito a desejar quanto às
cada série ou ciclo, respeitando o ritmo e manifestações motoras e lúdicas voltadas a
o desenvolvimento do aluno. E, levando atividades físicas. Conforme Mello e Tufik
em conta a importância de oportunizar (2004, p. 51) “na adolescência os transtornos
esse desenvolvimento e produção de de humor são caracterizados por condutas
conhecimento, por meio de atividades como: diminuição das atividades diárias,
lúdicas, jogos cooperativos, socialização do negativismo, comportamento social, perda da
conhecimento, desenvolvimento de hábitos autoestima, ansiedade e déficits cognitivos”.
e valores cidadãos e trabalho de equipe,
dentre outras habilidades. A concepção A maioria das doenças se desenvolve por
de qualidade de vida como resultado de meio de múltiplos fatores, dentre os quais
corpo e mente em movimento, exige um a inatividade física. Sendo essas e outras
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saudáveis é necessário incutir nas crianças procurar movimentar-se mais no dia a dia,
e adolescentes os benefícios de hábitos subir escadas, correr, participar de atividades
saudáveis e atividades físicas pelos resultados de lazer ao ar livre. E, não necessariamente
positivos para a nossa qualidade de vida. deixar os relacionamentos virtuais, mas
dosar sua prática. Faz-se necessário construir
Caparro (2005) destaca que a preocupação mecanismos de combate a inatividade física
com a higiene e saúde vem desde a Escola entre os adolescentes na busca de uma
Nova, proposta que levava aos professores melhor qualidade de vida, que favoreça a
a pensar a Educação Física a partir de saúde e a vida social futura. Segundo Hallal
uma concepção biológica, ou seja, fica et al. (2006, p. 127) “estratégias efetivas de
comprovado que para termos adultos combate ao sedentarismo na adolescência
saudáveis é necessário incutir nas crianças são necessárias devido à sua alta prevalência
e adolescentes os benefícios de hábitos e sua associação com a inatividade física na
sadios e atividades físicas pelos resultados idade adulta”.
positivos para a nossa qualidade de vida.
Apesar de várias evidências, a maioria dos
adolescentes leva uma vida sedentária. ATIVIDADES MAIS
Sendo a inatividade física fator determinante INDICADAS PARA CADA
a promoção de risco de doenças.
FAIXA ETÁRIA
Quanto aos benefícios para os jovens em
termos de relações sociais, compreende-se É importante estar sempre atento e
que articular atividade física e vida social perceber o desenvolvimento de cada criança
é uma possibilidade que contribui para o independentemente da idade, mas de uma
desenvolvimento humano, especificamente forma geral podemos dizer que:
para o adolescente. Neste sentido, Barbosa
(1991) descreve algumas vantagens para a • Crianças em idade pré-escolar: precisam
prática do esporte: “estimula a socialização, de atividades próprias ao seu potencial para
serve como um antídoto natural de vícios o desenvolvimento da motricidade, sendo
ocasiona maior empenho na busca de fundamental que em todos os momentos as
objetivos, reforça a autoestima, ajuda a atividades sejam lúdicas.
equilibrar a ingestão e o gasto de calorias e
leva a uma menor predisposição a moléstias”. • 4 aos 6 anos: Os joguinhos começam a
ficar interessantes. As atividades deverão ser
realizadas com jogos e brincadeiras.
O que é essencial ressaltar é a mudança
de hábitos diários dos adolescentes, os • 7 anos em diante: Serão trabalhadas
mesmos devem se tornar mais ativos, atividades com diferentes exercícios de
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recreação e competição, o que estimula muito a criança. Já poderão ser introduzidos também
o atletismo (corridas, saltos e lançamentos – de forma simplificada), a natação, pequenos
jogos entre outros.
• Acima dos 15 anos: o desporto propriamente dito, atividades físicas ligadas ao lazer,
danças, lutas, esportes de quadra, corridas, ginastica de academia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Atividade Física tem como proposta contribuir para
a formação global da criança e do adolescente, tendo
em vista a área de atuação tanto no desenvolvimento de
habilidades cognitivas quanto na promoção da saúde e
qualidade de vida. O modo de vida atual, para a maioria das
crianças e adolescentes incentiva o sedentarismo, o que
comprovadamente traz repercussões negativas para a saúde
dos mesmos. Cabe as pessoas uma conscientização, para
que haja o desenvolvimento de situações do cotidiano ou
atividades destinadas à pratica de atividades físicas, visando ANITA REY SINMON
a proposta de saúde e qualidade de vida. A atividade física
Graduação em Educação Física
consiste em exercícios bem planejados e bem estruturados, pela Universidade Unisa (UNISA
realizados repetitivamente. Eles conferem benefícios 1991). Professora de Ginástica
aos praticantes e têm seus riscos minimizados através de Artística do Colégio Emilie
de Villeneuve, professora de
orientação e controle adequados. Esses exercícios regulares Educação Física do fundamental I
aumentam a longevidade, melhoram o nível de energia, a e II da Emef Prestes Maia.
disposição e a saúde de um modo geral. Afeta de maneira
positiva o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade
de reação, o convívio social. O que isso quer dizer? Há
uma melhora significativa da sua qualidade de vida. O que
precisamos ressaltar é o investimento contínuo no futuro,
a partir do qual as pessoas devem buscar formas de se
tornarem mais ativas no seu dia-a-dia, como subir escadas,
sair para dançar, praticar atividades físicas regulares,
buscando a saúde e o convívio social. A palavra de ordem é
MOVIMENTO.
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Estes dados são importantes para abordar espaços externos e até mesmo para dentro
a questão desta temática. da comunidade, mostrando as crianças os
riscos e perigos existentes em seu bairro e
O educador será um grande aliado da qual a melhor forma de lhe dar com estes,
criança quando permite que as atividades oferecendo-lhes alternativas de melhoria ou
propostas á elas sejam vivenciadas em dando espaços para que elas mesmas digam
diferentes espaços da instituição. o que fazer.
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Por isso, a criança pequena deve ser levada ações lúdicas, já no dirigido, podemos propor
a sério. Ativa e competente, ela tem ideias e desafios com propósitos específicos.
teorias que não só valem ser ouvida, como
também merecem confiança e, quando for o Segundo Kramer (1989), todas as
caso questionamento e desafio. atividades desenvolvidas pelo educador
devem ter objetivos claros contendo níveis
Ela não existe apenas no lar da família, diversos de dificuldades, afim de que as
mas também nos ambientes mais amplos. crianças participem e usem sua criticidade e
Ela não é um inocente separado do mundo. criatividade.
Ao contrário disso, a criança pequena no
mundo como ele é hoje, incorpora este Embora, este trabalho seja o ideal a
mundo, é influenciado por ele, mas também ser buscado, é difícil de ser atendida em
o influencia e constroem significados. curto prazo, principalmente, no campo da
Educação Infantil que integra, há pouco
Assim, é de direito de cada criança tempo, a educação básica, no país. Mas isso
expressar-se e de viver plenamente sua não pode ser um impedimento para que o
infância, considerando suas características, educador não renove sua prática.
diversidade cultural, etnia, gênero e
sexualidade. Estes dados são importantes para abordar
a questão desta temática.
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que condiz com a realização das brincadeiras. Ele deve estabelecer uma ordem ou regras para
que não haja brigas (que é normal entre crianças). Assim, deverá interferir nas brincadeiras
quando necessário, não poderá dar opiniões ou interromper as brincadeiras com gritos e
gestos indevidos, nunca deverá se mostrar impaciente ou ficar em constantes silêncios.
O diálogo é importante para acrescentar o vocabulário e estimular a fala das crianças. O
educador deve mostra-se atento, disposto, sensível e prestativo as solicitações das crianças,
além de criar novas brincadeiras e possibilitar a criatividade para novas invenções.
As brincadeiras devem se estender para além das salas de aula, explorando os espaços
externos e até mesmo para dentro da comunidade, mostrando as crianças os riscos e perigos
existentes em seu bairro e qual a melhor forma de lhe dar com estes, oferecendo-lhes
alternativas de melhoria ou dando espaços para que elas mesmas digam o que fazer.
A criança não precisa da autorização do educador para se opor a algo, pois desde o início
de sua vida a criança é rica e engajada com o mundo para começar a aprender.
O adulto muitas vezes solicitado a cuidar da criança cuida do seu próprio vir a ser, podendo
até se sentir responsável pela vida da criança. Esta responsabilidade é transformada em
cuidado preocupado de afastar tudo aquilo que atrapalha, abrindo um espaço para um
caminho sem frustrações. Além de encontrar na criança suas limitações e possibilidades.
A criança tem sua própria maneira de pensar, agir e vive o tempo todo exposto a riscos
(que é natural do ser mortal). Assim, o educador responsável pela criança se adianta ao
acontecimento, impedindo-as de correr maiores riscos, deve apenas proporcionar um olhar
estimulador que acompanha a criança no seu desenvolvimento para a exploração do mundo.
Por isso, a criança pequena deve ser levada a sério. Ativa e competente, ela tem ideias e
teorias que não só valem ser ouvida, como também merecem confiança e, quando for o caso
questionamento e desafio.
Ela não existe apenas no lar da família, mas também nos ambientes mais amplos. Ela não é
um inocente separado do mundo. Ao contrário disso, a criança pequena no mundo como ele
é hoje, incorpora este mundo, é influenciado por ele, mas também o influencia e constroem
significados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tudo que ocorre no processo de desenvolvimento infantil,
apresenta se em contextos e cenários que favorecem o ato
de aprender, que pode expressar-se de modo problemático
ou não, e, para ter uma melhor compreensão do aluno e de
como aprende ou não, pode-se dizer que, para uma criança
se desenvolver educacionalmente é preciso que haja ajuda
de todo os sujeitos competentes deste processo – aluno,
pais e professores. Pois, uma criança não aprende sozinha,
é pelo trabalho que envolve primeiramente a família e a
escola, no qual os educadores são a base fundamental, mas ANTONIA LEDA DO
não a única para o desenvolvimento de uma criança. NASCIMENTO XIMENES
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CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo tem como base propor a discussão sobre a contribuição do lúdico
na educação infantil. As brincadeiras lúdicas ajudam na elaboração do saber, podendo ser
aprendidos como estado em que as crianças são capazes de ilustrar seus diferentes tipos de
sentimentos, assim sendo aos poucos entender a existência do outro. São as brincadeiras que
ajudam a aprimorar o contato entre as crianças, formalizando com que vivam momentos de
contribuição, grupos de trabalho e obediência. É necessário também explicar a importância
do educador nessa metodologia lúdica e ainda as melhoras que o brincar possibilita. Dessa
maneira, acredita-se disponibilizar uma leitura mais clara acerca da relevância do brincar na
vida da criança.
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A brincadeira incorpora para as crianças uma “zona Se divertir é o mesmo que aprender, pois
de desenvolvimento proximal” que não é outra
coisa senão o intervalo entre o momento presente se divertir e o jogar constitui um espaço para
de desenvolvimento estabelecido pela capacidade pensar, tendo em vista que a criança progride
de entender autonomamente uma questão, e o no raciocínio, aperfeiçoa o pensamento,
momento presente de desenvolvimento potencia
analisada através da solução de um questionamento determina contatos sociais, compreende
sob a inclinação de um adulto ou com o auxílio de o meio, correspondem desejos, fortalece
um companheiro mais gabaritado. habilidades, entendimento e capacidade
de criar. As relações que o brincar e o
Mediante as atividades lúdicas, a criança jogar oportunizam, ajudam a suplantação
reedita muitas circunstâncias vividas em seu do egocentrismo, favorecendo o auxílio e
dia a dia, as quais, pela imaginação e pelo faz a afinidade, e ingressam particularmente
– de- conta, são reconduzidas. na divisão de jogos e brinquedos, novos
sentidos para uso e aproveitamento.
Esta interpretação do dia a dia se dá por
meio do arranjo entre experiências passadas
e novas experiências de capacitação e BRINCADEIRAS E
reprodução do real, de conclusão com suas BRINQUEDOS
estimas, necessidades, e paixões. Estas
situações são primordiais para a atividade Entre os séculos XIII ao XVII, na sociedade
criadora do homem. ocidental as pessoas tinham as crianças
como adultos pequenos, aos sete anos a
O desenvolvimento não é sequencial, criança começava um estágio importante da
mas vem em um crescimento gradual e sua vida ou iniciava na escola ou entrava no
neste percurso, a imaginação se fortalece. mercado de trabalho.
Uma vez que a criança brinca e aprende se
capacitando para um determinado tipo de Antigamente na sociedade, as brincadeiras
conhecimento. e jogos eram a melhor maneira de encurtar os
laços e permanecer a sociedade junta neste
As colaborações das atividades lúdicas no tempo. O brincar é a primeira inicialização
desenvolvimento integral mostram que elas do mundo que se aparece na vida da criança.
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Hoje a inicialização deste instante de brincar Por muito tempo nas escolas, isso era
esta se perdendo no tempo, porque os mostrado de maneira muito limitado pensava
caminhos cheios de tecnologia e robotizados somente em áreas particulares: matemática
levam aos seres humanos para caminhos (números), linguagem (ler escrever) não se
facilitados, seja no pensar como no agir. O dedicavam as dificuldades que incentivavam
professor tem que ser eficiente no processo o pensar lógico ou a capacidade de criar
de execução dos conceitos e significados por exemplo. O brincar se avulta em muitas
que são passados culturalmente. matérias do que outras em que a criança
não alcança. Portanto, o brincar auxilia nos
A imaginação aparece da ação momentânea obstáculos de aprendizagem.
da criança muito pequena e nunca aparece
nos animais. Na etapa pré-escolar manifesta Precisamos ser claro, que os brinquedos
na criança sonhos que não devem ser não necessitam ser usados como um artifício
prontamente realizados ou esquecidos, em dia de chuva, e sim como uma ferramenta
então ela e circunda num mundo de sonhos pedagógica.
e ilusório, o mundo dos brinquedos.
Segundo Kishimoto (Froebel, 1912c, p.55
O mundo da infância e do brincar é com apud KISHIMOTO, 1998, p. 68). Froebel,
certeza uma caixa de metáforas, na qual se filósofo do período romântico, conhecido
abre para o mundo imaginário, demonstrando como “psicólogo da infância”, foi o primeiro
um percurso metodológico. É o mundo em a colocar os jogos e brincadeiras como
que a criança se leva da realidade e voa pelas parte essencial do trabalho pedagógico,
asas da imaginação, maravilhando se com o para ele:
mundo colorido e abstrato das brincadeiras e
dos brinquedos, na análise do sentido literal A brincadeira é a atividade espiritual mais pura
do homem, neste estagio e ao mesmo tempo,
das coisas, de permanecer e de ficar. Uma das típico da vida humana enquanto um todo da
indispensáveis alterações é que hoje temos vida natural interna no homem e de todas as
consciência que nossas crianças se fortalecem coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento,
descanso externo e interno, paz com o mundo...
cognitiva e carinhosamente a partir do brincar. A criança que brinca sempre, com determinação
auto - ativa, perseverando, esquecendo sua
Para Almeida (2011, p.1): fadiga física, pode certamente torna - se um
homem de terminado, capaz de auto sacrifício
para a promoção do seu bem e de outros.
A afetividade é estimulada por meio da vivência,
na qual o educador estabelece um vínculo de afeto
com o educando. A criança necessita de estabilidade
emocional para se envolver com a aprendizagem. O uso do brincar como objeto pedagógico
O afeto pode ser uma maneira eficaz de se chegar tem de ser olhado, com precaução e clareza.
perto do sujeito e a ludicidade, em parceria, um
carinho estimulador e enriquecedor para se atingir Brincar é um exercício necessariamente
uma totalidade no processo de aprender. lúdico. Como atividade infantil, pela qual há
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na vida das crianças. Portanto é ele que Segundo o Referencial Curricular Nacional
estrutura sua base, segundo sua lembrança para a Educação Infantil (1998, p. 28):
de determinados objetos ou fantasias, da
demarcação e arranjo dos espaços e do A brincadeira é uma linguagem infantil que
mantém um vinculo essencial com aquilo que é
tempo para se divertir. o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que
ocorre no plano da imaginação isto implica que
Por meio das brincadeiras os educadores aquele que brinca tenha o domínio da linguagem
simbólica.
devem olhar e constituir uma visão dos
métodos de desenvolvimento das crianças
em conjunto e de cada uma em particular, Portanto é necessário haver consciência
anotando suas aptidões de uso das da diferença que existe entre a brincadeira e
linguagens, bem como de suas aptidões o mundo real que lhe forneceu conteúdo para
sociais e dos recursos afetivos e emocionais se realizar. Nesse propósito, para brincar é
de que tem. necessário apoderar-se de elementos da
realidade atual de maneira que atribua novos
Brincando a criança descobre e entende o sentidos. Essa característica da brincadeira
mundo a sua volta, pela curiosidade explora ocorre por meio da articulação entre os
coisas e momentos novos, deste mundo sonhos e a imitação do mundo real. Toda
real tão pavoroso extraordinário ao mesmo brincadeira é uma reprodução transformada,
tempo. Comunicando ludicamente com o no esboço das emoções e das ideias, de uma
mundo real, por meio de desenhos, danças, realidade vivida antes. Isso quer dizer que
cantos, rabisco bagunça brincadeiras, etc, uma criança, por exemplo, bate com ritmos
a criança organiza uma harmônica sintonia nos pés e imagina - se subindo uma arvore,
entre os dois. está vendo sua ação pelo o que representa
da situação e por uma atitude mental e não
Entende-se que o brincar para a criança somente pela compreensão imediata dos
é algo essencial para o seu crescimento e objetos e situações.
aprimoramento, porque desta forma lúdica,
busca entender o mundo real da pessoa No momento das brincadeiras as crianças
adulta, brincando com ele abusivamente, de conseguem simbolizar a vida real mediante
várias maneiras simbólicas. do imaginário, usando o faz de conta
transformam - se em heróis, seres de
Na educação infantil todo o conhecimento outros planetas, animais diferentes, objetos
é adquirido mediante a forma lúdica, porque inanimados e assim conseguem experiências
assim a criança tem o prazer em aprender, de muitos conceitos quando estão brincando.
em virtude do entendimento que se mistura A brincadeira é uma linguagem infantil que
com a brincadeira. preserva um vínculo primordial com aquilo
que é o deixar de brincar. Se a brincadeira
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feito por intermédio de desenhos animados, seriados de ficção científica com robôs, mundo da
televisão, mundo encantado dos contos de princesas, histórias de piratas e índios.
Entre os pontos de vistas sobre o brincar, sobressai as de Froebel, o primeiro filósofo a explicar
seu uso para ensinar nas pré-escolares. Outros recorrem a deduções do autor para explicar o
aumento de escolas infantis, fazendo formas diferentes de projetar o lúdico na escola.
Nesta visão, a brincadeira pode deixar de ser apenas coisa de criança e passar a ser algo mais
séria, digna de ficar presente entre recursos didáticos qualificado de compor uma ação docente
vinculada com os alvos do processo de aprendizagem.
Portanto, mesmo nas formas de arte, como em outras maneiras do brincar, há uma riqueza
de melhorias e oportunidades criativas para que crianças e adultos mostrem seu pensamento e
contemple o talento dos outros.
É correto afirmar que todos, sem exceção, recebemos a arte, assim como a criamos, e quase
todos nós, sabemos do que gostamos e adoramos por intermédio de nossas experiências,
individualidades e eficiências, ou até mesmo sabe se mostrar de formas comunicáveis aos outros.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que na escola é admissível o educador se
desprender e usar os jogos como uma forma de aprofundar
os conteúdos pragmáticos. Para que isso seja possível
é necessário que o professor distingue momentos de
conteúdo com a atividade lúdica, mas, para isso, o jogo é
uma forma e não somente esta. Os jogos e os brinquedos
são hoje objetos importantes na Educação Infantil, desde
que coloquemos num argumento educativo que se apoia na
atividade e convívio entre elas.
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REFERÊNCIAS
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que já não funcionam mais tão bem. Porém, Segundo Perrenoud (1997), o fracasso
ainda hoje, as escolas buscam explicações escolar é a consequência de dificuldades
para este fracasso nos alunos ou em suas de aprendizagem, de uma falta objetiva de
famílias disfuncionais ou em seus problemas conhecimentos e competências, acreditando
sociais e pessoais e não focam o problema que todos devem ser e aprender igualmente,
no que realmente importa: o funcionamento portanto é necessário trabalhar com a
pedagógico da escola. realidade constante em que vivemos e
transformá-la em algo favorável para todos,
Podemos dizer que, por diversos motivos, procurando levar em consideração as
nem sempre a escola consegue atingir seus diferentes realidades em uma mesma sala de
objetivos institucionais e acaba se deparando aula.
com situações onde os alunos não conseguem
cumprir com o que se é esperado deles. Por Há uma luta para vencer esse insucesso
este motivo há o equívoco em acreditar que escolar que afeta diretamente as
este seja o porquê do fracasso escolar nas representações e práticas dos professores
escolas, sem levar em consideração suas por isso o corpo docente precisa proporcionar
realidades e dificuldades individualmente. condições adequadas às diferentes
características dos alunos e utilizar-se de
Para que haja um envolvimento da parte estratégias diferenciadas para alcançar o
dos docentes, o professor deve tomar uma objetivo proposto.
atitude, analisar seus alunos e os tipos de
dificuldades que eles podem ter, explorar Mas afinal, o que estaria causando esse
avaliações formativas que os ajudem no fracasso escolar? Podemos dizer que é
processo de aprendizagem, que pense em uma mistura da avaliação do professor
novas práticas de ensino, estando sempre junto a seu método de ensino, assim como
aberto a novas ideias que possam ajudá-lo. a estruturação institucional da escola ou
seria um problema causado pelo sistema
Mesmo que uma didática proposta seja educacional como um todo? O que se pode
aplicada à uma sala toda, será tão adequada concordar é que tudo depende do ponto de
quanto inadequada para pelo menos metade vista analisado e o mais importante aqui é
dos alunos. Isso se dá pelo fato de que uma entender que deve haver o descentramento
sala não aprende da mesma forma e não do problema apenas no aluno e começar a
alcança os mesmos resultados envolvendo avaliarmos também a escola como um todo,
suas habilidades afetivas, cognitivas, sociais afinal, se houve mesmo um fracasso escolar,
e motora, limitando assim o alcance destes o aluno não pôde ter causado isso sozinho
alunos para um “sucesso” escolar. tendo sofrido também com as consequências
da escola.
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com que eles colaborem nos estudos e nas instaurar uma nova pedagogia exige pesquisa
estratégias de aprendizagem. O professor e conhecimento, além de ter em mente que
aqui se torna um organizador de respostas as novas metodologias enfrentam muitos
enquanto os alunos discutem e trabalham problemas: como o aluno realmente aprende?
entre si para o entendimento da matéria. Como é possível criar uma relação entre o
O aluno se torna um autor ativo de sua saber e o instaurar dentro das instituições?
aprendizagem e parceiro do professor. Qual deve ser a relação professor/aluno?
Essas são questões que devem ser pensadas
Para que ocorra a Pedagogia Diferenciada e resolvidas antes de qualquer escola
é importante ter em mente que as aulas tentar implementar uma das pedagogias
devem ser pensadas para que os alunos diferenciadas em seu sistema de ensino,
aprendam coisas reais e que possam ser afinal, a pedagogia diferenciada deve servir
aplicadas em sua rotina, além disso, as aulas tanto para os alunos e seu aprendizado
devem atender à diversidade dos alunos e quanto para os professores que trabalharão
respeitar suas diferenças. com ela.
Para Tomlinson, há três motivos para que Para que seja possível implementar a
a pedagogia diferenciada aconteça: Pedagogia Diferenciada nas escolas é preciso
colher informações sobre os alunos em relação
1. Tornar a aprendizagem acessível ao seu conhecimento e competências, sobre
para todos, independentemente de suas o que ainda não estudaram e seus maiores
características cognitivas ou pessoais; interesses. Para que essa implementação seja
2. Tornar a aprendizagem algo eficaz e; realizada com sucesso, a UNESCO (2004)
3. Motivar os alunos a aprender sugere três perguntas básicas baseadas na
ativamente. técnica KWL:
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Porém, esta não é uma fórmula que dará por obstáculos ou incidentes que podem
certo com certeza, é apenas uma maneira de acontecer e nos forçam a tomar decisões
trabalhar com o que os alunos se interessam mais importantes. O acompanhamento dos
e em procurar integrá-los no mundo escolar, alunos da parte do professor também é algo
tornando-os ativos em toda sua vida que não exige muito e que, portanto, se
acadêmica. não há um erro ou problema à vista, não há
porquê mudar a maneira que está utilizando
para ensinar. Isso não quer dizer que o
AFINAL, COMO professor esteja negligenciando seus alunos
IMPLEMENTAR UMA ou sua aula, mas apenas que não há motivo
para que aja diferente.
PEDAGOGIA DIFERENCIADA
NAS ESCOLAS? Porém, mesmo que o problema não
seja visível, é algo para o qual os olhos do
Julgando que o fracasso escolar realmente professor devem estar sempre atentos,
se dá por conta das práticas pedagógicas procurando a todo momento se desafiar e
das escolas e que, portanto, deve-se mudar aceitar que às vezes mudanças são boas e
a maneira de ensinar, fica a dúvida: quando beneficentes para ambos aluno e professor
sabemos se um aluno deve avançar ou regredir e, portanto, ser capaz de praticar um ensino
em alguma atividade ou matéria? Como mais estratégico e focado.
julgar se ele está realmente aprendendo
ou perdendo tempo? Para Perrenoud, esse Por outro lado, uma decisão frágil pode
problema “é uma situação didática e toma colocar todo este processo em um estado de
forma de uma regulação interativa e de uma erro constante. Como falamos anteriormente,
diferenciação integrada, fundada sobre os é importante fazer perguntas aos alunos
obstáculos encontrados e outros dados”. que seremos capazes de responder pois
saber suas dúvidas e questões que devem
Os desafios que existem acerca do ser trabalhadas é essencial para que haja
rendimento e interesse dos alunos são uma progressão no método de ensino.
didáticos, mas suas restrições são um A problemática nessa situação precisa
problema da gestão. Propor novas ideias e distinguir claramente os conhecimentos e
novas pedagogias para serem implementadas procedimentos que não são verbalizados ou
pode ser muito difícil. conscientizados através de uma observação
formativa que, segundo Perrenoud, possui
Primeiro existe a dificuldade de três competências, e é importante lembrar
encontrar um meio termo entre como agir que estes tipos de observação e registro
ativamente e passivamente. Normalmente devem ser complementares.
nosso funcionamento mental é ativado
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1. Observar para regular uma atividade que já está em andamento; algo que podemos
chamar de regulação interativa, que seria uma diferenciação interna de determinada
situação (Allal, 1988);
Claro que, além de realizar essa observação formativa, os professorem devem continuar
atentos às necessidades dos alunos e às mudanças que podem julgar ser necessárias.
Implementar uma nova pedagogia nas escolas vai além de apenas estudar e entender
novos conceitos, deve-se entender para que esta pedagogia serve e como ela será aplicada
aos seus alunos e desenvolvida pelos professores. A mudança de um tipo de ensino para
outro deve ser progressiva e natural para que todos aproveitem esta mudança de maneira
positiva.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido ao recorrente fracasso escolar, viu-se uma
necessidade em implementar novas formas de ensino e
aprendizagem e foi a partir de estudos sobre as Pedagogias
Diferenciadas que as escolas começaram a agir para superar
este fracasso.
Claro que, para que essa implementação seja realizada com sucesso as escolas devem
analisar seus alunos, suas dificuldades e interesses e fazer perguntas pertinentes ao que se
quer mudar e diferenciar. Não basta querer uma Pedagogia Diferenciada porque é diferente,
mas sim porque os alunos devem ser o foco total do ensino e integrá-los de maneira geral
acaba sendo a melhor escolha.
A mudança de uma pedagogia tradicional para uma diferenciada é trabalhosa e exige muito da
parte docente da escola, por isso deve ser pensada com antecedência e procurar integrá-la aos
alunos e professores de forma natural e progressiva, visando o aceitamento de ambas as partes.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, Liliana. Qual o papel da pedagogia diferenciada no desenvolvimento de
aprendizagens significativas em crianças do contexto pré-escolar? 2016. Tese de Doutorado.
REZENDE, Eva Maria Colaço; LOURENÇO, Cintia. Pedagogia das diferenças: Percepção
de professores e gestores dos anos iniciais do ensino fundamental sobre diferenças na
aprendizagem. 2013.
AQUINO, Julio Groppa. Erro e Fracasso na Escola. São Paulo. Grupo Editorial Summus, 1997.
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• Física e psíquica:
• deficiência física associada à
deficiência mental;
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Materiais:
Desenvolvimento:
Feito esse procedimento, eles movimentarão para frente e para trás até que desprenda a
bola de sabão, também poderão assoprar ou aguardar o vento para o mesmo efeito. Podem
estourar as bolas de sabão, tentar manuseá-las ou apreciar o seu deslocamento.
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Materiais:
Barquinhos
- palitos de sorvete;
- caixinhas de suco recicladas;
- tesoura;
- bastão de cola quente;
- pistola de cola quente.
Aviõezinhos
- papel de sulfite colorido.
Desenvolvimento:
Num primeiro momento, conta - se histórias com barcos e aviões, em seguida são
confeccionados com dobraduras.
Os aviões de papel são soltos pela turma em que o aluno faz parte em um ambiente
aberto.
Os barcos são colocados em uma bacia com água e os alunos são estimulados a assoprar
os barcos, fazer ondas com a água para observar como os barcos se movimentam.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo é importante para a formação profissional,
bem como para aumentar os conhecimentos do tema à
prática educativa lúdica: funcionando como ferramenta para
facilitar na educação infantil e de possibilitar ao professor e a
escola propostas de metodologias diversificadas por meio dos
jogos didáticos e brincadeiras. Também, da necessidade em
trabalhar novas metodologias de ensino que ajude despertar
o interesse do aluno contribuindo para a formação do mesmo.
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É importante compreender que atividades lúdicas nas aulas não são apenas uma brincadeira,
e sim um momento de socialização e aprendizado. O lúdico para ser significativo, quando
acaba tendo pontos em comum com a realidade do educando não sendo algo isolado. Assim,
a tarefa do professor é a de conciliar os objetivos pedagógicos com o lúdico a ser introduzido.
O professor deve ter consciência das vantagens do lúdico, e com isso adequará a
determinadas situações de ensino, podendo utilizá-las de acordo com suas necessidades.
Contudo, as aulas lúdicas devem ter a função de transmitir os conteúdos e combiná-los,
pois, dessa maneira, o aluno conseguirá perceber que não está apenas brincando em aula,
mas que estará armazenando conhecimentos, melhorando o desenvolvimento pessoal e
sociocultural, que é algo indispensável para o desenvolvimento da educação.
Por isso, seria interessante a realização de trabalhos futuros que investiguem um número
maior de estudantes e instituições, para que se obtenha informações importantes sobre
o assunto pesquisado. É importante constatar que a aprendizagem irá ocorrer, mas seria
relevante analisar a utilização do lúdico durante a aprendizagem e ao mesmo tempo conseguir
alcançar o controle emocional e o domínio afetivo dos envolvidos.
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REFERÊNCIAS
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DA CRIANÇA: UMA EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Revista Margens
interdisciplinar, v. 8, n.11, p. 1-16, 2014.
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CAETANO, R. O país onde (ainda) há tempo para brincar- criança- sapo lifestyle. https://
lifestyle.sapo.mz/familia/crianca/.../o-pais-onde-ainda-ha-tempo-para-brincar 18 de maio
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LUCKESI, Cipriano C. Apontamentos para uma visão integral da prática educativa. Salvador,
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NILES, R.P.J; SOCHA, K. A importância das atividades lúdicas na educação infantil. Ágora: R.
Divulg. Cient., v.19, n.1, p.80-94, 2014.
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
RESUMO: A história de analfabetismo no Brasil remonta ao período colonial. Desde há
muito tempo o país vem lutando para a erradicação deste problema social. O contexto do
analfabetismo está rodeado por problemas sociais que contribuem para que os índices,
ainda nos dias de hoje, sejam alarmantes. A educação é um direito de todos e a própria
Constituição Federal (1988) garante isso no seu artigo 6º: “são direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição”. O letramento leva o indivíduo a um outro estado no qual as suas capacidades
são potencializadas sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico, histórico,
entre outros. A pessoa passa a fazer parte das decisões de transformação e se torna um
agente impulsionador de mudanças. Passa a ser não mais um coadjuvante, mas autor da
própria construção da vida.
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alfabeto, que não sabe ler e escrever. “Ao alfabetização – métodos sintéticos (silábicos
pé da letra, significa aquele que não sabe ou fônicos) e métodos analíticos (global),
nem o alfa, nem o beta – alfa e beta são as que padronizaram a aprendizagem da leitura
primeiras palavras do alfabeto grego; em e da escrita. No entanto, não se tem a
outras palavras: aquele que não sabe o bê-a- pretensão de discorrer sobre esses métodos
bá” (SOARES, 2003, p. 30). neste trabalho. Apenas elucidar os referidos
métodos no processo de alfabetização.
Na palavra analfabetismo, aparece
ainda o sufixo –ismo: indicando “o modo de Sendo assim, pode-se conceituar
proceder” como analfabeto. O analfabetismo, alfabetização da seguinte maneira:
nesta perspectiva, é um estado, uma
condição, o modo de proceder daquela que Nesse sentido, define-se alfabetização – tomando-
se a palavra em seu sentido próprio – como o processo
é analfabeto (SOARES, 2003). Alfabetizar, de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é, do conjunto
portanto, é ensinar a ler e a escrever. Ainda de técnicas – procedimentos, habilidades – necessárias
nesta palavra, observa-se o sufixo –izar: para a prática da leitura e da escrita: as habilidades de
codificação de fonemas em grafemas e de codificação
indicando “o modo de tornar, fazer com”. de grafemas e fonemas, isto é, o domínio do sistema
Alfabetizar, dentro desta compreensão, é de escrita (alfabeto, ortográfico); as habilidades motoras
tornar o indivíduo capaz de ler e escrever. Por de manipulação de instrumento e equipamentos para
que a codificação e decodificação se realizem, isto
sua vez, alfabetização é a ação de alfabetizar, é, a aquisição de modos de escrever e de modos de
de tornar “alfabeto” (SOARES, 2003). ler – aprendizagem de uma certa postura corporal
adequada para escrever ou para ler, habilidades de
uso de instrumento da escrita (lápis, caneta, borracha,
De princípio, pode causar “estranheza corretivo, régua, de equipamentos como máquina de
o uso dessa palavra ‘alfabeto’, na expressão escrever, computador...), habilidades de escrever ou ler
‘tornar alfabeto’. É que dispomos da palavra seguindo a direção correta da escrita na página (de cima
para baixo, da esquerda para a direita), habilidades de
analfabeto, mas não temos o contrário dela: organização espacial do texto na página, habilidades de
temos a palavra negativa, mas não temos a manipulação correta e adequada dos suportes em se
palavra positiva” (SOARES, 2003, p. 31). escreve e nos quais se lê – livro, revista, jornal, papel sob
diferentes apresentações e tamanho (folha de bloco, de
almaço, aderno, cartaz, tela de computador...) (SOARES,
Ao longo da história, essas ações 2003, p. 91).
foram tornando-se mais complexas, e
suas definições se ampliaram, passando a De maneira simplificada, afirma-se que
envolver, notadamente a partir da década alfabetização é o processo pelo qual se adquire
de 90, do século passado, um novo termo: o domínio de um código a das habilidades
o letramento. A alfabetização considerada de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, é o
como o ensino das habilidades de domínio da tecnologia, conjunto de técnicas,
“codificação” e “decodificação” foi transposta que auxilia na arte e na ciência da escrita. O
para a sala de aula, no final do século XIX, exercício efetivo e competente da tecnologia
mediante a criação de diferentes métodos de da escrita denomina-se letramento.
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Sobre isso, Mary Kato (1986, p. 45) Seguindo essa compreensão, torna-se
vai afirmar que “ainda que a chamada perceptível a diferença entre saber ler e
norma-padrão, ou língua falada culta, é escrever – ser alfabetizado – e a condição-
consequência do letramento, motivo por estado de quem sabe ler e escrever – o
que, indiretamente, é função da escola letrado –, que não significa, simplesmente, o
desenvolver no aluno o domínio da linguagem erudito. Isto é, a pessoa que aprende a ler
falada institucionalmente aceita”. e a escrever – alfabetizada – e faz uso da
leitura e da escrita no seu contexto sócio-
Por outro lado, Soares (2003) dá uma dica histórico, dando sentido ao seu mundo e
importante em relação ao próprio conceito, transformando as realidades – o letrado
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– é diferente da pessoa que não sabe ler social, cultural, cognitivo, linguístico,
e escrever – analfabeto -, ou, mesmo que histórico, entre outros. A pessoa passa a fazer
saiba ler e escrever – alfabetizada -, não faz parte das decisões de transformação e se
uso da leitura ou da escrita no seu contexto torna um agente impulsionador de mudanças.
sócio-histórico – não letrado -, não vive a Passa a ser não mais um coadjuvante, mas
condição-estado de quem sabe ler e escrever autor da própria construção da vida.
e prática e leitura e a escrita.
Soares, no livro Letramento no Brasil
Soares (2003, p. 36), nesta perspectiva, vai (2003, p. 91-92), vai definir letramento da
elucidar, de forma muito clara, o que significa seguinte forma:
essa condição-estado do ser letrado:
Ao exercício efetivo e competente da tecnologia
Estado ou condição: essas palavras são importantes da escrita denomina-se letramento, que significa
para que se compreendam as diferenças entre habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou
analfabeto, alfabetizado e letrado; o pressuposto é escrever para atingir diferentes objetivos – para informar
que quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a ou informar-se, para interagir no imaginário, no estético,
leitura e a escrita, a envolver-se em práticas de leitura e para ampliar conhecimento, para seduzir ou induzir, para
de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire um divertir-se, para orientar-se, para apoio à memória, para
outro estado, uma outra condição. catarse...; habilidade de interpretar e produzir diferente
Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já tipos e gêneros de textos; habilidades de orientar-se
não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, pelos protocolos de leitura que marcam o texto ou de
ela passa a ter outra condição social e cultural – não lançar mão desses protocolos, ao escrever; atitudes de
se trata propriamente de mudar de nível ou de classe inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e
social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita para
de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua encontrar ou fornecer informações e conhecimentos,
relação com os outros, com o contexto, com os bens escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo
culturais torna-se diferente. as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor...
Há a hipótese de que tornar-se letrado é Por isso, fala-se muito, nos dias hodiernos,
também tornar-se cognitivamente diferente: em analfabetismo funcional. O analfabeto
a pessoa passa a ter uma forma de pensar funcional é aquele que aprendeu a ler, a
diferente da forma de pensar de uma pessoa escrever e a identificar números, mas que
analfabeta ou iletrada. não sabe decodificar, de forma simples, o
que se lê e o se escreve ou realizar operações
Ser letrado significa muito mais do que matemáticas simples. Fala-se, também,
saber ler e escrever; significa a condição de um analfabetismo absoluto, em que a
de possibilidade da transformação do pessoa não teve nenhum ou pouco acesso à
indivíduo no contexto sócio-histórico bem educação. As duas formas de analfabetismo
determinado. O letramento leva o indivíduo a comprometem o desenvolvimento pessoal e
outro estado no qual as suas capacidades são social do indivíduo.
potencializadas mediante vários aspectos:
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No século passado, muitas pesquisas baseadas no mundo a partir das interações por ele
em experimentos e observações contribuíram estabelecidas. Contudo, é importante que
para a abertura de um campo de estudos os processos para tais transformações se
que mais tarde iria se estruturar em torno façam com vistas a contar efetivamente com
de diferentes teorias cognitivas ou teorias o indivíduo, conforme por Agnes Heller: “[...]
de aprendizagem, ressaltando os aspectos o homem torna-se indivíduo na medida em
relacionados aos processos de construção e que produz uma síntese em seu EU, em que
desenvolvimento do conhecimento, o papel transforma conscientemente os objetivos
da educação e demais atividades relacionadas e as aspirações sociais em objetivos e
ao sujeito que aprende. aspirações particulares de si mesmo e em que,
desse modo, socializa ‘sua particularidade’”.
Este processo pode ser analisado por meio (HELLER, 1982, p. 80). Portanto, de forma
de várias vertentes, mas independentemente conceitual, a aprendizagem pode ser
da prioridade que dão a determinados definida como o processo de aquisição de
fatores, um ponto comum presente nas informações, conhecimentos, habilidades,
teorias da aprendizagem é o paralelismo valores e atitudes possibilitados por meio do
entre as representações e condições internas estudo, do ensino ou da experiência.
do indivíduo e as situações externas a ele.
A aprendizagem é um processo complexo,
O ambiente do aluno, frequentemente, inclui um pois sua fonte encontra-se no meio natural-
professor, assim como outros alunos. O professor
tem muitas coisas a fazer e pode estar ocupado em social, abrangendo os hábitos que formamos
atividades que promovam a aprendizagem em um e a assimilação de valores culturais ao longo
número de alunos diferentes, simultaneamente. do processo de socialização. Nele ainda
Os outros aprendizes na mesma situação,
interagindo com um grupo, em equipes ou pares, intervêm muitos fatores internos de natureza
ou como indivíduos, podem estar aprendendo psicológica e biológica que interagem entre
as mesmas coisas, coisas diferentes, ou podem si e ambos com o meio externo. Assim, a
mesmo não estar aprendendo. Para entender e
reconhecer a aprendizagem que se está realizando, situação em que ocorre a aprendizagem pode
é necessário que se relacionem estes vários tipos ser compreendida como o momento em que
de características do ambiente ao processo que a criança enfrenta uma exigência externa,
se espera que ocorra no aluno, individualmente
(GAGNÉ, 1980, p. 6). e, portanto, social, e consequentemente
mobiliza e desenvolve respostas para atender
de maneira satisfatória essa exigência.
Tendo em vista a ação do indivíduo
sobre o meio e a maneira como cada ser Ainda que não se possa se restringir aos
humano organiza, aprende e interioriza processos ocorridos exclusivamente no
as informações de uma dada realidade, a ambiente escolar, o reconhecimento de que há
aprendizagem resulta em uma transformação uma característica individual no modo como
que tem por base as experiências do sujeito cada pessoa aprende implica necessariamente
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em uma revisão crítica e constante avaliação da República (1889) houve grande interesse
dos processos de ensinar e aprender, em qualificar a mão de obra para atender o
reconhecendo a existência de diferentes estilos processo de urbanização e industrialização.
de aprendizagem, planejando e aplicando
estratégias de ensino de acordo com os ritmos Esse processo se deu de forma muito lenta
de aprendizagem de cada aluno. e muito segregaria. O acesso à educação não
era tão democrático e havia disparidade na
Portanto, a aprendizagem não se resume implementação de um projeto nacional. Em
apenas a adquirir conhecimento, “mas 1946, o país foi marcado por um período
criar as possibilidades para a sua própria importante na busca da erradicação do
produção ou a sua construção (FREIRE, analfabetismo. A UNESCO, no plano
1996, p. 21). Configura-se como processo internacional, tornou pública a sua luta
e produto inacabados e diferentemente contra o analfabetismo auxiliando os países
desenvolvidos. Compreender e intervir de subdesenvolvidos a reverter esse quadro.
forma propositiva sobre diferentes ritmos de Em princípio a entidade implementou vários
aprendizagem resulta, por parte do sujeito projetos em todos os continentes (de 1966
que aprende, na construção do conhecimento a 1973) e, mais tarde (em 1980), adotou a
e no aprimoramento do desenvolvimento promoção de projetos regionais. A partir desse
cognitivo, tornando-o o maior responsável momento surgiu a noção de alfabetização
pelo controle da própria aprendizagem, funcional, concebida pela UNESCO e que,
capaz de refletir e pensar com autonomia conforme Barbosa (1994, p. 29), “tem por
assim como aplicar o conhecimento a novas objetivo proporcionar condições efetivas
situações ao longo da vida. para que os indivíduos possam enfrentar
com competência satisfatória as diversas
situações que o mundo lhes propõe”.
RELAÇÃO ENTRE
ANALFABETISMO, POBREZA Fala-se em educação, nos tempos
modernos, evidenciando um caráter amplo,
E DESIGUALDADE democrático, plural e irrestrito. A escola
brasileira tem se esforçado por garantir
O analfabetismo está relacionado o ingresso do aluno à educação de base,
diretamente com a pobreza, desigualdade e cumprindo um dos pilares da sociedade
com políticas públicas que garantam o acesso moderna. Contudo, a permanência de
à educação de forma democrática. Nem crianças e jovens no espaço educacional, é
sempre a educação no Brasil foi tomada como um desafio crescente, demonstrando uma
primordial e de interesse público. Sempre triste realidade.
esteve relegada a questões de interesse
político. Contudo, depois da Proclamação
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A pessoa não é analfabeta porque ela deseja Incentivos nesse nível, é fundamental para
ser, mas por um sistema de desigualdade. Ou uma ação efetiva e comprometida com a
seja, a pessoa não nasce analfabeta, mas é o erradicação do analfabetismo, integrando a
próprio sistema social que a condiciona a ser alfabetização a políticas de jovens e adultos,
analfabeta. Esse sistema atinge, na maioria para que os estudantes tenham condições
dos casos, pessoas simples e de regiões mais de dar continuidade em seu processo
vulneráveis, como o Norte e Nordeste. educacional.
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problema endêmico no Brasil. Os problemas renda do país. No outro extremo, 40% dos
sociais do Brasil ficam evidenciados e mais pobres concentravam somente 13,3%
podem ser compreendidos com o auxílio e da renda do país. A disparidade é enorme, e
interpretação de indicadores sociais. Houve contribuí para o analfabetismo.
um progresso muito considerável destes
indicadores nos últimos anos, notadamente Em 2011, o Ministério do Desenvolvimento
em relação ao aumento da expectativa Social e Combate à Fome calculou, tomando-
de vida, queda da mortalidade infantil, se como base dados do IBGE e estudos do
acesso a saneamento básico, coleta de lixo Ipea, que existam 16,2 milhões de brasileiros
e diminuição da taxa de analfabetismo. (8,6% do total) vivendo na miséria extrema
Contudo, apesar dos avanços, há diferenças ou com ganho mensal de até R$ 70. Nesse
regionais ainda são enormes, especialmente panorama, as regiões Nordeste (18,1%)
em relação ao nível de renda. e Norte (16,8%) lideram o levantamento,
ao passo que o Sul tem menos gente
Os problemas sociais se evidenciam de extremamente pobre (2,6%).
forma clara, sobretudo, com o IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano), o qual o De acordo com Vasconcellos et al (1999),
Brasil, entre 188 países e territórios, fica na entre os anos de 1950 e 1990, a divisão
79ª posição de acordo com dados de 2015 regional de renda ficou praticamente
divulgados pela ONU (Organização das inalterada, com algum crescimento da
Nações Unidas), embora tenha uma economia participação das regiões Centro-Oeste e
forte, sendo considerada a oitava economia Norte, em decorrência da expansão da
do mundo. Nota-se que condições e recursos fronteira agrícola. Em 1990, a região Sudeste,
para alcançar posições mais consideráveis, com 42% da população brasileira, respondia
tem, o que falta são políticas que propiciem por quase 60% da renda do país, ao passo
realmente esses avanços, especialmente na que o Nordeste, com 30% da população,
área da educação. possuía 15% da renda.
A base de dados do PNUD (2015) mostra De acordo com os dados do Ipea (2012)
que o Brasil está entre os 10 mais desiguais (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a
do mundo. Há uma enorme desigualdade no concentração fez com que a riqueza ficasse
Brasil, e isso impede o avanço do país em concentrada em poucos municípios e foi
diversos setores. Segundo dados do IBGE ampliada em decorrência da centralização
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de gastos e investimentos públicos, o que
(2012), houve uma redução na desigualdade causou o congelamento e desestímulo aos
social no Brasil nos últimos dez anos, mas não desenvolvimentos regional e local. “Em
muito expressiva, tendo em vista que 10% 1920, os 10% municípios economicamente
da população mais rica concentrava 42% da mais ricos tinham 55,4% de participação no
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PIB, ampliaram para 72,1% em 1970 e para do solo, são elementos que, de alguma
78,1% em 2007” (Ipea, 2012). forma, dificultam o progresso em aéreas já
debilitadas.
Ainda segundo dados do IBGE (2010),
seis capitais brasileiras concentram 25% de Agregado a esses fatores, a região
todo Produto Interno Bruto (PIB) do país: com maior concentração de pobreza é o
São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Nordeste, que possui áreas com altos índices
Belo Horizonte e Manaus. De acordo com o de miséria, analfabetismo, desnutrição, em
mesmo estudo, as diferenças regionais em virtude de uma estrutura socioeconômica
cada estado também são claras, visto que, frágil e marcada pela desigualdade social,
em 2008, os cinco maiores municípios do ocasionalmente agravada pelas secas
Amazonas eram responsáveis por 88,1% do periódicas da região e inexistência de
PIB estadual, assim como no Amapá (87,6%) rios, que impedem o desenvolvimento da
e Roraima (85,4%). agricultura.
Vasconcellos (1999) vai apontar alguns Todos esses aspectos contribuem não só
motivos como responsáveis pelas diferenças para a desigualdade social, mas também para
regionais: 1) falta de políticas públicas para a evasão escolar. No qual muitas crianças
a inclusão social da massa populacional ou jovens são levados a trabalharem muito
vinda abruptamente do processo escravista; cedo para ajudar no sustento da família.
2) o processo de industrialização de cunho Os últimos dados do IBGE (2010) sobre
concentrador; 3) a divisão de terras em analfabetismo configuram um mapa de
latifúndios e voltada para uma minoria; 4) desigualdades com base em fatores já
as baixas taxas de absorção e remuneração levantados acima: concentração de terra, de
da mão de obra e crises econômicas renda e de oportunidades. Esse é o preço
acompanhadas por longos períodos que o país paga pelo descaso do Estado em
inflacionários mais sentidas pelas classes muitas regiões do Brasil, e por uma série de
menos favorecidas. fatores que contribuem para o crescimento
da desigualdade.
Paralelo à essas dificuldades, algumas
áreas não conseguem se desenvolver em O Brasil tem quase 14 milhões de
decorrência do isolamento geográfico e da analfabetos, segundo o IBGE (2010). A
ineficiência do poder público para atender maior parte encontra-se na região Nordeste,
várias demandas, como desenvolver a em municípios com até 50 mil habitantes,
infraestrutura básica, atrair investimentos e na população com mais de 15 anos, entre
gerar empregos. Alguns municípios também negros e pardos e na zona rural, isto é,
não conseguem organizar-se localmente. encontra-se na população historicamente
Condições climáticas, assim como as marginalizada. O censo vai revelar que houve
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uma redução significativa de 29% em relação aos números apresentados em 2000, mas
ainda insatisfatória, especialmente, quando considerados os critérios utilizados pelo IBGE.
Considera-se alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete simples. Esse conceito
é muito polêmico entre os pesquisadores, visto que se se for utilizado um critério um pouco
mais exigente, esse índice sobe drasticamente.
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Portanto, nota-se que, em cada governo, foram promovidos esforços a fim decombater o
analfabetismo, que se mostra, ainda nos dias de hoje, um problema social crônico no Estado
brasileiro. Como já está confirmado, mediante diversos programas de incentivo, não basta
somente ensinar a ler e escrever, como se isso fosse sinônimo de alfabetização, é necessário
levar a pessoa a um desenvolvimento sócio-econômico-cultural. A educação deve perpassar
o todo da vida, levando o indivíduo a uma transformação sócio-histórico efetiva.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é o bem mais precioso de uma nação. Um país
desenvolvido e transformado socialmente é um país que
optou por acreditar em cada ser humano como agente de
transformação e de sonhos. A alfabetização não só possibilita
o acesso ao entendimento de tetos, mas possibilita o acesso
à compreensão de mundo e a uma condição-estado de
interpretação da própria vida.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1994.
CAGLIARI, C. L.; Alfabetização E Linguística: pensamento e ação na sala de aula. São Paulo:
Editora Scipione, 2010.
FREIRE, P.; Pedagogia Da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1987. – Coleção Leitura.
KATO, M. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986.
(Série Fundamentos).
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SOARES, M.; Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
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ARTE E MUSICALIDADE:
PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO
BÁSICA
RESUMO: Este artigo visa refletir sobre as questões que permeiam o universo da Arte na
educação, com ênfase na Educação Infantil, analisando suas particularidades, possibilidades
e o papel do educador na perspectiva da implantação de uma educação significativa e de
qualidade social.
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circundante. O produto de ação criadora, a da cultura que vive e dos conhecimentos que
inovação, é resultante do acréscimo de novos adquire com a vivência diária. O processo de
elementos estruturais ou da modificação criatividade se dá de formas diferenciadas
de outros. Regido pela necessidade básica na prática humana, ora se dá através da
de ordenação, o espírito humano cria, capacidade criadora na combinação de
continuamente, sua consciência de existir elementos resignificados, ora se dá de forma
por meio de manifestações diversas. Desse a relacionar o cotidiano a situações de
modo, enquanto linguagem, a arte auxilia- aprendizagem que se redimensionam a partir
nos a “ler” nossas experiências ao lidar com da realidade de cada um.
o mundo externo em nossa organização
interna, contribuindo, por meio da expressão Quando se pensa em arte na escola, parece
dos conflitos decorrentes de nossa situação relevante refletir sobre valores, emoções,
no universo sociocultural a que pertencemos sentimentos e significações construídas
para a compreensão e interpretação do duplo por meio desta forma de comunicação e
que somos. Assim, além de “ler”, por meio de expressão.
um sistema simbólico “escrevemos”, via arte,
nossas experiências vividas. A Educação através da Arte vem se
caracterizando pelo posicionamento
idealista, direcionado para uma relação
PERSPECTIVAS SOBRE subjetiva com o mundo. Embora tenha tido
O ENSINO DE ARTES NO pouca repercussão na educação formal,
contribui com a enunciação de uma visão
ENSINO BÁSICO de arte e de educação com influências
recíprocas. Na educação artística nota-se uma
O ensino de Artes exige tanto do professor preocupação somente com a expressividade
como do aluno a criatividade, inventividade individual, com técnicas, mostrando-se, por
e busca constante de conhecimentos. outro lado, insuficiente no aprofundamento
Reconhece-se que no âmbito educacional do conhecimento da arte, de sua história e
muito se tem enfatizado a questão da das linguagens artísticas propriamente ditas.
criatividade, dando-lhe várias definições,
entre elas considerando os jeitos sociais, Outro ponto importante é a reflexão
em alguns outros pontos, estudiosos da quanto a Arte enquanto disciplina. Há que
criatividade humana tem tentado conceituá- se compreender que esta área de ensino
la de forma similar ou igualitária como conta com objetivos diversos que levam a
nascida das noções cognitivas. aprendizagem, como propõe os Parâmetros
Curriculares Nacionais:
A criatividade é a expressão de todas as
habilidades criativas do ser humano, diante
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eles. “Todo o trabalho a ser desenvolvido na Educação Infantil deve buscar a brincadeira
musical, aproveitando que existe uma identificação natural da criança com a música. A
atividade deve estar muito ligada à descoberta e à criatividade”, (2007), aponta Teca Alencar
em suas pesquisas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As perspectivas curriculares de educação artística
para a compreensão da cultura visual distinguiram e
abordam produtos a partir de um novo campo de estudos
interdisciplinares.
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Aprender é processo: social, comunicativo e discursivo, onde o papel do docente não deve
limitar-se a realizar uma intervenção ativa, planejada e intencional para formar aprendizagens
necessárias para o desenvolvimento global do aluno.
Uma mediação sempre será a articulação entre as histórias pessoais e coletivas dos
aprendizes de Arte. O educador deve ser capaz de criar situações que possam ampliar a
leitura e compreensão das pessoas, sobre sua cultura e seu mundo. No ensino da Arte é
preciso pensar em desafios instigantes e estéticos.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana. MAE. (1981). Imagem no ensino da Arte: ano oitenta e novos tempos, São
Paulo: Perspectiva, 1981.
PILLAR, Analice Dutra (org.) A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação,
1999.
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A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO
DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESUMO: Através de uma pesquisa realizada em livros e trabalhos acadêmicos que versem
sobre a temática ficou evidente que muitas crianças apresentam dificuldades de aprendizagem
durante o processo da alfabetização. O objetivo principal desta pesquisa foi o de investigar,
intervir, amenizar e estimular uma aprendizagem construtivista, envolto à afetividade,
com ações planejadas, dialogadas, significativas, e sistematizadas a partir do cotidiano e
dos interesses que envolvem duas instituições seculares: a família e a escola com o eixo
voltado às necessidades dos educandos. Todo este processo foi desenvolvido com leituras
e releituras de vários autores comprovadamente envolvidos com a problemática visando
que a criança apresente avanços com resultados positivos e significativos e família e escola
despertem para a importância de estreitar as relações no processo ensino aprendizagem.
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para os filhos. Os pais precisam pedir tarefas outras atividades, que organizem um tempo
para os filhos de forma que sejam capazes mesmo que seja pouco, mas que seja um
de cumprir conforme idade e as habilidades tempo de qualidade, para uma relação com os
que possuem. A habilidade de desculpar- seus filhos de amor, respeito, compreensão,
se precisa ser considerada, pois os pais troca, socialização e crescimento. Neste
ao pedirem desculpas, estão admitindo sentido, precisam abrir mão da oferta de
os próprios erros e ensinando os filhos a brinquedos, televisão, videogame, para que
comportarem-se de forma parecida, o que é a atenção dessas crianças seja preenchida,
desejo dos pais. enquanto se ocupam com outras atividades
esquecendo-se de dar o carinho e o amor que
A participação dos pais nas atividades estas crianças necessitam tanto. E também,
escolares também é de suma importância, eles precisam ter a exata compreensão de
além das habilidades parentais. Sampaio, que não podem delegar para a escola o dever
De Souza & Costa (2004) acreditam que de educar com valores morais e afetivos, pois,
é relevante realizar um treinamento de além de propiciar fortes condições para as
pais para o auxilio do filho na realização dificuldades de aprendizagem, ainda trazer
adequada das tarefas de casa e com isso um grande prejuízo para a relação familiar.
estar atentos para condições antecedentes
aos comportamentos envolvidos no estudar,
os próprios comportamentos e as condições A CRIANÇA E SUA RELAÇÃO
consequentes a eles. As condições COM O UNIVERSO ESCOLAR
antecedentes são: ambiente organizado,
bem iluminado, silencioso, horário fixo de
estudo, material escolar completo e atraente. Muito tem se falado sobre as dificuldades
As respostas envolvidas compreendem: de aprendizagem que as crianças enfrentam
atenção aos prazos de entrega, postura na escola, os motivos que levam as mesmas
corporal adequada e métodos adequados a fracassarem e o papel fundamental da
de estudo. As condições após a execução do família. Mas e a escola? O que ela pode
ato de estudar são consequências positivas, fazer para ajudar seus alunos? O professor, a
como elogios e recompensas. coordenação pedagógica e outros membros
da equipe da escola? A escola deve ser
De fato, a família é o primeiro lugar que um lugar onde as crianças sintam vontade
passa segurança, que acolhe a criança após de ir, que peçam aos pais para levarem e
o nascimento. É importante que a criança acima de tudo, um lugar que possibilite o
encontre no lar proteção, segurança e apoio conhecimento, a aprendizagem. Por que
psicológico. Para um bom desenvolvimento então a escola, com tantas obrigações com
físico, mental e cognitivo, é necessário, seus alunos é uma das causas das dificuldades
mesmo que os pais tenham outros filhos, de aprendizagem?
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Segundo Piaget, à medida que o ser se situa sejam elas situadas no campo ou na cidade,
no mundo estabelece relação de significações, lugares estes geralmente descuidados pelo
isto é, atribui significados à realidade em poder público, discutir sobre a poluição
que se encontra. Esses significados não são dos riachos, dos córregos, os baixos níveis
faculdades estáticas, mas, ponto de partida de bem-estar das populações, os lixões
para atribuição de outros significados. Hoje, e os riscos que oferecem à nossa saúde.
os grandes objetivos da Educação são: Questioná-los fazendo comparações com
ensinar a aprender, ensinar a fazer, ensinar a estruturas e vantagens que bairros nobres
ser, ensinar a conviver em paz, desenvolver têm sobre os de periferia, dentre outras
a inteligência e ensinar a transformar questões pertinentes ao assunto.
informações em conhecimento. Para atingir
esses objetivos, o trabalho de alfabetização Desenvolvermos e construirmos com
precisa desenvolver o “letramento” das nossos alunos reflexões críticas sobre os
situações reais que estão vivendo. acontecimentos que envolvem o nosso
planeta em todos os aspectos sejam eles:
“O letramento é entendido como produto políticos, econômicos, educacionais,
da participação em práticas sociais que usam a
escrita como sistema simbólico e tecnologia [...]. ambientais, questões de cunho racial, de
São práticas discursivas que precisam da escrita etnias, ações discriminatórias, regionais,
para torná-las significativas, ainda que às vezes sociais entre tantos outros aspectos
não envolvam as atividades específicas de ler
ou escrever (Parâmetros Curriculares Nacionais relacionados a esta questão. Toda esta
BRASIL, 1998, p.19)”. dimensão sistematizada e dialogada de
forma significativa irá ajudá-los a entender
Os PCNs propõem um currículo baseado o seu contexto, incitando-o a pensar e agir
no domínio das competências básicas e que como um cidadão consciente, crítico, ativo
esteja em consonância com os diversos e participativo perante a sociedade na qual
contextos de vida dos alunos. está inserido.
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expressão são elementos fundamentais para conseguem fazer uma leitura da corporeidade
os avanços que a criança pode apresentar e da expressão, percebendo dificuldades,
na sua forma de apreender a aprender. limitações. A partir de então estabelece
Sabemos que a realidade das salas de aula com este aluno uma relação de afetividade
nas escolas públicas, muitas vezes não nos facilitando a construção do conhecimento,
permite perceber simples gestos que podem tornando-o mais preciso e prazeroso.
tornar-se problemas futuros e ou até mesmo
presentes no contexto escolar, por isso, Wallon (1978) afirma que a criança acessa o
precisamos sempre nos auto avaliarmos para mundo simbólico por meio de manifestações
não sermos cúmplices em alguns casos, das afetivas que se estabelece entre elas e os
dificuldades de aprendizagem apresentadas adultos. Para ele, à medida que o indivíduo se
pelos nossos educandos. desenvolve cria-se uma forma de expressão
mais complexa. O docente passa ser um
As ideias de mediação e internalização ponto de referência para o aluno, por isso
encontradas em Vygotsky (1994) permitem deve-se redobrar o cuidado na relação entre
defender, que a construção do conhecimento o professor e o aluno. É importante ressaltar,
ocorre a partir de um intenso processo de que toda relação pedagógica tem dimensão.
interação entre as pessoas.
“Na relação pedagógica, o que se aprende não
é tanto o que se ensina, mas o tipo de vínculo
O papel do outro tem uma importância educador/educando que se estabelece na relação”.
fundamental enquanto formação do sujeito, (GARCIA.1998, p.41).
já que o outro é importante na construção
do que sou, pois, sozinho não há conflito Pela relação que estabelece na sala
e não terá modificação. A interação com de aula, o professor ao ensinar, exerce
o outro, desperta no sujeito a capacidade significativa influência sobre o aluno que
de buscar novas significações e trocas de aprende, levando-o a alterar, modificar e
conhecimento. E indubitavelmente, é no transformar atitudes, ideias habilidades e
espaço escolar que esta relação se intensifica. comportamentos. Sua atuação ultrapassa,
no entanto, a simples transmissão de
As escolas devem estar preparadas conhecimentos. Como professor preciso me
para receber os alunos, mas para que esse mover com clareza na minha prática.
“acolhimento” tenha sucesso integralmente
é preciso que os profissionais que atuam A relação ensinar e aprender não se limita
diretamente com os discentes tenham uma ao espaço da sala de aula. Ela é muito mais
formação adequada. ampla, estendendo-se além da escola na
medida em que as expectativas e necessidades
Quando os profissionais são capacitados sociais bem como a cultura, valores éticos,
e possuem uma formação continuada, eles morais e intelectuais, os costumes, as
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preferências, entre outros fatores presentes dialogada com os alunos, na construção coletiva
na sociedade, tem repercussão direta no do saber valorizando a realidade social do aluno.
trabalho educativo.
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para o não cumprimento dela, de modo José e Coelho (2002) colocam que as
que saibam evitar o desrespeito a norma. crianças não conseguem acompanhar o
Tais habilidades de refletir sobre as regras, currículo estabelecido pela escola e, porque
negociá-las e pensar sobre as consequências fracassam, são classificados como retardados
das mesmas no contexto da família, são mentais, emocionalmente perturbados ou
importantes para que a criança também simplesmente rotulados como alunos fracos
aprenda a respeitar as normas da escola, e multirrepetentes.
dialogar com os professores sobre elas e
explicarem-se e desculparem-se quando não Souza (1996) afirma que o ambiente de
foram capazes de cumpri-las. origem da criança é altamente responsável
pelas suas atividades de segurança no
Strick e Smith (2001) ressaltam que o desempenho de suas atividades e na
ambiente doméstico exerce um importante aquisição de experiências bem sucedidas,
papel para determinar se qualquer criança o que faz a criança obter conceito positivo
aprende bem ou mal. As crianças que sobre si mesma, fator importante para a
recebem um incentivo carinhoso durante aprendizagem.
toda a vida tendem a ter atitudes positivas,
tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si Para Garcia (1998) é possível conceber a
mesmas. Essas crianças buscam e encontram família como um sistema de organização, de
modos de contornar as dificuldades, mesmo comunicação e de estabilidade. Esse sistema,
quando são bastante graves. a família, pode desordenar a aprendizagem
infantil, o mesmo que podem fazer os fatores
As autoras colocam que o estresse sociais tais como a raça e o gênero na escola.
emocional também compromete a
capacidade das crianças para aprender. A O autor ainda refere que as dificuldades
ansiedade em relação a dinheiro ou mudanças de aprendizagem devem ser diagnosticadas
de residência, a discórdia familiar ou doença de forma diferente em relação a outros
pode não apenas ser prejudicial em si mesma, transtornos próximos, ainda que, frente a
mas com o tempo pode corroer a disposição presença em uma pessoa de uma dificuldade
de uma criança para confiar, assumir riscos de aprendizagem e de outro transtorno, seja
e ser receptiva a novas situações que são necessário classificar ambos os transtornos,
importantes para o sucesso na escola. sabendo que se trata de dois transtornos
diferentes.
Para Fernandez (1990) quando o
fracasso escolar se instala, profissionais
(fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos,
psicopedagogos) devem intervir, ajudando
através de indicações adequadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o aumento do número de crianças nas escolas, as
estatísticas do fracasso escolar tornaram-se cada vez mais
evidentes. O que faz com que alguns alunos aprendam e
outros não? Encontrar explicações para o fato, bem como os
meios para sua superação constituíram-se em motivações
para a realização da pesquisa, ora em desenvolvimento,
concebida com os objetivos de detectar as causas geradoras
de dificuldades na área de leitura e de escrita em alunos de
5ª séries do Ensino Fundamental e verificar a eficiência das
atividades de reflexão e de operação sobre a língua como
meios de superação dessas dificuldades, onde pretendemos
provar que parte desse fracasso está diretamente relacionada
à questão socioeconômica, e a escola, como direito de todo
cidadão deve desenvolver mecanismos que possibilitem o BRUNA MAZERINO
sucesso do aluno com dificuldades de aprendizagem.
Licenciada em Pedagogia pela
Unicid em 2011. Pós-Graduada
O alcance social e prático deste trabalho está na em Educação Fundamental
possibilidade de se evidenciar que ao aluno de baixa renda, pela FCE em 2018. Professora
de Educação Infantil e Ensino
de certa forma sofre uma espécie de exclusão pedagógica, Fundamental da Rede Pública
em função das suas dificuldades de aprendizagem oriunda Municipal e Estadual.
da sua condição social, que acaba tornando-se uma
exclusão social, pois este aluno, caso a escola, não assuma
suas responsabilidades acabará sendo vítima da evasão
ou repetência, em função do seu padrão linguístico, o que
resultará na reprodução da exclusão social a que ele já está
submetido.
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REFERÊNCIAS
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PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Trad. Ivete Braga. 12 ed. Rio de Janeiro: José
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VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo elucidar pontos principais acerca do processo
de inclusão de pessoas com Deficiência Intelectual na escola comum que envolve o
oferecimento de condições físicas, pedagógicas e sociais para que esse aluno com
necessidades especiais possa aprender e a exercer seu papel de cidadão, tendo direito a uma
educação de qualidade, com oportunidades de aprendizagens que possam humanizá-los. E,
especialmente, a formação docente para o desenvolvimento do trabalho pedagógico, tendo
em vista que no momento as escolas comuns estão recebendo diversos alunos com as mais
variadas deficiências, mesmo alunos com Deficiência Intelectual, e o que podemos verificar
é que esses alunos com Deficiência Intelectual têm maiores dificuldades no seu processo de
aquisição de leitura e escrita o que acarreta o fracasso desses alunos ao concluírem o ensino
fundamental, muitos não estarão alfabetizados.
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Para Mazzota (1994, p.36), a primeira luta a mental e só passamos a utilizar efetivamente
ser vencida pela pessoa com deficiência está o termo Deficiência Intelectual a partir da
em conquistar o seu direito de participação declaração de Montreal sobre Deficiência
em sua sociedade e não como participantes Intelectual, aprovada em 06/10/2004 pela
necessitando que alguém esteja com elas. É organização Mundial de Saúde (OMS, 2004).
certo que determinados graus de deficiência
físicas e mentais não lhe permitem autonomia Deficiência intelectual é o “funcionamento
e tenham que ser tutelados. intelectual significativamente inferior à
média, com manifestações antes dos 18 anos
A esse respeito Mazzota (1994) coloca e limitações associadas a duas ou mais áreas
que a participação consiste na intervenção de habilidades adaptativas”. Hoje, quando se
ativa na sua construção de uma sociedade, e fala de inclusão escolar, o maior debate gira
a realização mediante a tomada de decisões em torno do acesso do aluno com deficiência
e das atividades sociais e em todos os níveis. intelectual, especialmente quando ele
Assim sendo, observamos que os aspectos apresenta graves comprometimentos
sociais responsáveis pela discriminação cognitivos.
social da pessoa com Deficiência Intelectual,
não são somente os aspectos biológicos Considera-se deficiência intelectual
de sua deficiência, e sim, quando nossa segundo a definição da AAIDD,
mente refere-se a um inválido, um cego, um American Association on Intellectual
defeituoso ou um maluco. and Developmental Disabilities. Em
tradução para o português: Associação
Entendemos que a sociedade marginaliza Americana de Deficiências Intelectual e de
quando afirma que o indivíduo com Desenvolvimento: A deficiência intelectual é
Deficiência Intelectual não consegue uma deficiência caracterizada por limitações
modificar sua situação, levando a completa significativas tanto no funcionamento
omissão dessa sociedade em relação à intelectual e no comportamento adaptativo
organização de serviços oferecidos para em pelo menos duas das seguintes áreas de
aqueles que têm necessidades individuais habilidades: comunicação, auto-cuidados,
específicas. Atualmente, utilizamos o termo vida doméstica, habilidades sociais,
Deficiência Intelectual. relacionamento social, uso de recursos da
comunidade, auto- suficiência, saúde e
segurança, habilidades acadêmicas, lazer e
O QUE É DEFICIÊNCIA trabalho.
INTELECTUAL?
São muitos os conceitos de deficiência
A deficiência Intelectual foi conhecida intelectual, mas o atual modelo da Associação
durante muitos anos como deficiência Americana de Deficiência Intelectual e
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deficiência como [...] “uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou
transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida
diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Essa definição ratifica a
deficiência como uma situação.
Como o próprio nome aponta a deficiência intelectual pode ser entendida como o não
funcionamento da mente conforme os padrões normalmente encontrados em seres humanos.
Caracterizam-se pela parcialidade dos processos e/ ou do exercício das funções psicológicas
superiores. (Vygotsky, 1991).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim desta pesquisa podemos compreender melhor
os aspectos da deficiência intelectual, e sabemos que não
é fácil trabalhar com estes alunos, sobretudo pela falta
de informações disponíveis sobre os mesmos, muitas
vezes a família não busca o acompanhamento necessário,
e por meio deste artigo buscamos elucidar os pontos
principais sobre a deficiência intelectual, para viabilizar o
trabalho pedagógico docente, pois esse aluno exige mais
atenção, mais sensibilidade e compreendemos quando os
professores da sala regular da escola comum são tomados
pelo sentimento de angustia, pois ainda alguns desses
professores têm a visão de que irão “curar” o aluno com
deficiência intelectual, quando na verdade o objetivo não
é esse. E, o objetivo ao se trabalhar com o aluno com CAMILA CRISTINA DO
deficiência intelectual é de possibilitar a sua construção NASCIMENTO
de conhecimentos e aprendizagens para que esses alunos
Graduação em letras - Português/
sejam como um cidadão autônomo e independente. Inglês pela Universidade Nove
de Julho (UNINOVE), Graduação
em Pedagogia pela Universidade
Brasil, Especialização em
Docência no Ensino Superior, pela
Universidade Brasil. Professora
da rede municipal de ensino.
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REFERÊNCIAS
AAIDD. American Association on Intellectual and Developmental Disabilities Disponível em:
<http://www.aaidd.org>. Acesso em 20 mar 2019.
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COELHO, N. N. Literatura Infantil: Teoria Analise e Didática. São Paulo: Moderna, 2000.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. A Psicogênese da lingua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
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VYGOSTSKY, L.S A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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Brincar de tudo é uma forma de você estimular a liberdade da criança. Sem imposições.
O enriquecedor dentro dessa prática não sexista é poder proporcionar uma gama de
oportunidades e vivências que refletirão ao longo de sua vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi dito, pode-se dizer que abordar as
relações de gênero na escola é de extrema importância, pois
o sistema educacional brasileiro coloca como um de seus
objetivos os de combater a promoção da desigualdade de
gênero, uma vez que esta desigualdade não é condizente
com uma sociedade democrática.
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REFERÊNCIAS
CORTEZ, Elisa; MENDONÇA, Michele. Educadoras falam sobre igualdade de gênero na
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WALKERDINE, Valerie. Counting Girls Out, especialmente no capítulo 5 - Power and gender
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A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO POR MEIO DA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
RESUMO: A educação à distância (neste artigo citada pela expressão EaD) no contexto
brasileiro ainda é um mar a ser desbravado por docentes e discentes, tendo em vista que se
trata de uma modalidade de ensino relativamente recente no cenário brasileiro, e, se tratar
processo de ensino-aprendizagem com alunos separados fisicamente bem como do professor,
circunstância pouco explorada na realidade brasileira. O trabalho aqui apresentado vem por
meio das leituras e reflexões sobre a bibliografia levantada acerca do tema (faz-se importante
ressaltar a escassez que estudos na área em comparação com outros temas da educação),
abordar o desenvolvimento do EAD no Brasil em prol da construção do conhecimento.
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INTRODUÇÃO A CONSTRUÇÃO DO
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si CONHECIMENTO POR MEIO
mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados
pelo mundo”.
DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Paulo Freire
A EaD teve seu início com a definição de
As diversas modalidades de ensino qual nomenclatura no cenário internacional
são importantes para todo o processo de utilizar para esta nova modalidade de ensino,
aprendizagem das pessoas, com o avanço da e, como relata HACK (2011):
Educação no Brasil, a falsa ideia que temos que
estar presentes juntamente com o professor A busca da origem da expressão EaD nos leva
a um dos pioneiros no estudo da temática, o
no mesmo espaço físico para viabilizar o educador sueco Börje Holmberg, que confessou
desenvolvimento deste processo de maneira a Niskier (2000) ter ouvido a expressão na
eficiente e eficaz está se desmitificando ao universidade alemã de Tübingen. Para Holmberg
(apud NISKIER, 2000), em vez de citar “estudo
passo que a EAD está crescendo no cenário por correspondência”, os alemães usavam os
brasileiro cada dia mais. termos Fernstudium (Educação a Distância) ou
Fernunterricht (Ensino a Distância). Niskier (2000)
ainda destaca que o mundo inglês conheceu a
Este crescimento está diretamente ligado expressão a partir de Desmond Keegan e Charles
ao fato das pessoas desprenderem cada vez Wedemeyer. Para Aretio (1996), estudioso
menos tempo para se deslocar e custear um espanhol da EaD, apesar de existirem diferentes
denominações para a modalidade, atualmente
curso presencial no qual terá como despesas: se aceita, de forma generalizada, o nome de
mensalidades, transporte, alimentação e Educação a Distância. Inclusive o organismo
acima de tudo tempo. mundial que agrupa as instituições de EaD,
denominado desde a sua fundação em 1938
como International Council for Correspondence
Tempo este que se torna mais precioso e Education (ICCE) – Conselho Internacional de
caro com a modernidade e a velocidade das Educação por Correspondência –, trocou seu
nome na 12ª Conferência Mundial, no ano de
informações. 1982, para International Council for Distance
Education (ICDE) – Conselho Internacional de
Ademais, trazer e descrever a importância Educação a Distância. (HACK, 2011, p.13).
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A educação à distância será parte natural Sendo assim, não são admitidas distinções
do futuro da escola e da universidade. Valerá
ainda o uso do correio, mas parece definitivo ou preconceitos entre as modalidades
que o meio eletrônico dominará a cena. Para se presencial e a distância, pois em ambas há
falar em educação à distância é mister superar a troca e o aluno não está isolado, ambas
o mero ensino e a mera ilustração. Talvez fosse
o caso distinguir os momentos, sem dicotomia. promovem a consolidação da aprendizagem
Ensino à distância é uma proposta para socializar significativa ao aluno, e o Ministério da
informação, transmitindo-a de maneira mais Educação em seus documentos oficiais deixa
hábil possível. Educação à distância, por sua
vez, exige aprender a aprender, elaboração clara esta posição, como relata Azevedo In.
e consequente avaliação. Pode até conferir Litto (2004):
diploma ou certificado, prevendo momentos
presenciais de avaliação. (HACK, 2011, p. 15). Os avanços do ensino a distância nos últimos
anos foram importantes para o Brasil e sabe
se que atualmente o MEC não mais hostiliza
A EaD é uma modalidade concebida, esse ensino como ocorria há pouco tempo e
especialmente, para alcance dos alunos que até os ampara; isso é provado com a existência
de uma Secretaria de Educação a Distância no
não tem condições de frequentar os cursos MEC, o que era inconcebível há alguns anos. O
presenciais, por questões financeiras, em sua elevado número de alunos nos cursos de ensino
maioria dos cursos EaD tem o custo menor, a distância — mais de 2,5 milhões de alunos — e
o seu melhor desempenho nos exames do Enade
pois as caraterísticas do custeio desta em relação aos de cursos tradicionais são prova
modalidade são diferentes da modalidade disso. (AZEVEDO In. LITTO, 2004, p. 5)
presencial.
A qualidade do ensino está diretamente
Os cursos disponibilizados nesta ligada ao processo de troca entre os
modalidade têm poucos encontros envolvidos, em linhas gerais, o aluno da
presenciais, o que diminui o custo fixo da EaD tem que ser disciplinado e curioso no
instituição de ensino, e, em alguns casos não sentido de buscar outras fontes além das
há encontros presenciais. E, os materiais são disponibilizadas nos materiais referentes
disponibilizados virtualmente, diminuindo o ao curso que está estudando a fim de sanar
custo para o aluno. suas eventuais dúvidas bem como levado
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nesse sentido, que o material venha a com diversas possibilidades de interação: chat,
proporcionar múltiplas interações ao discente e, aula web, fórum, portfólio, livros da disciplina
consequentemente, a aprendizagem qualitativa. produzidos por professores em parceria com
(LOBATO, 2009, p. 4) outros autores, email, biblioteca digital, física e
outros. (VAGULA, 2012, p. 8)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, a EaD ainda pode ser considerada como mar
a ser desbravado, pois sua história é recente e se encontra
em processo de aprimoramento do uso das tecnologias,
do currículo articulado com a realidade do aluno, nas
necessidades educacionais da sociedade moderna e na
velocidade da informação. Nestes aspectos é importante
salientar o dinamismo que esta modalidade exige do
professor em acompanhar as novas tecnologias e estudos
acerca dos temas que tratará em suas aulas e na bibliografia
em geral que cada dia tem descobertas significativas em
todas as áreas de conhecimento.
CARLA FERREIRA DE
ARAUJO
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REFERÊNCIAS
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A constituição da escola democrática não pode ser concebida sem a participação ativa de
professores e alunos, mas a sua realização demanda também a participação democrática de
outros seguimentos que compõe a equipe escolar e o exercício da cidadania crítica por seus
atores, sendo o produto de um processo de construção coletiva.
O estilo da gestão participativa acentua a necessidade de “prever formas organizativas e procedimentos mais
explícitos de gestão e de articulação das relações humanas” no ambiente escolar: interações entre pessoas
com cargos diferentes, especialidades distintas e histórias de vida singulares que compartilhem objetivos
comuns e decidam, de forma pública, participativa e solidária, os processos e os meios de conquista desses
objetivos. (LIBÂNEO, 2003, p.382).
Segundo Sacristan (1999) o processo de gestão democrática na escola não se resume apenas
na participação e sim todas as práticas irão refletir quais valores são almejados e trabalhados
neste contexto. Para o fortalecimento da gestão democrática na escola é necessário garantir
reais possibilidades de participação e organização colegiada que são fundamentais para a
garantia da democratização das relações na unidade escolar. O fortalecimento do Conselho
Escolar, buscando formas de ampliar a participação ativa de professores, coordenadores,
estudantes, funcionários, pais de estudantes e comunidade local é muito importante para a
efetivação da gestão democrática.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma gestão democrática na educação prevê a divisão
de responsabilidades no processo de tomada de decisões
envolvendo todos os segmentos da unidade educacional
para a busca de soluções que se adequem as necessidades
reais da escola.
Analisando a legislação vigente, fica claro que com a Constituição Federal de 1988 a
educação passa por transformações em seu papel na sociedade e uma nova visão passa a
vigorar neste sentido do processo de democratização política em que vivia o país.
Cada Unidade Educacional tem autonomia para a formulação do seu Projeto Político
Pedagógico de forma coletiva e conjunta com todos os atores envolvidos no processo
educacional. Este documento por conter tantas informações que caracterizam e dão “vida” a
Unidade Educacional se converte numa ferramenta de planejamento e avaliação.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de
1988. Brasília, 1988.
LIBÂNEO, J. C. et al. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez,
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SÃO PAULO (SP). Portaria 2565/08 - Normatiza a Composição do Conselho de Escola que
especifica nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino. São Paulo: SME. 2008.
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A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
RESUMO: Este Trabalho de conclusão de curso tem como objetivo conscientizar sobre a
importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem. Infelizmente, entre os
educadores da maioria das Instituições de Ensino, é forte a ideologia de que o aprendiz pode
ser dividido em duas partes: físico e mental, razão e emoção ou cognitivo e afetivo. Vamos
nos ater a este último citado: cognitivo e afetivo, focando precisamente na afetividade,
refletindo se podemos realmente pensar nessa dicotomia do ser humano no complexo
processo de ensino-aprendizagem. Inicialmente abordamos pareceres e teorias de renomados
estudiosos no campo da afetividade como Piaget, Vygotsky e Wallon, que embasam suas
teorias na psicogenética e na abordagem sócio-cultural, ambos, em seus estudos, mostram
a complexidade que se dá neste diálogo entre a cognição e afetividade, cada um discorre
em sua teoria com suas especificidades; um dando maior ênfase a um ponto que o outro, no
entanto percebemos que elas se entrelaçam, produzindo um efeito positivo para o estudo
sobre a relação da indissociação do indivíduo. Refletiremos no papel do psicopedagogo no
âmbito escolar como facilitador das interações e da promoção de uma afetividade eficaz na
aprendizagem, para tal reflexão, buscamos Nos estudos de Nádia Bossa mostraR a história
e evolução da psicopedagogia no Brasil. O trabalho apresentado dá impulso a um caminho
árduo e recompensador aos profissionais ligados a uma forma significativa de ensinar, pois
busca levar à consciência dos educadores que a criança é um ser integral que pensa, que age
e que, sobretudo, sente.
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Ele não separa o intelecto do afeto, O sujeito visto pelos olhos de Vygotsky
pois busca entender o sujeito como uma é um ser histórico-cultural, é produto do
totalidade. desenvolvimento de processos físicos e
“Referimo-nos à relação entre intelecto mentais, cognitivos e afetivos, internos e
e afeto. A sua separação enquanto objetos
de estudo é uma das principais deficiências externos.
da psicologia tradicional. Uma vez que esta
apresenta o processo de pensamento como Os processos cognitivos e afetivos como
fluxo autônomo de pensamentos que pensam
por si próprios, dissociados da plenitude da vida, o modo de pensar e o modo de sentir são
das necessidades e dos interesses pessoais, das carregados de conceitos, relações e práticas
inclinações e dos impulsos daquele que pensa.” sociais de um determinado fenômeno
(VYGOTSKY, 1998, P 6-7)
histórico e culturais, logo afetividade humana
é constituída culturalmente.
Segundo ele são os desejos, necessidades,
emoções, motivações, interesses, impulsos e “... por meio do modelo vygotskyano é possível
concluir que as funções psíquicas humanas
inclinações do ser humano que dão origem estão intimamente vinculadas ao aprendizado,
ao pensamento e este exerce influência à apropriação (por intermédio da linguagem) do
sobre o aspecto afetivo. legado cultural de seu grupo... O longo caminho
do desenvolvimento humano segue, portanto,
Em sua perspectiva, conhecimento e
do social para o individual (REGO, 2003)
afetividade não são separadas no individuo,
apesar de diferentes elas se inter-relacionam
no processo de desenvolvimento.
CONCEITO DE AFETIVIDADE
“Quem separa desde o começo o pensamento
do afeto fecha para sempre a possibilidade DE HENRI WALLON
de explicar as causas do pensamento, porque
uma análise determinista pressupõe descobrir A teoria de Henri Wallon é baseada numa
seus motivos, as necessidades e interesses, os visão não fragmentada do desenvolvimento
impulsos e tendências que regem o movimento
do pensamento em um ou outro sentido” humano, busca compreendê-lo do ponto
(VYGOTSKY, 1993:23) de vista do ato motor, da afetividade, da
inteligência e das relações que o individuo
Para ele, as dimensões do afeto e da estabelece com o meio. As suas investigações
cognição estão desde cedo dialeticamente foram concentradas nos primeiros anos de
relacionadas. Nesse contexto, o repertório vida.
cultural, as experiências e as interações
com outras pessoas são fundamentais para Em sua linha de estudo, dá destaque às
a compreensão do desenvolvimento com emoções e às contradições entre esta e outros
relação à afetividade. campos funcionais no desenvolvimento,
adotando para o estudo os fatores de origem
orgânica e social.
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respeitada em relação às suas emoções e aos esta sendo afetiva, mostrando o que está
seus sentimentos haverá um aprendizado sentindo, está se expressando, mas por falta
cognitivo mais significativo. de maturidade não consegue fazer de forma
como os adultos fariam com mais facilidade.
Cabe ao psicopedagogo, como parte É neste ponto que a criança estabelece laços
integrante do processo de ensino e de confiança, na ação de como o adulto,
aprendizagem, ter a responsabilidade e o que está disposto a me ajudar em minhas
compromisso com o aluno de dificuldade de dificuldades, agirá nos meus momentos de
aprendizagem, dando apoio, não somente desequilíbrio.
nos conteúdos de natureza cognitiva, mas
também, para que este se torne um cidadão De acordo com Saltini:
participativo na sociedade como um todo.
a serenidade e a paciência do educador,
mesmo em situações difíceis, faz parte da paz
Nas relações afetivas, tanto de que a criança necessita. Observar ansiedade, a
desenvolvimento coletivo, quanto ao perda de controle e a instabilidade de humor,
processo individualizado de aprendizado vai assegurar à criança ser o continente de
seus próprios conflitos e raivas, sem explodir,
é interessante que o psicopedagogo crie elaborando-os sozinha ou em conjunto com o
laços afetivos, no entanto deve ser mostrado educador. A serenidade faz parte do conjunto
que essa relação não é de fazer todas as de sensações e percepções que garantem
elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela
vontades, mas agir com paciência, dedicação conduz ao conhecimento de si mesmo, tanto do
e afeto para que o aprendizado se torne educador quanto da criança. (Saltini1997, p.91):
muito mais prazeroso e efetivo, pois num
ambiente autoritário vemos facilmente um
desinteresse pela aprendizagem e o oposto Temos assim que o psicopedagogo, como
disso também, um ambiente sem limites educador, tome consciência de que suas
afetivos a criança pode ficar confusa nesse ações são fundamentais para que se tenha
processo sendo prejudicada no aprendizado, um bom trabalho e que a partir de atitudes de
até mesmo no exercício da cidadania e respeito consiga contagiar e levar uma ação
convivência com outros. reflexiva do ensino aos alunos facilitando a
superação das dificuldades de aprendizagem.
Em alguns momentos de hostilidade Tendo em sua filosofia de ensino que as
das crianças, desafiando o adulto em sua emoções e os sentimentos fazem parte e são
prática, alguns destes cometem atitudes importantes nessa relação e nesse processo,
equivocadas. No entanto, é necessário tanto para o sucesso quanto para o fracasso
manter a calma, dialogar para entender a raiz de cidadãos conscientizados do papel que
do problema, na maioria das vezes a criança exercem e exercerão na sociedade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As teorias expostas no presente artigo quebraram a
tradicional divisão entre afetividade e cognição. Com
o embasamento teórico estudado foi mostrado que os
aspectos afetivos e cognitivos da mente humana não são
opostos, mas sim, articulados.
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facilitando o desenvolvimento integral das crianças, fazendo com que conheçam os conteúdos
científicos, reflitam sobre a aplicação deste na vida e conscientizá-lo do papel que exercem
na sociedade, exercendo a cidadania.
Ao reconhecermos que não podemos dividir a criança em duas partes, tomaremos nova
posição em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Sendo iminente a reflexão do
ser como integral. Ao mesmo tempo que auxiliamos em sua dificuldade de aprendizagem,
precisamos tomar uma posição de afetividade eficiente, como relata Wallon, preocupar-nos
com nossa postura frente ao aluno para que ele sinta em nós segurança para acertar, e até
mesmo errar, entendo que errar faz parte do processo de aprender. Construindo laços de
segurança.
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REFERÊNCIAS
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ainda mais antidemocrático, uma vez que é o país em caso de guerras e promover o
possível apropriar-se do bem de educação desenvolvimento econômico e social, tem
de qualidade e não ter acesso a empregos. o poder de legislar, punir, tributar e realizar
Em um mercado dirigido a novas formas transferências financiadas pelos impostos,
de competição que produzem escassez ou seja, o conceito de Estado o torna uma
de empregos, essa marginalização dos entidade monopolista por acepção. No
indivíduos da sociedade a tornam cada vez entanto, além dessas atividades que próprias
menos democrática e mais desigual. do Estado liberal, há as atividades que próprias
do Estado entendido como Estado Social:
formular políticas na área econômica e social,
A REFORMA DO ESTADO por meio das transferências para Educação,
saúde, assistência social, previdência, defesa
Bresser (1997) salienta que a reforma do meio ambiente e estímulo à arte, tendo
do Estado dos anos 90, é vista como em vista que são atividades que envolvem
redefinição do papel do Estado, envolvendo direitos humanos fundamentais que toda
a delimitação de sua abrangência, dado ao sociedade deve assegurar a seus cidadãos.
grande crescimento do último século em Na reforma do Estado proposta por Bresser,
termos de pessoal, receita e despesas. O algumas atividades devem ser exclusivas
estado em termos de despesa varia quase do Estado, em um núcleo estratégico,
entre 30 a 50 % do PIB. Ao longo dos anos outras só servem para agravar as crises
foi reconhecendo que o Estado não deve fiscais tornando o Estado ineficiente sendo,
ser responsável por todos os setores e que portanto, a publicização (transferência para
sua reforma significa definir o seu papel e o o setor público não estatal) uma saída para
que não lhe é especifico deixar a cargo para superação da visão dicotômica (público e
o setor privado e para o setor publico não privado) tão enraizada em nossa sociedade
estatal. Para delimitar as funções do Estado e necessária para redefinir as relações entre
é necessário identificar nitidamente as três Estado e sociedade.
áreas de atuação: as atividades exclusivas
do Estado, os serviços sociais e científicos O reconhecimento de um espaço público não
estatal tornou-se particularmente importante e
do Estado e a produção de bens serviços momento em que a crise do Estado aprofundou
para o mercado, a partir daí fica claro que as a dicotomia Estado – setor privado, levando
atividades exclusivas do Estado advêm da muitos a imaginar que a única alternativa à
propriedade estatal é a privada. (BRESSER,
própria definição, ou seja,“ o Estado, que é a
1997, p 26,27).
organização burocrática que detém o “poder
extroverso” sobre a sociedade civil existente
em um território” (BRESSER, 1997, p.22), Entendendo que público é aquilo que está
cabe ao Estado garantir a ordem interna, voltado para o interesse geral, não devendo,
a propriedade e os contratos, defender portanto, ser limitado ao estatal, uma vez que
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o espaço público é mais amplo que estatal nos anos 90, que preconiza a redução do
pode ser ou não estatal, Bresser lembra que tamanho do Estado e inclusive a reforma do
a aceitação desse espaço é fundamental para ensino no Brasil, vem substituir o tecnicismo
que se redefina as relações Estado-sociedade inspirado no taylorismo-fordismo, adaptando
possibilitando novas formas de controle as ideias ao toyotismo.” Estamos, pois, diante
social direto e de parcerias abrindo um novo de um neotecnicismo: o controle decisivo
olhar para a democracia. Entre as atividades se desloca do processo para os resultados”.
que devem ser exclusivas do Estado: legislar, (SAVIANI, 2011, p. 168). A reforma do Estado
impor a justiça, manter a ordem, defender também influenciou as reformas educativas
e representar o país no exterior, policiar, incluindo a redução de custos e dividindo as
arrecadar impostos, regulamentar atividades contas e investimentos públicos com outros
econômicas, fiscalizar o cumprimento das setores. Com as novas mudanças houve
leis e a produção de bens e serviços para o uma substituição do controle do processo
mercado, encontra-se as atividades na área educativo para os resultados, ou seja, a
social e científica: como escolas, creches, eficiência e produtividade são garantidas por
hospitais, centros de pesquisas científicas, meio da avaliação desses resultados.
museus, assistências aos carentes, que
apesar de não serem próprias do Estado, não “Eis porque a nova LDB (Lei n.9.394, de
20/12/1996) enfeixou no âmbito da União a
justificando- se, portanto sua permanência responsabilidade de avaliar o ensino em todos
no Estado e não poderem ser direcionadas os níveis compondo um verdadeiro sistema
para obtenção de lucros, privatização, surge nacional de avaliação. E para se desincumbir
dessa tarefa o governo federal vem instituindo
a publicização como uma terceira forma exames e provas de diferentes tipos. Trata-se
de propriedade, a propriedade pública não de avaliar os alunos, as escolas, os professores
estatal, ou entidades do terceiro setor. e, a partir dos resultados obtidos, condicionara
distribuição de verbas e a alocação dos
Para Bresser (1997), as organizações recursos conforme os critérios de eficiência e
públicas não estatais são uma opção que a produtividade” (SAVIANI, 2011, p.168).
sociedade encontra para a privatização. O
crescimento das organizações públicas não Em suma, o autor faz uma critica a
estatais tem sido gigantesco e considerado “pedagogia corporativa” que só vem
um fator fundamental para o fortalecimento aumentando principalmente no ensino
da sociedade civil e o desenvolvimento superior com diversas instituições oferecendo
econômico da região ou país em que isso cursos em diversas áreas de acordo com os
ocorra embora não seja muito estudado. interesses do mercado, reduzindo o trabalho
Isso se deve ao fato das instituições serem do professor ao de treinador para os futuros
organizações mais adequadas habilitadas agentes do mercado, e a educação perde
para realizar serviços sociais e que podem seu papel no desenvolvimento do indivíduo
ser fiscalizados mais diretamente pelos e de sua consciência, ficando restrita a uma
cidadãos. “No entanto, a reforma do Estado educação para o trabalho. Dermeval Saviani
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compararem com os demais países seus sistemas de educação, para que possam refletir
sobre melhorias nas políticas educacionais. Para o professor da Universidade de São Paulo
(USP), José Marcelino Rezende investimento em educação é que pode colocar o Brasil em
outro patamar. Pinto (2007) destaca que, Funde teve significativos avanços, inclusive com
uma maior participação dos pais no conselho, essa nova legislação também abrange uma série
de medidas que impedem os membros do Executivo e parente dos mesmos, prestadores de
serviço, pais que ocupem cargos públicos de confiança atuar nesses conselhos. No intuito de
coibir o controle do Executivo nos conselhos. Além do papel do conselho de supervisionar
o Censo Escolar e fiscalizar os gastos do Fundeb, têm que supervisionar a elaboração da
proposta orçamentária anual, acompanhar a aplicação dos recursos e prestações de conta.
(Programa Nacional de Apoio ao Transporte- PNATE e a Educação de Jovens e Adultos- EJA).
Embora com esses avanços alguns problemas haja alguns fatores negativos, como a falta de
estrutura administrativa própria dos conselhos para auxiliar suas ações, não há um valor
mínimo por aluno para assegurar um ensino de qualidade e os alunos atendidos por duas
redes diferentes e com padrões de qualidades diferentes, certamente dificulta as parcerias.
Pinto propõe então que se amplie a parcela da União no financiamento da Educação Básica
e que ao invés de se ter escola Estadual ou Municipal, que se tenham escolas públicas, e os
recursos do fundo ficariam sob fiscalização dos conselhos fiscais locais, e não nas secretarias
municipais.
FORMAÇÃO
Fundeb também prevê a capacitação dos profissionais da educação utilizando as verbas
referentes aos 40%, não destinadas à remuneração dos mesmos na atualização e ano
aprofundamento dos conhecimentos profissionais, ou seja, formação continuada, no entanto
o MEC não credencia instituições para esse fim, os Conselhos Estaduais e/ou Municipais
de Educação é que deverão ser acionados para verificação de eventuais exigências para
credenciamento de qualquer instituição.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das pesquisas realizadas, conclui-se que a
educação é de suma importância no desenvolvimento do
indivíduo em todos os aspectos, pois é só por meio da
educação que o homem pode transformar a si e a sociedade.
O patrimônio cultural construído até hoje, pertence a toda
a humanidade, portanto um direito inalienável, que não
pode ser exclusivo de uma pequena parcela de pessoas em
virtude de posições que ocupem na sociedade, negligenciar
esse direito não oferecendo equidade de oportunidades de
educação para todos, é impedir o indivíduo de desenvolver-
se integralmente, e o direito de gozar uma vida plena e
significativa. Partindo dessas premissas, e entendendo o CIBELLE BENTO SANTOS
Estado como organização burocrática e que cabe a ele entre
Graduação em Pedagogia pela
outras coisas, promover o desenvolvimento econômico e Faculdade Uniesp Santo André
social da sociedade, os investimentos em educação tornam- (2016); Especialista em Legislação
se prioridade do Estado. Alguns avanços já foram feitos, com Educacional pela Faculdade
Campos Elíseos (2018); Professor
a substituição do FUNDEF pelo FUNDEB, porém percebe-se de Educação Infantil - no CEI
que os recursos disponibilizados são insuficientes para uma Ângela Maria Fernandes.
educação de qualidade frente à demanda de nosso país, bem
como o gerenciamento que se faz desses recursos. Temos
um longo caminho a percorrer, uma vez que, a construção
de uma sociedade justa e democrática somente será possível
se pautada em princípios de equidade de oportunidades e
educação de qualidade para todos.
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SAVIANI, Dermeval. Perfis da Educação.Org. Diana Golçaves Vidal. –Belo. Horizonte: Autêntica
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MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR
SOBRE O CURRÍCULO
RESUMO: A compreensão da criança, de sua infância e cultura passou por inúmeras
transformações no decorrer da história em reposta às configurações sociais e aos diversos
vetores de força e poder, que também interviram em seu processo de educação. Na Educação
Infantil o cuidar e o educar são processos indissociáveis organizados em práticas educacionais
expressas no currículo. Este artigo procura discutir as propostas pedagógicas voltadas para
este nível de ensino, refletindo sobre a articulação entre os modos de subjetivação dos
infantis presentes em diversos currículos e a possibilidade de novas práticas na Educação
Infantil.
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poucos, a família e a escola confinaram a além do ensinar, mas acolher e cuidar. Sendo
infância e a submeteram a um rígido controle assim, cabe refletirmos como a organização
disciplinar, iniciando também um processo curricular pode favorecer e reconhecer os
de padronização e homogeneização. diferentes sujeitos desse nível de ensino,
possibilitando uma formação democrática
Em conclusão, o confinamento da infância e cidadã desde os primeiros contatos com a
ocasionou-lhe sérios problemas sócio-
politico-culturais. A cultura produzida pela escola.
infância livremente nos espaços públicos foi
progressivamente sendo assimilada pelos A modernidade a partir de discursos
espaços privados à medida que a urbanização e a
vida burguesa avançavam. [...] Sem poder brincar científicos, pedagógicos, escolares, familiares
livremente pela cidade, a criança perde não etc. criou tecnologias de controle para a
apenas o espaço físico, mas, sobretudo, altera vigilância, treinamento e disciplinamento das
estruturalmente suas condições de produzir e
de se relacionar com a cultura, com a sociedade, crianças, traçando um modelo universal e
com a vida política (PERROTI, 1990, p. 92 apud idealizado de infância (DORNELLES, 2005).
MACEDO, 2010, p.19). Dessa forma,
A partir desse contexto, inicio aqui ainda se vive sob o efeito da produção da
infância moderna, contudo, não é mais possível
uma discussão sobre a necessidade de se tratar de uma só infância como a preconizada
reconhecimento da criança como sujeito pela modernidade. É preciso que pelo menos
cultural, de suas possibilidades, e de se leve em consideração que existem muitas
outras infâncias. Existem infâncias mais pobres
valorização de suas práticas e saberes dentro e mais ricas, infâncias do Terceiro Mundo e dos
do ambiente escolar. Assim, precisamos países mais ricos, infâncias da tecnologia e dos
refletir sobre as formas de subjetivação da buracos e esgotos, infâncias superprotegidas,
abandonadas, socorridas, atendidas, desamadas,
criança e da infância presentes nos currículos amadas, armadas, etc. Contudo, a modernidade
e práticas escolares, uma vez que as crianças ocidental, ao universalizar e naturalizar apenas
tornam-se objetos de uma intervenção uma destas infâncias como dependente e
necessitando de proteção, passou a deixar
calculada e interessante para inúmeros de lado a sua diversidade. Em função disso,
setores. (BUJES, 2000) se acaba esquecendo que as infâncias são
múltiplas e inventadas como produtos sociais e
históricos. Muitas das crianças que vivem suas
infâncias hoje fazem parte de um mundo em que
OS CURRÍCULOS E OS explodem informações (DORNELLES, 2005, pp.
SUJEITOS 71-72).
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Para tal, é fundamental reforçar que essas mais complexa da sociedade e que se
teorias entendem que o sujeito é formado preocupe com a formação democrática dos
a partir das diversas práticas discursivas e alunos, desde a educação infantil.
não discursivas, e pelos diversos saberes
que o cercam. Assim, sua identidade não é Macedo (2010) aponta alguns fatores a
fixa, ela está em constante movimentação, serem considerados na construção de um
ou seja, os objetivos formativos não são currículo para a Educação Infantil atento
certezas, e sim possibilidades. Portanto, as à valorização das diferentes culturas e
teorias pós-críticas explicam e entendem experiências das crianças. Um primeiro
o currículo, o sujeito, a sociedade, o ponto sugerido pela autora é dar voz às
conhecimento, a pedagogia sob diferentes crianças, incluir nas propostas pedagógicas
leituras, questionando as relações de poder seus saberes, desejos e necessidades, se
e os processos de subjetivação presentes distanciando assim do adultocentrismo tão
na educação institucionalizada. Para essas presente ao longo da história e contrariando
teorias não existem modos certos de ensinar, a ideia de “adulto em miniatura”. O segundo
técnicas de planejamento, lista de conteúdos elemento está relacionado a organização dos
ou conhecimentos que devem ser legitimados, tempos e espaços nos currículos e valorização
mas é fundamental a problematização do da cultura infantil, reconhecendo-a como
currículo (MACEDO, 2010). Kramer (1997) forma de linguagem e expressão, rica
ainda ressalta a importância do papel em sentidos e significados culturalmente
do professor na construção da proposta construídos. Por último ressalta a necessidade
pedagógica, considerando a realidade da de superar a compreensão do conhecimento
sua escola, as necessidades, possibilidades e como algo fragmentado, tendo assim um
saberes do seu grupo. olhar integrado sob as diferentes áreas do
conhecimento. Moruzzi (2008) complementa
Neste sentido, a intenção aqui não é impor com outros aspectos relevantes para a
uma proposta como única e verdadeira, pois elaboração dos currículos e destaca a urgente
necessidade de reconhecer nas propostas
pensar uma proposta pedagógica única curriculares as diferentes infâncias e culturas
pressupõe pensar um conceito uniformizador
de criança, de jovem, de adulto; de professor de infantis, entendendo a criança como sujeito
educação e de sociedade, um conceito que por que interpreta o mundo, que age e modifica
generalizar, desrespeita as diferenças –seja de seu meio através de suas produções, ou
etnia, sexo, classe social ou cultura (KRAMER,
seja, compreendê-la como parte da dinâmica
1997, p. 21-22)
social e cultural.
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à escola de Educação Infantil cabe, portanto, elaborar currículos e práticas pedagógicas que tomem como
pressuposto a condição de cada sujeito enquanto sujeito cultural em constante produção e reconstrução. A
brincadeira a dança, a mímica, a arte e todas as formas de expressão conhecidas e com as quais as crianças se
envolvem devem ser compreendidas como produtos culturais aprendidos, ressignificados e construídos pelas
crianças, ou seja, componentes do repertório da cultura infantil, aquilo que as distingue dos outros grupos,
que delimita a sua singularidade (NEIRA, 2008, p. 59).
pensar as experiências de educação institucionalizada das crianças pequenas supõe estarmos atentos
para as demais práticas culturais em que elas estão inseridas, supões romper com uma visão “incontaminada”
do espaço e das práticas escolares, da sua “assepsia” e da sua “neutralidade”. Supõe, também, abandonar
várias narrativas românticas sobre a infância: a da sua inocência, a da sua bondade, a da neutralidade e da
espontaneidade de sua progressão cognitiva, entre tantas outras. (BUJES, 2012, p.230)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das contribuições dos diferentes teóricos do
currículo, da educação e da educação infantil, é possível
repensarmos o currículo e suas práticas como sistemas
de significação, que atribuem determinados sentidos e
significados às experiências e compreensão da realidade,
neste caso das crianças.
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educativo. Assim, os educadores tanto fato de algumas histórias sobre São Paulo
ensinam como aprendem, ressignificando serem divulgadas e outras não.
as identidades, desta forma, a memória tem
mais possibilidade de se colocar aberta a Com esta indagação, o professor que é do
ações transformadoras. (ELAZARI, 2009, p. departamento CBD/ECA, na época chamado
339) de Departamento de Biblioteconomia e
Documentação, criou o projeto “Memórias
Considera-se os idosos como criadores de do Baixo Pinheiros”, que reunia uma seleção
cultura ou agentes de um processo cultural e de depoimentos de pessoas da região. A
o museu como uma instituição cultural, com a proposta era dar voz a essas pessoas e suas
finalidade de resgate, comunicação, reflexão memórias, estabelecendo uma relação entre
sobre processos de produção cultural, por as experiências dos velhos com a vida dos
grupos diversificados. (ELAZARI, 1997, p. mais jovens que ali habitavam.
88)
A ideia ganhou espaço físico em 1997,
ESTAÇÃO MEMÓRIA com a chegada da professora Ivete Pieruccini
(docente e pesquisadora da ECA-USP).
Na época a professora atuava na Rede de
Os encontros acontecem todas às Bibliotecas infanto-juvenis da cidade de São
quartas-feiras às 14 horas em uma sala do Paulo, assim ela conseguiu apoio da Secretaria
CBD, no prédio central da ECA. Os velhos, Municipal de Cultura para criar um espaço
com idades entre 70 a 90 anos, se reúnem em Pinheiros que sediasse não apenas os
para relembrar suas memórias. Este grupo estudos e a coleta dos depoimentos, como
faz parte de uma iniciativa no estudo da também promovesse oficinas de memória.
memória pela comunidade acadêmica.
Em 2008, a Secretaria Municipal pediu
Além destas reuniões, o grupo faz a desapropriação do espaço, e o projeto
passeios para se reunir com jovens de encontrou apoio na ECA, que desde então,
escolas ou entidades parceiras e assim poder serve como sede para os encontros do grupo.
discutir seu passado eo presente dos alunos,
fazendo estes encontros uma oportunidade Hoje em dia a Estação conta com
de aproximação de gerações distintas. aproximadamente 40 participantes, entrando
8 ou 9 pessoas por ano vindos do Programa
A ideia nasceu de um projeto de pesquisa da Universidade Aberta à Terceira Idade,
do professor Edmir Perrotti (atualmente além de ter baixas de 1 ou 2 por ano, por
docente aposentado da USP) em 1986, motivos como falecimentos.
depois de uma conversa que o professor
teve com uma senhora que questionou o De maneira geral, o grupo é composto por
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● Lazer: os idosos da São Remo tinham como lazer a televisão, atividades nas suas
respectivas Igrejas e visita a parentes, ao passo que os da oficina tinham o hábito de ir
ao cinema e teatro, viajar pelo Brasil e fora dele, participar de atividades especiais para a
terceira idade e etc.;
● Situação econômica: este item não foi aprofundado, mas era muito visível a discrepância
econômica entre os dois grupos.
Como conclusão destes projetos, a professora acredita que o museu cumpriu algumas de
suas funções, sobretudo a de ser um lugar de memória, desenvolver ações educativas em
suas práticas sociais como as que foram desenvolvidas nas oficinas apresentadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível concluir que todos estes projetos apresentados
contribuíram e contribuem para que a autoestima dos
idosos seja estimulada na medida que procura desvendar a
potencialidade de cada um. Gerando um maior conhecimento
do outro e de si mesmos.
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REFERÊNCIAS
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Antonio Flávio (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995, pp.39-57.
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Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo.
Educação & Realidade, Porto Alegre, jul-dez 1997, n.2 v. 22, pp. 15-46.
KRAMER, Sônia. Propostas pedagógicas ou curriculares: subsídios para uma leitura crítica.
Educação & Sociedade. São Paulo, 1997, n.60, pp. 15-35.
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NEIRA, Marcos Garcia. Educação física na educação infantil: algumas considerações para a
elaboração de um currículo coerente com a escola democrática. IN: ANDRADE FILHO,
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A EVOLUÇÃO DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO
ESPECIAL E INCLUSIVA
RESUMO: Este artigo busca refletir sobre a Educação Especial e Inclusiva sobre as fases
pelas quais a Educação Especial está evoluindo na prática pedagógica. Os principais desafios
da área da educação, as barreiras, a discriminação, as práticas pedagógicas, dentre outras,
que dificultam ou impedem o conhecimento e a aprendizagem de todos na escola. Para
tanto, por meio de pesquisa bibliográfica, o trabalho procura apontar que historicamente a
inclusão desde o seu surgimento passou por diversas etapas e movimentos que lhes trouxe
muitos desafios. O texto aborda, entre outros aspectos, a necessidade de se repensar a
prática pedagógica inclusiva como elemento fundamental de inclusão escolar na educação
infantil. Inclusão, portanto, não significa simplesmente matricular os educandos com
necessidades específicas, mas significa dar ao professor e a escola o suporte necessário à
sua ação pedagógica.
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criativa diante do conhecimento, o professor Direito que prevê não somente a garantia à
sai do lugar de todo o saber. Dessa maneira, vaga/presença, mas também à acessibilidade,
o aluno pode se questionar e modificar sua ou seja, à eliminação dos obstáculos que
atitude de recusa do saber e sua posição de impedem a plena participação nos processos
“não saber”. Ele, então, pode se mobilizar educacionais. Assim, se partimos do
e buscar o saber. Na verdade, é tomando pressuposto de que toda pessoa aprende e
consciência de que não sabe, que o aluno tem direito a educação e compreendermos
pode se mobilizar e buscar o saber. a deficiência a partir do paradigma social,
devemos reconhecer que, se um estudante
A liberdade de criação e de posicionamento tenha deficiência ou não ele aprende a origem
autônomo do aluno diante do saber permite do problema não está nas suas características
que sua verdade seja colocada, o que é intelectuais, mas, sim, em possíveis barreiras
fundamental para os alunos com deficiência presentes na escola.
mental. Ele deixa de ser o “repeteco”, o
eco do outro e se torna um ser pensante e Na perspectiva inclusiva, um estudante
desejante de saber. com deficiência intelectual não tem idade
mental diferente da cronológica nem é menos
inteligente que os demais. Ele é diferente,
EDUCAÇÃO E DEFICIÊNCIA como todos os outros. Com algumas
INTELECTUAL características que se sobressaem, talvez.
Mas é importante lembrar que na educação
As políticas e práticas pautadas nos inclusiva a diferença é reconhecida como um
paradigmas da segregação e da interação, valor e cada um têm o direito de ser como é.
historicamente, responsabilizavam as
próprias crianças e adolescentes com No discurso cotidiano que reproduz o
estigma social da deficiência intelectual, novos
deficiência intelectual pelo chamado estudos buscam dirimir esse equívoco provando
“fracasso escolar”, legitimando sua exclusão que a pessoa com deficiência intelectual não
com base no diagnóstico. possui ausência de inteligência, tem, sim,
algumas características cognitivas distintas, mas
não impedimento para aprender. “O deficiente
No entanto, há alguns anos, tal intelectual aprende de acordo com suas
compreensão de deficiência baseada na características e em ritmo próprio “(RODRIGUES,
2013, p. 54).
perspectiva médica e em aspectos clínicos
deu lugar ao modelo social, que passou a
considerar fatores que são externos à pessoa: Podemos entender o sujeito que
as barreiras presentes no ambiente. Esse possui DI como alguém que possui uma
novo conceito fundamenta a abordagem organização qualitativamente diferente
inclusiva, que concebe a educação como um e que é capaz de realizar aprendizagens,
direito de todos, sem exceção. porém, a construção de conceitos se
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ajuda adicional que as crianças requerem alunos mudou que as crianças e adolescentes
quando frequentam as escolas comuns. A de hoje não são mais os mesmos que tiveram
legislação brasileira, em termos de legislação, acesso à escola do passado. O preconceito
considera como clientela da educação é destacado quando se trata do aluno com
especial aqueles alunos com deficiência física, dificuldades para aprender por ser ou por
visual, auditiva, mental, múltipla, transtornos estar deficiente, do ponto de vista intelectual,
globais de desenvolvimento (autismo) e altas social, afetivo, emocional, físico, cultural e
habilidade/superdotação, para a priorização outros. Existem também preconceitos de
de atendimentos educacionais especializados alunos de raça negra, de famílias de religiões
e para recebimento de benefício de populares, filhos de famílias desestruturadas,
de mães solteiras e pais omissos, drogados e
Mantoan (2004) enfatiza que reconstruir marginalizados.
os fundamentos de escola de qualidade para Nesse sentido, ressalta-se que apesar
todos, remete-se em questões específicas da escola não ser capaz de sozinha efetuar
relacionadas ao conhecimento e a transformações sociais, é ela quem pode
aprendizagem, ou seja, considera-se que o ato estabelecer os primeiros princípios de uma
de educar supõe intenções, representações inclusão escolar. Portanto, a escola como
que temos do papel da escola, do professor, espaço inclusivo, deve considerar como
do aluno, conforme os paradigmas que os seu principal desafio, o sucesso de todos os
sustentam. alunos, sem nenhuma exceção.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo, pudemos concluir que a Inclusão
da Pessoa com Deficiência na Escola Regular é um processo
que exige respeito, dedicação e compreensão ao próximo,
tanto das instituições de ensino, quanto as pessoas que
recebem este aluno, aceitando as diferenças de cada um.
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Defendo que o trabalho precisa ser coletivo, com tutorias, com todos juntos, por isso
aprendizagem é cooperativa, um ajudando o outro, quer seja professor-professor, professor-
especialista, professor-aluno, aluno-especialista, aluno-aluno, enfim quem sabe ensina.
A sala de aula deve ser um espaço coletivo, circular, não linear, o poder é de todos, todos
tem algo para ensinar, fazer, compartilhar e aprender.
A Escola Inclusiva respeita e valoriza todos os alunos, cada um com a sua característica
individual e é à base da Sociedade para Todos, que acolhe todos os cidadãos e se modifica,
para garantir que os direitos de todos sejam respeitados.
As instituições escolares ainda estão se adaptando para o recebimento dos alunos com
necessidades especiais. Há dúvidas e incertezas gerando angústia em muitos professores,
os quais se sentem incapacitados para atenderem a esses alunos. A realidade é que existem
poucos profissionais capacitados para a demanda de alunos com necessidades especiais.
Atualmente, existem amparos legais para que as pessoas com necessidades especiais
tenham acesso a saúde, educação e ao trabalho, mas é preciso discutir ainda forma para
acessar essas necessidades básicas do homem. Nos últimos anos na tentativa de incluir
todos os alunos no ensino regular, muitas discussões estão sendo realizadas, especialmente,
no que se refere ao local que essas pessoas deveriam estudar.
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REFERÊNCIAS
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Inclusiva no Brasil. Revista Integração, Brasília, v.24, p.22-27, 2002.
MORALES, R. Educação e Neurociências: Uma via de mão dupla. In: Reunião GT 13: Educação
Fundamental, p.28, 2011.
SILVA, Aline Maria da. Educação especial e inclusiva escolar: História e fundamentos.
Curitiba: Intersaberes, 2012.
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INTRODUÇÃO
Devemos primeiro aqui destacar que a forçado a fazer um determinado acordo,
oposição é uma fase normal, saudável e deve estar confiante de que seus pais o
até desejável no desenvolvimento de uma estão impondo para seu bem, assim ela é
criança. Com a idade de dois anos, a criança disciplinada.
entende que ele tem algum controle sobre
seu ambiente, mas especialmente sobre Na infância, um distúrbio de oposição
as pessoas ao seu redor. Ela entende que geralmente ocorre por uma das seguintes
pode dizer não a um pedido feito, coisa razões: A criança não é reconhecida por
que provavelmente nunca o fez. As vezes seus pais em suas necessidades, em sua
descobre que recebe mais atenção quando individualidade e em sua busca por autonomia,
se opõe a um pedido do que quando o seus pais não conseguiram estabelecer
cumpre normalmente. A oposição da criança, uma relação de confiança mútua, a criança
então, tem a função primordial de capacitá- aprendeu que a oposição compensa (por
la a afirmar sua individualidade. A criança exemplo, ele recebe mais atenção quando se
confronta seus pais pela primeira vez, opõe do que quando ele cumpre, ou ele sabe
passando-lhes a mensagem de que pode ter que, se ele se opuser, tem chances de para
desejos distintos do que exigem dela, e que, ter sucesso). Há também um componente
como indivíduo, pode afirmar seus desejos. É genético que predispõe algumas crianças a
a "fase do não" que se inicia. adotarem comportamentos de oposição.
Esta fase deve, no entanto, desaparecer Note que uma fase de oposição normal
e a criança deve retornar em harmonia aos e desejável aparece na adolescência. A
convívio hierárquico familiar com seus pais. oposição cumpre novamente a mesma função
Esta harmonização deve ser feita por uma de afirmar autonomia e individualidade. O
abordagem de ambos os lados. Os pais adolescente começa a ter opiniões diferentes
devem reconhecer a individualidade do filho, das dos pais e nem sempre quer seguir
deixando-o fazer as coisas por conta própria, o caminho que eles traçaram para ele. O
quando assim ele solicitar, deixando-o fazer adolescente também quer ser capaz de fazer
escolhas e decisões mediadas pela atenção e as coisas sozinho de forma independente.
valorizando a autonomia da criança. A criança Essa oposição é de suma importância para
deve perceber que seus pais estão impondo levar o adolescente a se tornar um adulto
uma estrutura que deve ser mantida para sua independente.
própria segurança. A criança deve então ter
grande confiança em seus pais, muitas vezes Na psicologia infantil, eles estão incluídos
até mesmo uma confiança cega. Mesmo sob o termo atividades de "detecção precoce"
que ele não entenda por que ele está sendo destinadas a descoberta de um
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são interrelacionais com fatores genéticos privilégios. A outra criança que tem uma
para modular o comportamento. personalidade corajosa, que muitas vezes
esquece as instruções e para o qual as
“[...]crianças com TDO apresentam quais o desempenho acadêmico é menos
significativamente mais disfunção familiar automático ao olhar do herói (irmão ou irmã)
até do que controles psiquiátricos. Há uma e descobre que ele nunca pode chegar a este
clara relação entre TDO e sofrimento e mau padrão.
funcionamento familiares. Infelizmente,
devido à natureza transversal da maioria “Um tema ou padrão amplo, difuso;
desses estudos, é difícil definir a direção da formado por memórias, emoções e
associação entre desagregação familiar e sensações corporais; relacionado a si
TDO.” (SERRAPINHEIRO et al. 2004, p. 273). próprio ou aos relacionamentos com outras
pessoas; desenvolvido durante a infância ou
adolescência; elaborado ao longo da vida do
Alguns autores constituem um estudo
indivíduo; disfuncional em nível significativo”
epidemiológico da frequência de TOD e
(YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008, p.
suas parcerias com outras entidades. Em um
22).
estudo foram encontrados elementos que
integraram o quadro conceitual de crianças
agressivas e pró-sociais: cultura escolar, clima Não o ajuda a ser o herói na família, ele
escolar, ambiente familiar, pro-socialização e já é levado por outro que ele conhece bem
agressividade. A pro-socialização representa incapaz de desalojar. Assim, para ter um
um elemento de temperamento o que pode lugar tão importante em sua família, ele só
favorecer o surgimento de regras devida tem que ir para o papel de vilão. Aquele que
sociais e proteger comportamentos se torna o oposto do outro. Desobediente,
agressivos e violentos. (TAVARES, 2007, p. excitado e desagradável. Se a criança
75,) descobre que não consegue obter o amor de
seus pais – e de outras esferas – através do
Mas qual é o vínculo com o distúrbio sucesso, pelo menos conseguirá sua atenção
de oposição na criança? Bem, este enredo pelo fracasso. É muito mais recompensador
bem sucedido reproduzido em sua família, obter uma forte reação dos pais porque algo
nos irmãos. Quando uma criança exibe foi feito de forma errada do que obter uma
naturalmente um comportamento sábio reação indiferente, porque você se deu bem,
e obediente, e o sucesso escolar é fácil, mas não tanto quanto o herói da família.
naturalmente o coloca na posição de herói (TAVARES, 2007, p. 75,)
em casa. Ele é elogiado por seus sucessos,
seu bom comportamento é enfatizado, ele Como em um filme, aquele que se dá bem,
é segurado em nossos braços, exclamando mas não tanto quanto o herói, ou, na melhor
como ele é orgulhoso e recompensado por das hipóteses, recebe um papel de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dissemos anteriormente que há coisas para lembrar nos
casos de oposição. O segundo (e talvez o mais importante) é:
dedicação a criança e zelar por seu sucesso, novamente dê-
lhe tempo de qualidade. Esta é a necessidade mais importante
para uma criança. Um estudo de macacos bebês mostrou
que era mais importante para eles estarem próximos de suas
mães do que se alimentar. Diante de uma escolha forçada,
preferiam privar-se de comida do que privar-se de sua mãe.
Basicamente, somos apenas primatas avançados e isso ilustra
o quanto as crianças também precisam de atenção. CLARICE RIBEIRO DOS
Para quem não conviveu com um filho oposto, amar seu SANTOS NUNES
filho parece óbvio. Para o pai que experimenta a oposição
Graduação em Pedagogia
e a provocação de uma criança todos os dias, o amor que
pela Universidade IGUAÇU,
julgamos incondicional às vezes parece abalado. E assim concluído em 2007,
começa um ciclo em que tentamos evitar a criança porque Especialização em Educação
prevemos um contato desagradável. Quanto mais tentamos Especial com ênfase e Altas
evitá-lo, mais a criança precisará ter certeza de que seus pais habilidades e Superdotacão pela
ainda estão lá para ele. Universidade Estadual Paulista
Assim, ele adotará comportamentos ainda mais opostos " Júlio de Mesquita Filho" (2017)
e provocativos, a fim de provocar uma reação e obter essa Professora de Educação Infantil
atenção de seus pais ou professores. Um exemplo típico e Fund l na Emei Cel. Walfrido
para os pais de crianças dentre as quais é: quando se jogam de Carvalho.
sozinhos, a forma calma e composta, vamos evitar a todo
o custo para ver a criança não quebrar este belo momento
de paz. Percebemos a criança como uma bomba prestes
a explodir e evitamos esta bomba, por medo de causar a
explosão. Assim, a criança que tem um comportamento
exemplar neste momento não receberá atenção de seus pais.
Ela logo perceberá que a melhor maneira de conseguir essa
atenção será explodir.
Assim, o aspecto mais importante será estabelecer um
vínculo forte e inabalável de confiança entre a criança e seus
pais e propor uma socialização dentro de parâmetros que
caibam nas demandas apresentadas. Para isso, é essencial
passar tempo e qualidade com ela todos os dias por 20 a 30
minutos no mínimo.
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REFERÊNCIAS
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319.
YOUNG, J. E.; KLOSKO, J. S.; WEISHAAR, M. E. Terapia do esquema: guia das técnicas
cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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INTRODUÇÃO
A deficiência múltipla é caracterizada por As pesquisas sobre deficiências múltiplas
um conjunto de duas ou mais deficiências, no Brasil surgiram no início do século XXI,
de ordem física, sensorial, mental, entre a partir da publicação pelo Ministério
outras associadas. Consiste em uma condição da Educação e Cultura do "Programa de
que afeta em maior ou menor intensidade o Capacitação de Recursos Humanos do
funcionamento individual e social dos sujeitos Ensino Fundamental: Deficiência Múltipla,
com essa deficiência (BRASIL, 2006, p.43). pela Secretaria de Educação Especial, no ano
de 2000” (MASINI, 2011, p. 64).
A inclusão escolar da pessoa com
necessidades educacionais especiais é De acordo com Magalhães, Rocha e
um tema de significativa relevância que Pletsch (2013), para avaliar as necessidades
vem conquistando espaço cada vez maior educacionais desses alunos, deve-se observar
em debates e discussões que abordam a as condições em que suas deficiências
necessidade de a escola atender às diferenças apresentam-se, considerando-se que esses
intrínsecas à condição humana. aspectos não são apenas resultados de um
somatório de fatores.
A legislação defende e garante documentos
em que todas as crianças devem ser acolhidas É necessário levar em consideração o
pela escola, independente de suas condições nível de desenvolvimento, as possibilidades
físicas, intelectuais, sociais, emocionais funcionais, de comunicação, interação social
(SILVEIRA; NEVES, 2006, p.79). e de aprendizagem.
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Masini (2011) observa que no Brasil, Nessa perspectiva, a inclusão de alunos com
pesquisas referentes às deficiências dificuldades acentuadas de aprendizagem
sensoriais têm sido realizadas por professores no sistema comum de ensino requer não
especialistas em diferentes áreas. apenas a aceitação da diversidade humana,
mas implica em transformação significativa
O termo deficiência múltipla tem sido de atitudes e posturas.
utilizado para caracterizar o conjunto de
duas ou mais deficiências associadas, de Em relação à prática pedagógica, à
ordem física, sensorial, mental, emocional ou modificação do sistema de ensino e à
de comportamento social. organização das escolas para se adequar às
especificidades de todos os alunos (SILVEIRA;
O desempenho e as competências dessas NEVES, 2006, p.82).
crianças são heterogêneos e variáveis.
Pesquisa realizada Rocha e Pletsch
Alunos com níveis funcionais básicos (2018), no período de 2012 e 2014, permitiu
e possibilidades de adaptação ao meio concluir que garantir acesso ao ambiente
podem e devem ser educados em classe escolar não é suficiente, pois são necessários
comum, mediante a necessária adaptação investimentos financeiros para melhorar
e suplementação curricular. Porém, aqueles a estrutura física e o acesso a recursos de
com mais dificuldades, poderão precisar comunicação alternativa e, principalmente,
de processos especiais de ensino, apoios garantir aos alunos condições de trabalho e
intensos, contínuos e currículo alternativo formação continuada.
que correspondam as suas necessidades na
classe comum (BRASIL, 2006, p.49). Da mesma forma, são necessários
investimentos em pesquisas sobre as diversas
O processo de inclusão escolar deve dimensões que envolvem o debate sobre a
comprometer-se com ações voltadas escolarização de sujeitos com deficiências
efetivamente para o desenvolvimento dos múltiplas, em especial, nos casos mais graves.
alunos, independentemente da severidade
de seus comprometimentos. Destaca-se que após a análise da
literatura nacional e internacional disponível
Suas necessidades também precisam nas principais bases de dados científicos,
ser identificadas e atendidas; as políticas verificou-se que há contradições e falta
públicas precisam estar mais próximas da de consenso na definição do que seria a
realidade destes alunos para que realmente deficiência múltipla.
tenham a possibilidade de se desenvolver
(MAGALHÃES; ROCHA; PLETSCH, 2013,
p.6).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação inclusiva tem buscado superar os antecedentes
de isolamento, discriminação e preconceito. Tem causado
questionamentos, principalmente quando se pensa na
escola regular e sua infraestrutura física e particularmente
de recursos humanos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96), ao reconhecer a Educação Especial como
modalidade de ensino que permeia todos os níveis escolares,
deixa claro que não há nos sistemas de ensino, tipos
separados de educação. CLAUDIA DO AMARAL
A Educação Especial não é um subsistema e as unidades PEREIRA
escolares devem ter um conjunto de recursos organizados
Graduação em Geografia pela
e disponibilizados para que todos os alunos possam
Universidade Metropolitana de
desenvolver suas competências com respeito e dignidade, Santos (2012); Especialista em
entre eles os que necessitam de apoios diferenciados. Alfabetização pela Faculdade
Uma boa escola inclusiva depende essencialmente Campos Elíseos (2016);
de diretores e professores preparados, de um currículo Professora de Educação Infantil
adaptado ao cotidiano, com instalações físicas adequadas e Fundamental I – na EMEF
(como biblioteca, laboratórios e salas de aula que não Professora Idêmia de Godoy
estejam superlotadas), da vivência cultural dos estudantes
e da participação da comunidade. Porém, são necessárias
ações efetivas do governo, como destinação de verbas e
melhor valorização do professor.
O sucesso da inclusão de alunos com necessidades
especiais e de uma sociedade inclusiva depende da ação
conjunta de toda população.
A literatura consultada é unânime ao afirmar que uma das
implicações da inclusão escolar mais discutida diz respeito
à formação do corpo docente das escolas, tanto a formação
inicial como a continuada.
Para que possam atender às demandas da educação
inclusiva, é necessário que os professores sejam capacitados
para transformar sua prática pedagógica, considerando o
fato de ser o principal agente do processo de aprendizagem.
Aprender a trabalhar com a inclusão é um desafio para os
docentes e para escola, pois exige mudanças de hábitos e
atitudes.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. (2006). Educação
Infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem:
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SILVEIRA, Flávia Furtado; NEVES, Marisa Maria Brito da Justa. Inclusão escolar de
crianças com deficiência múltipla: concepções de pais e professores. Psicologia: Teoria e
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v22n1/29847.pdf. Acesso em 12 mar. 2019.
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DAS CRIANÇAS
NOS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo conceituar o lúdico no processo da
aprendizagem, ressaltando com isso a sua importância no desenvolvimento infantil por meio
do cognitivo, dando um significado ao processo do ensino e aprendizagem nos espaços de
educação infantil, no qual nos permite observar atentamente todas as ações e metodologias
que quando utilizadas possibilitem efetivamente a integração da criança com o mundo que
a rodeia, ampliando assim a formação social de cada uma delas. Dessa forma o lúdico na
educação infantil promove qualitativamente habilidades capazes de construir a identidade,
fomentando nesse processo uma maior compreensão que por si só tem a finalidade de
inserir a criança na prática de atividades lúdicas e nesse contexto, o desenvolvimento
infantil ocorre de maneira global, ou seja, atinge ou até mesmo comtempla diversas fases
do desenvolvimento das crianças. E assim sendo, o lúdico está intrínseco no ato de brincar,
expondo a necessidade de se ter um olhar que identifique possivelmente certas falhas na
atuação do professor nos espaços de educação infantil, que por ora, tem um entendimento
pouco comum sobre a importância do brincar e das brincadeiras infantis. Partindo desse
pressuposto o papel do lúdico na educação infantil concerne na busca de estratégias que
estimulem também o desenvolvimento cognitivo, aumentando a percepção, a memória,
entre outros aspectos de maneira significativa.
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INTRODUÇÃO
O ser humano possui diversas etapas críticas e criativas, estabelecendo um contato
em sua vida, estando sempre apto para com objetos que fazem parte integrante das
descobrir o novo, aprender, tomar decisões brincadeiras ou brinquedos. Por intermédio
e apropriar-se de novos conhecimentos por do jogo lúdico a criança se desenvolve muito
meio da interação com o outro, construindo mais rapidamente.
seu caráter, tendo o domínio sobre o meio
em que vive e assim é a criança logo que O brincar na educação infantil colabora
nasce, aprende e está apta a conhecer para que haja o desenvolvimento da criança
novas oportunidades de se desenvolver e representa na realidade uma necessidade
amplamente. de envolvimento cultural, isto é, muitas das
crianças carregam historicamente por parte
O lúdico tem uma importância muito de sua família as mais variadas formas de
grande na educação infantil e com base brincar, se apropriando também de todos os
no cognitivo é capaz de permitir cada vez espaços e objetos, além de tempo de brincar
mais novas descobertas em seu universo que se torna algo que não se pode separar,
infantil. É nos espaços de educação infantil indissociável.
que o lúdico se fundamenta mais e mais,
dando condições das crianças ampliarem
de maneira coletiva ou individual o seu A LUDICIDADE NOS ESPAÇOS
repertório, seja musical, artístico, oral, DE EDUCAÇÃO INFANTIL
entre outros. Nessa perspectiva, é muito
importante que os profissionais de educação
infantil se atentem às atividades, brinquedos Para Vygotsky o ato de brincar é um
ou brincadeiras que garantam às crianças o importante papel na constituição do
pleno desenvolvimento social. pensamento infantil quando se é atribuído
ao cognitivo, visto que é brincando que
Historicamente a criança faz do ato de a criança consegue revelar a sua inteira
brincar uma mega “operação” que expõe intenção com o lúdico dentro do ambiente
efetivamente a subjetividade em suas de educação infantil, bastando apenas
próprias ações, estando ela em total harmonia reproduzir o seu entendimento, levando-se
com o ambiente educacional, descobrindo em consideração a sua vivência de forma a
e aprendendo sempre coisas novas pelo ampliar seu repertório.
meio do caminho e é importante ressaltar
o planejamento das atividades que irão ao De acordo com Oliveira (1995) que nos
longo do percurso acontecer, a fim de fazer diz:
com que as crianças sejam participativas,
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CRIANÇA, JOGOS,
Compreender a relevância da atividade BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
lúdica que está associada ao processo de NA EXPLORAÇÃO DO LÚDICO
aprendizagem ameniza um pouco a questão
de descaracterizar o ato de brincar como
sendo algo simples para elas, embora É por meio dos brinquedos, jogos ou
haja a intenção de possibilitar e promover brincadeiras que a criança tem a capacidade
o desenvolvimento e a aprendizagem, de desenvolver-se globalmente e sendo
em outras palavras, a incorporação de assim, tem aflorada a sua criatividade na
brincadeiras ou atividades que se façam conquista de seu espaço na educação infantil,
explorar diretamente o lúdico é valido em participando ativamente de ações conjuntas
todo o percurso da educação infantil como com as demais crianças, promovendo uma
um todo. integração que amplie além do lúdico o seu
cognitivo durante todo o seu processo de
De acordo com Novaes (1992) que nos aprendizagem.
afirma:
Por sua vez os espaços lúdicos precisam ser
O ensino, absorvido de maneira lúdica, ambientes que fomentem o desenvolvimento
passa adquirir um aspecto significativo e a aprendizagem de uma maneira geral,
e efetivo no curso de desenvolvimento especialmente com a socialização, e que cada
da inteligência da criança. Desse modo, etapa da educação infantil seja respeitada,
brincando a criança vai construindo e
fazendo menção a primeira infância, na qual
compreendendo o mundo ao seu redor.
constitui atividades livres e espontâneas
(NOVAES, 1992, p.28).
que possam auxiliar o papel do professor no
fornecimento de cada proposta pedagógica.
E será com base nessas definições que
constataremos que as crianças estão Segundo Ronca (1989) nos diz que:
desenvolvendo a criatividade, a imaginação
e a curiosidade, em um processo contínuo O movimento lúdico, simultaneamente,
que se inicia assim em que nasce, se torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois
caracterizando por meio de aquisições nele a criança constrói classificações, elabora
sucessivas de conhecimentos, articuladas sequências lógicas, desenvolve o psicomotor
e a afetividade, e amplia conceitos das várias
entre si e o mundo que a cerca.
áreas da ciência. (RONCA, 1989, p. 27).
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Segundo Friedman (1996) nos diz que: Segundo Dohme (2003) diz:
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completamente errado essa nossa forma Como já vimos anteriormente, a escola tem
de pensar quanto ao ato de brincar para ela. por finalidade promover o desenvolvimento
global das crianças por meio de uma
Basicamente é um ato inerente à vida da aprendizagem bastante significativa e
criança desde sempre e jamais deveria ser por ser um espaço em que se aprende
desprezado tal ação, tal ato, de qualquer brincando, a brincadeira deve ser agregada
modo a criança aprende através do brincar ao desenvolvimento intelectual das crianças.
e mesmo que de maneira simbólica, ele Em outras palavras, a escola precisa valorizar
descarrega de forma agradável e prazerosa o lúdico porque somente assim haverá a
o seu excesso de energias contidas em um estimulação completa da criatividade e da
corpo que se movimenta para cima e para sociabilidade das crianças, além de fortalecer
baixo de um lado para o outro. os laços de afetividade entre elas e a escola.
Assim nos afirma Winnicott (1975): Todas as atividades que são realizadas
nos ambientes de educação infantil trazem
A criança brinca para buscar prazer, consigo o desenvolvimento psicomotor e
para controlar ansiedade, para estabelecer socioafetivo das crianças e será por meio
contatos sociais, para realizar a integração da do brincar que elas irão associar a intenção
personalidade, por fim para comunicar-se com das atividades, já que o lúdico é o nosso
as pessoas. (WINNICOTT, 1975, p. 32).
parceiro cotidiano. A criança se utiliza do seu
imaginário infantil para barganhar com os
Assim o brincar é uma combinação de ficção adultos, a fim de satisfazer seus mais remotos
com a realidade por meio de seu universo desejos, criando expectativas mesmo que
infantil, no qual elas vão incorporando de aquém de suas necessidades reais.
maneira lúdica a percepção da realidade e
representando em seu papel por meio do A ludicidade normalmente estimula a
imaginário infantil condição simples de ser expressão corporal da criança e a linguagem
criança, sempre crescendo e adquirindo mesmo que ela não tenha acesso a algum
conhecimento. tipo de brinquedo, mas ela sabe brincar, se
expressa muito bem quando algo lhe interessa,
De acordo com Vygotsky (1989) que nos assim, na medida em que a criança interage
diz que: com o outro e com os objetos aos poucos,
ela construirá relações sociais que irão
A criança aprende muito ao brincar. O que favorecer gradativamente o conhecimento e
aparentemente ela faz apenas para distrair-se estabelecerá uma sociabilização plena.
ou gastar energia é na realidade uma importante Segundo nos afirma Zanluchi (2005) que:
ferramenta para o seu desenvolvimento
cognitivo, emocional, social, psicológico. A criança brinca daquilo que vive; extrai sua
(VYGOTSKY, 1989, p.45).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se o tema abordado neste artigo, é
importante pensar em novas pesquisas que possam
evidenciar as interações ocorridas entre as crianças e seu
mundo por meio da cognição, a fim de que possamos avaliar
todos os níveis possíveis de apropriação de significados,
sejam eles normas e valores que são realizados enquanto se
desenvolvem as atividades lúdicas.
Para a criança é por meio do universo lúdico que se
abrangem os diferentes ambientes frequentados por ela, a
fim de que o lúdico venha servir de instrumento de mediação CLÁUDIA SILVA DOS
nas diversas relações que se evidencia. Para tanto a escola SANTOS
serve de facilitadora para que algumas atividades lúdicas
Formação em Magistério pelo
possam ocorrer, permitindo então uma interação maior entre
Instituto de Educação Sarah
escola e família, e ao mesmo tempo podendo favorecer uma Kubitschek (1989); Graduação
maior proximidade entre as crianças e os brinquedos ou em Letras pela Faculdade
brincadeiras nas quais ela está inserida. Unigranrio (1999); Especialista
É por meio de jogos, brinquedos e brincadeiras que se em Neurociência pela Faculdade
dá a promoção que desenvolve todo o aspecto cognitivo Campos Elíseos (2018);
e social destas crianças, reforçando as capacidades das Professora de Educação Infantil
crianças criarem perspectivas para lidarem com as diversas na rede municipal de São Paulo.
circunstâncias da vida.
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REFERÊNCIAS
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mínimos necessários para uma cidadania A fonte principal dos recursos federais
completa. Serve também para tomada de provém dos 18% da receita líquida de
consciência sobre o futuro profissional e área impostos que, por injunção constitucional,
do conhecimento que melhor se adapte. são destinados à educação.
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• Ensino Fundamental:
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O objetivo desta etapa de ensino é dar uma tornar obrigatório o ensino médio,
formação voltada para o mercado de trabalho, disponibilizando mais vagas para atender a
além de aprimorar os conhecimentos do todos os concluintes do ensino fundamental,
cidadão já adquiridos nas etapas anteriores e conforme o estabelecido no Plano Nacional
como ser humano dotado de razão. de Educação (PNE).
Ainda que o ensino médio seja a etapa O ensino médio também pode ser
final da educação básica, ele ainda não é oferecido junto com a formação para o
considerado obrigatório e de acordo com a exercício de profissões técnicas, desde que
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação, esta modalidade de ensino atenda a formação
esta responsabilidade é dos Estados. Eles e o objetivo geral desta etapa.
têm esta função de, progressivamente,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição Federal de 1988, diferentemente da maioria
dos instrumentos internacionais com força normativa, faz
menção expressa à importância da qualidade da educação,
tratando-a como um princípio basilar do ensino a ser
ministrado, conforme se verifica no inciso VII do artigo 206;
assim sendo, ela garante o direito à educação com “padrão
de qualidade” para todos. Mas é a Educação Básica dos 04
aos 17 anos de idade que foi aclamada como obrigatória
e gratuita (BRASIL, CF, art. 208, inciso I, EC 59/2009), CLEONE ROBERTA DE
considerada um direito público e subjetivo, sendo dever do SOUZA
Estado promovê-la (BRASIL, CF, art. 208, § 1º). Por isso, este
Graduação em Pedagogia
trabalho focou a análise do direito à qualidade da Educação
pela Faculdade Metropolitana
Básica e nas possibilidades de ser exigido juridicamente, ou de Santos, Estado de São
seja, na sua justiciabilidade, pois somente ele implica em uma Paulo (2010); Especialista em
obrigação positiva do Estado. Desse modo, verificou-se que Artes Visuais pela Faculdade
a Constituição Federal, sem dúvida alguma, sendo a matriz Metropolitana de Santos, Estado
das demais legislações, é a que mais claramente traduz a de São Paulo. (2015); Professora
exigibilidade jurídica do direito à qualidade da Educação de Ensino Básico no CEI – Centro
Básica, quando destaca que o ensino será ministrado com de Educação Infantil Diretora
base na garantia do padrão de qualidade (BRASIL, CF, art. Elfrida Zukowski Jardim.
206, VII), sendo dever do Estado assegurar gratuitamente a
Educação Básica dos 04 aos 17 anos de idade (BRASIL, CF,
art. 208, I). Além disso, determina que o acesso ao ensino é
direito público subjetivo (BRASIL, CF, art. 208, § 1º) e que,
quando este não for oferecido pelo Poder Público, ou for
oferecido de forma irregular, importa responsabilidade da
autoridade competente (BRASIL, CF, art. 208, § 2º). Essa
oferta irregular significa que não condiz com a normalidade,
com a regularidade, sendo contrária à lei ou à justiça.
No caso da qualidade da educação, mais especificamente
da Educação Básica, a Constituição Federal, além do artigo
206, inciso VII, consagra também, no artigo 211, parágrafo
primeiro, que cabe à União, em matéria educacional, a função
redistributiva e supletiva, de forma a garantir o padrão
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica
e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos
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municípios.
Melhorar a educação é fundamental para qualquer sociedade
crescer de forma sustentável no longo prazo com justiça social,
ou seja, melhorar a educação no Brasil para que possamos
crescer mais, com mais produtividade e justiça social.
A educação melhora a produtividade dos trabalhadores e de
suas firmas, facilitando inovações tecnológicas e a aplicação de
novas técnicas gerenciais. Além disso, como a elite econômica
de qualquer país já tem um alto nível educacional, aumentos
posteriores na escolaridade e na qualidade da educação
favorecem principalmente as famílias mais pobres, aumentando
a ascensão social e a mobilidade Inter geracional e diminuindo a
pobreza e a desigualdade.
Portanto, temos no Direito educacional, a porta aberta da
interação entre, educando (alunos), e educador, instituição
educacional (escola) e sociedade (comunidade). Assim sendo,
estamos com certeza utilizando o Direito Educacional como um
recurso para o desfecho do processo de ensino e aprendizagem
não apenas quantitativo, mas também qualitativo.
Para ensinar a ler e a escrever é preciso que o profissional da
área da educação seja esse tipo de modelo, consequentemente
será mais fácil ter um aluno leitor e produtor eficiente.
Os responsáveis pela educação básica no Brasil devem se
preocupar com a formação daqueles que prepararam os futuros
leitores, porque se na base houver o interesse e a habilidade na
leitura, quando adulto, esta habilidade tenderá a estender nos
níveis superiores da educação.
Portanto nas instituições de ensino é fundamental que usem o
lúdico em sala de aula para conseguir alfabetizar os alunos, pois
assim aprendem por prazer, e todas as informações transmitidas
tornará em aprendizagem, pois por meio das brincadeiras, o
educando encontra apoio para superar suas dificuldades de
aprendizagem, e consegue viabilizar uma maneira de achar
soluções, e superá-las, e não apenas memorizar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Acervos complementares: as áreas do
conhecimento nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEB 2009.
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc>
RAMA, Leslie Maria José da Silva. Legislação do Ensino: uma introdução ao seu estudo. São
Paulo: EPU e EDUSP, 1987.
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OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NO ENSINO REGULAR
RESUMO: Hoje muito se fala no termo inclusão, que consiste em inserir crianças com
deficiências em ambientes acolhedores e com profissionais preparados, garantindo
oportunidades e equidade, porém inúmeros desafios são encontrados. O equívoco no
entendimento do conjunto dessas ações provoca a necessidade de rever essas práticas.
O aluno com deficiência não pode se sentir diminuído ou fracassado, é necessário buscar
estratégias no planejamento para que a adaptação seja mais um benefício na busca pelos
seus direitos. Aceitar a diversidade, eliminar barreiras e pensar no coletivo, são maneiras
de alcançar o respeito e mudar o sistema educacional excludente e seletivo. A reflexão é a
resposta para muitas perguntas.
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INTRODUÇÃO
Esse artigo apresenta uma reflexão sobre Existem diferentes formas de aprender
a inclusão escolar na rede regular de ensino. e ensinar, mas o que se vê são ambientes que
A educação inclusiva se tornou um processo não acolhem, recebem e profissionais que
educacional ambivalente, na qual valorizar não se atualizam para atender o novo não
a diferença, com base na semelhança é acompanham as mudanças. É necessário sair
garantido na legislação, porém o grande da comparação e valorizar as oportunidades,
desafio é efetivar as ações e promover uma repensando suas práticas, buscando
educação de qualidade e equidade, com uma estratégias e se ajustando ao novo sistema
pratica pedagógica que contemple a todos. educacional. O aluno com limitação precisa
Unir as dicotomias Educação Inclusiva e ter suas habilidades estimuladas, superando
Educação Regular irá garantir o acesso seus medos sem a resistência dos que o
e a permanência dos alunos e minimizar rodeia.
a carência de pessoas que já sofreram
discriminação.
POLÍTICA PÚBLICA X INCLUSÃO
Compreender a complexidade desse
tema, ampliar o conhecimento e trabalhar O termo inclusão é muito vasto e aborda
com a diversidade; assegura o direito tanto no lado educacional quanto no lado
dos alunos de serem atendidos nas suas social. Muito já se sabe sobre o assunto,
respectivas necessidades. Repensar o porém muito esclarecimentos ainda
sentido de inclusão é o primeiro passo para precisam ser alunados. A política pública,
realizar a singularidade de um ensino tão há algumas décadas viabilizam alternativas
descaracterizado do seu real objetivo. para a melhoria do ensino e garantir assim
a inserção e a integração dos alunos que
Hoje a educação inclusiva busca e encontram atrasados em razão de suas
posicionamento de todos os setores da necessidades.
educação, visto que a reformulação dos
parâmetros não está sendo aplicado na Muitas vezes esses alunos encontram
prática. Não basta conhecer, é preciso abordar dificuldades para que a lei, as medidas e suas
o tema, respeitar o ritmo e acompanhar quem ações sejam concretizadas e seus direitos
busca o ideal e não o real. Vale ressaltar que conquistados.
a inclusão não é tarefa fácil, mas necessária
e buscar formação, apoio e ação, assim é o Acesso ao ensino regular, com participação,
melhor caminho. aprendizagem e continuidade nos níveis
mais elevados do ensino; transversalidade da
modalidade de educação especial desde a
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Para que a escola se torne inclusiva é los, encontrando caminhos para consolidar
preciso valorizar a diversidade, mudar sua um melhor atendimento para as crianças que
consciência e ter o aluno como elemento já nascem excluídas.
enriquecedor. Perseverança e persistência,
mudança no modo de trabalhar e respeitar O desconhecido assusta, mas algumas
a individualidade, só traz benefícios para medidas precisam ser implementadas para
todos, alcançando para que se espere o somar os problemas que tanto causam
ingresso e a permanência. desigualdades. As práticas diminuem a
carência e aumentam as oportunidades.
PAPÉIS DA ESCOLA
INFLUÊNCIA NA
A educação pública mantém índices EDUCAÇÃO INCLUSIVA
altos que continua no sistema educacional.
Questionar a inclusão não é suficiente para
resolve o problema, mas conhecer o processo A educação inclusiva e suas barreiras é uma
e ir atrás de soluções. significativa discussão, no entanto pouca
atenção tem sido dada as particularidades
Analisar as características dos alunos, do problema. A educação inclusiva vem do
acolher estratégias e criar condições para ambiente social e sofre influências externas,
que o aluno e a família se sintam dignos porém é no ambiente escolar que o aluno
e estimulados a encontrar sua própria ganha força.
identidade. A escola precisa se transformar,
se adequar e caminha em direção ao seu Até o momento, há pouca
objetivo, valorizando e respeitando o aluno concordância entre teoria (políticas públicas)
como individuo capaz que busca o seu lugar e prática (escola), apesar das necessidades
na sociedade. de mudanças, é difícil ignorar que acesso
e permanência ainda estão longe de serem
São formas de minimizar e combater inseparáveis.
essa exclusão tão nítida. Ações e metas,
acompanhamento do trabalho docente até A escola precisa incluir da melhor forma
alcançar a satisfatória. possível, refletindo o processo de inclusão,
buscando informações e fornecendo
O papel da escola é ser um espaço social, instruções. Se adaptar a nova realidade é
que oferece para ser ouvinte, contribuindo função de todos, buscando qualificação,
para suas funções explícitas. O desafio quebrando resistência e não transferindo
enfrentado pelas escolas é lidar com a responsabilidade. O educador com
diversidade e encontrar formas de superá- intervenções diárias, rotina, metodologias
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Durante todos esses anos, foi percebido que os alunos precisam de apoio e recursos que
realçam suas habilidades. É importante ressaltar que o aluno inclusivo não é incapaz, ele é
diferente e por isso que família e escola precisam trabalhar em parceria.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo tem como objetivo apresentar a situação
dos alunos com necessidades especiais na rede regular de
ensino. É resultado de pesquisas bibliográficas, no qual
se pode concluir que a Educação Inclusiva é um processo
educacional gradativo e constante. A inclusão escolar é uma
ação urgente, com medidas destinadas à busca de identidade
e a valorização da diversidade, igualando as oportunidades
com comprometimento e responsabilidade.
CRISTIANE AMARO
Hoje muito se fala de exclusão, preconceito e discriminação, DA SILVA
porém existe a possibilidade de minimizar as dificuldades
Graduação em Pedagogia pela
que os alunos encontram ao se deparar com o novo. É um
Universidade da Cidade de
desafio para pais e profissionais da educação, pois para incluir São Paulo (2014); graduação
é necessária uma busca constante de informação. Esses em História pelo Instituto
obstáculos encontrados no trajeto amplia o aprendizado de Superior de Educação Elvira
ambos. Dayrell (2016); pós-graduada
em Educação Inclusiva pela
A inclusão é um ideal no qual romper barreiras, traçar metas Faculdade Campos Salles (2018);
e articular ações ressalta a importância para esses alunos no Professora de Educação Infantil
pertencer e no conviver, mudando o olhar e sugerindo uma e Ensino Fundamental I - na
transformação, desafiando a ruptura e a postura de todos. EMEF João Ribeiro de Barros,
Professora de Educação Básica I
Potencializar a adaptação desses alunos torna-os mais - na EE Annita Guastini Eiras.
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REFERÊNCIAS
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PSICOMOTRICIDADE: O ESTÍMULO
PELA ATIVIDADE LÚDICA
RESUMO: O desenvolvimento infantil é composto de vários processos complexos de abrangem
aspectos fisiológicos, cognitivos, emocionais e comportamentais, além do universo das relações
que produzem estímulos significativos para o processo de maturação do indivíduo. A criança
descobre o mundo, e a partir desta descoberta constrói a própria concepção de existência. A
família e a escola são os primeiros contatos que a criança têm nos primeiros anos de vida. E
os personagens que compõe estes grupos são fundamentas para o processo de maturação da
criança. Na fase escolar, fora do contexto da família a criança passa a ter seu desenvolvimento
integrado a técnicas e saberes que otimizaram o seu processo de aprendizagem, é neste
momento que a Psicomotricidade entra como uma ciência neurofuncional, que compreende
o homem como um ser totalitário e que os aspectos que compões sua existência atuam
como um sistema integrado reagindo e interagindo o tempo todo durante o processo de
desenvolvimento ao logo da vida. No universo infantil, para que a criança consiga se desenvolver
de forma saudável e efetiva, a atividades lúdicas, ou seja, o contato com o mundo por meio das
brincadeiras e atividades motivadoras e prazerosas, são ferramentas eficazes que associadas
a psicomotricidade atuam como facilitadores para qualidade do trabalho dos educadores que
atuam com estas ferramentas. Este trabalho buscou mediante a esta revisão bibliográfica
abordar a associação das duas ferramentas, fomentando sobre o benefício desta associação
para o desenvolvimento infantil e o trabalho do educador.
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e a diferença entre ganhar e perder. (SOUZA Platão dizia que o corpo era separado
et al, 2017) da alma, como uma caixa ou morada
temporária que preservava um espírito
Este estudo considerou os desafios imortal. Já Aristóteles defendia que o corpo
envolvidos no processo de aprendizagem humano era uma matéria produzida pelo
em esferas global, o desenvolvimento da espírito, afirmando que a alma tinha forma
psicomotricidade nasce não apenas como física, originando os primeiros estudos
um campo de estudo e observação do psicomotores, sobre a ginástica na época,
desenvolvimento, mas como ferramenta e como a atividade física beneficiava o
essencial para ampliar as formas de desenvolvimento e condicionamento físico.
aprendizagem, que neste contexto podem (MATTOS, 2016 p.9)
estimular o autoconhecimento e domínio
sobre o próprio corpo, as emoções e adesão Os atenienses, por exemplo, cultuavam
de novas habilidade. Assim, este estudo o corpo, valorizando a prática de exercícios
pretendeu produzir uma reflexão sobre a de ginástica para educação corporal, já os
amplitude do desenvolvimento psicomotor soldados romanos e espartanos faziam uso
para as crianças através da brincadeira e os das técnicas para o condicionamento físico
benefícios desta associação. e treinamento para combate. (SOUZA, 1997
p.21)
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algum tipo de limitação ou não, e assegura e mente, sendo que uma não opera sem a
o desenvolvimento funcional. (MATTOS, outra, em todos os aspectos o indivíduo
2016, p.22) sente uma emoção que emite uma resposta
motora.
Segundo Mattos, (2016) Henri Wallon,
correlacionava as emoções e a afetividade Baseando na perspectiva dos estudos
com a forma de interagir com o mundo, de Wallon, Guilmain introduz um protótipo
dentro do desenvolvimento infantil. O de exame psicomotor, posteriormente
desenvolvimento da personalidade, as consolidado com Pierre Vayer, que tinha
emoções e o desenvolvimento motor como objetivo compreender que as ações
ocorrem simultaneamente. De acordo com são consequências de emoções. E cria um
a autora, Wallon denomina de “diálogo modelo de reeducação psicomotora baseado
tônico” a comunicação entre a mãe e o bebê, em exercícios de educação sensorial através
este diálogo é manifestos pelas trocas e do desenvolvimento de atividades manuais
rações tônicas e afetivas, caracterizando a que demandavam atenção, essa ferramenta
“hipertonia do desejo”, que se manifesta pelo era indicada por Guimain, para tratar
aumento do tônus da criança, quando existe distúrbios de comportamento. (MATTOS,
a necessidade de ser alimentada, aquecida 2016 p.16)
ou simplesmente do afago da mãe. A
“hipotonia de satisfação” segundo o Wallon Entretanto, a psicomotricidade pode ser
ocorre quando a pulsão do bebê é satisfeita definida como o estudo da relação entre o
após mamar, ser trocado e receber o afeto. processo de desenvolvimento do corpo e
movimento e as funções cerebrais que e suas
De acordo com Santos (2012), com o origens cognitivas e orgânicas. Para Levin,
passar das décadas, o com a evolução dos (1995), a psicomotricidade vai muito além
estudos da psicomotricidade, que foram disso, refere-se a forma com que o sujeito
desenvolvidos em diferentes vertentes, se comunica através do corpo, por gestos,
aprofundando-se em um olhar clinicamente movimentos, tensões, seu eixo corporal,
específico, epistemologicamente utilizando sendo assim, o corpo fala o que muitas vezes
práticas educativas, reeducativas, também a boca não consegue dizer. (LEVIN, 1995
influenciadas pela neuropsiquiatria e apud. MATTOS, 2016 p.20)
contribuições da psicologia genética, que
já passavam a considerar, que os aspectos Trata-se de observar a relação entre
mentais e emocionais atuavam sobre um o pensamento e a ação, e as emoções
desenvolvimento motor inteligível, ou envolvidas nos movimentos corporais
seja, não se trata apenas de olhar para o juntamente com o aprendizado construído
movimento individualmente, mas de um a partir de tais movimentos. As atividades
olhar que agrega as funções entre o corpo físicas, por exemplo, são fundamentais para
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cultural a ludicidade representa a essência da criança, essa interação amplia sua conexão
de uma sociedade em seu determinado com o mundo, interno e externo estimulando
momento histórico.” Assim, o lúdico torna- sua imaginação, elaboração de regras e
se fundamental para o desenvolvimento organização e permite a sociabilização
psicossocial humano, as atividades através da troca e interação com o outro.
lúdicas promovem o desenvolvimento de (VYGOTSKY, 1995 apud. SILVA,2004 p.6)
mecanismos que possibilitam a resolução
de problemas, estimula a criatividade e as O ato de brincar é a melhor metodologia para
relações sociais. Ainda segundo os autores, dar à criança, condições de desenvolver suas
o dinamismo proporcionado pelas atividades potencialidades e caminhar, de descoberta em
lúdicas de cada indivíduo, contribuído para descoberta; criando soluções para suas dúvidas
e aprendendo a viver e a conviver com seus
o desenvolvimento saudável do corpo e da
pares. O desenvolvimento mental se constrói,
mente. (PÉRICO et al, 2015 p.3419)
paulatinamente; é uma equilibração progressiva,
uma passagem contínua, de um estado de menor
Para Batista (2006 p.9), o lúdico é inserido
equilíbrio para um estado de equilíbrio superior.
nos anos iniciais do ensino infantil, como (PIAGET 1987 p.211 apud BATISTA 2006 p.27)
uma possibilidade que agrega muitos valores
as disciplinas, atraindo o interesse da criança
e promovendo o respeito, a solidariedade, A brincadeira proporciona troca mutua de
a paciência, a gentileza, humildade, e a aprendizagem entre criança e educador, a
possibilidade de trabalho em grupo. Para aplicação dos conceitos de psicomotricidades
a autora os valores são essenciais no aliadas as atividades lúdicas possibilita a
desenvolvimento da personalidade, assim expressão de sentimentos e pensamentos na
os jogos e brincadeiras, promovem uma interação com o meio e ainda contribuem para
aprendizagem divertida e permitem trabalhar identificação de debilidades coexistentes
o desenvolvimento psicomotor da criança. e resolução de problemas que possam
Assim como observado por Rossi: surgir em torno do desenvolvimento da
aprendizagem da criança. Com a aplicação
No estágio escolar, a prioridade constitui da psicomotricidade são identificadas
a atividade motora lúdica, fonte de prazer, dificuldades que colocam a criança em
permitindo a criança prosseguir na organização de sofrimento, como: não conseguir realizar uma
sua “imagem de corpo” ao nível do vivido servindo atividade simples dentro de uma brincadeira,
de ponto de partida na sua organização prática em
ou dificuldades inerentes a aprendizagem
relação ao desenvolvimento de suas atitudes de
acadêmica, por exemplo, o professor poderá
análise perceptiva. (ROSSI, 2012 p.09)
traçar estratégias específicas que atuem
positivamente no desenvolvimento desta
O Brincar para Vygotsky(1995), está criança. (ROSSI, 2012 p.9)
diretamente relacionado a cultura do universo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicomotricidade aplicada ao desenvolvimento infantil
no âmbito escolar tem como meta estimular a criança se
movimentar e reconhecer por meio do movimento as suas
próprias capacidades e habilidades, além de saber que é está
no mundo. A criança sente, percebe e aprende com as coisas
(objetos, dança, música,) e com os outros, se organizando
física e mentalmente mediante ao mecanismo de resposta da
interação com o ambiente.
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REFERÊNCIAS
BATISTA, S. A. Psicomotricidade: reflexos no ensino e aprendizagem. UNICEUB Brasília-DF 2006
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SOUZA, E. P. M. De. Ginástica geral: uma área do conhecimento da educação física. Campinas.
1997.
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INTRODUÇÃO
como se desenvolvem a atenção, a memória,
Quando se fala em transtornos mentais
a linguagem, a emoção e cognição, o que
da criança e do adolescente, pensa-se na traz valiosas contribuições para se alcançar a
criança desde o seu nascimento, onde há a educação. (MALUF,2005).
necessidade do acompanhamento pediátrico
conforme o seu crescimento, porém nas Diante disso, a estrutura pedagógica
camadas mais humildes da nossa sociedade escolar precisa apresentar conteúdo
esse fato é praticamente nulo, pois os programático, dinâmica de grupo e individual
responsáveis só levam seus filhos ao posto com alunos que apresentam diversidade
de saúde quando apresentam um problema cognitiva. A didática tem que ser direcionada
muito grave. e seletiva, buscando compreender se a
dificuldade apresentada tem ligação com
Para Maluf (2005) defender o sucesso o ambiente sociofamiliar ou se trata de um
escolar depende do apoio familiar. O apoio distúrbio neurológico.
dos professores e à escola é indispensável
para o desenvolvimento da capacidade de Segundo Boarini, além de não existir
aprender e chegar à condição de autonomia, oferta suficiente que atenda crianças com
objetivo maior da educação. necessidades de atenção especial em saúde
mental, a maior parte do tempo desse
“Conhecer o funcionamento cerebral é profissional está voltada para atendimentos
fundamental para compreender como se dá a que, na maioria das vezes, não são tão
aprendizagem de todas as pessoas, em todas necessários. Assim, esse tipo de atendimento
as idades e situações, especialmente na escola, acaba por contribuir ainda mais para o
frente à educação formal. Mas é importante
crescimento dessa demanda que precisa da
ressaltar que como a Neurociência cognitiva
assistência neuropsicopedagógica.
objetiva estudar e estabelecer relações entre
cérebro e cognição principalmente em áreas
Quando essa assistência atende crianças
relevantes para a educação, o diagnóstico
precoce de transtornos de aprendizagem está
e adolescentes que apresentam dificuldades
entre as prioridades da Neuroaprendizagem, escolares, acaba por descobrir que esses
o que revelará também melhores métodos problemas são apenas a ponta do iceberg de
pedagógicos de desenvolver a aquisição de outros que nem imaginamos que existem,
informações e conhecimentos em crianças e esses precisam ser atendidos por um
com transtornos e dificuldades do aprender, profissional especialista em saúde mental.
assim como a identificação de seus estilos
individuais de aprendizagem no contexto Por outro lado, há ainda uma grande
escolar. Isso tudo deve-se primordialmente dificuldade para que a criança e o adolescente
às descobertas neurocientíficas em torno de sejam encaminhados aos serviços de
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saúde mental, o preconceito. Tanto por Diversos são os transtornos mentais que
parte dos pais e professores, como do surgem na criança e no adolescente, temos:
próprio profissional, pois ainda são poucas transtornos alimentares, de humor, de
as iniciativas na assistência a crianças e ansiedade, de conduta, por uso de substâncias
adolescentes que sofrem com transtornos tóxicas, esquizofrenia e depressão.
mentais.
Assim, precisamos conhecer um pouco
É sabido que um dos desafios na mais sobre o que chamamos – criança
assistência à saúde mental é a necessidade normal – pois precisamos saber identificar
do diálogo entre os diferentes saberes como pelo menos os mais comuns que são: a
a pedagogia, a psicologia e a medicina. depressão e a ansiedade na infância para
mais tarde conseguirmos identificar também
os transtornos da adolescência.
OS TRANSTORNOS - NAS
CRIANÇAS E ADOLESCENTES A depressão atinge a qualidade de vida
da pessoa, pois é um processo que evolui e
Sabemos que o sucesso do indivíduo provoca um desânimo profundo em relação
está ligado ao bom desempenho escolar, ao futuro, insatisfação com a vida, levando
por isso, um número cada vez maior de ao isolamento.
crianças são atendidas por neuropediatras,
psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos Sendo assim, é mais fácil de se identificar
e, mais recentemente, neuropsicopedagogos nos adultos, mas na criança ela se manifesta
(Santos, 2011). quando a mesma se queixa com mais
frequência de dores em partes do corpo, de
Temos conhecimentos de que termos dificuldade para dormir, de ter pesadelos e
como: distúrbios, dificuldades, transtornos, medo, e começa a se isolar dos colegas.
discapacidades são problemas encontrados
na literatura e, muitas vezes, são empregados Para tratar a depressão infantil é preciso
de forma inadequada, porque a presença de recorrer à psicoterapia que é muito eficaz,
uma dificuldade de aprendizagem não implica, na maioria dos casos. Quando o caso é mais
necessariamente, em ser um transtorno. Uma grave há a necessidade também de ter o
dificuldade pode ser transitória, não ligada a auxílio de medicamentos.
uma alteração funcional do sistema nervoso,
por exemplo, uma inadequação pedagógica, É muito importante que a família, o
ou um problema emocional da criança pode, psicólogo e o pedagogo estejam em contato
simplesmente, ser um momento atípico na para que o tratamento seja realmente
vida da criança, possível de ser superado. eficaz, pois estarão sempre trocando
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Após esses estudos, entendendo que “Não forçar o aluno a fazer as lições quando
os principais problemas encontrados em estiver nervoso por não estar conseguindo;
crianças e adolescentes são os que nascem explique a ele suas dificuldades e diga que está
no ambiente familiar e escolar, é preciso um ali para ajuda-lo sempre que precisar . Evitar
que o aluno se sinta inferior; considerar o
trabalho diferenciado que chegue até os pais
problema de maneira serena e objetiva; avaliar
das crianças que apresentam algum tipo de
o desempenho do aluno pela qualidade de seu
transtorno.
trabalho; proponha jogos na sala; não corrija as
lições com canetas vermelhas ou lápis; procure
Buscamos algumas diretrizes para que os usar situações concretas nos problemas.”
educadores possam se apoiar e selecionar as (ROCHAEL, 2009).
que mais se apropriarem ao caso do aluno,
pois essas diretrizes são globais.
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Por isso, muitas vezes é difícil lidar com A ansiedade sentida prejudica a
as frustrações, pensemos no velho clichê preparação dos alunos para a aprendizagem,
“o copo está meio cheio ou meio vazio?” – causando desconforto, e consequentemente
A maioria das vezes o problema não está comprometendo o desempenho.
na situação, mas sim em como olhamos
para ela. Muitas vezes não podemos mudar Quando o aluno percebe seu insucesso
a realidade em que estamos vivendo, mas escolar, esse sentimento remete-o ao
podemos mudar nossa posição diante dela. fracasso e consequentemente ao abandono.
Isso é motivo de preocupação e alerta para
Esse deve ser nosso olhar em relação aos a escola e para os pais. E esse é o momento
problemas com nossas crianças e adolescentes, de uma intervenção psicopedagógica, pois
pois nem sempre conseguiremos sucesso focaliza o sujeito na sua relação com a
com eles, ou mesmo mudar a realidade em aprendizagem.
que vivem, mas podemos amenizar suas
angústias, suas frustrações, fazendo com Seria muito interessante que toda
que percebam que podem ir muito além do instituição de ensino pudesse contar
que acreditam. com a existência de psicopedagogos para
auxiliar no trabalho do pedagogo, fazendo
Alguns alunos apresentam sintomas de uma intervenção para reeducar a prática
ansiedade de desempenho escolar, pois pedagógica dos professores, para a melhoria
enfrentam diversas situações como avaliação, do ensino-aprendizagem.
testes, exames, apresentações de trabalhos,
responder questões oralmente, entre outras.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que a realidade no cotidiano escolar possa ser
modificada, cabe ao educador e à escola adotarem
uma postura crítico-reflexiva ao lidarem com os alunos,
principalmente, com aqueles com histórico de uma trajetória
marcada pelo insucesso escolar, pois quanto a esse aspecto
concordamos com Weisz (2001, p.60) ao dizer que “ não
é o processo de aprendizagem que deve se adaptar ao de
ensino, mas o processo de ensino é que tem de se adaptar
ao de aprendizagem”. DANIELE NERY SANTOS
LIMA
Não podemos esquecer de que o sucesso escolar é uma
Graduação em Letras pela
realidade atingível se acreditarmos que o neuroaprendiz pode
Universidade Paulista
vencer suas dificuldades, e que os obstáculos que tiver em UNIP(2013); 2ª Graduação pela
seu aprendizado, e apenas mais um desafio a ser superado. Aldeia de Carapicuíba- Falc.
(2014)... PÓS Graduação em
O professor que receber em sua sala de aula alunos de alfabetização e Letramento Pela
aprendizagem lenta estará diante de uma tarefa desafiadora Universidade Nove de Julho-
que será ajuda-los a se adaptarem à escola. Uninove ( 2018), Professor de
Educação Infantil no Cei Neide
Existem outras causas que provocam a lentidão da Ketelhut
aprendizagem, não só transtornos mentais. Há também
problemas emocionais, defeitos físicos, falta de incentivo,
hábitos inadequados de estudo, condições familiares
instáveis, entre outras.
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crescimento pessoal e profissional, fazendo-os acreditar que são capazes de identificar e ajudar
crianças e adolescentes que apresentam transtornos a enfrentarem seus desafios durante o
processo de ensino-aprendizagem provenientes de uma trajetória marcada pelo insucesso
escolar e por problemas familiares, juntamente com o profissional da neuropsicopedagogia.
“A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas páginas em branco. [...] os profissionais desta área
precisam mostrar aos demais o que estão fazendo, como estão fazendo. O livro precisa ocupar lugar no tempo
e no espaço das livrarias de nosso país”. (HENNEMANN, 2012)
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TOKUHAMA-ESPINOSA, T.N. 2008. The scientifically substantiated art of teaching: a study in the
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BRINCAR HEURÍSTICO
RESUMO: A pesquisa a seguir relata sobre as contribuições da brincadeira livre com objetos
não estruturados ou de largo alcance para as crianças bem pequenas em ambientes de vida
coletiva, por meio de propostas que promovam a exploração, descoberta e autonomia,
como o brincar heurístico e o cesto dos tesouros. A criança entre 5 e 6 anos encontra-
se em uma fase na qual o egocentrismo é predominante nas suas ações, pensamentos e
sentimentos. A metodologia utilizada é sempre a da observação durante o desenvolvimento
dos jogos e brincadeiras heurísticas, pois além das observações durante as sessões, são
captados e gerados recursos imagéticos para análise de dados, aos poucos a criança inicia
a tolerância social, cria vínculos afetivos, divide o espaço, cria situações na qual o “meu” é
substituído pelo “teu”, e assim aprende brincando. O objetivo está em analisar como o brincar
heurístico contribui para o desenvolvimento social e cognitivo das crianças, diante dos dados
gerados é possível constatar as reais contribuições do brincar heurístico, o conhecimento
cognitivo sempre é muito mais intenso que o social. Momentos de brincadeiras livres são
imprescindíveis e necessitam de tempo, e sempre proporciona momentos para o aluno /
criança evoluir. O espaço e materiais adequados servem para potencializar as descobertas
das crianças.
Palavras-Chave: Crianças bem pequenas; Brincadeira livre; Cesto dos tesouros; Brincar
heurístico, Educação Infantil.
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O foco do brincar está na descoberta dizer deixar para lá, deixar com que ela se
que a criança consegue fazer e também na vire sozinha, mas sim é simplesmente obter
manipulação de objetos como sementes, um olhar voltado para que a criança tenha
caixas, tapetes de borracha, bolas de direitos de escolher e seu professor deve
pingue-pongue, novelos de lã, etc. Em ser seu mediador, mas não a conduzindo
outras palavras, conforme Pestalozzi (1969), diretamente.
o brincar heurístico envolve oferecer a um
grupo de crianças, uma grande quantidade de
objetos para que elas brinquem, manipulem A IMPORTÂNCIA DA
livremente sem a intervenção dos adultos, BRINCADEIRA LIVRE
sendo eles pais ou educadoras.
A brincadeira está intimamente ligada
Conclui-se que o brincar heurístico com o à aprendizagem, isto acontece, porque a
uso do Cesto de Tesouros, possa nos oferecer criança não separa o momento de brincar,
uma experiência de aprendizagem ampla para do momento de aprender ou qualquer
os bebês que estão na fase de descobertas outro momento. Sua brincadeira é a sua
pelo mundo. Proporcionar o brincar aprendizagem, pois é no momento que ela
heurístico em instituições infantis é buscar a brinca que ela consegue absorver todo seu
resolução cuidadosa de pequenos detalhes, aprendizado de maneira prazerosa e isso fica
como: tempo, espaço, materiais adequados e gravado em sua memória.
gerenciamento. O papel do professor é o de
organizador e mediador, e não o de iniciador. É importante o cuidado de não confundir
Os bebês brincarão com concentração e sem os momentos de brincadeiras exclusivamente
conflitos por longos períodos, desde que lhes como portadores de aprendizagens e
sejam oferecidos quantidades generosas planejar brincadeiras sempre com este
de objetos cuidadosamente selecionados, e intuito, a brincadeira deve ser livre, pois
organizados para tal brincadeira. ela aprenderá por si só, isso acontece de
maneira natural. Essa postura poderia causar
Que lugar ocupa a brincadeira livre na sala um protecionismo excessivo do adulto ao
de aula na educação infantil? O que pensam orientar, e sempre estar conduzindo os
os educadores a este respeito? Um rápido momentos de brincadeira com um propósito
olhar sobre as salas de aulas de educação específico, com objetivos marcados e
infantil e suas práticas pedagógicas, nos cronometrados.
deixa um confronto com a realidade na
qual a brincadeira livre deixa de ser apenas O homem não brinca mais, a criança
para seu próprio aprendizado e passa a ser pequena começa a fazer imitações do
um abandono por parte das educadoras. O homem que não brinca mais e vai acabar sem
deixar a criança livre para brincar, não quer nunca ter brincado, pois infelizmente nossa
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“época”, pode-se falar assim, as brincadeiras De acordo com Perrenoud (1999) há pouca
foram sendo deixadas de lado e substituídas discussão sobre a infância e sua educação,
por tecnologia, na qual o jogo brinca, e os limitando a organização de um sistema de
movimentos são virtuais e não da própria ensino e de propostas metodológicas para
criança. o ensino das crianças pequenas. Isso limitou
as potencialidades e as oportunidades de
A criança só vê a mãe usando aparelhos desenvolvimento, comprometendo a visão
elétricos, não vê a mãe sacudindo a roupa, educacional na infância e dos trabalhadores
cantarolar enquanto bate um bolo, até nesse nível educativo.
mesmo ir á lojas se tornou cansativo, pois
tudo é online. A mãe e o pai são portadores Por meio do brinquedo e brincadeiras
de aparelhos que precisam fazer tudo o mais a criança pode desenvolver a imaginação,
rápido possível. Em vez do canto, da dança, confiança, autoestima, e a cooperação, no
o barulho dos motores domésticos. A grande meio em que se insere.
variedade de objetos que podem fazer parte
de um Cesto de Tesouros significa que não há O modo que a criança brinca mostra seu
necessidade de incluir um objeto que produz mundo interior, revela suas necessidades
ansiedade, curiosidade, conhecimento nas e isso permite a interação da criança com
educadoras, em relação à sua segurança. as outras crianças e a formação de sua
personalidade. Para isso é necessário que as
O prazer que provem das brincadeiras escolas de Educação Infantil proporcionem
guarda o sentido do prazer pelo viver, ser, condições e promovam situações de
investigar, sentir, tocar, viver com o outro, atividades conforme as necessidades das
vibrar com vitórias e enfrentar derrotas, enfim, crianças, oportunizando a estimulação para
de verdadeiramente fazer, brincar, ser livre. o seu desenvolvimento integral.
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Assim adoram ajudar a mãe a varrer a casa desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e
ou fazer bolos, não porque exista valor ou a interação com amigos, jogos e brincadeiras
utilidade nessas ações, mas porque são essas trabalham de forma lúdica e estimula o
as atividades interessantes e divertidas. Essa raciocínio lógico da criança, eles funcionam
forma de pensar, entretanto, modifica-se, como facilitadores na aprendizagem.Para
e já a partir dos quatros a cinco anos é que compreensão e um maior aprofundamento
buscam benefícios por meio do jogo, mesmo sobre os estudos relativos aos jogos e
que estes sejam o elogio da sua ação. brincadeiras e sua relação com o processo de
aprendizagem e do desenvolvimento integral
Por intermédio das brincadeiras a das crianças da Educação infantil.
criança acaba explorando o mundo a sua
volta livremente, pois é a partir daí que ela A formação da criança era viabilizada
constrói seu aprendizado, e é nesse espaço por meio dos brinquedos e dos jogos que
que a criança acaba criando um mundo de ela executava. Por meio das brincadeiras as
fantasias e manifesta seus sentimentos, se crianças descobrem o mundo a sua volta,
sentindo cada vez mais segura para interagir. construindo a sua própria realidade, dando-
lhe um significado. Rosseau (1982) considera
É brincando também que a criança que o brincar na Educação Infantil implica
aprende a respeitar regras, a ampliar o seu definir o que se pensa da criança, que mesmo
relacionamento social e a respeitar a si pequena sabe de muitas coisas, interage com
mesmo e ao outro. Para realizar esse trabalho, pessoas, se expressa com gestos e olhares
contamos com uma bibliografia ampla, com e mostra como é capaz de compreender o
leituras de livros, artigos, revistas e sites mundo. O brincar é uma ação livre que não
sobre o tema abordado, além de pesquisar exige como condição um produto final. Ao
grandes autores e pensadores. Desta forma conceituar o jogo como uma atividade que
poderemos evidenciar o quão as crianças desenvolve o intelecto da criança, constatou
aprendem brincando, pois, o mundo em que no decorrer dos seus estudos, que por meio
vive é descoberto por meio de jogos que vão dos jogos a criança muda seu comportamento
dos mais fáceis até os mais variados. Os jogos e exercita a sua autonomia, pois aprendem a
para as crianças são uma preparação para a julgar argumentar, a pensar, a chegar a um
vida adulta, são por meio das brincadeiras, consenso.
e seus movimentos e a interação com outras
crianças e com os objetos, que elas vão O estudo que pretendemos realizar com
desenvolver suas potencialidades. este artigo é uma pesquisa bibliográfica,
referente aos jogos e brincadeiras na Educação
O jogo não pode ser visto apenas Infantil trabalhando com a psicomotricidade,
como divertimento ou apenas como fundamentada nas reflexões de leituras de
brincadeiras para distração, ele favorece o textos de autores diversos, e também de
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livros, revistas, sites e arquivos. Teremos como instrumento de investigação, uma pesquisa
quantitativa por meio de questionários investigativos com professores da Educação Infantil
e observação dos alunos da educação infantil durante as brincadeiras.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É brincando que a criança se descobre e consegue se
expressar de maneira livre e saudável. A criança tem uma
mentalidade semelhante à do artista, pois ambos ingressam
facilmente no universo do faz de conta, aplicando o dom de
fantasiar a tudo e fingindo que algo é, na verdade, alguma
coisa bem diferente, ela inventa, ela constrói ela faz e desfaz.
A brincadeira pode ser representada por meio de várias
formas, uma delas é simplesmente deixar a criança expor
seus movimentos.
DÉBORA CAETANO
DA SILVA PINHEIRO
Graduação em Pedagogia pela
Universidade Nove de Julho
em 2016; Especialista em
Ludopedagogia pela Faculdade
Campos Elíseos em 2018;
Professor de Educação Infantil na
Rede da Prefeitura de SP.
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REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Glória Aparecida Pereira. A concepção de egressos de um curso de Pedagogia
acerca da contribuição do trabalho de conclusão de curso. 2003. Dissertação (Mestrado)
Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 1994.
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O EDUCAR NA CRECHE
RESUMO: O presente artigo pretende mostrar a importância do educar na creche,
priorizando o fazer pedagógico no dia a dia das instituições de educação infantil, ainda que
este esteja aliado aos cuidados pessoais dispensados aos bebês e crianças, como alimentação,
higienização e segurança pessoal.
Como o próprio tema – o educar na creche – sugere, o foco principal desse artigo é destacar
o papel educativo da creche nos dias de hoje, confrontando a ideia inicial da instituição como
local assistencialista, ou seja, que cuida de bebês e crianças enquanto as mães trabalham ou
somente como instituição que atende bebês e crianças órfãs.
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INTRODUÇÃO
A relação entre o cuidar e o educar na Como base bibliográfica usarei algumas
creche é um tema bastante discutido nos publicações do MEC e da Secretaria
cursos de formação de professores e em Municipal de Educação de São Paulo que
eventos relacionados à educação infantil, falam sobre a Educação Infantil e também do
aqui no Brasil cada vez mais sustenta-se a cuidar e educar na creche.
mudança de paradigma em relação à creche,
enfatizando a necessidade de incluir a prática
pedagógica no trabalho com bebês e crianças EDUCAÇÃO INFANTIL DE
de até 3 anos (faixa etária atendida na creche) 0 A 3 ANOS DE IDADE?
e não somente priorizar os cuidados pessoais
no atendimento da faixa etária mencionada. Uma grande mudança educacional
aconteceu no Brasil a partir do momento
Tenho observado que a sociedade de em que a Educação Infantil passou a ser
uma forma em geral ainda hoje enxerga o vista como início da Educação Básica,
papel da creche como assistencialista – e à possibilitando a todas as crianças a partir de
concepção de cuidado, atenção e abrigo - e 0 ano ter acesso aos centros de educação
sustenta a ideia de que a creche é um local infantil e a uma educação de qualidade.
destinado somente a cuidar dos bebês e
crianças, pouco reconhecendo e valorizando Segundo a LDB em seu artigo 29: “A
as possibilidades pedagógicas no dia-a-dia educação infantil, primeira etapa da educação
da creche. básica tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança até seis anos de idade, em
Então, pretendo através deste artigo seus aspectos físico, psicológico, intelectual
mostrar a importância do fazer pedagógico e social, complementando a ação da família
no dia a dia da creche, focando na função e da comunidade”. Portanto, esse direito é
educacional que os centros de educação previsto na lei, é uma conquista educacional
infantil devem ter nos dias atuais. e não mais um serviço assistencial prestado
às famílias e crianças pelo poder público.
É necessário refletir sobre o papel
do profissional que trabalha em creche, Em 1988, com a Constituição Federal, a
considerando sua função e responsabilidade educação de crianças de 0 a 6 anos de idade
social, mas principalmente, educacional. É tornou-se um direito de todas as crianças
importante ter um foco educativo no dia a e, consequentemente, um dever do Estado,
dia da creche? É possível aliar o cuidar e o que tem como principal responsabilidade
educar na educação infantil? Essas e outras garantir o acesso de todas as crianças na
questões serão abordadas neste artigo. educação infantil e oferecer uma educação
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que esse saber seja construído, respeitando a outros adultos e ampliar seus saberes a partir
individualidade de cada um, permitindo uma dessas vivências e trocas.
aprendizagem significativa e bem sucedida a
todos. O brincar é o modo de aprender da
criança, muito mais que um direito, é uma
A responsabilidade em incluir o educar atividade indispensável que promover seu
na creche transpassa os limites do cuidar, desenvolvimento integral, é muito mais que
diversos documentos foram publicados pelo uma forma de passatempo ou lazer, faz parte
MEC e Prefeitura Municipal de São Paulo, do processo educativo na educação infantil.
com o intuito de orientar sobre as mudanças
de paradigmas na educação infantil, sendo Enfim, ao pensar na possibilidade de incluir
assim, fica claro que os novos padrões o educar na rotina das creches, devemos
para esta etapa da educação básica estão superar o olhar do passado, em que a creche
relacionados à qualidade do serviço oferecido era vista como local de cuidado das crianças
e da importância do educar na faixa etária de de 0 a 3 anos de idade e privilegiar mais este
0 a 3 anos de idade. espaço como um ambiente educacional, rico
em experiências pedagógicas que colocam
O educar é, portanto, proporcionar bebês e crianças como protagonistas do
situações de cuidados, brincadeiras e processo de aprendizagem e desenvolvimento
aprendizagens para todas as crianças, pessoal.
indiscriminadamente, que possam contribuir
para o seu desenvolvimento pessoal e
interpessoal, acrescentando à sua formação
elementos culturais e sociais para ampliar
seus conhecimentos individuais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante entendermos que a educação infantil no
Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, o ECA e a
LDB, tornou-se fundamento da Educação Básica, instituída
por lei como direito das crianças de 0 a 6 anos de idade e
dever do Estado. Dessa forma, a educação infantil perde sua
identidade assistencial e ganha um caráter educacional.
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Trouxeram também uma nova concepção de criança, que é vista como um ser completo,
que interage socialmente e está em processo permanente de construção como ser humano,
conforme o RCNEI (1998, v. 01, p. 21) “As crianças possuem uma natureza singular, que as
caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio”.
Logo, o processo educativo de bebês e crianças é muito importante para sua vida e deve
ser valorizado pelas creches e famílias pois o educar é a base do desenvolvimento do ser
humano. Valorizar a criança em seu processo de aprendizagem inicia-se com os bebês na
primeira infância, um período importante, pois, durante os primeiros meses de vida o bebê
se desenvolve muito rápido e aprende a fazer inúmeras conexões entre o que sente e o
mundo ao seu redor.
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REFERÊNCIAS
ANNA BONDIOLI, Anna; MANTOVANI, Susanna. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3
Anos. São Paulo, Artmed, 1998.
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. São
Paulo, Artmed, 2006.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal n.º 9.394, de
26/12/1996.
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DEFICIÊNCIA AUDITIVA NO
CONTEXTO EDUCACIONAL
RESUMO: Neste artigo abordamos o tema deficiência auditiva: sua definição, características
gerais frente à escolarização, a língua brasileira de sinais, o papel do interprete, a história da
Educação dos Surdos e sua caminhada para chegar a ter uma educação para surdos, a trajetória
da História dos surdos no Brasil e no mundo, sem deixar de fora noções importantíssimas
como: a audição e o som. A deficiência auditiva é um dos distúrbios físicos mais comuns nos
dias de hoje. Ao passo que em alguns o grau de perda auditiva seja tão pequeno que talvez
ele nem perceba, outros são tão surdos que não conseguem ouvir a voz humana por mais
amplificada que seja.
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INTRODUÇÃO
Abordamos o tema deficiência auditiva: Depois do congresso de Milão, em
sua definição, características gerais frente 1880, a língua de sinais ficou proibida na
à escolarização. A deficiência auditiva é um educação dos surdos, dando assim, força
dos distúrbios físicos mais comuns nos dias para outros métodos já colocados em prática
de hoje. anteriormente. São estes o oralismo, a
comunicação total, o bilinguismo, a pedagogia
Alguns homens famosos, às vezes, dos surdos e a mediação intercultural, porém
transformam a sua deficiência auditiva estes métodos comprometiam o aprendizado
em uma vantagem. Exemplos disto são: o dos surdos, que muitas vezes, saiam das
grande Velho Estadista norte-americano escolas com qualificações inferiores e as
Bernard Baruch, que desligava seu aparelho habilidades sociais limitadas.
quando não estava interessado em ouvir
assuntos impertinentes; Thomas Edison, que Felizmente, esta realidade vem mudando
dizia que era a surdez, a responsável por no decorrer dos últimos vinte anos,
sua grande concentração e Beethoven, que porque alguns direitos foram adquiridos
compôs a conhecidíssima “nona sinfonia” já pela comunidade surda, um deles é o
na condição de surdo. Porém, para muitos, reconhecimento da LIBRAS (língua brasileira
a surdez é ainda vista como um fardo, sobre de sinais) como língua. A partir da Declaração
tudo para os ouvintes, que em razão da de Salamanca, a inclusão dos deficientes
falta de conhecimento da cultura surda e do no processo educacional, também vem
preconceito, enxergam as deficiências em se tornando cada vez mais comum esta
geral como um ônus constante. realidade.
Durante muitos anos acreditava-se que A fim de elucidar o tratamento que os surdos
os indivíduos surdos não podiam ter uma recebiam antigamente, e com o passar dos
educação e por isso, eles eram rejeitados anos as mudanças e avanços conquistados,
pela sociedade e depois eram isolados em perguntamo-nos; De que maneira ocorreu o
asilos para que fossem protegidos, enfim, os reconhecimento dos deficientes auditivos na
viam como “anormais” ou “doentes”. sociedade brasileira?
O ouvintismo sempre foi uma das Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para:
concepções destes educadores que se levantarmos a história do surdo e suas conquistas
preocupavam apenas em “curar” os surdos, ao passar dos anos, reconhecer a trajetória do
reabilitando a fala e fazendo treinamentos deficiente auditivo no Brasil, ampliar o trabalho
auditivos. de alfabetização para o deficiente auditivo,
identificar a história do surdo.
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- Profunda – mais de 90 dB (Observa-se Este exame deve ser feito antes da criança
quando o indivíduo somente escuta os sons completar três meses de vida, porque assim
que emitem vibrações, como um avião ou pode-se descobrir perdas precoces, que
um trovão. O restante dos ruídos ele não poderão dificultar no futuro o aprendizado
consegue escutar nada; da linguagem.
1º Grau: 90 dB
2º Grau: entre 90 e 100 dB IMPLANTE COCLEAR
3º Grau: mais de 100 dB
Por intermédio de uma incisão atrás da
orelha em forma de “C” ou de “S” os médicos
O TESTE DA ORELHINHA implantam um dispositivo eletrônico na
cóclea do paciente e estes estimulam os
Em 2 de agosto de 2010, o presidente nervos que levam a mensagem ao cérebro.
Luis Inácio Lula da Silva sancionou a lei nº Por fora da orelha fica um microfone para
12303 (Anexo III), que torna obrigatório o captar os sons e levá-los até o dispositivo.
teste da orelhinha ainda nas dependências
das maternidades em que ocorrem os Pode acontecer de o deficiente não ter o
nascimentos das crianças. nervo auditivo em razão da má formações
congênitas, fraturas ou retiradas de tumores
A técnica utilizada é a de Emissões nesta região, mas mesmo assim ainda dá
Otoacústicas Evocadas (EOAs). para fazer o implante ligando o dispositivo
diretamente ao núcleo coclear dorsal.
Colocam um pequeno fone na orelhinha
da criança por alguns minutos e produzem O custo desta operação fica em torno de
estímulos sonoros e captam o retorno destes R$ 70.000,00, porém existem pessoas que
estímulos (eco), registrando no computador conseguem pelo SUS. É só entrar na fila e
se a cóclea (partes internas da orelha) está esperar, às vezes nem demora tanto.
funcionando.
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tem um minuto para perseguir a historia, interesse dos educandos, mediante o ato de
conduzindo-a até onde quiser. Os resultados contar histórias e se relacionarem uns com
sempre são surpreendentes e divertidos. os outros, expressando os pensamentos,
priorizando o que acham importante e
Análise engraçado. Desta forma, desenvolvem
Trabalhar de forma que desperte a invenção a comunicação entre eles e acabam
dos alunos, torna a aula mais empolgante, conhecendo novas expressões e linguagens
além de despertar a criatividade e aguçar o utilizados por intermédio da LIBRAS.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da história dos surdos foi possível observar que
as pessoas portadoras de deficiência auditiva sempre foram
descriminadas e inferiorizadas, mesmo tendo os mesmos
valores e capacidades dos ouvintes. No Brasil tivemos
conflitos entre o método oralista e o de sinais, no qual os
“ouvintes” determinavam o certo e o errado.
Considera-se o educar como: dar condições para pessoa
desenvolver uma boa aprendizagem, não importando qual
seja sua deficiência, visto que a arte de educar não é mais
restrita ao núcleo dos considerados “normais”.
Depois da lei de inclusão dos alunos com deficiência nas
escolas, imposta pelo MEC, é que começaram a olhar estas
pessoas como seres humanos, dando-lhes a oportunidade de
frequentar os mesmos lugares (igualmente a escola) que os DANIELA PATRICIA
ouvintes frequentam, porém é difícil encontrá-los, eles não ALMEIDA MACHADO
vão a órgãos públicos, por falta de comunicação. É por falta
Graduação em Pedagogia pela
de comunicação que muitos surdos abandonaram a escola e
Faculdade Sumaré (2012);
por consequência até hoje, não compreendem muito bem as Especialista em Psicopedagogia
palavras em português, haja vista, que nem todas as escolas escolar pela Faculdade
têm profissionais especializados e interpretes para mediar o Unicastelo (2013); Graduação
dialogo entre professor e aluno, porém toda esta revolução em Geografia pela faculdade
é uma grande conquista. E hoje se escuta muito na inclusão UNIJALES (2018); Professora
e educação para todos e devagar iremos mudar o cenário de Educação Infantil e Ensino
dos deficientes auditivos, proporcionando-lhes uma cultura Fundamental I - na EMEF Quirino
voltada tanto para a LIBRAS quanto para a língua portuguesa Carneiro Renno.
e despertando o interesse de aprender cada vez mais.
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REFERÊNCIAS
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em: www.otorrinousp.org.br/imageBank/aulas/aula_39.doc. Acesso em 10 Mar. 2019.
Castro, Alberto Rainha e Carvalho, Ilza Silva. Comunicação por língua de sinais, editora SENAC,
2005.
Damázio, Macedo Marilene Ferreira. Atendimento Educacional Especializado/Pessoa com surdez.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf. Acesso em 20 Mar. 2019.
Deficiência auditiva, A. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Defici%C3%AAncia_auditiva. Acesso em 02 Mar. 2019.
Deficiência, A. Dsponível em: http://www.deficiencia.no.comunidades.net/index.
php?pagina=1400768552. Acesso em: 22 Mar. 2019.
Fio Cruz /Sistema de Informação Infanto-juvenil /Saúde /Crianças Especiais /Deficiência auditiva.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/deficiencia-auditiva.htm. Acesso
em: 10 Mar. 2019.
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Glat, Rosana. Educação inclusiva: cultura e cotidiano escolar, Rio de Janeiro, 7 Letras, 2007.
Guarinello, Ana Cristina. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos, editora: plexus, 2007.
Implante Coclear. Disponível em: http://www.implantecoclear.org.br/. Acesso em: 03 Mar. 2019.
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Teste da orelhinha. Disponível em: http://www.testedaorelhinha.com.br/. Acesso em: 22 Mar.
2019.
Perlin, Gladis e Strobel, Karin. Língua Portuguesa, Pontuação nos discursos, 2006, Florianópolis.
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/pontuacao-
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PORTIER, Paul – Traduzido por Enciclopédia Delta Larousse - Biologia, Vol. XII, Editora Delta S.A.,
Rio de Janeiro, 1965.
Quadros, Ronice Muller De. Aquisição da linguagem por crianças surdas, 1997. Disponível em:
http://www.artelibras.com.br/ewadmin/download/Gramatica_da_Libras.pdf. Acesso em: 22 Mar.
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Redondo, Josefina Martins Carvalho. – Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000.
64 p.: il. (Cadernos da TV Escola 1). Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/me000345.
pdf. Acesso em: 24 Mar. 2019.
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ANEXO I
Presidência da República
Casa Civil
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ANEXO II
Presidência da República
Casa Civil
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19
de dezembro de 2000,
DECRETA:
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
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ANEXO III
Presidência da República
Casa Civil
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A NEUROCIÊNCIA E A DIFICULDADE
DE APRENDIZAGEM
RESUMO: Este artigo, tem como objetivo discutir sobre as ferramentas neuropsicopedagógicas
utilizadas no diagnóstico e intervenção nas dificuldades de aprendizagem. A
neuropisicopedagogia enquanto área de reflexão e ação com foco nos fatores psicológicos.
A Neuropsicopedagogia, como uma ciência que abrange, estudando o ser que aprende
com reflexão e ação sobre o trabalho pedagógico com foco nos fatores psicológicos do
desenvolvimento e da aprendizagem, sem arriscar uma conceituação, tem como objetivo
básico contribuir para que, o sujeito, a escola ou a sociedade seja alcançado dentro de seus
processos de aprendizagem. Sendo assim, busca primeiro fazer uma observação e uma análise
do sintoma no âmbito mais global, por meio de jogos, desenhos, brincadeiras que contribuam
para a criação de vínculo. Com um enfoque do diagnóstico de atuação, a Neuropsicopedagogia
clínica trabalha no sentido de cuidar com que os problemas de aprendizagem sejam
prevenidos, ou seja, antes que aconteçam, ocorra uma ação neuropsicopedagógica, embora
o ponto de partida seja a queixa.
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O autor ainda explica que outras escolas pedagógicas para que o professor chegue a
se deparam diante do dilema de incluir o este aluno de maneira satisfatória, sabendo-
educando, optando pela idade biológica se que a Neuropsicopedagogia tem por
ou por sua capacidade de aprendizagem: objetivo o trabalho com a aprendizagem,
distorção idade-série. Há indivíduos que com o conhecimento, sua aquisição,
possuem atrasos no desenvolvimento, desenvolvimento e distorções. Realiza este
cuja maturação cognitiva está abaixo das trabalho através de processos e estratégias
pessoas da mesma idade. No entanto, não se que levam em conta a individualidade da
inclui um aluno de doze anos em um grupo crança. Portanto a avaliação é necessária
de crianças de 7, mas é adequado que ele empenhada com a melhoria de condições de
conviva e aprenda com os outros da mesma aprendizagem, orientando pais e professores,
faixa etária, pois esse é o seu grupo social. utilizando instrumentos para correlacionando
Uma diferença desproporcional certamente dados auxiliando as crianças.
traria dificuldades para o processo inclusivo
e para a dinâmica da sala de aula. Não é nossa Huguet, diz que no processo de ensino/
intenção culpabilizar ou exigir da escola ou do aprendizagem: pais e professores para que se
professor o que não foi concedido de forma obtenha esta boa relação entre família-escola,
ampla e irrestrita à educação: condições atribui fundamentalmente a responsabilidade
ideias para que todas as escolas pudessem na escola. O grau em que os familiares
estar preparadas e adaptadas, e todos os possam elaborar expectativas positivas em
profissionais formados e capacitados. Porém relação ao bem-estar e à educação de seus
é nosso dever não perder as esperanças filhos na escola vai depender da colhida
e, acima de tudo, trabalhar para a legítima que esta oferecer não somente aos alunos,
inclusão de nossos alunos. mas à família em seu conjunto, assim como
dos esforços destinados a manter e a cuidar
dessa relação (HUGUET, 1996, p. 26)
A INTERVENÇÃO
NEUROPSICOPEDAGÓGICA: Torna-se necessário ainda a figura do
psicopedagogo, como o profissional que
CONTRIBUIÇÃO NO também se dedica ao assessoramento da
PROCESSO DE APRENDER NA instituição escolar, visando assegurar ao
EDUCAÇÃO INFANTIL profissional desta instituição as condições
necessárias para uma melhor compreensão
do complexo processo de ensinar e aprender.
Por meio da avaliação Mas devido a grande complexidade
neuropsicopedagogica são traçados dos problemas de aprendizagem, a
meios para que o aluno possa aprender Neuropsicopedagogia passa a ter um caráter
a aprender, traçando metas e propostas multidisciplinar, buscando conhecimento em
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sobre cada decisão que foi ou será tomada, Daí a importância das crianças terem
permitindo aprimorar o trabalho diário e amplas oportunidades de exploração e
adequá-lo com frequência ás necessidades conhecimento do mundo que a cerca,
dos alunos. como fonte de prazer e cabe ao professor
proporcionar este momento de amor pela
O que não falta na análise do atendimento leitura.
de um psicopedagogo são oportunidades
para colocar ideias e reflexões em prática. Aprender pode ser entendido como o
Ao fazer o planejamento, por exemplo, ele processo de modificação do modo de agir,
pode antecipar o que pretende alcançar sentir e pensar de cada pessoa que não pode
em questão de desenvolvimento, sem essa ser atribuído á maturação orgânica, mas á sua
reflexão, o docente corre o risco de estar experiência positiva e prazerosa. A prática da
sempre improvisando. ludicidade como algo diário torna-se hábito,
praticando assim o escutar, imaginar e o
Em cada uma das escritas reflexivas feitas recontar.
pelo psicopedagogo, há elementos, para
que ele cresça como profissional e melhore Quando a criança trás para o atendimento
seu desempenho, desde que elas sejam o relato de um conto de forma espontânea,
compartilhadas com um formador que o divertida, inteligente, representa um
oriente, uma parceria do corpo escolar como passaporte para a família assegurar-se de
um todo, onde o professor não está sozinho. que o cotidiano da criança é mágico, cheio de
descobertas e de demonstrações de prazer.
Buscar despertar na criança o fascínio pela
fantasia do mundo da ludicidade é um desafio O atendimento e a análise com uso da
para todo profissional. Particularmente ludicidade e histórias proporcionam para
quando se trabalha com crianças pequenas, criança á oportunidade de fazer sentido do
cujas competências para agir, interagir e contexto e de experimentar a construção
modificar seu ambiente têm sido cada vez conjunta, vivenciando processos onde
mais estudado. aspectos linguísticos e afetivos da maior
importância são acionados em decorrência
O que as pesquisas que vêm sendo do próprio ato de contar história, onde as
realizadas sobre o desenvolvimento humano pessoas ficam em geral próximas umas das
têm apontado é que a criança é que a criança é outras, trabalhando temas como: perdas,
um sujeito competente, ativo e agente de seu frustrações, medos, etc.
desenvolvimento. Nas interações com outros
em seu meio, em atividades socioculturais Não se sabe muito sobre o assunto,
concretas, as crianças mobilizam saberes e entretanto, o que se conhece permite
ao mesmo tempo que os modificam. que se elaborem projetos buscando
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em que vive, sendo expressa, num primeiro mais angustia nos adultos presentes do que
momento, através da ação e do gesto, e na própria criança, o adulto vê-se de mãos
em seguida, por meio do levantamento de atadas diante de tais fatos e ocorrências.
hipóteses.
Contudo, a pesquisa nessa área norteia
Alguns sintomas do TOD são: agir que são múltiplos os pontos que devem
deliberadamente, discutir com os adultos, não ser observados, para se afirmar se o
aceitar regras, ser vingativa, extremamente transtorno é o TOD ou não, o TOD tem
teimosa, desafia os adultos, não obedecem às forte ligação com as famílias, dependendo
ordens lhes dada, estão sempre com a razão, dos comportamentos dos pais em casa ou
gritam, choram para conseguir seus objetivos fora dela, os filhos reagira de acordo com as
e até enfrenta o adulto com violência física pessoas do seu convívio, pais separados que
como tapas, ponta pés, empurrões, e outros tende a fazer todos os gostos dos filhos para
tipos de agressões, não assume seus erros suprir suas faltas podem estar alimentando
colocando a culpa sempre em outras pessoas. esse TOD, pois as crianças muitas vezes
No entanto esses comportamentos também para conseguirem o que querem fazem birra,
são características de outros transtornos, esperneia, joga-se ao chão, fazendo com
como déficit de atenção e a hiperatividade. que o adulto lhe atenda a seu gosto para
A observação de tais transtornos faz parte não chateá-la, esse comportamento cresce à
do tratamento, medida que a criança vai crescendo, dando
abertura para outros tipos de agir contrário
Segundo KAPLAM; SADOCK E GREB ao que lhe é exigido.
(2003, p.996, grifo do autor) “os dois
transtornos possam ser variantes evolutivas Ao chegar na escola essa criança leva
um do outro, sendo o transtorno de conduta a para os professores e colegas esse tal
progressão natural do transtorno desafiador comportamento, assim os professores muitas
opositivo com a maturação da criança”. vezes desconhecendo tal comportamento
do aluno, enfrenta verdadeira batalha para
Geralmente criança com TOD agem de poder ensinar, em muitos casos o aluno
forma emotiva, atacando seus familiares de chega a atacar os professores fisicamente
modo a não se sentir culpada, toda vez que o e verbalmente, não aceitando obedecer às
adulto tenta lhe chamar a atenção tentando regras geram verdadeiros conflitos.
impor-lhe algum tipo de repreensão ela
se volta contra o adulto jogando para esse As dificuldades são imensas principalmente
adulto ou outra pessoa próxima a culpa do se os pais forem alheios a esse tipo de
seu erro, nesse sentido sente-se ilesa de transtorno, transferindo para a escola
qualquer responsabilidade, e acredita ser ela resolver a questão no sentido de “Educar”,
a pessoa que nada fez. Esse tipo de ação causa e ensinar, esses geralmente acreditam que o
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dos educandos. Mas o ideal é desenvolver uma nova compreensão acerca de cada criança
enquanto sujeito singular, e único protagonista de sua própria história desvencilhando-a de
rótulos e patologias, que podem ficar gravadas no passado da criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que hoje, a Neuropsicopedagogia vem construindo
seu corpo teórico principalmente por meio da integração
entre a Psicanálise e a Epistemologia Genética, que tentam
explicar os problemas de aprendizagem que podem surgir
no decorrer da trajetória escolar de uma criança, de maneira
com que não podemos mais como professores ,simplesmente
rotular uma criança por falta de interesse em aprender ,mas
sim deve-se como psicopedagogo investigar a causa dos
problemas enfrentados por cada um dos alunos inseridos no DÉBORA GOMES LEAL
contexto escolar.
Professor de Educação Infantil na
Refletindo sobre o desenvolvimento cognitivo e da
Rede da Prefeitura de SP
construção do conhecimento, juntamente com os processos Artigo apresentado como
inconscientes e afetivos do sujeito, é possível prevenir e requisito parcial para aprovação
detectar o que pode estar ocorrendo com ele de uma maneira do Trabalho de Conclusão do
mais profunda e singular, por meio de atividades lúdicas no Curso de Especialização em
atendimento neuropsicopedagógico, como a Anamnese citada Neuropsicopedagogia
no contexto do artigo apresentado, tendo a possibilidade de
se chegar ao cerne das questões que impossibilitam a sua
aprendizagem. Portanto, os procedimentos de intervenção
do Psicopedagogo são realizados a partir da observação
sistematizada das atividades espontâneas da criança. No
caso de crianças menores é essencial refletir principalmente
sobre suas brincadeiras, e o discurso parental frente às suas
dificuldades de aprendizagem. Logo, a ação da criança ou de
qualquer pessoa reflete em sua estruturação mental, o nível
de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo emocional.
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emocional, percebe-se como parte de um todo significativo, quer na família, escola, como
alguém ativo, participativo, criativo e aceito, verdadeiramente ligado de forma interativa e
dócil num meio coerente requerendo uma compreensão subjacente.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre
necessidades educativas especiais. Brasília: Corde, 1990.
REGINA, Maria. ISSN 1806-0625. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, São Paulo, v.
14, n. , p.1-7, 14 maio 2010.
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DISCIPLINA DE CIÊNCIAS DA
NATUREZA E O COMBATE AO
TRÁFICO E ANIMAIS SILVESTRES
RESUMO: Desde o descobrimento até os dias de hoje, a abundância de fauna e flora em
nosso país desperta o interesse de muitos alunos. Nas cidades brasileiras estima-se que
vinte e dois por cento dos lares mantém aves, somando cerca de seis milhões de brasileiros.
Milhares de aves chegam todos os dias aos grandes centros urbanos, e estima-se que esse
comércio chegue à cifra dos bilhões. Querer acabar com o hábito milenar do homem de viver
com outros animais parece quase impossível. Acabar com a corrupção das autoridades, com
a ganância dos traficantes, com a ignorância dos “passarinheiros”, e de outros tantos que tem
o comércio desses animais como complementação de sua renda, é um assunto complexo.
Portanto conclui-se que somente a educação sobre os danos causados por esse tipo de
comercio pode levar a formar cidadãos muitas conscientes de que suas atitudes individuais
refletem diretamente no meio ambiente.
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10o e 14o, punidos com um a três anos de 2 - Exóticas, são aquelas não originárias
reclusão. de fauna brasileira.
3 – Domésticas: animais de convívio do
A primeira Portaria a de número 132 que ser humano, dele dependentes e que não
permitia a utilização de animais nativos repelem seu julgo.
para fins comerciais foi publicada em 1988, 4 – Domesticados, animais de
ela possibilitou um incremento grande na populações ou espécies advindas da
prática de reprodução de jacarés, peixes seleção imposta pelo homem, e que
e capivaras. Agora, temos a Portaria 118, alterou as características presentes nas
mais atualizada e que permitiu o início da espécies originais.
implantação de Criadouros Comerciais para 5 – Em criadouros, aqueles nascidos,
pássaros canoros, inclusive. Assim é que, reproduzidos e mantidos em condições de
temos hoje, no Brasil, mais de uma dezena manejo, controlados pelo homem, ainda
deles nesse tipo de atividade. que removidos do ambiente natural e que
não possam ser mais introduzidos por
O ECO 92, Agenda 21, considera o animal razões de sobrevivência em seu habitat de
silvestre como um recurso natural sustentável. origem.
A maioria dos animais apreendidos Artigo 2o - É vedado
jamais retorna aos seus habitats de origem,
sendo ínfimo o número de espécies 1 – Ofender, agredir fisicamente
apreendidas comparado ao total de animais animais, sujeitando o mesmo a qualquer
comercializados. Citemos algumas definições tipo de experiência, prática ou atividade
presentes na lei: capaz de causar-lhe dano ou sofrimento,
bem como as que provoquem condições
Lei no 11.977, de 25 de agosto de 2005, aceitáveis de existência.
Vigente no Estado de São Paulo: 2 – Manter animais em lugares
desprovidos de asseio ou que lhes impeça
Capitulo I, Artigo 1o, Parágrafo único, a movimentação, descanso ou que lhes
consideram-se os animais; privem a luminosidade.
3 – Obrigar animais a trabalhos
1 – Silvestres, aqueles encontrados excessivos ou superiores as suas forças e
livres na natureza, pertencentes as a todo ato que resulte em sofrimento para
espécies nativas, migratórias, terrestres obter esforços que não se alcançariam
ou aquáticas, que tenham o ciclo de vida senão com castigos.
dentro dos limites do território nacional, 4 – Não propiciar a morte rápida e
ou órgãos jurisdicionais brasileiros, ou em indolor a todo animal cujo abate seja
cativeiro sob a autorização federal. necessário para o consumo.
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Dentro de quatro a cinco anos já entram em idade reprodutiva, podem viver 50 anos ou
mais em condições ideais de cativeiro.
Alimentam-se em arbustos frutíferos, em áreas abertas, descendo até o chão para
procurar alimentos. Tem como alimento favorito, sementes de frutas, desprezando quando
bem alimentado, a polpa.
São em sua maioria monogâmicas, gregárias, e vivem em bandos com ninhos próximos
uns dos outros, onde os machos alimentam as fêmeas enquanto estas chocam os ovos.
Os ninhos são feitos em troncos, paredões rochosos, e arvores. Os ovos são relativamente
grandes e geralmente pode atrair predadores. (Alderton, 2004).
A Família Ramphastidae, pertencente a Ordem Piciformes, está restrita a região central e
sul de nosso continente. Possui pernas e pés fortes, artelho externo oponível na maioria das
espécies. São facilmente distinguíveis pelo tamanho do bico, que é excepcionalmente grande.
Representantes dessa família, como os tucanos alimentam-se basicamente de frutas,
sendo importantes dispersores de sementes. Ocasionalmente alimentam-se de ovos e
filhotes de outras espécies de aves.
São arborícolas e conforme as espécies podem pesar pouco mais de meio quilo, e viver
até quinze anos.
A maioria das aves atuais evoluiu no final do Eoceno, a cerca de 50 milhões de anos.
As aves, em sua maioria, são diurnas, orientam-se visualmente, são estimuladas por cores,
movimentos e padrões análogos aos dos seres humanos, tornando esse animais excelentes
referencia de estudos para os biólogos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a necessidade de preservamos o meio
ambiente, não somente nossas matas, mas toda a variedade
de fauna que através de uma relação mutualística equilibram-
se e quando o educando passa a entender as relações
ecológicas presentes em todos esses dados que nos são
apresentados. Começa a perceber como é nocivo para todo
o planeta atitudes como manter um animal silvestre dentro
de casa.
DIEGO DANIEL DUARTE
DOS SANTOS
Graduação (Licenciatura e
Bacharelado) em Ciências
Biológicas pela UNIB -
Universidade Ibirapuera
(2007), Licenciatura Plena em
Matemática (2016) e Pedagogia
(2017) pela Universidade
Cruzeiro do Sul; Especialista
em Ensino da Biologia pela USP
- Universidade de São Paulo
(2012); Professor de Ensino
Fundamental II - Ciências - na
EMEF Duque de Caxias.
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REFERÊNCIAS
ALDERTON, D. Novo Guia dos Papagaios 2004 Editora Presença
POUGH, F.H; JANIS, C.H.; HEISER, J.B. 2003. Vida dos vertebrados. 3ª ed. São Paulo, 699p.
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conhecimentos. É essa ideia do jogo como impulso natural da criança funcionando, como
ferramenta útil para o aprendizado que um grande motivador, e por meio do jogo
vem ampliando a sua importância na escola, obtém prazer e realiza um esforço espontâneo
deixando de ser considerado um simples e voluntário para atingir o objetivo, o jogo
divertimento para se transformar em uma mobiliza esquemas mentais, e estimula o
ponte entre a infância e a idade adulta. pensamento, a ordenação de tempo e espaço,
integra várias dimensões da personalidade,
Diante desses fatores considero a afetiva, social, motora e cognitiva.
participação da criança na construção das
brincadeiras um fator fundamental e que Por isso o educador é a peça fundamental nesse
não deve ser desconsiderado pela escola e processo, devendo ser um elemento essencial.
ainda, que o professor poderá se utilizar para Educar não se limita em repassar informações
incentivar a criatividade e interesse deles, na ou mostrar apenas um caminho, mas ajudar a
criança a tomar consciência de si mesmo, e da
resolução das questões e problematizações
sociedade. É oferecer várias ferramentas para
que forem surgindo durante as brincadeiras.
que a pessoa possa escolher caminhos, aquele
que for compatível com seus valores, sua visão
A conscientização do profissional de
de mundo e com as circunstâncias adversas
educação e o conhecimento de que a criança que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva,
deve ser estimulada, já nos primeiros meses segundo o Referencial Curricular Nacional da
de vida e que o jogo faz parte de todas as Educação Infantil. (BRASIL, 1998, p. 30)
fases do crescimento humano é de suma
e extrema importância, já que vimos por O ato de brincar é importantíssimo para
intermédio dos teóricos que o brincar é a crianças de qualquer idade. É na brincadeira
forma natural com a qual estabelecemos os simbólica que elas irão desenvolver e
primeiros contatos com o mundo que nos reproduzir as realidades vivenciadas no
cerca, tendo início ao nascer e sugar ou chorar dia a dia, provocando inúmeras vezes as
para ganhar aconchego e carinho, portanto, acomodações de novas aprendizagens.
desperdiçar essa ferramenta que pode se
tornar aliada dos profissionais da Educação Aproveitamento deste instrumento
em suas metas de ensinar ao aluno de forma poderoso de aprendizagem em qualquer fase
muito mais dinâmica, alegre e significativa é da criança, e é a partir do concreto que as
o principal objetivo desse trabalho. crianças aprendem.
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Quero aqui destacar, a mudança na forma Hoje é comum ver crianças em tenra
de brincar por intermédio da história e de idade (antes mesmo dos 3 anos de idade),
como a sociedade e a cultura influenciaram que sabem mexer em computadores, que
na concepção de brinquedos e brincadeiras. sabem utilizar celulares com jogos, que
Antigamente, a sociedade brasileira tinha jogam vídeo-games, com uma agilidade
uma vida bucólica e as brincadeiras desta superior aos adultos a sua volta. Para nós
época eram baseadas mais na oralidade, com futuros educadores, fica a dúvida, se estes
as cantigas de roda, as parlendas, os ditos brinquedos são educativos e positivos para
em forma de rima e os brinquedos eram o desenvolvimento das crianças.
confeccionados pelas próprias crianças, que
utilizavam o que tinham em mãos como De qualquer forma, não podemos esquecer
palitos, sabugo de milho, utilizando assim, já que o brincar faz parte da cultura, pois, nela se
na construção do brinquedo sua criatividade. introduz a prática, conhecimento constituído
Outros brinquedos eram confeccionados pelo sujeito dentro do fator histórico e
pelos adultos, bonecas de pano, carrinhos social, na qual a criança estabelece outras
com sobras de madeira, carrinhos de lógicas e fronteiras de significação da vida.
rolimã, na qual a criança participava destas A criança não nasce sabendo brincar, porém,
construções observando como eram ela aprende desde muito cedo, nas relações
construídos. com o sujeito, o outro e a cultura. Nesta
perspectiva as atividades lúdicas, vão além
Com a industrialização, o clima campestre do brincar porque proporcionam o equilíbrio
foi trocado pela agilidade da cidade, e os emocional, intelectual e cultural. Embora,
espaços para brincadeiras, ficaram mais ainda hoje, muitas crianças trabalhem e são
limitados, diminuindo as brincadeiras ao privadas desse direito, ou até mesmo porque
ar livre. As fábricas passaram a construir está rodeada de adultos que consideram que
brinquedos mais sofisticados, encantando “brincar é perda de tempo”.
cada vez mais as crianças e podando sua
criatividade no fazer os próprios brinquedos. Todas as crianças precisam usufruir os benefícios
emocionais, intelectuais e culturais que as
Com a chegada das tecnologias, os atividades lúdicas proporcionam, mas nem todas
brinquedos foram ficando cada vez mais as crianças têm essa oportunidade, ou porque
precisam trabalhar, ou porque precisam estudar,
eletrônicos, valorizando mais o interior
ou porque não podem atrapalhar os adultos.
das casas como espaço de brincadeiras, e
(CUNHA, 2004, p.39)
atualmente as crianças não saem mais para
brincar nos quintais (quase que inexistentes
atualmente), nas ruas, nas praças, tornando- A sociedade consumista tem violado o
as pouco ativas fisicamente. direito à infância, que é invadida, por um
mundo adulto e artificializado, que nega às
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suas crianças o direito ao brincar. Em particular as crianças dos centros urbanos, devido à
expansão imobiliária e pelas rotinas dos ambientes impróprios para brincar são sufocadas
e impedidas de expandir sua alegria de viver e de descobrir o mundo e muitas vezes sendo
submetidas a um absurdo conjunto de rotinas, impostas pela família e pela sociedade. A
criança é treinada a ser consumidor e desde cedo seduzidas por um consumo pelo consumo,
empobrecendo sua infância, valorizando o “ter” ao invés do “ser”.
O brinquedo “(...) surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais amplo dos
adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a criança observa os outros agirem ou de
como lhe disseram, e assim por diante. À medida que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se
formou, a criança utiliza-se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços. Vygotsky, Luria &
Leontiev (1998, p. 125)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da realização desta pesquisa e desenvolvimento
desse trabalho, avaliamos e concluímos que a escola,
professores e alunos, muito tem a ganhar quando planejam
com intencionalidade e privilegiam a brincadeira, o brinquedo
e o jogo, durante suas aulas. Crianças e adolescentes sempre
dão o melhor de si, neste tipo de atividade, porque são
atividades que exigem planejamento e pensar em estratégias.
Resgatar brincadeiras junto aos pais e comunidade é uma
atividade prazerosa e enriquecedora para todos os que dela DINAIR DE ASSIS
participam além de propiciar aos pais a participação na vida ANTUNES
escolar de seus filhos.
Graduação em Artes Plásticas
pela faculdade Marcelo
O jogo nesse caso serve para estreitar os laços afetivos. O Tupinambá (1993);
jogo é um rico recurso didático, que além de tudo, traz prazer Graduação em Pedagogia pela
e alegria aos envolvidos. Porém, muitos educadores ainda Universidade de Franca (1997);
veem os jogos regrados de maneira negativa, porque julgam Especialista em Educação
que estimulam a competitividade, no entanto, acredito que Ambiental pela Faculdade
depende do papel do professor enquanto mediador e que a Campos Elíseos (2016);
disputa pode ser benéfica, aliviando tensões diante da vida Professora de Educação Infantil
tão estressante e competitiva que temos, porque é exercício, e Ensino Fundamental l
muitas vezes de saber perder e saber ganhar, mas que traz Professora de Educação Infantil
embutido um processo que implica colaboração, cooperação na EMEI Virgílio Távora
e respeito mútuo e às regras, extremamente importantes
para a vida em sociedade.
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REFERÊNCIAS
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VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone:
Ed. Universidade de São Paulo, 1998.
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INTRODUÇÃO METODOLOGIA
O crescente interesse sobre a utilização de Foi desenvolvida uma revisão de literatura,
jogos, brinquedos e brincadeiras o universo exploratória, de caráter descritivo em artigos
da educação tem suscitado a necessidade científicos, livros, periódicos indexados , em
de aprofundamento nessa área. Esse bases de dados eletrônicas, com o propósito
interesse é constatado na literatura dirigida de identificar os conceitos aplicados na
a educadores, em especial nas últimas aprendizagem de crianças portadoras de
décadas (ROSELENE CREPALDI , 2006). necessidades especiais utilizando jogos,
Ligado ao desenvolvimento das ciências, por brincadeiras e brinquedos.
meio do jogo é possível compreender melhor
o ser humano, sua individualidade, sua
diversidade, as relações que desenvolve e, DEFINIÇÃO CONCEITUAL
por consequência, a construção da sociedade DE BRINQUEDOS E
em que vivemos. Seu uso como ferramenta
didática é frequente nas diferentes faixas BRINCADEIRAS
etárias, por proporcionar a descontração Definir o conceito dos termos brinquedo
de jovens e adultos em momentos de e brincadeira é uma tarefa de grande
aprendizagem. complexidade dada a abrangência e
polissemia da palavra (CARNEIRO, 2003).
O jogo aparece nas manifestações Dessa maneira, estudiosos do tema, sem um
culturais e tem acompanhado a evolução da consenso, definem esses termos apoiados
humanidade. Este trabalho tem a intenção de em características das atividades, situações
ampliar os conceitos sobre jogo, brinquedo e comportamentos dos indivíduos e grupos
e brincadeira, porque acreditamos que, ao num dado período e contexto social,
aprofundar o conhecimento sobre o tema, podendo ser considerados como sinônimos.
não com o valor em si mesmo, passaremos Incorporado às línguas românicas, o termo
a valorizá-lo como ação, como atitude e, ludus foi substituído por iocus, iocare
principalmente como direito. (ROSELENE referindo-se também à representação
CREPALDI, 2006). cênica, aos ritos de iniciação e aos jogos
de azar passando, com o tempo, a indicar
Segundo Carneiro (2003, p. 34), , estudiosos movimento, ligeireza e futilidade.
do tema, sem um consenso, definem esses
termos apoiados em características das
atividades, situações e comportamentos
dos indivíduos e grupos num dado período
e contexto social,podendo ser considerados
como sinônimos.
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A sociedade grega era escravagista, com não só dentro da escola como também fora
um lugar peculiar em relação à posição da dela.
mulher. Em Esparta, a mãe destruía os filhos
que apresentavam algum tipo de deficiência. A idéia de desenvolver jogos e brinquedos
Privilegiava-se mais o vínculo da mãe com para pessoas com necessidades especiais
a sociedade do que com a criança. Nosso não é nova. Nem foi nossa intenção
conceito de maternidade é diferente da desenvolver um trabalho inédito. Entretanto,
concepção de maternidade da Grécia antiga, sentimos urgência em investigar o verdadeiro
o que acaba afetando também a visão do significado dos materiais lúdicos juntos a
objeto concreto boneca. esses alunos, bem como sua capacidade
de diminuir as diferenças existentes dentro
Quando se lida com brinquedos, jogos e dos grupos observados.Pode o brinquedo
materiais pedagógicos deve-se atentar a e o jogo serem facilitadores do processo
uma enorme quantidade de estruturas de inclusivo?
alienação no saber que cercam estes objetos.
É preciso que elas sejam identificadas com Terão esses recursos possibilidades
precisão, para que o processo de intervenção concretas de aceitação entre as crianças
psicopedagógica se realize mais facilmente. especiais, as crianças “normais” e professores
Uma dessas grandes incertezas vivenciadas dentro da sala de aula? Podem ser
pela escola atualmente é a inclusão de significativos enquanto causadores de novas
crianças com necessidades especiais junto à experiências no convívio, no aprendizado e
classe ditas “normais”. no desenvolvimento de valores éticos como
o respeito às diferenças, espírito de equipe,
São grandes as dúvidas e receios por parte criatividade, responsabilidade e imaginação?
dos profissionais em educação. Percebe-
se a enorme confusão até mesmo na Qual o papel do professor no processo de
conceitualização e diferenciação de termos desenvolvimento dos jogos?
como necessidade educativa especial ,
necessidade especial e dificuldade de Possibilitará o desenvolvimento da auto -
aprendizagem. imagem desses alunos e de seus colegas?
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a mediação do adulto durante o jogo permite vive. Por meio do jogo a criança internaliza
à criança a aquisição de um sistema de regras e encontra soluções para os conflitos
signos importantes para sua inserção social e que lhe são impostos na vida real. A criança
resolução de problemas. Brincadeiras, como tende a imitar a realidade no seu faz de
a de esconder o rosto, tornam-se ações conta, atuando num nível superior ao que se
comunicativas entre o bebê e a mãe, com encontra. Para o professor Gilles Brougère, o
suas significações próprias. conceito de jogo e o espaço que ocupa nas
relações sociais estão
Para Brougère, investigador francês
contemporâneo, o jogo é um produto das Diretamente ligados à cultura. Para ele,
relações sociais, onde há necessidade de por ser o jogo uma atividade de segundo
decisão e sua existência se caracteriza por grau, ou seja, aprendida por meio de inter-
regras. Apresenta caráter fútil, não tem relações sociais, é, ao mesmo tempo,
consequências sobre a vida em si, é incerto, um mecanismo psicológico que garante
não se sabe como ou quando terminará. aos indivíduos a possibilidade de certo
Jogo e cultura como pudemos verificar nas afastamento da realidade para recriação
teorias do brincar, é na e por meio da cultura dessa realidade. Concluindo, o que caracteriza
que as brincadeiras e jogos se materializam. a atividade lúdica é mais o significado do
A importância da brincadeira na sociedade comportamento e do estado de espírito de
está no fato de o jogo ser um dos elementos quem está brincando do que a atividade
centrais da cultura. Em seus estudos identifica em si. A aceitação ou não dessa atividade
características de comportamentos lúdicos depende diretamente da interpretação do
na lei, na guerra, nas ciências, na poesia e contexto cultural onde a atividade lúdica está
na Filosofia (HUIZINGA apud KISHIMOTO, acontecendo. A cultura lúdica compreende
1998). um conjunto de atividades, procedimentos,
palavras, gestos e silêncios que permitem
Para Vygotsky (apud KISHIMOTO, 1998) interpretações comuns, dentro de um
o jogo é o elemento que impulsiona o determinado grupo social.
desenvolvimento do ser humano e, portanto,
tem caráter central na vida da criança, por O direito de brincar o processo de
considerá-lo como uma das maneiras de construção e formulação dos Direitos Naturais
participação social. Dessa forma, ao brincar, do Homem e do Cidadão, elaborados nos
a criança representa papéis presentes em sua séculos XVII e XVIII, possibilitou a conquista
cultura, que ainda não pode exercer por não de um novo patamar de desenvolvimento
estar preparada. Isso gera desenvolvimento, para a humanidade.
à medida que a criança se envolve em graus
de conhecimento das regras de conduta, A Revolução Industrial, o desenvolvimento
presentes na cultura e na sociedade em que das ciências médicas, a urbanização, entre
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fundamental é perceber o aluno em toda a sua
singularidade, captá-lo em toda a sua especificidade, em
um programa direcionado a atender às suas necessidades
especiais. É a percepção desta singularidade que vai
comandar o processo e não um modelo universal de
desenvolvimento. Isto porque o uso do modelo universalista
máscara normalmente uma concepção preestabelecida do
processo de desenvolvimento do sujeito.
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visão tão conformada desse tipo de atendimento educativo. A formação do educador através
da vivência, da discussão e da reflexão do jogo.
Todas essas atividades, que se realizam em um processo de maior ou menor interação, são
muito importantes quando se pensa no aspecto da socialização, no decorrer do qual a criança
constrói, elabora e transforma as estruturas cognitivas que lhe permitirão apropriar-se do
conhecimento. Por isso, é necessário que lhe sejam dadas oportunidades de tomar decisões,
estimulando suas iniciativas e a curiosidade que lhe é própria, o que lhe permitirá expressar
e descobrir o que pensa. Assim agindo, estaremos contribuindo para que ela compreenda
o significado dos elementos que constituem seu universo e resignifique esses elementos
integrando-se em um mundo cada vez mais complexo, mas nem por isso menos humanizado.
Tudo o que foi visto evidencia, a nosso ver, a importância do brincar na vida da criança em
idade pré-escolar. Conhecer por que brinca e como brinca a criança, com certeza, nos permite
penetrar em um mundo mágico, em que existem medos, angústias e alegrias. É através do
brincar que a criança começa a perceber as características dos objetos, seu funcionamento
e os acontecimentos ao seu redor. Participando com ela nessa atividade, podemos ajudá-la
a construir e a dirigir seu raciocínio para uma visão crítica da própria realidade.
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REFERÊNCIAS
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CREPALDI, R. In: ANGOTTI, M. Educação Infantil, para quê, para quem e por quê?. Campinas:
Alínea, In: ANGOTTI, M.; FREYBERGER, A.; TURINO, C. Programa Ludicidade: uma proposta
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para construção de política pública para a infância. São Paulo: Libratres, DIAS, M. C.; SALLES,
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MARCILIO, M. L. A lenta construção dos direitos da criança brasileira. Século XX. Revista da
USP, São Paulo, v. 37, n. mar-mai, 2007.
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A IMPORTÂNCIA DO
APRENDER BRINCANDO
RESUMO: Este estudo tem o objetivo de salientar a importância do brincar, do brinquedo,
das brincadeiras, do jogo, bem como do próprio movimento e da ludicidade no processo
de ensino-aprendizagem e, para isso, procurou-se evidenciar o pensamento e as ideias de
estudiosos desde o século passado e o quanto esses estudos têm influenciado e nos favorecido
desde tempos remotos a repensar práticas pedagógicas a partir do movimento lúdico no
processo de alfabetização, buscando a valorização da criança e contribuindo também com
a possível alternativa pedagógica de inter-relacionar o movimento humano como fonte de
prazer, alegria e conhecimento no ambiente escolar de modo a desenvolver habilidades
necessárias ao ser humano para sua participação autônoma e efetiva em sociedade.
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Para Wallon (2010), o jogo se confunde Ele destaca que o jogo é uma forma
muito com toda atividade global da criança, de atividade particularmente poderosa
mesmo que seja espontâneo e não receba para estimular a vida social e a atividade
seus objetivos das disciplinas educativas. construtiva da criança. Sendo assim,
Segundo ele, os jogos estão divididos em: apresenta uma classificação que segue a
puramente funcionais, de ficção, de aquisição, presente ordem:
e de fabricação. Os jogos puramente
funcionais relacionam-se a uma atividade 1. Jogo de exercício: simples prazer
que busca efeitos: mover os dedos, tocar funcional ou prazer produzido pela tomada
objetos, produzir ruídos e sons, dobrar os de consciência das novas capacidades
braços ou as pernas. São jogos elementares. adquiridas.
Os jogos de ficção consistem em atividades 2. Jogo simbólico: representação de um
cuja interpretação é mais ampla, mas objeto ausente ou de simulação funcional.
também mais próxima a certas definições 3. Jogo de construção: as crianças fazem
mais diferenciadas: o jogo de bonecas, de reproduções exatas dos quatro aos sete
cavalo de pau, etc. Os jogos de aquisição anos e seus símbolos se tornam cada vez
se relacionam com a capacidade de olhar, mais imitativos; por esse motivo, o jogo
escutar e realizar esforços para perceber simbólico se integra ao exercício sensório-
e compreender; perceber e compreender motor ou intelectual e se transforma em
relatos, canções, coisas e seres, imagens, jogo de construção.
etc. Os jogos de fabricação se resumem em 4. Jogo de regras: combinações sensório-
agrupar objetos, combiná-los, modificá-los, motoras ou intelectuais de competência
transformá-los e criar outros novos. dos indivíduos e reguladas por um código
transmitido de geração em geração ou por
Sendo assim, a compreensão infantil é tão acordos improvisados.
somente uma simulação que vai do outro a si
mesmo e de si mesmo ao outro. A importância do jogo de regras surge
quando aprendemos a lidar com a delimitação:
no espaço, no tempo, no tipo de movimento
OS JOGOS NA INFÂNCIA válido, na utilização dos objetos e do corpo.
Refere-se ao que pode e ao que não pode,
Ao falar do uso de jogos no processo de é o que garante uma certa regularidade e,
desenvolvimento humano, destacam-se portanto, organiza a ação tornando-a orgânica.
vários autores. Piaget (1976, p.18) descreve
quatro estruturas básicas de jogos infantis, Piaget (1976) vê no jogo um processo
que vão se sucedendo e se sobrepondo. de ajuda ao desenvolvimento da criança;
acompanha-a, pois, ao mesmo tempo, é uma
atividade própria de seu crescimento.
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A criança deve ser auxiliada em seu processo A criança que brinca desenvolve melhorar
de desenvolvimento e de suas capacidades, as habilidades sociais. Aprende conceitos da
como: tomada de decisões, construção e vida e respeitando esses conceitos na diversão,
apreensão de regras, cooperação, diálogo, aprende a respeitar também seu cotidiano.
solidariedade sem, contudo, desvalorizar o
que ela já aprendeu por meio das brincadeiras Esconde-esconde, cabra-cega, amarelinha
espontâneas. e outras brincadeiras de rua estão sendo
praticamente extintas nos dias de hoje.
Brincar, como a principal linguagem da A violência crescente e a movimentação
infância, compreende práticas que envolvem do trânsito são fatores que restringem as
jogos, brinquedos e brincadeiras que crianças a procurar diversão dentro de casa,
garantem o direito à criança de comunicar-se, geralmente recorrendo à televisão e aos
de interagir, de aprender, de viver e conviver. jogos eletrônicos.
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A criança que não tem muitas oportunidades para brincar livremente e que não compartilha
com os pais esses momentos de descontração pode apresentar problemas comportamentais
no futuro. Dificuldades de expressão e de socialização são alguns deles. Quando brinca, ela
desenvolve o pensamento criativo, a coordenação motora, aprende regras de convivência e
cooperação, além de exprimir seus medos, desejos e expectativas. Em outras palavras, garante
um crescimento saudável e possibilita a formação de um adulto autônomo e equilibrado.
Por tudo isso, é importante que a escola valorize o brincar nos anos iniciais e permita que
o brinquedo e a brincadeira façam parte do processo de construção do conhecimento e da
aprendizagem da criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os jogos, enquanto contribuição ao processo de
alfabetização, auxiliam muito na educação integral do
indivíduo, pois podem dar conta de uma reflexão sócio
histórica do movimento humano, oportunizando à criança
investigar e problematizar as práticas corporais e lúdicas
advindas das mais diversas manifestações culturais e
presentes no seu cotidiano.
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REFERÊNCIAS
MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Layola, 1994.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
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Sprint, 1998.
VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
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ALUNOS AUTISTAS NO
ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO: Os transtornos do desenvolvimento infantil são extremamente debilitantes e
requerem uma dedicação especial e quase total da família e de todos os envolvidos. Estudo
de revisão da literatura que teve como objetivo geral contextualizar a importância da
inclusão de alunos autistas no ensino fundamental e como objetivos específicos abordar
as interações sociais que envolvem a criança autista no contexto pedagógico e identificar
as possíveis interações com demais alunos e professora. O autismo caracteriza-se por
um desenvolvimento bastante atípico na interação social e comunicação, assim como o
repertório bastante restrito de finalidades e interesses, características essas, que podem
resultar em isolamento da criança e da sua família. Porém, a inclusão escolar pode ser uma
oportunidade de convivência com outras crianças da mesma faixa etária criando um espaço
de aprendizagem e desenvolvimento. A criança quando ingressa na escola passa a interagir
com um novo ambiente e uma nova realidade, ambos diferentes daquela a qual estava
acostumada na relação com a família. Esse ingresso é marcado por demandas, expectativas
e rituais relacionados a esse novo ambiente. A escola tem a função específica de instruir e
trabalhar o conhecimento historicamente produzido e possibilitar a participação da criança
nesse processo histórico. Um trabalho de socialização é essencial, no sentido de evitar o
preconceito e a discriminação ainda existentes, proporcionando uma prevenção primária,
por meio de elucidações junto às escolas e pessoas afins.
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A apresentação dos resultados obtidos foi A apresentação dos resultados foi realizada
realizada de forma descritiva, possibilitando de forma descritiva, possibilitando ao leitor a
ao leitor a avaliação do conteúdo. avaliação do conteúdo. A produção científica
referente ao período e tema em questão foi
Lima e Laplane (2016) referem que as representada por nove referências, incluindo
causas específicas e definitivas para explicar um livro de metodologia. A seguir são tecidos
o autismo ainda não foram totalmente breves comentários sobre o tema estudado.
conhecidas.
Oliveira et al. (2017) relatam que a partir da
Os estudos apontam que o transtorno atinge mobilização dos familiares levou à aprovação
com maior preponderância o sexo masculino inédita de uma lei federal específica para o
(três a quatro meninos para uma menina), porém, autismo. Em 27 de dezembro de 2012, foi
as meninas tendem a ser mais seriamente sancionada a Lei nº 12.764, que “Institui a
comprometidas quando são afetadas. Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”
Lima e Laplane (2016) observam que na (BRASIL, 2012). Além de reconhecer a pessoa
literatura veicula um conjunto variável de com TEA como “pessoa com deficiência,
características tais como: dificuldades de para todos os efeitos legais” (Lei nº 12.764, §
relacionamento interpessoal; aversão a 2o), produz incidências em diversos campos,
contato físico e a manifestações de carinho; como na esfera assistencial, político/
atraso ou ausência de linguagem verbal, gestora,científico/acadêmica,educacional/
mímica e gestual; pouca responsividade pedagógica, bem como no campo dos direitos
a estímulos sonoros, fala e solicitações básicos.
de interação; pouco contato visual com o
interlocutor; pouco uso da expressividade Foram obtidas 20 publicações nas bases de
facial para expressar emoções; dados consultadas e referenciados 9 artigos
comportamentos repetitivos, ritualizados e um livro de metodologia científica. A seguir
e estereotipias; dificuldades para aceitar são citadas algumas publicações que deram
mudanças e novidades nas rotinas e na suporte à realização desse artigo.
interação.
Segundo Martins e Monteiro (2017), os
estudos mais recentes sobre o transtorno
RESULTADOS estão no campo das neurociências e
genética que buscam encontrar alguma
Com base nos resultados obtidos são justificativa fisiológica ou fator genético
citados alguns estudos que ilustram as responsável pelo autismo. Contudo, apesar
pesquisas realizadas por profissionais das extensas pesquisas nesse campo, ainda
abordando o tema estudado. não foi identificado nenhum fator específico
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não seja sobrecarregado. Porém, cada caso deve ser analisado individualmente pela equipe
pedagógica e de saúde responsável pelo acompanhamento da criança e/ou do adolescente.
Nesse sentido, as propostas educacionais focam métodos específicos que tendem a valorizar
a execução de tarefas, a inibição de ações consideradas indesejáveis ou incompreensíveis,
geralmente não valorizando a interação social e a abstração (MARTINS; MONTEIRO, 2017,
p.217).
Martins e Monteiro (2017) destacam que a educação, desse modo, deve assumir o papel de
uma elevação num caminho anteriormente visto como plano, alavancando o desenvolvimento
da criança, principalmente nos casos de crianças com qualquer deficiência, como no caso do
autismo, no qual o papel da educação deverá ser mais atuante, pois a criança necessitará de
um auxílio e envolvimento mais efetivo do outro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os transtornos do desenvolvimento infantil são bastante
debilitantes, como se pode perceber, exigindo uma dedicação
especial e quase total da família e de todos os envolvidos.
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Cabe à escola adaptar-se para atender às especificidades desses alunos, o que requer
mudanças na estrutura e no funcionamento da escola, na formação dos professores e nas
relações família-escola.
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REFERÊNCIAS
BENITEZ, Priscila; DOMINICONI, Camila. Capacitação de agentes educacionais: proposta
de desenvolvimento de estratégias inclusivas. Revista Bras. Ed. Esp., Marília, v. 20, n. 3, p.
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LIMA, Stéfanie Melo; LAPLANE, Adriana Lia Friszman de. Escolarização de Alunos com
Autismo. Revista Bras. Educ. Espec., Marília, v. 22, n. 2, p. 269-284, jun. 2016. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v22n2/1413-6538-rbee-22-02-0269.pdf>. Acesso
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MARTINS, Alessandra Dilair Formagio; MONTEIRO, Maria Inês Bacellar. Alunos autistas:
análise das possibilidades de interação social no contexto pedagógico. Psicol. Esc. Educ.,
Maringá, v. 21, n. 2, p. 215-224, ago. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
pee/v21n2/2175-3539-pee-21-02-00215.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019.
MICCAS, Camila; VITAL, Andréa Aparecida Francisco; D’ANTINO, Maria Eloisa Famá.
Avaliação de funcionalidade em atividades e participação de alunos com transtornos do
espectro do autismo. Revista Psicopedag., São Paulo, v. 31, n. 94, p. 3-10, 2014. Disponível
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NUNES, Débora Regina de Paula; AZEVEDO, Mariana Queiroz Orrico de; SCHMIDT, Carlo.
Inclusão educacional de pessoas com autismo no Brasil: uma revisão da literatura. Revista
Educ. Esp., v. 26, n. 47, p. 557-572, set./dez. 2013. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.
br/educacaoespecial/article/view/10178/pdf>. Acesso em: 21 fev. 2019.
TEODORO, Graziele Cristina et al. A inclusão de alunos com transtorno do espectro autista
no ensino fundamental. Research, Society and Development, v. 1, n. 2, p. 127-143, ago. 2016.
Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6070066>. Acesso em:
19 fev. 2019.
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O USO DO LÚDICO
NA ALFABETIZAÇÃO
RESUMO: O uso do lúdico na alfabetização tem sido alvo de muitas reflexões dada a
importância no desenvolvimento das crianças. A brincadeira é compreendida como situação
imagética criada pelo contato das crianças com a realidade social. Por meio do lúdico, a
criança recria aquilo que sabe de forma espontânea, inserindo conhecimentos novos. Nesta
perspectiva, o lúdico dentro da sala de aula tem real significado no processo de ensino
aprendizagem. Este artigo tem como objetivo abordar sobre as atividades lúdicas no
cotidiano das escolas e sobre sua importância para a alfabetização, para que o brincar não se
torne um passa tempo, mas sim uma atividade que visa o desenvolvimento do aluno. Neste
trabalho traz se uma discussão sobre a relevância do lúdico enquanto proposta pedagógica
para fomentar a alfabetização e por conseguinte o letramento.
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mais alunos para atenderem a demanda. Mas precedente de uma tendência a satisfação
a relevância de se trabalhar com o lúdico imediata desses desejos, o comportamento
ultrapassa espaços, pois mesmo em uma da criança muda. Para resolver essa tensão, a
sala de aula com alguns materiais é possível criança em idade pré-escolar envolve-se num
desenvolver um trabalho que estimule a mundo ilusório e imaginário onde os desejos
imaginação do aluno. não realizáveis podem ser realizáveis e esse
mundo é o que chamamos de brinquedo.
(VIGOTSKY, 2007, p. 108).
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO
PARA AS CRIANÇAS
Quando a criança está representando
Por meio da brincadeira, ela tem um um personagem em suas brincadeiras, ela
comportamento de referência maior do que não faz uso de um personagem específico,
é na realidade, realiza simbolicamente o mas sim de um tipo conhecido. A criança
que mais tarde poderá realizar na vida real. reproduz o que é típico, geralmente o que
Vigotsky (2007) destaca que: pode ser generalizado em uma situação. No
jogo de “faz-de-conta”, a criança experimenta
[...] o brinquedo cria uma zona de diferentes papéis sociais, funções sociais
desenvolvimento proximal da criança. No generalizadas a partir da observação do
brinquedo, a criança sempre se comporta além mundo dos adultos.
do comportamento habitual da sua idade, além
do seu comportamento diário; no brinquedo é
O jogo simbólico ou “faz de conta”
como se ela fosse maior do que é na realidade.
é inerente ao ato de criar fantasias, é
Como no foco de lente de aumento, o brinquedo
ferramenta imp- rescindível à leitura do
contém todas as tendências do desenvolvimento
mundo, levando a criança a ser autônoma,
sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma
grande fonte de desenvolvimento. (p.122)
criativa e exploradora de sentidos e
significados, segundo Oliveira (2002). Os
jogos são pré requisitos para a apreensão
Segundo Vigotsky (2007), a criança das regras sociais e ajudam a criança, desde
procura suprir seus desejos por meio do ato cedo, praticar para a vida futura.
de brincar. Mas esses desejos não podem ser
satisfeitos de imediato, o que leva a criança a Quando a criança brinca, pode-se
buscar situações imaginárias como solução. analisar seu comportamento e por meio
desta observação, inserir o comportamento
No inicio da idade pré-escolar, quando padrão para determinada sociedade,
surgem os desejos que não podem ser levando em consideração o professor como
imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e mediador. Com a ajuda de brinquedos,
permanece ainda a característica do estágio jogos e brincadeiras a capacidade cognitiva
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incluindo o lúdico para que o aluno possa aprender de fato. Isso não quer dizer que o brincar
traz o saber pronto e acabado, mas que é um instrumento a mais para a construção dos
saberes que estão em constante construção em uma criança. Segundo Maluf:
“Os professores, aos poucos, estão buscando informações e enriquecendo suas experiências para entender o
brincar e como utilizá-lo para auxiliar na construção do aprendizado da criança. Quem trabalha na educação
de crianças deve saber que podemos sempre desenvolver a motricidade, a atenção e a imaginação de uma
criança brincando com ela. O lúdico é parceiro do professor”. Maluf (2003, p.29)
O professor pode iniciar seu planejamento partindo do que as crianças já sabem e
inserindo suas brincadeiras e jogos preferidos no aprendizado que ele quer construir com
aqueles alunos. A partir de jogos conhecidos a criança pode criar novas regras que melhor
se adequem aquele determinado assunto ou tema.
O uso do lúdico em sala de aula visa a aquisição de oportunidades para que os alunos
atuem como sujeitos na construção do próprio conhecimento, quer seja matemático, de
raciocínio, de escrita e etc.
Toda criança tem direito de brincar, e desde pequenas estas já se encontram no âmbito
escolar, dentro de uma sala de aula, sendo muitas vezes inadequadas às necessidades dos
alunos, tais como mobiliário e material. Esse é um dos motivos de citar a importância das
reflexões e estudos sobre o brincar na Educação Infantil.
O ser humano necessita criar as próprias opiniões, ser ativo, dinâmico, responsável, e o
lúdico é um grande auxiliar no desenvolvimento cognitivo, físico e afetivo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico é fundamental no desenvolvimento das crianças.
A infância é uma fase que marca a vida do indivíduo, é nessa
fase que as habilidades e potencialidades começam a ser
desenvolvidas. O professor ou o mediador pode e deve
aproveitar essa época criativa da criança para desenvolver
os conteúdos a serem trabalhados.
Utilizando o lúdico nas escolas, o professor ou mediador
estão incentivando a criança a agir de maneira ativa, reflexiva, EDNA APARECIDA
questionadora, curiosa, tornando-a um sujeito ativo na DA COSTA
construção do próprio conhecimento.
Graduação em Pedagogia pela
UNESP Universidade Estadual
Quanto mais espaço lúdico a escola proporciona, mais Paulista (2005); Pós-Graduação
alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva a criança em Psicopedagogia pela FIG
será. Faculdades Integradas de
Ciências Humanas Saúde e
Assim sendo, incluir o lúdico nas aulas é extremamente Educação de Guarulhos 2012;
relevante, pois as brincadeiras, jogos e etc. auxiliam o Professora de Ensino Infantil e
desenvolvimento da imaginação e da criatividade, levando Fundamental I na prefeitura de
à construção da aquisição da escrita, raciocínio lógico e São Paulo, na CEI Parque Novo
aspectos físico, motor e cognitivo da criança tanto no Ensino Mundo.
Infantil, quanto em outras etapas de estudos.
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REFERÊNCIAS
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ensino fundamental. São Paulo: UNESP, 2009.
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MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
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Após a conclusão dos trabalhos a escrita programação diversificada seguindo uma linha
final foi aprovada pelo Conselho de Escola sociocultural e educativa, desenvolvendo
e inserida no Projeto Político Pedagógico da várias atividades como: cursos/oficinas,
Unidade. workshops, palestras, espetáculos teatrais e
musicais para toda a população.
Não obstante, além dessa ação realizada
em nossa Unidade desenvolvemos também A parceria com nossa unidade educacional
um Projeto chamado: “EJA em Movimento: ocorria mensalmente, ora levávamos os
cultura, cidadania e diversidade no ambiente alunos na Casa de Cultura, ora os eventos se
escolar”, que buscava promover uma realizavam na nossa escola, como: Coral Seiva
educação de qualidade com um currículo da Vida: ampliar o repertório cultural dos
emancipatório, que visava estabelecer um alunos e possibilitar a reflexão sobre questões
ambiente escolar, vivo e dinâmico, favorável relacionadas a 3ª. idade; Noite dos Tambores:
à aprendizagem dos alunos da EJA através refletir sobre a importância do instrumento
de atividades mensais que ampliavam o musical – tambor – estabelecendo relações
repertório cultural e acadêmico dos alunos. com a cultura negra e sua contribuição para a
Assim, os temas desenvolvidos mensalmente musicalidade no mundo; e Conjunto Retrato:
surgiam a partir da realidade dos alunos, seus apresentar o gênero musical “Choro” aos
anseios e desejos por meio de assembleias alunos, professores e funcionários.
realizadas semanalmente no pátio interno
da nossa escola. Organizava-se um Outro espaço de educação popular
calendário/cronograma com as atividades e comunitário que frequentávamos era a
apresentações a serem desenvolvidas quer COOPERIFA na mesma região da DRE de
no âmbito escolar ou espaços extraescolares. Campo Limpo, onde era realizado o Sarau
da COOPERIFA, onde era valorizado a
Dentre esses espaços de Educação literatura divergente, a literatura suburbana
Popular Comunitária frequentávamos a e litera-rua também ganharam ecos entre
Casa Popular de Cultura da Região de M` os autores, bem como, os termos literatura
Boi Mirim & Guarapiranga que foi fundada hip-hop, literatura de testemunho, literatura
em 10 de março de 1984, por uma rede engajada e literatura da violência. O maior
de entidades e movimentos sociais, que representante desses saraus é Sergio Vaz que
transformou-se no primeiro polo cultural do procura mobilizar múltiplas representações
Bairro de Piraporinha – Zona Sul, mantida sociais, práticas e identidades a uma
e administrada pela comunidade. Em 1992, população marginalizada econômica, racial
vincula-se a Secretaria Municipal de Cultura e socialmente, e que apresenta restrição
(SMC), fazendo parte do Projeto Casas ao exercício da cidadania, menor acesso a
de Cultura do Município de São Paulo. equipamentos e serviços públicos, maior
Atualmente a Casa de Cultura possui uma percurso para o trabalho e de vulnerabilidade
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Assim, um currículo que atenda essa Além disso, a Rede Municipal de Ensino
diversidade deve promover estratégias de São Paulo oferece a EJA em cinco formas
diferenciadas ao organizaras atividades, de atendimento - EJA Regular, MOVA -
reorganizar o espaço educativo e as SP, CIEJA, CMCT e EJA Modular, sendo
relações estabelecidas nos diferentes que cada uma apresenta singularidades e
contextos, considerando que os educandos especificidades.
apresentam diferenças de ritmos, possuem
saberes e experiências de vida diversas Portanto, conhecer essas formas de
e necessidades específicas. Portanto, atendimento e valorizá-las é importante
acolher a diversidade na EJA é reafirmar pela compreensão de que a diversidade
a característica desta modalidade da é positiva e necessária para a garantia do
Educação Básica e ressaltar que uma direito dos jovens e adultos à educação
Escola Pública com qualidade social é pública de qualidade. Enquanto Supervisor
aquela que inclui a todos, considerando Escolar devo conhecer essas formas de
as singularidades e especificidades, ao atendimento e farei uma breve descrição
mesmo tempo em que emancipa para o de cada uma.
exercício da cidadania.
EJA – Regular
É oferecida nas EMEFs - Escolas
Municipais de Ensino Fundamental;
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EJA Modular
É oferecida nas EMEFs - Escolas Municipais de Ensino Fundamental – que aderiram ao
Projeto EJA Modular. É um curso presencial oferecido no período noturno, apresentando
uma adequação dos componentes curriculares obrigatórios organizados em módulos
de 50 dias letivos e também atividades de enriquecimento curricular. É realizada em
quatro Etapas: Alfabetização, Básica, Complementar e Final. Cada Etapa é composta
por 4 Módulos independentes e não sequenciais, cada um com 50 dias letivos. Os
módulos se desenvolvem em encontros diários de 2 horas e 15 minutos (3 horas/aula). A
complementação da carga horária diária, 1 hora e 30 minutos (2 horas/aula), é composta
por atividades do enriquecimento curricular de presença optativa para os educandos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatamos e entendemos que a Educação de Jovens e
Adultos é um direito importante e valioso, uma condição prévia
para que o cidadão possa interagir com aspectos básicos da
sociedade: ler livros, escrever ou entender cartazes, sentar
à frente de um computador e saber manuseá-lo, votar com
consciência e escrever o próprio nome em registros, ler um
manual de instrução e mesmo usar um caixa eletrônico. Assim,
observamos que os alunos integrantes da EJA retornaram às
instituições escolares não só em busca de um certificado ou EDSON SERNAGIOTTO
diploma. Esperam muito mais do que ler, escrever e fazer
cálculos, eles pretendem continuar os estudos e utilizá-los Graduação em Administração de
para sua formação crítica e social. Enxergam a escola como Empresas com Ênfase em Recursos
uma chance, uma oportunidade para um futuro melhor. Humanos pelo Instituto Hoyler
(1997); Licenciatura e Bacharelado em
Nesse sentido, a escola, instituição precípua para o ensino Matemática pela Universidade Ibirapuera
e para a aprendizagem, deve se aproximar e se conectar com (2003); Licenciatura em Pedagogia pela
práticas educativas comunitárias e dialogadas, articulando- Universidade Bandeirantes (2005),
se às redes sociais mais amplas, uma vez que, ao pensarmos Licenciatura em Geografia pela Faculdade
como a educação se encontra imersa numa pluralidade de Educação Matemática pela Pontifícia
e adultos - voltada para a cidadania - não se resolve de Supervisor Escolar na DRE Capela do
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ministrado por professores capazes de incorporar ao seu trabalho os avanços das pesquisas
nas diferentes áreas do conhecimento e de estar atentos às dinâmicas sociais e suas
implicações no âmbito escolar. Acredito ainda que é na Educação Popular que se instala
a possibilidade do exercício pleno do fazer pedagógico como um ato político, visto que
tomamos a consciência que a educação não é um fazer neutro. Fazer educação não é transmitir
saberes e conhecimentos, mas, como nos alerta Paulo Freire, fazer educação é um ato político
que promove a superação da consciência ingênua para a construção da consciência crítica.
Sendo assim, devemos romper com a visão compensatória da Educação de Jovens e Adultos
e avançarmos para uma concepção que seja no mínimo: Reparadora: refere-se à entrada de
jovens e adultos no âmbito dos direitos civis. A restauração de um direito a eles negado - o
direito a uma escola de qualidade; Equalizadora: refere-se à igualdade de oportunidades que
possibilite oferecer aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social e
nos demais canais de participação;
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REFERÊNCIAS
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seguinte, e muitas escolas são consideradas tem como objetivo ao educador, rever seu
de passagem, no qual o professor ingressante planejamento, com base nos interesses e
acaba permanecendo às vezes por alguns necessidades dos alunos.
meses, fazendo com que nem conheça
direito a comunidade para com a qual
trabalha, essas escolas com difícil acesso são A PRÁTICA REFLEXIVA DO
prejudicadas, pois ao seu redor não existam EDUCADOR
professores qualificados para atender essa
população, pois para estudar a comunidade O educador sempre precisa buscar o seu
são necessários vários meses de observação desenvolvimento, o seu enriquecimento
e trabalho, por outro lado quando o professor de competências, para poder alcançar um
cria raízes numa determinada escola, pode salto de qualidade na educação, como
até conhecer a comunidade, mas precisa estar também precisa mudar significativamente
atento as mudanças, que o tempo, a mídia e na formação e identidade profissional,
a cultura geram, dentro dessa comunidade e para poder se dedicar ao seu ofício de ser
em consequência da escola na qual leciona. educador.
Devemos ensinar tudo o que é importante Todos refletem sobre algo, mas isso não
de várias maneiras (por meio da linguagem, torna a pessoa um profissional reflexivo,
da lógica, de trabalhos artísticos, do debate, a consciência de pensamento e reflexão,
do humor etc.), pois assim mais redes neurais não é um ato avulso, isolado, nem muito
são ativadas e maior será o processo que o menos uma forma que deve acontecer de
levará à compreensão do conhecimento. Ou tempos em tempos ou em alguns episódios,
seja, da mesma forma que existem diversas é algo que precisa ter organização, registro e
maneiras de ensinar, também existem transformação.
diversas maneiras de aprender.
Houve diversas mudanças dentro da
Por fim, vamos falar do desafio de avaliar, educação por conta da globalização,
que está instituído em todo processo ajudando a fornecer indicadores de que a
de ensino, supondo que cada instituição profissão de professor precisa que o indivíduo
educacional tenha um projeto que faça tenha muitos conhecimentos, várias ideias,
sentido para seu aluno, como elemento habilidades nos procedimentos, estratégias
de seu pleno desenvolvimento, capaz de diversificadas de ensinar, devem lidar com
prepará-lo para o exercício da cidadania e seus alunos e ter excelentes atitudes, valores,
qualificá-lo para o mundo do trabalho, e que hábitos e condições pessoais para o ensino.
esteja alinhado com valores da cultura local,
regional e nacional. A avaliação tem que O verdadeiro conhecimento é saber,
estar em sintonia com a prática cotidiana e fazer e ser. Para ser um bom educador
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Um educador que possui atitude reflexiva possibilitará uma crítica mais complexa do
oficio da sua profissão, estabelecendo uma relação que analise o saber sendo essencial para
a construção da sua identidade, sendo um educador competente.
O educador precisa resgatar as qualidades de uma carreira que antigamente era reconhecida
por sua nobreza na hierarquia das profissões liberais.
Cabe ao educador aceitar que precisa envolver mais do que transmitir conhecimentos
técnicos, precisando de algumas características ligadas ao domínio afetivo, gostar do que faz.
Alguns professores são tão importantes na formação de seus alunos que acabam marcando
suas vidas para sempre, muitos escolhem determinada disciplina por preferência, depois
que consegue entender o que o educador quis explicar, tornando algo muito interessante. A
força da palavra do educador tem na formação do educando é impressionante.
O educando espera que o mestre transmita lições e práticas sobre respeito, moral,
tolerância, compreensão, paciência, amizade e sabe esperar o momento certo para poder
expressar sua opinião e perguntar o que não conseguiu entender, sem levar sua pergunta
seja feita de forma impertinente.
Antes de tudo o professor precisa saber o que é ética, acreditando na ética e usar isso no
seu cotidiano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos dos problemas do ensino brasileiro estão
relacionados ao professor, mas não podemos generalizar.
Este profissional, que tem o papel de assegurar às crianças o
direito de aprender, não é vítima do sistema. E nem é o único
responsável pelos baixos índices educacionais do país
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REFERÊNCIAS
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A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Durante esse artigo apresenta-se a necessidade do planejamento e da
organização do tempo e do espaço para a realização do jogo e da brincadeira de forma
efetiva. O trabalho com os jogos e as brincadeiras durante o desenvolvimento infantil são
de extrema importância, em visto que por meio deles a criança apresenta vários aspectos
sócio – emocionais. Considera-se que a realização deste artigo proporciona inquietações e
desencadeia pensamentos acerca das novas formas de trabalho que associam os jogos e as
brincadeiras ao cotidiano escolar. Nós somos construtores de nossa própria história, dessa
forma, as crianças constroem um mundo cheio de imaginação e criatividade. Por meio dos
jogos e brincadeiras as crianças despertam sua imaginação, ampliando seu repertório de
conhecimentos, aprendendo brincando.
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quatro aos sete anos, inicia-se um acúmulo da criança. “É por meio do lúdico que
de conhecimento. Há maior atenção e ela vai incorporando certos valores à
concentração em suas atividades, que são sua personalidade e ampliando o seu
mais sociais, pois a criança começa a perceber conhecimento de mundo”. (SOLER, 2006)
e aceitar regras, brincando mais em grupo.
Piaget (1978), diz que “a atividade lúdica é o
No período das operações, de sete aos berço obrigatório das atividades intelectuais
doze anos, a criança passa do concreto da criança, sendo, por isso, indispensável à
para o raciocínio abstrato e já domina prática educativa”.
completamente sua motricidade. Os
brinquedos são representados pelos jogos de Dentro do brincar, os jogos têm a função
raciocínio, memória, competição, destreza e de socializar, dar um enfoque nas regras e
teatro. desenvolver habilidades, pois todo o jogo
implica em um ato de brincar. E na sua
Segundo Kishimoto (1994), os termos execução o professor pode explorar aspectos
jogo e brincadeira têm sido empregados e atividades de forma a criar um ambiente de
popularmente com o mesmo sentido. Já para aprendizagem rico e espontâneo.
Friedmann (1996), a palavra lúdico caracteriza
o jogo, a brincadeira e o brinquedo. O avanço nas teorias educacionais
começaram a se tornar um desafio ao
De acordo com Kishimoto (2010 p.01): desempenho do professor, exigindo dele
novas competências.
Para a criança, o brincar é a atividade principal
do dia-a-dia. É importante porque dá a ela o Segundo Leif (apud RIZZI; HAYDT, 1986),
poder de tomar decisões, expressar sentimentos o jogo apresenta quatro motivos que levam
e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de os educadores a utilizá-los com frequência:
repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar
sua individualidade e identidade por meio 1- O jogo corresponde ao impulso natural da
de diferentes linguagens, de usar o corpo, os criança, e neste sentido satisfaz uma necessidade
sentidos, os movimentos, solucionar problemas interior, pois o ser humano apresenta uma
e criar. tendência lúdica.
2- A atitude do jogo apresenta dois elementos
que o caracterizam: o fazer e o esforço
Segundo Vygotsky (1989 p.113.), “a
espontâneo, como o jogo leva o prazer sua
criança faz o que ela mais gosta de fazer,
principal característica é a capacidade de
porque o brinquedo está unido ao prazer”.
absorver o jogador de forma intensa e total,
criando um clima de entusiasmo.
As brincadeiras e jogos infantis são 3- A situação do jogo mobiliza os esquemas
elementos indispensáveis para a formação mentais, e sendo uma atividade física e mental,
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Ao brincar, a criança tem consciência outro também conversava, isso ocorre nas
de que está imaginando uma suposta atividades onde as crianças percebam que o
situação, cuja característica fundamental é amigo também tinha braços, pernas, ou seja,
sua relação com a realidade. Ao abordar o possuíam algo semelhante ao seu próprio
tema, Leontiev (1991) deixa explícito que, corpo. Segundo HEINKEL (2000): “a troca
nas premissas psicológicas do jogo, não há de saberes entre as crianças participantes da
elementos fantásticos. Para ele há uma ação ação lúdica, ativa o pensamento cognitivo e
real, uma operação real e imagens reais de afetivo”.
objetos reais, mas a criança, apesar de tudo,
tende a agir com um objeto qualquer como Brincando a criança cria, recria e inventa
representante de um objeto real, age com a novas manifestações adequando-se a sua
vara como se fosse um cavalo, e isto indica realidade, ela é capaz de entrar num estado
que há algo imaginário no jogo como um de sonhos e fantasias, onde encontra espaço
todo, que é a situação imaginária. Sendo para representar o mundo de sua forma,
assim, o autor acentua a importância da descobrindo ao mesmo tempo soluções para
compreensão que a ação tem no brinquedo. os obstáculos surgidos no seu faz de conta
Portanto, a ação, no brinquedo, não provém e que servirá para usa vivência ao longo do
da situação imaginária, mas, pelo contrário, seu desenvolvimento.
é esta que nasce da discrepância entre a
operação e ação; assim, não é a imaginação Brincando é possível trabalhar diversas
que determina a ação, mas são as condições formas de aprendizagem com a criança,
da ação que tornam necessária a imaginação pois é natural dela o ato de brincar. Pode-se
e dão origem a ela. Rego (1995) coloca que trabalhar a motricidade, o cognitivo, o lado
a brincadeira representa a possibilidade de emocional e social de cada uma, e o papel do
solução do impasse causado, de um lado, educador é fundamental para que haja êxito
pela necessidade de ação da criança e, de neste processo.
outro, por sua impossibilidade de executar
as operações exigidas por essas ações. Os jogos e brincadeiras nas sociedades
antigas tinham o propósito de estreitar os laços
A medida que a criança entra no que há coletivos e de união de uma sociedade, uma
demais emocionante no ato de brincar com o vez que nesta época o trabalho não ocupava
outro, ou consigo mesma, toma consciência muito tempo das pessoas (ARIÉS, 1981).
de sua auto-imagem e conhece um outro ser Historicamente, os jogos e as brincadeiras
que não seja ela própria. Isto foi percebido foram alvos de diversas pesquisas, e
na experiência realizada, quando os alunos podemos observar que sua valorização
sentavam ao lado dos colegas e começavam deu-se a partir de teorias propostas por
a falar sobre o que havia acontecido ontem, filósofos e pedagogos com estudos feitos no
de que brincou, e da mesma forma o campo da educação ao longo de vários anos,
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Entendo ainda que o primeiro passo Kramer (1992) nos diz que a ludicidade é
para se trazer o lúdico, a brincadeira para um traço da personalidade da criança até a
dentro da escola, é o resgate da infância dos fase adulta, com importante função no estilo
próprios educadores, a memória. “Do que cognitivo, ou seja, na alegria, no senso de
brincavam, como brincavam, lembrarem-se humor e na espontaneidade.
de uma figura especial.
As brincadeiras abrangem grande parte
O jogo é uma importante ferramenta do desenvolvimento da criança, quando
no processo de aprendizagem lúdica na representa situações observadas no cotidiano
alfabetização. Durante o jogo, a criança e que futuramente a criança irá vivenciar.
toma decisões, resolve seus conflitos, vence Criando situações imaginárias confrontada
desafios, descobre novas alternativas e cria com o real, desenvolve suas capacidades
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então a partir do século XVI, com ideias de pensadores humanistas como Rousseau, Dewey,
Vygotsky, Piaget, entre outros, estes humanistas deixaram importantes estudos sobre o
brincar, enfocando principalmente seu valor educativo. Estudos continuam provando que
a atividade lúdica deve ser utilizada em sala de aula como importante ferramenta para o
desenvolvimento de habilidades psicológicas, sociais e motoras. Conforme afirma Kishimoto
(1997, p 42), “o jogo torna-se uma forma especial para aprender os conteúdos escolares”.
A educação contemporânea traz muitos desafios para aqueles que nela trabalham e aos
que se dedicam a sua causa, não há como estagnar-se em uma única e exclusiva metodologia
de ensino é preciso utilizar-se de todos os recursos possíveis para que a escola transforme-
se em um lugar especial que desperte na criança a vontade de aprender.
Através do lúdico na educação, conseguiremos uma escola melhor e mais atraente para as
crianças. É preciso saber como adentrar ao mundo da criança; no seu sonho, no seu jogo e,
a partir daí, jogar com ela.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda há muito a ser estudado e discutido sobre a educação
das crianças pequenas e sobre quais os melhores métodos de
ensino. Isso também nos leva a pensar que tipo de cidadão
queremos formar para o futuro de nossa sociedade.
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Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando
consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo
consciente, engajado e feliz no mundo.
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PSICOMOTRICIDADE E
APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES
PARA AS PRÁTICAS ESCOLARES NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo tem por objetivo apresentar os conceitos sobre os estudos de
Psicomotricidade relacionados a aprendizagem na Educação Infantil. A psicomotricidade é
definida como a ciência que estuda o homem, o seu corpo em movimento e a capacidade
humana relacionar-se com as pessoas e com os objetos. Com base no pressuposto desta
pesquisa busca-se refletir sobre a importância da Psicomotricidade para auxiliar o processo
de ensino e aprendizagem, em suas teorias sobre a maneira como a criança percebe o seu
corpo e como se expressa com ele. Na educação infantil, fase em que são desenvolvidos os
aspectos psicomotores, seu esquema corporal, lateralidade e orientação espaço temporal. A
pesquisa teórica foi a base dos estudos em psicomotricidade e os estudos eram pautados nos
aspectos do desenvolvimento motor da criança, com o tempo os estudos passaram a elencar
questões relacionadas as relações entre o atraso intelectual e o atraso no desenvolvimento
motor da criança e por fim as pesquisas passam a abranger os campos da habilidade manual
e das funções motoras relacionadas a idade biológica.
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[...] durante o século XIX, uma nova função passa O atendimento realizado na Educação
a ser atribuída à pré-escola, mais relacionada à Infantil, com a Escola Novista, traz uma
ideia de [educação] do que de assistência. São alteração nas propostas educacionais de
criados, por exemplo, os jardins de infância por atendimento as crianças pequenas de 0 a 3
Froebel nas favelas alemãs, por Montessori nas
anos, com o intuito de diminuir o abandono
favelas italianas, por Reabodif nas americanas
das crianças e para que as mães pudessem
etc. A função dessa pré-escola era de compensar
trabalhar.
as deficiências das crianças, sua pobreza, a
negligência de suas famílias... Assim, podemos
observar que as origens remotas da educação
Joaquim José Menezes Vieira foi o
pré-escolar se confundem mesmo com as origens fundador do primeiro jardim de infância no
da educação compensatória, tão difundida nas Rio de Janeiro no ano de 1875, esse jardim
últimas décadas. (KRAMER, 1987, p. 23). de infância pertencia a iniciativa privada e
atendia somente as crianças que pertenciam
Neste novo contexto que passa a ser as classes da elite e somente meninos. De
difundido, a educação da infância tem acordo com Kuhlmann (2003), os estudiosos
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O movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o conhecimento do mundo em que a cerca através
de percepções e sensações, pois o indivíduo não se constrói de uma só vez, mas paulatinamente através de
interação com o meio de suas próprias realizações. [...] O esquema corporal não é conceito aprendido, que se
possa ensinar, uma vez que não depende de treinamento. Ele se organiza pela experimentação do corpo da
criança, que é uma forma de expressão da individualidade. (SILVA, 2010, p.11)
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tempos, o que nos permite a compreensão das atuais concepções sobre o tema. Além disso,
a psicomotricidade pode ser conceituada como uma ciência que envolve a educação e a
saúde, sendo aplicada tanto nas escolas como nos atendimentos psicológicos.
Segundo Gallardo (2009), a psicomotricidade chega no Brasil em meados dos anos 70,
tendo uma concepção de pensamento voltada a uma maneira de recuperar e reabilitar o
corpo das pessoas que participaram da guerra. Com o tempo, a psicomotricidade ampliou
seus estudos nas áreas ligadas à aprendizagem, abordando aspectos como o trabalho com a
coordenação motora, o equilíbrio, lateralidade e a organização espaço-temporal. Com estes
estudos foi se adquirindo a base necessária para um melhor desenvolvimento cognitivo, o
que resulta na educação pelo movimento no Brasil.
A educação psicomotora pode prevenir e detectar problemas de aprendizagem, ela
aperfeiçoa e normaliza o comportamento geral da criança, desenvolvendo consciência,
domínio e equilíbrio do próprio corpo. Segundo Lebouch (2001) a educação psicomotora deve
ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite inadaptações,
difíceis de corrigir quando já estruturadas.
O esquema corporal é um elemento de suma relevância durante o processo de
desenvolvimento é o reconhecimento, a percepção que a criança tem do seu próprio corpo
um período em que ela desenvolverá sua personalidade e irá perceber que seu corpo lhe
obedece e que poderá utilizá-lo não só para movimentá-la mas também para agir.
Nesse período revela-se a importância do Educador nesse processo, pois há uma grande
necessidade de uma intervenção e interação do mesmo com a criança desenvolvendo suas
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capacidades de forma que ela possa adquirir conhecimento de seu corpo e do meio em que
vive. É necessário que o educador tenha em mente a importância da motricidade desde
a educação infantil orientando e estimulando a criança desenvolvendo suas habilidades
e competências sempre com movimento na escola, pois é através dele que se dará uma
educação psicomotora de qualidade.
A criança passa a metade do dia na escola, daí a importância da pedagogia do movimento e daí a urgência
em considerar as primeiras necessidades vitais da criança que muitas vezes são contrariadas sob o pretexto
de ordem, barulho. A criança tem necessidades de caminhar e de correr. Desde o maternal as crianças são
empilhadas em locais estreitos. Uma criança pequena se fatiga rapidamente em uma posição determinada.
(LEBOUCH, 2001, p.13).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento de experiências concretas na escola
desenvolvendo a percepção do meio no qual está inserida,
é de fundamental importância e auxilia na forma como
a criança age sobre seu corpo, o local e os objetos que a
cerca. A atuação do professor, neste sentido, deve ser
pautada na formação de sujeitos em seu processo de ensino
e aprendizagem, tenho uma noção clara de seu papel como
educador de infância. Não basta apenas conhecer as técnicas,
é preciso a reflexão sobre o processo de desenvolvimento ELAINE CRISTINA DE
cognitivo, social e psicomotor da criança. JESUS SOUZA
Graduação em Pedagogia pelo Centro
O esquema corporal é um elemento de suma relevância Universitário Sant’Anna (2010);
durante o processo de desenvolvimento é o reconhecimento, Especialista em Arte Educação
a percepção que a criança tem do seu próprio corpo um pela Faculdade Mozarteum (2014);
período em que ela desenvolverá sua personalidade e irá Professora de Educação Infantil e Ensino
perceber que seu corpo lhe obedece e que poderá utilizá-lo Fundamental I - na EMEI Felipe Mestre
não só para movimentá-la mas também para agir. Jou; Professora de Educação Infantil – no
CEI Vila Brasilândia.
Com base nas indagações dos autores citados pode-se perceber a relação e a importância
entre corpo, mente e movimento, notando que o meio social no qual a criança está
inserida pode favorecer as suas experiências psicomotoras, por meio de experiências
concretas, possibilitando a exploração e permitindo que ela apresente posteriormente um
desenvolvimento corporal, mental e afetivo adequado a sua faixa etária, diminuindo o risco
de algum transtorno psicomotor futuro.
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AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: A avaliação é contínua, o tempo inteiro está observando os alunos, para avaliar
devemos ter um olhar sensível voltado á criança, verificando se estão se desenvolvendo
e atingindo os objetivos estabelecidos pelo plano pedagógico. Trata-se de um trabalho
constante e complexo. O trabalho deve ser aperfeiçoado para se tornar ainda mais
minucioso, mais objetivo e, também, mais claro para as famílias entenderem o processo e
os critérios pelos quais seus filhos são avaliados. A avaliação na educação infantil parte de
um importante processo ensino-aprendizagem, tem se tornado tema de muitas pesquisas,
debates e discussões acadêmicas.
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INTRODUÇÃO AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Considerando-se que as crianças se
desenvolvem de forma aceleradíssima em É imprescindível que o professor busque
termos da oralidade, da evolução motora e de constantemente mecanismos que o tornem
novas descobertas, em tempos e em aspectos observador, não só do aluno como de si próprio,
muito diferentes de uma criança para outra, analisando a sua prática pedagógica e o que
a avaliação da aprendizagem contempla ela influencia no desenvolvimento do aluno.
várias interrogações e indefinições quanto É necessário que o professor tenha, além
à efetivação, na prática, de uma concepção de um alicerce teórico, autoconhecimento,
que tenha por intenção a melhoria da ação senso crítico e humildade para reconhecer
educativa. seus erros, suas falhas e estar aberto a novas
tentativas, sempre visando ao melhor para
Segundo Jussara Hoffmann, no seu livro seus alunos.
realizado sobre Avaliação e Educação Infantil
– Um olhar sensível e reflexivo sobre a Em relação à escolha do tema de estudos,
criança, avaliação refere-se a um conjunto de um assunto não surge de maneira espontânea,
procedimentos didáticos que se estendem é decorrente de situações e interesses que
por um longo tempo e em vários espaços influenciam as escolhas do pesquisador.
escolares, de caráter processual e visando, A fim de relevar a escolha pelo tema há
sempre à melhoria do objeto avaliado. três vertentes que justificam a opção pelo
objeto de estudo: o interesse profissional
Avaliar tem por conceito: não julgar, não e pessoal, a relevância para a educação
apontar, mas acompanhar um percurso brasileira e o preenchimento das lacunas
de vida da criança, através de registros e do conhecimento. Esta pesquisa ajuda
olhares, durante o qual ocorrem mudanças profissionalmente professores a refletirem
em múltiplas dimensões com a intenção sobre sua prática e sobre concepções de
de favorecer o máximo possível seu avaliação até refutadas pelos mesmos, mas
desenvolvimento. assim mesmos empregados no cotidiano
escolar. Além da questão profissional, o
Falar de avaliação é algo que mexe interesse pessoal, pois a vida escolar é
instantaneamente com todos os sujeitos cercada de práticas avaliativas desvinculadas
envolvidos no processo ensino aprendizagem. da aprendizagem.
Usando uma expressão popular, discorrer
sobre o tema é “cutucar a ferida” de muitos Apesar de haver muitos estudos
professores e provocar reações distintas e acadêmicos pertinentes a avaliação escolar e
conspícuas em alunos. a relação professor-aluno, não há trabalhos,
de acordo com os bancos de pesquisa
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analisados, que articule avaliação, poder, e o novo conteúdo. Sabe o que realmente
punição e perpetuação de um ciclo. conta? Um professor criativo e amável, que
tem paciência e percebe quais as diferenças
Além de apresentar as possíveis cognitivas de cada um e age para que todas
concepções de avaliação dos professores e as dificuldades sejam superadas.
alunos, as relações de poder legitimadas pela
avaliação e as percepções e sentimentos dos A Avaliação é um instrumento para
sujeitos quanto à avaliação, temos a questão Aprendizagem Professor/Aluno ambos
das conseqüências da perpetuação de uma aprendem juntos e assim vão construindo e
avaliação independente do processo ensino- adquirindo conhecimentos. È um processo
aprendizagem, e a perpetuação de um ciclo de constantes acontecimentos e é nesses
aparentemente infindável. acontecimentos que se constrói que se
aprende que se realiza que se conquista
Seguindo o Parecer CNE/CEB nº que enfrenta desafios e se supera conflitos.
20/2009 a avaliação deve acontecer da È durante este tempo/ momentos que se
seguinte maneira: A avaliação interna seria busca o esperado e até mesmo o que não se
a avaliação da aprendizagem e está voltada espera.
para os acontecimentos e experiências que
acontecem na sala de aula e na escola como Avaliar nunca foi fácil. Este texto contribui
um todo, onde os sujeitos envolvidos são para a reflexão de nossa prática docente.
aqueles que fazem parte do processo ensino Rever alguns conceitos sobre “Avaliar”. No
aprendizagem. É por meio desta avaliação que contexto acima ficou evidente que a avaliação
se pode avançar e construir conhecimento a não é meramente uma forma de quantificar
partir do erro. A avaliação externa seria a a aprendizagem, mas um processo imbuído
avaliação de sistemas educacionais. nesta. A relação professor/aluno também é
edificada neste processo e o docente deve
estar atento às diversas formas de aprender,
A AVALIAÇÃO DA respeitando a diversidade na turma.
APRENDIZAGEM
Todos os dias nós passamos por avaliações
Apesar de toda a subjetividade das e ao mesmo tempo avaliamos, portanto, a
avaliações, não podemos nos eximir da avaliação no decorrer da aprendizagem é
responsabilidade de avaliar o quanto o aluno essencial para que possa ter evolução no
efetivamente aprendeu de determinado crescimento escolar, profissional e social, já
assunto. O progresso acadêmico depende do que, a avaliação é um instrumento e o fator
aprendizado linear, caso contrário, o aluno principal para que se tenha a certeza que está
chegará em um estágio muito defasado e havendo o conhecimento e a aprendizagem.
não conseguirá acompanhar o raciocínio Porém a avaliação é uma prática complexa por
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não ter uma definição, mas sim uma forma de para o desenvolvimento, para o aprendizado;
ajudar o desenvolvimento da aprendizagem o papel do avaliador é de testar e estimular os
do aluno, averiguando os pontos fortes e sujeitos a serem testados; e os métodos são
fracos, para chegar ao objetivo proposto. objetivos, técnicos, enquanto na avaliação
Onde sabemos que existem outras formas responsiva não há prazo, pois a avaliação
que levam a punição, autoritarismo, retenção é contínua, o avaliador é estimulado pelos
e outras que serve de medidas e controles. sujeitos e suas atividades e os métodos
Todavia, a avaliação é um trabalho minucioso não são objetivos e formais, são subjetivos,
que requer conhecimento quando se trata de não estão centrados em exames ou testes,
avaliar alguém, nos aspectos quantitativos mas na contínua observação. A avaliação
ou qualitativos. formativa descrita por Scriven (1978 apud
Depresbiteris, 1989) seria aquela que fornece
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a informações importantes para a melhoria
Educação Infantil (DCNEI) determinam, desde de um programa no todo como também em
2009, que as instituições que atuam nessa partes, seções ou até parcelas do programa
etapa de ensino criem procedimentos para a que podem ser melhorados.
avaliação do desenvolvimento das crianças.
Esse processo não deve ter como objetivo Afonso (2000) afirma que a avaliação
a seleção, a promoção ou a classificação formativa é a avaliação contínua, que pode ser
dos pequenos e precisa considerar “a realizada por “uma pluralidade de métodos e
observação crítica e criativa das atividades, técnicas”. Estes métodos e técnicas incluem
das brincadeiras e interações das crianças observação livre e sistemática, auto-
no cotidiano” e empregar múltiplos registros. avaliação, entrevista, trabalho em grupo,
Tais apontamentos, no entanto, ainda geram dentre outras atividades. Perrenoud (1999)
dúvidas e interpretações equivocadas. utiliza-se desta avaliação formativa para
descrever a lógica de uma avaliação voltada
A avaliação tradicional é formal, é única e para a aprendizagem.
não há espaço para conflitos e debates ao
contrário da avaliação sensível e responsiva Avaliar é construir e reconstruir o
que é informal e que admite o conflito, não conhecimento. É buscar estratégias que
é apenas consensual. A base do design, permitem a formação do aluno para sua
ou seja, a base da criação, idealização e inserção na sociedade com conhecimento
desenvolvimento na avaliação tradicional prévios, ou seja, que o aluno tem a condição
é objetiva e técnica enquanto na avaliação de prosseguir sua caminhada com a base
responsiva a base deste desenvolvimento alicerçada. Para que o sistema avaliativo
está relacionada aos sujeitos envolvidos. venha ao encontro da realidade a “rede”
Ainda confrontando as diferenças, na precisa contribuir (família, equipe diretiva,
avaliação racional há um prazo estabelecido professores, SME, conselho tutelar,
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Segundo Ariés (1981), as modificações era logo introduzido meio dos adultos,
ocorreram a partir de mudanças econômicas compartilhando de todos os seus trabalhos
e políticas da estrutura social. Com o passar e jogos. De uma criança inocente e pequena,
do tempo, como demonstra a história, está se transformava rapidamente em um
encontramos diferentes concepções de jovem, deixando passar as etapas da infância.
infância. A criança era vista como um adulto
em miniatura, e seu cuidado e educação A transferência de valores e dos
eram realizados somente pela família, em conhecimentos, e de modo mais amplo, a
especial pela mãe. Havia algumas instituições socialização da criança, não era, portanto de
alternativas que serviam para cuidado das nenhuma forma assegurada nem direcionada
crianças em situações prejudicadas ou pela família. Esta criança se distanciava
quando rejeitadas. rapidamente de seus pais, e podemos dizer
que durante muitos séculos a educação e
Ariés (1981) relata que até por volta do a aprendizagem foram garantidas graça a
século XVI, não havia nenhum sentimento convivência da criança ou do jovem com
com relação ao universo infantil. A concepção outros adultos. Neste sentido a criança era
de infância, até este momento, baseado inserida em meio aos adultos para aprender
no abandono, pobreza, favor e caridade, as coisas que devia saber ajudando os adultos
neste sentido era ofertado um atendimento a fazê-las.
precário às crianças; havia ainda grande
número de mortalidade infantil, devido Naquela época, a criança era levada
ao grande risco de morte pós-natal e às à aprendizagem através da prática. Os
péssimas condições de saúde e higiene da trabalhos domésticos não eram considerados
população em geral. Em virtude dessas humilhantes, era constituído como uma
decorrências e dessas condições uma criança maneira comum de inserir a educação tanto
que morria era logo substituída por outra em para os mais abastados, como para pobres.
sucessivos nascimentos, pois na época ainda Porém pelo fato da criança sair muito
não havia, como hoje existe, o sentimento cedo do seio da família, fazia com que ela
de cuidado, ou paparicação, pois as famílias, escapasse do controle dos pais, mesmo que
naquela época, entendiam que a criança que um dia voltasse a ela, tempos mais tarde,
morresse não faria falta e qualquer outra depois de adulta, o vínculo primordial havia
poderia ocupar o seu lugar. se quebrado.
Para o autor o período da infância era Durante muito tempo segundo o Ariés,
minimizado a seu período mais frágil, a infância foi colocada à margem pela
enquanto a criança ainda não conseguia sociedade e do seio familiar, exposta à
bastar-se; ficava no seio da família, porém, vontade e as ordens dos adultos, ficando
mal adquiria algum desembaraço físico, até mesmo numa situação de invisibilidade
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proposta era de algum modo auxiliar Como afirma Aranha (2006), a infância
as crianças para futuramente levá-las a nem sempre foi concebida como nos dias
fazerem aprendizagens abstratas e para atuais, pois esteve sujeita as mudanças
isso, suas recomendações eram que, as socioeconômicas, políticas culturais que
crianças deveriam desfrutar de materiais as sociedades passaram. A composição da
e atividades que sejam diversificadas, família, os registros familiares e eclesiásticos,
materiais pedagógicos ricos em um ambiente entre outros aspectos, também não foram
que fossem favoráveis para educação das os mesmos, as mudanças demonstram que
crianças ,Comenius responsabilizou os pais ocorreram transformações, não se podendo
pela educação antes dos 7 anos de idade, tomar cada período como algo acabado.
pois afirmava que dentro dos lares que inicia
o ensino. No ano de 1657 usou a palavra Dessa forma, nesta época a criança era
Jardim da Infância para nomear o local de considerada um pequeno adulto, que podia
aprendizagem das crianças. executar as mesmas tarefas de um adulto.
A rápida passagem da infância para a vida
Portanto, Aranha (2006) fala da pouca adulta era o que importava. Nesse sentido,
discussão sobre a infância e sua educação, havia necessidade de distinção entre essas
limitando a organização de um sistema de duas etapas da vida, crianças e adultos
ensino e de propostas metodológicas para usavam o mesmo traje.
o ensino das crianças pequenas. Isso limitou
as potencialidades e as oportunidades de De acordo com LeGoff (1984), a partir do
desenvolvimento, comprometendo a visão século XVII, há um crescimento das cidades
educacional na infância e dos trabalhadores devido ao comércio, a Igreja Católica perde o
nesse nível educativo. poder com o surgimento da burguesia, sendo
a Igreja a responsável pela assistência social
De acordo com Aranha (2006), desde a e educação.
Idade Moderna existe o entendimento de que a
criança é um ser diferente do adulto,portadora No período seguinte, época moderna, a
de características específicas, psíquicas educação passa por transformações, novos
e comportamentais.Contudo, isso não é métodos educacionais são propostos.
uma característica natural, que sempre se E segundo Aranha (2006), João Amos
manifesta da mesma maneira, ao contrário, Comenius (1592-1670) se tornou o grande
existe entre o período infantil e o adulto uma educador da época, pois defendeu novas
concepção cultural e histórica, que determina práticas educativas além de uma educação
os papéis das crianças e dos adultos, sendo em total para todos, “ensinar tudo a todos”, para
virtude disso, necessário estudar a educação que todos possam atingir o ideal da pansofia.
infantil dentro dos contextos próprios e não
pela natureza da infância.
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Aranha (1998), afirma que atualmente a concepção de que a criança é um ser com
características bem diferentes dos adultos, um ser particular e de direitos, tem gerado as
maiores mudanças na Educação Infantil. Essa nova concepção tem tornado o atendimento às
crianças de 0 a 5 anos ainda mais específico, exigindo do educador uma postura consciente
de como deve ser realizado o trabalho com as crianças pequenas, mostrando as suas
especificidades e as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI 1998) traz a concepção
de infância como construída historicamente e a ideia de que atualmente não há apenas uma
maneira de se considerar a criança, pois há múltiplas diversidades de realidades sociais,
culturais, étnicas e etc. que podem interferir nessa noção de infância. Sabemos que existem
crianças que trabalham que são exploradas, que sofrem maus tratos e abusos, que não
possuem seus direitos garantidos.
As pesquisas feitas por (RCNEI-1998), relativas à infância apontam que ao propormos algo
às crianças devemos aproximar nosso ponto de vista ao delas. Não existe um método ideal
de relações entre adultos e crianças, porém devemos levar em consideração as diferentes
condições de vida de um grupo escolar e perceber a criança como sujeito de direitos e capaz
de criar seu próprio espaço.
A concepção de infância (RCNEI-1998), que temos nos dias atuais é uma visão construída
historicamente, em que é possível perceber o contraste existente entre a atualidade e
algumas décadas atrás. A criança passou a ocupar um local de destaque na sociedade muito
diferente da época em que sua presença era praticamente imperceptível. Nesta época na
sociedade medieval, as crianças eram inibidas de participar socialmente da vida comunitária
e eram tratadas como um pequeno adulto, passando despercebidas suas características e
peculiaridades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com todas essas considerações, a avaliação
deverá ser realizada para observar, registrar, acompanhar e
interferir no processo de apropriação do conhecimento da
criança, e o professor deverão e acompanhar o grupo de
crianças e também cada criança individualmente. Pudera fazer
parte de um filme, mas longe disso a poderosa avaliação está
não é atriz, nem personagem, mas garantiu sua personificação
na realidade das salas de aula. Para muitos o sentido e a
função da avaliação é de salvadora e heroína por garantir ELÂINE LOPES
benefícios a quem abraça um instrumento que legitima poder. Professora de Educação Infantil na Rede
Para outros, o medo e o poder de palavras que os limitam da Prefeitura de SP. Artigo apresentado
fazem da avaliação uma vilã. Ao longo de séculos o sentido como requisito parcial para aprovação
da palavra avaliação, exame ou teste foi se modificando. do Trabalho de Conclusão do Curso de
Denominações como avaliação classificatória, verificação, Especialização.
avaliação tradicional, racional, responsiva, criterial, somativa,
formativa, mediadora e emancipatória são algumas das
que são utilizadas por autores que discorrem sobre o
tema. Perante algumas situações presenciadas ao longo de
quatro meses e meio em um estágio no magistério, algumas
questões surgiram tais como: Quais são as concepções que
professores e alunos tem sobre avaliação? Ela é uma forma
de legitimar o poder? A avaliação é considerada ainda em
pleno século XXI uma forma de punir, disciplinar, certificar e
excluir? Como quebrar este ciclo? Ao longo do estudo pode-
se observar que a concepção de avaliação presente na atmosfera escolar, e está vinculada a
classificação, seleção e punição se tornando uma forma de legitimar o poder e autoridade dos
professores. A punição está atrelada a avaliação e também a disciplina dos alunos. Podemos
concluir então que, a avaliação na Educação Infantil não é utilizada como instrumento de
retenção das crianças, mas ela é usada para observar constantemente de maneira crítica o
seu envolvimento e desenvolvimento nas atividades promovidas pelo educador no que diz
respeito às brincadeiras e as interações ocorridas no cotidiano, em seu processo de ensino
e aprendizagem. O olhar do professor sempre deve estar atento e voltado para o progresso
da criança.
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REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli E.D.A. Estudo de caso: seu potencial na educação. Cadernos de pesquisa,
maio de 1984 p. 51-54.
AQUINO, Júlio Groppa. A violência escolar e a crise da autoridade docente. São Paulo:
Caderno Cede ano XIX, nº 47, dezembro/1998.
BARRIGA. A.D. Uma polêmica em relação ao exame. In ESTEBAN. M.T (org). Avaliação: uma
prática em busca de novos sentidos. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A,2000, p 51-82.
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APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA:
UMA ABORDAGEM DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DO
ENSINO FUNDAMENTAL I
RESUMO: Este trabalho visa fortalecer a pertinência e a divulgação das concepções
progressistas de educação valendo-se do conceito de mediação de Vygotsky da formulação
de uma prática que leve a aprendizagem significativa e da utilização da metodologia dialética
como norteadora dessas formulações. Para a elaboração deste estudo foi realizada uma
pesquisa bibliográfica, optando por alguns autores, dada a sua relevância, entre eles Libâneo
(1994), Vasconcelos (1994), Vygotsky e Kohl (2001), que puderam dar um embasamento
teórico em relação ao tema. A metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa qualitativa,
que enfatizou nosso problema de pesquisa, dando base de forma clara e precisa.
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a sistematização de novos saberes e com o afinal o conteúdo foi insignificante para ele
desenvolvimento de um raciocínio lógico, naquela ocasião, e não irá perceber como
é preciso que se evidencie neste processo, o que aprendeu poderá ser conduzido para
para os alunos, que é nesta experiência que o passo seguinte. Dessa maneira o ideal
de fato surge e se consolida o conhecimento. é que o professor apresente o plano geral
do conteúdo para depois passar às partes
específicas.
CONTRIBUIÇÃO DO
PROFESSOR PARA É fundamental que o educador conheça,
domine o assunto que irá trabalhar e as
TORNAR SIGNIFICATIVA A capacidades de seus alunos, podendo assim
APRENDIZAGEM DE SEUS realizar um trabalho que seja compreensível
ALUNOS para eles.
Como já foi esclarecido anteriormente, Para que o conteúdo não deixe os
para que um conteúdo seja significativo ele alunos “entediados” com repetições, o
deve se relacionar ou estar associado com ideal é que o professor saiba o que estes já
alguma coisa já conhecida, que tenha sentido aprenderam e quais são os seus interesses.
para o aprendiz. Outra maneira de se trabalhar o conteúdo
é através da descoberta, pois permite que
O autor Kuethe (1978, p. 86) afirma que: os mesmos testem diferentes hipóteses,
mas mesmo deixando os alunos livres
“Quanto maior for o número de associações que para experimentarem suas tentativas,
um dado conteúdo suscitar, mais significativo é fundamental a presença do educador
será (...)”. orientando e direcionando o trabalho deles.
Kuethe (1978, p. 89) completa que:
Sendo assim, como o professor pode tornar
a aprendizagem de seus alunos significativa, “(...) se alguma coisa a ser aprendida é significativa
desencadeando, consequentemente, um em função do que já foi aprendido, o aluno
ensino de qualidade? assimilará com facilidade o novo conteúdo”.
Em primeiro lugar é importante que o Quando o aluno adquiriu uma estrutura
professor tenha em mente que sua tarefa é intelectual poderá aprender conteúdos
fazer com que o conteúdo a ser trabalhado compatíveis rapidamente, assim, uma das
seja significativo para o aluno e que este principais tarefas do professor é de tornar
não deve ser trabalhado em partes isoladas, o conteúdo significativo para o aluno,
pois o aluno não irá conseguir recordar o possibilitando que este relacione o novo com
que aprendeu em um passado distante, o já aprendido, dessa maneira, para que isto
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aconteça é essencial uma metodologia, uma Para iniciarmos nossas reflexões trazemos
ação educativa que crie essas condições. a definição de mediação encontrada no
dicionário Michaelis (online):
O professor tem objetivos a alcançar com
sua prática educativa e sendo eles quais “me.di.a.ção
forem, as metas não serão alcançadas se sf (lat mediatione) 1 Ato ou efeito de mediar.
não houver algum método ou processo 2 Intercessão. 3 Astr Instante de culminação
que permita que os alunos caminhem em de um astro. 4 A divisão de cada versículo de
um salmo em duas partes, que é marcada com
direção a estas. A palavra método quer dizer
inflexão da voz, quando o ofício é cantado. 5
o caminho para se chegar a um determinado
Dir Contrato especial pelo qual uma pessoa,
lugar; ou seja, método é o caminho para
mediante remuneração, se incumbe de empregar
se alcançar os objetivos estipulados pelo
o seu trabalho ou diligência para obter que duas
planejamento de ensino. ou mais pessoas, interessadas num determinado
negócio, se aproximem com o fim de o realizar. 6
É importante que o professor tenha clareza Dir Interferência de uma ou mais potências, junto
que sua prática educativa deve considerar a de outras dissidentes, com o objetivo de dirimir
realidade de seu aluno, de relacioná-lo ao pacificamente a questão ocorrente, propondo,
contexto social, permitindo que desde cedo encaminhando, regularizando ou concluindo
ele participe da construção de seu próprio quaisquer negociações nesse sentido.”
conhecimento, contribuindo assim para que
ele se desenvolva gradativamente à medida Desta definição podemos destacar os
que reconhece a utilidade em se conhecer seguintes pontos, a começar pela de número
determinados conhecimentos, com base em 2: Intercessão, necessariamente implica
suas próprias necessidades; sua função deve em uma ação (encontrada também no que
ser de mediador da aprendizagem, criando se refere ao sentido de mediar, ficar entre
situações e condições ótimas para que seus dois pontos); do quinto ponto destacamos
alunos produzam uma interação construtiva o trabalho de conjunção entre pessoas
com o objeto de conhecimento. buscando sua aproximação e a realização de
algo; do sexto ponto destacamos que esta
interferência pode se dar em uma ou mais
MEDIAÇÃO E DIALÉTICA potências e suas possibilidades de propor,
encaminhar e concluir objetivos.
Aqui damos início à discussão que é a
Mediação, na qual buscaremos traçar a Transpondo esses aspectos evidenciados
importância do entendimento deste conceito para o campo da educação, podemos dizer
diante da construção de um trabalho que, essa intercessão implicativa de uma
significativo aos alunos e ao professor. ação, nos aponta a ideia de que o trabalho
do professor jamais está livre de intenções,
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professor preocupado com sua prática, faça uso das contribuições da metodologia dialética
para assim construir uma aprendizagem significativa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode mais admitir a concepção de que o professor
é um transmissor de conhecimento e o aluno é um mero
agente passivo. Essa ideia não se encaixa com a sociedade
atual em que vivemos em que há receptores que devem ser
sujeitos sociais que interagem com as mídias e com as outras
informações e conhecimentos de seu cotidiano.
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O estudioso ressalta que é importante que os educadores façam uma leitura do contexto
no qual estão inseridos para escolherem que prática pedagógica e desenvolve-la em sala de
aula.
O professor é entendido como um mediador, ele irá acompanhar o aluno na relação sujeito
– objeto de conhecimento – realidade, ele irá criar situações para que os alunos sintam
a necessidade de pensar, de refletir e reelaborar, construindo dessa forma o seu próprio
conhecimento. Vasconcelos (1994) ressalta que o que o aluno traz de conhecimento não
deve ser ignorado, pois o novo vai ser construído a partir do já existente. Ao fazer o aluno
pensar, o professor estará fornecendo a sua autonomia, preparando-o para atuar de forma
criativa, crítica e reflexiva.
Vygotsky foi outro autor pesquisado, pois a sua contribuição em relação ao aprendizado
e desenvolvimento do sujeito é de grande importância para o tema proposto.
KOHL (2001), em seus estudos afirma que Vygotsky defende que o homem se transforma
de ser biológico em sócio - histórico, num processo em que a cultura é parte importante,
pois as funções psicológicas irão se desenvolver a partir da interação do indivíduo com o
meio físico e social em que vive.
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As funções psicológicas são apoiadas de um lado nas características biológicas e por outro
lado, construídas ao longo da história do sujeito, isto é, os processos mentais inferiores como,
por exemplo, de recordação, assimilação, que já são do desenvolvimento natural do indivíduo,
a partir de vivências, experiências, do contato com o meio social, o sujeito irá internalizar
os conceitos, significados, superando estas funções elementares e transformando-as em
funções psicológicas superiores, possibilitando que agora o indivíduo compare, intérprete,
julgue, levante hipóteses, critique.
Assim, é importante que se dê a oportunidade do aluno pensar sobre os fatos que estão
sendo trabalhados, pois participando da construção do seu pensamento, ele estará se
desenvolvendo intelectualmente, adquirindo autonomia, responsabilidade e criticidade.
Diante das formulações apontadas, questionamos como podem ainda existir professores
que não consideram o contexto social que seus alunos estão inseridos e que valorizam
atividades mecânicas. Até que ponto os cursos de formação inicial têm oferecido repertório
básico para os novos professores atuarem de uma forma diferente, será o professor o único
culpado? Onde estão os coordenadores, orientadores que não estão acompanhando o
trabalho do educador, que não estão desenvolvendo projetos de formação continuada, a
qual ultimamente se faz tão necessária.
Se já na década de 90, os autores realizavam estudos em torno do processo de ensino-
aprendizagem dos alunos e sobre a prática pedagógica do professor, apontando o que o uso
de um e de outro método proporcionava, e que era necessário se romper com a metodologia
tradicional, e por que ainda hoje, com a globalização, a comunicação de massa e com a
mundialização das informações, que requer a formação de sujeitos críticos, reflexivos,
que interpretem o contexto que estão vivendo e que interajam neste, ainda encontramos
educadores que contribuem para a formação de indivíduos passivos, que concordam com o
que lhe são apresentados.
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REFERÊNCIAS
KOHL, Marta de Oliveira. Vygotsky- Aprendizado e Desenvolvimento- Um processo sócio-
histórico. 4.ed. São Paulo: Scipione, 2001.
KUETHE, James L. O processo ensino – aprendizagem. 3.ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática- Coleção Magistério 2º grau. Série formação do professor.
São Paulo: Cortez,1994.
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=mediação
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motorista que entrega produtos de casa em casa; crianças em torno de um jogo de mesa ou
correndo pelo pátio; seja qual for a brincadeira, as crianças estão sempre aprendendo quem
elas são, como as coisas funcionam, estão percebendo o mundo ao seu redor e formando
uma memória do que fazem e aprendem.
A produção das culturas infantis vai se tornando cada vez mais complexa conforme
os adultos- educadores- possibilitam relações e interações significativas, provocam o
levantamento de hipóteses, disponibilizam a exploração de objetos, materiais, brinquedos
diversos e organizam espaços educativos provocadores. Assim, o papel do adulto educador/
educadora vai muito além de apenas oferecer possibilidades e experiências diversificadas
do brincar. É preciso avançar nessa concepção, assim, o educador e educadora é parte do
grupo, observa, reflete e interpreta as ações das crianças legitimando suas “vozes”, nesse
sentido, avalia as práticas e potencializa o brincar criando possibilidades para maximizar o
desenvolvimento e aprendizagem.
A criança quando envolvida com a arte e com a ludicidade, cria e percebe os objetos
simbólicos. A criança precisa vivenciar ideias em nível simbólico para compreender o
significado na vida real. O pensamento da criança evolui a partir de suas ações, razão pela qual
as atividades são tão importantes para o desenvolvimento do pensamento infantil. Mesmo
que conheça determinados objetos ou que já tenha vivenciado determinadas situações, a
compreensão das experiências fica mais clara quando as representam em seu universo de
faz de conta.
Os jogos tradicionais infantis são aquelas brincadeiras que fazem parte da cultura popular
e são transmitidas de geração em geração e segundo Kishimoto (2002) algumas conservam
sua estrutura inicial e outras vão se modificando com o passar do tempo. Os jogos são
importantes no desenvolvimento infantil e é necessário que sejam criadas situações
favoráveis para que passem a fazer parte do cotidiano das crianças, tanto em situações
espontâneas, como em situações dirigidas e orientadas pelos adultos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os jogos e brincadeiras abrangem grande parte do
desenvolvimento da criança, quando representam situações
observadas no cotidiano, criando situações imaginárias
confrontada com o real e desenvolvendo suas capacidades
e habilidades. O lúdico nas práticas escolares proporciona
uma aprendizagem significativa, além de entreter e divertir, a
criança aprende brincando e experimentando novas ideias e
novas ações nos fazeres cotidianos da escola, desenvolvendo
diferentes habilidades e competências essenciais para a EVANDRO FABRÍCIO
aprendizagem. AMÉRICO DE CAMPOS
Graduação em Educação Física pela
A ludicidade faz parte de todos os contextos de Universidade Bandeirante – UNIBAN
aprendizagem proporcionados a criança e a brincadeira (2001); Graduação em Pedagogia pela
e o jogo possuem uma intencionalidade e um propósito Universidade Bandeirante - UNIBAN
bem definido, por meio do lúdico a criança aprende e se (2007); Especialista em Treinamento
desenvolve na infância, além disso, os jogos podem ser Desportivo pelas Faculdades
trabalhados com diferentes intencionalidades auxiliando Metropolitanas Unidas – FMU (2009);
a criança a compreender regras e a seguir determinados Especialista em Educação para a
A educação compreende que o brincar e o jogar favorecem Faculdade Brasil (2018); Professor de
Ensino Fundamental II na Prefeitura do
o desenvolvimento de habilidades físicas, cognitivas, sociais
Município de São Paulo.
e afetivas. Dentre elas: a criatividade, o raciocínio lógico, a
representação simbólica, o planejamento, a capacidade de
respeitar regras, de considerar diversos pontos de vista e de criar vínculos consistentes
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9. ed. São Paulo: Loyola, 1998.
BRASIL, MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394, de 20 de dezembro de 1996.
GRANDO, R.C. O conhecimento Matemático e o uso de jogos na sala de aula. Campinas: FE/
UNICAMP. Tese de Doutorado, 2000. 183 p.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Educação, Arte e Jogo. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
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A IMPORTÂNCIA DO USO DA
TECNOLOGIA NO ENSINO
DE HISTÓRIA
RESUMO: Tendo em vista os desafios que o uso das Tecnologias impõem na sociedade
atual, a área da Educação não pode ficar de fora, dessa forma, o ensino de história também
tem que adentrar nesse novo mundo. Assim sendo, o texto discute acerca das inovações
tecnológicas na disciplina de História, explicitando seus desafios e compromissos diante da
sua situação atual no contexto social brasileiro. Por meio do uso das Tecnologias no ensino de
História o aluno pode se desenvolver para além dos conteúdos da disciplina, desenvolvendo
a criticidade, a autonomia e os conceitos básicos de cidadania para conseguir ser inserido na
vida em sociedade de forma satisfatória e eficiente.
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Na primeira metade do século XX, às Hoje, viver sem computador e sem internet
vésperas da 2ª guerra mundial, nasce a ideia é praticamente inviável. Os suportes, como
do computador, o MARK I apresentado livros, revistas, jornais tornaram-se, de
pelo professor de Havard, Howard Aiken. certa forma, obsoletos. Rapidamente as
Em 1943 com a ajuda da IBM e da Marinha informações tornaram-se digitais. A rede
Americana, Howard, concretiza a ideia mundial de computadores World, Wide
do primeiro computador eletrônico. É Web torna-se uma grande concorrente
importante ressaltar as dimensões do desses recursos utilizados, interligando os
PC, como comumente é conhecido, para quatro cantos do mundo em tempo real. É
vislumbrar a rapidez da sua evolução. difícil encontrar alguém que não tenha pelo
menos ouvido falar em termos como email,
O primeiro computador era menos orkut, site. Uma nova dimensão de leitura
poderoso que certas calculadoras atual. e veiculação de informações implicaram
O MARK I possuía 2,5 m de altura, 18m também numa nova forma de lidar com o
de comprimento, pesava 30ton, continha conhecimento.
750.000 partes e mais de 700 km de cabos.
Hoje, o menor computador pesa em torno O sistema educacional, ainda que a passos
de 1kg, os nets boocks. Sem falar que, lentos, se ver forçado pelas circunstâncias
pode se obter informações e se comunicar do progresso cultural e tecnológico a sair
com pessoas em qualquer parte do mundo, do surrealismo. Não cabe mais em pleno
por meio do aparelho de celular conectado século XXI fazer vistas grossas a essas
a inernet, através do molder, que cabe na transformações e continuar utilizando giz e
palma da mão. louça como recursos. Como não ter como
diferencial na aprendizagem as bibliotecas
Em 1961, chega o primeiro computador on-lines, os sites de pesquisa, blogs ou até
ao Brasil, o UNIVAC, para o IBGE. A mesmo as redes de relacionamentos?
popularização do computador começou
na década de 80 com os desktops e
os laptops. Nas décadas de 90 a 2000 O ENSINO DE HISTÓRIA DO
efetivamente essas máquinas tornam- SÉCULO XIX AO XXI
se mais acessíveis as massas populares
sendo de grande impacto nas populações O novo milênio apresenta um novo
mundiais. Possibilitou-se novas formas de desafio para o ensino de História. Como lidar
comunicação e principalmente, agilidade nas com a descarga de inovações e informações
transações econômicas. Os relacionamentos sem nos deixar sugar pela onda neoliberal
pessoais e os hábitos em geral passaram dos achismos? De que forma podemos
por transformações tão profundas que nos utilizar a internet para enriquecer o ensino
remete a uma nova dimensão cultural. de História sem podar o ser humano da
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sua formação crítica? Essas reflexões trás compreensão dos processos e dos sujeitos
um despertamento para a responsabilidade históricos, o desvendamento das relações
de repensar algumas práticas pedagógicas que se estabelece entre os grupos humanos
dessa disciplina. É relevante, mostrar que é em diferentes tempo e espaço. Então como
possível desenvolver uma prática no ensino articular o uso de novos procedimentos
de História adequada aos novos tempos que metodológicos para desenvolver pelo menos
envolva a nova geração: rica de conteúdo, com razoabilidade o que a lei e os objetivos
socialmente responsável e sem ingenuidade de História propõem? Para tentar responder
e/ou nostalgia. a tais questionamentos será feita uma análise
de algumas políticas públicas do país.
A lei de Diretrizes e Base da Educação
Nacional, 9394/96, no seu artigo 22, indica Desde 1995 a educação brasileira convive
o caminho a perseguir na educação básica: com a proposta de transversalidade, atrelada
“desenvolver o educando, assegurar-lhe aos Parâmetros Curriculares Nacionais
a formação comum indispensável para o (PCNs), publicado pelo Ministério de
exercício da cidadania e fornecer-lhes meios Educação. A partir da necessidade de se
para progredir em seu trabalho e em seus discutir questões sobre a realidade brasileira
estudos posteriores.”. Enfim, a finalidade da especialistas de diversas áreas do ensino
escola básica, segundo a lei, não se restringem fez uma análise da problemática no país e
a assimilação maior ou menor de conteúdos apresentou cinco temas transversais para a
prefixados, mas se comprometem a articular educação nacional: ética, pluralidade cultural,
conhecimento, competências e valores com saúde, orientação sexual e meio ambiente. A
o objetivo de capacitar os alunos a utilizarem proposta é que esses temas sejam referencial
das informações para transformações da dos conteúdos das diversas disciplinas e
sua própria personalidade, assim como para que estes possam nortear a elaboração dos
atuar de maneira efetiva na transformação objetivos, programas e conteúdos que serão
da sociedade. desenvolvidos nas escolas.
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telão. As salas têm TV pendrive, aparelho de e um mísero salário que mal dá para a sua
DVD. Constatou-se que, apesar de estarem sobrevivência!?
equipadas, os aparelhos não são utilizados
porque o professor não tem conhecimento
dos recursos do computador, desenvoltura O PAPEL DO GOVERNO E
com a internet e tem dificuldade para operar O PROFESSOR – SÓ PARA
os aparelhos disponíveis.
REFLETIR!
O que se pode constatar com tudo isso? O primeiro compromisso da atividade
É possível mobiliar uma casa de taipa, sem profissional de ser professor (o trabalho
energia, com móveis e objetos de última docente) é certamente de preparar os
geração? Fica sem sentido, é o que nos parece. alunos para se tornarem cidadãos ativos
Que utilidade terá os objetos se não tem e participantes na família, no trabalho e
energia para usá-los? Será que não tem mais na vida cultural e política. Independente
lógica se edificar o alicerce e construir uma da profissão o professor é a base dessa
casa segura, para depois pensar em mobiliá- construção, do novo ser profissional. Mas,
la apropriadamente? Se há condições para antes de tudo necessita de reconhecimento
mobiliar não se terá também para construir? e valorização, por parte do governo e da
Não é preciso ser economista para saber própria sociedade, pelo papel primordial que
que na lógica do investimento, para se ter exerce na formação das pessoas. O trabalho
um bom retorno, primeiro se constrói uma docente visa também à mediação entre a
estrutura firme, sólida, para depois mobiliar. sociedade e os alunos. Libâneo afirma que,
como toda a profissão, o magistério é um ato
Quando se fala em paradigmas a serem político porque se realiza no contexto das
rompidos, o professor aqui não será relações sociais.
crucificado. Já basta o descrédito sofrido
por parte da sociedade e desrespeito pelo Em 1993 foi elaborado pelo Ministério da
governo. Faz-se menção, também ao velho Educação (MEC) o documento Plano Decenal
chavão dos governantes que investem de Educação para Todos, destinado a cumprir
tanto na educação e não dão a devida no período de uma década (1993 a 2003),
importância de valorizar a sua mão de obra as resoluções da Conferência Mundial de
prima, o professor. Se o homem mencionado Educação Para Todos, realizada em Jomtien,
na mensagem fosse descongelado hoje, na Tailândia, em 1990, pela Unesco, Unicef,
por certo ele se identificaria logo com o PNUD e Banco Mundial. O plano pauta-se na
professor. É relevante que o “mestre” busque preocupação da comunidade internacional
capacitar-se para lidar com a nova era do com a educação, por causa do novo cenário
conhecimento, mas como é possível com social advindo da sociedade da informação.
cargas horárias exaustivas de 60h e/ou 80h O objetivo prioritário deste é assegurar
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Plano, citada uma por uma anteriormente, quantas se refere, ao devido reconhecimento
profissional do professor? A meta 17 menciona a equiparação (fala-se de aproximação)
salarial do magistério público da Educação Básica aos demais profissionais com escolaridade
equivalente. No entanto em 2008 – já com atraso de 3 anos – o Piso Salarial Profissional
Nacional pela Lei nº 11.738 a pretensão foi de reajustar 15,85%, sendo que a remuneração
mínima do professor de nível médio e jornada de 40 horas semanais passariam a ser R$
1.187,00. O professor do ensino básico em 1º de outubro de 2010 teria um reajuste um
pouco mais dos seus 950,00 (novecentos e cinquenta reais) para 1.024,67 (mil, vinte e quatro
reais e sessenta e sete centavos) por uma jornada de 40h semanais.
Infelizmente, a equiparação salarial dos docentes aos demais profissionais com escolaridade
equivalente é uma realidade bem distante. Pelo depoimento da professora Amanda Gurgel
no programa do Faustão dia 22/05 deste ano ressaltando a indignação do seu salário de
950,00 (novecentos e quarenta reais) por uma jornada de 40h semanais, dá indícios que
no país está desigualdade é mais acentuada do que parece. Refazendo os cálculos do piso
salarial estabelecido pelo MEC numa jornada de 20h semanais o professor do ensino básico
recebe, com base no salário mínimo atual (545,00) um pouco menos do que o salário mínimo
dado aos trabalhadores com escolaridade mínima para o desempenho da função. Ao concluir
a licenciatura, que fica em média quatro anos de estudo, após a diplomação, tem no salário
um acréscimo de 50,00 (cinquenta reais).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema pode ser direcionado para várias vertentes, mas
a discussão será direcionada para as possibilidades que o
professor tem, principalmente o de História, de capacitar-se
para enfrentar o novo mundo do conhecimento.
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Por outro lado, a internet também oferece os mais variados riscos para o homem, como os
sites de relacionamentos, á exposição de informações pessoais, dados de cartões de crédito,
de banco etc. A internet é responsável, muitas das vezes, por multiplicar as informações
sem compromisso metodológico. A rede está repleta de sites com informações históricas
questionáveis. Então, como utilizar uma ferramenta repleta de riscos e incontrolável na vida
das pessoas a favor do ensino de História?
Paulo Freire cita em uma frase que: “A educação é um ato de amor, por isso, um ato
de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade, não pode fugir a discussão
criadora, sob pena de ser uma farsa.”
Educar é um ato de amor, pois se assim não fosse essa profissão já estaria extinta. Porém,
não basta tão somente o amor é necessário aptidão e, principalmente, estímulo salarial.
Para que a utopia torne-se realidade no ensino de História se faz necessário existir um
compromisso maior por parte do governo com a educação no país. Mais investimentos
tecnológicos nas escolas e uma valorização real do magistério.
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REFERÊNCIAS
BERUTTI, Flávio e MARQUES, Adhemar. Ensinar e aprender história – Belo Horizonte: RHJ,
2009.
KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas – 6.ed. 1ª
Reimpressão – São Paulo: Contexto, 2010.
MOCELLIN, Renato. História e cinema: educação para as mídias - São Paulo: Editora do
Brasil, 2009.
RAMOS, Edla Maria Faust; FIORENTINI, Leda Maria Rangearo; ARRIADA, Mônica Carapeços.
Introdução à Educação Digital: guia do formador. – 2ª Ed. – Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação à Distância, 2009
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A NEUROCIÊNCIA APLICADA A
APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE
INTELECTUAL
RESUMO: Questionando se a escola pública desempenha um papel ambíguo frente à
diversidade na qual de um lado, abriu as portas aos alunos com deficiências físicas; de
outro não se preparou para isso quando deveria ter se preparado. Objetivou-se discutir o
que é a deficiência intelectual, seus fatores e causas. Abrange-se o campo da inclusão do
deficiente intelectual debatendo o estudo e as técnicas utilizadas para tornar mais acessível
ao aluno deficiente intelectual, o acesso à educação completa e concreta. Por meio da
revisão bibliográfica em livros, artigos e teses pretenderam-se mostrar que a importância do
tema está no fato de que, a criança com deficiência intelectual deve ser assistida da mesma
forma que as demais, isto é, é preciso que ela tenha condições sociais e educacionais de
desenvolver-se por completo, para que também possa atuar concretamente na sociedade
que integra.
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escola pública. Outra parte esta matriculada processo de construção de cada individuo,
em classes especiais da rede pública e um seja ou não deficiente (BRASIL, 1998, p. 96).
pequeno grupo esta integrado em classe ou
em escola comum. A educação a que nos referimos tem um caráter
amplo e complexo, envolvendo todas as ações
Tendo isto em vista, é importante provocar e as relações planejadas ou não, formais ou
os professores no sentido de despertá-los informais produzidas pelo individuo e para ele,
tendo como propósito uma atitude continua de
para a questão da inclusão e da integração
preparar e se preparar, formar e se formar, pela
do aluno com deficiência mental no espaço
vida e para ela. Assim entende-se, lembrando-
social. Esse espaço não inclui apenas a
nos de Freinet (2004), para quem a “Educação
escola e a família, mas também ruas, praças,
não é uma formula de escola, mas sim uma obra
parques, feiras, clubes enfim todos os de vida” (SALES, 2018, p. 08).
espaços que possam ser ocupados por esses
alunos, em direção a sua autonomia e a sua
participação social. O processo educacional voltado para as
pessoas com deficiência mental deveria ser
Para superar as barreiras do preconceito, pensado nessa mesma perspectiva, ou seja,
um caminho possível passa, por um lado, pelo tendo em vista a preparação para a vida
conhecimento da condição de deficiência, na na família, na escola e no mundo. Se isso
dimensão do sujeito; e, por outro lado, pelas ocorresse, o processo educacional resultaria
atitudes e pelo comportamento da sociedade, naturalmente em convívio e participação
na dimensão social. Somente assim social.
poderemos efetivar ações que garantam o
pleno acesso dessa parcela da população aos Porém, como os mitos e preconceitos
recursos sócios educacionais disponíveis. O ainda rondam o imaginário da grande
acesso a recursos educacionais não é apenas maioria das pessoas, deve continuar falando
um direito do cidadão com deficiência, mas em Educação Especial, com todas as
também uma das vias que pode garantir o especificidades que lhe são próprias ou, por
exercício de sua cidadania e a apropriação vezes, impróprias (BRASIL, 1998).
da mesma.
A aprendizagem ao contrario do pensam muitos
Refletir sobre a integração da pessoa com responsáveis, não depende só das condições
deficiência mental implica necessariamente internas inerentes ao individuo que aprende.
repensar o sentido atribuído à educação. Ela constitui o corolário do equilíbrio de tais
condições internas de aprendizagem com as
Implica, portanto, atualizar nossas
condições externas de ensino inerentes ao
concepções e dar um nono significado aos
individuo que ensina: como Piaget nos ajuda a
propósitos educacionais, compreendendo a
compreender, a adaptação a situações e exige um
complexidade e a amplitude que envolve o
equilíbrio e uma organização entre o processo
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mas também que esta habilidade esteja Pensando especificamente na criança com
encadeada em um contexto de significação deficiência mental, o terapeuta ocupacional
que permita à pessoa com deficiência mental muitas vezes, tem dificuldade de selecionar e
construir um raciocínio flexível, no sentido de discriminar estímulos do meio, de organizá-los
fazer uso desta habilidade como instrumento de maneira que possam ser compreendidos
de transformação e compreensão do mundo. e transformados em ações significativas. O
terapeuta ocupacional trabalha construindo,
Neste sentido quando uma criança com estas crianças e suas famílias, ações que
com problemas mentais é assistida por a auxiliem a desenvolver uma compreensão
um terapeuta ocupacional, este pode sobre o mundo que a cerca (BARTALOTTI e
analisar a ação da criança e intervir, YONEZAKI 2008).
tendo como base uma interpretação do
encadeamento, das interrelações dos Assim, o terapeuta ocupacional trabalha a
componentes neuromotores, perceptivos, motricidade, entendida como uma manifestação
cognitivos, sócio-emocionais (BARTALOTTI do desejo de estar e atuar no mundo.
e YONEZAKI 2008). Desenvolve, portanto, ações específicas que
visem ao desenvolvimento da motricidade a
partir da (ou estimulando a) ação intencional,
O processo terapêutico ocupacional configura-
através de atividades que promovam situações
se em um caminho para a libertação possível
concreta e simbolicamente mediadas. Faz uso de
da regulação externa, através da construção do
conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil
sujeito como indivíduo, alguém que reconhece
e sobre a deficiência de maneira geral, assim
suas necessidades, desejos, possibilidades e,
como de técnicas de manipulação e abordagem
fazendo uso desta consciência, age. Retomando
terapêutica para estabelecer um processo
a discussão realizada sobre integração/
terapêutico baseado na tríade terapeuta-
inclusão social, podemos afirmar que a Terapia
criança/família-atividade, no qual cada um
Ocupacional tem aqui um papel primordial
dos integrantes assume o papel de agente/
(BARTALOTTI e YONEZAKI 2008, p. 49).
transformador. (BARTALOTTI e YONEZAKI
2008, p. 51).
Assim, observa-se neste contexto o papel
do terapeuta ocupacional, que é o profissional Uma parte de suma importância no
que estuda e intervém na ação humana, no trabalho com a terapia ocupacional, ainda
cotidiano. No trabalho com pessoas com segundo a mesma autora, é o realizado junto
deficiência mental sua intervenção se volta, com a família, tornando-se parte integrante
justamente, para a construção da ação do processo terapêutico, pois tem como
significativa, para a ação independente. É objetivo favorecer a construção de um olhar
importante entender que independência é sobre a criança, que perceba suas diferenças,
mais do que a capacidade de fazer sozinho: mas, ao mesmo tempo, valorize e estimule
é a capacidade de decidir o que deseja fazer. suas produções.
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Neste sentido, terapeuta e família novos tratamentos para uma grande gama de
precisam desenvolver uma parceria distúrbios do sistema nervoso, que debilitam
no acompanhamento do processo de e incapacitam milhões de pessoas todos os
desenvolvimento da criança, estabelecendo anos. Apesar dos progressos durante a última
uma relação de confiança que permita a década e os séculos que a precederam, ainda
abordagem do cotidiano familiar e, mais existe um longo caminho a percorrer antes
especificamente, do lugar da criança nesse que possamos compreender completamente
cotidiano (BARTALOTTI e YONEZAKI 2008). como o encéfalo realiza suas impressionantes
façanhas. Entretanto, essa é a graça em ser um
neurocientista: nossa ignorância acerca da
NEUROCIÊNCIA E O função cerebral é tão vasta que descobertas
PROCESSO DE ENSINO excitantes nos esperam a qualquer momento
(BEAR, 2010, p. 21).
APRENDIZAGEM
A Neurociência estuda as variações entre Uma das questões que levantam debates
o comportamento e a atividade cerebral, a respeito da proposta de uma educação
tratando-se de um campo interdisciplinar orientada para a inclusão é como praticá-
que abrange várias outras disciplinas la. Lembramo-nos a todo o momento,
como neuroanatomia, neurofisiologia, da importância de nosso papel como
neuroquímica, neuroimagem, genética, formadores de cidadãos; ao mesmo tempo
neurologia, psicologia, psiquiatria e em que, embora também sejamos cidadãos,
pedagogia. Essas ciências reunidas formam a nem sempre somos respeitados como tal; de
Neurociência e juntas investigam o sistema forma que muitas vezes somos impedidos
nervoso procurando entender como ele se de exercer nós mesmos, nossos próprios
desenvolve, sua aparência entre indivíduos e deveres de cidadania e assim, de servir de
espécies bem como ele deixa de funcionar exemplo àqueles que formamos, por faltar-
(HENNEMANN, 2012). nos às condições básicas.
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pedagógica inclusiva que possa ser dada, o não saber e o problema, são essenciais
precisamos primeiro analisar quem está para a vida, que não há respostas prontas,
excluindo e de que maneira esta exclusão que a aprendizagem é uma construção que
está acontecendo, para então, decidirmos o se dá no dia a dia.
que podemos fazer.
Deficientes físicos necessitam de
Por outro lado, no processo de investigação profissionais comprometidos, que gostam
redescobrimos nossa autonomia, uma vez do que fazem e que se sensibilizem com as
que não precisamos esperar por maiores dificuldades das pessoas com deficiência. Um
iniciativas governamentais para começarmos desafio que se coloca para a efetiva inclusão
a agir. escolar de pessoas com necessidades
especiais é parte dos professores uma
A postura pedagógica dos professores formação fundamentada nos pressupostos
passou por um processo de reconstrução, da educação inclusiva.
orientada em conjunto com o próprio corpo
docente, num trajeto envolvendo desde a O educador pode desempenhar um
sala de aula, passando pela coordenação importante papel na percepção dos alunos de
e Direção, até a secretaria da educação, que esses têm potencialidades e limitações
dependente do desenvolvimento da diferentes. Sugerem propostas de atividades
capacidade interna da escola como um todo, em que os alunos sejam estimulados sobre
bem como um compromisso abertamente suas habilidades e identificadas suas
assumido, por cada participante da pesquisa. limitações. (STAIMBACK E STAIMBACK
1999, p.23).
Para que a escola se transforme num local
de produção cultural e de transformação O professor necessita de atualização
social, ela não pode se restringir enquanto permanente, buscar sempre informações.
influência e interferência rica no universo Saber somente sobre a sua área de atuação
do aluno. Uma mudança importante não é mais suficiente para atender as
e fundamental para os professores necessidades dos alunos. O processo
trabalharem com crianças com necessidades educativo precisa estar vinculado ao contexto
especiais é a possibilidade de pensar numa social, em que o aluno está inserido. Para
escola inclusiva, criar espaços adequados, isso deve conhecer e usar as tecnologias,
ter especialistas para apoio e um trabalho bem como outros recursos pedagógicos.
contínuo com as famílias.
O acesso a Internet é uma ferramenta
Quando se fala inclusão, é preciso escutar que pode facilitar na inovação de propostas
as crianças com necessidades especiais, pedagógicas alternativas, bem como no
buscar respostas, lidar com a incerteza, com contato com o conhecimento de ponta para
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comparar e avaliar as propostas. Isso se faz possível, desde que as escolas estejam equipadas
tecnologicamente.
As tecnologias estão presentes em cada uma das pegadas que o ser humano deixou sobre
a terra, ao longo de toda a sua história. Desde um simples pedaço de pau que tenha servido
de apoio, de bengala, para um homem no tempo das cavernas, por exemplo, até as modernas
próteses de fibra de carbono que permitem, hoje, que um atleta com amputação de ambas
as pernas possa competir em uma Olimpíada, disputando corridas com outros atletas sem
nenhuma deficiência (LÉVY, 1999 apud GALVÃO FILHO, 2009, p. 38).
O professor deve observar quais as reais necessidades destas crianças e muitas vezes
analisar caso por caso a fim de poder proporcionar possibilidades para que a criança possa
desenvolver sua cognição através do que lhe é disponibilizada no meio virtual.
Sabe-se que a inclusão na escola regular não resolverá a questão da deficiência da criança,
visto que é um problema real, clínico e objetivo, mas ela será amenizada à medida que a
sociedade se preparar para receber essa criança, porque, não podemos ser ingênuos a ponto
de acreditar que apenas uma lei resolverá a questão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na atualidade muito se discute sobre a situação da vida de
uma pessoa com deficiência, principalmente a sua entrada
e permanência na escola, além do preparo dos professores
para adaptar a criança deficiente com o objetivo de prolongar
sua permanência na escola.
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Consideram-se imprescindível que as pessoas que cercam a criança tornem seu mundo
menos complexo e mais acessível as suas necessidades. Na educação, o acesso da criança
com deficiência intelectual deverá ter uma infinidade de ferramentas a qual trabalhar,
possibilitando uma integração efetiva e tornando seu desenvolvimento escolar muito mais
rico e abrangente.
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REFERÊNCIAS
BALLONE, G. J. Infância e Adolescência. in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.
psiqweb.net, revisto em 2015. Acesso em 10 mar. 2019.
FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
GALVÃO FILHO, T. A. Tecnologia Assistiva para uma escola inclusiva: apropriação, demandas
e perspectivas. 2009. 346 f. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal da
Bahia, Salvador Bahia. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/
Tese%20Teofilo%20Galvao.pdf. Acesso em 12 mar. 2019.
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STAIMBACK S.; STAIMBACK W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre, Artmed,
1999.
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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA
FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DE
ZERO A TRÊS ANOS
RESUMO: A presente pesquisa pretende analisar as contribuições da música na formação
das crianças, especialmente na faixa etária de zero a três anos. Como objetivos específicos
encontram a integração e motivação das crianças por meio da música, o desenvolvimento
da concentração, as brincadeiras envolvendo a invenção, a imitação e a reprodução de sons,
além disso, enfatizamos a importância da música na formação de seres humanos melhores.
Faz parte da metodologia, o levantamento bibliográfico baseado em livros de diferentes
autores que estudam a importância da música na formação das crianças, bem como as leis
que respaldam seu uso em contexto escolar.
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intenção, assim, como o ruído que se definiu O contato da criança com a música antes
como música, valorizando seu valor estético. do seu inicio na escola é fundamental para seu
aprendizado, pois no processo pedagógico
o barulho do mar, o vento soprando, as folhas entende-se como música um procedimento
balançado no coqueiro... ouvimos o bater de que envolve diferentes fatores como sentir,
martelos, o ruído de máquinas, o motor de experimentar, imitar, criar, tornando a criança
carros ou motos... o canto dos pássaros, o miado mais sensível, coordenada, comunicativa e
dos gatos, o toque do telefone ou despertador...
receptiva. Este processo de musicalização
ouvimos vozes e falas, poesia e música...(BRITO,
em bebês começa de forma espontânea
p.17 , 2003).
pelo contato com diferentes sons, inclusive
a música.
Educar musicalmente tem por finalidade
sensibilizar o indivíduo tornando-o apto Com os bebês, as músicas presente no dia
a expressar-se por meio da música, seja a dia, sejam de dormir, as de roda de música
pela execução, pela composição ou ou as parlendas, enfim, a música em geral
ainda pela simples apreciação, fazendo tem papel importante no desenvolvimento
evoluir neste indivíduo competências e favorecendo a fala, o cognitivo e afetivo,
habilidades musicais, sempre associadas ao estreitando os laços entre adulto e criança.
conhecimento artístico, histórico e cultural.
Desenvolvendo nele senso estético. Há crianças que acompanham uma
música seguindo o pulso, sem que haja
Além desta finalidade que a autora uma organização prévia dela, ou mesmo
reforça acredito na importância de oferecer são capazes de criar suas próprias canções
atividades ricas de música às crianças a fim explorando instrumentos, pois reproduzem
de auxiliá-las a expor suas emoções. gestos, experimentam e assim, criam.
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Mesmo as pessoas não dando muito valor O educador pode buscar músicas
a música no desenvolvimento da criança, e que relacionam com seus conteúdos
mesmo sendo avaliada como uma linguagem desenvolvidos em sua temática, para tornar
difícil de trabalhar justamente pela falta a aula mais dinâmica e auxiliar a recordar
de familiaridade com a arte no processo informações.
de formação deste professor, as crianças
interagem com a música, e isso ajuda muito A música não deve servir somente como
na educação geral. O mais importante é apoio para outras temáticas e sim como
integrar a música no contexto educacional, e linguagem artística favorecendo a expressão
não transformá-la em recreação. e a cultura, proporcionando uma reflexão e
tornando o aluno mais crítico.
A música em sua história educacional
vem atendendo vários objetivos e também Assim como as atividades de musicalização
como suporte para boas maneiras. Com a prática do canto também traz benefícios
isso, essas músicas vêm acompanhadas de para a aprendizagem, por isso deveria ser
gestos mecânicos. Esse processo vem sendo mais explorada na escola. Bréscia (2003)
repensado, mas ainda vemos em várias afirma que cantar pode ser um excelente
escolas a defasagem na área da música e companheiro de aprendizagem, contribui
o não sucesso da integração da música no com a socialização, na aprendizagem de
contexto escolar, ela se torna assim como as conceitos e descoberta do mundo. Tanto no
outras temáticas, algo pronto para se apenas ensino das áreas do conhecimento quanto
reproduzir. Tornando a música algo sem valor nos momentos de entrada e saída cantar
e até mesmo sem sentido, não despertando e ouvir música pode ser um veículo de
a sensibilidade, ou seja, o sentir, o viver e o compreensão, memorização ou expressão das
apreciar a música. emoções. Além disso, o canto também pode
ser utilizado como instrumento para pessoas
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curto, mas ao longo do tempo, em que eles emitem. Importante que esteja à disposição
se apropriam das atividades propostas e das crianças essa diversidade de materiais
da rotina, eles se concentram e tornam-se para que possam aguçar a curiosidade e
mais participativos demonstrando atenção, criarem. Atentar para que os instrumentos
entusiasmo e envolvimento nas atividades industrializados não sobressaiam, visto que
propostas. Quando as músicas são faz com que a criança brinque de músico,
apresentadas e ensinadas pelo adulto, no não dando a importância devida ao som que
caso, o professor, a criança após um período ela produz.
apropria-se das canções e executa os gestos
tendo ou não a participação do adulto. Quando as crianças são estimuladas a
criarem os instrumentos, elas adquirem
Segundo o RCNEI (1998, p. 51): intimidade com a música e a atividade
torna-se significativa. Esta criação pode
O ambiente sonoro, assim como a presença da iniciar mostrando instrumentos prontos,
música em diferentes e variadas situações do artesanais, industrializados, confeccionados
cotidiano fazem com que os bebês e crianças pelo professor, e assim, as crianças utilizam
iniciem seu processo de musicalização de forma de sua criatividade pra criarem novos objetos
intuitiva. Adultos cantam melodias curtas,
por meio dos quais já existem. E se apropriam
cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas,
dos diferentes sons que os distintos objetos
com rimas, parlendas etc., reconhecendo o
emitem. O ambiente de criação deve ser
fascínio que tais jogos exercem. Encantados
lúdico e a criatividade, valorizada. À medida
com o que ouvem, os bebês tentam imitar e
responder, criando momentos significativos
que os instrumentos são criados, o educador
no desenvolvimento afetivo e cognitivo, pode contar a história da evolução da criação
responsáveis pela criação de vínculos tanto com dos instrumentos, levando-os a novas
os adultos quanto com a música. Nas interações possibilidades de invenção, e fazendo com
que se estabelecem, eles constroem um que reflitam sobre as diferentes culturas
repertório que lhes permite iniciar uma forma de valorizando-as.
comunicação por meio dos sons.
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as crianças, sem pedir que as mesmas cantem significa apenas cantar enquanto se conta,
mais alto, já que precisam diferenciar o cantar mas, valorizar cada momento a história,
do gritar. À medida que imitam o que ouvem alternando a entonação da voz (grave ou
elas desenvolvem a expressão musical. Vale aguda), com mais ou menos intensidade,
enfatizar que não há necessidade de cantar fazendo com que a criança perceba a
em todos os momentos da rotina, para que diversidade sonora e expressiva. Utilizar
a música não se torne mecânico e repetitivo. objetos e o corpo tornam esses momentos
Para isso, é importante deixar que a criança ricos. O educador que conta a história pode
use sua imaginação, e não apenas siga os realizar esses sons, bem como outra pessoa,
gestos ensinados pelo educador, usando sua escondida, levando as crianças a aguçarem
criatividade e, sem a obrigação de repetir cada vez mais a curiosidade estimulando a
sempre os mesmos gestos. Há a necessidade atenção.
de ensinar às crianças diferentes músicas
de diferentes gêneros, apresentando as Por isso, a necessidade do educador de
diferentes culturas, de diferentes povos, para ensinar os sons às crianças e a importância
que sejam estimuladas a criarem, partindo do silêncio. Contudo, faz-se necessário
do que já existe. Nosso país é rico em compreender que o trabalho em que a música
cultura e diversidade e as mesmas devem ser está envolvida deve ser ricamente planejado,
valorizadas. Com isso, a escola é um excelente e não apenas servir de pano de fundo para
local para se trabalhar com a música e a outras atividades. É preciso planejamento,
diversidade que existe. Importante ressaltar dar importância a esses momentos e não
que, devemos aproveitar o que cada criança apenas deixar a música tocando o dia
conhece, mas isso não significa trabalhar todo no ambiente sem que haja critério,
apenas com músicas transmitidas pela mídia, planejamento prévio.
que costumam apresentar um repertório
empobrecido, visto a diversidade existente. Importante ressaltar que a avaliação será
sempre comparando a criança a ela mesmo,
Crianças nesta faixa etária possuem um em todo seu processo de realização, de
tempo de concentração curto, as histórias forma a considerar seu ponto de partida e
infantis, e o hábito de ouvi-las precisa ser chegada, visando os progressos alcançados
ensinado e estimulado. Frequentemente por cada criança.
percebemos que os educadores ao iniciarem
essas atividades com crianças tão pequenas A maneira que a avaliação dar-se-á é
introduzem músicas às histórias. Segundo continua, de forma a considerar as vivências
BRITO (2003,p. 161) “a história também das crianças, servindo de suporte ao trabalho
pode tornar-se um recurso precioso do do educador, norteando seu trabalho e
processo de educação infantil”. Mas isso não organizando e reorganizando suas ações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo ressaltar a importância
da música na formação das crianças, especialmente, as da
faixa etária de zero a três anos. Evidenciei os benefícios que
a música traz ao desenvolvimento do ser humano, auxiliando
em sua formação. Que, mesmo sendo crianças tão pequenas,
elas aprendem e são protagonistas de sua própria história, e
a música as auxilia neste crescimento, ao mesmo tempo em
que favorece as relações interpessoais.
FABIANA RIBEIRO DE
Pude também contribuir, de forma clara e objetiva, ALMEIDA
exemplificando o como fazer, sendo estruturado inicialmente Graduação em Licenciatura em
pelos teóricos, e colocados em prática no dia a dia com as Pedagogia pela Universidade do Grande
crianças. Ficando explícita a contribuição da música para o ABC(2011); Especialista em Alfabetização
desenvolvimento das crianças. e Letramento pela Faculdade Estácio
(2016); Pós graduação Latu senso em
Neuropsicopedagogia pela Faculdade
Campos Elíseos (2018); Professora de
Educação Infantil, no CEI Jardim Santo
André.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria Fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil, Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São
Paulo: Átomo, 2003.
BRITO, Teca Alencar de. Musica na Educação Infantil. ed. São Paulo: , 2003.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 25ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
GADOTTI, Moacir.org. Paulo Freire: uma bibliografia. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo
Freire; Brasília, DF; UNESCO, 1996.
HARNONCOURT, Nikolaus. O discurso dos sons. Rio de Janeiro – SP: Jorge Zahar Editor,
1989.
HOWARD, Walter. A música e a criança. 4. ed. São Paulo, Summus, 1984.v.19.Novas buscas
em educação.
ROSA, Nereide Chilro Santa. Educação musical para á pré – escola. São Paulo: Ática, 1999.
MATTOSO, Célia. Todo tom: Caderno de Aprendizagem Musical; ilustrações: Dédo Tenório
– São Paulo: C. Mattoso, 1998. 1° edição.
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É preciso compreender que a diversidade está dentro da escola e das salas de aula, é preciso
percebê-la, valorizá-la, falar sobre ela, pensar junto no que fazer quando uma necessidade
educacional exige resposta educativa, para que a aprendizagem ocorra.
Sabe-se que um longo percurso precisa ser percorrido e muitas lacunas se abrem, pois o
processo de ensino e de aprendizagem é bastante complexo e o professor de sala regular
precisa estar intimamente envolvido com seus alunos, necessitando de suportes que lhe
deem condições também de atuar com alunos com necessidades educacionais especiais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas públicas inclusivas se caracterizam como
ações inovadoras e recentes no contexto dos agrupamentos
sociais, tanto nos setores políticos, culturais, educacionais,
como em outros mais restritos. Frente a esse novo cenário,
o papel e a função social da escola precisam ser adequados,
para que os sistemas educacionais tenham mais qualidade.
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REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. Políticas inclusivas e compensatórias na educação básica.
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 124, p. 11-32, jan./abr. 2005.
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A EXPERIÊNCIA DO ATO DE
LER NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este trabalho possui o escopo de entender a importância do ato de ler e como
a participação do professor, neste processo, é de vital importância, isso desde a Educação
Infantil, na qual o aluno ainda tem seus primeiros contatos com as letras do alfabeto e nem
tem noção da junção de sílabas, até mesmo nos últimos anos da educação escolar obrigatória,
quando o aluno já deveria estar devidamente treinado para o ato da leitura, o professor deve
participar como ativamente para que o aluno não somente goste de ler, mas também possua
um senso crítico para a leitura, criando as mais variadas estratégias adequadas às crianças
para alcançar este objetivo.
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Com esta estratégia, o professor terá uma maior probabilidade de alcança a mente e o
coração do aluno de Educação Infantil para ter um maior gosto pela leitura, melhorando
sua experiência como leitora durante toda sua vida escolar e adulta. Será também um leitor
ativo, que transformará e ser á transformado pela leitura do mundo por meio dos livros, de
forma crítica e reflexiva, tendo como resultado pessoas melhores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura assim como qualquer outra atividade realizada
pelo ser humano deve ser estimulada desde os primeiros
anos da vida da criança. E se a família não tem condições de
proporcionar este estímulo, a escola se torna o principal locus
de estímulos e estratégias para que os alunos passem a ter
prazer na leitura e tenha a percepção de sua importância.
contato com a leitura, mas faz com que esta leitura seja de
baixíssima qualidade. Primeiro pela falta de criatividade
envolvida na leitura que não é fruto de literatura desenvolvida
para isso, e por outro lado, em razão da questionável
qualidade diante da língua portuguesa formal.
Por isso, para reverte esta situação, cabe ao professor estabelecer estratégias, desde a
Educação Infantil, para estimular a leitura pelos alunos, mesmo antes da alfabetização.
Este artigo também é uma homenagem ao grande pensador e pedagogo brasileiro Paulo
Freire que tanto estimulou a leitura não só no Brasil, mas também no mundo.
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REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar: pequenos segredos das narrativas. Petrópolis: Editora
Vozes, 2003.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Editora Moderna, 2003.
OLIVEIRA, Zilma de M. Ramos. A criança e seu desenvolvimento. São Paulo: Editora Cortez,
2000.
SÁTIRO, Angélica. Brincar e pensar com crianças de 3 a 4 anos. São Paulo: Editora Ática,
2012.
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O PAPEL DA ESCOLA NO
COMBATE À IDEAÇÃO DO
SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA
RESUMO: O referido trabalho versa sobre a realidade do adolescente do século XXI e seus
inúmeros problemas sociais, quase sempre ligados à necessidade de um encaixe dentro da
sociedade. O objetivo é refletir sobre a questão do suicídio e o papel da escola no combate à
ideação do suicídio na adolescência, atuando para identificar aqueles que necessitam de ajuda
e, dessa forma, oferecer apoio e acionar a família, para juntos debater o problema e prevenir
a ocorrência da ação. Dessa forma, foram analisadas a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), que traz entre suas competências gerais o autoconhecimento, o autocuidado e a
empatia, e demais fontes que englobam essa temática na faixa etária escolhida. Já para a
construção do arcabouço teórico destacam-se os seguintes autores: Meleiro (2004), Wang;
Santos; Berlote (2004), Bahls (2002). Espera-se contribuir para a discussão sobre o papel
da escola em relação à prevenção e, nas situações de ocorrência, como proceder junto à
comunidade escolar. É necessário desmitificar o assunto, promover o debate na escola e
amparar os alunos que enfrentam problemas de adequação social, bullying, isolamento,
depressão e baixa autoestima, levando-os acreditar ser o suicídio a solução.
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Ainda assim, há alguns sinais que devem ser vistos não como exagero, mas como alerta à
ideação suicida, como casos comuns em que os jovens se queixam de problemas e afirmam
não aguentar mais viver, querer desaparecer. Casos assim devem ser vistos com atenção e
jamais serem ignorados. Caso um professor identifique sinais como estes, a direção e a família
devem ser comunicados em caráter de urgência. Nesse momento, entra em pauta ainda
mais a participação de uma equipe que possa lidar com a situação e trabalhar não apenas
no indivíduo em que ela foi identificada, mas em toda a comunidade escolar parte de seu
convívio. Ali deve ser sentido como um ambiente seguro para se expressar os sentimentos,
ações, palavras, pensamentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante assegurar que o indivíduo veja na figura
do professor alguém disposto a resgatá-lo e ajudá-lo nesse
processo de reprogramar os próprios pensamentos. É
necessário promover na escola a sensação de segurança do
alunado, viabilizando momentos para que uma intervenção
seja feita – antes que já não haja o que ser feito. Um ponto
de destaque é a percepção do professor como ser que se
comunica com o aluno, não apenas como mero instrutor ou
aquele que repassa conhecimentos, mas alguém humano e
que se detém diante de súplicas quase mudas de um indivíduo FÁBIO ROBERTO
que se sente perdido e desorientado. A BNCC contempla MANENTE DOS SANTOS
essas questões quando elenca dentre as competências gerais
Especialista em Gestão Escolar pela
que devem ser trabalhadas na escola o autoconhecimento e Faculdade Campos Elísios (2018).
o autocuidado, mas inclui a empatia como fundamental. Esta Professor de Educação Básica II; na Rede
empatia não deve ser desenvolvida apenas nos estudantes. particular de ensino.
Todos da escola precisam reconhecer o valor da escuta atenta
e do olhar humanizado, promovendo a valorização do outro
e a percepção deste outro de forma singular, o que favorece
a identificação de sinais de que ele possa estar enfrentando
problemas emocionais, prevenindo resultados extremos
como o suicídio.
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REFERÊNCIAS
ABASSE, M. L. F. et al. Análise epidemiológica da morbimortalidade por suicídio entre
adolescentes em Minas Gerais. Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 407-
416, Abr. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/csc/v14n2/a10v14n2> Acesso
em: 24 fev. 2019.
______. Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde. Suicídio: saber, agir e prevenir.
Boletim Epidemiológico. 2017, V. 48, n. 30. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.
gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-
obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2019.
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PRIETO, D.; TAVARES, M. Fatores de risco para suicídio e tentativa de suicídio: Incidência,
eventos estressores e transtornos mentais. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 2005, 54(2):146-
154.
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A BRINCADEIRA E A CULTURA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo consiste em estudar a brincadeira como instrumento cultural
importante no momento de ensinar, possibilitando uma aprendizagem sólida e significativa,
sendo identificada como técnica facilitadora do processo educacional, uma vez que a cultura
faz parte do contexto social da criança, busca-se por meio destas atividades estimular o
contato com outras crianças valorizando sua individualidade, respeitando suas diferenças
considerando seus valores e as bagagens já adquiridas. A relevância do tema se dá também
no desenvolvimento estrutural, lógico e material da criança, pois, ao brincar, a mesma
consegue transformar o contato abstrato em concreto, exteriorizando tudo o que se ensina,
e transformando e ignorando tudo que não é significativo. Desta forma é preciso buscar
novas técnicas, o que nos arremeteu a pesquisar sobre a importância da brincadeira como
meio de disseminação cultural, contribuindo para o desenvolvimento da criança como
indivíduo participante da sociedade a qual está inclusa.
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Entendo que a criança não vem a escola Segundo Friedmann (1996), quando a
vazia, uma vez que desde o seu nascimento criança brinca, ela realiza mais do que um ato
a criança encontra-se em constante de brincar, a criança realiza a comunicação
aprendizado, diante das experiências que com o mundo tornando-o uma verdadeira
lhe são oferecidas e desenvolvidas durante fonte de dados assim brincadeira acontece
todo seu percurso de desenvolvimento. A em vários e diferentes momentos do
bagagem trazida por ela, vem de contatos cotidiano infantil, porém, devido a uma falha,
sociais de grupos aos quais ela está inserida, na escola está fica em segundo ou terceiro
seja em contato com o grupo família, o grupo plano, pois o educador em sala de aula se
amigo, etc. preocupa primeiro com o planejamento,
depois com os objetivos a serem seguidos
Este fato torna-se relevante diante da o que demanda muito tempo, atrapalhando
observação de que as crianças conseguem assim o momento de brincar.
assimilar as atividades propostas todas as
vezes em que são colocadas em contato com O objetivo geral deste artigo é então
o mundo diante de atividades lúdicas que compreender que a criança não vem
lembram o lugar que vieram, favorecendo vazia, ela traz consigo experiências que
seu desenvolvimento como um todo, tendo antecede sua entrada na escola sendo
como característica os conhecimentos este saber um elemento importante para
já assimilados culturalmente, tornando a seu desenvolvimento dentro da proposta
brincadeira pautada na cultura um elemento de aprendizagem da educação infantil.
transformador. Permitindo elencar então como objetivo
específico desta analise a real importância
Por meio do ato de brincar a criança se da brincadeira para o desenvolvimento
baseia no que já conhece, e por meio deste infantil, observando qual a importância de
conhecimento testa, treina e desenvolve valorizar a bagagem anterior trazida pela
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Esta fase está ligada as conquistas Segundo Kishimoto (1993, p.15), “A origem
infantis, e ao autodomínio, o que dá origem do jogo e da brincadeira é desconhecida,
a socialização. Este fato por sua vez, se porém caracteriza – se por serem de
baseia no desenvolvimento cognitivo e atividade e atitudes livres, na qual a criança
afetivo do indivíduo, acrescentando a estes brinca pelo prazer de realizá-las, sendo
o desenvolvimento da linguagem, ligando-se uma manifestação espontânea que possui a
diretamente a construção do conhecimento função de perpetuar a cultura infantil”.
cultural da criança.
A palavra brincadeira engloba, portanto,
Esta construção de conhecimento se muitos aspectos, sendo necessário, relevar
dá por meio do desenvolvimento e da que apesar de brincadeira ser um termo
aprendizagem, definidos por Piaget (apud impreciso porque assume vários significados,
Seber) da seguinte forma: aprendizagem, é o uma vez 3 que a atividade é livre e voluntária.
ponto essencial da construção, tendo como (Kishimoto,1993, p. 10). Se imposta, deixa
partida as inteirações com o meio, ou seja, de ser brincadeira.
da cultura local. Ela diz respeito à totalidade
das estruturas criadas pela aprendizagem Entende–se então que o brincar representa
oferecida pelo meio. um fator interessante no desenvolvimento
social da criança, pois, é por meio do brincar
Entende-se, portanto, que a assimilação que o ser humano amplia sua capacidade de
da aprendizagem desencadeia o agir em seu mundo culturalmente simbólico
desenvolvimento total do indivíduo, na infância.
permitindo-lhe estruturar cognitivamente
seu conhecimento. Apoiar o aprendizado em
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para incentivar o desenvolvimento cognitivo Para Piaget apud Friedman (1996, p. 65),
e são importantes para a construção de “o brincar e o jogar, são fatores de grande
novos conhecimentos. importância no desenvolvimento cognitivo
que deriva da interação da criança com o
A cultura então deveria ser valorizada uma meio ambiente”.
vez que nela encontra-se um aspecto muito
significativo, no qual devemos dispensar Para tal distinção levantam-se os seguintes
um olhar especial, pois com a brincadeira critérios: O brinquedo e a brincadeira devem
retém muita atenção e observação das ter um fim em si mesmo, ser espontâneo,
crianças, esta pode se torna uma forte dar prazer, ser uma atividade que envolva
aliada no trabalho a ser desenvolvido, com motivações intensas. Ao brincar, a criança
o principal dever de resgatar a atividade incorpora o mundo a sua maneira.
lúdica como caminho para espontaneidade
e o desenvolvimento integral das crianças, Para Piaget o brincar é a mais alta
favorecendo a aprendizagem de diferentes expressão de jogo simbólico, pois, possibilita
culturas. à criança o desenvolvimento de habilidades
pessoais como audição, classificação de
Antigamente costumava-se brincar sons, identificação e verbalização que dão
nas ruas, casa, parques, etc., com muita base para a interpretação de experiências
criatividade, porém, diante de tanta diversas. Estes fatores são importantes, pois,
violência, as crianças perderam o espaço de ajudam o desenvolvimento psicológico da
brincar coletivamente. Muitas crianças ainda criança.
não podem brincar, pois, necessitam cada
vez de mais cedo ajudar os pais no sustento Para Vygotsky (1987), a criança ao brincar
da família ou tem de participar de grande está aprendendo, pois é ao jogar que a
quantidade de atividades extracurriculares criança se transporta para além do seu
impostas pelos pais. comportamento habitual vivenciando todas
as experiências como se fossem mais velhas
Diante desta realidade, muitas crianças do que são. O autor acreditava também
participarão de brincadeiras somente na que o jogar possui três características: a
classe, sendo que este ambiente se torna imaginação, a imitação e a regra que estão
extremamente importante para auxiliar o presentes em todos os tipos de brincadeiras,
desenvolvimento e a troca de experiências sejam elas, faz de conta, tradicionais ou com
entre adultos e crianças, A maioria dos autores regras...
expõe características para o comportamento
e a importância do brincar e do não brincar. Brincar é importante e necessário em
qualquer idade, na primeira escola é muito
mais, pois a mudança brusca de ambientes e
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situações assustam, e com certeza este não é sozinha utilizando maneira correta os jogos
o objetivo desta fase escolar (Fridman,1996). e brinquedos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que as brincadeiras são ricas em aspectos
culturais, que são passados durante o aprendizado dos
textos e aprendizado das melodias das canções, a partir daí
estabelece-se aprendizagens que garantem o surgimento
de uma linguagem capaz de trabalhar os sentimentos, e
afetos próprios do ser humano, imprimindo significados aos
diversos sons transmitidos.
equilíbrio lateralidade, respeito, e senso ético para conviver Domingos Quirino Ferreira.
em sociedade.
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Por meio da brincadeira as crianças exploram objetos que as cercam melhorando sua
agilidade física desenvolvendo os sentidos e pensamentos, muitas vezes sozinhos e outras
vezes em grupo, reconhecendo assim seu espaço e o dos demais, entendendo com se vive
em sociedade.
Para conseguir o avanço esperado é necessário que ao valer-se destes pontos a criança
desenvolva a sua imaginação podendo não só resolver problemas e situações, mas por
meio da criatividade encontra várias maneiras de resolvê-las ampliando suas habilidades
conceituais, o professor deve ser aquele companheiro que brinca e incentiva a turma. Este
deve fazer com que as crianças o sintam como amigo participante e ativo, e ao mesmo
tempo, ensinar a criança a valorizar o brinquedo e compreender que este está fazendo parte
do aprendizado.
Tal afirmativa é necessária pois a escola é o local que frequentemente tem esta mistura
de raças e tal diversidade, e também é o local no qual frequentemente há episódios de
discriminação por motivos mais variados, seja ele por cor, por raça, ou por cultura, tendo
diversos problemas com alunos que apresentam baixos rendimentos e problemas psicológicos,
sendo papel social fundamental da escola ensinar as crianças a compreenderem e respeitar
as diferenças uma vez que tal compreensão é fundamental para desenvolver a cidadania.
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REFERÊNCIAS
FRIEDMANN. A. (ORG) O DIREITO DE BRINCAR : A BRINQUEDOTECA. São
Paulo: Scrita, 1996.
VYGOTSKY, L.S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE, São Paulo: Martins Fontes, 1987.
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O DESENHO E AS CORES NA
PRIMEIRA INFÂNCIA NA PERSPECTIVA
DA PEDAGOGIA WALDORF
RESUMO: O objetivo desse é apresentar uma reflexão sobre a importância do desenho no
desenvolvimento da criança, pois o objeto de estudo reflete a imaginação e o pensamento da
criança de maneira única e como objetivos específicos: Apresentar a importância do desenho
no processo avaliação emocional e psicológico da criança; Estabelecer a relação do desenho
com o processo evolutivo da escrita infantil. A metodologia usada será através da pesquisa
bibliográfica de teses e livros que falam sobre o assunto, além de teorias de pensadores que
nos fala da importância do desenho no processo de construção do conhecimento da criança.
Neste sentido, justifica-se a presente pesquisa, por perceber cada desenho realizado pelas
crianças pode vir a ser um reflexo de seus sentimentos, pensamentos e atitudes na formação
da sua personalidade e do seu caráter.
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constituição psíquica. É a fase em que muitas este conhecimento facilita o trabalho dentre
coisas que a criança vai carregar pela vida de cada fase em que a criança se encontra,
toda se constitui. e isto vai fazendo um diferencial na relação
que estas crianças vem a estabelecer com a
A primeira infância é um mundo onde tudo sociedade.
é novidade, cores, sabores, cheiros, texturas,
sons, movimentos e as relações com todo este
universo é algo que leva tempo e estratégias A IMPORTÂNCIA DO DESENHO
para se desenvolver. Todas as experiências NO DESENVOLVIMENTO DA
vivenciadas nesta fase, são decisivas para que
se tenha a personalidade, a autonomia e a CRIANÇA
formação cognitiva que se tem na fase adulta. Antes de tudo, o desenho é uma atitude
estética e ética que forma partes da educação
Com um olhar mais voltada para a harmonia de um individua, pois desenhar é ficar no limite
do home com a natureza e o meio em que entre o imagina e o fazer, entre o pensamento
vive, na pedagogia Waldorf, a criança pequena e os sentidos. Sendo assim o fato das crianças
tem um espaço muito amis destinado ao se expressam e buscam conhecer o mundo
desenvolvimento a partir das vivencias. Pois através da arte, tendem a ser um processo
este período é de extrema importância. evolutivo de conhecimento e educação, seus
Através de atividades pensadas para ampliar o desenhos são o que elas sentem e pensam em
desenvolvimento infantil a criança é preparada relação ao que está em seu redor.
para estabelecer com harmonia a relação dela Segundo Luquet, (apud MERLEAU-PONTY,
com a humanidade trabalhando aa cognição e 1990),
a afetividade em parceria sempre, no auxílio
ao desenvolvimento infantil, respeitando “O desenho é uma íntima ligação do psíquico
sua forma de pensar, criar e vivenciar cada e do moral. A intenção de desenhar tal objeto
experiências e assim construir seu próprio não é senão o prolongamento e a manifestação
conhecimento, não como uma reprodução da sua representação mental; o objeto
representado é o que, neste momento, ocupará
do que temos já posto a sociedade, mas sim
no espírito do desenhador um lugar exclusivo
a partir do seu olhar o que vem a construir
ou preponderante” LUQUET (apud MERLEAU-
um novo olhar sobre o meio e assim promova
PONTY, 1990, p.130), .
uma nova forma de pensar e agir, e assim
transforme o meio em que está inserido com
mais afeto e criatividade. Embora os primeiros rabiscos que as crianças
façam no papel possam não ter sentido
A convivência de uma forma acolhedora, algum, para os adultos, essas garatujas são
promove que se conheça o temperamento parte importante do desenvolvimento e deve
desta criança, o que é algo muito difícil, pois ser encorajadas, pois o desenho corresponde
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a uma maneira de ver o mudo que é próprio Os primeiros desenhos da criança são só
de cada criança, algo que é exposto a partir movimento. É comum a criança ultrapassar os
dos riscos, pois o desenho é a linguagem da limites da folha e rabiscar a mesa. Podemos
criança. distinguir dois tipos de movimentos: o círculo
e a reta que são formas primordiais.
O desenho infantil a muito vem sendo
estudado, no que diz respeito ao traçado, as Aos poucos, os movimentos caóticos se
cores, a utilização do espaço e no diferentes acalmam e a criança consegue fazer traços
papeis humanos e em que momento este mais bem conduzidos e começa a surgir a
desenho começa apegar forma, usavam espiral desenhada de fora para dentro, parece
perceber através deu uma sequência por idade que a criança está buscando seu centro ou
em que momento a criança ia acrescentando se recolhendo para dentro de seu corpo. E
e mentos que deixavam o desenho cada no final desta fase surge o círculo fechado e
vez mais perto do contexto real vivenciado, quando a criança consegue fechar o círculo
pois a prática de desenhar com liberdade e é comum encher folhas e folhas com esta
diferentes materiais é muito mais que mexer forma.
coma as mãos, é um processo em que o corpo
todo participa, nesta produção Depois surge a cruz e também o ponto
(algumas vezes dentro do círculo) mostrando
que a criança já não é totalmente una com
A IMPORTÂNCIA DO o mundo como antes, mas já consegue
DESENHO E DAS CORES separar-se um pouco e olhá-lo a partir de
si mesma, ela começa a usar o pronome eu
NO DESENVOLVIMENTO para se referir a si mesma.
DA CRIANÇA NA
PEDAGOGIA WALDORF • Dos três aos cinco anos
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traz a satisfação com a beleza da forma. Na profundidade: céu, mar, etc. No jardim de
beleza se encontra a harmonia, o equilíbrio, infância idade entre 0 e 03 anos, a criança
a leveza, o ser na sua magnitude. deve ter apenas vivências, impressões, se
relacionar com as cores.
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POSTURA DO PROFESSOR
No universo dos docentes como formadores de culturas a partir de suas prática, está
carregado de práticas obsoletas, mas que fazem parte de seu repertório enquanto alunos
que foram, um exemplo são as folhas com desenhos prontos, a determinação das cores
para pintar os elementos, a humanização das letras com carinhas e olhinhos, a limitação dos
espaços e do tempo para a realização do desenho. Todas estas questões premiam as práticas
educativas, pois foi dessa forma que se aprenderam durante seu percurso escolar, estudos
apontam que este tipo de desenho com sua mesma matriz, está no universo educacional a
mais de cem anos, o que nos mostra o quanto a reprodução vem sendo feita e o quanto a
valorização da criança por parte do professor vem sendo podada, desvalorizada e anulada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Permitir a criação da criança no ato de desenhar é permitir
que ela venha a ser um adulto confiante e uma criança
autônoma e decidida em seus desejos, porem com respeito e
conhecimento da importância de respeitar o espaço do outro.
Neste sentido, trabalhar como o olhar da Pedagogia Waldorf,
onde a expressão artística através do desenho e das cores
vem a ser um resgate deste período, onde respeita cada
etapa dando o devido valor as descobertas e construção de
valores como o de respeito à vida, em tempos de mecanizar
e transformar a primeira infância como uma reprodução do FABÍOLA OLIVEIRA
mundo adulto, atropelando os momentos fundamentais para DIAS GÓES
seu desenvolvimento.
Graduação em Pedagogia pela
Universidade Metropolitana de
Dentro deste contexto, percebe-se a necessidade de Santos(2015); Especialista em Educação
se promover ambientes onde promova aprendizados Musical pela Faculdade Campos Elíseos
significativos, porque precisa-se promover o melhor para (2017); Professora de Educação Infantil
a criança pequena, e isso significa que as mudanças da no CEI Ângela Maria Fernandes.
sociedade, das tecnologia, do mundo, acontecem de maneira
avassaladora. E a criança está inserida neste emaranhado
de avanços tecnológicos que acabam matando, de certa
forma esse viver infantil, onde as suas emoções podem ser
a seu tempo, neste sentido o desenho é na verdade um
instrumento, que auxilia o desenvolvimento da criança e que
vem sendo discutido já há algumas décadas, e seu estudo
está ganhando importância entre os professores mais atentos
e cuidadosos frente à produção artística infantil, pois hoje
já não se pode considerar como sendo apenas rabiscos, na
verdade são linhas expressivas que trazem uma carga muito
grande de informações sobre o desenvolvimento da criança
em especial na primeira infância.
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REFERÊNCIAS
FRIEDMANN. A. (ORG) O DIREITO DE BRINCAR: A BRINQUEDOTECA. São Paulo: Scrita,
1996.
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______________. JOGO BRINQUEDO E A EDUCAÇÃO. 3ª Ed, São Paulo: Ed. Cortez, 1999.
VYGOTSKY, L.S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE, São Paulo: Martins Fontes, 1987.
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AS CONTRIBUIÇÕES DA
NEUROPSICOPEDAGOGIA NO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
RESUMO: O presente estudo destina-se a falar sobre os distúrbios de aprendizagem: o que
são, como ocorrem e quais as alternativas de intervenção e tratamento, bem como o trabalho
em sala de aula e a observação da gestão pedagógica escolar a fim de promover o sucesso
do aluno, fazendo uma breve explicação do que realmente vem a ser o termo distúrbio de
aprendizagem, uma vez que, para muitos, este ainda é desconhecido ou mal compreendido e
serão evidenciados alguns distúrbios de aprendizagem, como identificá-los e a ação de uma
equipe multidisciplinar em relação ao assunto. Em uma abordagem teórica será evidenciada
a mediação da equipe pedagógica a fim de proporcionar uma aprendizagem significativa e
adequada.
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(2004), Coll (2004), Franceschini (2015) e trêmulo ou com irregularidade, escrita muito
Shirmer (2004) que abordam as seguintes lenta ou muito rápida, espaçamento irregular,
temáticas ou questões sobre o assunto ou erros ou marcas que podem impossibilitar
tema discutidos neste artigo. totalmente a leitura, não alinhamento do
texto e uso incorreto do instrumento com
Nesta pesquisa foram analisados alguns que escrevem. Se apresentar todo ou quase
artigos, teses e outros trabalhos científicos todo esse conjunto de características, a
que discutem e apresentam reflexões, criança possui o distúrbio.
sugestões que podem contribuir para uma
maior compreensão da temática apresentada Nor Cinel (2003) aponta como causas
neste artigo. consideráveis ao desenvolvimento da
disgrafia os distúrbios da motricidade fina
Dentre os mais recorrentes distúrbios e os da ampla, distúrbios da coordenação
de aprendizagem destacam-se a dislexia, visomotora, precariedade de organização
a disgrafia e a discalculia. De acordo com tempo-espacial, problemas de lateralidade e
Belinda Franceschini (2015, p. 101), direcionalidade e no último caso, o equívoco
pedagógico. Em Belinda Franceschini (2015,
Crianças disgráficas são aquelas que apresentam p. 102), é afirmado que
dificuldades no ato motor da escrita, tornando
a grafia praticamente indecifrável; sendo assim, Os distúrbios da motricidade fina e ampla
disgrafia é a perturbação da escrita no que diz compreendem disfunções psiconeurológicas ou
respeito ao traçado das letras e à disposição anomalias na maturação do sistema nervoso
dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. central, levando à falta de coordenação entre
Relaciona-se, portanto, esta às dificuldades o que a criança se propõe a fazer (intenção) e
motoras e espaciais. (CINEL, 2003 apud a respectiva ação. Para que os mecanismos
FRANCESCHINI et al, 2015 , p. 101). da escrita sejam adquiridos pela criança,
é necessário saber orientar-se no espaço
Segundo alguns estudos já realizados
(motricidade ampla), ter consciência de seus
foi constatado que crianças com disgrafia membros e da mobilização destes, bem como ter
escrevem de forma diferente ou em a capacidade de individualizá-los (motricidade
desacordo ao padrão, apresentando uma fina) a fim de pegar o lápis ou a caneta e riscar,
caligrafia deficiente, com letras idênticas e traçar, escrever, desenhar. (CINEL, 2003 apud
mal elaboradas. FRANCESCHINI et al 2015 , p. 102).
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(utilização de lápis e papel), além de corrigir Outros estudiosos dizem que este tipo de
erros característicos do grafismo, como por dislexia provém da forma de aprendizado
exemplo, forma e tamanho. escolar, tendo mudança na aquisição de
capacidades específica de leitura.
Em relação à dislexia, o que se constatou
foi relatado por Carolina R. Schirmer, Denise Já a dislexia adquirida é tida como a
R. Fontoura, Magda L. Nunes (2004, p.100) perda da habilidade de ler e escrever após
a ocorrência de dano cerebral, o qual
Durante o período de aprendizagem, mais pode atingir regiões do cérebro que são
especificamente, no processo de alfabetização, a responsáveis pela leitura e ortografia. Este
criança é exposta a aprender diversas habilidades, tipo de distúrbio possui maior ocorrência em
como habilidades motoras, linguísticas e adultos do que crianças.
cognitivas, afim de realizar a decodificação das
palavras e ter a habilidade motora suficiente
Há também uma subdivisão em dislexia
para a execução das atividades, resultando no
central e dislexia periférica. Na primeira, “[...]
aprendizado dos processos de leitura e escrita.
ocorre o comprometimento do processamento
(SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004,
p.100).
linguístico dos estímulos, ou seja, alterações
no processo de conversão da ortografia para
Nesse sentido, a dislexia é entendida como fonologia” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES,
distúrbio de aprendizagem, produto de um 2004, p. 100). Já na dislexia periférica, “[...] ocorre
déficit específico na linguagem. o comprometimento do sistema de análise
visuo-perceptiva para leitura, havendo prejuízos
As grandes marcas dos disléxicos as quais na compreensão do material lido” (SCHIRMER,;
fazem com que se perceba o distúrbio são: FONTOURA; NUNES; 2004, p. 100).
a incompreensão na leitura e na escrita,
desenvolvimento da fala e da linguagem, Utilizando-se de tentativas fonológicas e
dificuldade na identificação de letras, ortográficas para se ater ao processo de leitura, a
confusão de letras na grafia, confusão de criança o faz durante o processo de aprendizagem.
sons semelhantes, inversões de sílabas ou Carolina R. Schirmer, Denise R. Fontoura, Magda
palavras, supressão ou adesão de letras ou L. Nunes (2004, p.107) ressaltam
sílabas, imaturidade fonológica, TDAH.
[...] porém, que o processo de aquisição do
Existem dois tipos de dislexia: a do sistema da escrita ou do alfabeto é evolutivo,
desenvolvimento, cuja origem é neurológica, no qual a criança se depara com os erros e
em que a genética constitui fator de risco. acertos que são questões implícitas no processo
de aprendizagem. (SCHIRMER; FONTOURA;
Além disso, está relacionada também à
NUNES, 2004 apud p.107).
prematuridade, ao baixo peso no nascimento
e a déficits cognitivos. A atenção de certas características na
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Educação Infantil ou no Ensino Fundamental podem significar sinal de alerta para obstáculos
atuais ou futuros na linguagem.
Ainda assim, as dificuldades matemáticas podem ser conhecidas por dois termos:
Discalculia ou Discalculia do Desenvolvimento ou Acalculia.
Por ser um assunto pouco conhecido, a discalculia não faz parte da rotina dos professores,
no sentido de preveni-la.
O diagnóstico tem de ser realizado por meio de equipe multisseriada a fim de que o educando
possa ser avaliado em suas particularidades e tenha assim, uma qualidade de vida garantida.
Devido a essa diversidade tão grande que envolve o processo de ensino há necessidade
também de se fazer adaptações ao currículo, a fim de promover garantia de aprendizagem a
todos. Tais adaptações utilizam os seguintes meios, segundo César Coll, Álvaro Marchesi e
Jesus Palácios (2004, p. 286-287):
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio de revisão bibliográfica, este estudo discorreu
acerca dos distúrbios de aprendizagem, abordando causas,
tratamentos e formas de prevenção, associando o trabalho
da neuropsicopedagogia como fonte de ajuda e até mesmo
como meio de se proporcionar melhor qualidade de ensino
aos alunos portadores de distúrbios de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
CINEL, B. N. C. Disgrafia: prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da
escrita. Revista do professor. Porto Alegre, v. 74, n.19, p.1925, 2003. Disponível em: <http://
educacao.salvador.ba.gov.br/ site/documentos/espaco-virtual/espaco-praxispedagogicas/
DIFICULDADE%20DE%20APRENDIZAGEM/disgrafia.pdf> Acesso em: 15.jun.2019.
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AVALIAÇÃO APRENDIZADO
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo investigar as metodologias e as estratégias
de avaliação utilizadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental. O pressuposto teórico
adotado consiste na ideia de que, os métodos de avaliação deveriam ser utilizados pelo
professor com a intenção de diagnosticar o processo de construção da aprendizagem dos
educando. Na escola, a avaliação, deve ter como finalidade dar um juízo de valor, o que
significa uma afirmação qualitativa sobre um dado objeto, sendo este satisfatório o quanto
mais se aproximar do ideal estabelecido. A atual prática da avaliação escolar tem mostrado
como sua função classificação e não o diagnóstico. O julgamento de valor, que teria função
de possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o objeto avaliado, tem uma função
estática de classificar um objeto a um ser humano histórico num padrão definitivamente
determinado. Essas classificações são determinadas em números que somadas ou divididas
tornam-se médias. Sendo assim, enquanto classificatória, a avaliação não tem a finalidade
de auxiliar na reflexão sobre a prática e retornar a ela, mas sim, como um meio de julgar a
prática e torná-la estratificada.
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INTRODUÇÃO SIGNIFICANDO O
ENSINO, APRENDIZAGEM
O ato de avaliar implica na coleta, na análise e
na síntese dos dados que configuram o objeto E AVALIAÇÃO DO
da avaliação, acrescido de uma atribuição RENDIMENTO ESCOLAR
de valor ou de qualidade, que se processa
a partir da comparação da configuração do É de suma importância para a reflexão
objeto avaliado com um determinado padrão e significação do conceito da avaliação do
de qualidade previamente estabelecido para rendimento escolar faz-se necessário que
aquele tipo de objeto. O valor, ou, a qualidade os educadores rebusquem ressignificar,
atribuído ao objeto conduz a uma tomada de discutam primeiramente sobre como
posição a seu favor ou contra ele. Esta tomada entendem o ensino e a aprendizagem uma
de decisão é o posicionamento a favor ou vez que ambas as práticas geram a avaliação.
contra o objeto, ato ou curso da ação, a partir Em virtude disso, durante o processo
do valor ou qualidade atribuído, conduz a avaliativo os educadores devem ter em
uma decisão nova: manter o objeto como está mente que avaliar denota discorrer, tomar
ou atuar sobre ele. Segundo Luckesi (2002), parte, debater, conviver, crescer, apreender
a avaliação, diferentemente da verificação, objetivando o desenvolvimento irrestrito de
envolve um ato que ultrapassa a obtenção da seus alunos.
configuração do objeto, exigindo decisão do
que fazer com ele. A verificação é uma ação Sendo assim, cabe ao professor pensar
que “congela” o objeto; a avaliação, por sua e desenvolver a avaliação de seus alunos
vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica como uma maneira de que, por meio dela
da ação. A avaliação da aprendizagem não eles possam adquirir autoconfiança, respeito
se constitui matéria pronta e acabada, neste por si e pelo próximo, equilíbrio emocional,
sentido que esta pesquisa foi desenvolvida autonomia de comunicação, responsabilidade
com o intuito de conhecer e buscar os subsídios para com sua vida e com o mundo. Para que tal
que fundamentem futuramente o caminho situação realmente ocorra, é necessário que
a ser desenvolvido pelo professor durante o educador/avaliador tenha discernimento
o processo de avaliação dos educando. Ao sobre a ligação intrínseca entre educação,
avaliar o professor deve utilizar técnicas ensino, aprendizagem, avaliação.
diversas e instrumentos variados, para que se
possa diagnosticar o começo, o durante e o Muitos estudiosos e pesquisadores sobre
fim de todo o processo avaliativo, para que a a temática tratada afirmam que sendo
partir de então possa progredir no processo a educação, o ensino e a aprendizagem
didático e retomar o que foi insatisfatório para interligados é importantíssimo que haja a
o processo de aprendizagem dos educando. plena interação entre avaliador e avaliados,
conforme é exposto por Jussara Hoffmann:
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(...) a confiança mútua entre educador e avaliação são considerados para o processo,
educando no que se refere à reorganização isto é, somente utilizam-se das notas ou
conjunta do saber pode transformar o ato conceitos, esquecendo-se da importância
avaliativo em um momento prazeroso de da humanização durante a avaliação do
descoberta e de troca de conhecimento. rendimento de seus alunos.
(HOFFMANN, 1994, p.80).
Nesse contexto apresentado cabe
Entretanto, apesar da justificativa da ressaltar que avaliar o rendimento escolar
autora, nota-se pelos dados apresentados não significa simplesmente solicitar que ele
por diversos autores em seus estudos que faça uma prova escrita ou oral ou reprová-
a avaliação escolar é confundida e mesmo lo ou não ao final de um ano ou semestre
praticada na maioria das vezes como letivo. Tal atitude significa apenas levar
cobrança e julgamento. em consideração os seus conhecimentos
técnicos ou não sobre os conteúdos a ele
Outro apontamento realizado pelos transmitidos pelo professor.
pesquisadores e estudiosos e que
colaboraram para que a avaliação dos alunos Avaliar significa ter seriedade e
seja punitiva é a competição, ou seja, quando responsabilidade para com a formação
o aluno acerta recebe estímulo, quando erra integral do aluno; não usar o aluno para
a reprimenda é maior e o aluno geralmente é uma educação depositária de informações
“rotulado” com termos nem sempre aceitáveis compartimentadas; não utilizar o conselho
ou publicáveis, uma vez que são classificados de classe de forma vingar-se de alunos
por termos pouco ou nada louváveis. indisciplinados:
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Segundo Luckesi (2003, p.37): Quando estamos junto a pessoas, a qualificação e a decisão
necessitam de ser dialogadas. O ato de avaliar não é um ato impositivo, mas sim dialógico
amoroso e construtivo. Pessoas, quando estão sendo avaliadas, necessitam e devem participar
da sua própria qualificação, frente aos critérios que estão postos e que também pode ser
partilhada sem essa participação, a avaliação de pessoas pode tornar-se simplesmente um
julgamento classificatório e não uma verdadeira prática de avaliação. A eficácia e pertinência
de um determinado modo de avaliar dependem do contexto em que ele está inserido, das
metas almejadas no planejamento de ensino e aprendizagem relacionados, e das pessoas
envolvidas nesse processo. Por isso, é importante a escolha, utilização desses meios, quer
seja: observação, provas, trabalhos de pesquisas, relatórios ou outros. “É importante que
a forma de avaliação seja escolhida de acordo com os objetivos que se deseja atingir. É
também fundamental que se ofereça ao aluno diversas oportunidades de mostrar seu
desempenho, evidentemente evitando fazer do processo de ensino um mecanismo de
só aplicar instrumentos de avaliação” De presbíteros (1998). Ao saber da importância da
utilização dos meios, de antemão, já é possível discernir critérios de formas. Um professor
que compreende bem o processo pedagógico conseqüentemente tem uma boa prática.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto pode ser concluído que a compreensão
de avaliação do rendimento escolar é frequentemente
relacionada à ideia de dar notas ao aluno em virtude apenas
ao seu desempenho comportamental e de absorver e
devolver os conteúdos que lhe foram transmitidos por meio
de tarefas e provas, principalmente escritas, algo que precisa
ser modificado com urgência, visto que um novo enfoque
possibilitará o fortalecimento no aspecto quantitativo e
qualitativo da aprendizagem dos educando.
FÁTIMA REGINA
A avaliação do rendimento escolar na atualidade tem DA ROCHA
como objetivo a classificação do aluno, por isso necessita ser
Graduação em Ciências Sociais pela
refletida e transformada, pois a apreensão de habilidades ou Faculdade de Ciências e Letras Teresa
não e, por conseguinte, o desenvolvimento de competência Martin (1990). Graduação em Geografia
ou incompetência do aluno não resulta apenas da escola licenciada pela Faculdade de Ciências e
ou do professor, e sim de todos aqueles que participam do Letras de Araras (2000). Graduação em
contexto escolar e social do educando. Pedagogia licenciada pela Universidade
Bandeirantes de São Paulo (2004).
Um possível caminho para transformar a avaliação Especialista em Docência do Ensino
punitiva em formativa está relacionado à modificação dos Superior pela Faculdade Campos Elíseos
e modelos da realidade das escolas em que os educadores pela Secretaria Estadual da Educação
Este trabalho comprova que a avaliação do rendimento escolar punitiva é usada como
instrumento para exclusão escolar e social.
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REFERÊNCIAS
Avaliação da Aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador:
Malabares Comunicação e Eventos, 2003.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mito & Desafio – Uma perspectiva construtivista. 13 ed.
Porto Alegre: Educação & Realidade, 1994.
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MELHORIA NA APRENDIZAGEM
DO ALUNO DO EJA
RESUMO: Esse artigo faz uma análise reflexiva sobre o fracasso escolar e a participação
da família na melhoria da aprendizagem dos alunos do EJA. Nesta análise, procuramos
compreender a aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem, esta última é possível
causadora do fracasso escolar. Alguns problemas que surgem no aluno, durante o processo
de aprendizagem, mas que o maior problema está na educação e também na família. Portanto,
acreditamos que quando houver melhoria na educação da EJA, também haverá melhoras no
processo de aprendizagem e uma perfeita harmonia no convívio familiar. ‘
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Em relação ao sexo, 46% dos alunos matriculados, masculino e 54% são do sexo feminino,
uma diferença de 8%, isto significa que as mulheres estão frequentando a modalidade em um
número relativamente maior que os homens, esta proporcionalidade pode a vir compactuar
com as estatísticas atuais que indicam que em nosso pais o número de pessoas do sexo
feminismo é relativamente maior que a do sexo masculino. (IBGE, 2010)
Outro dado analisado foi a faixa etária dos alunos matriculas, para a nossa surpresa
podemos perceber que a faixa etária destes alunos vem a cada ano ficando mais jovem.
Separamos os dados para melhor compreensão em Faixa Etária do sexo feminino e masculino
em gráficos separados.
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Em relação ao sexo masculino a faixa etária do aluno mais velho matriculado é 21 anos
mais velho que a aluna com mais idade do sexo feminino, percebe assim que possivelmente
os alunos do sexo masculino estão demorando mais para voltar para a escola em relação a
mulheres. Por um outro lado o aluno do sexo masculino mais novo, nasceram no ano de 1994,
apresentando 21 anos de idade, já as alunas do sexo feminino com melhor idade apresentam
25 anos. As Faixas etárias entre os alunos do sexo masculino com maior incidência nasceram
no ano de 1988, com 22% dos matriculados, já as alunas do sexo feminino nasceram em
1991, com 18% dos matriculados.
Passamos analisar através das fichas cadastrais, a quantidade de vezes que os alunos se
matricularam na EJA e abandonaram o ano letivo.
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A análise realizada e apresentada até este momento na pesquisa foi realizada por
documentações presente nos prontuários dos alunos matriculados na escola. A partir deste
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ponto apesentaremos resultados realizados • “Agora que meus filhos estão grandes e
com uma amostra dos alunos em pesquisa sabem se virar sozinhos, vou fazer a minha
informal, durante o estágio realizado, nos parte, pois eles já estão encaminhados”.
meses de fevereiro, março e abril destes
anos vigente em uma escola da capital de • “Voltei a estudar por que me separei
São Paulo, na região leste da cidade. de meu marido, antes não podia porque
ele não deixava, agora posso realizar o
Por tanto, foram utilizadas três temáticas meu sonho de ser professora”.
ao conversar de forma informar com os
alunos: • “Voltei a estudar, pois pretendo fazer
• Por que revolveu voltar a escola para faculdade, quero ter uma vida melhor”.
concluir seus estudos?
• O que levou ao atraso escolar? • “Além de aprendem, voltei para a
• O que pretende fazer após a conclusão escola para ver os meus amigos, conversar,
da Educação básica? ficar por dentro das atualidades, ter um
momento de prazer”
Dos 220 alunos matriculados,
conversamos com 10% dos matriculados, É interessante notar que os motivos que
em três dias de aula, durante o período do trazem os alunos de volta a escola são vários,
intervalo. Escolhemos alunos com faixas alguns alegam, a satisfação pessoal, outros
etárias diferenciadas. motivos de trabalho, a pretensão em fazer
faculdade e até de socializar com amigos.
Em relação a primeira temática, sobre
o porquê de o aluno voltar para a escola, Partimos para a próxima temática, sobre o
recebemos as seguintes respostas: atraso no processo e escolaridade:
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• “O trabalho foi sempre um grande problema, pois a maioria das vezes o horário do
emprego era no mesmo horário que da escola”.
• “Eu morava na roça e lá não tinha escola, meus pais eram muito pobres e sempre
mudavam de sítios e cada veze ia para mais longe”.
Os apontamentos indicam que o trabalho sempre foi um dos motivos que levam os alunos
a abandonarem a escola, pois precisam optarem ou trabalham e se sustentam ou estudam e
passam necessidades. Outra alegação perante as alunas do sexo feminino é sobre a criação
dos filhos, muitas são mães muito cedo e não há outra alternativa a não ser cuidado com os
filhos.
Sobre a última temática, o que pretende fazer após a conclusão da educação básicas,
tivemos as seguintes respostas:
• “Ainda não sei, pois vai depender das minhas condições financeiras, se eu tiver
condições quero fazer um curso para aprender a falar inglês, acho muito bonito que fala”.
• “ Quero fazer faculdade para ser professora, este sempre foi o meu sonho e sei que
posso conseguir”
• “ Quero conseguir um emprego melhor, com carteira assinada e ter um plano de saúde
para a minha família, pois trabalho hoje sem registro e ganho pouco”,
A perspectiva sobre a sua formação futura apresenta várias vertentes, uns querem ser
professores, outros fazer cursos técnicos, concursos públicos, mas tem aqueles que não
sabem o que pretende, pois precisam analisar os fatores financeiros.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso considerar o fato de que o professor, quando
se torna comprometido com o aluno e com uma educação
de qualidade, fazendo do aluno alvo do processo ensino-
aprendizagem, e cumprindo seu papel de orientador e
facilitador do processo, legitima assim a teoria de uma
facilitação da aprendizagem, através da interação entre
sujeitos, ultrapassando, desse modo, a mera condição de
ensinar.
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REFERÊNCIAS
CONSTITUIÇÃO. República Federativa do Brasil; <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em 04 Abr. 2018;
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283, dez 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido; Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, 17º edição.
_______, Educação Como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2007,30º edição.
SANTOS, G. L. dos. Educação ainda que tardia: a exclusão da escola e a reinserção de adultos
das camadas populares em um programa de EJA; Revista Brasileira de Educação. n.24. set-
dez 2003.
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O BRINCAR E A BRINCADEIRA
DENTRO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O brincar e a brincadeira estão presentes na vida de qualquer bebê ou criança
dentro do seu meio social, por esse motivo esses elementos são fundamentais dentro da
educação infantil. Desse modo, é preciso ter um olhar atencioso enquanto a criança interage
com seus brinquedos, brincadeiras, amigos e o mundo ao seu redor e saber o momento do
professor interferir ou complementar de maneira a aprofundar ou enriquecer o momento
que esta sendo vivenciado. Ao brincar, sozinha ou em grupo a criança consegue se expressar,
demonstrar seus sentimentos, recriar situações do seu cotidiano, levantar suas hipóteses
dentro de determinados assuntos, movimentar-se e explorar seu corpo e espaço.
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Por meio das brincadeiras lúdicas os professores podem incluir benefícios a rotina e facilitar,
por exemplo, o desfralde, a degustação de novos alimentos, escovação de dentes, cuidar dos
seus pertences, dentre outras atividades que estão dentro da rotina. Para Kishimoto (2006,
p. 36):
Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de
aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja,
a ação intencional da criança para o brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem.
Muitas das crianças passam a maior parte do seu tempo nas escolas ou creches e será
o local de mais importância quanto a sua socialização, descobertas, aprendizados, dentre
outros.
O professor deve estar atento ao que se passa nas brincadeiras, o que ela sente em relação a
determinado objeto ou circunstâncias e encontrar meios de trabalhar com cada especificidade.
Muitos demonstraram sentimentos de tristeza, rebeldia e esse comportamento podem estar
visíveis em suas interações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reconhecer a importância da Educação Infantil em todos
os seus aspectos, principalmente por se tratar do inicio da
Educação Básica.
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REFERÊNCIAS
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Janeiro, Brasport, 2010
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Orientações e Práticas, Rio de Janeiro, Vozes, 2008
SANTOS. Marli Pires dos. O Lúdico na Formação do Educador. Rio de Janeiro. Vozes. 2002
1050
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O REGISTRO COMO
INSTRUMENTO AUXILIADOR DA
PRÁTICA PEDAGÓGICA
RESUMO: O presente artigo discorre sobre a importância dos registros como prática
rotineira no contexto educacional, refletindo sobre a sua inferência no processo de ensino-
aprendizagem como instrumento que permite a consolidação do histórico de construções
de conhecimentos que são adquiridos em contato com as práticas pedagógicas ofertadas.
Inicia correlacionado a ação de registrar com a necessidade do homem de concretizar seus
feitos. Em sequência, pontua as características do registro, o interrelacionando com o
cotidiano escolar. Em continuidade, mostra a dificuldade dos professores em efetivar esta
prática. Conclui, apresentando a necessidade dos professores de se apropriaram deste
conhecimento para que utilizem o registro como auxiliar das suas práticas pedagógicas.
Traz por objetivo favorecer uma reflexão crítica sobre a importância do registro na escola,
possibilitando amplificar a visão dos professores sobre a valia deste instrumento. Tem como
metodologia uma pesquisa de revisão de literatura.
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Com os registros, afirma Haracemiv e em fatos que marcam vivencias que são
Santana (2013), o homem passa a contar a importantes para os indivíduos e como tal,
sua história, de onde vem e como vivencia permeiam a rememoração de ações que são
suas experiencias, propiciando reflexões que fundamentais para o aperfeiçoamento e
geram a evolução humana. possibilitação de novas ações.
O registro através da escrita é uma das primeiras Ao longo do tempo outras formas de registro
manifestações da humanidade. Ela está presente foram surgindo, mas sempre com o objetivo de
em nosso cotidiano desde os tempos primórdios, deixar uma marca para (re)contar uma história
onde os povos sentiram a necessidade de – o processo vivenciado pelos participantes de
registrar através de símbolos tudo o que faziam. um dado momento. Assim, diferentes formas de
Assim é até hoje, a escrita está presente na vida registro foram sendo aprimoradas pelo tempo:
do ser humano, e através dela podemos saber de os quadros, os diários, as cartas, os desenhos,
onde viemos, todos os acontecimentos ocorridos as fotos, os relatos, as mensagens, as gravações
até hoje e serve para uma organização geral no e vídeo gravações, as atuais ferramentas do
mundo. (HARACEMIV; SANTANA, 2013, p. 3) computador e das redes sociais. Todas deixando
suas marcas e perpetuando a história. (LIMA,
Partindo deste pressuposto, é visível 2016, p. 2)
que o registro tem potencialidade e ainda
é utilizado pois a sua eficiência maximiza as
aprendizagens dos indivíduos, se tornando Ainda na ótica de Lima (2016), o registro é
uma prática corriqueira para os seres um importante instrumento para consolidar
humanos no cotidiano de vida. Os indivíduos um momento. Ele auxilia na tradução de um
registram de diferentes formas momentos e acontecimento que vai se modelando com
espaços que foram significativos para eles, vivencias posturas e constituindo uma história
seja com foto, vídeos, textos, entre outros. única do indivíduo. Nele aparecem diversos
elementos que permitem contextualizar
Perpassa a esfera da memória, pois como em tempo e espaço situações que já foram
cita Haracemiv e Santana (2013), esta vividas e dar indícios de como o indivíduo
memória não é história. A memória é falha progride, amadurece e se desenvolve.
e o recontar baseado em arquivamento
não sólido dos acontecimentos gera o E Haracemiv e Santana (2013) afirmam,
esquecimento de simples mais notáveis fatos ainda, que o registro tem dentro das suas
que fazem toda a diferença na compreensão características um compromisso com a
do processo que gerou a significação do verdade. A forma com que ele é registrado
momento. traduz o momento e o espaço das vivencias
dos indivíduos e estes são elementos
O registro,. para Lima (2016), é uma forma fundamentais para que a história seja
de contar e recontar uma história pautada relembrada com maior riqueza de detalhes.
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Direcionando o olhar para as possíveis aprendizagens dos alunos, o ato de registrar torna-se também um
instrumento imprescindível ao (re)planejamento e à (re)avaliação do professor. Ao analisar um registro realizado
pelo aluno, se tem a possibilidade de constatar os conhecimentos que ele traz, o que ainda precisa construir,
as intervenções e mediações que se fazem necessárias. (LIMA, 2016, p. 5)
Com esta perspectiva, Haracemiv e Santana (2013) evidenciam que o professor, ao utilizar dos
registros, comprava sua prática pedagógica e os progressos que os educandos vão adquirindo com
sua atuação. Atesta sua competência e a importância da participação mediadora no processo de
ensino-aprendizagem.
O próprio professor, na visão de Haracemiv e Santana (2013), constrói e reconstrói seus saberes
com o registro, pois a reflexão trazida por eles, permite que que analisem o seu papel e sua atuação
no processo de ensino-aprendizagem.
Mas, na atualidade existem alguns desafios atrelados a resistência dos professores em realizar
estes registros. Segundo Haracemiv e Santana (2013), as queixas dos professores se dá pela possível
falta de compreensão sobre a importância dos registros e o quanto eles auxiliam no planejamento e
avaliação das práticas pedagógicas e sua incidência na aquisição de aprendizagens dos educandos.
Tal relutância acaba dando ao registro uma função burocrática de atendimento a documentos
oficiais que legislam e cobram dos professores a constituição destes. A falta de propriedade que os
professores têm apresentado, segundo Haracemiv e Santana (2013), é reflexo de uma formação
inicial incipiente e de uma futura formação continuada com pouca reflexão sobre o assunto e
grande cobrança da realização do registro.
Para que o Plano de Trabalho Docente se efetive é preciso avançar para além do aspecto burocrático e legal.
Este documento necessita ser condição imprescindível para o trabalho docente, sem o qual não é possível
desenvolver o processo ensino-aprendizagem, o qual deve ser intencional e planejado. (HARACEMIV;
SANTANA, 2013, p. 6)
Sendo assim, cabe a equipe de coordenação pedagógica trazer a temática para dentro da
escola, nos horários de formação, propiciando reflexões mais profundas sobre este registro para
que os professores visualizem como o registro é aliado deles na visualização dos progressos e
dificuldades individuais dos seus educandos.
Incentivar a prática e transformá-la em habitual é uma meta importante para a escola, pois,
por meio dos registros, a história educacional dos educandos vai se formando, se concretizando,
se construindo e os resultados observados são mais que satisfatórios, são prazerosos, gerando
a valorização do professor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos elementos que o desenvolvimento do artigo
propiciou, foi possível observar que o registro subsidia a
prática docente pelo fato de concretizar momentos, tempos
e espaços em que é possível ver quais são as ações dos
educandos realizadas para construir seu conhecimento.
se esta tornar um hábito para os professores, uma prática Educação Básica na EE Prof. Maria Paula
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REFERÊNCIAS
BATISTA, Giovani de Paula et al. PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO E REGISTRO DA
APRENDIZAGEM NA PRÁTICA DOCENTE. XII Congresso Nacional de Educação, 2015,
11 p. Disponível em: <https://educere.bruc .com.br/arquivo/pdf2015/21163_9229.pdf>.
Acesso em: 06 jun. 2019.
HARACEMIV, Sônia Maria Chaves e SANTANA, Eliana Zilio. REGISTRAR É PRECISO PARA
DESVELAR A PRÁTICA DOCENTE. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva
do Professor, 2013, 19 p. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/
cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_ufpr_ped_artigo_eliana_zilio.pdf>.
Acesso em: 06 jun. 2019.
LIMA, Rosana de Fátima Lima. REGISTRAR PRA QUÊ? PRA QUEM? IV Encontro
de Educação Matemática nos Anos Iniciais e III Colóquio de Práticas Letradas, São
Carlos, p. 1-8, 2016. Disponível em: <http://www.pnaic.u fscar.br/files/events/annals/
fae23ece21e1e0b535704aaf74cecfc9.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2019.
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AS HERANÇAS DA
CULTURA NEGRA NO BRASIL
RESUMO: O tráfico no atlântico foi responsável pela entrada de milhões de africa-nos no
Brasil. Estes e seus descendentes marcaram de forma decisiva cons-trução teórica e cultural
brasileira. Após a dura travessia do atlântico, os africa-nos eram vendidos nos mercados de
escravos. Não havia nenhum tipo de preocupação em manter uma família ou pessoas de um
mesmo grupo étnico-linguístico reunidas. A maioria, após ser comercializadas, era conduzida
aos locais de trabalho, como as grandes fazendas, ou as regiões de extração mine-ral. Mas
não foi apenas nas áreas rurais e de mineração que os africanos e os afrodescendentes
trabalharam. Eles foram empregados também nas vilas e nas cidades, em atividades
diversas: abertura e calçamentos de ruas; constru-ção de moradias, prédios públicos, igrejas,
chafarizes, entre outras; serviços domésticos; produção artesanal; comércio ambulante; etc.
Os africanos escra-vizados trouxeram com eles conhecimentos tecnológicos já adquirido
junto ao seu povo e no Brasil, empregaram esse saber em diversas atividades ou o adaptaram
para as tarefas exigidas no período da escravidão. Eles faziam as ferramentas e trabalhavam
com elas. Como também influenciaram nossa cul-tura nas artes, danças, culinária, religiões,
sua língua, suas festas entre outras heranças deixadas pra os brasileiros.
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conhecemos hoje. Os africanos escravizados para alguns dos principais artistas europeus,
e seus descendentes encontraram nessas como Matisse, Braque e Picasso.
celebrações festivais um modo de preser-var
muitas de suas tradições. A festa de Nossa No Brasil durante quase três séculos
Senhora do Rosário, por exem-plo, nela alem quase toda arte que se produzia era religiosa.
do batuque bem á maneira africana, dois Os artistas da época aprendiam sua arte
escravos eram eleitos rei e rainha do Congo e nas corporações de ofí-cio, cada ofício
seguiam com seu cortejo festivo até a igreja tinha sua corporação. Havia a corporação
onde eram coroados. dos escultores, a dos douradores, dos
entalhadores, dos ferreiros, dos carpinteiros
Rei e rainha estão presentes hoje no e assim por diante.
maracatu, folguedo que foi in-corporado
pelo carnaval que mantém a forma de Nas corporações, os mestres, como
cortejo a exemplo da antiga festa de Nossa eram chamados às pessoas que possuíam
Senhora do Rosário. No maracatu desfilam, muita experiência em determinado ofício,
além do rei e rai-nha, príncipes, guerreiros, ensinavam aprendizes na que, em sua maioria,
embaixadores e baianas. eram negros e mestiços já que a sociedade
colonial via as atividades manuais com
No Brasil existem algumas festas preconceito, chegavam mesmo a considerá-
tradicionais que são celebradas em todo las indignas de homens brancos livres.
país todos os anos, como São João, o Natal
e o carnaval. Essas festas tem origem em um Como afirma Batiste (1960, apud Duarte
tempo muito distante, em que os homens 2010, p.37): “a escravidão não somen-te
pediam aos deu-ses proteção e colheitas separa como une o que separa”. A capacidade
fartas, nesses rituais, havia comidas, bebidas, de resistência subjetiva e política das nações
músi-cas e danças, essas festas além do negras que aqui chegaram, mostram seu
divertimento traz um sentimento de perten- potencial e vigor, que mesmo diante das
cimento de uma família, um grupo, de uma adversidades e violências vividas, enxertaram
comunidade, de um país. no ven-tre de cada região do Brasil, seus
costumes e formas de interpretação do mundo.
A arte é uma das marcas mais fortes dos
povos africanos. Ela une uti-lidade e estética
e está nos objetos, na música, na dança, na O ESTUDO E A VALORIZAÇÃO
pintura corporal, no artesanato e nos rituais DA CULTURA AFRO-
sagrados. A valorização da arte africana só
aconte-ceu no final do século XIX, com a BRASILEIRA E AFRICANA
realização de uma exposição em Bruxelas, O enfrentamento da desigualdade entre
em 1897 e se tornou fonte de inspiração brancos e negros no país e a educa-ção para
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Para Gomes (2004), a escola como espaço de so-ciabilidade constitui-se em um local privilegiado para a
superação dos conflitos e preconceitos raciais. Sendo as-sim, o trabalho com a literatura infantil afro-brasileira
pode ser um elemento potencializador das discussões e supe-rações dos mitos raciais no âmbito escolar.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2012 e 2016, o número de
brasi-leiros que se autodeclaram pretos aumentou 14,9% no país. No mesmo período, também cresceu a
quantidade dos que se consideram pardos, enquanto diminuiu o per-centual de brancos na população. O
motivo da população negra e parda ter aumentado possa ser o entendimento e o reconhecimento quanto
pessoa negra identificando tra-ços genéticos, conhecendo melhor a cultura se libertando de preconceitos por
falta de conhecimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escravidão chegou ao fim, o ex-escravo tornou-se
igual perante a lei, mas isso não lhe deu garantias de que
ele seria aceito na sociedade, sem acesso a terra e sem
qualquer tipo de indenização por tanto tempo de traba-
lhos forçados, geralmente analfabetos, vítimas de todo tipo
de preconceito, muitos ex-escravos permaneceram nas
fazendas em que trabalhavam, ven-dendo seu trabalho em
troca da sobrevivência. Os negros que não moravam nas
ruas passaram a morar, quando muito, em míseros cortiços.
O preconceito e a discriminação e a ideia permanente de
que o negro só servia para traba-lhos duros, ou seja, serviços
pesados deixaram sequelas desde a abolição da escravatura
até os dias atuais.
ILZA RODRIGUES
Na história do Brasil ao relatar sobre o tráfico negreiro, ao FERREIRA
relatar a Lei Áurea, enfim, histórias tristes onde o negro está Graduação em Pedagogia pela Faculdade
sempre subestimado em com-paração ao branco por esses UNOPAR (2009); Especialista e
motivos foram de grande importância à imple-mentação no Educação a Distância: Planeja-mento,
currículo o estudo da cultura afra brasileira para valorizar as Implementação e Gestão pela Faculdade
raí-zes e heranças do povo africano, diante desse contexto CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO
uma data muito espe-cial e histórica foi promulgada no (2013); Professora de Ensino
calendário escolar nacional em 2003. Con-tudo, somente a Fundamental I Educação Básica na EMEF
Lei 12.519 de 10 de novembro instituiu oficialmente o Dia Jairo de Almeida
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de Assis, o poeta Castro Alves, o inventor André Rebouças, compositora Chiquinha Gonzaga,
entre muito ou-tros. Diante os estudos e pesquisas realizadas em variáveis fontes de informa-
ções a conclusão é que os povos africanos contribuíram com a formação de nossa atual
sociedade em todas as esferas com a arte, a língua, a culinária, a religião, a organização,
entre outros costumes herdados desses povos que sofreram por mais de 300 anos nesse
solo sem desistir de lutar pelos seus ide-ais e a tão sonhada liberdade que tem reflexo nos
dias atuais, que seja exem-plo de resistência respeito, admiração e valorização da nossa
sociedade.
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REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Eduardo David de. Cosmovisão africana no Brasil: ele-mentos para uma filosofia
afrodescendente. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2006.
RIBEIRO, Ronilda Iyakemi. A alma africana no Brasil. Os Iorubas. São Paulo: Editora Odu-
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História geral da África, II: África antiga / editado por Gamal Mokhtar. 2º ed. rev. –Brasília :
UNESCO, 2010.
História geral da África, III: África do século VII ao XI / editado por Mo-hammed El Fasi. –
Brasília : UNESCO, 2010. 1056 p.
População que se declara preta cresce 14,9% no Brasil em 4 anos, aponta IBG. Disponível
em: https://g1.globo.com/economia/noticia/populacao-que-se-declara-preta-cresce-149-
no-brasil-em-4-an. Acesso em: 4 de mar. 2019;
A cultura de base africana e sua relação com a educação escolar. Disponível em: https://
educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/15/ensino-da-Acul¬tura-afro-brasileira-ainda-
enfrenta-desafios-dizem-especialis-tas.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 6 de mar. 2019;
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se está nessa relação ele pode provocar consolida por meio de múltiplas experiências
novos desafios e desdobramentos com nas ações cotidianas. A imaginação, a
ampliação de repertório e consequentes fantasia, a investigação, as escolhas, o
aprendizagens. protagonismo, as múltiplas possibilidades de
descobertas, devem fazer parte do cotidiano
“O papel fundamental que professoras e em ações individuais, em grupo e até mesmo
professores têm na organização das experiências nos momentos de ócio, contemplação e
que bebês e crianças vivem nas Unidades observação.
Educacionais exige que planejem sua prática
pedagógica e a replanejem com os bebês e as
O professor tem um papel fundamental
crianças de sua turma, selecionem, organizem e
para a construção das aprendizagens
disponibilizem materiais, organizem as formas
infantis, mas ele não atua sozinho, podemos
de gestão do tempo, atentem para estabelecer
dizer que nesse processo de construção
relações democráticas com o grupo de crianças,
colegas e famílias, proponham e organizem
o protagonismo é compartilhado, envolve
vivências com e para as crianças e avaliem todo três principais atores: criança, professor e
esse percurso a partir da interação, observação conhecimento, em um movimento cíclico,
e diálogo com os sujeitos envolvidos nos que muda de direção e posição, mas sempre
processos.” (São Paulo, Currículo Integrador da contínuo, não podendo se elencar quem é o
Infância Paulistana 2015, p.40) mais importante dos três, mas por meio da
consonância dos três, que podemos definir a
Pensar o aprender e ensinar nas infâncias, qualidade das ações pedagógicas.
exige um novo olhar sobre as práticas
cotidianas, olhar este que valorize os Um grande desafio para o professor
diferentes autores, suas especificidades nas de educação infantil nesse processo de
ações, suas escolhas, relações e interações construção de sua identidade profissional,
como instrumentos inerentes a produção de é aprender a enxergar e compreender a
seus conhecimentos. criança em sua integralidade. As concepções
que o professor da infância reverbera em
COMO OS BEBÊS E suas práticas pedagógicas precisa garantir os
CRIANÇAS APRENDEM direitos de aprendizagem da infância.
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espaço com muitos móveis, que dificultam de faixas etárias, que trazem consigo
a circulação e ocupam um espaço que diferenças de interesses e de possibilidades,
poderia ser livre, ou ainda cheio de objetos para os bebês e as crianças bem pequenas
e brinquedos fora do alcance das crianças é importante espaços que garantam apoio
e com pouca ventilação e escura. Cada um para as tentativas de locomoção segura,
destes espaços reflete uma concepção de como barras de apoio tanto nas salas como
educação, de infância, de criança e cuidado. A em trocadores, tapetes, almofadas e rolinhos
projeção dos ambientes de atendimento são de apoio para aqueles que estão adquirindo
a consolidação das concepções intrínsecas sustentação e também para se recostarem
no projeto educacional da unidade. Pesquisas quando sentirem esse desejo. Uma sala com
apontam que se os espaços nas unidades múltiplas possibilidades também traduz
educacionais são bem planejados, o professor as vozes infantis, pois, assim o professor
de educação infantil não ocupa o principal pode observar as interações, interesses e
foco, saindo assim do papel adultocêntrico, preferências de escolhas dos bebês. Destaca-
viabilizando um ambiente que valoriza as se também com bastante importância,
produções e interesses infantis com múltiplas locais de organizar pertences das crianças,
possibilidades de repertórios, sendo assim preferencialmente com fotos para que eles
um dos principais focos de um professor de reconheçam e associem suas imagens e até
infância é oportunizar um ambiente em que as de suas famílias aos seus objetos pessoais
crianças, brinquem, explorem, experimente, e também os transicionais, diminuindo a
convivam, construam com liberdade distancia de seus lares e os espaços coletivos
criativa exercitando o prazer de fazer parte de convivência cotidiana. O ambiente ainda
tanto individualmente, como também em deve ser flexível para cumprir o papel de ser
pequenos grupos de livre escolha. desafiador e de instigar a curiosidade e criar
uma identidade que não é imutável, mas sim
Os ambientes devem atender as múltiplas inquietante e inovadora, que traga marcas
necessidades das crianças e como passam dos percursos realizados e das conquistas
períodos de até dez horas nas unidades alcançadas, uma boa maneira de retratar
de atendimentos, precisam conviver em esse aspecto, seria com fotos e imagens
ambientes os mais agradáveis possíveis, com significativas das crianças, assim como suas
situações e espaços que provoquem desafios, diversas produções.
mas que primordialmente ofereça segurança,
dessa forma pode levar também os bebês Os materiais que farão parte desse dia a
e as crianças a despertar suas curiosidades, dia, não só nos espaços e ambientes, mas
múltiplos interesses, exploração de diferentes para os momentos de diferentes propostas
materiais e situações de maneira autônoma e vivências também devem ser muito bem
e muitas vezes independente. Tudo isso pensados e analisados, os brinquedos prontos,
deve ser pensado respeitando as diferenças oferecem poucos ou nenhum desafio, eles se
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bastam e nem sempre permitem que a criança Para o adulto muitas vezes é difícil pensar
tenha vivências significativas. Uma avaliação no tempo que não seja o chrónos, que é o
quanto as possibilidades de exploração, de tempo cronológico, pelo qual nos guiamos.
criação, de qualidade dos materiais e suas As crianças usam o tempo kairós, da
materialidades, são também importantes criação e o tempo aion, da intensidade do
nas escolhas. As materialidades presentes tempo da vida humana, cabe ao professor
nos cotidianos das infâncias podem ser mediar e intermediar todos esses tempos,
compostas por diversos elementos que levará sem apagar o tempo de fruição, que é
a criança a criar, pesquisar, inventar, sempre especialmente o tempo da infância, com
pensando anteriormente nas experiências todas as suas descobertas, encantamentos e
que se que proporcionar. As interações são poesia. Articular uma rotina que comtemple
também muito importante desenvolvimento os tempos longos das vivências intensas,
integral dos bebês e crianças pequenas, elas das experiências, diferente do tempo da
devem acontecer entre os pares do dia-a- produtividade. É preciso para isso escutar o
dia, assim como nos diferentes educadores e que a criança diz e também o que ela não
crianças de faixa etária diferente, pares mais diz, essa escuta não é passiva, ela é ativa,
experientes, sempre possibilitarão ampliação constante e respeitosa, para se trabalhar com
de repertório, assim como o cuidado de si e uma grupo de crianças pequenas, é preciso
do outro, construção de identidade coletiva organizar as singularidades individuais.
e individual, além de outras aprendizagens Mesmo que com ações indiretas, o professor
significativas. planeja experiências significativas, com
elementos que possibilite a investigação,
criação, descobertas e encantamentos.
A ROTINA NO CEI: JORNADAS Nesses processos devemos sempre ter
COM EXPERIÊNCIAS muito claro que o que importa não em que
vai resultar, mas sim ao inesperado da ação
SIGNIFICATIVAS das crianças, como eles olham, para onde
Pensar em uma rotina no CEI é sempre olham, qual tempo que isso os envolve,
um grande desafio, pois, quando pensamos como exploram os objetos e materiais, como
que essas crianças tão pequenas tem suas compartilham, quem foram seus pares, ou
individualidades, como traçar uma jornada se brincaram sozinhos, pois, com essas
que comtemple as demandas de cada experiências os bebês e crianças pequenas
um e de todos, sem o engessamento das produzem e expressam suas múltiplas
propostas? Nesse momento cabe a equipe linguagens.
da unidade pensar em maneiras de viabilizar
vivências significativas que contribuam para
o desenvolvimento integral respeitando
sempre os tempos individuais e coletivos.
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partindo do que os bebês e crianças apresentaram, de acordo como isso se dá, possibilita
ou não a continuidade. É sempre válido destacar que o que vai configurar esse depois, é a
sensibilidade e o interesse do professor em lidar com aquilo que observou e apreendeu, do
contrário, tudo não passará de um momento, inviabilizando a construção de um percurso de
vivencias coletivas com singularidades e individualidades.
Quanto mais se consegue estar com as crianças, estreitando vínculos e afetos, mais ela
estará na relação, já que, a criança pequena tem uma grande necessidade da presença do
adulto, nas unidades de atendimento, em especial do professor, que é o sujeito que articula
os saberes, desejos e necessidades das crianças baseado sempre em seus estudos sobre e
para com as infâncias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo possibilitou entender como foi de extrema
importância a mudança do perfil profissional do professor de
educação infantil que atua diretamente com bebês e crianças
pequenas. O atendimento dos bebês e crianças pequenas
tem muitas especificidades e particularidades que nem de
longe se assemelha à docência em sala de aula dos alunos de
outras faixas de ensino ,as crianças ganharam visibilidade e
protagonismo, de suas potencialidades e capacidades, afinal
a criança já nasce com potencial investigativo e criador, cabe
as unidades e seu corpo docente especializado, promover INALDA MARIA DE
ambientes, tempos, materiais interações e relações que LIMA CORDEIRO
viabilizem essas capacidades, em que a criança seja o centro
Graduação em Pedagogia pela Faculdade
do projeto político pedagógico formando uma narrativa com Unicapital (2007); Professora de
vivências que reverberem pela vida desses bebês e crianças Educação Infantil – no CEI Jardim Tietê
pequenas. Quando o professor da infância, especialmente
da primeiríssima infância pode construir e reconstruir suas
concepções de criança e infância passam a enxergar essas
crianças e suas infâncias com um novo olhar, tudo isso claro
que pautados em muitos estudos a fim de se construir novas
práticas, mais respeitosas e significativas. Entender o real
papel do professor de educação infantil, o seu protagonismo
compartilhado e a função social do atendimento de crianças
tão pequenas nas unidades educacionais com base nos
estudos mais atuais, amplia e garante vivências cada vez mais
significativas que despertam as mais diversas aprendizagens.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. C. S.- Especificidades da ação pedagógica com bebês. portal.mec.gov.br/
docman/dezembro-2010-pdf/7154-2-2-artigo-mec-acao-pedagogica-bebes-m-carmem/
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OLIVEIRA, Zilma Moraes Ramos de (org). O trabalho do Professor na Educação Infantil. São
Paulo: Biruta, 2012
OLIVEIRA, Zilma Moraes Ramos de. Educação Infantil Fundamentos e métodos. São Paulo:
Ed Cortez, 2013 Coleção docência em formação. Série educação Infantil.
RUSSO, Danilo. De como ser Professor sem dar aulas na escola da Infância. Revista Eletrônica
de Educação, v. 2, n. 2, nov. 2008.
SÃO PAULO, SME- Orientação normativa nº 01: avaliação na educação infantil: aprimorando
os olhares – Secretaria Municipal de Educação – São Paulo : SME / DOT, 2014.
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GESTÃO DEMOCRÁTICA
EM ESCOLAS PÚBLICAS
RESUMO: Este artigo aborda sobre o histórico da gestão escolar no Brasil. Sobre democracia
e princípios norteadores para a distribuição do poder dentro das comunidades escolares.
Analisa a importância da participação de todos nas decisões tomadas, desde dinheiro gasto
até problemas enfrentados pelos alunos, professores e etc.
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clareza da escola que existe e a escola que se os sistemas de ensino. Igualmente, liberdade,
quer e também ter um plano de ação, ou seja, pluralismo, gratuidade, valorização dos
metas ou objetivos específicos, justificativas, profissionais de ensino e garantia de padrão
estratégias, avaliações, projetos, recursos, de qualidade são os outros princípios que a
históricos da unidade e do patrono, grêmio, Constituição articula a gestão democrática
horário e tudo que se fizer necessário, desde do ensino. Este princípio constitucional
que esteja de acordo com as necessidades constitui uma das garantias do direito à
da comunidade. “Hoje, tudo é decidido pelo participação. Ele possibilita as pessoas,
coletivo escolar, respeitando-se os limites independentemente de sua situação social e
próprios de cada um. Acho que a construção cultural, intervir na construção de políticas e
constante de um fazer educativo integrado e na gestão das instituições educacionais.
comprometido que torna as nossas escolas
diferentes das demais.” (Revista gestão em
rede, out/nov, 1999, p. 4) GESTÃO
Pode-se dizer que a democracia supõe Dentro de uma gestão democrática o
convivência e o diálogo entre pessoas que gestor deve estar sempre em alerta, ou seja,
pensam de modos diferentes e que querem identificando se há participação de diferentes
coisas distintas. O aprendizado democrático pessoas que compõem a comunidade, se a
implica a capacidade de discutir, elaborar e escola está contribuindo para a realização dos
aceitar regras coletivamente, assim como princípios estabelecidos no artigo 1 da LDB
a superação de obstáculos e divergências, 9394/96 e no artigo 206 da Constituição
por meio de diálogo para a construção de Federal e se todos estão exercendo o direito
propósitos comuns. Encontra-se também de cidadania participando dos processos de
diversidade e conflitos de interesse. Uma planejamento e tomada de decisões.
gestão participativa do ensino público busca,
pelo diálogo com base em formas colegiadas A participação é um processo educativo
e princípios de convivências democráticas. tanto para a equipe gestora quanto para
os demais membros da comunidade
Muitas são as concepções sobre gestão escolar e local. É importante estabelecer
e democracia. Inicialmente, pode-se definir coletivamente as finalidades e os objetivos
gestão democrática como um tipo de almejados e também os alcançados.
gestão político-pedagógico e administrativa,
orientada por processos de participação Evidentemente, uma educação
das comunidades escolas e local. Tanto participativa favorece a aquisição de
a Constituição brasileira quanto a LDB habilidades de valor na participação na
estabelecem a gestão democrática como administração na idade adulta. Participar
modo próprio de gerir as escolas públicas e também implica um desejo. Pessoas
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educação básica, de acordo com suas peculiaridades. Cada sistema de ensino tem autonomia
para a elaboração de normas próprias de gestão democrática.
A palavra autonomia citada neste artigo vem do grego e significa capacidade de
autodeterminar-se, aquele que estabelece suas próprias leis (autos – si mesmo, nomos – lei).
O sentido etimológico é, portanto, de autogoverno, autoconstrução. Uma escola autônoma,
do ponto de vista da gestão, seria aquela que se autogoverna. No entanto, sabe-se que a
escola não possui essa autonomia, ou seja, a autonomia na escola é determinada socialmente.
Para Gagoni (1993, p. 199), a luta pela autonomia da escola insere-se no seio da própria
sociedade, portanto, é uma luta dentro do instituído, contra o instituído, para instituir uma
outra coisa. A eficácia desta luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar
o novo e não apenas de pensá-lo. Mas, para isto, é necessário percorrer um longo caminho
de construção da confiança na escola e na capacidade dela resolver seus problemas por ela
mesma, de se autogovernar. A autonomia se refere a criação de novas relações sociais que
se opõem as relações autoritárias existentes.
Sabe-se que envolver as comunidades locais e escolar é uma tarefa complexa, pois articula
interesses, sentimentos e valores diversos. Nem sempre é fácil, mas compete as equipes
gestoras pensar e desenvolver estratégias para motivar as pessoas a se envolver e participar
na vida da escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que a gestão democrática se faz no
exercício da cidadania de pais, alunos, professores e, também,
com entidades ou pessoas representativas da comunidade
local. A realização de reuniões periódicas e regulares, com o
objetivo de garantir o acompanhamento e a participação nas
deliberações a serem adotadas pelos respectivos sistemas
de ensino, é um exercício democrático.
A expressão “gestão democrática do ensino” sintetiza
diferentes formas de participação coletiva das comunidades
escolar e local nos processos de administração dos recursos
(financeiro, de pessoal, de patrimônio) e na construção dos
projetos educacionais. O modo como ela é exercida pode ISABEL APARECIDA DIAS
ser fortalecido por meio de ações que promovam, articulem
Graduação em Pedagogia pela PUC
e envolvam as instituições de deliberação coletiva que
Pontifícia Universidade Católica de São
integram os sistemas de ensino. Paulo (2002); Pós-Graduação em Gestão
Educacional pela Universidade Estadual
Mais participação significa democracia, quando as pessoas de Campinas 2007; Professora de Ensino
envolvidas dispõem de capacidades e autonomia para decidir Infantil e Fundamental I na prefeitura de
e pôr em prática suas decisões. São Paulo, na CEI Parque Novo Mundo.
Algumas escolas já dão oportunidades às diferentes
manifestações e expressões de diferentes grupos. Desse
modo, permitem a circulação de ideias, o desenvolvimento
do que é lúdico, preparando professores para vivenciarem a
realidade de novos modelos de relacionamento com alunos
e exercitarem novos papéis. Assim, criam uma atmosfera
baseada no debate e na orientação a respeito da função
de professores e gestores favorecendo a livre expressão.
É importante ter em mente as formas como todos podem
e devem atuar. Como o modelo tradicional, autoritário é,
frequentemente, a referência básica dos educadores, vigora
a ideia de que eles devem ensinar como foram ensinados,
imitando situações que viveram como alunos.
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Por vezes nossa preocupação com a escola ideal nos impede de vê-la tal como ela é. Há o
desafio de procurar favorecer/promover a agregação de alunos, professores e a comunidade
externa em torno de interesses comuns, para desenvolver maior compromisso com o projeto
da escola.
Trabalhar com o sentido da realidade e das possibilidades, ou, como diz Paulo Freire, em
Pedagogia da Autonomia (1996): “Mudar a educação é difícil, mas é possível”.
Identificar espaços e estratégias de mobilização são objetivos que, por sua vez, têm como
finalidade revelar novas possibilidades de participação democrática. Ao procurar modificar a
realidade, se quer que essas experiências sejam benéficas. Mas, trabalhar, também, por uma
sociedade melhor e mais justa, e esperar que essas ações possam se refletir na formação.
O desenvolvimento das capacidades pessoais se faz em novas condições sociais que se
constroem na caminhada democrática.
Os efeitos da gestão escolar ultrapassam os muros da escola até mesmo da comunidade em
que ela está inserida. Para promover uma participação responsável e consequente, o gestor
deve ser capaz de reconhecer e avaliar os vínculos entre as propostas elaboradas em sua
escola e as políticas e os programas de outras entidades. Saber lidar com interdependências
para pôr em prática a proposta pedagógica de seu estabelecimento é uma competência
importante.
No livro Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa uma frase do personagem Diadorim,
“... a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de
muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar aumentar a cabeça, para o
total.” (p. 439)
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SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA
MÚLTIPLA: NECESSIDADES E
PAPEL DO PROFESSOR
RESUMO: O artigo vem expor como pode ser realizada a inclusão de um aluno surdocego e/
ou deficiências múltiplas na escola. Sabe-se que nos dias de hoje há o direito a matrícula de
alunos com deficiências, transtornos do espectro autismo, altas habilidades e superdotação,
entre outras necessidades educacionais especiais nas escolas de ensino público regular no
Brasil, pois, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o direito à escolarização de toda
e qualquer pessoa, a igualdade de condições para o acesso e para a permanência escolar.
A metodologia da pesquisa utilizada foi qualitativa de cunho bibliográfico, utilizando-se de
dois recursos como estratégias para o desenvolvimento da aprendizagem e autonomia para
o aluno surdocego no cotidiano escolar. O procedimento utilizado foi a análise de obras
bibliográficas sobre o tema, o aluno surdocego e sobre o uso das referidas estratégias de
ensino. Como objetivo a pesquisa buscou compreender quais as estratégias de ensino,
bem como recursos pedagógicos, podem bem propiciar a inclusão e o desenvolvimento
educacional de um aluno com surdocego na escola. A aplicação de recursos e estratégias de
comunicação acessíveis e contextualizadas ao aluno surdocego, são indispensáveis ao seu
desenvolvimento.
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o estudante surdocego e que possui boa visão central, deve estar sentado no meio ou fundo
da sala nas fileiras centrais, para que assim possa receber informações e ter uma boa visão
do educador.
Para os educandos que fazem uso da leitura labial para se comunicar, é necessário que
esse estudante, permaneça sentado pelo menos a três metros de distância da principal fonte
da atividade, ou seja, do professor, o que promove o uso de resíduos visuais, caso tenha.
Quando o educador anda por toda a sala, isto se torna um desafio para os alunos com
surdocegueira, pois eles não conseguem seguir as direções, tanto visuais quanto auditivas
do educador. Também é importante, evitar os lugares que causam reflexos para esses alunos.
O aluno surdocego, precisa da ajuda de um mediador para receber as informações de forma
apropriada
O tato, é um dos fundamentais sentidos, utilizado como uma ferramenta para o aprendizado
de alunos com surdocegueira, pois as experiências táteis são eficazes para desenvolver
conceitos e concretizar aprendizados.
Indispensável adaptar diversos matérias didáticos, que são encontrados na própria escola,
isso pois, as adequações promovem acessibilidade para esse alunado, havendo também a
utilização dos próprios materiais de seus colegas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos à conclusão de que é necessário a garantia de
acesso e aprendizagem, bem como a participação de todos
os alunos nas escolas contribuindo para uma nova cultura
e valorização das diferenças rumo ao uma educação mais
humanística.
aos instrumentos e materiais que levam a ela conhecimento surdos - EMEBS Helen Keller.
e autonomia.
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REFERÊNCIAS
AMARAL, I.; DUARTE, F.; GONÇALVES, A.; NUNES, C.; SARAMAGO, A. Avaliação e Intervenção
em Multideficiência. Centro de Recursos para a Multideficiência. Ministério da Educação. Direção-
geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Direção de Serviços de Educação Especial e
Apoio Socioeducativo. Lisboa, 2004.
BRUNO, M. M. G. Deficiência visual: reflexão sobre a prática pedagógica. São Paulo: Laramara,
1997, p. 8 -9.
Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras
providências. Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República, 2002.
ROPOLI, Edilene Aparecida; MANTOAN Maria Teresa Eglér Mantoan; SANTOS, Maria Terezinha da
Consolação Teixeira dos; MACHADO, Rosângela. A educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar - A Escola Comum Inclusiva. Brasília, 2010.
SÁ, E. D. Material Pedagógico e Tecnologias Assistivas. Educação Inclusiva no Brasil. Banco Mundial
Cnotinfor Potugal, 2007
Secretaria de Educação Especial. Saberes e Práticas da inclusão: dificuldades de comunicação
e sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência sensorial - MEC/SEESP, 2ª Ed. Brasília: MEC/
SEESP, 2003.
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A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA
MELHORIA DA APRENDIZAGEM
DOS ALUNOS DO EJA
RESUMO: Esse artigo faz uma análise reflexiva sobre o fracasso escolar e a participação
da família na melhoria da aprendizagem dos alunos do EJA. Nesta análise, procuramos
compreender a aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem, esta última é possível
causadora do fracasso escolar. Alguns problemas que surgem no aluno, durante o processo
de aprendizagem, mas que o maior problema está na educação e também na família. Portanto,
acreditamos que quando houver melhoria na educação da EJA, também haverá melhoras no
processo de aprendizagem e uma perfeita harmonia no convívio familiar.
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Em relação ao sexo, 46% dos alunos matriculados, masculino e 54% são do sexo feminino,
uma diferença de 8%, isto significa que as mulheres estão frequentando a modalidade em um
número relativamente maior que os homens, esta proporcionalidade pode a vir compactuar
com as estatísticas atuais que indicam que em nosso pais o número de pessoas do sexo
feminismo é relativamente maior que a do sexo masculino. (IBGE, 2010)
Outro dado analisado foi a faixa etária dos alunos matriculas, para a nossa surpresa
podemos perceber que a faixa etária destes alunos vem a cada anos ficando mais jovem.
Separamos os dados para melhor compreensão em Faixa Etária do sexo feminino e masculino
em gráficos separados.
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Em relação ao sexo masculino a faixa etária do aluno mais velho matriculado é 21 anos
mais velho que a aluna com mais idade do sexo feminino, percebe assim que possivelmente
os alunos do sexo masculino estão demorando mais para voltar para a escola em relação a
mulheres. Por um outro lado o aluno do sexo masculino mais novo, nasceram no ano de 1994,
apresentando 21 anos de idade, já as alunas do sexo feminino com melhor idade apresentam
25 anos. As Faixas etárias entre os alunos do sexo masculino com maior incidência nasceram
no ano de 1988, com 22% dos matriculados, já as alunas do sexo feminino nasceram em
1991, com 18% dos matriculados.
Passamos analisar através das fichas cadastrais, a quantidade de vezes que os alunos se
matricularam na EJA e abandonaram o ano letivo.
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A análise realizada e apresentada até • “No meu caso foi por causa do
este momento na pesquisa foi realizada por trabalho, na empresa em que estou se não
documentações presente nos prontuários estuda é mandado embora”
dos alunos matriculados na escola. A partir
deste ponto apesentaremos resultados • “Agora que meus filhos estão grandes e
realizados com uma amostra dos alunos sabem se virar sozinhos, vou fazer a minha
em pesquisa informal, durante o estágio parte, pois eles já estão encaminhados”.
realizado, nos meses de fevereiro, março
e abril destes anos vigente em uma escola • “Voltei a estudar por que me separei
da capital de São Paulo, na região leste da de meu marido, antes não podia porque
cidade. ele não deixava, agora posso realizar o
meu sonho de ser professora”.
Por tanto, foram utilizadas três temáticas
ao conversar de forma informar com os • “Voltei a estudar, pois pretendo fazer
alunos: faculdade, quero ter uma vida melhor”.
• Por que revolveu voltar a escola para • “Além de aprendem, voltei para a
concluir seus estudos? escola para ver os meus amigos, conversar,
• O que levou ao atraso escolar? ficar por dentro das atualidades, ter um
• O que pretende fazer após a conclusão momento de prazer”
da Educação básica?
É interessante notar que os motivos que
Dos 220 alunos matriculados, trazem os alunos de volta a escola são vários,
conversamos com 10% dos matriculados, alguns alegam, a satisfação pessoal, outros
em três dias de aula, durante o período do motivos de trabalho, a pretensão em fazer
intervalo. Escolhemos alunos com faixas faculdade e até de socializar com amigos.
etárias diferenciadas.
Partimos para a próxima temática, sobre o
Em relação a primeira temática, sobre atraso no processo e escolaridade:
o porquê de o aluno voltar para a escola,
recebemos as seguintes respostas: • “Estou atrasada em relação a escola,
pois tive que parar para cuidar de meus
• “Voltei a estudar por uma satisfação filhos enquanto o meu marido trabalhava,
pessoal, ficava muito triste quando meu filho mas agora estão todos crescidos e posso
perguntava, até que ano na escola eu tinha voltar a estudar”.
ido, pois naquele momento meu filho estava
na minha frente. Resolvi voltar e estou muito • “Quando eu era criança tinha que
feliz com que estou aprendendo”. trabalhar para ajudar a minha mãe que
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tinha muitos filhos e o meu pai foi embora de casa, como sou o mais velho tive que parar
de estudar para ajudar a minha mãe”
• “O trabalho foi sempre um grande problema, pois a maioria das vezes o horário do
emprego era no mesmo horário que da escola”.
• “Eu morava na roça e lá não tinha escola, meus pais eram muito pobres e sempre
mudavam de sítios e cada veze ia para mais longe”.
Os apontamentos indicam que o trabalho sempre foi um dos motivos que levam os alunos
a abandonarem a escola, pois precisam optarem ou trabalham e se sustentam ou estudam e
passam necessidades. Outra alegação perante as alunas do sexo feminino é sobre a criação
dos filhos, muitas são mães muito cedo e não há outra alternativa a não ser cuidado com os
filhos.
Sobre a última temática, o que pretende fazer após a conclusão da educação básicas,
tivemos as seguintes respostas:
• “Ainda não sei, pois vai depender das minhas condições financeiras, se eu tiver
condições quero fazer um curso para aprender a falar inglês, acho muito bonito que fala”.
• “Quero fazer faculdade para ser professora, este sempre foi o meu sonho e sei que
posso conseguir”
• “Quero conseguir um emprego melhor, com carteira assinada e ter um plano de saúde
para a minha família, pois trabalho hoje sem registro e ganho pouco”,
A perspectiva sobre a sua formação futura apresenta várias vertentes, uns querem ser
professores, outros fazer cursos técnicos, concursos públicos, mas tem aqueles que não
sabem o que pretende, pois precisam analisar os fatores financeiros.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso considerar o fato de que o professor, quando
se torna comprometido com o aluno e com uma educação
de qualidade, fazendo do aluno alvo do processo ensino-
aprendizagem, e cumprindo seu papel de orientador e
facilitador do processo, legitima assim a teoria de uma
facilitação da aprendizagem, através da interação entre
sujeitos, ultrapassando, desse modo, a mera condição de
ensinar.
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REFERÊNCIAS
AJALA, Michelle Cristina, ALUNO EJA: motivos de abandono e retorno escolar na modalidade
EJA e expectativas pós EJA em Santa Helena-PR
MONOGRAFIA, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Medianeira, 2011
BRASIL. Trabalhando com a educação de jovens e adultos: alunos e alunas da EJA; Caderno
1. Brasília, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno1.
pdf. Acesso em 20/05/2015. Acesso em 21 março. 2019;
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira; In: Sinopse
Estatística da Educação Básica: Senso Escolar, 2006. 2008. Disponível em: http://www.
publicacoes.inep.gov.br/detalhes.asp?pub=4336#. Acesso em 20 março. 2019;
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FORTUNATO I. Educação de jovens e adultos; REU. Sorocaba: São Paulo, v. 36, n. 3. P. 281-
283, dez 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido; Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, 17º edição.
_______, Educação Como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2007,30º edição.
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SANTOS, G. L. dos. Educação ainda que tardia: a exclusão da escola e a reinserção de adultos
das camadas populares em um programa de EJA; Revista Brasileira de Educação. n.24. set-
dez 2003.
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente artigo aborda a importância da contação de história na Educação
Infantil. A valorização desse segmento da educação e o papel do educador vêm se expandindo,
pois com o educador a criança pode aprender a se socializar-se, ampliando suas relações
com o outro e seu modo de entender a vida. Abordaremos nesse trabalho a ampliação que
pode se dar dentro do espaço pedagógico e o trabalho dos professores, podendo ser grandes
instrumentos de aprendizagem. O estudo desse tema possibilita também entender que a
contação de história pode incitar as crianças à praxe da leitura e assim cooperar para a sua
formação social e pessoal num todo.
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Várias histórias e contos estão: A Branca de por meio de palavras, lugares e situações
Neve o os Sete anões, A Bela Adormecida, somente o imaginário pode chegar.
Chapeuzinho Vermelho, O Pequeno Polegar.
Afirma Tahan:
A Literatura Infantil Brasileira era marcada
por traduções de aventuras, fábulas e contos, A criança e o adulto, o rico e o pobre, o sábio
enquanto o ensino da leitura geralmente era e o ignorante, todos, enfim, ouvem histórias
focada na Constituição do Império, do código com prazer – uma vez que estas histórias sejam
Criminal, dos Evangelhos, e algumas vezes de interessantes, tenham vida e possam cativar
a atenção. A história narrada, lida, filmada,
um resumo da História do Brasil, onde quem
dramatizada, circula em todos os meridianos,
obtinha o ensino era parte da elite.
vive em todos os climas. Não existe povo algum
que não se orgulhe de suas histórias, de suas
De acordo com a autora no Brasil, esta
lendas e de seus contos característicos. É a lenda
arte de contar história teve sua linhagem a expressão mais delicada da literatura popular.
enraizada entre a comunidade por influência O homem, pela estrada atraente dos contos
do resgate do folclore, presente na cultura e histórias, procura evadir-se da vulgaridade
indígena, nas comunidades quilombolas, cotidiana, embelezando a vida com uma sonhada
nos aspectos artísticos de grupos circenses espiritualidade. Decorre daí a importância das
e teatrais ou na simples disseminação histórias. (p. 15).
das atividades artístico-culturais dos
romanceiros, trovadores, poetas, cantadores Durante séculos a contação de histórias
de viola e carpideira. Pode ser envolta uma eram transmitidas por pais, avós, tios,
típica amostra da cultura popular brasileira. passando por pessoas mais velhas para as
novas gerações, construindo uma ligação
No final do século XX ela surgiu no cinema, afetuosa e cultural.
na televisão e está conquistando a as mídias.
Segundo Tahan, (1966, p. 16) “A história Neste século XXI, a novo formato do
narrada, lida, filmada ou dramatizada, circula contador de histórias passa a ser o monitor
em todos os meridianos, vive em todos os de TV, o CD-ROOM, o DVD, fazendo usos
climas, não existe povo algum que não se da multimídia, da robótica e da Internet. As
orgulhe de suas histórias, de suas lendas e tecnologias podem ainda substituir o homem
seus contos característicos”. com sua perfeição e eficiência, mas não
supre no assunto dos conhecimentos e dos
Durante o século XX, as imagens tornaram- sentimentos expressos espontaneamente no
se a dados indispensáveis nas histórias e momento da contação de história.
uma importante apresentação audiovisual.
A ação de contar histórias permanece
muito importante nos dias de hoje, pois cria
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como algo prazeroso que lhe apresente um que almeja desenvolver o gosto em ouvir
olhar diferente do que tinha anteriormente, e ler. Já que não se pode obrigá-la, mas
buscando por meio de histórias a atenção da descobrir formas de convencer a criança
criança para que no futuro se desenvolvam para que busque a leitura.
gerações de leitores e escritores.
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pessoal da criança, sendo que muitas vezes pode se descobrir contextos que estão incomodando,
aonde a própria criança fala sem medo ou vergonha e com muita espontaneidade.
Portanto é necessário que o educador escolha com muito cuidado e carinho a história
que irá contar à criança. Deve ser apropriada aos materiais do educador e à faixa etária da
criança, em nível que a história trabalha como uma alavanca e tem importância primordial
no processo narrativo.
As instituições de Educação Infantil podem resgatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em casa e
nos ambientes que frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de informação sobre
as diversas formas culturais de lidar com as emoções e com as questões éticas, contribuindo na construção da
subjetividade e da sensibilidade das crianças. (BRASIL,1998, p.143).
Os contos de fadas são as excêntricas histórias que de maneira simples e peculiar falam
das perdas, abandono, morte, medo fome, violência e baseiam-se nos teores do inconsciente
coletivo, em sentimentos comuns a toda a humanidade, por isso encontramos histórias bastante
parecidas em diversas culturas pelo mundo e em diversas épocas que geralmente expressam
sentimentos complexos de um modo fácil de entender principalmente pelas crianças.
No modo geral a história leva a criança para um mundo onde as ações dos personagens e
suas aventuras vivenciadas são repletas de significados e proporciona mecanismos para que
enfrente os problemas de maneira saudável e criativa e como lidar com as emoções.
A história grava-se, indelevelmente, em nossas mentes e seus ensinamentos passam ao patrimônio moral de
nossa vida. Ao depararmos com situações idênticas, somos levados a agir de acordo com a experiência que,
conscientemente, já vivemos na história. (TAHAN, 1966, p.22).
O ato de contar história não deve ficar limitado somente nas instituições de ensino, deve
estar também presente no hábito familiar, pois a literatura infantil é algo importante para o
desenvolvimento intelectual e emocional da criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo apresentou uma reflexão do uso da contação
de história no dentro do ambiente pedagógico e sua
importância nessa relação entre o educador e a criança no
ensino e aprendizado.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Educação Infantil: Prioridade Imprescindível. Petrópolis: Vozes, 2006.
BUSATTO, Cléo. A arte de contar histórias no século XXI: tradição e ciberespaço. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2006.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infanto-juvenil. 4. ed. São Paulo:
Ática, 1991.
DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a creche, um bom
começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. v 18, n. 73.
Brasília, 2001.
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo:
Cortez, 2000.
TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1966.
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VALORIZAÇÃO DO ENSINO
TÉCNICO INTEGRADO
RESUMO: A integração curricular do ensino médio e técnico e seu impacto na formação
profissional do aluno, realizando também o levantamento histórico da educação profissional,
contextualizando-a com a política pública de educação, a vivencia do ensino integrado médio
e técnico e expectativas dos cursos, desenvolvimento pedagógico e professores do Centro
Paula Souza.(Etec) A intenção é compreender a organização curricular do ensino integrado,
a qualidade da formação do aluno para o mercado de trabalho e a prática da realização do
ensino a importância para os alunos.
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uma população determinada. (RAMOS, 2010, estes não podem aguardar a conclusão dos
p. 49) O segundo princípio da integração, a seus estudos para só depois ingressar em
indissociabilidade entre educação profissional uma atividade econômica. Para ela, “a forma
e educação básica, aponta para a necessidade integrada do ensino médio à educação
de profissionalizar jovens e adultos para o profissional na sociedade atual apresenta-se
mundo do trabalho. Simões (2007) destaca como condição necessária para a travessia
que diante do cenário brasileiro do trabalho em direção ao ensino médio politécnico e
informal e do subemprego, a formação à superação da dualidade educacional, em
técnica, mesmo subordinada aos interesses busca da efetiva transformação da estrutura
do capital, tem assumido uma importância social”. Ademais, afirma Ramos (ibidem, p. 11):
para a emancipação e o desenvolvimento O ensino técnico é uma experiência na qual
pessoal e coletivo de jovens trabalhadores. os jovens, ao se relacionarem com a técnica
Na sua pesquisa sobre jovens de camadas e a tecnologia – ciência materializada em
populares que realizaram cursos técnicos, força produtiva – apreendem o significado
esse autor conclui que: formativo do trabalho, não no sentido
moralizante que sustentou as políticas
O Ensino Técnico articulado com o Ensino Médio, educacionais no início no século XX, mas
preferencialmente Integrado, representa para a sob o princípio ontológico de que a plena
juventude uma possibilidade que não só colabora formação humana só pode ser alcançada
na sua questão da sobrevivência econômica e à medida que o ser desenvolve suas
inserção social, como também uma proposta
capacidades de decisão e ação sustentadas
educacional, que na integração de campos do
pela unidade entre trabalho intelectual e
saber, torna-se fundamental para os jovens na
manual. O terceiro sentido da formação
perspectiva de seu desenvolvimento pessoal e
integrada, a integração de conhecimentos
na transformação da realidade social que está
inserido. A relação e integração da teoria e prática,
gerais e específicos como totalidade, rompe
do Didática e Prática de Ensino na relação com com a fragmentação do conhecimento
a Sociedade EDUECE - Livro 3 01947 trabalho e a hierarquização deste impostas pelo
manual e intelectual, da cultura técnica e a cultura paradigma positivista. Uma visão cartesiana
geral, interiorização e objetivação vão representar da ciência leva-nos a compreender que
um avanço conceitual e a materialização de uma disciplinas como história, geografia, física,
proposta pedagógica avançada em direção à química, biologia, dentre outras, fornecem-
Politécnica como configuração da educação nos as teorias, enquanto que as disciplinas
média de uma sociedade pós-capitalista. especificamente técnicas as aplicam na
(SIMÕES, 2007, p. 84). prática. Assim, teoria e prática tornam-se
campos separados e até oponentes. (...)
Para Ramos (2007, p. 10-11), enquanto o nenhum conhecimento específico é definido
Brasil for um país marcado pela exploração como tal se não consideradas as finalidades
capitalista da mão-de-obra dos trabalhadores, e o contexto produtivo em que se aplicam.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Metodologia da Integração O ensino-aprendizagem, na
forma de oferecimento do Ensino Técnico Integrado ao Ensino
Médio, deverá priorizar a integração, em todos os sentidos,
entre a Formação Profissional (Ensino Técnico) e a Formação
Geral (Ensino Médio), de modo a otimizar o tempo e os
esforços de professores e alunos e os recursos disponíveis,
para o objetivo comum de trabalhar as competências
conjuntamente, de tal modo que elas se complementem e
se inter-relacionem, por meio de projetos interdisciplinares
e de diferentes tipos de atividades, nas quais as habilidades,
conhecimentos e valores desenvolvidos nos componentes
curriculares referentes à Formação Geral (Ensino Médio)
sejam contextualizados e exercitados nas práticas da
formação profissional. Os componentes curriculares da JÉSSICA KASTEIN
Formação Geral (Ensino Médio) devem prover a Formação RODRIGUES
Profissional (Ensino Técnico) com as Bases Científicas Graduação em Física pelo Centro
necessárias ao desenvolvimento das Bases Tecnológicas Universitário Dr. Hermíno Ometto –
requisitadas pela formação profissional, e as atividades UNIARARAS – (2015); Graduação em
práticas dos componentes profissionalizantes devem ser Pedagogia pela Universidade Estadual
encaradas, também, como laboratórios de experiências Paulista – UNESP – (2013); Especialista
para demonstração de teorias científicas na área das várias em Administração da Educação com
Ciências e da percepção. Ênfase no Ensino pela Faculdade Campos
Elíseos – FCE - (2018); Professor de
As expectativas de aluno que inicia um curso integrado se Educação Básica – Física - na ETEC
torne um cidadão apto atuar na sociedade como profissional Tenente Aviador Gustavo Klug
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realiza com alunos visitas técnicas no curso de Administração a visita acontece em empresa
onde vai ver todos os setores da empresa, (produção, logística, compras, financeiro o
processo total até chegar ao consumidor final )este aluno terá um contato maior entre teoria
e pratica, mostrando qual a realidade do mercado de trabalho optou em cursar.
O aluno ou futuro aluno quando opta em escolher curso integrado, deve ter a consciência
que terá um ensino vai proporcionar uma maior qualidade de aprendizado, por amplia o
leque de conhecimento, criando um ponte entre matérias da base comum e as disciplinas
técnicas, então de acordo com curso escolhido a série e ano, podendo até cursar dezessete
matérias no decorrer do ano letivo, uma das desvantagens sobrecarrega este aluno, e senão
tiver focado no seu futurado, não saberá lidar com isso, e por outro lado se tiver focado as
consequências são ser uma pessoa organizada, principalmente relacionada o tempo, o curso
exigira maior tempo dedicação, maior tempo de estudo, responsabilidade, contribuindo para
este adolescente se torne adulto responsável e profissional.
As escolas técnicas do estado SP (Etec), oferecem os cursos todos gratuitos, então o aluno
ao concluir o curso terá formação do médio além de uma formação técnica profissional.
Todos os cursos são realizados e oferecido de acordo, com as competências e habilidades
referentes aos cursos, visando valores e atitudes e bases tecnológicas nas disciplinas técnicas.
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REFERÊNCIAS
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mid=866. Acesso em: 1º/03/213 . Lei 9394/96 de 20.12.96 – Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Brasília (DF): Diário Oficial da União. n° 248 de 23.12.96. . Lei nº.
11.892, 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica
e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br Acesso em: 10 de out. de 2010.
Decreto nº2208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da
Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, e dá outras providências. Brasília, DF. Decreto nº5154, de 23 de julho de 2004.
Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências.
Brasília, DF . PARECER CNE/CEB Nº. 39/2004. Aplicação do Decreto nº. 5.154/2004 na
Educação Profissional Técnica de nível médio e no Ensino Médio.
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LEFEBVRE, H. Lógica formal, lógica dialética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979
MANFREDI, Sílvia Maria. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002
MARX, Karl. O Capital: Crítica a Economia Política. Tomo 1. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2008b
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médio: documento base. Brasília, 2007. Ministério da Educação. Expansão da Rede Federal
de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Brasília, 2009. CONSELHO NACIONAL
DAS INSTITUIÇÕES DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E
TECNOLÓGICA. Governo anuncia expansão da Rede Federal de Educação. Brasília, 2011.
Disponível em: Acesso em: 15 fev. 2014
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Acesso em: 15 mar. 2014. . Ensino médio integrado: ciência, trabalho e cultura na relação
entre educação profissional e educação básica. In: MOLL, Jaqueline. Educação profissional e
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no Brasil contemporâneo: desafios, tensões e possibilidades. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Esta monografia tem como objetivo avaliar a importância da Educação Infantil
na vida das crianças e como este espaço pode ser um ambiente alfabetizador. É importante
percebermos que a Educação Infantil e a Alfabetização são ações efetivas dos educadores
alfabetizadores, introduzindo a leitura e a escrita nessa importante etapa, tema central os
espaços que podem ser utilizados na escola para o ensino aprendizagem e propiciar diferentes
oportunidades dentro do espaço escolar, e em locais diversificados, a fim de buscar melhorar
a qualidade desse conhecimento fazendo com que ele seja o mais satisfatório possível. A
opção metodológica foi pela pesquisa bibliográfica.’
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Não se ensina uma criança a ler, é ela quem se ensina Segundo Ferreiro e Teberosky (2001)
a ler com a ajuda de seus professores, colegas, vivemos numa sociedade letrada, com
instrumentos da aula, pais e de todos os leitores linguagem oral e escrita e dependemos
encontrados, nesse ponto é que temos dificuldades, da leitura para a convivência, pois quando
na estimulação da criança, ela aprende observando.
saímos pela cidade deparamos com letreiros,
placas, jornais, rótulos. A criança convive
Os conceitos de alfabetização e com isso desde cedo, portanto o letramento
letramento utilizados por TFUNI (2006) são chega primeiro do que a alfabetização, ou de
definidos da seguinte forma: “Alfabetização entrar na escola, pois convive com leitura,
é a ação, de alfabetizar, de tornar “alfabeto”, escrita tanto em casa como na comunidade
para letrado: “versado em letras, erudito; em que vive.
iletrado”, já para palavra letramento, que
ainda é um termo novo, segundo esta autora A alfabetização na vida das crianças e
apareceu pela primeira vez no livro de Mary sua contribuição para o processo ensino
Kato “No mundo da escrita: uma perspectiva aprendizagem e a importância que ela tem
psicolinguística”, de 1986; onde a palavra desde o primeiro contato com a leitura e
letramento foi utilizada várias vezes pela escrita são fundamentais.
autora.
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Desta forma, a escola se torna espaço e aceitar que a criança já vem para a escola
ambiente para a criança juntamente com o com conhecimento do meio em que vive.
professor e a família, devem ser mediadores
do processo de ensino aprendizagem da Cabe ressaltar que a função pedagógica da
criança. Enfatizar a construção de uma Educação Infantil envolve o favorecimento
metodologia que prioriza o papel do aluno, de novas aprendizagens, considerando as
da família e do professor/leitor. Bem como crianças como parte da totalidade que as
de todas as pessoas partindo da importância envolve. Todas as atividades desenvolvidas
que têm a alfabetização não deixando de nessa etapa de ensino precedem, de alguma
lado o letramento. forma, a aprendizagem das técnicas de
leitura e escrita e, sem dúvida, beneficiam o
A alfabetização e o letramento realmente processo de alfabetização.
estão ligados, desse modo os educadores – nós
- devemos buscar um melhor entendimento Conforme ABRAMOVAY e KRAMER
para as práticas das metodologias citadas, cabe (1987):
a escola repensar sua atuação e auxiliar seus
educadores nas dúvidas pertinentes ao assunto. Se as atividades realizadas na pré-escola enriquecem
as experiências infantis e possuem um significado
Conforme SOARES (2012), uma teoria real para a vida das crianças, elas podem favorecer
coerente para a alfabetização deverá o processo de alfabetização, quer em nível do
reconhecimento e representação dos objetos e das
basear-se em um conceito desse processo
suas vivências, quer a nível da expressão de seus
suficientemente abrangente para incluir a
pensamentos e afetos (ABRAMOVAY; KRAMER,
abordagem “mecânica” do ler/escrever, o
1987, p. 37).
enfoque da língua escrita como um meio de
expressão/compreensão, com especificidade
e autonomia em relação à língua oral, e, A alfabetização é definida por Soares
ainda, os determinantes sociais das funções (2004) como “a ação de ensinar/aprender
e fins da aprendizagem da língua escrita. a ler e a escrever”. Isto é, de acordo com
ela, uma pessoa alfabetizada é aquela que
A escola é um espaço que não deve ser “adquiriu as tecnologias do ler e escrever
somente uma transmissora de conhecimento de modo a envolver-se nas práticas sociais
tradicional, mas, sobretudo, um lugar onde se de leitura e escrita”. Compreendemos que
criam condições para tomada de consciência ser alfabetizado traz consequências sobre
critica voltado para a compreensão da o indivíduo, alterando o seu estado ou
realidade social, a fim de transformá-la. condição social, uma vez que “a introdução
da escrita em um grupo até então ágrafo tem
A alfabetização e o letramento devem sobre esse grupo efeitos de natureza social,
fazer parte do trabalho do professor ao cultural, política, econômica, linguística”
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De acordo com essa autora, deve-se De acordo com estes autores utilizados
estimular a criança a participar ativamente no embasamento teórico a educação
do processo de construção da leitura e da infantil deve desenvolver a alfabetização e o
escrita constituinte do seu meio sociocultural, letramento nessa etapa de ensino, é possível
bem como trabalhar as práticas sociais da perceber a indissociabilidade desses dois
leitura e da escrita (SOUZA, 2008). Por isso, processos. Soares (2009) afirmou que: “Na
desde que as crianças chegam à instituição educação infantil devem estar presentes
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Segundo o Referencial Curricular para O ato de ler e escrever não são inatos ao
Educação Infantil, as crianças que são ser humano e depende de um período de
provenientes de famílias que a leitura e a aprendizagem, passando da alfabetização
escrita são marcantes, apresentam maior para a escrita e da escrita para a capacidade
facilidade para lidar com as questões da de leitura.
escrita, do que aquelas que não têm este
modelo de praticas de leitura em seu lar. Antes de entrar na escola as crianças
já interagem com múltiplas formas de
Conforme Teberosky (2003) um ambiente textos, mas é no início da alfabetização
alfabetizador “é aquele em que há uma que elas passam a interagir de maneira
cultura letrada, com livros, textos – digitais mais sistematizada, tornando-se capazes
ou em papel – um mundo de escritos que de conhecer estruturas diversas, linguagens
circulam socialmente. A comunidade que usa específicas, regras; exemplo: por que escreve,
a todo o momento esses escritos, que faz para que, para quem, quando acontece o
circular ideias que eles contêm, é chamada fato, onde, como se escreve. O texto escrito
alfabetizadora”. Permitindo desta maneira, se apresenta como objeto cultural dentro ou
a inserção da língua escrita no cotidiano da fora da escola e, por esta razão, precisa ser
criança, seja por meio de revistas, jornais, objetivo e apresentar singularidade.
gibis, livros, cartazes, das palavras na lousa,
ou de situações cotidianas, como outdoors, Segundo a autora ler não implica apenas
letreiro de ônibus ou metrô, caixas eletrônicos em que o leitor apreenda o significado, e
entre outros. sim, que consiga trazer para o texto lido
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a visão e experiência que possui, implica los. Por esta razão, os materiais escritos,
na interação direta entre leitor e texto, sejam os das prateleiras da biblioteca ou
permitindo elementos para a construção de os disponíveis em sala de aula, devem estar
novos textos. sempre ao alcance das crianças.
O aluno não lê para aprender a ler, lê para É imprescindível que o professor escolha
atingir objetivos, para viver e interagir com os materiais de forma criteriosa, para
os outros, estimular o lúdico, ampliar os garantir qualidade e atratividade, facilitando
esquemas cognitivos através de pesquisas e a compreensão das crianças. Este processo é
projetos criados. possível, através de materiais de linguagem
simples, com clareza de ilustrações e
A criança desenvolverá interesse pela sentidos, características de previsibilidade
leitura e escrita através da percepção de do texto, níveis de repetições.
sua importância. Os materiais precisam
fazer sentido para o seu mundo e trabalhar, A troca do material em um ambiente
simultaneamente, diversos aspectos, desde alfabetizador é o que mostrará o
a leitura e escrita até a sistematização e desenvolvimento do trabalho. Logo, os
reflexão dos conceitos abordados. materiais que permanecem sem troca, ao
longo do processo de aprendizagem provam
As crianças ao serem expostas à um que não foram usados como ferramentas
mundo letrado, passam a fazer a leitura de ensino, mas simplesmente como objetos
de signos mesmo que ainda não saibam decorativos. Já, os materiais que são trocados
ler convencionalmente, são capazes de periodicamente provam seu valor funcional
reconhecer a marca do refrigerante predileto, e sua riqueza como recurso educativo.
assim como a marca do produtos consumidos Teberosky (2003) reforça a riqueza dos
em casa, por exemplo. textos extracurriculares e a importância do
“ambiente alfabetizador” rico em diversos
Segundo Teberosky (2003), os materiais, sem restrições. Assim as crianças
professores possuem a responsabilidade podem interagir com o seu mundo dentro
de criar um ambiente alfabetizador rico e fora da escola, “a leitura é um objeto do
em materiais apropriados, levando em mundo e no mundo”.
conta o conhecimento prévio das crianças,
garantindo um trabalho contínuo e gradativo É necessário que os educadores
para o processo de aprendizagem. percebam que as crianças não aprendem
a ler e escrever apenas por que vêem os
A disponibilidade e acomodação dos outros lendo e escrevendo. Elas só obterão
materiais escritos determina o nível de este interesse uma vez que sentirem-se
interesse que as crianças terão em manuseá- estimuladas, criando experiências, tateando
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Com relação à estrutura de uma escola, percebemos que ela é composta por várias
dependências e muitas têm disponíveis além das salas de aulas: pátios, quadra de esportes,
biblioteca, brinquedoteca, auditório, refeitório, parque infantil.
Cada espaço citado é destinado à sua funcionalidade e propósitos que fazem com que
a escola caminhe para exercer seu papel na sociedade. E sendo assim, o espaço destinado
à sala de aula por si só, nem sempre garante a aprendizagem significativa que tanto as
crianças necessitam e é preciso analisar as possibilidades existentes ao redor e constatar
que há condições da criança aprender em um espaço que até então não era visto para esta
finalidade.
Quando a escola tem condições de oferecer todos esses espaços para o favorecimento
da aprendizagem atuando de forma positiva na construção do conhecimento, a tarefa de
ensinar e mediar se torna mais fácil e menos desgastante tanto para os alunos quanto para
o professor, pois trata-se de um ambiente riquíssimo com várias possibilidades e condições
de se alcançar os objetivos pretendidos.
(...) a oportunidade de estar em um ambiente planejado e cuidado para elas, pensando de forma humanizadora,
buscando ser um espaço de promoção da vida, do crescimento, do desenvolvimento e da aprendizagem, sem perder
de vista que isso terá também consequências positivas para todos os demais atores envolvidos nesse processo de
promoção/construção da qualidade, no âmbito da instituição educativa e das famílias dessas crianças (SOUZA, 2005,
p. 122).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com tantos recursos e opções mais atraentes para as
crianças que existem atualmente, a escola precisa ser
a melhor delas, os ambientes alfabetizadores onde são
desenvolvidos trabalhos diversificados, dinâmicos, atrativos,
contextualizados, significativos para que de fato ocorra
uma aprendizagem verdadeira, no qual haja interesse em
novas descobertas, busca pelo desconhecido e isso só será
realmente possível se a criança perceber essa intenção por
parte da escola e do professor, que é a peça fundamental
nesse processo.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do. Imprensa Oficial do Estado S.A. IMESP,
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_______. Lei 11.274, 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos artigos. 29, 30, 32 e
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educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental,
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ZABALDA, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. Trad. Beatriz Affonso Neves. Porto
Alegre: Artmed, 1998.
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ASPECTOS EDUCACIONAIS
BRASILEIROS E A FORMAÇÃO
PARA A CIDADANIA
RESUMO: A educação no Brasil nem sempre foi para todos. Durante a maior parte da história
nacional, o foco de ensino foi a formação de uma pequena elite intelectual. Durante os
vários momentos políticos brasileiros, a perspectiva educacional moldou-se de acordo com
a filosofia mercantilista, o que interferiu diretamente nos objetivos e conteúdos das práticas
pedagógicas. Tais práticas envolvem peculiaridades docentes, e dentre elas, podemos
destacar os tipos de avaliações. A avaliação também é um mecanismo de aprendizagem e
deve ser usado como tal, ou seja, em prol do desenvolvimento do educando. Durante muito
tempo a avaliação foi executada de modo classificatório e excludente. A proposta de uma
avaliação contínua e formativa leva a observância do desenvolvimento global do discente e
tem por objetivo formar o cidadão em seus vários aspectos e não apenas classificá-lo. Desta
forma, a verdadeira avaliação deve constituir-se em um instrumento de ensino e aprendizado.
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Podemos fazer uma comparação simbólica Delors apontou como sendo quatro pilares
entre a linha de produção industrial e o sistema educacionais os fatores:
educacional, pois cabia a escola produzir material
humano para alimentar a crescente demanda do • Aprender a aprender;
mercado capitalista por mão de obra. • Aprender a fazer;
• Aprender a conviver;
Mais uma vez, a mecanização do ensino e • Aprender a Ser;
a implantação de modelos pré-estabelecidos
de conduta e aprendizado causaram exclusão, Teoricamente, o objetivo educacional é a
castração intelectual e defasagem cognitiva formação para a cidadania e a preparação
entre os estudantes provenientes da Elite e para a complexidade da sociedade global,
da massa popular. mas infelizmente, ainda notamos a força
do mercado capitalista por traz das bases
A LDB 5692/71 foi de Tendência Liberal educacionais. Prova disto é a necessidade
e Concepção Tecnicista, mas reproduziu os para o campo do trabalho da escolaridade
mecanismos da escola tradicional. mínima de ensino médio e da gradativa
tendência de exigência de ensino superior.
A avaliação manteve-se embasada em
padrões quantitativos, classificatórios e com A LDB 9394/96 também é marcada
modelos prefixados. pela visão de uma educação em favor
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Mais uma vez a avaliação tornou-se um Este problema faz com que em vez de
ponto estratégico, que deve ser ponderado progressão continuada o sistema fique preso
com cuidado, pois caso não seja usada em em um formato de progressão automática,
prol da aprendizagem, tornar-se-á mais uma que impossibilita a qualidade de ensino-
vez em uma ferramenta de exclusão. aprendizado para todos.
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Deste modo, a escola não se demonstra Paulo Freire, em seu Livro Pedagogia da
voltada para valores progressistas, uma Autonomia, define várias características
vez que suas bases continuam fixadas em importantes para os professores, e dentre
paradigmas tradicionais que constituem a elas, podemos destacar:
gênese da exclusão.
• Rigorosidade Metódica;
O CONSTRUTIVISMO E SUAS • Necessidade de pesquisar;
INTERPRETAÇÕES • Respeito aos saberes dos educandos;
• Rejeição a qualquer forma de
Na década de 1980, quando as primeiras discriminação;
noções do construtivismo foram implantadas • Respeito à autonomia do educando;
nas escolas brasileiras, os professores não • Humildade, tolerância e luta pelos
entenderam a proposta em suas particularidades. direitos dos educadores;
• Disponibilidade para o diálogo;
Os docentes interpretaram que o • Saber escutar;
construtivismo seria primado a partir da • Convicção de que a mudança é
simples exposição e contato dos alunos possível;
com o objeto de ensino, eximindo o
professor de maiores responsabilidades.
Essa interpretação errônea da teoria AS FORMAS AVALIATIVAS
construtivista fez com que toda uma geração
fosse prejudicada. Assim, fica claro que a avaliação é um nó
estratégico na educação e pode desencadear
Cesar Coll mostrou em seus estudos, que o fracasso escolar ou grandes progressos.
o construtivismo não é baseado no simples
contato entre objeto e educando, mas que O sucesso dependerá da maneira como a
a chave é a mediação docente, ou sejá, o avaliação será empreendida, pois se utilizada
professor é fundamental para que o aluno em prol do real aprendizado, pode trazer
avance em seus conhecimentos. Coll define ótimos resultados.
que é preciso que os professores sejam
orientadores, facilitadores e guias. Charles Hadiji desenvolveu os diversos aspectos
da avaliação e através de seus estudos podemos
Jamais devemos classificar a educação observar os vários modelos de execução.
como simples transmissão de conhecimento.
De acordo com Coll, Vigotsky e Brunner, é Quem avalia deve ater-se nas ações e
preciso trabalhar de maneira a criar apoios, não nos esteriótipos, pois é necessário um
para que os educandos possam ter êxito em olhar diferenciado para vários aspectos, que
seus diversos aprendizados. constituem a avaliação formativa.
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Hadiji define a avaliação formativa como uma utopia promissora, pois com ela, tanto os
educadores como os educandos podem obter vários benefícios, antes inacessíveis.
Ao aluno, cabe a capacidade de auto regulação e consciência de seus erros, para, a partir
deste ponto trabalhar a construção de seu aprendizado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As crianças desenvolvem-se a partir de um contexto
histórico e social. Nesse contexto, ela cria e recria seu mundo
por meio de suas experiências de acordo com as interferências
externas. Isto é, a partir do contato com outros sociais mais
experientes, amplia seu conhecimento e organiza suas ideias
e sentimentos a respeito de si mesmos.
No dia a dia da escola, observa-se que os educandos
não são iguais, não há um tipo único de aluno. Por isso,
quando se consegue detectar as necessidades específicas
e individuais de cada um, o trabalho do educador torna-
se muito mais eficaz e satisfatório. A educação inclusiva
implica, portanto, que todas as pessoas de uma determinada
comunidade aprendam em interação e de forma heterogênea,
independente se sua origem, suas condições pessoais, sociais
ou culturais, incluídos aqueles que apresentam qualquer
problema de aprendizagem ou deficiência.
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REFERÊNCIAS
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FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo:
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ALARCÃO, Isabel. Escola, reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. cap. 1.
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CONTOS AFRICANOS NO
ENSINO FUNDAMENTAL I
RESUMO: Com base na Lei 10.639/03, os contos de origem africana devem ser inseridos no
currículo escolar, afim de garantir a aproximação do alunado à cultura africana, a seus ideais,
suar virtudes, seus mitos, sua moralidade e em especial seu importante papel na construção
da cultura brasileira. Tal necessidade visa a formação de um cidadão crítico que respeite a
diversidade e a pluralidade da cultura brasileira, se desprendendo de preconceitos que ainda
persistem em nossa sociedade. É preciso desenvolver nos educadores o pensamento crítico
quanto ao papel do professor na manutenção ou modificação de práticas eurocêntricas
na escola, que indiscutivelmente privilegiam as características e os elementos culturais de
origem europeia, em detrimento dos traços negros e mesmo as religiões de matriz africana.
Tal situação vem trazendo prejuízos a inúmeros alunos e alunas pardos ou negros em
todo o Brasil. Portanto, o ensino de contos oriundos da cultura africana, em suas diversas
formas, objetiva a aproximação dos alunos com os elementos culturais africanos e propicia
a valorização da cultura africana, dos traços étnico-raciais dos próprios alunos de origem
africana e, acima de tudo o respeito a diversidade e a pluralidade e o multiculturalismo tão
presentes no Brasil.
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dos olhos dos autores e da vivência das Adormecida, Branca de Neve e os Sete
personagens...” Anões, Cinderela, Rapunzel, Chapeuzinho
Vermelho, entre outros. Todos esses contos,
Para que a escola consiga desenvolver embora importantes na formação do
adequadamente a sua função como universo literário escolar, apresentam outra
formadora de cidadãos leitores, é necessário característica comum; o total ofuscamento
um trabalho que disponibilize ao aluno uma dos negros, indígenas e pardos. Obviamente
grande diversidade de textos literários, isso se deve ao fato de sua origem ser
dando assim o suporte para que amplie o europeia. Entretanto, porque não propiciar
seu reportório cultural, assim como sua que, ao invés de se explorar exaustivamente
compreensão de mundo. esses contos, sejam abordadas em aulas
diversificadas, contos com elementos
Os educadores devem ter sempre em africanos, lendas do folclore vasto da África,
mente a necessidade de formar um aluno que músicas e danças de origem africana?
valorize a literatura como essencial, porém
prazerosa e que enriqueça a sua autoestima. Deve-se denotar que muitos professores,
em virtude de suas próprias visões de
mundo, suas próprias concepções religiosas
ALGUMAS PUBLICAÇÕES ou autoafirmações, apresentem dificuldade
LITERÁRIAS E SUA ou mesmo relutância para abordar temas
como a religiosidade, a mitologia, a dança
CONTRIBUIÇÃO PARA A e a música africana. É um fato explícito que
PROMOÇÃO DA no Brasil o Candomblé, a Umbanda e as
CULTURA AFRICANA demais religiões de matriz africana sofram
discriminação forte, assim como algumas
Embora sejam poucas, algumas publicações danças e músicas, e isso certamente não
recentes podem ser utilizadas em trabalhos foge à realidade escolar.
escolares, no contexto de gêneros textuais,
para que se proponham sequências didáticas Muitos professores se sentem
ou mesmo projetos pedagógicos, que desconfortáveis em explorar a diversidade
valorizem a cultura africana e quebrem o étnica ou religiosa no meio escolar. As
tradicional eurocentrismo tão arraigado nas justificativas mais comuns são a receio da
escolas. opinião dos pais e responsáveis legais pelo
aluno, a má formação do docente ou mesmo
É muito comum, ao se propor trabalho o despreparo em lidar com o concerne a
com contos, a imediata conotação com os conteúdos da matriz africana. Por sermos
contos de fadas geralmente denominados um país de maioria cristã é praticamente um
tradicionais. Logo se pensa em Bela dilema, se não uma luta, realizar um trabalho
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Porém é dever dos educadores quebrar paradigmas que, embora sejam a opinião da
maioria, ferem e deturpam a realidade de alguns alunos. É muito fácil defender a maioria,
mas, e a discriminação que sofre a minoria? Por que tornar invisíveis a religiosidade africana,
os orixás, as lendas e o folclore africano, quando se pode contextualizá-lo com os planos de
ação e projetos da escola?
É com isso em mente que se propõe a abordagem e o trabalho com os livros citados a
seguir. Não de forma isolada, mas acompanhados de trabalhos e projetos que enfatizem
a realidade brasileira, a história dos diversos povos que originaram a população brasileira,
sempre exortando e exaltando a diversidade, o respeito.
Como excelentes exemplares de literatura rica para se assegurar um trabalho plural, pode-
se citar; África: contador de histórias de bolso, de Ilan Brenman; Três contos africanos de
adivinhação, escrito por Rogério Andrade Barbosa e um ótimo livro para se demonstrar os
tradicionais e populares contos de adivinhação, bem como alguns costumes da tradição
africana; Como as histórias se espalharam pelo mundo, também escrito por Rogério Andrade
Barbosa; O baú das histórias – Um conto africano, de autoria de Gail E. Haley.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho com contos africanos pode ser uma excelente
alternativa para se contrapor aos contos de origem europeia.
Esse artigo não tem por objetivo acabar com o uso da
literatura com contos de fadas considerados tradicionais,
mas refletir quanto a necessidade de se trabalhar com outros
contos, que possam ser exemplos de como o negro e o pardo
também podem ser protagonistas de histórias envolventes
e que sejam exemplos que valorizem a beleza, os costumes
e as tradições advindas da cultura africana, sobretudo de
acordo com a realidade brasileira.
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REFERÊNCIAS
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Calvi. 2ª ed. Petrópolis, RJ. Editora Autores e Agentes e Associados, 1998.
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[...] assim como, para crescer um órgão tem De acordo com VASCONCELOS e BRITO,
necessidade de alimento, o qual é por ele uma escola que possibilita uma aprendizagem
solicitado na medida do seu exercício, também prazerosa é cuidadosa, trabalha criticamente
cada atividade mental, desde as mais elementares a disciplina intelectual da criança,
às tendências superiores, tem necessidade,
estimulando-a e desafiando-a a engajar-
para se desenvolver, de ser alimentada por uma
se seriamente na busca do conhecimento
constante contribuição exterior (PIAGET, 1967,
(VASCONCELOS e BRITO, 2006, p. 102). A
p. 115).
grande reclamação que se ouve por parte
Não é possível desconsiderar as dos alunos é que as aulas são chatas e
transformações que a sociedade sofreu ao monótonas e cabe aos professores torná-
longo do tempo, bem como as transformações las mais atraentes e dinâmicas, prendendo a
dos educandos, portanto, fazem-se também atenção dos alunos de modo que aos poucos
necessárias mudanças e adequações nas os educandos alcancem uma maturidade
metodologias de ensino e no modelo de e independência intelectual. Criada essa
educação de um modo geral. Cabe aqui situação atrativa e agradável em sala de
ressaltar que aulas dinâmicas, atrativas e aula, progressivamente os alunos se verão
ao mesmo tempo capazes de promover imersos na busca do conhecimento de forma
desafios estimuladores do aprendizado autônoma.
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seria manuseado por 350 alunos em média. Para um pleno desenvolvimento do projeto, foi
necessário confeccionar oito jogos com conceitos diferentes em cada um deles. Essa quantidade
permitiu que a sala inteira participasse simultaneamente e que os grupos fossem trocando os
jogos entre si a cada partida, de modo que todos os alunos tivessem contato com todos os
conceitos em questão. A Figura 1 (A-D) mostra quatro exemplos dos jogos confeccionados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
RESISTÊNCIA E ACEITAÇÃO
e antes ou pós-feriados prolongados, ocasião em que Paulo – IB-USP (2013); Pós Doutorado
geralmente encontram-se poucos alunos em sala de aula. em Genética Humana e Médica pelo
Foi conversado diversas vezes com os alunos e esclarecido Instituto de Biociências da Universidade
os verdadeiros objetivos do jogo, que não se tratava apenas de São Paulo – IB-USP (2016); Professor
de Ensino Fundamental II – Ciências
de divertimento, muito menos para passar o tempo de aula
Físicas e Biológicas na EMEF Doutor
e sim uma maneira para facilitar a aprendizagem, em que
Elias de Siqueira Cavalcanti, Professor de
eles poderiam aprender de forma descontraída, fugindo um
Ensino Médio – Biologia na EE Pereira
pouco da monotonia de aulas tradicionais. De acordo com
Barreto.
KISHIMOTO (2003), ao jogarem, os alunos demonstram Contato: jose@ib.usp.br
seriedade e concentração, contudo, como atividade lúdica,
o jogo também é acompanhado de risos, de alegria e de
divertimento. Concordamos plenamente com esse autor e
verificamos no presente estudo que a cada partida os alunos
iam se apropriando dos conceitos e pegando o gosto pelo
jogo e com o passar do tempo a presença do professor quase
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não era solicitada, eles resolviam tudo entre si, os que apresentavam mais dificuldades
esclareciam dúvidas com alunos que estavam mais avançados. De acordo com MULLER, o
professor cria uma situação de comunicação entre os alunos com um propósito educativo,
buscando meios e caminhos, de acordo com o que a situação e a classe pedem; ele intervém
pouco, muito ou nada, colocando os alunos como sujeitos de sua própria reflexão, utilizando-
se da curiosidade natural (MULLER, 2002, p. 277). As intervenções foram muitas de início,
poucas no meio desse projeto e ao final os alunos estavam autônomos, não sendo mais
necessárias as intervenções do professor. Dessa forma, foi possível trabalhar com um grande
número de conceitos novos, bem como reforçar conceitos já estudados em um período
relativamente curto, e o melhor, de forma descontraída e agradável para os alunos.
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[...] os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. Um
dos usos básicos e muito importantes é a possibilidade de construir-se a autoconfiança. Outro é o incremento
da motivação. [...] um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido.
Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar
habilidades, conferindo destreza e competência (SILVEIRA e BARONE, 1998, p.02).
Concordamos com GOMES et al. (2001), que diz que o jogo didático é utilizado para
atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo uma alternativa para se melhorar o
desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem. E acrescentamos
que, se bem elaborado e planejado o jogo é uma excelente opção para reforçar conteúdos
estudados, bem como para introduzir conceitos novos, principalmente conceitos que tenham
certa relação com outros já estudados, formando dessa forma uma ponte entre o conhecido
e o não conhecido, despertando a curiosidade natural do aluno. De acordo com PIAGET o
jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia,
pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral (PIAGET, 1967,
p.32). Concordamos com MOYLES que cita que a estimulação, a variedade, o interesse, a
concentração e a motivação são igualmente proporcionados pela situação lúdica (MOYLES,
2002, p.21). O jogo de regras publicado por SANTOS e ORTEGA é um instrumento que
se encaixa como uma das possibilidades para o trabalho do professor, uma vez que cria
uma situação lúdica, motivadora e desafiadora, capaz de mobilizar e desenvolver aspectos
cognitivos (SANTOS e ORTEGA, 2009, p.47).
A utilização dos elementos lúdicos na sala de aula não demanda muitos recursos e
vem cada vez mais se mostrando uma excelente ferramenta no processo de aquisição
do conhecimento, o que já resultou em diversas propostas realizadas por docentes de
diferentes níveis escolares (BENEDETTI et al., 2009). Segundo RAMOS e WEIDUSCHAT,
é muito mais fácil e eficiente aprender por meio de jogos. E isso é válido para todas as
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idades, desde o maternal até a fase adulta. O jogo em si possui componentes do cotidiano,
e o envolvimento desperta o interesse do aprendiz, que se torna sujeito ativo do processo
(RAMOS e WEIDUSCHAT, 2002, p.6).
Porém como citado anteriormente, devemos ressaltar que aulas com materiais pedagógicos
manipulativos, incluindo os jogos, para que alcancem os objetivos previstos requer tempo e
esforço por parte do professor, pois precisam ser muito bem planejadas e elaboradas para
que não se torne algo vago, sem objetivos bem definidos e o pior, mais cansativo do que uma
aula tradicional para os alunos. Vale ressaltar também que a aplicação de jogos em sala de
aula pode apresentar algumas desvantagens quando não usado com cautela. Concordamos
com GRANDO (2001) que diz que entre as desvantagens, é importante citar o tempo gasto
que é maior, e se o professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros
conteúdos; além de quando mal aplicado, o jogo pode ter caráter puramente aleatório,
ou seja, os alunos jogam por jogar; e também existe o perigo da perda de ludicidade pela
interferência constante do professor.
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Concordamos com LIBANEO que diz que a avaliação é uma tarefa didática necessária e
permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino
e aprendizagem. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho
conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de
constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias
(LIBANEO, 1994, p.195). Segundo CALDEIRA, a avaliação escolar é um meio e não um fim
em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática
pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico
de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem,
expresso na teoria e na prática pedagógica (CALDEIRA, 2000, p. 122). Apesar de em nosso
estudo a avaliação ter sido qualitativa e ter acontecido de forma contínua, através da
observação dia a dia dos avanços dos educandos, de suas discussões produtivas e da aquisição
de autonomia constatada ao longo do processo, queríamos algo concreto e decidimos realizar
uma avaliação onde verificamos a aprendizagem dos conceitos presentes no jogo.
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS
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Figura 2: Exemplo de alguns jogos montados após finalização das partidas. As fotos (A-
D) foram retiradas em um momento do estudo em que os alunos haviam se apropriado dos
conceitos e jogavam com muita facilidade. A peça destacada pontilhada em azul na Figura
2D, que mostra a imagem de uma membrana plasmática e sua definição está ampliada na
Figura 3. Imagem de autoria própria.
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Figura 3: Peça do jogo ampliada. A peça destacada na Figura 2D está aqui ampliada.
Mostra uma membrana plasmática e sua definição de forma simplificada. Ao total foram
confeccionados sete jogos e muitos conceitos foram discutidos de forma direta ou
indiretamente. Imagem de autoria própria.
Figura 4: Distribuição das notas. O gráfico apresenta a distribuição das notas obtidas
em porcentagem. Podemos verificar que os dados apresentam uma distribuição normal,
apresentando-se em sino. Imagem de autoria própria.
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Figura 5: Rendimento dos alunos. Este gráfico, construído a partir do Gráfico 1, mostra
em porcentagem as notas obtidas abaixo de 5 e entre 5 e 10. Apesar de não termos como
foco uma avaliação quantitativa, podemos verificar que 78% dos alunos avaliados obtiveram
resultados satisfatórios entre 5 e 10, mostrando a eficácia da metodologia. Imagem de
autoria própria.
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Figura 6: Média geral e por sexo. Apesar de os meninos geralmente apresentarem maior
afinidade com jogos, os dados apresentados mostram que não houve diferenças significativas
nos resultados entre os sexos. Imagem de autoria própria.
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JOGOS E BRINCADEIRAS
NO COTIDIANO ESCOLAR
RESUMO: O presente artigo trata das contribuições dos jogos e brincadeiras no processo
de aprendizagem na educação infantil, partindo do pressuposto de que esses recursos
pedagógicos contribuem de forma significativa para a aprendizagem e o desenvolvimento
dos alunos. Propõe-se, então, um aperfeiçoamento da prática docente, por meio da criação
de momentos que oportunizem a criança o exercício do seu direito de ser criança. Jogos e
brincadeiras envolvem conceitos e habilidades que são trabalhadas com crianças da Educação
Infantil que devem ser utilizados em situações de recreação ou em sala de aula. Estas
atividades desenvolvem a atenção, a memorização, a percepção espacial, noções básicas
de cores e formas geométricas. Cabendo ao professor, respeitar a característica e forma de
pensar e agir de cada criança. Além de proporcionar aos alunos condições adequadas ao
desenvolvimento físico, motor, cognitivo, social e emocional.
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Dessa forma, percebem-se as diversas razões envolve na ação lúdica acaba se afastando
que levam os educadores a trabalharem no da sua rotina cotidiana, que é alterada pelo
ambiente escolar as atividades lúdicas. mundo simbólico, que realiza e satisfaz os
seus desejos, as suas emoções e os seus
prazeres, pois no mundo real dificilmente
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR conseguiria alcançar este prazer.
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Ao brinca, a criança está pensando, criando além de sistematizar o conhecimento que foi
e desenvolvendo, dentre outros fatores, o construído, para que o jogo não seja visto
pensamento crítico. Pois, a escola de Educação apenas como diversão, mas como algo que
Infantil tem a função de promover a construção estimule o aprendizado. Cabe ao professor
do conhecimento, assim como em todos os explorar e adaptar as situações cotidianas do
outros níveis de educação , desta construção educando às atividades escolares, para tanto,
depende o próprio processo de constituição é de suma importância que domine as idéias
dos indivíduos, portanto a escola deve utilizar e o método que ele deseja trabalhar, com o
o jogo como um instrumento indispensável da intuito de que o aluno construa seu próprio
prática pedagógica e componente relevantes conhecimento, e tenha consciência de que os
da proposta curricular principalmente em jogos propostos são meios para atingir seus
matemática, no qual deve estar voltado para propósitos e não fins em si mesmo. Segundo
a necessidade que a criança tem em construir ANTUNES (1998):
sua lógica operatória e, consequentemente,
as estruturas mentais dos números e das “O jogo ocasional, distante de uma cuidadosa
operações elementares, procurando envolvê- e planejada programação, é tão ineficaz quanto
la para que se sinta encorajada a refletir sobre um único momento de exercício aeróbico para
suas ações , a aprender a pensar, a explorar quem pretende ganhar maior mobilidade física e,
por outro lado, uma grande quantidade de jogos
e descobrir, de forma que não tenha medo,
reunidos em um manual somente tem validade
porque pensar, explorar e descobrir são os
efetiva quando rigorosamente selecionados e
pilares da educação. Segundo ANTUNES
subordinados à aprendizagem que se tem em
(1998),
mente como meta” (p.37).
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De acordo com Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica que tem
valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas vantagens para
o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural da criança funcionando,
como um grande motivador, é por intermédio do jogo obtém prazer e realiza um esforço
espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula
o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da personalidade,
afetiva, social, motora e cognitiva.
A criança ao jogar, não só incorpora regras socialmente estabelecidas, mas também cria
possibilidades de significados e desenvolve conceitos é o que justifica a adoção do jogo
como aliado importante nas práticas pedagógicas. Para que as atividades lúdicas ocorram
de forma adequada é necessário que o educador organize o tempo, os espaços adequados e
ofereça materiais para as crianças
A partir dessa reflexão, ficou claro que o educador é o grande responsável pelo
desenvolvimento e o alcance da aprendizagem do aluno, por meio da integração dos
conteúdos com a ludicidade. É por meio da pratica diferenciada do educador que o educando
será instigado a aprender de maneira mais alegre.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo nos possibilitou a constatação que as atividades
lúdicas influenciam de forma significativa no processo de
ensino aprendizagem e desenvolvimento, pois a criança
aprende enquanto brinca. Assim, a criança estabelece com
os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue
manifestar seus desejos e sentimentos, suas angústias e
entusiasmos, sua passividades e agressividades, e é por meio
da brincadeira que a criança se envolve na partilha com o
outro, se conhece e conhece o outro.
adulta, pois é por meio da imaginação que ela projeta sua vida
futura, e cabe a escola e aos professores propiciar um meio
adequado para as brincadeiras, descobertas, crescimento e
desenvolvimento integral das crianças.
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Cabe, portanto, ao educador refletir sobre sua postura em relação ao ensinar, aprender
e ao avaliar seu aluno dentro da metodologia lúdica, garantindo um significado concreto e
a possibilidade de um trabalho que integre as diversas áreas de conhecimento. É relevante
trabalhar com jogos e brincadeiras no contexto escolar, de modo que envolva a diversidade
cultural e desperte à vontade e aprender. Ressaltando que o aspecto lúdico facilita a
aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e
cognitivo. Enfim, contribui para o desenvolvimento do indivíduo como um todo.
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REFERÊNCIAS
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nas sessões de estudo, elementos pontuais tarefas objetivamente; quando ele facilita
para a escolha do método, atitudes de estudo aos professores a aquisição de informações
(ler, debater, avaliar, reelaborar conceitos e relativas a conteúdos e metodologias, quando
práticas). ele permanece como centro irradiador de
todas as ações desenvolvidas na escola
Como afirma Lima (2006), dificilmente (RANGEL, 2001).
a supervisão escolar será totalmente
aceita por todos os profissionais da escola,
principalmente no que se refere às mudanças, ORIENTAÇÃO NORMATIVA
pois muitos profissionais são resistentes às Nº01/13: A HORA E VEZ DA
mudanças, no entanto existem possibilidades
para eliminar e/ou diluir estas barreiras. EDUCAÇÃO INFANTIL NA PMSP
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À medida que esse contato entre escola e única forma de obter mudanças significativas
família passa a ser mais efetivo, tendem a ser no cenário educacional.
menos conflituoso, mais cortês em um clima
mais amistoso. Essa aproximação deve partir do supervisor,
referência educacional, parte técnica e mais
Cabe então ao supervisor trazer esse olhar experiente e capaz para elaborar meios de
para unidade a fim de que seja cumprida as abordagem mais efetivas a fim de atingir o
prescrições legais, repertoriando naquilo público alvo da sua atuação.
que a unidade ainda carece se apropriar. Sua
função aí é objetivar e zelar pela qualidade O supervisor é o sujeito que faz a leitura
e aplicação dos documentos municipais em da escola em sua totalidade (RANGEL, p.13).
voga. Sendo assim, ele é o agente capaz de trazer
elementos mais reflexivos na formação das
comunidades educativas.
A INOVAÇÃO DO PAPEL DO
SUPERVISOR ESCOLAR Assim sendo, o supervisor se apropria
das normas e documentos prescritivos a fim
(...) a) compreender o significado da educação
de garantir a infraestrutura adequada ao
integral e o papel da escola elementar; b)
compreender o significado do currículo, de
atendimento dos bebês e crianças da rede
suas partes, organização, desenvolvimento
municipal. Não se trata de uma tarefa fácil,
e avaliação; c)compreender a função de pois por muitas vezes se faz necessária ações
administrador e do supervisor na busca de de inspeção, inerentes a função. Todavia,
eficiência do trabalho; d) compreender o papel quando o papel de formador é comprido,
do supervisor como líder do setor educacional; há melhor entendimento por parte dos
e) familiarizar-se com os vários recursos técnicos profissionais da escola de modo a reduzir as
da supervisão escolar; f) desenvolver habilidades ações de controle pelo convencimento em
necessárias à aplicação das técnicas da responder às necessidades dos educandos.
supervisão (BERNARDES,1983 apud POSSANI,
p.50) Para que o supervisor escolar consiga
atingir seus objetivos, deve traçar o perfil da
A mudança de paradigma do supervisor escola dentro do projeto político pedagógico
escolar depende da mudança do olhar sempre orientando, ajudando os professores,
desse profissional. Compreender-se como alunos e pais. Estes sim devem fazer com que
liderança, coordenador, estimulador da o trabalho escolar seja um modelo de busca
compreensão contextualizada e crítica, da e aprendizado em seu dia a dia.
sua própria ação, da comunidade e escola,
tendo como objetivo a qualidade de ensino, Aprofundando-se no Projeto Político
buscando unir forças em um objetivo comum, Pedagógico de uma Escola (PPP), percebe-
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se que as funções do supervisor dentro do contexto escolar devem estar voltadas para o
planejamento, a organização, e a programação de atividades curriculares capazes de delinear
mudanças.
Segundo Pires (1990) o supervisor escolar tem diferentes qualidades. Suas principais
qualidades é efetivamente ser capaz de promover a interação entre os grupos que atuam na
escola, zelar pela qualidade do ensino, colaborar diretamente com os professores, com os
alunos e suas famílias, e acima de tudo, transforma-los em instrumentos capazes de facilitar
mudanças
A busca por uma educação de qualidade nesse contexto é constituída pela necessidade de
mobilizar todos esforços para organização não só de rotinas pedagógicas, mas organizações
para adequações físicas, como limpeza, mobiliário, manutenção dos espaços, atendimento às
orientações e normas do DAE (Departamento de Alimentação Escolar) dentre outras ações,
conforme Portarias (SME nº4548/2017 e nº7450/15).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ação do supervisor escolar é atribuída a funções complexas,
de apoio e parceria, com o diretor e coordenador pedagógicos e
com o grupo de professores, ao qual lidera, passa a ser a essência
do desenvolvimento de seu trabalho. O Supervisor Escolar,
portanto, é o profissional orientador do trabalho pedagógico
desenvolvido pelos professores em uma escola.
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supervisor-escolar/19026 Acesso em março/2019
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS –
LER E OUVIR HISTÓRIAS INFANTIS
RESUMO: Este artigo tem como principal objetivo discutir a importância de se contar histórias
para crianças, visto que esse momento propicia prazer e descobertas e contribui de forma
significativa para o desenvolvimento social, afetivo e intelectual da criança. A contação de
histórias é uma das primeiras maneiras de se transmitir conhecimentos, além de estimular
a imaginação dos pequenos e incentivar a criatividade e a manifestação de diversas formas
de expressão. Por este motivo, a “hora da leitura” deve ser um momento constante na vida
da criança. Para tratar do referido assunto, buscamos o aporte de múltiplos autores, como:
Abramovich (2006), Zilberman (2003), Coelho (2000), Dohme (2000), Amarilha (1997),
dentre outros. A metodologia utilizada consistiu na revisão literária especializada. Segundo
Abramovich (2006, p.29), “Ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o
ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de
novo. Afinal, tudo pode nascer dum texto!”
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das experimentações que tem possibilidade alegria. Algumas dessas emoções podem se
de realizar. Ela se utiliza de experiências mostrar inteiramente novas para a criança e
para construir seu conhecimento, tornando- é as experimentando que se aprende a lidar
se um ser ativo no seu próprio processo de cada vez melhor com cada uma delas.
desenvolvimento e aprendizagem.
Esse envolvimento da criança pode fazer
O primeiro contato que a criança tem com com que ela se identifique com os conflitos
o texto se dá por meio da oralidade: histórias dos personagens, o que esclarece melhor
contadas por adultos, que podem ser de algumas de suas dificuldades, ajuda-a a
livros, inventadas ou até mesmo, histórias encontrar um caminho para a resolução
de sua própria vida. Ao ouvir uma história desses conflitos.
interessante, a criança começa, quase que
imediatamente, a imaginá-la, tornando-se Envolver-se com a história se torna
um expectador ou participante ativo desse prazeroso não somente para a criança, mas
momento prazeroso. também para quem a conta, seja pela escolha
do livro, pela maneira escolhida de contar a
Por meio das histórias contadas, é possível história, pelos recursos utilizados, ou ainda
estimular sua imaginação e criatividade. pelas características próprias do leitor. Seu
Imaginando e criando, a criança terá a interesse aumenta também pela fonte e pela
possibilidade de conhecer diferentes forma de como são obtidas essas histórias.
lugares, tempos e formas de agir e viver, Por isso, não é exagero dizer que a atividade
além de satisfazer diversas curiosidades de contar histórias é muito importante para
que tem sobre o mundo e desenvolver a formação do futuro leitor. É quem pode
relações interpessoais, por meio do uso das transformá-lo em alguém capaz não só de ler
informações obtidas nas histórias ouvidas e livros, mas também de ler o mundo.
lidas.
A arte de contar histórias é algo que
De acordo com Cunha (2003), em vez de ultrapassa os limites da recreação e do
propiciar, sobretudo repouso e alienação, entretenimento para a criança. Trata-se de
como ocorre com formas passivas de lazer, a uma aprendizagem tão importante e rica
leitura exige um grau maior de consciência e como qualquer outra. Por isso, merece ter
atenção, uma participação ativa do leitor, ou seu espaço determinado e valorizado nas
seja, da criança. instituições de Educação Infantil, tornado-se
uma atividade permanente.
Por meio da imaginação, a criança vai
se envolvendo com a história contada e Ao contar uma história para a criança, não
experimentando, também, diversas emoções se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando
como tristeza, raiva, medo, bem estar, o primeiro instrumento que se vê na frente.
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Para isso, é importante que o local escolhido Ouvir histórias é poder sorrir, suscitar o
para essa atividade seja aconchegante e imaginário, ter a curiosidade respondida em
convidativo, de forma que elas se sintam à relação a tantas perguntas, encontrar ideias
vontade. No entanto, isso não impede que para solucionar questões, além de ser uma
se realize esta atividade em diversos lugares possibilidade de descobrir o mundo em que
como embaixo de uma árvore, no parque, vivemos. Contar histórias é uma arte. Deve
na biblioteca, ou onde o leitor e as crianças dar prazer a quem conta e ao ouvinte. As
escolherem. histórias têm finalidades em si. Contadas ou
lidas, devem constituir sempre uma fonte de
Entretanto, não basta somente se atentar alegria e encantamento.
para esses aspectos, quem está lendo deve
gostar da história e se envolver com ela, de Ouvir histórias é um acontecimento tão
forma a contagiar também as crianças. O prazeroso que desperta o interesse das
tom de voz deve ser agradável e adequado pessoas em todas as idades. Se os adultos
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adoram ouvir uma boa história, a criança é ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc.
capaz de se interessar e gostar ainda mais Tem, nesta perspectiva, a possibilidade de
por elas, já que sua capacidade de imaginar é envolver o real e o imaginário. De acordo
mais intensa. com Sandroni& Machado (1998, p.15) “os
livros aumentam muito o prazer de imaginar
É fundamental para a formação da criança coisas. A partir de histórias simples, a criança
que ela ouça muitas histórias desde pequena. começa a reconhecer e Interpretar sua
O primeiro contato da criança com um experiência da vida real”.
texto é realizado oralmente, quando lhe são
contadas os mais diversos tipos de histórias. É importante contar histórias mesmo para
A preferida, nesta fase, é a história da sua as crianças que já sabem ler, pois segundo
vida. A criança adora ouvir como foi que ela Abramovich (1989, p.23) “quando a criança
nasceu, ou fatos que aconteceram com ela sabe ler é diferente sua relação com as
ou com pessoas da sua família. histórias, porém, continua sentindo enorme
prazer em ouvi-las”. Quando as crianças
À medida que cresce, já é capaz de maiores ouvem as histórias, aprimoram a
escolher a história que quer ouvir, ou a parte sua capacidade de imaginação, já que ouvi-
da história que mais lhe agrada. É nesta fase, las pode estimular o pensar, o desenhar,
que as histórias vão tornando-se aos poucos o escrever, o criar, o recriar. Num mundo
mais extensas, mais detalhadas. A criança hoje tão cheio de tecnologias, no qual as
passa a interagir com as histórias, acrescenta informações estão tão prontas, a criança
detalhes, personagens ou lembra-se de fatos que não tiver a oportunidade de suscitar
que passaram despercebidos pelo contador. seu imaginário, poderá, no futuro, ser um
Essas histórias são fundamentais para que indivíduo sem criticidade, pouco criativo,
a criança estabeleça a sua identidade e sem sensibilidade para compreender a sua
compreenda melhor as relações familiares. própria realidade.
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Muitos adultos e adolescentes apresentam linguagem que a criança traz, e a partir dela
dificuldade de compreensão e/ou reprodução orientá-la e ensiná-la a forma correta.
de textos, embora tenham muitos anos
de escolarização. Assim, é necessária uma O hábito de ler deve começar nos
revisão dos objetivos de alfabetização, primeiros anos de vida da criança e mesmo
visando contribuir para a formação de leitores antes desta ingressar na escola. Contudo,
e escritores competentes, sendo uma tarefa percebe-se que a criança de hoje se sente
especialmente reservada aos professores. cada vez mais desestimulada à leitura, devido
às várias tecnologias que usam no seu dia a
No contexto da educação infantil acredita- dia, entre estes a televisão, o computador
se que a linguagem oral é de suma importância e o videogame que, além de alienar, pode
e fundamental para o desenvolvimento prejudicar o desempenho e a criatividade
psicológico, social e cultural da criança, da criança. Pais e educadores devem tomar
pois é por meio das relações pessoais que a consciência da urgência da necessidade de
criança se desenvolve, e tem sua inserção e promover o interesse da criança pela leitura,
participação nas práticas sociais. A linguagem o que, além de reduzir seu tempo em frente
oral é a que tem maior importância, pois é à televisão, e que dará uma bagagem muito
o instrumento mais utilizado neste nível maior de conhecimento e poderá estimular a
de escolarização, já que as crianças nesta imaginação e a criatividade.
idade não leem e não escrevem. É por meio
da linguagem oral que o adulto possibilita o A sala de aula é um lugar privilegiado para
contato da criança com os textos, ao ler para o desenvolvimento do gosto pela leitura
ela, ao conversar sobre os textos lidos. e um importante setor para o intercâmbio
da cultura literária, sendo um espaço que
A oralidade deve trabalhar dois pontos poderá ser o berço de futuros autores,
importantes: a própria comunicação que escritores e artistas. Se os educadores
estabelece com base na linguagem que a fizerem da literatura infantil um momento
criança já domina, ou seja, quando a criança de lazer, de modo que o aluno sinta prazer
entra na escola, já é capaz de dialogar, em ler uma história, não como uma tarefa a
narrar fatos e histórias, brincar com colegas mais para cumprir, estarão colaborando para
e adultos, pedir ajuda etc; e o uso da o seu desenvolvimento integral. O professor
linguagem como um importante mediador poderá levar a criança a se interessar pelo
do conhecimento letrado, visto que a tema da leitura por meio de canções,
escola de educação infantil para crianças de expressão corporal, dança, observação,
famílias pouco escolarizadas talvez seja a contato com a realidade.
mais importante instituição no sentido de ter
acesso ao mundo letrado. Por este motivo, A literatura infantil é um dos suportes
o professor deve conhecer e valorizar a básicos para o desenvolvimento do processo
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Dessa forma, acredita-se que o livro é um dos principais meios de mediação de uma história
e que todos devem ter acesso a eles. A literatura infantil deve proporcionar aprendizagens,
vivências e emoções, favorecendo o desenvolvimento completo e emancipatório do
ser humano. Neste sentido, as ações que empregam a literatura infantil precisam ser
sistematizadas, tornando-se uma grande aliada no processo escolar. Assim, acredita-se que
todas as atividades educativas devam ser planejadas.
Neste caso, o planejamento do professor deve ser assumido como um processo de
reflexão, de intencionalidade. Por envolver todas as situações e ações do educador, deve ser
uma atitude crítica do trabalho docente e, para tanto, o planejamento não deve ser como
uma forma pronta e acabada, mas flexível, para que o educador possa repensar sua prática,
revisando, buscando novos caminhos para sua prática pedagógica.
O educador, ao contar histórias, pode também variar na escolha de recursos e, mesmo que
não seja um exímio contador de histórias, o uso desses recursos poderá facilitar e transformá-
lo em um artista de dotes especiais e um mestre capaz de transmitir com segurança e
entusiasmo o texto às crianças. Acredita-se que o professor, ao contar histórias, além de
planejar, ler, gostar da história e fazer opção pela melhor história para a faixa etária de seus
ouvintes, possa usar diferentes recursos para contar com mais entusiasmo e despertar em
seus alunos o gosto pela leitura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O “contador” precisa ser habilidoso, é necessário “entrar”
na história e levar junto todos os ouvintes. Diversos recursos,
como, imagens, sons, instrumentos musicais, materiais
alternativos, devem ser utilizados para que o momento
seja ainda mais aprazível. Algumas dicas e técnicas também
podem ajudar. A linguagem corporal do “contador” tem
grande relevância para o processo.
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a beleza. É desse modo que a literatura pode intervir no processo ensino-aprendizagem, pois
lendo e ouvindo histórias o sujeito desenvolve sua sensibilidade, seu gosto artístico, como
também amplia sua maneira de ver e entender o mundo (COELHO, 2000).
Ao contar uma história para uma criança, uma história real ou imaginária, dá-se a
oportunidade a ela de conhecer as lendas, histórias, contos e fatos de um determinado local.
Porém, as histórias contadas ou lidas, devem ser de interesse da criança, estimulando novas
leituras, criatividade, ampliando a visão de mundo dos alunos, de uma forma prazerosa e
mágica.
Portanto, concluímos que a contação de histórias deve ser uma prática rotineira das
escolas, pois a valorização desta atividade interfere no desenvolvimento integral da criança,
além de estimulá-la a conhecer e apaixonar-se pelo mundo da leitura, de forma a garantir
sujeitos críticos e bons leitores.
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REFERÊNCIAS
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CAATINGA
A Caatinga tem como principal característica o fato de ser o único bioma exclusivamente
brasileiro. Mesmo assim, estudos divulgados pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (CECAT) alertam que esse é o domínio florestal
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Um dos mais ricos e importantes domínios Outro motivo foi o desinteresse do poder
naturais do Brasil é o Cerrado, localizado em público em preservar esse domínio natural,
boa parte da região Centro-Oeste e também visto os poucos esforços de sua conservação
em partes das regiões Norte, Nordeste e ao longo do século XX e a não inclusão do
Sudeste do país. Embora o seu ambiente Cerrado nas áreas de preservação natural
apresenta importantes funções ambientais na Constituição promulgada em 1989. Além
para espécies animais, vegetais e, também disso, apenas 3% da área do Cerrado é formada
para nascentes e leitos de rios, o seu processo por reservas e unidades de conservação, o
de devastação acentuou-se ao longo das que é considerado um índice muito baixo.
últimas décadas e boa parte de sua formação Vale lembrar ainda que mesmo essas áreas
original foi destruída. de proteção ambiental sofrem pressão de
fazendeiros e grileiros para a sua ocupação.
O processo de desmatamento do Cerrado
consolidou-se ao longo da segunda metade Apenas nos últimos anos é que medidas
do século XX, graças aos avanços da públicas de preservação do Cerrado foram
agropecuária para o interior do país nesse adotadas, fazendo com que, a partir de 2006,
período. Dados revelam que menos de 48% o seu processo de destruição começasse a
da vegetação original encontra-se total ou diminuir, embora ainda seja elevado. Dados da
parcialmente conservada, e para piorar, Organização de Conservação Internacional
o desmatamento vem aumentando nos estima que, caso o processo de devastação
últimos anos, sendo maior até mesmo que o do Cerrado continue, suas reservas durarão
da Amazônia. somente até 2030.
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MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em diversidade de espécies e uma das
mais ameaçadas do planeta. O bioma abrange área de cerca de 15% do total do território
brasileiro, que inclui 17 Estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), dos quais 14 são costeiros. Hoje,
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restam apenas 12,4% da floresta que existia Sete estados beiram o desmatamento
originalmente e, desses remanescentes, 80% zero, com desflorestamento em torno de
estão em áreas privadas. 100 hectares (1 Km²). O Ceará e Espírito
Santo, com 5 hectares (ha), são os estados
Ela é a casa da maioria dos brasileiros, com o menor total de desmatamento no
abriga cerca de 72% da população, sete período. São Paulo (90 ha) e Espírito Santo
das nove maiores bacias hidrográficas do ganharam destaque pela maior redução
país e três dos maiores centros urbanos do desmatamento em relação ao período
do continente sul americano. Essa floresta anterior. Foram 87% e 99% de queda,
possibilita atividades essenciais para a nossa respectivamente. Os demais estados no
economia, tais como, agricultura, pesca, nível do desmatamento zero foram: Mato
geração de energia, turismo e lazer. Grosso do Sul (116 ha), Paraíba (63 ha), Rio
de Janeiro (49 ha) e Rio Grande do Norte (23
O desmatamento da Mata Atlântica entre ha).
2016 e 2017 teve queda de 56,8% em
relação ao período anterior (2015-2016). Neste levantamento, 59% dos 17 estados
No último ano, foram destruídos 12.562 da Mata Atlântica tiveram queda do
hectares (ha), ou 125 Km², nos 17 estados do desflorestamento, incluindo os quatro que
bioma. Entre 2015 e 2016, o desmatamento mais desmatam. A Bahia, primeiro estado do
foi de 29.075 ha. Este é o menor valor total ranking de desmatamento, suprimiu 4.050
de desmatamento da série histórica do hectares, mas teve queda de 67%; Minas
monitoramento, realizado pela Fundação Gerais (3.128 ha), reduziu 58%; o Paraná
SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de (1.643 ha), é o terceiro, e reduziu 52% e Piauí
Pesquisas Espaciais (INPE). (1.478 ha), o quarto, que reduziu 53%.
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Por ser um conjunto de ecossistemas, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande
biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Trata-se de um patrimônio
natural, genético e cultural de importância nacional e global.
Desde a colonização, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal
atividade econômica da região. A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das
pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização
das paisagens naturais do Pampa. Estimativas retratam que em 2008 restavam apenas
36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa (CSR/IBAMA, 2010).
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil, o Pampa é o bioma que tem menor
representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando
apenas 0,4% da área total brasileira protegida por unidades de proteção ambiental.
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PANTANAL
O Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um bioma constituído principalmente por
uma savana estépica, alagada em sua maior parte, com 250 mil quilômetros quadrados de extensão,
altitude média de 100 metros. Está situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do
Sul, ambos estados do Brasil, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia.
O Pantanal, terra do belíssimo Tuiuiú e de outras 4,7 mil espécies conhecidas de animais
e plantas, já perdeu 18% de sua área para o desmatamento, causado principalmente, pela
criação extensiva de gado. Os dados são da ONG WWF-Brasil, que alerta para o sério
risco da extinção de várias espécies, com danos imensuráveis para biodiversidade, além da
disponibilidade de água para a própria população humana.
Embora seja o menor dos biomas brasileiros, o Pantanal fornece cerca de R$ 560 bilhões
ao ano em serviços ambientais para todo o planeta, em forma de água, solos produtivos, ar
de qualidade, diversidade de peixes e regulação do clima.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil possui a segunda maior cobertura vegetal do
mundo, exercendo, portanto, influências a nível global. Um
exemplo clássico da importância da vegetação que cobre o
país é o clima, que sofre interferência direta das florestas,
principalmente, a amazônica, que determina o regime de
chuvas de grande parte da América do Sul.
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Atualmente, existem vastas áreas disponíveis para a agropecuária, porém mal utilizadas,
com o tempo, se tornaram degradadas. A recuperação dos solos degradados vai proporcionar
uma maior produção sem que haja a necessidade da devastação de outras áreas naturais.
Alguns países já boicotam a compra de produtos oriundos de áreas de desmatamento,
exercendo pressão para a prática de uma agropecuária sustentável.
A criação de novas áreas de proteção ambiental torna essas regiões menos vulneráveis,
visto que passam a ser monitoradas, dificultando a ação de grileiros, por exemplo. O turismo
ecológico pode ser uma forma de manejo sustentável dessas áreas e ainda um importante
gerador de lucros.
Por fim, o Brasil é um país de dimensões continentais, com extensas áreas de grande
potencial energético eólico e solar, que colocado em prática, traria grandes benefícios ao meio
ambiente, pois algumas regiões ainda utilizam a madeira como fonte de energia, evitando
assim, o desmatamento, a poluição do ar e a construção de novas usinas hidrelétricas, que
alteram consideravelmente o ecossistema.
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1241
Revista Educar FCE - Março 2019
A INFLUÊNCIA DA ARTE
NO PROCESSO PEDAGÓGICO
RESUMO: Este artigo tem como objetivo fazer uma relfexão sobre a artes na Educação Infantil
e do currículo de artes tendo como base fundamentos teóricos e históricos do materialismo
dialético, podemos perceber que os estudos revelaram as dificuldades em se trabalhar
com arte dentro das escolas por falta de materiais e às vezes por falta de uma formação
adequada, além de não compreender as especificidades de cada aluno e do conhecimento
artístico que ele carrega, muito há que ser trabalhado, planejado e, é necessário que haja um
acompanhamento e diversas avaliações sistemáticas, promovendo assim as mudanças de
concepções e ações tanto das escolas quanto das faculdades que não formam professores
de artes da forma que deveria e das formações contínuadas dentro de cada escola.
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indivíduo tem uma aptidão, por isso há erámos enganados nas pinturas de fatos
licenciaturas voltadas para cada vertente: que ocorreram à muito tempo e descrever
Artes Visuais, Música e Teatro, todas corretamente a história.
elas englobam a Arte, mas nem todos os
estudantes saem sabendo o suficiente para Infelizmente a arte ainda é tratada como
dar uma boa aula que englobe música, teatro matéria curricular, mas que não tem tanta
e artes visuais. importância como Português, Matemática e
algumas outras, é tratada como uma distração
Nas escolas é necessário que se reflita para as crianças e não tendo a importância
sobre o currículo de Artes, talvez dividindo as correta.
vertentes em ciclos ou semestres, dentro dos
anos no qual a matéria deve ser trabalhada, As famílias geralmente desconsideram
sendo necessário que houvesse projetos a aula de arte dentro da escola, por não se
específicos em diferentes momentos e tratar de nada que fará com que a criança
espaços. ganhe dinheiro, é mais importante que saiba
ler, escrever e fazer contas.
O objetivo desse trabalho é descrever um
pouco sobre como a história da arte e como
ela se faz importante dentro do universo OS BENEFÍCIOS DO
escolar como um todo, desde as escolas TRABALHO COM ARTES
infantis até o ensino médio, a arte é uma
fonte riquíssima no aspecto cultural, social e O trabalho com artes acaba por oportunizar
histórico da humanidade. diversas vivências em autoestima e
diferentes aprendizagens, por meio de vários
Esse artigo tem como objetivo específico procedimentos, inúmeras atividades que
mostrar a importância da arte para as podemos trabalhar com nossas crianças,
crianças, pois elas criam arte brincando, e jogos lúdicos e brincadeiras coletivas.
tanto a brincadeira como a arte desenvolvem Conseguimos coletar muitas atividades só
diversos aspectos nas crianças. observando as crianças quando brincam, e
com isso elas aprendem a utilizar diversos
Esse trabalho se justifica pela importância materiais, sendo capaz de resolver diversos
que a arte tem nas nossas vidas, pois desde problemas, utilizando a criatividade e
um pacote de bolacha tem alguma arte, até abstraindo; sendo capaz também de expressar
mesmo obras de museu, tudo é pensado seus sentimentos, e suas opiniões, além de
de forma criativa, artística, tentando fazer fazer inúmeras perguntas complexas para
com que determinado produto seja perfeito conseguir e aprender as opções disponíveis
na foto, precisamos trabalhar mais arte na resolução de algum problema que surgiu
dentro das escolas, mostrando o quanto no seu brincar.
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fortalecer e dar sequência a essas conquistas, pois essa é uma história de muitas lutas e que
ainda precisa ser trabalhada.
Tudo precisa ser bastante difundido, discutido e pensado em algumas resoluções que
sejam práticas acerca dos rumos desses documentos que desenvolvam de uma forma mais
atenta à Música e ao Teatro dentro das escolas, como uma prática pedagógica, ações que
fortaleçam a área do conhecimento e para que efetivem as contribuições cognitivas, sociais
e psicológicas que podem vir a oferecer para a educação do nosso país.
Uma boa escola não deve ignorar as funções vitais que as artes desempenham dentro da nossa
sociedade, pois possibilitam o autoconhecimento; a construção do pensamento critico e da consciência;
e o desenvolvimento da expressão e criação. Fazendo com que conheçamos mais sobre nosso povo e
sobre a nossa própria história, suas ideias e concepções de mundo.
Ao trabalharmos com os códigos expressivos das linguagens artísticas, devemos usar uma maneira
simples, de acordo com a faixa etária dos nossos alunos e suas experiências anteriores, adquiridas dentro
e fora da escola, para que possam se apropriar adequadamente destes códigos, como aprenderão durante
o ano letivo.
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Crianças inseridas no processo de ensino-aprendizagem,
desde a Educação Infantil até a alfabetização, por meio do
contato com a Arte e seus elementos, mostraram que este tipo
de comunicação, bem como a construção do conhecimento
que conferiram às atividades, até então, desenvolvidas
como a oralidade; a leitura e a escrita, que reciprocamente,
se entrelaçaram para que atingíssemos o objetivo: leitura
coletiva e subjetiva das imagens, suas contribuições e com
grandes interpretações de seus conteúdos.
Para que cada uma delas, dentro de suas possibilidades, Parque Edu Chaves.
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de forma mais realista na aplicação efetiva das aprendizagens escolares em suas rotinas
diárias.
Precisamos ter consciência que o ensino da Arte esta muito mais voltada para o social,
outra questão é sua importância para a vida dos seres humanos que vivem em sociedade,
o homem é um ser político que precisa viver em sociedade. A maior preocupação é dar
uma base e orientá-los, de maneira que consigam ensinar a alfabetizar esteticamente seus
alunos, com uma proposta pedagógica, na qual esteja de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes
e Bases), mas é de livre escolha do professor o conteúdo e a metodologia que aplicará dentro
de sua aula e a forma com que avaliará seus educandos.
O professor de Artes precisa ter uma visão sobre o que rege sua matéria e ter consciência
do seu papel dentro da aprendizagem de seus alunos e da sociedade como um todo, pois
o professor acaba tendo um papel político, podendo deixar que suas aulas tenham que
trabalhar só em datas comemorativas ou mostrar a história e o que podemos transformar
dentro da sociedade em que vivemos especialmente nas salas de aula do ensino médio.
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REFERÊNCIAS
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na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96, Art.29, que a educação infantil, “[...] primeira
etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de
até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando
a ação da família e da comunidade”. Sabe-se que as creches, centros de educação infantis
e escolas de educação infantil estão cada vez mais, sendo reconhecidas como instituições
educativas, que cuidam e educam bebês e crianças pequenas.
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[...] áreas de biblioteca, de faz-de-conta, de pintura, de construção, de música, de teatro, de atividades (jogos) na
mesa, de informática (nas unidades que contam com computadores nas salas). A justificativa para tal arranjo é que
o mesmo favorece mais as interações dos grupos de crianças e melhor as orienta ao redor de um foco, permitindo a
elas oportunidades de escolha. Esses cantinhos podem ser fixos ou arrumados a cada dia, segundo a programação
do professor ou as sugestões das crianças (SÃO PAULO, 2007, p. 33-34).
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Quanto aos benefícios, eles permitem que cada criança possa “[...] interagir com pequeno
número de companheiros, possibilitando-lhes melhor coordenação de suas ações e a
criação de um enredo comum na brincadeira o que aumenta a troca e o aperfeiçoamento da
linguagem (OLIVEIRA, 2005, p. 195).
A seguir, apoia-se em Barboza e Volpini (2015) para listar os tipos de cantos temáticos
mais comuns e sugestão de como organizá-los:
• Canto da leitura: pode ter letras móveis, caixas de histórias, teatrinho de papelão,
almofadas, aventais, livros, revistas, gibis e fantoches.
• Canto da dramatização: pode ter tecidos, fantasias, maquiagens, perucas, roupas,
sapatos, bolsas, colares, chapéus e espelho.
• Canto de artes: pode ter materiais variados, como tinta, massa de modelar, canetinhas,
pincel, giz de cera, lápis de cor, papéis variados, papelão e outros suportes.
• Canto da casinha: pode oferecer objetos estruturados e não estruturados, tais como
fogão, “panelas, pia, geladeira, mesa, sofá, televisão, passadeira, ferro, frutas plásticas e
embalagens de alimentos, camas ou berços, aparelhos usados de telefone etc.” (BARBOZA
E VOLPINI, 2015, p. 22).
• Canto do médico: deve oferecer “toucas, máscaras, luvas cirúrgicas, embalagens de
remédios, esparadrapo, jalecos, papel, bonecas, que sirvam de pacientes [...]”, entre outros
objetos. (BARBOZA E VOLPINI, 2015, p. 22).
• Outros cantos: pode-se criar cantos variados de acordo com a criatividade, necessidade,
interesse e sugestão de adultos ou crianças. Como a seguir, é possível visualizar o cantinho
do cabeleireiro.
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Deve-se levar em conta que desde pequenas para dar papéis diferentes às crianças”.
as crianças são capazes tanto de colaborar Nas intervenções pontuais, o adulto pode
na organização de um ambiente brincante, contribuir para que a criança amplie ou
quanto de fazer escolhas, escolhendo com até mesmo modifique o roteiro inicial,
quem brincar, conversar, sentar-se perto ou “introduzindo novas experiências, que
compartilhar os brinquedos, ou seja, ela deve tornam a brincadeira mais rica e complexa,
ser protagonista nos processos de interação. com vários personagens e diálogos mais
Por isso, considera-se que é tão importante a longos. A criança não nasce sabendo brincar,
oferta de materiais diversificados e acessíveis mas aprende com adultos e outras crianças”.
às crianças, bem como “[...] a organização (KISHIMOTO E FREYBERGER, 2012, p. 100).
de ambientes de forma confortável e
orientadora das ações infantis favorecem Vale destacar que nas propostas dos
o desenvolvimento da autonomia nas suas cantinhos temáticos, o educador precisa
escolhas e a participação delas em várias superar a repetição de propostas, ou seja,
atividades em um mesmo dia” (SÃO PAULO, não é recomendável oferecer somente as
2006, p. 33). mesmas atividades da turma do ano anterior,
para a atual. É preciso perceber que o grupo e
Baseado em Kishimoto e Freyberger cada criança é outra, com novas percepções,
(2012), é possível refletir sobre uma cena expectativas que exigem um novo olhar. Ao
no cantinho temático das profissões e pensar em propostas, vale virar as mesas ao
como o professor pode se inserir nesta contrário para formar um barco, disponibilizar
brincadeira para ampliar as interações. Uma almofadas em um canto para leitura, tirar
criança está fazendo o papel de “médico”. as cadeiras do lugar ou até mesmo do
A professora entra na brincadeira e oferece espaço. É necessário também perceber se os
um lápis, (que agora é entendido como um cantinhos planejados, atendem as questões
termômetro) para medir a temperatura da de acessibilidade, segurança, higiene e
boneca. Ela pode, por exemplo, questionar atratividade.
se o paciente está ou não com febre.
Durante a brincadeira, a professora também Diante de tantas possibilidades ricas e
pode oferecer papel para que o “médico” diversificadas para o uso dos cantinhos
faça a receita dos medicamentos e entregue temáticos na educação infantil, ainda há
para a “mãe”. Desde que as crianças aceite resistência por alguns professores, seja
bem a participação da professora, ela pode pela necessidade de organização prévia, de
seguir brincando, dando orientações verbais planejamento, ou pela queixa de estrutura
e também sugerindo “procedimentos para física inadequada ou materiais insuficientes,
outros “médicos” cuidarem do ouvido, da embora seja constatado que “[...] mais do
garganta, da perna ou do braço quebrado, que material, são necessárias propostas e
indicando outras especialidades médicas ideias para compor os cantos”, ou seja, não
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Os cantinhos também são deixados de lado pelos educadores, com a justificativa de que
com o seu uso, o ambiente parece desorganizado e as crianças indisciplinadas, uma vez que
vários objetos, cenários, brinquedos e construções transformam o espaço e as crianças ficam
livres para explorá-los. Além disso, tais professores podem acreditar que oferecer sempre
os mesmos brinquedos de montar, massa de modelar ou livros infantis para as crianças, por
exemplo, permite que eles (professores) tenham mais controle da situação, uma vez que a
criança estará sentada em sua cadeira brincando com os colegas daquela única mesa. Este
aspecto é bastante preocupante e precisa ser superado, em especial nas instituições de
educação infantil. De acordo com o Instituto Avisalá (2007) “o trabalho com cantos não
constitui apenas um momento de aprendizagem da criança, mas também do professor, que
aprende a segurar seu impulso de sempre controlar a situação”.
Pelo que foi discutido até aqui, fica claro que o planejamento e uso criativo dos cantinhos
são essenciais, visto que precisa ser um espaço especialmente organizado para acolher as
experiências de aprendizagens que promovam o desenvolvimento dos bebês e crianças
pequenas instituições de educação infantil. É urgente que os professores que atuam nesta
etapa, superem a visão tradicional de educação e compreendam os benefícios dos cantinhos
são capazes de proporcionar.
Uma forma de fomentar a reflexão e discussão sobre as possibilidades do uso dos cantinhos
temáticos na educação infantil é por meio de formação para os educadores. Algumas opções
são a leitura espontânea de livros, revistas, vídeos e observação de práticas cotidianas
envolvendo a temática; os horários coletivos de estudos como ocorrem nos CEIs e EMEIs,
envolvendo a coordenação pedagógica e professores (Projeto Especial de Ação); Cursos de
atualização presenciais ou a distância e ainda as Especializações na área da Educação Infantil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A trajetória percorrida permite concluir que nas
instituições de educação infantil o bebê e a criança pequena,
precisam ser concebidos como protagonistas do processo de
desenvolvimento em um ambiente no qual, o educar e cuidar
sejam ações indissociáveis no cotidiano e o educador seja
parceiro nas descobertas. Para isso, a brincadeira constitui-
se a principal oportunidade, tanto de desenvolvimento,
quanto de aprendizagem e interação deste público.
KATIA DE
O estudo dos autores pesquisados, trouxe considerações OLIVEIRA ALVES
bastante relevantes quanto ao uso dos cantinhos temáticos
Graduação em Pedagogia pela
para favorecer o lúdico e enriquecer as experiências infantis. Universidade Santo Amaro (2006);
Também proporcionou uma reflexão sobre o importante Especialista em Educação Infantil pelo
papel do educador que atua nas instituições de educação Centro Universitário FMU (2010);
infantil, na organização adequada e criativa do tempo e Atuou como Professora e Coordenadora
espaço. Pedagógica na Escola de Educação
Infantil Miniatura e atualmente é
Foi possível constatar que o uso dos cantinhos temáticos, Professora de Educação Infantil no CEI
não exige grandes estruturas físicas, nem materiais de difícil Vila Império.
Assim, conclui-se que o estudo desenvolvido foi de grande valia para a minha formação
e atuação profissional, pois proporcionou uma reflexão ampla, a aquisição de novos
conhecimentos e a comprovação de que o uso dos cantinhos temáticos nas instituições de
educação infantil é valioso e imprescindível.
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REFERÊNCIAS
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Assim, surge outro enfoque relevante para parte pelas obras de Monteiro Lobato, no
a literatura infantil, que se tratava na verdade que se refere ao Brasil. Ela então, se ramifica
de uma literatura produzida para adultos e por todos os caminhos da atividade humana,
aproveitada para a criança. valorizando a aventura, o cotidiano, a família,
a escola, o esporte, as brincadeiras, as
Seu aspecto didático-pedagógico de minorias raciais, penetrando até no campo
grande importância baseava-se numa linha da política e suas implicações.
moralista, paternalista, centrada numa
representação de poder. Era, portanto, Hoje a dimensão de literatura infantil
uma literatura para estimular a obediência, é muito mais ampla e importante. Ela
segundo a igreja, o governo ou ao senhor. proporciona à criança um desenvolvimento
Uma literatura intencional, cujas histórias emocional, social e cognitivo indiscutível.
acabavam sempre premiando o bom e
castigando o que é considerado mal, seguindo Segundo ABRAMOVICH (1997) quando
à risca os preceitos religiosos e considera a as crianças ouvem histórias, passam a
criança um ser a se moldar de acordo com visualizar de forma mais clara, sentimentos
o desejo dos que a educam, podando-lhe que têm em relação ao mundo. As histórias
aptidões e expectativas. trabalham problemas existenciais típicos da
infância, como medos, sentimentos de inveja
Até as duas primeiras décadas do século e de carinho, curiosidade, dor, perda, além
XX, as obras didáticas produzidas para a de ensinarem infinitos assuntos.
infância, apresentavam um caráter ético-
didático, ou seja, o livro tinha a finalidade É através de uma história que se pode
única de educar, apresentar modelos, moldar descobrir outros lugares, outros tempos,
a criança de acordo com as expectativas dos outros jeitos de agir e de ser, outras regras,
adultos. outra ética, outra ótica. É ficar sabendo
história, filosofia, direito, política, sociologia,
A obra dificilmente tinha o objetivo antropologia etc. sem precisar saber o nome
de tornar a leitura como fonte de prazer, disso tudo e muito menos achar que tem
retratando a aventura pela aventura. Havia cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
poucas histórias que falavam da vida de
forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens Neste sentido, quanto mais cedo a criança
em torno do cotidiano, ou a afirmação da tiver contato com os livros e perceber o prazer
amizade centrada no companheirismo, no que a leitura produz, maior será a probabilidade
amigo da vizinhança, da escola, da vida. de ela tornar-se um adulto leitor. Da mesma
forma através da leitura a criança adquire
Nos anos 70 a literatura infantil passa por uma postura crítico-reflexiva, extremamente
uma revalorização, contribuída em grande relevante à sua formação cognitiva.
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Os livros adequados nesta fase devem ter O tema deve girar em torno de um conflito
uma linguagem simples com começo, meio e que deixará o texto mais emocionante e
fim. As imagens devem predominar sobre o culminar com a solução do problema.
texto.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos)
As personagens podem ser humanas, O leitor fluente está em fase de consolidação
bichos, robôs, objetos, especificando sempre dos mecanismos da leitura. Sua capacidade
os traços de comportamento, como bom e de concentração cresce e ele é capaz de
mau, forte e fraco, feio e bonito. compreender o mundo expresso no livro.
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que mais agradam são os contos, as crônicas e dos livros digitalizados, o objeto livro não
e as novelas. O leitor crítico (a partir dos perderá seu lugar, sua identidade que passou
12/13 anos) nesta fase é total o domínio da a conviver como continuidade da história.
leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade Isso quer dizer que o novo necessariamente,
de reflexão aumenta, permitindo-lhe a não substitui o antigo, mas passa a coexistir
intertextualização. com ele.
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Todas essas atividades envolvem as crianças nas diferentes práticas da nossa língua. Outra
necessidade que e responsabilidade do professor é cuidar do material que se vai expor ao
grupo: o texto que é apresentado às crianças faz diferença na qualidade da leitura que elas
personagens infantilizadas e empobrecidas que não ampliam o que vão aprender e, muitas
vezes, reforçam enganos e ideias preconceituosas ou estereotipadas.
É importante escolher textos que possibilitem às crianças uma primeira leitura, antecipando-
se ao professor. O professor pode decidir como usar os que ele possui na escola. É possível,
por exemplo: de linguagem, para apreciar o texto bem escrito; mais gosta para o restante da
sala ou para outras crianças da escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um
processo constante, que começa muito cedo, em casa,
aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira. A criança
que houve histórias desde cedo, que tem contato direto
com livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento
favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a
leitura.
KÁTIA MEDEIROS DA
Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou SILVA
ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar
Graduação em Normal superior - Faculdade
isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar Uniararas (2007); Pós-graduação Em
no livro esta alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de Psicopedagogia Institucional e Clínica-
conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a Faculdade Brasil. (2014); Graduação em
literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige Artes na Unijales (2016); Professor de
do professor conhecimento para saber adequar os livros Ensino Fundamental e Educação Infantil
às crianças, gerando um momento propício de prazer e CEI- Parque Cocaia, Professora de
estimulação para a leitura. Educação Básica - na EE.Dr. Aniz Badra.
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REFERÊNCIAS
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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11 ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo:
Global, 2003.
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JOGOS E BRINCADEIRAS
COMO RECURSO DIDÁTICO
RESUMO: O presente artigo tem a finalidade de refletir sobre o ensino da língua portuguesa
e matemática para as séries iniciais do ensino fundamental. O objetivo é refletir como
ocorre o processo de ensino/ aprendizagem da língua materna e da matemática por meio
de brincadeiras e atividades lúdicas. Sabe-se que o período de estudo referente ao ensino
fundamental é um momento de muitas descobertas e realizações para os educandos.
Justamente por esse motivo há a necessidade cada vez mais eminente de se aprender a
língua portuguesa e matemática de forma satisfatória a fim de formar um cidadão completo
e apto a resolver as necessidades do mundo moderno. Trazendo ao aluno paixão e vontade
de aprender brincando matérias/ conceitos tão importantes para o desenvolvimento de
qualquer cidadão.
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e etc. O lúdico sempre fez parte do cotidiano que a brincadeira: É o lugar da socialização,
das crianças e da vida do ser humano em da administração da relação com o outro,
geral. Os gregos e romanos já desenvolviam da apropriação da cultura, do exercício da
atividades lúdicas para entreter toda a família decisão e da invenção.
inclusive os adultos.
Durante o ato de brincar vários
A oposição entre atividade lúdica e função elementos são desenvolvidos; a interação
do real pode mostrar em que sentido a social, o respeito mútuo entre os amigos,
criatividade da criança se parece com o jogo. o conhecimento corporal e espacial, o
Pela função do real, os atos se integram ao desenvolvimento cognitivo e o respeito
conjunto das circunstâncias que os tornam às regras. Analisando todo esse contexto
eficazes: circunstâncias exteriores que lhes podemos redimensionar para o espaço
permitem inserir-se, para modificá-las, no escolar, ou seja, ao desenvolver brincadeiras
curso das coisas; circunstâncias mentais durante a infância a criança assimila aquilo
que os põem a serviço da realidade de um que foi proposto na brincadeira, construindo
propósito, de uma conduta, da solução de assim pontes para o saber e tendo sua
um problema. A distinção, aliás, é apenas criatividade e curiosidade aguçadas.
provisória. Pois o lugar, os meios e o final de
toda realização só pode estar, decididamente,
no mundo exterior. (WALLON, 2010, p. 57) COMO APRENDER
PORTUGUÊS E
O jogo e a brincadeira é uma necessidade
na vida da criança, pois por meio destas MATEMÁTICA BRINCANDO
atividades as crianças podem expressar Os educandos do século XXI possuem
seus sentimentos, expressões e vontades. muitas informações. O avanço tecnológico
O brincar é inato a criança e é responsável fez com que essa nova geração de alunos
pelo desenvolvimento de suas habilidades tivessem tudo ao alcance de um clique, no
físicas, motoras e intelectuais. Durante as entanto, toda essa facilidade para obter
brincadeiras algo muito importante também informações não leva ao conhecimento.
é desenvolvido: as regras. Essas regras Também com a era digital as brincadeiras
nortearão o futuro da criança e de acordo tornaram-se mais virtuais e solitárias, o que
com Brougeré (1995, p.103) “As regras não por vezes torna as pessoas mais egocêntricas e
preexistem à brincadeira, mas são produzidas egoístas. Nesse novo cenário mundial a escola
à medida que se desenvolve a brincadeira”. continua usando as mesmas ferramentas
Ao brincar as regras são desenvolvidas e para ensinar conteúdos importantes para
aquele que não as respeitar será penalizado a vida de todos. A velha lousa, giz e alguns
e poderá até sair das brincadeiras, sendo livros didáticos não são mais suficientes a
assim Brougeré (1995, p.103) destaca ainda esta nova fase da humanidade. Precisamos
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de novas metodologias, novas práticas que área de exatas. Isso acontece também porque
sejam capazes de prender a atenção dos muitos alunos não compreendem a essência
alunos e os façam se interessar pelo prazer da Matemática, ou seja, sua importância no
de aprender. desenvolvimento de atividades simples do dia
a dia de qualquer cidadão. Sobre isso disserta
Aprender a Língua Portuguesa parece fácil, Dewey (1979 apud Grando, 2000) que,
afinal é o nosso idioma, no entanto diversos “aprender matemática significativamente
estudos vem mostrando que um grande implica em conhecer o conceito a partir de
percentual de alunos chega ao ensino médio suas relações com outros conceitos, notar
sem saber ao menos escrever corretamente como ele funciona”. A Matemática está
o próprio idioma. Isso gera uma enorme presente em tudo, porém devido a essa
dificuldade na fase adulta. Uma vez que para construção educacional errônea de separar
conseguir um bom emprego o cidadão tem o aprendizado por matérias/ gavetas de
de ao menos conseguir se expressar de forma conhecimentos não conseguimos notar
eficiente e clara. As práticas e metodologias a importância dos números em nosso
utilizadas atualmente para o ensino de Língua cotidiano.
Portuguesa estão claramente obsoletas
o que faz com que alguns professores Frente a essa realidade a área educacional
repensem o ensino de nossa língua materna precisa se voltar às novas praticas e
utilizando aspectos lúdicos e atrativos para metodologias que envolvam a área
conseguir cativar essa nova geração de tecnológica e os artefatos que envolvem o
estudantes. Para Santos ( 2001, p.15) “A mundo moderno. O conhecimento não pode
ideia de que é preciso que os profissionais mais ser separado por partes, precisamos
de educação reconheçam o real significado desenvolver nossas habilidades de forma
do lúdico para aplicá-lo adequadamente, completa e ensinar nossos alunos que o
estabelecendo a relação entre o brincar e “saber” serve para resolver problemas do dia
o aprender a aprender”. Essa idéia é uma a dia e que todas as áreas de conhecimentos
grande barreira para alguns profissionais da são importantes para o desenvolvimento
educação. Alguns ainda enfrentam alguma completo dos cidadãos. Precisamos ensinar
resistência porque pensam que o brincar não nossas crianças a verem um mondo repleto
traz consigo aprendizagens suficientes e que de desafios e capacitá-las a superá-los.
brincar para aprender é perca de tempo. Precisamos além de estimulá-las tocar em
sua auto-estima. O aluno precisa se sentir
Com o ensino da Matemática as pesquisas capaz e para isso muitas vezes a cobrança
no campo educacional tem sido ainda pior. deverá começar por brincadeiras e jogos que
Uma vez que os resultados são assustadores o estimulem a ser criança, ou seja, a brincar
e mostram que jovens a adolescentes saem da e fazer desse brincar uma oportunidade para
escola sem possuir conhecimentos básicos na novos aprendizados.
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Material: embalagem de leite para montar cubos e folhas coloridas para encapá-los.
Palavras impressas (cubo 1- artigos e pronomes, cubo 2 – substantivos, cubo 3 – verbo de
ligação, cubo 4 – adjetivos).
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Após nomear as caixas com as palavras descritas acima, selecionar alguns alunos para
irem jogando os cubos. Ao deixá-los cair questioná-los sobre a formação das frases e deixá-
los analisar as combinações dos cubos a cada jogada. Construindo significado, coesão e
coerência.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar a concepção e desenvolvimento das
competências de leitura e escrita assim como refletir
sobre a importância da matemática fica evidente que
todos os recursos possíveis são necessários para enfatizar
a necessidade da aprendizagem de forma significativa. Em
especial a necessidade da aquisição de novos conhecimentos
que auxiliem os alunos a resolverem problemas de seu
cotidiano. O Brasil há anos vem lutando para aumentar os
níveis de alfabetização e melhoria no ensino, no entanto, para
aqueles que estão constantemente em sala de aula, todo o LAÍS LOPES PRADO
trabalho feito até então se mostra ainda ineficiente. Faltam Graduação em Letras pela Faculdade
recursos financeiros e pessoais, incentivo, políticas públicas integradas de Ribeirão Pires (2011) e
de qualidade e leis que favoreçam o sucesso educacional. Pedagogia pela Faculdade São José (2014)
Vários aspectos negativos são discutidos diariamente . Especialista em Linguística e Literatura
nas escolas brasileiras e, sobretudo na educação pública, pela Unicamp (2012) e Educação Inclusiva
porém só ressaltar os aspectos negativos também não são pela Faculdade integrada Campos Sales
suficientes. Cabe a cada integrante da educação tentar fazer (2017). Professora Ensino Fundamental
algo para melhorá-la, mudar o paradigma educacional sem II e médio- Língua Inglesa na EMEF
depender de auxílios externos, afinal, eles parecem nunca Deputada Ivete Vargas e EE Profª Judith
chegar. Sendo assim, cabe a cada professor deixar a sua marca Piva Oliveira.
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REFERÊNCIAS
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A VISUALIDADE ARTÍSTICA
EM CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS
RESUMO: O presente Artigo “A Visualidade Artística em Crianças de 0 a 6 Anos”, tem co-mo
objetivo conhecer e compreender a percepção sensorial e os estímulos da arte no processo
de ensino-aprendizagem em crianças de 0 a 6 anos onde a Educação Infantil acontece. A
aquisição de conhecimento se dá de maneira lúdica, descontraída onde a brincadeira torna-
se o eixo das descobertas e do desenvolvimento infantil na vida de crianças que frequentam
a creche de 0 a 3 anos e após essa experiência partem para novas descobertas com novos
estí-mulos sensoriais formando e estruturando conceitos e exercícios de experi-mentação do
conhecimento integrando as diferentes linguagens que a criança se utiliza para sua formação
no seu próprio aprendizado. Urge novas formas de pensar a visualidade artística e seus
estímulos sensoriais próprios na faixa etária aprofundada, onde o respeito à individualidade
da criança é de funda-mental importância uma vez que a criança não é mais uma. Ela é única,
e o seu desenvolvimento precisa ser respeitado e o professor na capacitação des-te ser que
estará junto com criança durante todo seu desenvolvimento sócio, cognitivo, psicológico e
físico vai olhar, acolher e estar junto com a criança nessa jornada que o constitui enquanto
ser humano.
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das respostas que a criança vai demonstrando No ato de brincar está todo o
no seu próprio amadurecimento humano. desenvolvimento da linguagem e organi-
zação do pensamento, da tranquilidade
São muitas questões que são envolvidas interna que cada criança precisa, para se
no processo de desenvolvi-mento da criança tornar pré-requisitos obrigatórios que virão
não só do ponto de vista cognitivo, mas do no futuro. Portanto, se a criança passar
ponto de vista comportamental e familiar. pela primeira infância com qualidade, com
atenção, com respeito, com certeza com 7
O processo de aprendizagem se inicia anos a criança se alfabetizará caso ainda não
com o ato de brincar e vai até a formalização esteja alfabetiza-da.
dos conceitos educacionais básicos para
ingressar nas outras etapas da Educação As mudanças são necessárias e precisam
Básica. Se a criança passar por todos esses ser adaptadas as rotinas na regência em sala
caminhos sendo estimulada, respeitando de aula pelos professores. Por outro lado,
sua individualidade e o respeito a cada um temos que consi-derar o papel da Educação
é possível a diminuição das desigualdades infantil e no processo de alfabetização, isso
sociais em nossa sociedade. é de extrema importância uma vez que a
criança da mesma forma que ala é exposta
As possibilidades e os objetivos do à diferentes linguagens: linguagem da
desenvolvimento de aprendizagem nesse música, do corpo, a linguagem verbal que
circuito educacional da criança não podem está presente no nosso dia-a-dia que deve
desconsiderar os elementos regionais e locais, se levar em conta e apresenta-da a criança
uma vez que, é de fundamental importância na Educação Infantil como parte do seu
levar em conta o contexto onde se concretiza cotidiano.
o processo de ensino-aprendizagem e o
que acorre em seu entorno, trazendo esses É importante ler para criança, que ela possa
elementos para dentro do sistema educacional. ter acesso à leitura, manu-seio de livros,
perceber que o mundo em nossa volta é um
A criança precisa se apropriar da sua própria componente de lin-guagem falada e linguem
cultura para se fortalecer o aprendizado e é escrita. Esse componente de preparo para a
de fundamental importância e dá sentido as alfabe-tização desde o começo na Educação
experiências vi-venciadas pela criança no Infantil, de fato deixa a criança mais
seu processo de aprender a aprender. preparada para depois entrar no processo
de alfabetização mais segura co-nhecendo
A antecipação da alfabetização está no mais quais são as diferentes funções eu
brincar da e com a criança de 0 a 5 anos e 11 a linguagem verbal traz. Isso precisa ser
meses com certeza a criança está fortalecida visto nesse conjunto de linguagens e nesse
e preparada para aprender a ler e a escrever. conjunto de estí-mulos. A linguagem visual
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permeia a criança com algo que faz parte contribuem, ao interiorizar-se, para ritualizar
de sua constituição de ser humano. Hoje e formalizar as condutas, incorporam-
temos o visual invadindo todos os espaços se na própria estrutura da personalidade,
onde estamos. É comum a criança visualizar, ao mesmo tempo que orientam uma
memorizar e guardar imagens que farão parte determinada visão de mundo, já que existe
do seu repertório. Portamos participamos e uma estreita interrelação entre os processos
somos parte de uma sociedade da imagem. de subjetiva-ção e de objetivação (VARELA,
1996, p. 76).
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Precisa haver confiança, precisa haver um entendimento para o que acontece naquele
contexto escolar e os pais precisam estar dentro da Escola, que participando, quer atuando,
quer sendo ouvido, eles não precisam serem atendidos o tempo todo em seus desejos uma
vez que nem sempre a Escola poderá desempenhar esse papel.
A Escola precisa dialogar com os pais. Isso pode não ser de imediato, mas o pai precisa
ser ouvido. Se ele esteva na Escola e ele quer falar, ele pre-cisa ter um tempo para ser
ouvido. Esse é o melhor caminho, dialogar, organi-zar e facilitar o que for possível dentro da
Instituição Escolar.
Cada Escola tem sua filosofia. O país quando escolhe uma Escola de-lega sua confiança à
Instituição que irá atender seu(s) filho(s) na aquisição de conhecimento para cuidar, educar,
olhar e fazer no campo da Educação tudo isso sem esquecer de acolher a família.
Algumas Escolas fecham os portões para a participação dos pais, não podemos deixar
de levar em consideração esse fato. Precisamos entender quais são as preocupações e as
demandas da família.
O diálogo é importante não só para atender todas as demandas, mas sabe-se que existem
demandas que não fazem parte do escopo da Escola e que deveriam fazer. É uma via de mão
dupla. Precisa clarear o que a família poderia estar fazendo dentro da casa. Essa via de mão
dupla precisa existir.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação como um instrumento para o alcance dos
objetivos comuns à toda a sociedade, à serviço da promoção
humana. Essa visão, no entanto, contra-põe-se à realidade
brasileira. De fato, nossa sociedade é excludente, segrega-
dora, marcada por conflitos de classe e limitações da estrutura
educacional, sob o domínio do capital e de suas relações
sócio-político-econômicas historicamente determinadas.
Refletir, discutir sobre os problemas que nos afetam em
nosso cotidiano é tarefa de todos.
A educação é um fenômeno social, e como tal, sofre ação
e influência daquele domínio e, portanto, reveste-se de
um caráter intencional, o qual, na maioria das vezes, tem-
se colocado a favor dos interesses das classes e grupos KÁTIA KATSUE NISHIO
hegemônicos, que não apenas se apoderam e se mantém
Graduada em Pedagogia pela Pontifícia
detentores do capital mas também se fazem expressar pelas Universidade Católica de São Paulo
dimensões material e simbólicas. – PUC-SP (1987), Especia-lista em
Audiocomunicação pela PUC-SP (1987),
A aprendizagem passa pelo corpo. Então, brincar, cair, Professora de Ensino Fundamental 1, na
levantar, se ralar, isso é clássico na primeira infância e é EMEF Tenen-te José Maria Pinto Duarte..
necessário. Nesse estágio, a criança precisa ter a oportunidade Licenciatura em Matemática – Unijales (
de experimentar esse corpo em todas as valências. A criança 2015)
precisa disso.
É necessário entender a criança na Educação Infantil a partir do cuidado de educação
como um ser integral que está inserida num contexto socioeconômico que é particular. A
criança não pode e vista isoladamente e nem fra-gmentada. Isso precisa estar presente na
Educação para que os objetivos da Educação Infantil sejam alcançados e completados pela
criança de forma satisfatória.
O respeito a individualidade da criança e é de fundamental importância uma vez que
a criança não é mais um, ela é única e o seu desenvolvimento precisa ser respeitado e o
professor na capacitação deste ser o que vai estar junto com criança durante todo seu
desenvolvimento sócio, cognitivo, psicoló-gico e físico e que vai olhar, acolher e estar junto
com a criança nessa jornada que o constitui enquanto ser humano.
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A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO
CORPORAL E CRIATIVO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo apresenta-se com objetivo de investigar a importância do movimento
corporal e criativo na educação infantil tendo como embasamento o conhecimento do corpo
e a exploração dos movimentos e como está sendo realizado. Para o desenvolvimento desse
trabalho foi realizado uma pesquisa e análise sobre a questão levantada, tanto no campo
prático, quanto no bibliográfico. Ao se falar do trabalho e da necessidade do movimento
corporal este vem sempre ligado ao âmbito funcional, mecanizado e estereotipado, ou seja,
uma prática pedagógica para o desenvolvimento motor, a exploração de novas habilidades,
jogos e atividades dirigidas, movimentos que se repetem nas canções infantis, entre outras.
Porém, o que se questiona não é uma crítica ao trabalho dirigido, mas sim, oportunizar
e proporcionar situações para o movimento criativo permitindo a liberdade de criação da
criança livremente. Desta forma o artigo vem para atentar a necessidade do trabalho com a
linguagem corporal tanto o movimento corporal e criativo e a importância de ambos estarem
elencados.
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“As crianças podem, sim, compreender seu corpo e sua movimentação de uma forma criativa e, ao mesmo
tempo, criar e compor sua dança. Esse é o movimento do processo de aprendizagem, da criação do repertório
de movimento, uma espiral sem fim”. (Uxa Xavier)
Sendo assim, podemos afirmar que não existe molde para se copiar, cada ser é único.
Portanto, cabe ao professor esta mudança, em que, se faz necessário adotar uma nova
postura a sua prática a fim de fazer desta linguagem, algo significativo e criativo. Entretanto,
esta prática não exime o professor de direcionar informações, movimentos e ajustes quando
necessário, por isso é importante manter o foco das intervenções, tanto na hora de planejar
e organizar, como também nos ajustes que poderão ser feitos no decorrer na atividade
proposta.
Desta forma, o professor deve observar cada criança, a fim de interpretar e avaliar os gestos
exposto por eles e suas intenções comunicativa. Também devemos salientar a importância
da organização de sequências para o aprendizado de determinado repertório, como também,
um planejamento que acompanhe os avanços de determinadas competências corporais, a
fim de ampliar as competências motoras, como jogo ou a dança.
Diante das leituras bibliográficas sobre o tema abordado, e nas experiências que foram
presenciadas pode-se afirmar que, o trabalho com o movimento seja tratado de forma
integrada, sendo foco de atenção de um trabalho educativo intencional que contribua nas
questões atitudinais, com a capacidade de se expressar e interagir com os outros, de forma
progressiva, a autonomia e criatividade dentro uma perspectiva lúdica, flexível e relacional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao explanar este tema, buscou-se estudar as contribuições
do movimento corporal e criativo na educação infantil.
Para todos aqueles que trabalham nesta etapa de
escolaridade, é possível constatar a influência que a
linguagem corporal pode proporcionar para a construção de
um ser humano mais criativo, crítico e original.
Após refletir as atividades propostas diárias na educação infantil, pode ser observado
que o movimento funcional está muito enraizado na prática pedagógica, como também,
o trabalho com a dança como evento ou apresentação de datas comemorativas, podando
assim, a expansividade e criatividade da criança.
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Pensando nesta prática de forma tão restrita, é preciso ressaltar que, quando se trata
liberdade nos movimentos, muitas vezes, nos vem à mente, acidentes que acontecem
quando expomos o nosso corpo. Partindo desta afirmação, devemos refletir e planejar
situações seguras que contribuam para o bom desenvolvimento das atividades. O que não
pode acontecer é ser uma justificativa para não se colocar em prática estas experiências.
“(...) criar condições, organizar tempos e espaços, selecionar e organizar materiais de forma criativa (...),
possibilitar a ampliação das experiências das crianças (...) (Orientação Normativa nº 01/13, p. 17)”.
Diante destas reflexões, podemos concluir que a concepção de Educação Infantil é bem
mais ampla e que esta deve ser estimulada, a fim de que as crianças tenham condições de
expandir seus horizontes e expor naturalmente uma linguagem liberta e livre.
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REFERÊNCIAS
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Avaliação na educação infantil: aprimorando os olhares. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação: SME
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Avaliação na educação infantil: aprimorando os olhares. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação: SME
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XAVIER, Uxa. Dança, saúde e criança. Portal Cultura Infância. São Paulo. Disponível em: <http://www.
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ca&catid=36:danca&Itemid=57> Acesso em 20 Fev. 2019.
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mais completamente ela se assimilará à sua segmentos: lúdica (que explora o riso); crítica
própria experiência e mais irresistivelmente (sustentada na ironia); revide (que evidencia
ele cederá à inclinação de recontá-la um dia”. a vingança) e aterrorizante (que desperta o
medo). É, assim, uma forma particular de se
Faz-se necessário que, ao narrar um causo, contar um tipo de história, como também, a
haja uma performance a fim de que se prenda maneira de falar o já dito e recriar o mundo
a atenção do ouvinte. Para isso, o narrador por meio das histórias.
precisa viver em sua mente a história antes
de contá-la, dando-a vida e trazendo-a para No Dicionário HOUAISS, o verbete
fora do papel. “causo” é definido como uma marca de
regionalismo brasileiro. Sua etimologia vem
De acordo com HARTMANN (2013, p. 61), do cruzamento de caso e causa: aquilo que
as crianças organizam sua própria experiência aconteceu, caso, ocorrido. É uma narração
vivida contando histórias, podendo, assim, geralmente falada, não muito extensa e que
refletir sobre ela e, também, transformá-la. trata de um acontecimento real ou fictício.
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Assim, planejar um texto não significa uma De acordo com BARREIRO e PEREIRA
ação irrefletida, mas que considera todos (2007, p. 07),
os envolvidos no processo de formação
educacional, ou seja, professor e aluno. [...] o desenvolvimento da escrita deve combinar
Acerca disso, LUCKESI (2011, p. 125) afirma a aquisição de competências específicas, a aplica
que o ato de escrever implica numa escolha, pelo aluno no momento da produção textual,
ou melhor, não é viável usar todos os recursos com o acesso às funções desempenhadas
pela diversidade de textos, no seio de uma
e ensinar conteúdos quaisquer a qualquer
comunidade. (BARREIRO & PEREIRA, 2007, p.
momento para qualquer público.
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Para que o gênero causo seja abordado Esses procedimentos envolvem operações
em sala de aula e resulte numa boa produção complexas que interferem nas questões
oral e escrita, é necessário que o docente notacionais, bem como no sentido.
conte o causo, interpretando-o (no caso de
leitura compartilhada do texto impresso) ou A retextualização não consiste em
trabalhe com recursos multimídia em sala melhorar o causo, transformando o texto
de aula: vídeos ou áudios que podem ser oral, (cuja característica é o vivenciamento
encontrados nas mídias sociais. e a interpretação do que se conta e que é
considerado por muitos algo descontrolado e
Cabe ao professor, portanto, seguir as caótico) em texto escrito (aparentemente mais
etapas: organizado), pois tal processo está relacionado
com a passagem de uma ordem a outra sem que
1) Pesquisar causos, seja em livros ou nenhuma seja considerada melhor que a outra,
nas mídias; uma vez que ambas cumprem funções distintas
e são adequadas de acordo com a situação.
2) Selecionar o causo levando em conta
a turma do Ensino Fundamental para qual A premissa para que se trabalhe com os
leciona; causos em sala de aula é a escolha de bons
modelos, sejam eles escritos, gravados ou
3) Contação da história (causo); filmados. Assim, os alunos terão acesso às
características do gênero e, também, aos
4) Trabalhar a linguagem presente nas recursos usados pelos autores.
falas das personagens e do narrador;
Escolher bons modelos de causos é
5) Abordar questões pertinentes ao importante para que os alunos não entendam
gênero causo; o gênero como inferior ao compararem com
outros gêneros, tais como o conto, a notícia,
6) Propiciar aos alunos uma encenação as histórias em quadrinhos.
do causo lido, ouvido ou assistido;
Outro recurso importante consiste no docente
7) Orientar a elaboração da contação orientar os alunos a gravar, seja com filmadora,
do causo oralmente; celular ou até mesmo gravador, os causos. Trata-
se de um passo importante para a contação
8) Orientar, por fim, a recontação ou do causo e, também, para a retextualização.
retextualização do causo num texto Ouvir o professor contar o causo pode ser
escrito ou solicitar a produção de um imprescindível, mas, nas gravações podem ser
causo inédito ou já conhecido pelo aluno. registrados certas informações e detalhes que
podem se perder na memória.
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Transcrever o causo mostra aos alunos as diferenças entre o que se fala e o que se
escreve. Trata-se do registro fiel (ou quase fiel) do que foi contado: o aluno deve preservar
as palavras tal como foram ditas, incluindo repetições, marcadores de fala, inadequações de
conjugação nominal e verbal e mostrar as indicações de pausa na fala, podendo estas serem
representadas por reticências.
Vale lembrar que, ao fazerem suas produções textuais, os alunos precisam refletir acerca
do que é necessário para transformar o relato oral (contação da história) em um texto escrito
sem que haja descaracterização do gênero.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há muito tempo, as histórias estão presentes em nossa
cultura, por isso, o hábito de contá-las, bem como de ouvi-
las possuem inúmeros significados.
Cabe ao professor repensar sua prática pedagógica para Portuguesa - na EMEFM Vereador
que possa constatar ser o ensino em sala de aula o introdutor Antônio Sampaio.
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Escolher o gênero causo para trabalhar leitura e escrita no Ensino Fundamental é uma
ótima escolha, visto que esse gênero está presente no cotidiano das pessoas desde a primeira
infância: são lidas, contadas e ouvidas diversas histórias desde a mais tenra idade, o que
remete a uma memória, já no Ensino Fundamental, em que ler e escrever sempre foi uma
atividade prazerosa. Isso deve ser bem aproveitado pela escola para que haja colaboração
no processo de reaproximação com a leitura e a escrita no intuito de formar um aluno leitor
e escritor.
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REFERÊNCIAS
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O homem vive rodeado de uma sinfonia [...] uma linguagem cultural, consideramos familiar
de sons e que estes têm diferentes aquele tipo de música que faz parte de nossa
propriedades que quando manipulados ou vivência; justamente porque o fazer parte de nossa
ouvidos individualmente, demonstram suas vivência permite que nós nos familiarizemos com
os seus princípios de organização sonora, o que
diferenças.
torna uma música significativa para nós.
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de objeto. Desta maneira, não é possível a quem Um conjunto de palavras de arrumações rítmicas em
estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, forma de versos que rimam ou não. Ela se distingue
renunciando assim à sua atitude crítica em face dos demais versos pelas atividades que acompanha,
dele (FREIRE, 1989, p. 12). seja jogo, brincadeiras ou movimento corporal.
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A parlenda pode ser utilizada como uma importante ferramenta didática, especialmente
para contribuir ao desenvolvimento de uma aprendizagem contextualizada, com vistas à
apropriação do sistema alfabético e ao letramento.
O aluno deve ser visto como sujeito ativo na sua aprendizagem, assim é possível entender
o professor como um mediador entre as exigências de uma sociedade grafocêntrica e o
aluno.
Essa medicação é realizada com sucesso quando o professor intervém, ensina e facilita o
processo de aprendizagem. Aprender a ler e escrever não ocorrem espontaneamente, dessa
forma, para que essa mediação seja realizada com sucesso, o professor precisa saber como
se dá a aquisição da escrita e da leitura pelo aluno, conhecendo os níveis de alfabetização
pelos quais o aprendiz está caminhando.
O grande desafio de ser professor alfabetizador é o fato de que sua atuação é decisiva
em relação à inserção do aluno no mundo letrado. Ignorar a responsabilidade desta função
não condiz com as teorias educacionais críticas, voltadas ao desenvolvimento humano e à
democratização do conhecimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da presente pesquisa foi possível verificar
que é importante selecionar brincadeiras cantadas que
estimulem as crianças, pelo ritmo e sonoridade da letra.
Dispor em cartaz ou no quadro-negro o nome das cantigas
mais populares, colocar algumas cantigas no aparelho de
som e dialogar com as crianças sobre as mesmas, estimular
a escolha das cantigas mais ouvidas ou que as crianças mais
gostam, trabalhando os temas das músicas e explorando o
tipo de letras e a forma gráfica das palavras, formar grupos
em sala de aula para elaborar um texto em forma de escrita
ou desenho, explorando o imaginário das crianças, promover
a leitura de rimas ou repetições de melodia presentes nas
músicas ouvidas pelas crianças. LUANA KAINA SANTOS
Graduação em Pedagogia, pela Faculdade
A fim de ampliar as possibilidades de aprendizagem por Universidade Paulista – UNIP (2015).
meio da música, é importante analisar o nível de aprendizagem Especialista em Letramento, pela
das crianças, atentando para as hipóteses de leitura, escrita faculdade Campus Elíseos (2017).
e oralidade, mantendo registro diário do processo evolutivo Professor de educação Infantil e Ensino
das crianças e fazer eventuais adequações ao projeto, caso Fundamental I na EMEI Profª Rosa Maria
os objetivos não sejam alcançados. Dôgo de Resende.
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A EDUCAÇÃO INFANTIL E AS
APRENDIZAGENS LÚDICAS NA INFÂNCIA
RESUMO: Este artigo busca analisar o contexto lúdico na Educação Infantil, a sua
importância e as práticas pedagógicas permeadas neste contexto de aprendizagem. Os jogos
e brincadeiras, aqui definidos como contexto lúdico de aprendizagem são fundamentais e
estão presentes em todas as ações na Educação Infantil. O lúdico na educação se torna
um recurso pedagógico envolvendo a criança e proporcionando prazer e interesse, neste
sentido estimula o pensamento e favorece as relações que permeiam a aprendizagem e
o desenvolvimento em todos os seus aspectos, emocional, motor e cognitivo. A inserção
de jogos e brincadeiras que proporcionam o contato com a linguagem oral e escrita na
educação infantil não visa a alfabetização precoce mas sim poder oportunizar às crianças
que aprendam sobre as palavras no momentos de brincadeira. O educador é o mediador
no processo de desenvolvimento infantil, neste sentido, é possível pensar que a partir das
brincadeiras, adultos e crianças podem criar diferentes formas de brincar possibilitando a
criação de um espaço em que o lúdico é o principal elemento da aprendizagem. O lúdico
deve ser abordado como uma proposta pedagógica com objetivos definidos e estratégias
para a sua execução, promovendo um ensino e uma aprendizagem significativa.
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As situações de jogos com as palavras podem também constituir atividades permanentes na rotina da classe
de Educação Infantil e por meio delas as crianças poderão refletir, de forma lúdica, sobre as dimensões sonora
e escrita das palavras da língua (por exemplo, observar que palavras que começam ou terminam com o mesmo
som tendem a ser escritas da mesma forma; que uma palavra é maior que outra porque possui uma quantidade
maior de segmentos sonoros/escritos, etc.) (BRANDÃO, 2011, p. 68)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os jogos e brincadeiras são importantes ferramentas que
auxiliam no processo de aprendizagem lúdica na educação,
durante o jogo, a criança toma decisões, resolve seus
conflitos, vence desafios, descobre novas alternativas e cria
novas possibilidades, além disso, proporcionam a imaginação
às crianças no qual elas são capazes de criar situações e
lidar com dificuldades e medos, reproduzindo situações que
refletem o meio em que vivem.
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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA
COMO MÉTODO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo conscientizar a importância da música como
método de ensino e aprendizagem, buscando o desenvolvimento e a integração do ser nas
áreas cognitiva, afetiva e social. A finalidade deste estudo é demonstrar que a música não
é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento facilitador do
processo de aprendizagem que pode dinamizar as instituições de ensino, pois ela desperta o
indivíduo para um mundo prazeroso e satisfatório, envolvendo a mente e o corpo, facilitando
a aprendizagem e o desenvolvimento do educando, que é o sujeito principal deste estudo.
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seu modo de ser e assim, garantir um bom em ambientes com pessoas que não tiveram
relacionamento, possibilitando um clima de uma boa formação escolar, sua linguagem
confiança. terá muitas falhas. O estudante carente usa
uma linguagem pobre em vocabulário e em
sua estruturação. Seus colegas de famílias de
O ESPAÇO DA ESCOLA melhor posição social, que cresceram entre
pessoas com algum grau de instrução, teriam
O perfil da educação brasileira apresentou domínio de um proveitoso vocabulário.
significativas mudanças nas últimas décadas.
O desempenho dos alunos remete-nos à COLL (1996:95) afirma que:
necessidade de considerarem a formação do
professor, como sendo requisito fundamental “Os alunos formam seu próprio conhecimento
para a melhoria dos índices de aprovação, por diferentes meios: por sua participação
repetência e evasão do ensino. em experiências diversas, por exploração
sistemática do meio físico ou social, ao escutar
atentamente um relato ou uma exposição feita
As expectativas do professor sobre o
por alguém sobre um determinado tema, ao
desempenho dos alunos podem funcionar
assistir um programa de televisão, ao ler um livro,
como uma “suposição de autorrealização”.
ao observar os demais e os objetos com certa
Isto é: o aluno de quem o professor espera
curiosidade e ao aprender conteúdos escolares
menos é o que realiza menos, ao passo propostos por seu professor na escola”.
que aqueles de quem se espera um bom
desempenho acabam, na realidade, por Os regulamentos e exigências escolares
apresentá-lo. Assim, as taxas de evasão também são vistos como causas dos
evidenciam a baixa qualidade do ensino e a problemas que a educação enfrenta. Logo
incapacidade dos sistemas educacionais e das de início há uma extrema falta de vagas, a
escolas de garantir a permanência do aluno, escola tem uma localização que dificulta
penalizando os alunos de nível de renda mais o trajeto de ida e volta dos alunos. Depois
baixos. Exatamente por fazerem parte de temos os horários estabelecidos pelas
famílias desprovidas de recursos, as crianças escolas, que são muito criticados por não
não têm acesso ao mínimo de informações atenderem a realidade da população. Outro
culturais no lar, e por isso, chegam à escola fator que dificulta a permanência e o bom
em situação de inferioridade em relação à desempenho dos alunos na escola são, as
maioria dos estudantes de classes mais altas. despesas com materiais exigidos pela escola
como: uniforme, livros, taxas, etc..., Isso
Uma criança que faça parte de uma família porque na maioria dos casos, os pais não
de poucos recursos, sua alimentação será podem comprar o que a escola exige.
deficiente e, por isso, seu desenvolvimento
físico e sua saúde serão deficientes. Por viver
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Todos esses regulamentos não são é obrigatório, sem levar em conta o que a
problemas para as crianças de classe média, criança está fazendo ou qual é a sua vontade
cujos pais são bem empregados. No entanto, no momento.
para as crianças de famílias pobres, estas
exigências representam grandes dificuldades Há, por parte do professor, uma vigilância
e obstáculos para conseguir aprovação na constante e ameaças, gerando um clima
escola. de tensão entre as crianças, por estarem
sempre antecipando as consequências de
A família é colocada como principal seus “maus atos”: o aluno corre o rico de ficar
responsável pelo fracasso dos alunos, não sem recreio, de ser retirado após as aulas,
sendo questionadas, as condições materiais além de outras ameaças de castigo. Quem é
de vida dessas famílias, nem sua participação “bem-comportado” recebe recompensas e é
nas relações sociais de produção que são o apresentado como modelo aos colegas.
que determinam, em última instância, as
possibilidades de assistência aos filhos. “Mas os tempos mudaram e mudaram muito.
Essas conclusões ideológicas eximem os Hoje, uma suspensão transformou-se num
professores de observar sua própria atuação prêmio, seja ela de um dia ou mais. Algumas
no contexto escolar, sua participação na escolas, mesmo mantendo o sistema de
suspensão, são mais esclarecidas, suspendem
seletividade e, principalmente, a função
os alunos de suas atividades didáticas e
da escola como reprodutora da sociedade
recreativas, mantendo-o em seu recinto através
desigual na qual se insere.
da organização de trabalhos nas bibliotecas ou
coordenações, e aproveitam para encaminhá-lo
“A escola não pode ser propriedade de um
aos serviços de orientação educacional. Nesses
partido; e o mestre faltará em seus deveres
casos, o prêmio não é tão grande”. WERNECK
quando empregue a autoridade de que dispõe
(1999:60)
para atrair seus alunos à rotina de seus
preconceitos pessoais, por mais justificados que A atitude do professor em sala de aula é
lhes pareçam”. DURKHEIM (1978:49)
importante para criar climas de atenção e
concentração, sem que se perca a alegria. As
Em várias salas de aula nota-se a exigência aulas tanto podem inibir o aluno quanto fazer
constante de disciplina, o estabelecimento que atue de maneira indisciplinada. Portanto,
de uma relação autoritária entre o professor o papel do professor é o de mediador e
e seus alunos, o trabalho obrigatório e facilitador; que interage com os alunos na
repetitivo. Um dos meios de controlar a construção do saber. Neste sentido, é muito
disciplina é a divisão do tempo. Há hora importante ajudar os professores a saberem
determinada para entrar, sair, para o recreio, ensinar, garantindo assim que todos os
a merenda, para tomar água, para ir ao alunos possam aprender e desenvolver seu
banheiro, etc. O cumprimento do horário raciocínio.
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Alguns professores sentem que seu mais elevada finalidade: permitir o aluno a
relacionamento com os alunos determina o chegar ao conhecimento.
clima emocional da sala de aula. Esse clima
poderá ser positivo, de apoio ao aluno, Nesse contexto, a qualidade de atuação
quando o relacionamento é afetuoso, cordial. da escola não pode depender somente
Neste caso, o aluno sente segurança, não da vontade de um ou outro professor. É
teme a crítica e a censura do professor. Seu preciso a participação conjunta da escola, da
nível de ansiedade mantém-se baixo e ele família, do aluno e dos profissionais ligados
pode trabalhar descontraído, criar, render à educação, assim como, o professor deve
mais intelectualmente. Porém, se o aluno reorganizar suas idéias e reconhecer que o
teme constantemente a crítica e a censura aluno não é um sujeito que só faz receber
do professor, se o relacionamento entre informações, suas capacidades vão além do
eles é permeado de hostilidade e contraste, conhecimento que lhes é “depositado”. Para
a atmosfera da sala de aula é negativa. tanto, o professor não mais será o “dono do
Neste caso, há o aumento da ansiedade do saber” e passará a ser um orientador, alguém
aluno, com repercussões físicas, diminuindo que acompanha e participa do processo de
sua capacidade de percepção, raciocínio e construção de novas aprendizagens.
criatividade.
Como bem destaca CECCON (1998),
Se a aprendizagem, em sala de aula, para que a sociedade possa mudar é preciso
for uma experiência de sucesso, o aluno que nós provoquemos mudanças de forma
constrói uma representação de si mesmo significativa para o indivíduo. Entende-se,
como alguém capaz. Se ao contrário, for uma portanto, que as escolas devem comparar
experiência de fracasso, o ato de aprender sua relação com a comunidade e ainda, criar
tenderá a se transformar em ameaça. O um clima favorável ao aprendizado, onde
aluno ao se considerar fracassado, vai buscar a contribuição e o compromisso são peças
os culpados pelo seu conceito negativo e fundamentais para obtermos a verdadeira
começa achar que o professor é chato e que escola, isto é, uma escola democrática, onde
as lições não servem para nada. todos tenham acesso a coletividade.
Procura-se, portanto, romper as diferenças “Somente uma outra maneira de agir e de pensar
de professor e aluno consagrados pela escola pode levar-nos a viver uma outra educação que
tradicional. Os papéis tradicionalmente não seja mais o monopólio da instituição escolar
desempenhados pelo professor que é o de e de seus professores, mas sim uma atividade
permanente, assumida por todos os membros
ensinar, transmitir e dominar e pelo aluno
de cada comunidade e associada de todas as
que é o de aprender, receber passivamente
dimensões da vida cotidiana de seus membros”.
e obedecer devem ser mudados. Só assim a
FREIRE (1980:117)
escola poderá efetivamente atender a sua
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o tempo reservado para os exames finais; para a educação superior, o ano letivo regular tem
a duração de, no mínimo, duzentos dias de efetivo trabalho acadêmico, também excluído o
tempo destinado aos exames finais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso considerar o fato de que o professor, quando
se torna comprometido com o aluno e com uma educação
de qualidade, fazendo do aluno alvo do processo ensino-
aprendizagem, e cumprindo seu papel de orientador e
facilitador do processo, legitima assim a teoria de uma
facilitação da aprendizagem, através da interação entre
sujeitos, ultrapassando, desse modo, a mera condição de
ensinar.
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Para o educador, o ensinar deve ser uma arte, uma ciência e um conjunto de técnicas
que são utilizadas para se alcançar um objetivo. Através de alguns subsídios, toma-se fácil
conduzir o processo de aprender a raciocinar, a refletir e usar a própria criatividade. No
momento em que o educador preocupa-se em educar com arte, toma-se comprometido com
o aluno e com uma educação de qualidade, fazendo do aluno um alvo do processo ensino-
aprendizagem e cumprindo seu papel de orientador no processo.
De fato, a teoria legitima a prática, embora esta, sem o constante aprofundamento teórico,
perca rapidamente sua consistência. Atualmente, o questionamento para a melhoria gira
em tomo de cursos de capacitação, materiais didáticos, melhores condições de trabalho e
remuneração. Felizmente, ainda existem professores que faz do ensino um ideal e lutam
para ajudar a construir um mundo melhor, onde se tenha acesso a uma educação digna e
extensiva a todos, sem fome emocional, educacional e física, sem drogas e sem miséria.
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REFERÊNCIAS
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A LITERATURA INFANTIL E A
FORMAÇÃO DE LEITORES
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar teoricamente o papel da Literatura Infantil
na formação de leitores, e o papel dos contos de fadas pelo encantamento que os mesmos
proporcionam. É por meio da leitura literária, que os professores têm grande chance de
formar leitores competentes e críticos.
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de fadas são tão fracos de conteúdos, quanto das formas de ler, de perceber, de detalhar, de
pobres de sensibilidade. Assim entendemos. raciocinar, de sentir... o quanto a realidade é um
(CARVALHO, 1983, p. 21) impulsionador (e dos bons!!!) para desencadear
nossas fantasias [...]
Cabe a educação formar consciência
de mundo da criança que deve começar Atualmente surgiu uma nova literatura
desde cedo e um dos meios que podem ser infanto-juvenil que corresponde a uma
usados para orienta-las é o conto de fadas, necessidade do tipo do leitor a que se
já que inconscientemente a criança entra destina, e com a época em que ela está
em contato com a sabedoria humana, e seu vivendo. Esta literatura trata de problemas
mundo interior vai se enriquecendo. Há atuais da realidade como: testemunhar
em cada história uma verdade vital em que o mundo cotidiano, informar costumes e
a virtude é exaltada e o mal é castigado e hábitos e preparar os pequenos leitores para
sem dúvidas podem ser ótimos guias para os enfrentarem problemas sem ilusões.
pequenos aprendizes.
Para Coelho (1987, p. 105), o que hoje
...é preciso lembrar que tais narrativas se define a contemporaneidade de uma
fundamentam em “lições de vida” dadas pela literatura,
sabedoria dos povos, que, desde a origem dos
tempos, vêm constituindo a humanidade em ...é sua intenção de estimular a consciência
continua evolução. (COELHO, 2005) crítica do leitor; levá-lo a desenvolver sua
criatividade latente; dinamizar sua capacidade
A área do maravilhoso, da fábula, dos mitos de observação e reflexão em face do mundo
que o rodeia; e torná-lo consciente da complexa
e das lendas tem linguagem metafórica que
realidade em transformação que é a Sociedade,
se comunica facilmente com o pensamento
onde ele deve atuar, quando chegar a sua vez de
mágico, natural da criança. É por isso que o
participar ativamente do processo em curso.
conto de fadas vive até hoje. Para Abramovich
(2004, p. 120), “é por lidar com conteúdos da
sabedoria popular, com conteúdos essenciais A criança que desde cedo entra em
da condição humana, é que esses contos de contato com a leitura terá uma compreensão
fadas são tão importantes, perpetuando-se maior de si e do outro. Terá a possibilidade
até hoje”. de desenvolver sua criatividade e ampliar os
horizontes da cultura e do conhecimento,
Em virtude do que foi mencionado, ainda percebendo o mundo e a realidade que a
citando Abramovich (2006, p.138) cerca.
Pois é só estarmos atentos ao nosso processo Poucas crianças têm o hábito de ler em
pessoal, às nossas relações com os outros e nosso país. A maioria tem o primeiro contato
com o mundo, à nossa memória e aos nossos com a literatura apenas quando chega à
projetos, para compreender que a fantasia é uma
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escola. Quando chega ao Ensino Fundamental vira obrigação, pois infelizmente muitos de
nossos professores não gostam de trabalhar com a literatura infantil e talvez desconheçam
técnicas que ajudem a “dar vida às histórias” e que, consequentemente, produzam
conhecimentos ou tenha que cumprir o programa da escola. Muitos não levam em conta o
gosto e a faixa etária em que a criança se encontra, sendo que muitas vezes o livro indicado
ou lido pelo professor está além das possibilidades de compreensão dela em termos de
linguagem.
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o
início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas
de compreensão de mundo... (ABRAMOVICH, 2006, p.16)
Percebe-se que é comum nas escolas utilizar-se dos livros de literatura, quando a criança
já está alfabetizada, como paradidáticos com uma intencionalidade determinada. Com isso
o paradidático extingue a experiência prazerosa da leitura e se iguala as atividades do livro
didático. Pois livros literários não são livros paradidáticos e devem deixar de ser utilizados
como tal.
Desenvolver o hábito pela leitura é um processo constante que começa muito cedo e
continua pela vida. A literatura infanto-juvenil é o caminho que leva a criança ao universo da
leitura de maneira lúdica. Através do seu poder mágico e divertido faz com que a atenção das
crianças se volte a ela. Entretanto, a escola muitas vezes não tem proporcionado aos seus
alunos essa magia e ludicidade da literatura infantil. A leitura não é apresentada à criança de
forma prazerosa, daí vem à má formação de nossos leitores. Consequentemente, teremos
adultos que não sentem prazer pela leitura e nem a adotam como uma prática social.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões apresentadas neste artigo, permitem-nos
concluir que, para a formação de leitores, é necessário que
o incentivo à leitura vá além do que é oferecido pela escola.
É necessário que haja espaços que ofereçam diversidades
de obras, como bibliotecas públicas, ou outros espaços que
possam tornar a leitura prazerosa.
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REFERÊNCIAS
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FORMAÇÃO, PRÁTICA E
PROFISSÃO DOCENTE
RESUMO: Por um longo período prevaleceu no âmbito das Instituições de Ensino que
para se capacitar um bom professor neste nível, necessário seria dispor de comunicação
fluente e vasto conhecimentos relacionados à disciplina que pretendesse lecionar. A
justificativa dessa afirmação fundamenta-se no fato de o corpo discente das escolas serem
constituído por adultos, diferentemente do corpo discente do ensino básico, constituído por
crianças e adolescentes. A metodologia utilizada para esta Pesquisa de caráter Bibliográfico
Qualitativo tem por finalidade fazer uma análise para ressignificar a prática docente. Existe a
necessidade de uma formação continuada com base nos cursos de formação de professores
que devem propiciar um espaço de trabalho, de reflexão e de orientação tendo presente as
novas tecnologias de informação e comunicação na Educação, dentro de uma perspectiva
de revalorizar e ressignificar a atividade docente, considerando o papel do professor
imprescindível no pro-cesso de ensino-aprendizagem.
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metodológicos aos professores para ensinar sua própria pessoa, em suas qualidades e
bem, sem se perguntar a serviço do que e de habili-dades. Assim, acabam por demonstrar
quem se ensina” (OLIVEIRA, 2003, p. 13). que fazem uma inequívoca opção pelo
ensino.
Essa tendência acentuou-se com a adoção
das políticas de cunho de-senvolvimentista Esses professores percebem-se como
pelo governo militar que se instalou em especialista em determinada área do
1964, que tinha a formação de mão-de-obra conhecimento e cuidam para que seu
como o referencial central da educação. conteúdo seja conhecido pelos alu-nos. A sua
arte é a arte da exposição (LEGRAND, 1976,
p. 63). Seus alunos, por sua vez, recebem a
APRENDIZAGEM E informação, que é transmitida coletivamente.
DOCÊNCIA Demons-tram a receptividade e a assimilação
correta por meio de “deveres”, “tarefas” ou
Uma das principais questões relacionadas “provas individuais”. Suas preocupações
à atuação do professor uni-versitário refere- básicas podem ser expressas por in-dagações
se à relação entre ensino e aprendizagem. como: “Que programa devo seguir?” “Que
Trata-se de um as-sunto bastante polêmico, critério deverei utilizar pa-ra aprovar ou
apesar de alguns autores considerarem-no reprovar os alunos?”
uma fal-sa questão. Para Abreu e Masetto
(1986), uma das mais importantes opções Mas há professores que veem os alunos
feitas pelo professor dá-se entre o ensino como os principais agentes do processo
que ministra ao aluno e a aprendi-zagem que educativos. Preocupam-se em identificar
este adquire. suas aptidões, necessidade e interesses com
vistas a auxiliá-los na coleta das informações
Muitos professores, ao se colocarem à de que neces-sitam no desenvolvimento de
frente de uma classe, tendem a se ver como novas habilidades, na modificação de atitudes
especialistas na disciplina que lecionam a e comportamentos e na busca de novo
um grupo de alunos interessados em assistir significado nas pessoas, nas coisas e nos fatos
a sua as aulas. Dessa forma, as ações que suas atividades estão centradas na figura
desenvol-vem em sala de aula podem ser do aluno, sem suas apti-dões, capacidades,
expressas pelo verbo ensinar ou por correla- expectativas, interesses, possibilidades,
tos, como: instruir, orientar, apontar, guiar, oportunidades e condições para aprender.
dirigir, treinar, formar, amoldar, pre-parar, Atuam, portanto, como facilitadores da
doutrinar e instrumentar. A atividade desses aprendiza-gem, segundo a linguagem
professores, que, na maio-ria das vezes, utilizada por Carl Rogers (1902-1987). Os
reproduz os processos pelos quais passaram educa-dores progressistas, preocupados
ao longo de sua formação, centraliza-se em com uma educação para a mudança, consti-
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A formação de docentes para atuar na educação fecunda entre teoria e prática, compromisso
básica far-se-á em nível superior, em curso com a humanização competente da moderni-
de licenciatura, de graduação plena, em uni- dade. A faculdade de pedagogia deve construir,
versidades e institutos superiores de educação, concretamente, o que é aprender a aprender,
admitida, como for-mação mínima para o saber pensar, propedêutica básica, avali-ação
exercício do magistério na educação infantil e nas permanente do desempenho dos professores
quatro primeiras séries do ensino fundamental, a e alunos. Deve ser a usina teórica e prática do
oferecida em nível médio, na modalidade normal processo inovador pela via do conhe-cimento
(BRASIL, 1996). construído (DEMO, 2004, p. 117).
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Freire, Fer-reiro e tantos outros, como prática de uma hipocrisia sem fim. Demo (2004) ex-
plicita com clareza essa situação:
Concretamente falando, o professor é vítima de um processo de trei-namento que o estigmatiza como repassador
copiado. Destituído de propedêutica básica, afastado da pesquisa, alheio à inovação pelo conhecimento, não
sabe mais que “dar aula”, entendendo por dar aula o repasse da cópia da cópia. Com certeza, há nisso uma
forma de cultivar a ignorância, que coíbe a cidadania ou a faz de segunda classe (DEMO, 2004, p. 55).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interdependência deve existir entre didática e
metodologia e seus be-nefícios para o processo de ensino e
aprendizagem par uma educação de qualidade a fim de atender
as demandas da sociedade, destacando as mu-danças que
estão acorrendo quanto à importância da didática. Assim, a
didáti-ca, ao cumprir o seu papel de “arte de ensinar” legitima
a presença docente no cenário educacional.
Sob uma perspectiva educacional considerou-se uma visão docente inovadora necessária
aos novos tempos e apresentou-se um tipo de mentali-dade que deve existir na prática
docente. Esta visão é transformadora, pois trabalha para criar uma mente globalizada em um
mundo globalizado; busca constantemente o desenvolvimento pessoal e institucional; aguça
a dúvida e combate a conformação com a mediocridade; planta a cooperação e desesti-mula
a concorrência egoísta; impulsiona e fortalece a educação; desperta e alimenta uma mente
que aprende e apreende criativamente.
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REFERÊNCIAS
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de Janeiro: Objetiva, 2001.
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PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. 2. Ed. Porto Alegre:
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WERNER, David; BOWER, Bill. Aprendendo e ensinando a cuidar da saúde. 3. Ed. São Paulo:
Paulinas, 1984.
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O papel que as tecnologias da informação Podemos dizer que o termo educação a distância
e comunicação (TIC’s) pode desempenhar na pode ter uma série de variantes que se integram
aprendizagem também foi justificado, pelo número em um processo, individual e coletivo, permitindo a
de sentidos que podem estimular, pelo seu potencial formação, atualização e renovação do conhecimento.
na qualidade indispensável da formação e na O processo educativo, em suas diferentes variantes,
manutenção, permanência e postura crítica com baseia-se na utilização de diferentes tecnologias
relação as informações as quais são alvo dos esforços. da informação e comunicação e, em alguns casos,
Diversos estudos, clássicos, mostraram que 10% do baseia-se na utilização da Internet, promovendo
que se vê é lembrado, 20% do que se ouve, 50% do uma aprendizagem colaborativa, aberta e flexível.
que se vê e ouve, e 80% do que se ouve, vê e faz. A introdução de computadores na educação
Em outras palavras, algumas das TICs são perfeitas estabeleceu um novo padrão e novas maneiras de
para promover a qualidade das informações, como se fazer educação à distância. Embora inicialmente
as multimídias, que combinam diferentes sistemas pudéssemos pensar que a educação a distância nos
simbólicos e sistemas interativos, em que os alunos, levaria a um retrocesso, agora com as TIC’s como
além de receberem informações por meio de códigos redes sociais é permitido repensar o conceito de
diferentes, precisam realizar diversas atividades. distância através de uma educação ligada à crescente
presença de computadores em instituições de ensino
superior, permitindo a comunicação tanto síncrono
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Os avanços sociais e políticos, a necessidade de Esses fatores, intimamente ligados uns aos
preparo para o mundo do trabalho, a falta de sistemas outros, juntamente com as teorias filosóficas que
convencionais adaptados às mudanças da vida atual eliminaram a existência de privilégios e permitiram
e o crescimento irrefreável das ciências da educação que o conhecimento fosse um direito de todos os
e da tecnologia tornaram possível o desenvolvimento homens, apoiaram o desenvolvimento da educação à
de educação à distância em todo o mundo. distância. Os avanços sócio-políticos, trouxeram nesse
sentido, vários eventos interessantes: A demanda por
“[...] a educação reflete as transformações da base material educação aumentou graças à superlotação, à explosão
da sociedade e, por isso, não está acima da sociedade, demográfica e à democratização dos estudos, que
mas consiste em uma dimensão concreta da vida material passaram a ver ofertados em salas convencionais
e que se modela em consonância com as condições de que impediam a relação individual do professor com
existência dessa mesma sociedade.” (BUENO; GOMES,
o aluno. Além disso, as grandes guerras e revoluções
2011, p. 54)
levaram algumas sociedades diretamente afetadas
a buscar novas rotas educacionais acessíveis e tão
No entanto, a educação a distância passou por uma eficazes quanto possíveis. Algumas pessoas que
evolução incrível para alcançar o que conhecemos moram em áreas distantes dos centros educacionais
hoje. Pode-se dizer que tem sido desde meados do convencionais, especialmente nas áreas rurais,
século XVIII, quando a história dessa modalidade de compunham camadas da população que estavam
ensino começou. Com o surgimento e a invenção desassistidas e incapazes de ter acesso à educação.
da imprensa e o surgimento da educação por Migrantes, donas de casa, internos hospitalizados
correspondência teve início os primeiros impulsos também entram nesse grupo.
educacionais não presenciais. A expansão das
tecnologias navais fez com que as informações fossem Antes de tudo isso, passou a ser necessário criar
difundidas num ritmo cada vez mais veloz. Então, o instituições disponíveis para esses grupos ou adaptar
uso da mídia – aqui não nos referimos a ideia de mídia as existentes para cobrir essa nova demanda. Há
digital – foi colocado em benefício da educação e com um fator adicional que se baseia na ideia de que é
esse cenário o início da modalidade. necessário aprender ao longo da vida. Atualmente,
a ideia compartilhada e bastante difundida é que
“O processo histórico da Educação a Distância foi marcado a educação não se limita ao período escolar, mas
por experimentações, sucessos e fracassos. Sua origem há sempre algo novo para aprender. Essa ideia de
foi caracterizada pela educação por correspondência educação permanente inaugura um novo marco na
iniciada no final do século XVIII e com ampla divulgação educação e gera um novo panorama educacional à
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medida que novas situações surgem: pessoas que desenvolvimento da imprensa e avanço do serviço
devem combinar sua vida pessoal com os estudos postal. Alguns programas de treinamento propunham
ou seu trabalho com as atividades acadêmicas, etc. um texto escrito – às vezes manuscrito – que era
As estruturas convencionais, definitivamente, não enviado por correio aos alunos, buscando reproduzir
podiam mais responder a essa ideia. uma aula presencial. Logo perceberam que esse tipo
de aprendizado era bastante difícil porque não era
Outro fator que deu origem à educação a distância acompanhado de guias para auxiliaro aluno, nem tinha
foi o avanço da ciência da educação. Efetivamente, exercícios, avaliações, etc. A relação do aluno com o
mais planejamento começou e a ênfase foi colocada seu centro de estudos era muito básica e, portanto,
na metodologia, na qual o professor, nos níveis de passou a se repensar a figura do professor mais para
educação de adultos, não desempenha um papel tão uma ideia de conselheiro que pudesse responder
relevante porque as pessoas preferem aprendizado por correio às dúvidas dos alunos, além de corrigir as
pessoal, mais reflexivo e individual. Junto com esse avaliações e retornar o trabalho concluído corrigido.
avanço no pensamento humano e na abertura O contato entre o aluno e o professor foi assim
do leque de formas de aprendizagem, surgem estabelecido, mesmo que não fosse pessoalmente.
transformações tecnológicas. Isso permite reduzir a
distância. A educação a distância, embora usada por
academias e centros semanticamente relevantes,
“[...] deve estar atento a “tudo” e a “todos”, analisando as é um fenômeno tão antigo quanto a invenção do
certezas apresentadas pelos professores em formação; selo, permitindo o desenvolvimento de cursos
analisando o processo de aprendizagem destes e trazendo por correspondência. O conceito corresponde a
questões que mantenham os professores na busca pelo uma filosofia de educação envolvendo abertura e
conhecimento. [...] O professor formador precisa estar
disponibilidade, enfatizando a flexibilidade esperada
presente virtualmente, sendo habitante do ambiente
dos novos esquemas de treinamento e educação.
virtual” (OLIVEIRA, 2012, p. 81-82).
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educação assistida por computador que fizeram com o caso do cinema, rádio, televisão ou dos primeiros
que esse método se sedimentasse em escala global. computadores, independentemente do seu impacto
Um momento posterior é aquele em que começamos na sociedade. Por outro lado, além de sua onipresença,
a trabalhar nos campi virtuais, algo que a princípio não essas tecnologias também se distinguem das
existia. Enquanto todos estes desenvolvimentos não anteriores que muitasvezes impunham um modelo de
podem ser datados com precisão, é bem verdade que, uso. Tecnologias de controle pessoal de informação,
neste momento, tudo pode ocorrerse forprovado que fazem o controle para o professor, dando-lhe cada
o sistema EaD que faz uso de todas as ferramentas vez mais a capacidade, por meio da unificação digital
tecnológicas que a modernidade colocou à disposição e facilidade de redes de acesso, adaptar os recursos
dos estudantes. a especificidade de qualquer situação educacional e
estratégica. E, não menos importante é, para escolher
Entre as décadas de 1980 e 1990, a EAD progrediu, a evoluir no seu próprio ritmo. Neste contexto, o que
principalmente em projetos relacionados à informática dizer dessa revolução escolar anunciada?
e a idiomas estrangeiros, graças ao desenvolvimento
do ensino em informática, o vídeo e a fita K-7. Nesse
período, estamos presenciando a consolidação do EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E
sistema de comunicação e transporte, essencial para A DEMOCRATIZAÇÃO DA
a EAD, porque o Brasil é um país cujas dimensões
são agigantadas em territorialidade. Mas para a maior EDUCAÇÃO
parte do XX, o Brasil não possuiu qualquer regulação e A educação a distância de seu advento aos dias
procedimento de acreditação pública no campo da EAD. atuais passou por diferentes períodos históricos, está
Essa situação tem duas consequências que dificultam o ganhando posição e se destacando na sociedade
desenvolvimento desse tipo de educação. A primeira é moderna. Indubitavelmente será o sistema de
que os alunos não têm certeza de ver o aprendizado à ensino do século XXI nos países desenvolvidos e
distância reconhecido; a segunda é que as instituições emergentes. Os altos déficits públicos na maioria dos
privadas não são incentivadas a intervir nesse mercado casos exigem cortes nos investimentos e redução
sem um marco legal. Os materiais eram enviados por dos gastos, o que implica em cortes de pessoal e
correio e caracterizaram-se como comportamentalistas. material, enquanto a população continua crescendo,
O feedback era feito através da avaliação escrita feita principalmente em países emergentes. A educação a
pelo aluno e corrigida pelo professor. distância é considerada uma forma de atender a uma
demanda cada vez maior da população que busca o
Se o sonho determinista tradicional permanece, ensino básico, superior e profissional, além de cursos
no entanto, as tecnologias mudaram amplamente sua de atualização.
natureza. Por um lado, as tecnologias de informação e
comunicação que conhecemos hoje são radicalmente “[...] as tecnologias de comunicação e informação atuais
diferentes de suas antecessoras, na medida em que oferecem meios facilitadores, mas, de forma isolada, não
estão se tornando “mercadorias”, tecnologias do garantem em absoluto novas formas de ensinar, pensar
consumo cotidiano presentes em todas as atividades e conviver. O que se tem agora é a oportunidade de
desenvolver um ambiente com a possibilidade técnica
humanas profissionais ou recreativas. Este não foi
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É necessário perceber que a educação a distância O Ministério da Educação (MEC) criou uma
propõe um desenvolvimento pautado na articulação estrutura administrativa da EAD, na qual por meio
das atividades pedagógicas as quais buscam de uma secretaria, específica para Educação a
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Acreditamosqueessamodalidadedeensinotendeaganharmaiscamponamedidaemqueodesenvolvimento
tecnológico vai ganhando espaço em territórios que outrora fora insipiente, as áreas do conhecimento buscam
cada vez mais atualização das plataformas digitais e conteúdo que estimulem o potencial criativo dos alunos.
Por outro lado, existe a crítica por parte dos professores – em muitos casos os mais tradicionalistas – que veem
na EaD uma fora de pasteurização conceitual e precarização da profissão.
Por outro lado, no processo educacional convencional o aluno aprende com base nos conteúdos estudados
e na experimentação em laboratório, mas mudanças de atitude também ocorrem em função do contato direto
com o professor e com os colegas. Na educação a distância, a redução de oportunidades de encontros face a
face também reduz a possibilidade de mobilizar atividades por meio do contato direto com outras pessoas.
Outro aspecto importante no processo educacional tradicional é o feedback que o professor oferece aos
alunos em relação ao seu desempenho nas diferentes atividades pedagógicas, e isso é construtivo na medida
em que o aluno se torna próximo do momento em que os avanços ou limitações são percebidas. Na interação
direta entre professor e alunos, o feedback pode ser imediato, enquanto na educação a distância é mais lento
e, em alguns casos, pode chegar quando o aluno já avançou para outro tópico ou atividade. Embora novas
ferramentas digitais permitam a comunicação síncrona, isso nem sempre é possível devido a diferenças no
gerenciamento do tempo e no número de alunos atribuídos a cada tutor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos no presente trabalho desenvolver uma reflexão
acerca do desenvolvimento da EaD desde suas fundações até
os dias atuais. A Educação a Distância vem ganhando cada
vez mais espaço no mundo moderno e propiciando novas
formas de aprendizagem significativas e democratizantes.
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função dos recursos educacionais e a separação entre alunos e professores. Algumas dessas
propriedades podem ser vantajosas para os estudantes e outras desfavoráveis, já que muito
disso depende das circunstâncias e do perfil do aluno, da instituição e das necessidades
referentes a formação que se busca. Enquanto para alguns, autonomia significa a oportunidade
de tomar suas próprias decisões e ter controle sobre o processo educacional, para outros
pode ser uma dificuldade na medida em que eles não dispõem de disciplina ou controle para
assumir o seu processo formativo, mesmo assim, ainda há muitos aspectos que carecem ser
avaliados.
Por fim, a educação a distância enfrenta resistência desde a sua criação, muitos questionam
sua efetividade no que tange formar profissionais competentes, tem seus defensores e
seus críticos, no entanto, é mantido, cresceu e se fortalece no curso de aproximadamente
duzentos anos. Atualmente, milhões de pessoas estudam à distância e muitos tantos outros
milhões estudaram e colheram os frutos desse processo de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 dez. 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. Tradução de Luiz
Paulo Rouanet. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1999. 212p.
__________. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2000.
264p.
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por correio aos alunos, buscando reproduzir pelo menos em parte, no uso das tecnologias
uma aula presencial. Logo perceberam que e da Internet. Embora nos últimos anos a
esse tipo de aprendizado era bastante difícil educação a distância também tenha mudado,
porque não era acompanhado de guias pode-se dizer que o estágio da educação dos
para auxiliar o aluno, nem tinha exercícios, anos 80 veio com a evolução da informática
avaliações, etc. A relação do aluno com o e programas flexíveis de educação assistida
seu centro de estudos era muito básica e, por computador que fizeram com que esse
portanto, passou a se repensar a figura do método se sedimentasse em escala global.
professor mais para uma ideia de conselheiro Um momento posterior é aquele em que
que pudesse responder por correio às dúvidas começamos a trabalhar nos campi virtuais,
dos alunos, além de corrigir as avaliações algo que a princípio não existia. Enquanto
e retornar o trabalho concluído corrigido. todos estes desenvolvimentos não podem
O contato entre o aluno e o professor foi ser datados com precisão, é bem verdade
assim estabelecido, mesmo que não fosse que, neste momento, tudo pode ocorrer se
pessoalmente. for provado que o sistema EaD que faz uso
de todas as ferramentas tecnológicas que
A educação a distância, embora usada a modernidade colocou à disposição dos
por academias e centros semanticamente estudantes.
relevantes, é um fenômeno tão antigo
quanto a invenção do selo, permitindo Entre as décadas de 1980 e 1990, a
o desenvolvimento de cursos por EAD progrediu, principalmente em projetos
correspondência. O conceito corresponde relacionados à informática e a idiomas
a uma filosofia de educação envolvendo estrangeiros, graças ao desenvolvimento
abertura e disponibilidade, enfatizando a do ensino em informática, o vídeo e a fita
flexibilidade esperada dos novos esquemas K-7. Nesse período, estamos presenciando
de treinamento e educação. a consolidação do sistema de comunicação
e transporte, essencial para a EAD, porque
“Uma comunidade virtual é construída sobre as o Brasil é um país cujas dimensões são
afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre agigantadas em territorialidade. Mas para
projetos mútuos, em um processo de cooperação a maior parte do XX, o Brasil não possuiu
ou de troca, tudo isso independentemente qualquer regulação e procedimento de
das proximidades geográficas e das filiações
acreditação pública no campo da EAD.
institucionais” (LÉVY, 2000, p. 127).
Essa situação tem duas consequências que
dificultam o desenvolvimento desse tipo de
A expressão “e-learning” surgiu no final educação. A primeira é que os alunos não
dos anos 90, simultaneamente nos dois têm certeza de ver o aprendizado à distância
lados do Atlântico. O termo referia-se à reconhecido; a segunda é que as instituições
evolução da educação a distância baseada, privadas não são incentivadas a intervir nesse
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a população. Desse modo, permeados ao uso Por esses motivos é viável investir recursos
das tecnologia, os governos vem procurando escassos na educação tradicional, ou
maneiras de atender às necessidades básicas devemos tentar corrigir essa forma caótica de
das pessoas, ao mesmo tempo em que ensino? Outro aspecto importante que deve
buscam métodos para obter soluções aos ser analisado é que a educação a distância
crescentes desafios. Nesse mundo em que pode servir para complementar a educação
as mudanças são cada vez mais velozes e convencional sem causar competição numa
apresentam complexidades e contradições, ação mútua cumprindo o compromisso de
além do aspecto econômico, é necessário formação e promoção de novas leituras de
considerar que uma parcela significativa da mundo, modos de pensar e encarar a vida
população mundial está desempregada e A complementaridade beneficiará ambos
carece urgentemente de atualização a fim de os sistemas de ensino, além de oferecer ao
se lançar ao mercado de trabalho, ou então aluno a possibilidade de escolher.
alguma atualização para reinserção nele. As
constantes atualizações são necessárias em A educação a distância vem provando ser
quase todas as do conhecimento e requer um complemento exemplar para o ensino
recursos humanos criativos, atualizado nas em sala de aula, uma vez que permite levar a
mais recentes tecnologias. educação as mais diversas regiões – inclusive
aquelas que se viram privadas do sistema de
Atualmente, principalmente em países ensino – que de outra forma não teria sido
emergentes, a educação convencional possível seu alcance.
não consegue atender quantitativa e
qualitativamente. Por exemplo, no Brasil, o
sistema convencional de educação exclui A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
um número cada vez maior de indivíduos, E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
pois apresenta uma metodologia de ensino
arcaica, conteúdo desatualizado e professores A educação a distância é oficialmente
mal preparados e remunerados. A educação nascida no Brasil com a Lei 9.394 de dezembro
convencional visa fornecer educação básica de 1996, durante o primeiro mandato do
e superior a jovens e adultos para o mundo Presidente Fernando Henrique Cardoso.
do trabalho. Cada dia mais vemos que esse Esta lei estabelece novas diretrizes dentro
mundo do trabalho não existe mais e que não da educação nacional e reconhece, regula
tem perspectiva imediata de crescimento. e apoia a EAD. Anteriormente, não houve
Há quase unanimidade entre os estudantes regulação ou garantia de qualidade por parte
quanto ao tipo de ensino ministrado pelos do estado, mas já havia muitas conquistas por
agentes convencionais de conteúdo, teórico, meio do aprendizado por correspondência.
abstrato, elitista, desarticulado e que não E isto, paradoxalmente, por iniciativa de
coincide com a realidade. organizações dependentes do Estado.
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ALGUMAS PONDERAÇÕES
O Ministério da Educação (MEC) criou PROFISSIONAIS NO
uma estrutura administrativa da EAD, na qual
por meio de uma secretaria, específica para CAMINHO DA EaD
Educação a Distância desenvolve manuais de Como foi demonstrado, a educação a
avaliação e regras para o credenciamento de distância oferece grandes possibilidades e
Instituições, autorizações e reconhecimentos também apresenta algumas desvantagens.
dos cursos, essas prerrogativas têm feito com Por um lado, a educação é um ato de
que seja possível que a educação a distância socialização e isto também se aplica à
trilhe um desenvolvimento em concomitante educação a distância, mas em muitos casos
à Educação Presencial. Contudo, existe limitados a interações pedagógicas. A maior
a perspectiva da confluência de ambas desvantagem é que o aluno é isolado com
modalidades, contando com um fator comum o tutor e colegas muitas vezes virtuais, o
as duas, ou seja, a necessidade das novas aluno tem dificuldade de acesso a recursos
tecnologias de informação e de comunicação educacionais. A pouca oportunidade de
(TIC’s) para o bom desenvolvimento das socializar com professores e colegas, e
atividades educativas. Desse modo, viabiliza- raramente a participar em atividades culturais
se mais a transposição de barreiras em criar ou esportes, comunidade promovidos
instrumentos de gestão e administração do pela sua instituição são entraves a serem
sistema de ensino que possibilitem a melhoria analisados.
da qualidade do ensino ofertado, assim
como, a estrutura justa da EaD de acordo Por outro lado, no processo educacional
com a realidade educacional brasileira. convencional o aluno aprende com base
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos no presente trabalho desenvolver uma reflexão
acerca do desenvolvimento da EaD desde suas fundações até
os dias atuais. A Educação a Distância vem ganhando cada
vez mais espaço no mundo moderno e propiciando novas
formas de aprendizagem significativas e democratizantes.
Em seu processo histórico fizemos alguns recortes com relação a gênese e aos momento
de fundamentação do sistema de EaD. Acreditamos que para que essa modalidade venha
se fortalecer faz-se mister a participação dos Estados propondo leis que estimulem sua
participação, bem como estimulem, valorizem e atualizem professores para sua continuidade
no sistema de ensino.
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que se busca. Enquanto para alguns, autonomia significa a oportunidade de tomar suas
próprias decisões e ter controle sobre o processo educacional, para outros pode ser uma
dificuldade na medida em que eles não dispõem de disciplina ou controle para assumir o seu
processo formativo, mesmo assim, ainda há muitos aspectos que carecem ser avaliados.
Por fim, a educação a distância enfrenta resistência desde a sua criação, muitos questionam
sua efetividade no que tange formar profissionais competentes, tem seus defensores e
seus críticos, no entanto, é mantido, cresceu e se fortalece no curso de aproximadamente
duzentos anos. Atualmente, milhões de pessoas estudam à distância e muitos tantos outros
milhões estudaram e colheram os frutos desse processo de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental,
(1998). Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, v. 3.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
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objetivaram, em sua origem, o combate à que a criança interage com o mundo, por
pobreza. Surgiu como recurso de garantir meio de varias linguagem e do brincar.
a sobrevivência da criança, o que lhes
garantiam um caráter assistencialista, porém Quanto à concepção de educação, o texto
muita coisa mudou nos últimos anos. refere-se ás funções do educar e do cuidar.
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KISHIMOTO (2000), afirma que, enquanto Para PIAGET (1971) a escola desempenha
brinca, o ser humano vai garantindo a um importante papel no desenvolvimento da
integração social além de exercitar seu criança, visto que as trocas proporcionadas
equilíbrio emocional e atividade intelectual. pelo ambiente escolar permitem o
É na brincadeira também que se selam desenvolvimento da mesma. Porém a fim
parcerias, porém o aprendizado não deve de contribuir com esse desenvolvimento a
estar presente só na escola, mas também escola deve estabelecer um ambiente onde
como parte do dia-a-dia, na medida em que a criança interaja e troque conhecimento a
a criança progride em seu desenvolvimento partir de sua realidade.
e amadurecimento é necessário que ela
manifeste o que é próprio de cada etapa de A escola ao valorizar as atividades lúdicas,
sua vida. ajuda a criança a formar bom conceito de
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VYGOTSKY (1998) atribuiu relevante O brincar é um ato social que permite uma
papel ao ato de brincar na constituição do comunicação através de gestos, mesmo que
pensamento infantil, mostrando que é no não haja comunicação verbal. É no brincar que
brincar, jogar que a criança revela seu estado a criança tem a oportunidade de expressar o
cognitivo, visual, auditivo, tátil e motor. A que está sentindo ou necessitando, é através
criança por meio da brincadeira constrói seu das brincadeiras de faz de conta que ela
próprio pensamento. constrói o seu mundo imaginário situado em
experiências vividas.
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Através desta pesquisa, fica possível crianças estão pequenas e que brincadeiras
perceber que a atividade lúdica e o jogo e jogos adequados à faixa etária devem estar
intervém no processo de desenvolvimento e presentes em todos os momentos .
aprendizado da criança. O jogo é agradável,
motivador e enriquecedor, possibilitando o As Orientações Curriculares: Expectativas
aprendizado de varias habilidades e também de aprendizagem e Orientações Didáticas /
auxilia no desenvolvimento mental, na SME. SP trás como tema norteador o brincar
cognição e no raciocínio infantil. A ludicidade na Educação Infantil.
precisa ser valorizada por todos.
Ao brincar as crianças são desafiadas
A análise dos resultados desse estudo, às situações novas ou incongruentes
resultante de exploração bibliográfica, nos construídas de diferentes formas, elas
mostra a importância da estimulação através exploram e fazem encaminhamentos
de atividades lúdicas, no desenvolvimento inovadores com diferentes parceiros. As
da criança na primeira infância, como brincadeiras também são espaços de poder
é importante os primeiros anos de vida que as crianças ocupam para exercer o
para o desenvolvimento humano. Os pais, controle não só sobre si mesmas, mas para
babás, professores e facilitadores em geral, se diferenciar e confrontar os adultos e a
precisam está bem informada sobre isso, pois cultura do mundo adulto.
exerce papel relevante na formação, pois
a criança evolui no seu desenvolvimento, Todas as formas de brincadeira aprendidas
descobre, inventa, experimenta, pergunta, pelas crianças são enriquecidas com o
troca informações e vai construindo trabalho feito no conjunto das experiências
o seu conhecimento sobre o mundo e por elas vividas nas outras dimensões, como:
desenvolvendo sua inteligência. Esse a linguagem verbal e a contagem de histórias, a
processo diz respeito à totalidade da criança dimensão das linguagens artísticas e também
e a forma como ela se insere no mundo. dos saberes que a criança vai construindo
enquanto pensa o mundo social e o da
natureza, e a dimensão do conhecimento de
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS medidas, proporções, quantidades.
E BRINCADEIRAS NO CEIS
O importante é o professor compor
Ao refletirmos sobre os espaços devemos um conjunto de atividades lúdicas que
também atentar como as crianças de 0 a 3 se promovam as culturas infantis e a construção
relacionam com as brincadeiras. pelas crianças de um olhar diferenciado para
o mundo. Para apoiar o desenvolvimento
Percebemos como a organização dos da criatividade das crianças no brincar, o
espaços possibilitam a aprendizagem destas professor necessita:
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• ter em mente que, para a criança envolver-se em brincadeiras, ela necessita sentir-
se emocionalmente bem no espaço que ocupa e na relação com os adultos e as outras
crianças presentes, e precisa querer brincar.
• lembrar que a criança brinca no seu dia-a-dia, não apenas nos minutos destinados ao
parque, o que vai exigir um planejamento do conjunto das atividades das crianças que
considere o caráter essencialmente lúdico das vivências infantis.
• criar condições para que as brincadeiras possam ocorrer no interior do prédio, em sua
parte externa, ou no campinho gramado ou praça, vizinhos ao CEI;
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• incentivar as crianças a tomar as brincadeiras vividas como assunto tanto nas rodas
de conversa quanto nas situações comunicativas informais envolvendo professores e
crianças;
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de o estudo ainda não apresentar dados concretos,
entende-se que a organização dos espaços necessita ser
entendida pelos profissionais da educação como essencial
no contexto escolar, sendo ferramenta pedagógica que pode
ser utilizada de forma positiva na prática educativa como
também favorecer para a aprendizagem e desenvolvimento
da criança.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e
do Desporto (MEC). Brasília .1988.
VECCHI, Vea. O Papel do atelierista. IN: EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem
linguagens da criança: abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto
Alegre: ArtMed, 1999.
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A IMPORTÂNCIA DA
PARLENDA NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇAO E LETRAMENTO
RESUMO: Este artigo parte do pressuposto de que o Letramento é um conceito criado
para referir-se ao uso da língua escrita não somente na escola, decorrente da vivência do
ler e escrever, em que possuem uma significação, uma funcionalidade para os indivíduos.
Os atos corriqueiros do cotidiano estão carregados de ensinamentos sobre a língua, que
deve ser tomado como experiências sociais destes na construção da leitura e escrita, na
sistematização desta, não fragmentando o processo de alfabetização e letramento, que
ocorrem juntos. Nesse sentido, por intermédio de experiências do ensino-aprendizagem,
buscou-se compreender a importância da parlenda no processo de alfabetização e letramento
de crianças, pontuando os benefícios deste tipo de texto para a prática pedagógica. Desse
modo, em um contexto lúdico, analisou-se a parlenda por sua rica influência na cultura
infantil, bem como seu domínio nas brincadeiras tradicionais, considerando a importância
desse tipo de texto na alfabetização e letramento das crianças.
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Dessa forma, não se pretende julgar este ou aquele método, mas compreender que o
processo de alfabetização não pode mais ser pensado como uma repetição mecânica de
letras e sílabas, uma decodificação de sinais.
Não há como negligenciar o conhecimento prévio das crianças, visto que este se carrega
de significados, e significados estes que esclarecem e norteiam construções sobre a
aprendizagem da língua. É necessário romper com práticas conteudistas, repetitivas e pensar
que as crianças possuem suas próprias teorias sobre o funcionamento da língua.
Elas vão testando estas teorias conforme vão sendo apresentadas às estruturas que
compõem esta língua e as hipóteses que levantam sobre ela as fazem descobrir, por suas
experiências, como ela funciona, na interação com o outro, na investigação, na troca, “pois
as crianças aprendem a escrever escrevendo, e para isso lançam mão de vários esquemas:
perguntam, procuram, imitam, copiam, inventam, combinam” (SMOLKA, 1988).SOARES
(2001:38) cita que:
Letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita. O estado ou
condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e
de suas práticas sociais.
Diante dessa citação é possível afirmar que para haver o letramento o indivíduo necessita
compreender a função social da leitura e da escrita apropriando-se da linguagem para que a
utilize com significado.
Conclui-se então na aprendizagem da nossa língua, que não há lugar para práticas que
separem esses dois processos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção da presente pesquisa teve como objetivo,
direcionar a prática pedagógica ao entendimento e
apropriação de conceitos fundamentais inerentes ao
processo de alfabetização e letramento, por meio de textos
que as crianças conhecem de memória, e que direcionam
a prática docente, para uma atuação competente e crítica
necessária às demandas educacionais da contemporaneidade,
imbricadas na dinâmica social em que as relações de ensino- MARIA APARECIDA
aprendizagem se articulam, na apropriação de instrumentos FEITOSA
para a aquisição da leitura e da escrita, especificamente e
Graduação em LETRAS pela Faculdade
como este tipo de texto é imprescindível para o processo de UNICASTELO (1999)
ensino-aprendizagem.
Deste modo é possível perceber que a ofertas de textos que fazem parte do cotidiano do
aluno favorece a aprendizagem, pois permite que os mesmos possam ajustar seus saberes
superando assim suas dificuldades.
É este tipo de texto que deve ser inerente ao processo de alfabetização, aquele que
procede da vida real de cada criança.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Lucila Silva de. JOSCA, Ailine Baroukh. Parlendas para brincar. São Paulo. Guia
dos Curiosos Comunicações. 2013. http://www.kathleenlessa.prosaeverso.net/visualizar.
php?idt=218592,acesso em 14/06/2019
LERNER. Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre.
Artmed. 2002.
SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como
processo discursivo. Campinas. Cortez. 1988.
SOARES Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro,
n. 25, 2004 http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf (A) Acesso em:21/05/2019
WEISZ, Telma. Como fazer o conhecimento do aluno avançar. In.: O diálogo entre o ensino
e a aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 2004, p. 65-82
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A INCLUSÃO DE CRIANÇAS
PORTADORAS DE NECESSIDADES
ESPECIAIS NO CONTEXTO ESCOLAR
RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal discorrer sobre a inclusão de crianças
portadoras de necessidades especiais no âmbito educacional no contexto escolar, apontando
o papel da escola e do professor frente a essas crianças. Quanto à escola, cabe o acolhimento
das crianças com deficiência, seja física, visual, intelectual, com problemas de comportamento
de conduta, de aprendizagens, os superdotados, enfim, todas as minorias discriminadas. Já o
professor deve ser um facilitador que contribui com o ensino-aprendizagem. Cabe ressaltar
a importância da interação professor-aluno e aluno-aluno, bem como, as atividades lúdicas,
uma vez que a criança interage e aprende brincando.
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social, econômica, política e cultural da vida torna modalidade não mais substitutiva, mas
em comunidade, sendo: acesso à educação complementar ou suplementar, transversal
gratuita e compulsória; equidade, inclusão a todos os níveis, etapas e modalidades
e não discriminação; direito à educação de da educação. Na perspectiva inclusiva, à
qualidade (UNESCO, 2005, 2009; UNDP, educação especial coube disponibilizar
2011). recursos e serviços, realizar o atendimento
educacional especializado e orientar quanto
Contudo, os sistemas educacionais a sua utilização no processo de ensino e
inclusivos, ou seja, os sistemas de ensino que aprendizagem nas turmas comuns do ensino
assumem os princípios da educação inclusiva, regular. A PNE-EI de 2008 apresenta o
são considerados pela Unesco, a forma mais histórico do processo de inclusão escolar
eficaz de combater atitudes discriminatórias, no Brasil para embasar políticas públicas
para a construção de uma sociedade mais promotoras de uma educação de qualidade
justa e igualitária e para o alcance de uma - para todos os alunos, tornando-se uma
Educação Para Todos -. A ideologia é que, visto das políticas sociais que tem como meta
que a educação é um direito fundamental a garantia dos direitos humanos e das
básico e a chave para o desenvolvimento e políticas de alívio da pobreza, tendo como
para a erradicação da pobreza, somente o objetivo “o acesso, a participação e a
acesso a uma educação de qualidade pode aprendizagem dos alunos com deficiência,
redimensionar as possibilidades de vida de transtornos globais do desenvolvimento e
uma criança com deficiência, bem como altas habilidades/superdotação nas escolas
sua inserção nas atividades laborais futuras. regulares, orientando os sistemas de ensino
O não acesso à educação pode levar a um para promover respostas às necessidades
agravamento da situação de pobreza. Além educacionais especiais” (BRASIL, 2008, p.
disso, pode acabar por representar um alto 14, IV).
custo para a economia dos países, tanto pelo
gasto com assistência social como pela falta Neste sentido a educação inclusiva
de mão de obra produtiva (UNESCO, 2005, é conceituada como uma característica
2009). político-ideológica, como uma proposta a
ser compreendida e almejada, visto que se
No ano de 2008, o ex-Presidente Luis relaciona à aspiração da educação para todos,
Inácio Lula da Silva, sancionou a macropolítica aos princípios de uma escola que seja capaz
Nacional de Educação Especial na Perspectiva de promover aprendizagens significativas,
da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). Tal independentemente das condições, das
macropolítica elaborada à luz dos preceitos características, das possibilidades e das
da Convenção Internacional sobre os limitações do seu alunado. Para tanto, é
Direitos das Pessoas com Deficiência, CDPD válido compreender os aspectos conceituais
(CDPD, 2009). Nela a educação especial se e filosóficos que permeiam a educação
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inclusiva, bem como quais são os desafios especiais possam participar integralmente
enfrentados na contemporaneidade, para em um ambiente rico de oportunidades
que esta finalidade seja concretizada. educacionais com resultados favoráveis,
alguns aspectos precisam ser considerados,
O termo “educação inclusiva” foi uma destacando-se entre eles: a preparação e
proposta de aplicação prática ao campo a dedicação da equipe educacional e dos
da educação de um movimento mundial, professores; o apoio adequado e recursos
denominado “Inclusão Social”, que é posto especializados, quando forem necessários;
como um novo paradigma, que implicaria às adaptações curriculares e de acesso ao
na construção de um novo processo. O currículo.
movimento pela inclusão social está atrelado à
construção de uma sociedade democrática, na A política educacional de inclusão
qual todos deverão conquistar sua cidadania, é proposta no Parecer n° 17/2001
na qual a diversidade será respeitada e como superação das práticas sociais
haverá aceitação e o reconhecimento político vinculadas a exclusão, a segregação e a
das diferenças. Trata-se em suma de um integração, rompendo com as relações que
movimento de resistência contra a exclusão tradicionalmente foram estabelecidas com
social que historicamente vem afetando as pessoas com deficiências.
grupos minoritários e que é caracterizado por
movimentos sociais que visam à conquista Segundo o documento analisado, a
do exercício do direito ao acesso a recursos inclusão educacional é parte integrante da
e serviços da sociedade (MENDES, 2010, p. “construção de uma sociedade inclusiva”.
22). Para isso, “verificou-se a necessidade de
reestruturar os sistemas de ensino, que
Dessa forma, a inclusão é para todos devem organizar-se para dar respostas
os alunos com deficiência seja física, às necessidades educacionais de todos
visual, intelectual, para os com problemas os alunos” (BRASIL, 2001, p. 8), uma vez
de comportamento de conduta, de que “cada aluno vai requerer diferentes
aprendizagens, para os superdotados, enfim, estratégias pedagógicas (...) não como
para todas as minorias e para a criança que é medidas compensatórias e pontuais, e sim
discriminada por qualquer outro motivo. como parte de um projeto educativo e social
de caráter emancipatório e global” (BRASIL,
2001, p. 7).
PAPEL DA ESCOLA
A justificativa para essa proposta,
Segundo os Parâmetros Curriculares portanto, baseia-se no argumento de que o
Nacionais (BRASIL, 1999, p.33), para que atendimento às necessidades educacionais
os alunos com necessidades educacionais especiais de crianças, jovens e adultos
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privilegiou por muito tempo classes e escolas da escola regular requer que os sistemas
que separavam essa população dos demais educacionais modifiquem, não apenas as
alunos, e essas práticas contribuíram para suas atitudes e expectativas em relação
desenvolver o preconceito e a segregação. a esses alunos, mas, também que se
organizem para formar uma real escola para
O movimento de integração escolar é todos. E, uma escola para todos requer uma
afirmado como tendo grande importância dinamicidade curricular que permita ajustar
na luta contra essas condições. Contudo, o fazer pedagógico às necessidades dos
segundo o Parecer, as escolas não se alunos. (BRASIL, 1999, p.31):
modificavam, pressupondo “o ajustamento
das pessoas com deficiência para sua É preciso dinamicidade curricular. De
participação no processo educativo acordo com os Parâmetros Curriculares
desenvolvido nas escolas comuns” (BRASIL, Nacionais – Adaptações Curriculares
2001, p. 17). Além disso, muitos foram (BRASIL,1999, p.32), o projeto pedagógico
equivocadamente encaminhados para da escola, como ponto de referência para
classes especiais, reforçando a promoção de definir a prática escolar, deve orientar a
rotulações na escola. operacionalização do currículo, como um
recurso para promover o desenvolvimento e
Nesse sentido, o Parecer afirma a política aprendizagem dos alunos, considerando-se
de inclusão como “um avanço em relação ao os seguintes aspectos: A) A atitude favorável
movimento de integração escolar” (BRASIL, da escola para diversificar e flexibilizar o
2001, p. 17). Dessa forma, entendemos por processo de ensino-aprendizagem, de modo
escola inclusiva aquela na qual o ensino e a atender às diferenças individuais dos
a aprendizagem, as atitudes e o bem-estar alunos; B) A identificação das necessidades
de todos os educandos são considerados educacionais para justificar a priorização
igualmente importantes. de recursos e meios à sua educação; C) A
adoção de currículos abertos e propostas
Para Jossianenn (2012), uma escola na qual curriculares diversificadas, em lugar de uma
não há discriminação de qualquer natureza concepção uniforme e homogeneizadora
e que valoriza a diversidade humana como de currículo; D) A flexibilidade quanto à
recurso valioso para o desenvolvimento de organização e o funcionamento da escola,
todos, é uma escola que busca eliminar as para atender à demanda diversificada
barreiras à aprendizagem para educar de dos alunos; E) A possibilidade de incluir
forma igualitária todos os meninos e meninas professores especializados, serviços de apoio
da comunidade. e outros, não convencionais, para favorecer
o processo educacional.
Quanto ao currículo, ver as necessidades
especiais dos alunos atendidas no âmbito
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Torna-se relevante ressaltar que, segundo grupos minoritários. Dessa forma, toda e
os Parâmetros Curriculares Nacionais qualquer criança deve ser recebida na escola,
(1999, p.33), para que os alunos com calorosamente, não apenas pela direção e
necessidades educacionais especiais possam equipe de apoio, mas pelos professores e
participar integralmente em um ambiente demais alunos.
rico de oportunidades educacionais com
resultados favoráveis, alguns aspectos Como a educação é condição essencial
precisam ser considerados, destacando-se para a inserção social e produtiva das
entre eles: a preparação e a dedicação da pessoas com deficiência e, no plano coletivo,
equipe educacional e dos professores; o a educação inclusiva é requisito para a
apoio adequado e recursos especializados, construção de uma sociedade melhor, pra
quando forem necessários; as adaptações tanto, torna-se necessário um profissional
curriculares e de acesso ao currículo. que tematiza a prática.
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níveis de compreensão que enriquecem o processo escolar e que clareiam o entendimento dos alunos e
professores – essa diversidade deriva das formas singulares de nos adaptarmos cognitivamente a um dado
conteúdo e da possibilidade de nos expressarmos abertamente sobre ele. Já ensinar é um ato coletivo, no
qual o professor disponibiliza a todos alunos sem exceção um mesmo conhecimento. Ao invés de adaptar
e individualizar/diferenciar o ensino para alguns, a escola comum precisa recriar suas práticas, mudar suas
concepções, rever seu papel, sempre reconhecendo e valorizando as diferenças. (BATISTA, 2006, p.13).
Entretanto, para que este processo aconteça, torna-se relevante o olhar atento do professor
a todos os alunos, pois através da sua fala, de seus gestos, e as construções coletivas do
conhecimento, considerando que a interação que ele proporciona levará a perceber o processo
de aprendizagem do aluno ou as dificuldades geradas por ele. (ANTUNES, JUNGBLUT, 2008)
Conforme Silva (2014, p.21): “a atenção recebida na escola reflete na criança, fazendo
com que tome consciência do mundo de diferentes maneiras em cada etapa de seu
desenvolvimento”. Para tanto, torna-se relevante, um professor compromissado com a
educação inclusiva.
Com relação a inclusão, o professor deve procurar aprender tudo o que puder sobre
necessidades educacionais especiais e proporcionar atividades recreativas com componentes
auxiliadores às crianças, ainda reconhecer que o seu empenho pode fazer uma grande
diferença na vida de uma criança.
No percurso histórico da nossa sociedade a criança sempre existiu, a infância por sua vez
nem sempre. Entretanto, é sabido que o jogar e o brincar é atividade bastante importante
para o desenvolvimento da criança, pois através desse ato a criança utiliza a sua imaginação e
fantasia para buscar reproduzir a sociedade e o mundo ao qual ela está inserida, transformando
e produzindo novos significados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola e o professor frente as crianças portadoras de
necessidades especiais tendo em vista a inclusão que está
em vigor, tem um papel fundamental quanto ao acolhimento
dessas crianças portadoras de deficiências ou dificuldades
de aprendizagem, de comportamentos, dentre outros.
O ato educar e incluir não são atos solitários, eles MARIA EULÁLIA DOS
necessitam de parcerias, de trocas, de profissionais que SANTOS NETO
percebam cada indivíduo e suas diferentes especificidades
Graduação em Pedagogia pela Faculdade
nos mais diferentes modos de ser e estar no grupo. Sumaré (2013); Especialista em Educação
Inclusiva pela Faculdade Campos Elíseos
(2017); Professora de Educação Infantil
no CEI Nazaré.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. R. A inclusão na prática e a prática da inclusão. 2007. Disponível em <http://
www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0134> Acesso em: Mar/2019.
CDPD. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Facultativo à
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Decreto Legislativo nº 186, de
09 de julho de 2008: Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. 4ª Ed., rev. e atual. Brasília
: Secretaria de Direitos Humanos, 2010. 100p.
MENDES, E. G. Inclusão marco zero: começando pelas creches. Araraquara: Junqueira &
Marin, 2010.
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UNESCO. Guidelines for inclusion: Ensuring access to Education for All. Paris: UNESCO,
2005.
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A IMPORTÂNCIA DO DESENHO
INFANTIL NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
RESUMO: Este artigo tem como finalidade, analisar a importância do desenho no processo
ensino-aprendizagem com o intuito de provocar os professores para uma reflexão sobre o
desenho infantil e seus benefícios como ferramenta pedagógica, passando a valorizar o desenho
infantil como forma de linguagem. Diante do estudo fica evidente que o desenho espontâneo
auxilia o desenvolvimento da criança em todos os aspectos. Para compreender o processo,
será realizado um estudo sobre o histórico da Arte e do ensino da Arte no Brasil. Também
será realizada uma descrição sobre desenho, evolução no tempo e no espaço e a evolução do
grafismo, no qual é possível conhecer e compreender os diversos níveis de desenvolvimento
do desenho, segundo os autores acima citados. O resultado obtido com a pesquisa evidencia a
importância do desenho no processo ensino-aprendizagem e que os desenhos estereotipados
ainda muito utilizados pelos professores em sala de aula, demonstram o desconhecimento por
parte do professor sobre a essa importância do desenho.
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Para que a Lei fosse cumprida, o Ministério Mazzamati (2012, p. 12), considera o
da Educação lançou os PCNs (Parâmetros ato de desenhar como uma “conversa”, que
Curriculares Nacionais) e segundo consta, possibilita o pensamento rever e processar
“a Arte é um campo de conhecimento e seu informações, numa constante relação entre
ensino é obrigatório em todos os níveis da o ser que desenha e o mundo.
educação. Sendo a aprendizagem significativa
em arte quando o objeto de conhecimento é O autor ainda afirma:
a própria arte”.
Desenhar é pensar por meio de formas e
linhas. É observar e fazer relações. É acumular
O DESENHO imagens, ocupar com elas um espaço, devolver
as imagens para o mundo. Mesmo com a
moderna tecnologia dos meios de comunicação,
O desenho é o meio de comunicação mais
como os computadores ou a televisão, o ato de
antigo que existe, já que está presente desde
desenhar continua reproduzindo tal processo:
a Pré-História, quando o homem desenhava
captar a imagem da realidade, colocá-la em um
nas cavernas para se expressar.
determinado espaço, nesse caso a máquina, e
projetá-la de volta para o mundo, redimensionada
Ferreira (1988, p. 221) define desenho, pelo olhar. (MAZZAMATI; 2012, p.27)
como “representação de formas sobre uma
superfície por meio de linhas, pontos e
manchas; a Arte é a técnica de representar O desenho é forma de expressão e
com lápis, pincel, etc., um tema real ou comunicação dos sentimentos e sensações
imaginário, expressando a forma”. interiores do ser humano.
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Muitos adultos veem as garatujas apenas Para que a criança possa evoluir nas
como rabiscos sem nenhuma importância. fases e estágios do desenho e do grafismo
é importante que ela tenha a oportunidade
Etapa pré-esquemática (por volta dos 3 de desenhar e brincar, para que se sinta
anos de idade). Nessa fase, a garatuja vai motivada e curiosa para avançar em suas
dando lugar a uma representação definida. aprendizagens.
O corpo humano é representado com um
círculo e linhas como pernas. Por volta dos
4 anos de idade, a criança projeta seus O DESENHO NO UNIVERSO
sentimentos nos desenhos e no final da fase, INFANTIL
passa para uma fase mais criativa e relaciona
seu desenho ao pensamento e à realidade. Para a criança o ato de desenhar é sinônimo
de brincar. Dessa forma, o desenhar e o
Etapa esquemática (por volta dos 7 anos brincar podem ser considerados atividades
de idade). A criança já consegue fazer uma lúdicas e sendo assim, são capazes de
relação entre o desenho e a realidade. Nessa desenvolver potencialidades cognitivas e
fase, a criança costuma fazer a linha de emocionais.
base para desenhar. Já no final dessa fase,
a criança costuma fazer uso constante das O desenho é uma das formas de aquisição
formas geométricas. do fazer artístico que é capaz de proporcionar
à criança, além do saber artístico também o
A etapa pseudo-naturalista (à partir dos saber cultural.
12 anos de idade). A criança não necessita
mais da observação do real e utiliza as cores Segundo os RCN (Referências Curriculares
de forma consciente e na representação Nacional da Educação Infantil):
das figuras humanas, representa as
características sexuais de forma exagerada. No início, a criança trabalha sobre a hipótese
O desenho é resultado da aprendizagem de que o desenho serve para imprimir tudo o
voluntária em relação à arte. Os desenhos que ela sabe sobre o mundo e esse saber estará
abstratos aparecem nessa fase e existe uma relacionado a algumas fontes, como a análise da
experiência junto a objetos naturais (ação física
crescente consciência estética.
e interiorizada); o trabalho realizado sobre seus
próprios desenhos e os desenhos de outras
Quando a criança chega na adolescência é
crianças e adultos; a observação de diferentes
comum deixar de desenhar com freqüência,
objetos simbólicos do universo circundante; as
nessa fase começa a desenvolver seu senso imagens que cria. (BRASIL, RCN, 1988, p. 93)
crítico.
É por meio do desenho que as crianças
manifestam suas emoções, como: alegria,
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Aos poucos, a criança vai desenvolvendo Mesmo com diversos estudos na área,
o conceito da arte, por esse motivo a a arte ainda vem sendo ensinada de forma
observação se faz necessária. errônea, como consta nos PCNs:
Quando a criança tem acesso à diversas Em muitas escolas ainda se utiliza, por
linguagens artísticas, passa a conhecer e exemplo, o desenho mimeografado com formas
apreciar manifestações artísticas e assim, estereotipadas para as crianças colorirem, ou se
desenvolver com mais facilidade a sua apresentam “musiquinhas” indicando ações para
a rotina escolar (hora do lanche, hora da saída).
capacidade criadora, por meio da observação,
Em outras, trabalha-se apenas com a auto-
exploração e experimentação.
expressão; ou, ainda os professores estão ávidos
por ensinar história da arte e levar os alunos a
Outra questão, é que não basta fazer com
museus, teatros e apresentações musicais ou de
que a criança produza trabalhos artísticos é dança. Há outras tantas possibilidades em que o
necessário também, que a criança aprecie e professor polivalente inventa maneiras originais
reflita sobre a arte para que possa ocorrer a de trabalhar, munido apenas de sua própria
aprendizagem. iniciativa e pesquisa autodidata. (BRASIL, PCNs,
2001, p.26)
O desenho infantil tem sido usado de
forma inadequada nas escolas e por esse Quando a criança se habitua a atividades
motivo, não é dado a ele o devido valor. pré-estabelecidas ou estereotipadas, sente
dificuldade em se expressar livremente, seja
Para que o desenho da criança tenha por meio de desenhos ou atitudes.
significado, ela deve ser indagada sobre seu
desenho. Não é possível fazer uma análise do A esse respeito, Lowenfeld e Brittain,
desenho, sem que se saiba o que representa dizem o seguinte:
para a criança.
É lamentável que os adultos encorajem,
freqüentemente, esse modo de expressão,
O DESENHO E SEUS pedindo aos jovens que copiem ou tracem formas
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Segundo Mazzamati:
O uso de estratégias lúdicas para o ensino o desenho nos anos iniciais do Ensino Fundamental tem como
objetivo desfrutar a ideia sedimentada de que o desenho tem como finalidade chegar a um resultado estético
determinado. (MAZZAMATI, 2012, p. 61).
É necessário que o professor apresente materiais diversos para que a criança possa se
expressar livremente e a função desse professor é respeitar e valorizar as produções da
criança.
O desenho de uma forma ou de outra estão interligados, pois antes da criança escrever
convencionalmente, ela utiliza o desenho para se comunicar.
Portanto, sabendo que o desenho é uma forma de comunicação com o meio, é necessário
que seja dado a ele a devida importância para que a criança sinta segurança em se
expressar e dessa forma se desenvolver plenamente tanto psicologicamente, socialmente e
culturalmente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se sabe, o desenho está presente na vida do homem
desde o período da Pré-História e está ligado ao meio de
comunicação, sendo assim, ele precede a escrita.
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Por meio desta pesquisa, foi possível fazer uma relação entre o desenvolvimento infantil
e a evolução do desenho e os dois caminham paralelamente e se entrelaçam e auxiliam no
processo ensino-aprendizagem.
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apostila-de-artes-visuais.pdf. Acessado em: 13 de outubro de 2018.
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RIBEIRO, T. História da Arte. Artigo publicado no site Mundo Educação. Disponível em: www.
mundoeducacao.com/artes/a-historia-arte.htm. Acessado em: 02 de outubro de 2018.
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PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA CONSTRUÇÃO DA GESTÃO
DEMOCRÁTICA
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a importância da família para
a construção da gestão democrática, esta reflexão visa principalmente mostrar que, apesar
de haver toda uma estrutura legal para a implementação da gestão democrática nas escolas,
ela acaba não acontecendo porque a escola, que tem o papel de conscientizar as famílias
e verdadeiramente abrir oportunidades de fazer esta integração, acaba por não fazer, ou
fazer de maneira não satisfatória. O presente trabalho tem também os objetivos de refletir
sobre as duas instituições que são importantes para a formação da criança: a saber família e
escola, sendo que, nesta última, o foco se dá na gestão democrática.
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escola precisa também repensar esse novo recentes relatam as diferenciações das
contexto, algumas atividades positivas nesse famílias levando em conta a regionalização,
sentido já estão sendo feitas, como por os espaços, os acontecimentos históricos e
exemplo, a troca gradual de festa do Dia das os grupos sociais das quais elas pertenciam.
Mães e Dia dos Pais pela atual Festa do Dia
da Família na Escola que geralmente tem Na região nordeste a maior característica
ocorrido entre os meses de maio e agosto eram os homens poderosos e as mulheres
com o objetivo de não excluir as famílias que submissas e educadas, denominadas como
tem dois pais ou duas mães, ou que a criança sinhazinhas. Segundo Samara (1980, pág. 29)
é criada somente pela mãe, carinhosamente
chamadas de pães, pois esta realiza os papéis, “Já no Sul ao invés de sinhazinhas, são
assim como crianças que são criadas por uma encontradas as bandeirantes. Dado o caráter
das avós, que foram adotadas, ou também militar e estratégico da colonização do
que o primeiro, ou segundo casamento se Sudeste, as mulheres foram convocadas a
desfez e há a figura do padrasto ou madrasta e administrar fazendas e a controlar a escravaria
dos irmãos que vem desses relacionamentos na ausência do homem, o bandeirante
anteriores. desbravador, frequentemente ausente”
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Ao homem, chefe de família, cabia o papel que faziam parte dessa composição, ainda
de provedor e autoridade máxima diante segundo Kaloustian (2011, pág 13)
dos filhos, da mulher e de seus escravos,
em nome da preservação da honra de seus “Assim, a sua composição apresentava de
dependentes. uma forma simplificada uma estrutura dupla:
um núcleo central acrescido de membros
Os casamentos eram baseados em subsidiários. O núcleo central era composto
interesses econômicos e sociais arranjados pelo chefe da família, esposa e legítimos
entre as famílias de poder aquisitivo descendentes (filhos e netos por linha
compatíveis, sendo possível inclusive o materna ou paterna).A estrutura da camada
casamento entre parentes, como primos, periférica era menos delineada, pois a
tios e sobrinhas, cunhados com o objetivo absorção de membros subsidiários (parentes,
de proteção da propriedade e do poder. A filhos ilegítimos ou de criação, afilhados,
aprovação desse casamento era concedida amigos, serviçais, agregados e escravos) é
apenas pelo pai que era a autoridade máxima. que tornava esse modelo complexo, já que
uma mesma unidade domiciliar agrupava
Conforme Kaloustian (2011, pág 42) os componentes de várias origens.”
matrimônios realizados a partir da decisão
dos pais acabavam por resultar em punições Para as camadas mais pobres da sociedade,
de diversos tipos e podiam significar a principalmente para os escravos era
exclusão dos filhos no direito à herança da interessante ter a proteção de uma família
família o mesmo ainda cita que poderosa da qual dependia financeiramente
e da qual poderia “pertencer”. Mais
“Na sociedade brasileira, especialmente interessante ainda era para o poderoso
no século XIX, os matrimônios se realizavam patriarca, pois seu poder aumentava diante
num círculo limitado e estavam sujeitos a do número de pessoas que dependiam dele,
certos padrões e normas que agrupavam os as quais ele poderia influenciar.
indivíduos socialmente em função da origem
e da posição socioeconômica ocupada. Este modelo de sociedade começa
Tal fato, entretanto, não chegou a eliminar gradualmente a se alterar após dois fatos
a fusão dos grupos sociais e raciais, que históricos bem relevantes para o país:
ocorreu paralelamente através das uniões A Abolição da Escravatura (1888) e a
esporádicas e da concubinagem” Proclamação da República, (1889), tais fatos
foram importantes porque levou a uma
As famílias patriarcais eram consideradas reestruturação da economia, das relações de
extensas diante da característica de terem trabalho, cultura, modo de vida, deslocamento
além da autoridade do homem, sua esposa e reconfiguração social, fica-se evidente
e filhos, outros agregados como parentes portanto, que essas desestruturações todas
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afetaram de certo modo, as configurações ao bem estar social, sendo essa camada da
familiares. Kaloustian (2011, pág 42) afirma população discriminada e desprotegida,
que gerando filhos também desprotegidos,
discriminados e desrespeitados enquanto
“A Proclamação da República introduziu seres humanos.
no país um conjunto de modernizações
que envolvem o fim do trabalho escravo e “À massa de ex-escravos foi vedada a
a urbanização (com deslocamento para o propriedade da terra, pois argumentava-se
início da industrialização), como também sobre a impossibilidade de se fazer reforma
o deslocamento para o eixo centro-sul dos agrária sem que a “massa” estivesse preparada
pólos de desenvolvimento econômico e de – “educada” como sugere Nabuco(10),pois
decisão política.” sem a tutela do senhor o ex-escravo não teria
condições humanas, tais como inteligência,
Surge então uma nova organização da aptidão etc. (biologicamente falando) para
família moderna espelhando-se no modelo cultivar sozinho a terra, a despeito de ser
da família burguesa com modismos da família pelo seu trabalho que toda a lavoura fora
francesa, tradicional e firme em seus valores estruturada”. Kaloustian (2011, pág. 32)
morais. Com esse novo modelo europeu,
veio uma nova composição de família nuclear Com a Revolução Industrial ocorrida na
com pai, mãe e poucos filhos. Europa (1870) e principalmente após a II
Guerra Mundial (1945) ,que também ocorreu
Embora o homem continuasse a ser o principalmente no continente europeu, a
detentor do poder e de autoridade, o papel da mão de obra feminina aumentou, em virtude
mulher passou por mudanças significativas, da dificuldade da presença masculina no
pois agora além de ser esposa e mãe ela mercado de trabalho, mesmo exercendo
passa a ser também educadora dos filhos e ocupações em condições precárias de
um apoio para que o marido pudesse prover trabalho, com baixa remuneração e sem a
a família. Essa mulher deveria ser muito bem devida proteção social algumas mulheres
educada, prendada, boa mãe e estudar para se viram obrigadas a sair da função de
poder ensinar aos filhos. E a família negra, boas esposas, boas mães e educadoras,
como fica diante dessas transformações? fazendo com que a família sofresse novas e
Pois bem, como o povo africano/negro era significativas mudanças.
considerado biológica e socialmente uma
raça inferior, não havia nenhuma política de Assim, a família de características
atendimento à essas famílias, pois acreditava- hierarquizadas passou a se estruturar como
se que qualquer tentativa seria ineficaz uma família, em que a “igualdade” feminina
diante da ignorância desse povo.A esse povo passou a existir. A mulher inicia um processo
também foi negado o direito à educação e de participação mais efetiva na sociedade,
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brasileira, teve sua regulação apresentada por A segunda estratégia fala sobre repasse
duas leis complementares e muito importantes de verba e aumento da função dos grupos
na Educação atual: A Lei de Diretrizes e Bases de conselheiros para várias áreas como
da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394/96) e alimentação, espaço físico adequado,
no Plano Nacional da Educação, na Meta 19, observação do uso que se faz com os recursos
que teve sua vigência inicial no ano de 2011 e que a escola recebe e meios desses conselhos
se estenderá até o ano de 2020. poderem fiscalizar com mais intensidade, por
exemplo, tendo veículos próprios,ou pelo
Na LDB, a gestão democrática é também menos ajuda de custo para esse trabalho,
definida como um dos princípios, mas na cidade de São Paulo, por exemplo, na
aqui fica claro que sua realização fica em Rede Municipal de Ensino, existe o CRECE
conformidade com as leis específicas de - Conselho de Representantes de Conselho
cada Sistema de Ensino, desde que, como de Escolas que tem essa função, a partir do
não pode ser diferente, não vá contra o que que os conselheiros escolares percebem em
se defende a Constituição Federal. suas unidades de ensino, levam para essa
instância maior que vai averiguar o que se
Na meta 19 do Plano Nacional de pede, inclusive essas questões legais, porém,
Educação, PNE são elencada oito estratégias ninguém deste Conselho, até o momento,
que tem objetivo de fomentar a Gestão recebeu verba nenhuma assim como nenhum
Democrática, essas estratégias começam tipo de auxílio de custo.
por ações que devem ser realizadas pelas
esferas federais, até as locais, vale a pena A terceira estratégia tem o objetivo de
citar cada uma dessas estratégias, por isso incentivar Fóruns Permanentes de Educação
se comentará sobre elas a seguir. em âmbito nacional, a fim de entre
outras coisas, acompanhar a evolução dos
A primeira diz respeito ao repasse de verbas cumprimentos das metas do PNE, talvez
da União para os entes federados até se esses fóruns estejam acontecendo em algum
chegar à escola e também fala sobre a escolha lugar, mas não na cidade na qual trabalho.
de diretores e gestores prioritariamente
por meio de critérios técnicos de mérito e A quarta estratégia visa o fortalecimento
desempenho, aqui pode-se entender que o dos grêmios estudantis, que são organizações
concurso público é um meio de escolha, mas de alunos com o objetivo de despertar neles
não o único, há que se ressaltar que ainda é uma formação cidadã, pois vários conceitos
comum nas cidades do interior, a escolha ser são aprendidos para os alunos que fazem
por meio de indicações; neste tópico ainda parte de um grêmio, dentre os quais: direito
se ressalta a participação da comunidade ao voto, saber ouvir ao próximo, pensar no
escolar na tomada de decisão das verbas que bem comum, dentre outras características
chegam até a escola. fundamentais para a vida em sociedade,
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turma e à escola na qual ele está atuando, vale lembrar que essa autonomia foi colocada não
só no PNE, mas também na CF de 1988, porque naquela época o Regime da Ditadura não
dava essa liberdade ao professor, assim como, aos administradores e gestores.
É sabido que o papel do diretor nesse processo é bastante importante, mas não é o único,
depende também de políticas públicas, assim como verbas que auxiliem na modernização
constante da escola, engajamento por parte de professores, pais, alunos, demais funcionários
da escola, da comunidade e dos conselhos que podem auxiliar muito nesse processo.
No entanto, pode-se observar que em vários momentos se aponta a integração dos dois
grupos apresentados aqui, a saber: gestão e família, e é desta integração que se trata os
próximos capítulos.
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A reflexão inicial trouxe algumas configurações pelas
quais as famílias passaram ao longo dos anos até se chegar
às suas múltiplas configurações atuais, buscou-se apresentar
no capítulo seguinte o que as principais leis brasileiras
dizem sobre a gestão democrática e finalmente, buscou-se
apontar caminhos para que ela seja de fato implementada no
cotidiano escolar.
“as instituições escola e família são frutos da sociedade que, por meio delas, educa, socializa e civiliza os
cidadãos em prol de seu desenvolvimento. Como produções sociais, tanto a escola como a família, são
instituições educativas e sofrem, constantemente, modificações de acordo com as finalidades e exigências do
contexto socioeconômico, político e cultural que as produzem”.
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Estas alterações aconteceram nas famílias, mas muitas escolas tendem ainda a resistir
às essas tais mudanças mantendo-se uma tradição pedagógica que já não faz mais sentido,
métodos de avaliação, de ensino, de controle da indisciplina, busca por uma autoridade que
chega a ser análoga a época do ensino militar, festa de dias mães e dos pais, sem considerar
a diversidade atual e outras posturas que tem sido, mas que precisam ainda ser repensadas
e deixadas de lado.
Estas mudanças tem o objetivo de levar a escola a ter uma comunicação maior, mais direta
e mais respeitosa com a família e alunos a fim de se entender seus anseios e poder oferecer
maneiras de se caminhar e se desenvolver igualmente, a escola, portanto, apresenta certa
ambiguidade.
Tal ambiguidade reside no fato de que, de um lado ela se apresenta como um local que
somente passa e reproduz conteúdos que ela julga pertinentes para a vida dos alunos, a
partir de padrões e modelos pré-estabelecidos, que, por vezes replica as injustas estruturas
sociais.
A escola também pode ser vista como um lugar em que todas as formas de diferenças sejam
acolhidas, entendidas e respeitadas, essas diferenças sociais, culturais, físicas, religiosas,
dentre outras, podem ser respeitadas e entendidas nesse espaço e consequentemente,
reverberar na sociedade.
Como se apresentou aqui neste trabalho, a escolha pela democracia tem o sentido de
ampliação da escuta e da tomada de decisões no espaço escolar, de modo a ouvir e a prestigiar
todos os envolvidos, buscando-se sempre pela resolução dos mais variados conflitos.
Pode-se concluir portanto, que a gestão democrática é uma realidade dentro da realidade
pedagógica brasileira, mas ela precisa ainda ser debatida e posta em prática, pois precisa
da união entre as instituições família e escola, cabendo à esta dar abertura e conscientizar
aquela a participar efetivamente da vida escolar dos seus filhos, e trazer contribuições que
possam facilitar e aumentar a qualidade da educação, cabe a esta também não ver a escola
como inimiga, que apenas ressalta os “defeitos” do seu filho, a missão tanto da escola quanto
da família é a mesma: educar e ajudar no desenvolvimento pleno da criança e do adolescente.
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REFERÊNCIAS
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obrigação. Mas afinal, por que isso acontece? Então, aos adultos, num geral, cabe a
Talvez seja pela falta de exemplo dos pais ou reflexão da importância desse assunto, pois
dos professores, talvez não. contar e ouvir histórias para as crianças
desde seus primeiros anos de vida é uma
prática edificante que desperta dentro de
A MAGIA DAS HISTÓRIAS cada um o gosto pela leitura e a construção
e ampliação de seu conhecimento.
Segundo Oliveira (2009), sugere-se que
comece a resgatar os contos e histórias Isso porque, conforme Oliveira (2009), a
conhecidas pelas crianças, tanto eles quanto literatura infantil descreve nas histórias o
o professor poderão contar oralmente os mundo de uma forma simbólica, por meio da
contos e suas histórias para os demais. fantasia, do sonho e do mágico, rompendo
barreiras e limitações do real, criando
Assim, o hábito da leitura torna-se a circunstância para que a criança apesar da
maneira de construção do conhecimento sua pouca idade, se defronte com questões
mesmo antes de saber ler, pois, é de ouvi- complicadas da realidade como, por exemplo:
las que se treina a relação com o mundo, o egoísmo, a fraternidade, a competição, a
fazendo do momento de contar, recontar, colaboração, a fidelidade, a falsidade, entre
inventar e ouvir o estímulo para manter viva outras questões.
a importância da leitura. Oliveira (2009)
acrescenta que a criança que, desde muito Dessa forma, a leitura é um recurso que
cedo, entrar em contato com a obra literária, trabalha de dentro para fora, do simples para
terá uma compreensão muito maior de si e do o complexo, onde a criança irá fazer escolhas
outro, tendo a oportunidade de desenvolver e se informar sobre o mundo que a cerca.
seu potencial criativo e ampliar seus
horizontes da cultura e do conhecimento, “O conto ajuda a tornar claro, complicada
dessa maneira, sua visão será melhor em relação prática, pois suas imagens iluminam
relação ao mundo e da realidade que a cerca. o problema relativo à vida, esse é o papel
do conto com sua linguagem figurada e
Certamente, por esse motivo que a autora emocional” (1982 apud Oliveira, Maria
Oliveira (2009) nos fala que a literatura infantil Alexandre de, 2009:79).
deveria estar presente na vida da criança da
mesma forma que se oferece o leite em sua Sendo assim, colocamos a importância de
mamadeira, pois ambos cooperam para o criar ocasiões e lugares onde à criança possa
desenvolvimento dos indivíduos, ou seja, um ampliar e adquirir novas experiências pessoais
é o alimento para seu desenvolvimento físico enriquecendo-as por meio da leitura. Nesse
e o outro para o desenvolvimento intelectual sentido, o educador ou o adulto em geral tem
e afetivo. o papel fundamental de inserir ou oferecer o
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quando a mãe conta histórias para o seu filho Segundo Cavalcanti (2009), quando
ainda bebê, pois mesmo sem interagir ou realizamos a leitura ou contamos uma
entender, este vai se sentindo confortável e história, o faz através de um gesto voluntário
concentrado, até o momento ao qual passa a de buscar um preenchimento que nos envia
ter entendimento do contexto criando prazer um prazer, nos mantendo em sintonia com
e admiração pelas histórias. a descoberta do novo. Sendo assim, o gosto
pela leitura é algo que se provoca pelo afeto
O alicerce para o interesse da literatura e o gosto e o prazer são recursos essenciais
deve começar bem cedo, onde o professor que devemos buscar para a inclusão do hábito
deverá criar meios para que os alunos de ler nas escolas alcançando nossos leitores
possam se ambientar com as histórias, meios que, por meio dessa prática, se tornaram
como o acesso e manuseio a livros, contação leitores apaixonados e comprometidos.
de histórias, encenação, introdução de
princípios a partir dos contos, entre outros. Sobre o mesmo ponto de vista Costa
(2007) acrescenta que cabe não esquecer
Para Cavalcanti (2009), o leitor infantil que todo trabalho de formação de leitores
pode ser muito facilmente envolvido para a literatura não pode, em momento
pelo momento de ouvir a história, desde algum, menosprezar ou deixar em segundo
que este momento seja bem conduzido. plano o papel do professor enquanto
Pensando nisso, para narrar à história de mediador e enquanto exemplo de leitor,
forma sedutora, prazerosa e envolvente o pois “aprender a ler requer que se ensine a
contador - no caso o educador - precisa ser ler”, tarefa importante para o educador ao
apaixonado pelo mundo do faz de conta, inserir a leitura literária como caminho de
pois estar comprometido afetivamente com transformação e conhecimento e de forma
a narrativa é ponto principal, isso porque a prazerosa. Certamente, preparado para a
história precisa ser contada com sentimento, leitura, à criança compreenderá que o livro
entrega e partilha. é um passaporte para o ilimitado mundo da
ficção ou da realidade. As histórias podem
De acordo com Cavalcanti (2009), o bom ser contadas com recursos variados para
contador de história é alguém que possui que o aluno possa interatuar com o meio e
a virtude natural para fazer da palavra o criar gosto pela leitura, como a utilização de
canto mágico das narrativas. Dessa forma, fantoches, dedoches, reprodução do texto
podemos dizer que a história leva a criança com artesanato, encenação...
para um passado misterioso, o instiga para o
futuro onde se pode viajar pelas galáxias, ou A partir da literatura a criança começa
seja, é possível ir até onde sua imaginação a entender os princípios e os fatos sociais,
chegar. despertam o sentido fático, se emocionando
e criando expectativas com o texto.
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Essas histórias reais são fundamentais para Portanto, garantir a riqueza da vivência
que a criança estabeleça a sua identidade, narrativa desde os primeiros anos de vida
compreender melhor as relações familiares. da criança contribui para o desenvolvimento
Outro fato relevante é o vínculo afetivo que do seu pensamento lógico e também de sua
se estabelece entre o contador das histórias imaginação, que segundo Vigotsky (1992,
e a criança. Contar e ouvir uma história p.128) caminham juntos: “a imaginação é um
aconchegada a quem se ama é compartilhar momento totalmente necessário, inseparável
uma experiência gostosa, na descoberta do do pensamento realista.”. Neste sentido, o
mundo das histórias e dos livros. autor enfoca que na imaginação a direção da
consciência tende a se afastar da realidade.
Algum tempo depois, as crianças passam a Esse distanciamento da realidade através de
se interessar por histórias inventadas e pelas uma história, por exemplo, é essencial para
histórias dos livros, como: contos de fadas uma penetração mais profunda na própria
ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. realidade:
Tem nesta perspectiva, a possibilidade de
envolver o real e o imaginário que de acordo “Afastamento do aspecto externo
com Sandroni & Machado (1998, p.15) aparente da realidade dada imediatamente
afirmam que “os livros aumentam muito o na percepção primária possibilita processos
prazer de imaginar coisas. A partir de histórias cada vez mais complexos, com a ajuda dos
simples, a criança começa a reconhecer e quais a cognição da realidade se complica e
interpretar sua experiência da vida real”. se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129)”.
É importante contar histórias mesmo para O contato da criança com o livro pode
as crianças que já sabem ler, pois segundo acontecer muito antes do que os adultos
Abramovich (1997, p.23) “quando a criança imaginam. Muitos pais acreditam que a
sabe ler é diferente sua relação com as criança que não sabe ler não se interessa por
histórias, porém, continua sentindo enorme livros, portanto não precisa ter contato com
prazer em ouvi-las”. Quando as crianças eles. O que se percebe é bem ao contrário.
maiores ouvem as histórias, aprimoram a Segundo Sandroni & Machado (2000, p.12)
sua capacidade de imaginação, já que ouvi- “a criança percebe desde muito cedo, que
las pode estimular o pensar, o desenhar, o livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As
escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje crianças bem pequenas interessam-se pelas
tão cheio de tecnologias, onde as informações cores, formas e figuras que os livros possuem
estão tão prontas, a criança que não tiver a e que mais tarde, darão significados a elas,
oportunidade de suscitar seu imaginário, identificando-as e nomeando-as.
poderá no futuro, ser um indivíduo sem
criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade É importante que o livro seja tocado pela
para compreender a sua própria realidade. criança, folheado, de forma que ela tenha um
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contato mais íntimo com o objeto do seu interesse. A partir daí, ela começa a gostar dos
livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se
por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.16) “o amor
pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que
eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta:
serem estimuladores e incentivadores da leitura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Num mundo tão cheio de tecnologias em que se vive,
onde todas as informações ou notícias, músicas, jogos,
filmes, podem ser trocados por e-mails, CDs e DVDs o lugar
do livro parece ter sido esquecido. Há muitos que pensem
que o livro é coisa do passado, que na era da Internet, ele
não tem muito sentido. Mas, quem conhece a importância
da literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que
tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que
uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá
de dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o
prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um
mundo repleto de encantamento. Se o professor acreditar NEIDE MARIA DA
que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar LUZ SANTOS
prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai
Graduação em Pedagogia pela
se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria Universidade do Grande ABC-UNIABC
e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande (2010); Especialista em Educação Infantil
magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil pela Faculdade Mozarteum de São Paulo-
é um amplo campo de estudos que exige do professor FAMOSP (2014); Professora de Educação
conhecimento para saber adequar os livros às crianças, Infantil no CEI Vereador Roberto Gomes
gerando um momento propício de prazer e estimulação para Pedrosa.
a leitura. Professores que oferecem pequenas doses diárias
de leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade,
desenvolverá na criança um hábito que poderá acompanhá-
la pela vida afora. Para desenvolver um programa de leitura
equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça certa
variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor
observe a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de
leitura em que ela se encontra.
O tema “A magia da História na Educação” é fascinante e quem se ocupa com ele fica
triste ao ver como essa “arte” está desaparecendo aos poucos. Mas ao mesmo tempo, o
tema faz nascer à esperança de que o maravilhoso tempo em que a magia de contar histórias
preenchia o dia-a-dia em nossos lares está voltando silenciosamente. Contudo, se a criança
não lê é porque não lhe estão apontando caminhos para o desfrute de bons e belos textos...
Que existem (tantos) e são fáceis de achar... Literatura é arte, literatura é prazer...
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REFERÊNCIAS
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Governo do Distrito Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-Lei n° 9.394, dez. 1996. Brasil: Casa Editorial
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VYGOTSKY, apud DAVIS, Claudia & OLIVEIRAZilma de.Psicologia na Educação. São Paulo: 1990.
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
RESUMO: No mundo da criança existe a necessidade do lúdico, quando brinca ela está
pensando, criando e desenvolvendo, desta forma, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras
ajudam a construir o conhecimento, vivenciando ações como atenção, imitação e memória
poderá também classificar, ordenar, resolver problemas e desenvolver dentre outros o
pensamento crítico e quanto ao educador poderá trabalhar ludicamente demostrando
seriedade e aplicando conteúdos que desenvolvam a construção do conhecimento e de
trabalho em equipe, analisando o desenvolvimento corporal e de pensamento.
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criança, mas possibilita ao educador aulas educador precisa ter além da prática, ter
mais dinâmicas e prazerosas (QUEIROZ, uma base teórica que possibilite aplicar
2003). o lúdico com um embasamento científico
comprovado, sendo peça chave desse
O desenvolvimento da criança deve processo educacional. Desta forma os
trazer benefícios que possibilite desenvolver professores compreendem melhor toda sua
habilidades e competências para o capacidade e potencial de contribuir para
aprendizado e uma das formas a se ensinar com o desenvolvimento da criança através
uma atividade é através do jogo, na fase do lúdico. O professor da educação infantil
inicial da aprendizagem é utilizado jogos para exercer bem o seu ofício necessita ter
educativos, com ele se acredita que a criança uma compreensão do que vem ser o lúdico,
desenvolva uma personalidade enriquecida e não e apenas ter uma visão fragmentada,
e aperfeiçoada pelo brinquedo, pois o o lúdico é inerente a todas as crianças e
lúdico, o brincar é bem aceito pelas crianças basta deixá-las brincar livremente para que
(LAVORSKI e VENDITTI, 2008). se desenvolvam, mas saber que mediar
às brincadeiras e os jogos que a criança
Segundo o Referencial Curricular da está realizando são proporcionar uma
Educação Infantil (1998), o lúdico faz com aprendizagem significativa (HUTIM, 2010).
que a criança possa desenvolver o pessoal, Diante dos avanços em todos os campos e
social, cultural facilitando o processo de das mudanças rápidas em todos os setores,
socialização, construção do conhecimento, é necessário buscar novos caminhos para
comunicação, expressão corporal e enfrentar os desafios, assim será inevitável
colabora para uma boa saúde mental e buscar o prazer para o trabalho, para a vida,
através das brincadeiras a aprendizagem através da competência, da criatividade e
contribui para o desenvolvimento de forma do comportamento. O trabalho a partir da
integrada, desenvolvendo capacidades de ludicidade abre caminhos para envolver
relacionamento interpessoal, aceitando estar todos em uma proposta interacionista,
e ser parte da realidade social e cultural. dando importância ao resgate de cada
potencial. Através de este resgate
desencadear estratégias lúdicas para que
O PAPEL DO PROFESSOR seu trabalho venha ser mais prazeroso
produtivo e significativo. É só do prazer que
O profissional deve no ambiente escolar surge a disciplina e a vontade de aprender.
deve estar observando e investigando os É necessário repensar os conteúdos e as
acontecimentos a sua volta assim saberá práticas pedagógicas, substituindo a rigidez
direcionar as brincadeiras e jogos, pois esta pela passividade pela vida, compreender e
tarefa de alfabetizar e desenvolver através reconstruir o conhecimento (DALLABONA e
do lúdico necessita de uma formação. O MENDES, 2004).
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trabalhar com uma série de atividades lúdicas, pois é o conjunto destas que irá transformar
à medida que as crianças são conduzidas a tomar consciência das ações exercidas sobre os
objetos.
Observar e registrar as brincadeiras espontâneas das crianças, suas falas e os brinquedos
que inventam, assim como nossas atitudes, ideias e dificuldades frente a essas situações,
podem ser uma forma de começar a modificar nossa própria prática profissional.
São estas ideias que podem auxiliar a pensar, a organização, o trabalho com as crianças,
impulsionando novos investimentos na formação dos profissionais de educação infantil.
Precisamos nos colocar como parte do processo, investigando, estando sempre em busca de
novos horizontes, pois como educadores participantes, temos a responsabilidade de mediar
conhecimentos através da brincadeira e do jogo para que a absorção por parte da criança
seja prazerosa e com muitos desafios e informações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observando pudemos perceber que a ludicidade além
de ser diversão também é prazerosa, e é uma forma de
aprender, consequentemente desenvolver competências e
habilidades, adquirindo situações que estimulam momentos
de criatividade e crescimento cultural, intelectual e
desenvolvimento das inteligências múltiplas. Nesta proposta
surge por parte dos educadores um envolvimento, junto com
os profissionais da Educação Física, a responsabilidade de
ensinar e aprender, passa a ser muito maior, poderíamos
levar mais a sério, a brincadeira, o jogo, dentro do ambiente
escolar.
NEIVA MATOS SANCHES
Graduação em Educação Física Licenciatura
pela Faculdade Bandeirante de Educação
Superior (2008); Graduação em Educação
Física Bacharel pela Universidade Camilo
Castelo Branco (2009); Graduação em
Pedagogia pela Universidade Nove de
Julho (2010); Especialista em Educação
Física Escolar pela Universidade Nove
de Julho (2012), Professora de Educação
Infantil e fundamental I – na EMEI Alice
Alves Martins, Professora de Ensino
Fundamental II – Educação Física - na EE
Prof. Mario Manuel Dantas de Aquino.
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REFERÊNCIAS
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Scipione, 2010.
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Cortez, 13ª Edição, 2010.
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Cortez 1991.
OLIVEIRA, Z.M.R. Educação infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 2008.
PIAGET, Jean. A formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1975.
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VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
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Como Vygotsky (1988) observou, o que o sujeito faz com a ajuda do outro é um importante
indicador de desenvolvimento futuro, porque o que é feito hoje com ajuda, amanhã será feito
com autonomia. O conhecimento do professor sobre o conteúdo da alfabetização, criança
O desenvolvimento e o contexto social em que está inserido o aluno é fundamental para uma
avaliação qualitativa.
Existem várias fichas de avaliação elaboradas pelas redes ou escolas de ensino. No entanto, o
conteúdo sempre aparece em uma linearidade que não corresponde à realidade da aprendizagem.
Além disso, essas fichas de avaliação teriam que ser muito grandes para dar conta da complexidade
da alfabetização e, mesmo assim, aspectos fundamentais do processo de desenvolvimento infantil
ou das relações de ensino seriam deixados de fora.
Para as escolas da rede estadual de ensino da região sul de Santa Catarina, segundo depoimento
de uma professora, os alfabetizadores desenvolveram conjuntamente - durante um curso de
capacitação - uma avaliação a ser seguida. No entanto, na implementação de tal modelo, eles
não cumpriram o seu propósito. Pais queixaram-se da quantidade de itens e complexidade das
expressões, não podendo acompanhar o desenvolvimento de suas crianças na escola.
Os professores também não estão satisfeitos e estão reelaborando este modelo porque
considera que ele não atende aos propósitos da avaliação. O papel de avaliação não satisfaz, mas
os professores precisam de referências para ter um olhar atento ao processo de aprendizagem da
escrita.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Descobrimos que o registro de avaliação escrito por
alfabetizadores manteve a mesma classificação e perspectiva
de exclusão que foram superadas.
Nesse sentido, a formação continuada de professores, com tempo para registro / discussão /
planejamento com seus pares na escola são requisitos necessários para o redimensionamento
do conceito de avaliação e democratização do ato pedagógico.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências
naturais. Brasília, 1998.
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SILVA, Janssen Felipe da; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, Maria Teresa. Práticas avaliativas
e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação,
2003.
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O PAPEL DO PROFESSOR
DE EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: A Educação infantil hoje é vista como uma instituição que integra as funções de
educar e cuidar e que considera as crianças nos seus contextos sociais, ambientais e culturais
e que possibilita interações e praticas sociais com diversas linguagens e contato com os mais
variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma. Para isso é preciso
que o professor tenha claro qual o seu papel na formação plena do aluno, pois o trabalho
pedagógico nessa fase requer saberes e fazeres necessários para a atuação docente
considerando a fase de desenvolvimento e a livre expressão das crianças que através das
possibilidades e experiências vividas ampliam e desenvolvam todas as dimensões humanas:
imaginativa, lúdica, estética, afetiva, motora, cognitiva, social, criativa, expressiva e linguística
que são desenvolvidas através dá linguagem oral e escrita, matemática, artística, corporal,
musical, temporal e espacial. O Trabalho do Professor de Educação Infantil apresenta
dificuldades em estabelecer relações entre teoria e prática para o desenvolvimento do seu
trabalho, apresentando práticas que nem sempre vão ao encontro das necessidades de
aprendizagem da criança. Por isso é importante estudar o trabalho docente de professores
na Educação Infantil.
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outras instituições as marcam, sendo assim, e de muita pobreza, crianças desde cedo
as fazem sujeitos sociais e históricos que vão para as ruas, passam fome, deixam de
buscam compreender o mundo em que estudar para trabalhar.
vivem, através das relações sociais e com o
meio, construindo seu conhecimento e visão A história mundial nos mostra que a
de mundo. exploração do adulto sobre a criança vem
ocorrendo desde épocas bem antigas, é
O Referencial Curricular Nacional para uma fatalidade, mas ainda é a realidade de
Educação Infantil (1998, p.22) deixa claro muitas crianças brasileiras. Por outro lado
o grande desafio da Educação Infantil e dos deparamos com crianças de classe média/
profissionais da área que terão um trabalho alta que passam horas com aparelhos
árduo e de muita aprendizagem: eletrônicos e desejam cada vez mais
brinquedos e roupas caras, preferência de
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito marca, fora a alimentação incorreta que trará
particular das crianças serem e estarem no sérias consequências para sua saúde mais
mundo é o grande desafio da educação infantil e tarde.
de seus profissionais. Embora os conhecimentos
derivados da psicologia, antropologia, sociologia,
O assunto do trabalho não é discutir o
medicina etc. possam ser de grande valia para
que é certo ou errado, e sim discutir o que
desvelar o universo infantil apontando algumas
precisa ser mudado ou não nas politicas
características comuns de ser das crianças, elas
permanecem únicas em suas individualidades e
publicas, na sociedade, na família, porque
diferenças. todos sabem que muita coisa precisa ser
feita, mas é deixar claro que independente de
A criança é reconhecida com um sujeito de culturas, costumes e realidades diferentes,
direitos à educação, que devem ser atendidos as crianças não deixam de ser criança, ela
por instituições escolares e governamentais, não se tornará o que não é, mas sim adulto
portanto a educação infantil é direito da que trará consigo uma bagagem cultural e
criança, dever do estado e opção da família, por isso a faz ser histórico e que tem direito
satisfazendo suas necessidades de formação. de viver sua infância no seu tempo e de
forma saudável, usufruindo da imaginação, a
fantasia, a criação, a brincadeira, entendida
AS CRIANÇAS DA ATUALIDADE como experiência de cultura, o estudo para
o seu desenvolvimento, que a fará crescer
O universo infantil é marcado por sadia e a tornará um adulto feliz.
características que as fazem sujeitos sociais
e históricos, marcadas por contradições
das sociedades em que estão inseridas.
Infelizmente vivemos em um mundo desigual
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De acordo com Vygotsky (1998) é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera
cognitiva. Um ambiente de motivação para as crianças, assim, cabe ao professor propor
conceitos que os preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica, entre outros.
Brincadeiras que ensinam trabalho em equipe na resolução de problemas, aprendendo assim
expressar seus próprios pontos de vista em relação ao outro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo mostrou a importância de conhecer o
trabalho do professor de educação infantil, pois ao longo
dos anos com as mudanças decorrentes na sociedade as
experiências na primeira infantil foram vistas com outro
olhar. Conscientes da qualidade de ensino na educação
infantil, políticas públicas foram criadas para atender essas
exigências, então as instituições deixaram de simplesmente
cuidar e passaram a educar e a brincar com fundamentos
teóricos e objetivos a serem alcançados por cada faixa etária
visando o desenvolvimento infantil pleno, respeitando o
tempo e as limitações de cada criança.
PAULA RENATA
Mas para que haja uma educação infantil de qualidade ARAÚJO FERRO
é necessário que os profissionais que atuam na educação
Graduação em Pedagogia pela Faculdade
infantil, estejam unidos e cientes dos desafios impostos pela São Paulo. Ano de conclusão 2015 .
sociedade, dentro do espaço escolar, trocas de experiências Professora de Educação Infantil.
contribuem positivamente na efetivação da aprendizagem,
buscar novos métodos, formas de ensino, cursos, enriquece o
profissional e é isso que a sociedade espera dos profissionais
da educação, que sejam polivalentes, reflexivos e conscientes
de sua função educacional-social, devem gostar de crianças
e de estar em companhia delas.
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A Educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e se dedicam diariamente, pois
estamos lidando com o ser humano, lindando com sua totalidade, em seu ambiente, nas suas
preferências. Educar é um ato de amor, de entrega ao outro. Ser educador é muito, mas que
passar os conhecimentos, alcançar metas, é aos poucos criando vinculo com aquele ser que
foi entregue a você, tornando significativas as trocas, ser paciente, acolhedor, saber ouvir,
saber ensinar a criança a lidar com as emoções, com os conflitos, a ter limites, respeitar
regras.
As relações estabelecidas entre professor e aluno devem ser de forma que a criança se
sinta amada, segura, alegre, se sinta valorizada . A educação Infantil assume entre suas
responsabilidades a de estimular e proporcionar relações sociais e desenvolvimento afetivo
em parceria com a família.
Os educadores precisam ter em mente qual é o seu papel e o que esperam de seus alunos
e se realmente querem formar cidadãos, pude perceber neste trabalho que os professores
tem a consciência da sua importância no desenvolvimento e na educação dessas crianças
e que todos se empenham e dão o melhor de si para formar cidadãos críticos/reflexivos
empenhados na construção de um mundo mais humano e melhor para todos .
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REFERÊNCIAS
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1996.
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LTDA, 1998.
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“A palavra museu vem da palavra grega Durante a Idade Média a igreja católica
mouseion, que significa templo das musas ou torna-se a principal colecionadora de objetos
local onde elas se reúnem [...]” (ASSUNÇÃO, antigos e, ao término da era medieval, os
2003, p.77) ou ainda, lugar separado para reis e nobres passaram a assumir o papel
a ampliação do saber filosófico, onde a de colecionadores, agora os acervos eram
mente descansa, com pensamentos plenos compostos por relíquias, utensílios sagrados,
e criativos, livres de inquietações, pronta religiosos e livros, vistos apenas por
para as Artes e às ciências. Julião (2018) convidados.
complemente informando que:
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conhecimento por meio de uma aprendizagem Foi dedicada maior atenção à Terceira
Não-Formal. Valente (2002) explica que: geração visto que foi neste período que
se valoriza a autonomia do sujeito frente
Os Museus da Terceira Geração surgem no início à aprendizagem e sua interação com
do século 20, propondo uma nova forma de o meio. Através do uso de “aparatos e
comunicação com o público. O Deitshes Meuseum exposições passam a dispor do conjunto de
é marco dessa interpretação caracterizando-se evidência oriundas das pesquisas de ensino
pelo uso de aparatos com movimento cientifico
aprendizagem,” declara Valente (2002, p.13).
tecnológico, por meio do esclarecimento do
A partir do momento que a criança passou
público e da melhor comunicação com ele,
a tomar consciência de sua importância no
faz uso de novas estratégias de inatividade. A
processo do aprender, em que ela mostrou
proposta é a do girar manivelas do tipo bands
on. Acredita-se, assim, que o visitante, ao fazer
interesse e soube reconhecer, através da
funcionar o aparato, assimile facilmente os interação com a Arte aquilo que a agradava
princípios científicos ali envolvidos. (p.12-13 – ou não, deu-se um grande passo para a
grifos do autor) formação de seu senso crítico, tão importante
para a vida em sociedade.
A intencionalidade da Terceira Geração
era fazer o público interagir com a exposição, Aqui fica importante ressaltar que
deixando de agir como mero expectador. educação, bem como todo o processo da
Valente (2002) continua dizendo que: aprendizagem humana, ocorre efetivamente
de três modos: Formal, Não-Formal e
Esse tipo de inatividade enriquece as instituições Informal.
com a exibição de fenômenos científicos e a
ênfase na ação dos visitantes. Reconhece-se aí Marandino et al. (2008) em sua obra
preceitos da abordagem pedagógicas propostas apresenta que Crombs, Prosser e Ahmed, em
pela Tendência Liberal Renovadora da escola
1973 foram quem realizaram a divisão do
nova. Além dessa o tecnicismo também está
sistema educacional em três categorias:
presente nos aparatos que são apresentados
a partir de passos programados, pelo quais, ao
• educação formal: sistema de educação
visitante, é conferido uma única resposta sem
hierarquicamente estruturado e
que precise controlar variáveis. Dessa forma, o
cronologicamente graduado, da escola primária
que se promove é uma ciência acabada com uma
à universidade, incluindo os estudos acadêmicos
única verdade. A discussão as implicações sociais
e as variedades de programas especializados
do desenvolvimento da ciência e da tecnológica
e de instituições de treinamento técnico e
são introduzidas aqui com a incorporação das
profissional.
preocupações educacionais para melhoria do
ensino de ciências, na tentativa de minimizar
• educação não-formal: qualquer atividade
o analfabetismo cientifico e tecnológico da
organizada fora do sistema formal de educação,
sociedade. (1969 Exploratório) (p.12-13 – grifos
operando separadamente ou como parte
do autor).
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de uma atividade mais ampla, que pretende As práticas da educação não formal se
servir a clientes previamente identificados desenvolvem usualmente extramuros escolares,
como aprendizes e que possui objetivos de nas organizações sociais, nos movimentos, nos
aprendizagem. programas de formação sobre direitos humanos,
cidadania, práticas identitárias, lutas contra
• educação informal: verdadeiro processo desigualdades e exclusões. Elas estão no centro
realizado ao longo da vida em que cada indivíduo das atividades das ONGs nos programas de
adquire atitudes, valores, procedimentos e inclusão social, especialmente no campo das
conhecimentos da experiência cotidiana e das artes, educação e cultura (p. 12).
influências educativas de seu meio – na família,
no trabalho, no lazer e nas diversas mídias de É preciso não confundir Educação
massa (p.13 – grifos do autor). Não-Formal com assistencial, pois não
é doada, mas, sim adquirida através do
Na Educação Informal o conhecimento e as compartilhamento de experiências.
aprendizagens acontecem ao longo da vida,
por meio da interação social e experiências A educação formal é aquela desenvolvida
vividas, os principais agentes são familiares nas escolas, com conteúdos previamente
e sua comunidade. Está ligada ao processo demarcados; a informal como aquela que os
de socialização do sujeito é através dela indivíduos aprendem durante seu processo de
socialização - na família, bairro, clube, amigos,
que a pessoa adquire seus valores, crenças,
etc., carregada de valores e cultura própria,
estabelece suas relações sociais, defini
de pertencimento e sentimentos herdados;
sua religião, adquiri determinado gosto ou
e a educação não formal é aquela que se
comportamento etc.
aprende ‘no mundo da vida’, via os processos
de compartilhamento de experiências,
Quando se fala em Educação Formal é principalmente em espaços e ações coletivas
aquela institucionalizada, promovida pelas cotidianas (GOHN, 2006, p. 28).
escolas, com currículo que segue regras
determinadas segundo seus objetivos A Terceira Geração dos Museus os
acadêmicos, mediados por um docente. Essa aproximou mais da população em geral,
é justamente uma das maiores diferenças tornando o indivíduo cônscio de sua
entre elas, enquanto a Educação Formal tem atuação no processo de aprendizagem,
um lugar específico para acontecer, as outras ele passou a buscar construir o próprio
duas não. conhecimento. Enquanto isso, o Museu dos
anos 80 passa a ser estruturado segundo as
Já a Educação Não-Formal ocorre de modo teorias construtivistas, promovendo assim
coletivo promovidos em Centros Culturais, a interação entre o indivíduo e o meio,
ONGs e Museus, dentre outros. Vercelli tornando a aprendizagem, um processo
(2013) pontuou que ela acontece fora da dinâmico.
escola e promove a inclusão e a igualdade.
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Contudo, para que a aprendizagem aconteça efetiva e eficazmente, o Museu precisa ter
suas intensões educações claras, cada exposição tem que ser rigorosamente planejada,
observando-se o público a ser atendido e suas principais características, para que a
exposição se torne acessível a ele, traçando estratégias que possibilitem a interação entre
todos os participantes: o mediador (educadores museal), professor e público (visitantes e
alunos), e facilite a escolha da metodologia pedagógica que melhor se adequa ao processo
de aprendizagem.
Ao definir os objetivos educativos da atividade, ao selecionar os conteúdos que serão enfatizados, ao planejar
as formas e estratégias usadas na visita e durante a mediação, ao definir os papéis do mediador, do público,
do professor ou dos demais participantes da ação e como se relacionam, estaremos fazendo opções que
remetem a determinadas concepções pedagógicas. Do ponto de vista do planejamento das ações educativas
nos museus, é importante que os educadores, incluindo nesse grupo os mediadores, identifiquem os aspectos
mencionados e façam opções conscientes sobre os modelos pedagógicos preponderantes em suas práticas
(MARANDINO et al., 2008, p.16).
Leite e Ostetto (2005, p. 29) encerram ao afirmarem que um bom exemplo disso é de
alguns Museus que fazem uso de alguns recursos específicos, como “[...] teatro de fantoches,
jogos, etc. [...]” para atrair o público infantil, demonstrando compreender a necessidade de
haver um atrativo para a criança, algo próprio de sua idade, de sua fase de desenvolvimento,
para só então dar continuidade em sua evolução e aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A função da escola não é trazer o conhecimento pronto
para o estudante, mas sim incentivá-lo a desenvolver um
olhar crítico, analítico e reflexivo, fazer com que este que
procure respostas para as mais variadas questões impostas
pelo cotidiano. Ela também não é a única fonte do saber,
todos podem aprender por meio da interação com o outro,
esteja onde for isso inclui no Museu.
Quando a criança tem contato desde cedo com as múltiplas formas que as Artes podem
tomar, mais rapidamente sua personalidade se forma, seus gostos e preferências se definem,
há a ampliação de seu senso crítico e reflexivo.
O contato com Museus traz aos estudantes uma experiência única de viver a cidadania
em sua plenitude, eles têm a possibilidade de apreciar e cuidar de seu patrimônio, de sua
cultura.
A Arte, História e Educação nos Museus permite que se preserve o passado, viva o presente
e pense no futuro, respeitando e valorizando as diferenças.
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REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: Museu da Vida, 2002.
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OS CONCEITOS DE GÊNERO
E SEXUALIDADE NA ESCOLA
RESUMO: Esta pesquisa, resultante de revisão bibliográfica, apresenta uma apreciação sobre
as questões de gênero e sexualidade no que diz respeito ao caráter culturalmente construído
das diferenças e das identidades, caráter este que toma a aparência de uma ordem natural
de todas as coisas. Consideram-se o indivíduo e as implicações sociais que resultam deste
processo, as relações de poder que são estabelecidas ao serem fixadas uma identidade de
gênero e uma identidade sexual, que são o masculino e o heterossexual, percebidas como
referências sólidas e centrais que determinam um parâmetro consagrado. O papel da escola
nos processos de produção de identidades, reforço de diferenças, disciplinamento dos
corpos e comportamentos é alvo de reflexão para uma mudança da prática pedagógica que
opera na lógica dicotômica da relação masculino-feminino e heterossexual-homossexual.
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profunda que, como sinaliza Louro (2010) certos postos de trabalho cavou profundo
“frequentemente nos apresentamos (ou nos fosso entre suas experiências e as dos
representamos) a partir de nossa identidade homens”, de acordo com Saffioti (2004). Essa
de gênero e de nossa identidade sexual. Essa segregação da experiência é uma violência
parece ser, usualmente, a referência mais que deixou marcas profundas e duradouras,
‘segura’ sobre os indivíduos”. contra as quais as mulheres tiveram que
lutar incansavelmente para que esta corrida,
Saffioti (2004) afirma que “o conceito na qual largaram em desvantagem, torne-se
de gênero pode representar uma categoria mais justa ao longo do caminho.
social, histórica, se tomado em sua dimensão
meramente descritiva”. É necessário [...] a inegável desigualdade existente entre
considerar o ser humano em sua totalidade, homens e mulheres, observada nitidamente por
sendo ele uno e indivisível. meio de mecanismos concretos - ora sutis, ora
ostensivos -, entre os quais está a valorização
de atributos considerados masculinos em
A indicação arbitrária de quem e como
detrimento de elementos tidos como femininos
o indivíduo deve ser, de acordo com as
(RAMIRES, 2011, p. 131-132).
expectativas destinadas a ele em relação à
interiorização e ao cumprimento de seu papel
social, assim como a posição que ocupará Louro (2002) sugere que existam a posição
dentro deste grupo, é um forte instrumento central e a excêntrica no que diz respeito
de dominação, de maneira que, segundo às “posições-de-sujeito” na sociedade. A
Seffner (2011), “ a produção de identidades de posição central, que indica universalidade,
gênero e sexuais está diretamente envolvida estabilidade e unidade, é o parâmetro a
com relações de poder na sociedade, que partir do qual será determinado aquilo que
a todo momento posicionam homens e é excêntrico e, portanto, problemático,
mulheres numa hierarquia”. uma vez que possui a marca da diversidade,
da pluralidade, da instabilidade e da
A denominação de “segundo sexo” implica particularidade.
um lugar para o feminino de segundo
elemento, abaixo do masculino, que é tido Dessa forma, no centro encontram-
como o primeiro, ou seja, a identidade que se os homens brancos, heterossexuais,
serve de referência, aponta Louro (2002). que apresentam uma identidade sólida
permanente e confiável e denunciam na
A desigualdade gerada por esse mecanismo oposição a excentricidade das mulheres, dos
estabeleceu uma verdadeira desvantagem homens e mulheres negros e dos sujeitos
para o sexo feminino dentro da sociedade homossexuais.
no âmbito do trabalho, por exemplo, uma
vez que “a marginalização das mulheres de
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maioria das vezes, não passarão de simples rótulos para tarefas específicas que o computador realizará. Ler
uma obra literária, produzida com letras do alfabeto, será coisa do passado, uma coisa de arqueologia, assim
como vemos, hoje, as escritas antigas, como a egípcia, a cuneiforme, os livros iluminados da Idade Média, etc.
As histórias serão contadas através da fala gravada (CAGLIARI, 1999, p. 221).
O autor salienta que “a imensa maioria dos livros tem nos papéis uma bomba-relógio. [...] O
computador é o único que pode salvar o livro de sua extinção física e, conseqüente extinção
cultural” (CAGLIARI, 1999, p. 221). Esta se apresenta como uma questão a ser objeto de
reflexão em nossa sociedade nos dias atuais, pois cabe compreender que as transformações
provocadas por quaisquer que sejam as inquietações humanas que as acarretem, devem ser
consideradas e analisadas, porém, devemos abraçar o que novo apresenta de positivo, sem
desprezar e descartar aquilo que ainda possui seu lugar na vida em sociedade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste estudo foi possível verificar a forma
como a preocupação com a classificação dos indivíduos
a partir de seus órgãos sexuais foi determinante no que
tange à maneira como o sujeito seria percebido e atuaria na
sociedade a partir de então. Seu comportamento passaria a
ser ditado pela dicotomia masculino–feminino, em que seria
inserido arbitrariamente, de acordo com seu órgão sexual. A
corroboração científica teve importante papel na construção
da ideia de verdades biológicas a respeito do gênero e da
sexualidade.
Para a construção daquele que é considerado o gênero correto, ou seja, que está de acordo
com o órgão sexual do indivíduo, a sociedade realiza grande investimento e vigilância. O
que denuncia a falsa ideia de naturalidade das atribuições de masculinidade e feminilidade.
A escola desempenha um papel importante neste cenário, ensinando o silenciamento e
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REFERÊNCIAS
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São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO
DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESUMO: Este artigo traz a contação de histórias na educação infantil e sua importância
para a formação da criança enquanto cidadã. Buscamos, por meio deste, realizar um estudo
de como a contação de histórias na educação infantil é importante para as crianças, bem
como o contato com livros desperta a imaginação e a criatividade da criança. A contação
de histórias têm relação direta com a arte e cultura, bem como trabalhar por completo a
comunicação oral da criança. Além de buscar a compreensão do trabalho com contação de
histórias, também teremos um pouco sobre a formação do professor como mediador desse
processo de contar e encantar as crianças, atingindo objetivos simples, porém, não tão fáceis,
que são os de atrair a atenção das crianças, possibilitar a compreensão de mundo e de si
mesmo. Assim sendo, buscaremos com esse artigo trazer a contação de histórias como uma
atividade humana, significativa, cheia de vivências especiais, aprendizagens e experiências.
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Durante as contações de histórias é necessário que as professoras façam uso das mais
diversas emoções, expressões, entoações, e até mesmo de improvisações adequadas durante
a narração do texto, pois este tipo de atitude por parte das professoras estimula e desperta
o interesse do aluno com relação à narração, tornando assim, a leitura como um momento
lúdico para todos os sujeitos envolvidos. Podemos sempre dizer que as metodologias
adotadas pelas professoras no ato de contar as histórias destacam a importância dessa
prática no cotidiano escolar e que contribui positivamente para o desenvolvimento da
criança. O momento de contar histórias pressupõe um bom planejamento, um desejo e deve
ser executado com prazer. Se não for assim, entendemos que será muito difícil o aluno levar
a prática de leitura em sua formação como sujeito, pois a partir do momento em que o aluno
começa a relacionar o momento de contar historia em um momento monótono, em que ele
não pode se expressar, se comunicar com o outro, ele irá ver a leitura como apenas uma
obrigação ou até mesmo como um castigo.
Contar histórias é poder conhecer melhor a criança, criar um vínculo com ela, porém, para
que isso aconteça, é necessário conquistar a confiança da criança, ela não deve ter medo de
se expressar, de dar opiniões na história, de explicar o que entendeu a criança ouvinte deve
ter confiança na professora, saber que se ela não conseguir se expressar a professora irá
ajudar com que isso aconteça.
Crianças que ouvem histórias são capazes de interpretá-las, reconhecer mensagens, criar
consciência e tornar-se um cidadão crítico. O momento de contar histórias é um momento
que poderá auxiliar o desenvolvimento da criança. Abramovich (1997, p. 23), diz neste
sentido, “Ouvir histórias pode estimular o” desenhar, a musicalização, o sair, o ficar, o pensar,
o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, escrever, ouvir, sendo assim, percebemos a
importância deste momento na educação infantil, momento o qual, deve ser muito bem
planejado e desejado por todos os envolvidos. O ato de contar histórias é uma arte e envolve
todos em um papel fundamental para o sucesso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste artigo, pudemos observar tudo o que a
contação de histórias pode favorecer na vida de uma criança.
Não existe alguém melhor para falar sobre a literatura
infantil do que a própria criança, pois é ela quem ouve as
histórias e quem poderá interpretá-la, relacioná-la a vida real
e classificá-la como boa ou ruim, dentre outros aspectos.
Grandes autores relatam em seus estudos, que quando uma
história for bem interpretada, provavelmente as crianças
irão lembrar-se dela em sua fase adulta e irão recontá-las a
outras crianças.
Podemos perceber o interesse das crianças sob as histórias, PATRÍCIA FREITAS
especialmente ao ver a capa colorida, com personagens, OLIVEIRA
ilustrações que fazem com que as crianças demonstrem Graduação em Pedagogia pela Faculdade
grande ansiedade para que o livro se abra e o professor, São Camilo (2006); Especialista em Gestão
por meio de sua narrativa, logo desvende tudo o que existe Educacional pela Faculdade Campos
guardado em suas páginas. Elíseos (2017); Professora de Educação
Infantil na Rede Municipal de São Paulo
O momento de contar histórias deve ser planejado, (2010) atualmente no CEI Vereador
desejado e executado com prazer, para que a criança leve Renato Antonio Checchia na Dre Pirituba
essa prática de leitura para toda a sua formação como – Jaraguá.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
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onde se destacava o perfil institucional Assim, afirma Coelho (1991) autores que
pedagógico. escreveram livros para crianças no período
de transição entre os séculos XIX e XX
Ainda conforme Amarilha (1997) que introduziram e patrocinaram a literatura,
destaca que no Brasil a Literatura Infantil mas somente com o sucesso de Monteiro
demorou de se manifestar. E em torno de Lobato e Tales de Andrade, contudo editoras
1900 que podemos traçar os primeiros começaram contemplar o Gênero. Porém
textos dessa natureza, contudo aqui no Brasil não garantia a autonomia das publicações
a Literatura Infantil também ela apresenta voltadas para escolarização e mantendo sob
com características encontradas na Europa. “controle” à criatividade e a fantasia que eram
disciplinadas com isso o estado controlava a
Portanto partimos do pressuposto de publicação de livros destinados à infância.
diversas pesquisas e estudos sobre a
implantação da Literatura no Brasil não surgiu Coube a Monteiro Lobato (1882-1948) a tarefa
espontaneamente e nem se originou do povo. de instaurar o “divisor de águas” que separa
Sem desconsiderar a existência de alguns o Brasil de ontem e o Brasil de hoje. Fazendo
registros datados do século XIX, a produção a herança vigorar sobre o seu tempo, Lobato
alcança o caminho criado que a Literatura Infantil
e publicação de fato foram entre os séculos
estava necessitando. Rompe, estereótipos e abre
XIX e XX, que introduziram e patrocinaram
as portas para novas ideias e formas que o nosso
a Literatura, com o surgimento de livros de
século exigia (Coelho, 1991, p.223).
literatura e livros de educação religiosa para
crianças e jovens com a intenção de incentivar
a valorização nacionalista, destinados para a A autora ainda destaca a popularização
instituição escolar, com intuito de disciplinar da Leitura Infantil, porém o que mais se
os alunos. destacou foi o escritor Monteiro Lobato,
foi o escritor que marcou a Literatura no
Enfim Monteiro Lobato é um marco na passado e ainda hoje na contemporaneidade
Literatura Infantil Coelho (1985), sendo que que iniciou sua carreira infanto-juvenil com o
em 1937, consolidaram as bases democráticas livro “A menina narizinho arrebitado” pelo o
da Educação Nacional, atingindo vários que desencadeou muitos outros títulos que
setores com as ideias reformistas, ou seja, o misturavam a ludicidade, o encantamento
da cultura concomitantemente a Literatura dentro do universo do faz de conta.
alcança um grande patamar, galgando a
atenção das autoridades, resultando assim, Sendo que, através desse percurso
na criação da Biblioteca Infantil Monteiro podemos compreender a importância
Lobato, em 1936 em São Paulo. histórica cultural e social da Literatura
Infantil para pleno desenvolvimento.
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entre outros benefícios que só as histórias de livros para escolha das crianças. Ainda
podem proporcionar na pequena infância. assim, existem algumas escolas que não
priorizam a leitura, como algo essencial da
Assim, enfatiza o RCNEI (1998). É de infância, não investem ao menos em uma
grande importância o acesso por meio da biblioteca para fácil acessibilidade e incentivo
litura pelo professor a diversos tipos de para o aluno. Contudo, priorizam apenas
natureza escritas, uma vez que isso possibilita as necessidades físicas, ignorando assim
as crianças o contato com práticas culturais a fundamental necessidade de fortalecer
mediadas pela escrita. Comunicar práticas de também o espírito, a emoção e a inteligência.
leitura permite colocar as crianças no papel de
“leitoras” que podem relacionar a linguagem Promovendo futuramente um adulto
com os textos, os gêneros, os portadores capaz, que fará sua leitura de mundo,
sobre os quais eles se apresentam: livros, capacitado para se expressar através da
bilhetes, revistas, cartas, jornais etc. leitura e escrita, ou seja, preparado para vida.
Além disso, a autora Abramovich (1993) Nesse sentido, Kramer (2003) destaca
afirma que, é de suma importância para a a importância de a criança poder vivenciar
formação de qualquer criança ouvir muitas outros contextos.
e muitas histórias. “Escutá-las é o início do
aprendizado”. [...] as crianças de classes populares
fracassam porque apresentam “desvantagens
Assim, através do universo literário infantil socioculturais”, ou seja, carência de ordem social.
comprometido com as especificidades da Tais desvantagens são perturbações, ora de
origem intelectual ou linguística, ora de origem
criança a mesma, adentra um universo
afetiva (KRAMER, 2003, p.32).
encantado mágico, no qual a criança poderá
vivenciar a ludicidade e o faz de conta, com
muito mais apropriação do qual a criança Com essa perspectiva Amarilha (1993)
que se já encontra alfabetizada. enfatiza que, a literatura cria a possibilidade
de vivenciar o simbólico dualmente em
Destaca Elias José (2009) que muitos diferenciados níveis, sendo, o nível da
responsáveis nem sempre oferecem o livro palavra, quando requer a atenção sobre a
infantil para criança, sendo a função do livro própria criança, concernindo a literatura
de despertar o imaginário da criança através um produto de linguagem. A autora afirma
do maravilhamento e encantamento. que, na literatura, a palavra é o elemento
de maior destaque, pois, ela cria o universo
Por outro lado, o autor afirma que, as escolas imaginado, tornando-se necessário para
compromissadas com a boa formação da devida compreensão de uma história,
infância, oferecendo variadas possibilidades entendendo-se as palavras que são códigos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que, o acesso à Literatura Infantil por meio
da mediação do professor ao amplo universo literário,
comprometido com as especificidades da infância, propicia à
criança não só as vivências de diferentes infâncias culturais
e históricas, como há também outras realidades, e vivências
através do maravilhamento e encantamento. Adentrando
assim, a um universo mágico, que tanto a infância
contemporânea necessita na atualidade, para que através
dessa prática poderá resolver por si própria os entraves
cotidianos, reconheçam diversos gêneros literários como PATRICIA MEG
também ampliando não só o vocabulário como o repertório AYRES SOUSA
de história, criando oportunidade de a criança vivenciar o
Graduação em Pedagogia pela
simbólico. Universidade Paulista UNIP (2006);
Especialista em Pós Docência Universitária
Dado o exposto, poderá assim, a criança na educação pela Universidade Paulista UNIP (2012);
Infantil transitar tanto pelo letramento, quanto pela literatura Professora de Educação Infantil no CEI
de mundo tão apropriada na educação infantil. Ver. Laercio Corte.
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REFERÊNCIAS
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A NEUROPSICOPEDAGOGIA
E A EDUCAÇÃO
RESUMO: O presente trabalho quer ser um instrumento a mais sobre a temática da
Neuropsicopedagogia enquanto ciência que estabelece seu rol de estudos de como os
aspectos da neurociência podem ajudar nos processos de ensino aprendizagem. Por isso,
discorreremos sobre os conceitos básicos da Neuropsicopedagogia, seu campo de atuação,
de quanto o emocional e o social são importantes para o cognitivo e a aprendizagem e
quão importante é compreender como funciona a memória e compreender seus níveis é
imprescindível para a prática pedagógica. Ainda trataremos dos questionamentos de como
as dificuldades psicomotoras e o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade podem
ser um fator dificultador para as relações de aprendizagens e os desafios que essas situações
colocam diante do universo escolar.
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para ir bem numa prova sem uma orientação técnicas para memorização poderão melhorar
adequada não é um bom método de estudo, o rendimento escolar dos alunos e identificar
pois em geral são ruins ao longo prazo. possíveis distúrbios de aprendizagem
associados ou não a memória.
Uma estratégia boa e viável é quando o
professor ensina seus alunos a realizar táticas
de memorização com recursos e técnicas DIFICULDADES
adequadas que organizem as informações PSICOMOTORAS E
por meio de códigos, imagens e até mesmo
rimas que se constituirão em situações SUA RELAÇÃO COM
eficazes de aprendizagem efetiva para além DIFICULDADES DE
de provas e testes. APRENDIZAGEM
Uma possibilidade é Estudar as relações que emanam das
dificuldades psicomotoras e as dificuldades
Nossa memória funciona melhor quando as de aprendizagem tem sido cada vez mais
informações são relacionadas de maneira urgente haja vista que, segundo LURIA apud
fazer sentido para nós, principalmente quando FONSECA (p. 103):
podemos relacionar com alguma informação que
já possuímos. Memorizar figuras aleatórias não A qualidade do perfil psicomotor da criança, por
faz sentido para o nosso cérebro, já encaixá- que reflete o grau de organização neurológica das
las em um contexto como o sistema límbico, três principais unidades, está indubitavelmente
responsável por nossas emoções e, como já associada ao seu potencial de aprendizagem,
dissemos anteriormente, o que esta área tende quer em termos de integridade, quer
a ser mais consolidado. (Sampaio, 2016, p. 61) fundamentalmente em termos de dificuldade.
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tais sintomas é o autocontrole. Posto isso, E quais são esses domínios cognitivos
quanto mais precoce se dá o diagnóstico mais prejudicados? Dentre eles, aqueles de
mais cedo as intervenções poderão diminuir controle executivo, isto é, os que abarcam as
os prejuízos acumulados ao longo do tempo funções executoras revelados em situações
e é, exatamente, aí que a neuropsicologia por que requerem memória operacional,
ser um campo multidisciplinar que estuda os controle inibitório, flexibilidade cognitiva,
processos e as funções mentais do cérebro planejamento e resolução de problemas.
pode ser uma importante aliada na busca de
ferramentas clínicas que auxiliem e interfiram Outros aspectos também podem
nos processos cognitivos e comportamentais ocasionar implicações negativas ao cotidiano
para o entendimento do potencial de aos indivíduos com TDAH, são eles: aversão
adaptação funcional do examinando. a atraso ou espera e recompensas que
não tenham seu efeito imediato. Não é
É importante deixar claro, que os exames raro o TDAH apresentar comorbidades
neuropsicológicos por si só não são suficientes com Transtorno de Oposição Desafiante,
para determinar o diagnóstico de TDAH, pois Transtorno de Conduta, Transtornos de
embora os testes levem em consideração a Ansiedade, Transtornos Depressivos, bem
investigação da quantidade, intensidade e como, outras patologias psiquiátricas. Além
frequência de sintomas comportamentais, disso, especificamente no campo cognitivo
idade e início dos sintomas, ainda é necessário ainda podem apresentar Dislexia, Discalculia
excluir outros problemas de saúde e levar e Déficits Fonológicos.
em conta todos os fatores cotidianos da vida
social do indivíduo. Sem subjugar outros prejuízos, fica
portanto evidente, que entre os campos mais
Conforme afirmam COSTA, PAIVA, afetados da vida do indivíduo com TDAH está
PAULA, MIRANDA e MALLOY-DINIZ (2017, o desenvolvimento nas atividades escolares
p. 70) e que embora um exame não seja suficiente
para determinar clinicamente o TDAH, as
Nem todos os indivíduos apresentarão contribuições da Neuropsicologia realiza
dificuldades, nem todas as dificuldades serão uma função primordial na identificação
permanentes ou generalizáveis e, com alta dos sintomas do TDAH, na investigação de
probabilidade, cada paciente apresentará um comorbidades e na definição de terapias
conjunto específico de prejuízos e não todos
diversas com vistas ao acompanhamento
eles.
e auxílio nos profissionais que podem
determinar uma intervenção farmacológica
ou não farmacológica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Neuropsicopedagogia como conjunto dos
saberes constituídos historicamente da Neurologia, da
Psicopedagogia, da Fonoaudiologia e a Terapia Ocupacional,
e consequentemente o profissional de neuropsicopedagogia,
pode ser um importante aliado da promoção e da melhoria
da Educação uma vez que em seus saberes traz uma gama
de ciências que procuram compreender o vasto mundo
do comportamento humano a partir do funcionamento do
sistema nervoso e do cérebro.
RAFAEL ANDRADE
No mesmo viés, com a chegada de crianças com diversos DOS SANTOS
tipos de deficiências nas unidades escolares, desde
Graduação em Letras – Língua Portuguesa
dificuldades psicomotoras, TDAH, entre muitas outras não e Língua Inglesa pela Universidade
citadas nesse trabalho, a Neuropsicopedagogia auxilia a Paulista (2006); Graduação em Pedagogia
compreensão de quais características podem acometer – Universidade Uninove (2009). Professor
crianças com essas patologias fazendo o profissional de de Ensino Fundamental II e Médio – Língua
educação refletir de como pode promover metodologias Portuguesa - na EMEF M’ Boi Mirim I,
e práticas que ensejem na promoção integral de todos os atuando na Coordenação Pedagógica.
educandos sem distinção. Professor de Ensino Fundamental II
e Médio – Língua Inglesa – na EMEF
Procópio Ferreira.
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REFERÊNCIAS
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
NA ESCOLA
RESUMO: O objetivo geral deste artigo é aferir sobre a compreensão e possíveis maneiras que
o professorado de Artes pode utilizar as Histórias em Quadrinhos (HQs) em sala de aula. Por
meio dos conceitos da linguagem mista das Histórias em Quadrinhos e explanações artísticas.
Para tanto, em conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os estudos
propõem analisar os sistematicamente questões da leitura, interpretação e produção de Arte.
E a Abordagem Triangular será a teoria base para esta aferição e com os fundamentos de
diversos educadores bem como: Ana Mae Barbosa, Rama e Vergueiro, Paulo Freire e Paulo
Ramos. Seguiremos a metodologia de uma análise empírica a fim de explanar as inferências
que compõem o sentido educacional e artístico na linguagem das HQs. Refletimos aqui
as potencialidades do uso dos quadrinhos nas aulas de Arte como um recurso pedagógico
apropriado e metodologicamente sistematizado. A partir de uma construção teórica e
analítica, constatamos que entre essas potencialidades passíveis de desenvolvimento estão o
pensamento crítico, a leitura de mundo, a contextualização e a imaginação.
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HQs, bem como: desenhos, cores, balões, externar e ressignificar a criatividade por
onomatopeias e arte sequencial a fim de meio da Arte.
incentivar o gosto pela leitura ao decorrer do
processo de alfabetização de maneira lúdica “Nível Fundamental [...]: nos primeiros anos, não
e significativa: se pode identificar qualquer salto na capacidade
expressiva dos alunos, que evoluem de forma
“Pré – Escolar: Os alunos se encontram nas sistemática e gradual para maior reconhecimento
primeiras iniciativas de representação (etapa e apropriação da realidade que os circunda.
pré-esquemática), atendendo a necessidades Aos poucos, a criança vai deixando de ver a si
motoras e emocionais. Em seu trabalho com a mesma como o centro do mundo e passa a
linguagem, os resultados obtidos são menos incorporar os demais a seu meio ambiente, ou
importantes que o processo. A relação desses seja, evoluindo em termos de socialização. Da
estudantes com os Quadrinhos é basicamente mesma forma, começa aos poucos a identificar
lúdica, sem que interfira uma consciência crítica características específicas de grupos e pessoas,
sobre as imagens que aparecem nas Histórias podendo ser apresentada a diferentes títulos ou
em Quadrinhos, tanto nas que recebem do revistas em Quadrinhos, bem como ser instada
professor como naqueles que eles próprios a realizar trabalhos progressivamente mais
produzem. Nessa fase, é muito importante elaborados, que incorporem os elementos da
cultivar o contato com a linguagem das HQs, linguagem dos Quadrinhos de uma forma mais
incentivando a produção de narrativas breves intensa. ” (RAMA; VERGUEIRO, 2014, p. 28).
em Quadrinhos, sem pressioná-los quanto a
elaboração de textos de qualidade ou a cópia de Contudo, no segundo ciclo de aprendizagem
outros modelos. ” (RAMA; VERGUEIRO, 2014, p. do ensino Fundamental, o alunado entra
27-28). em uma face de transição entre a infância
e a puberdade, nesse aspecto o docente de
Freire (2013, p. 33) versa “a curiosidade Artes deve possibilitar o uso da linguagem
como inquietação indagadora, como da HQs para contextualizar inúmeros temas
inclinação ao desenvolvimento de algo, como problemas com a finalidade de auxiliar a
pergunta verbalizada ou não, como procura compreensão do alunado em relação ao seu
de esclarecimento”, assim a decorrer das lugar na sociedade:
aulas é importante que o educador estimule
a curiosidade e criatividade dos alunos, “Nível Fundamental [...]: os alunos se integram
principalmente na educação infantil. mais à sociedade que os rodeia, sendo capazes
de distinguir os níveis local e regional, nacional
Todavia, no primeiro ciclo de aprendizagem e internacional, relacioná-los entre si e adquirir
a consciência de estar em um mundo muito mais
do ensino fundamental II é preciso asseverar
amplo do que as fronteiras entre sua casa e
o desenvolvimento intelectual e cognitivo
escola. O processo de socialização se amplia, com
dos alunos, assim o professor pode utilizar
inserção em grupos de interesse e a diferenciação
as HQs como uma maneira de produzir,
entre os sexos. Têm a capacidade de identificar
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detalhes das obras em Quadrinhos e conseguem um tipo de material que desafie sua inteligência.
fazer correlações entre eles e sua realidade Por outro lado, são também, muito pressionados
social. As produções próprias incorporam a pelo coletivo perdendo às vezes um pouco da
sensação de profundidade, a superposição sua espontaneidade ao terem que confrontar
de elementos e a linha do horizonte, fruto de suas opiniões pessoais com as do seu grupo.
sua maior familiaridade com a linguagem dos Nas produções próprias, buscam reproduzir
Quadrinhos.” (RAMA; VERGUEIRO, 2014, p. 28). personagens mais próximos da realidade, com
articulações, movimentos e detalhes de roupas
Aqui constrói-se a partir desta que acompanham o que veem ao seu redor. “
metodologia uma ferramenta de suma (RAMA; VERGUEIRO, 2014, p. 29).
importância pedagógica. Os quadrinhos
contribuem para a criação como um aspecto Construindo um diálogo interdisciplinar,
de desenvolvimento cognitivo, ampliam a o professor de artes pode estabelecer
leitura e os aspectos viso-espaciais e facilitam nesta idade uma ponte com as disciplinas
a troca de ideias e aumentam a sociabilidade de história, sociologia e filosofia para
dos alunos. É recorrente que ao trazer esta contextualizar as ideologias presentes nos
ferramenta para a sala de aula, expressam- quadrinhos.
se atitudes de compartilhamento e troca de
interesses como ressalta os autores acima Ao apresentar, por exemplo, a luta
citados. da personagem “Capitão América” e o
“Nazista”, é possível estabelecer vínculos
Entretanto, no Ensino Médio, o alunado contextualizados com fatos como a
está ressignificando seus conhecimentos Segunda Guerra Mundial. As aulas tornam-
em relação a sociedade, e com muitos se significativas e estimulantes quando
questionamentos buscam respostas em ousa-se trazer uma linguagem para além do
relação ao que está aprendendo, por este livro didático sem perder a importância do
motivo é importante que o professor de Artes conteúdo, tão urgente para esta faixa etária.
fomente as Hqs em suas sequencias didáticas
para contextualizar e assim transformar a Assim, Freire (2013) versa a respeito da
realidade dos alunos: importância de favorecer as experiências
individuais de cada aluno, a fim de promover o
“Nível Médio: Os estudantes dessa fase se pleno desenvolvimento intelectual, por meio a
caracterizam pela mudança de personalidade, relação entre alunos, professores e a sociedade.
devido à passagem da adolescência para a
idade adulta. Passam a ser mais críticos e Estimula-se de acordo com Freire (2013) o
questionadores em relação ao que recebem
pensamento crítico, a imaginação e a leitura
em aula, não se submetendo passivamente a
de mundo, que se amplia quando saímos do
qualquer material que lhes é oferecido. Tendem
mundo “fictício” e interpretamos o “mundo
também a ter uma desconfiança natural (e
real”.
saudável) em relação aos meios, demandando
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“É isso que nos leva, de um lado, à crítica e à recusa ao ensino “bancário”, de outro, a compreender, apesar
dele, o educando a ele submetido não está fadado a fenecer; em que pese o ensino “bancário”, que deforma
a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado pode, não por causa do
conteúdo cujo “conhecimento” lhe foi transferido, mas por causa do processo mesmo de aprender, dar, como
se diz na linguagem popular, a volta por cima esperar o autoritarismo e o erro epistemológico do “bancário”.”
(FREIRE, 2013, p. 27)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou elucidar estratégias a partir de
referenciais teóricos da utilização das Hqs como ferramenta
pedagógica, a ser utilizado em sala de aula com uma proposta
metodológica estruturada.
Verificou-se que é possível, através desta ferramenta
estimular a imaginação e o pensamento crítico do aluno
desde o ciclo de alfabetização (ensino fundamental I) até
o ensino médio, dada as especificidades de cada ciclo é
possível estimular as potencialidades de cada aluno através RAFAEL DA SILVA PEREIRA
de uma arte que muitas vezes se viu marginalizada no campo
educacional.
Graduação em Letras pela Faculdade
UNISANTANA (2014) e Artes Visuais pela
Partindo de um princípio freiriano, que prioriza a Faculdade FAMOSP (2016); Especialista
significação e a contextualização como eixos norteadores em Especialista em Docência no ensino
da ação pedagógica, propõe-se a partir do uso das Hqs uma superior pela Faculdade FMU. (2015);
construção metodológica, não só no campo do ensino das Professor de Ensino Fundamental II e
artes, mas em um contexto de interdisciplinaridade trazer Médio - Artes - na EMEF Prof. André
para a sala de aula um recurso que é estimulante e concreto Rodrigues de Alckmin.
para o alunado.
Revisada as possibilidades teóricas e concretas do uso das
Hqs em sala de aula, elencamos que, de acordo com cada ciclo
se faz necessário as adaptações que requerem do professor,
com maior enfoque, o de artes, uma habilidade para reconhecer as reais necessidades de seu
público, que pode se dar por uma estimulação da criação de outras imagens, da ampliação
da linguagem, da escrita e leitura ou da ressignificação de sentidos históricos atribuídos ao
campo da ficção.
Em uma sociedade complexa, como a nossa, dita uma “sociedade das imagens” não se
pode negar a potencialidade deste recurso em sala de aula. Aponta-se como um possível
futuro diálogo para a linguagem “mimética” estabelecida no campo das redes sociais (não
discutido neste artigo), que incide no mesmo campos ideológico, discursivo que durante
muitos anos apresentou-se restrito ao mundo dos quadrinhos.
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Buscou-se construir então uma forma de exprimir uma ação pedagógica que se baseia
na criatividade e releitura de mundo, enxergando potencialidades em uma arte renegada
historicamente no ambiente escolar. Mais que um manual de orientações práticas o
que propomos neste artigo é estimular e inquietar a ação docente para explorar outros
instrumentos que superam as visões limitadoras do livro didático que aprisionam o sistema
escolar e empobrecem outras leituras e estímulos criativos no ambiente escolar.
Portanto, cabe ao professor de artes e também aos especialistas das demais áreas construir
um diálogo interativo com metodologias alternativas, e que a partir de uma elaboração
sistemática possam trazer para a sala de aula os quadrinhos como um recurso metodológico
e pedagógico transformador no ambiente escolar.
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DA CULTURA
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NO BRASILa
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ser considerada lúdica quando o sujeito.[ ]... engessada e formal. Dessa forma, há de se
se encontra inteiro...[ ], quando sentimentos, considerar diversas características inseridas
pensamentos e ações estão agindo de forma pelos autores citados, mas não propriamente
integrada.” uma especificidade.
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educação torna-se complexa e, quando essa Com isso, temos o “furto do lúdico”
mesma educação torna-se resistente às (ALVES e MARCELLINO, 2006), resultado
atividades lúdicas (GARÔFANO; CAVEDA; do despendimento da maior parte do
VALENZUELA, 2005). tempo do indivíduo ao trabalho, reduzindo
a manifestação do lúdico, pois o mesmo
Tal fato pode ser comparado ao que ocorria está historicamente associado à infância,
com as crianças dos séculos XIV ao XVII. De sendo visto de forma preconceituosa e inútil
acordo com Ariès (1981), nesse período, as pelos adultos. Além disso, está diretamente
crianças apresentavam funções especiais relacionado por alguns autores ao brinquedo,
nas festas e nas reuniões familiares. Porém, o que torna a distância entre o lúdico
após os sete anos de idade, eram forçadas e o adulto ainda maior (DUMAZEDIER,
a abandonarem os trajes infantis e iniciarem 1976). Os mesmos autores enfatizam que,
atividades de educação, baseada em uma quando há o tempo livre, o tempo fora do
leitura moralista e pedagógica do século XVI. trabalho, novamente o lúdico perde espaço,
Seguindo esse percurso, Lorenzine (2002, p. pois existem outras prioridades a serem
29), complementa: “ [...] a criatividade, como cumpridas pelos adultos. E, essa forma
atividade infantil, é perdida na idade adulta, de enxergar o lúdico, pode caracterizar as
e é preciso recupera-la.” atitudes dos profissionais ligados à educação,
não dando uma maior importância a esse
Vivemos em uma sociedade capitalista, tipo de atividade.
cuja escola é vista como formadora de
mão de obra para o mercado de trabalho, Para Marcellino (2002), é necessário
promovedora da ascensão social, aliada que as atividades lúdicas atendam todas
à ideia de uma educação produtivista as pessoas, de todas as faixas etárias, mas
(FRIGOTTO, 1994). Essa realidade pode esse atendimento deve estar voltado aos
explicar o motivo de arrancar das crianças, interesses, devem estimular a participação
conforme crescem, a ludicidade, tornando e devem receber orientações adequadas
as aulas e a escola um espaço voltado às que permitam a opção. Nas palavras de
demandas da contemporaneidade, tirando Pylro & Rossetti (2005): “é necessário estar
das pessoas as formas mais simples e puras disponível, sendo essa disposição marcada
de exploração e integração ao mundo. Dessa por um estado físico e psíquico que se
forma, parece não mais necessário manter manifestará na dinâmica do comportamento
os prazeres e a liberdade de expressão, mas lúdico”.
sim uma educação a serviço do capital ou,
segundo Mészaros (2005), uma propagação Porém, é importante salientar que
de conformidade, o que resulta na aceitação existem exceções. Um bom exemplo é o
da divisão de classes sociais. da professora de química Eliana Moraes
de Santana. Docente há 12 anos, notou
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que o lúdico poderia ser um aliado no internas ao sujeito, lhe proporcionando bem
processo ensino aprendizagem da turma do estar. Conforme o indivíduo se desenvolve,
9º ano do ensino fundamental. A atividade também modificam-se as ludicidades, porém,
criada pela professora serviu de tese para isso não quer dizer que um adulto não possa
sua dissertação de mestrado. Utilizando- brincar como criança.
se do emocional, verificou que os alunos
se sentem mais motivados em atividades Outros autores nos orientam quanto a
lúdicas ligadas às emoções individuais presença do lúdico na vida adulta. Muitas
(JORNAL DO PROFESSOR, 2013), onde vezes nos deparamos, no mundo do trabalho,
podemos encontrar sintonia com o que foi em entrevistas de emprego, por exemplo,
dito anteriormente em relação a afetividade com dinâmicas de grupo. Através dessas
no processo de desenvolvimento, exposto dinâmicas, repletas de estratégias para
por Jean Piaget. A professora trabalha computar valores, atitudes, reações, espírito
constantemente com o lúdico na sala de aula, de solidariedade, companheirismo, entre
não somente com esses alunos, mas também outros, dos entrevistados, os responsáveis
com os de outras séries. pelo recrutamento do pessoal, ganham um
riquíssimo acervo sobre os interessados
De acordo com o professor Luckesi pela vaga de emprego, pois através dessas
(2005), vivenciar o lúdico é um caminho dinâmicas consegue-se observar muitos
para o inconsciente e para a construção dados que, por vezes ficam “escondidos”
de identidade, não só de crianças, mas em uma simples conversa (RIBEIRO, 2007).
de adultos também. Em experiências Isso comprova como a ludicidade auxilia
com seus alunos de pós graduação da no desenvolvimento das expressões, e que
Universidade Federal da Bahia, o professor está presente em todas as faixas etárias.
relata que trabalha com o lúdico em suas Anteriormente foi citada a colaboração do
aulas, concretizando a certeza de que as Dr. Winnicott, quanto a importância a ser
atividades lúdicas permitem um caminho dada nas manifestações adultas, muitas vezes
real para o inconsciente reprimido, como reprimidas. Dessa forma, fica evidente que o
também para a criatividade, possibilitando lúdico favorece a libertação de sentimentos
a criação de uma individualização saudável. diversos.
Segundo o professor, “para os adultos, as
atividades lúdicas são catárticas, o que quer O lúdico também está presente nos
dizer libertadora das fixações do passado e tratamentos de algumas patologias mentais.
construtoras das alegrias do presente e do Françoise Dolto (1984) no que se refere ao
futuro” (idem p.11). Luckesi (idem, 2005) tratamento de distúrbios alimentares como
também nos lembra que, o lúdico para a anorexia e bulimia, mostrou que a inclusão
criança se difere do lúdico para o adulto. de materiais lúdicos permite a expressão do
São outros tipos de atividades, mas que são paciente, já que muitas
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vezes o mesmo não consegue se comunicar escola após anos sem frequenta-la, bem
verbalmente (ou por falta de vontade, ou por como, com idades avançadas (idosos), são
medo, ou por angústia) e, através de lápis, suficientemente capazes de conquistarem
papel, tinta, consegue se expressar através novos aprendizados, como também contribuir
de outras fontes visuais, como figuras, para o aprendizado dos colegas mais novos.
palavras, etc.
Os alunos que se encaixam nessa
Em outro estudo, pode-se observar a característica educacional são os jovens
significativa contribuição do uso de cores e adultos frequentadores da Educação de
para um melhor diagnóstico do Transtorno Jovens e Adultos, população alvo de estudo
Obsessivo Compulsivo, pois o aumento de do presente trabalho, onde foi vivenciada
determinadas cores, em testes específicos a experiência em sala de aula, ocasionando
realizados em pacientes, implicam nos em uma reflexão sobre a forma como são
principais sintomas dessa patologia realizadas as aulas.
(AMARAL; SILVA e PRIME, 2002).
A Educação de Jovens e Adultos (EJA),
Dessa forma, fica claro que o lúdico de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
não deve ser visto apenas como atividade da Educação Nacional, Lei/9394/96, é
infantil, sendo a fase adulta (assim como destinada às pessoas que, por quaisquer
crianças maiores e adolescentes) também motivos não puderam concluir os estudos,
merecedora de suas contribuições. Apesar ou não tiveram acesso à ele na idade regular
de encontrarmos em trabalhos e pesquisas (BRASIL, 1996). Assim, o Parecer 11/2000
dados que comprovam tal importância, é (BRASIL, 2000), registrou três funções para
necessária uma mudança no modo de se o ensino de EJA:
ver e trabalhar com o lúdico na educação,
na prática, a fim de atender à todos, não - Função Reparadora: é uma oportunidade
diminuindo a ludicidade conforme as crianças para a inclusão de jovens e adultos no
crescem. processo de escolarização, de modo a
respeitar as especificidades socioculturais
dos educandos e é uma reparação a um
EDUCAÇÃO DE JOVENS E direito negado historicamente aos indivíduos
ADULTOS (EJA) para a conclusão de sua formação escolar;
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de oprimido. Nesse sentido, Freire (1987) concretiza em mais desânimo por parte
demonstra a pedagogia da esperança, não dos alunos. Como já dito anteriormente,
como acomodação das situações, mas sim conforme se passam os anos de escolarização,
pautada na ideia de luta constante para a o lúdico diminui drasticamente, chegando a
conquista das transformações, contrariando não existir já no ensino fundamental I. Assim,
ideologias dominantes e permitindo a é fácil observar a carência de atividades
reflexão crítica. lúdicas na EJA, já que essas estão muito
associadas à criança pequena, como também
Portanto, a educação não pode estar os estudos estão praticamente voltados ao
vinculada à memorização de conteúdos que, desenvolvimento infantil.
por muitas vezes, não fazem sentido algum
ao aluno, ou seja, uma “educação bancária” Portanto, já que o lúdico proporciona
(FREIRE, 1987, p.33), onde informações são melhores condições de desenvolvimento e
depositadas nas mentes dos alunos, que as capacidades diversas, pode ele contribuir na
recebem passivamente, não encontrando aprendizagem dos alunos da EJA, a fim de
ligação nenhuma com a sua realidade, mas promover aulas mais dinâmicas, contribuindo
aceitando-as. Dessa forma, a educação torna- para uma maior permanência desses alunos
se alienadora, impedindo uma visão crítica e em sala de aula. Lembrando que, o presente
curiosa dos alunos, diminuindo as chances trabalho não tem a finalidade de discutir as
de libertação, e mantendo-os diminuídos na condições de trabalho desses alunos, mas
sociedade. sim de promover estratégias que melhorem
as condições das aulas, a fim de diminuir
O conhecimento de mundo que o aluno a evasão dessa modalidade de ensino,
traz para a escola torna-se primordial para a provocada, em grande parte, justamente pelo
conquista dos objetivos na educação. Cada cansaço decorrido dos trabalhos realizados
um carrega consigo uma cultura, uma história por esses alunos.
de vida, e nenhum ser humano possui uma
melhor que a do outro. Pelo contrário, é
através das relações, que as trocas permitem ATIVIDADES LÚDICAS NA EJA
novos aprendizados. Portanto é necessário,
além de conhecer os alunos, respeitar a sua O planejamento de uma aula é
visão de mundo, e trabalhar em cima desses imprescindível para um bom resultado, não
conhecimentos, valores, modos de pensar, só para o aluno, mas para que o próprio
pois isso trará significados ao estudante. professor consiga se organizar e se auto
avaliar. Assim, é importante que o professor
A dinâmica presenciada na sala de aula, estabeleça os objetivos que se quer alcançar
da escola observada, apresenta métodos quando pensa em uma atividade, ou seja,
tradicionais, ou seja, sem dinamismo, o que o que ele quer que seus alunos aprendam,
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qual o resultado que ele espera, será que mas o aluno, sujeito do processo ensino
há relação com a aula posterior? Portanto, aprendizagem, tem todo o direito em saber
ao planejamento cabe primeiramente o que irá aprender e o porquê daquela
estabelecer os objetivos, definir o tipo de aprendizagem. Não podemos permitir que os
avaliação que poderá mostrar se as metas alunos (seja qual for a modalidade de ensino),
foram alcançadas e, por fim, decidir o tipo aprendam conteúdos com o pensamento:
de atividade que seja compatível com os “Para que aprender isso? Será que algum
objetivos e avaliação (LEMOV, 2011). dia vou usar isso em minha vida?”. Ao
compreender a importância de se aprender
Doug Lemov (2011) faz importantes algo, o aluno torna-se mais responsável e
recomendações para que haja um maior estimulado a continuar (idem, 2011). E, tão
estímulo durante as aulas, como é o caso importante quanto as demais, nunca permitir
do “Gancho”. Convido o leitor, a refletir que o aluno não esclareça uma dúvida, ou
sobre alguma aula de que tenha sido muito mesmo, que não consiga expressar suas
gratificante após um entusiasmo criado pelo ideias e modos de resolução:
docente. Muitas vezes, só de ouvir falar em
determinada disciplina ou tema de aula, “Como professor,...[...] buscando oportunidades
os alunos já “torcem” o nariz imaginando constantes de avaliar o que seus alunos são
que será cansativo ou muito difícil. Porém, capazes de fazer enquanto você ensina...[...]
Esperar pelo fracasso acidental para descobrir
quando ao iniciar a aula, o professor faz algo
que algo deu errado significa pagar por um preço
que chame a atenção de seus alunos, seja
demasiado alto pelo conhecimento”. (idem, p.
com uma música que envolva o tema, seja
116).
uma piada, ou uma charada, por exemplo, há
grandes chances de os alunos se envolverem
de forma espontânea, o que fará grande Diante do exposto e, com a certeza de que
diferença na atenção desprendida por eles. o lúdico é algo importante não somente na
Para Lemov: faixa etária infantil, como também na vida
adulta, seja na escola ou na vida pessoal,
“O gancho – um curto momento introdutório, cabe-nos uma reflexão: “Por que, ao invés de
que captura tudo que há de interessante e expor na lousa uma operação aritmética 15
envolvente na matéria e coloca isso bem diante + 9, não podemos trabalhar essa atividade na
da classe – é uma maneira de inspirar e engajar forma de um bingo? ou; “Será que não seria
os alunos” (LEMOV, p 93, 2011)
mais interessante realizar um jogo de cartas
para uma atividade de Língua Portuguesa,
Informar aos alunos tudo o que será ao invés de simplesmente pedir para que
proposto, como também as metas de cada os alunos separem as sílabas no caderno?”.
unidade, atividade, trabalho, projeto, etc.: É importante salientar que, as atividades
não basta o professor saber os objetivos, lúdicas não precisam e nem devem ser a
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ou valores iguais - trinca (ex: 3, 3 e 3), porém com naipes diferentes (MEGAJOGOS s/d).
Possibilidades dos Jogos de Cartas (MACEDO, 2013): raciocínio; antecipação de jogadas;
previsão das consequências da ação.
De acordo com Proença (2007), os objetos presentes no cotidiano das pessoas, estão
carregados por significados específicos e evidentes, como o garfo, o lápis, etc. Tal fato já
ocorre desde tempos remotos, com os povos antigos e primitivos. A autora também enfatiza
que, além de os objetos serem criados para suprir necessidades e desejos, há também os
que são criados como forma de expressão de sentimentos, aspirações, valores e desejos, o
que se tornam “obras de arte”, demonstrando a cultura e a diversidade de povos distintos.
Assim sendo, podemos embarcar nessa dimensão artística, evidenciando a profissão dos
estudantes da EJA, conseguindo com isso a valorização do trabalho pois, em sua grande
maioria, ocorre o preconceito e a discriminação dos tipos de profissões exercidas por essa
população. Além disso, é possível valorizar os saberes dos estudantes em momentos de
lazer, trabalhando com a arte e outras disciplinas.
Podemos perceber a grande variedade de temas e atividades que podem ser trabalhados
em sala de aula, a partir do lúdico e das características dos alunos. Espera-se com isso que,
em alguns momentos, essas atividades lúdicas possam criar um maior ânimo e empenho
nos alunos, fazendo com que permaneçam mais tempo na escola, como também se sintam
valorizados por suas histórias de vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho permitiu evidenciar a importância
do lúdico na educação de crianças da Educação Infantil,
como também para alunos de outras modalidades de ensino,
inclusive a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A atual pesquisa finaliza-se com a certeza de que há sempre motivos para querer uma
transformação, como também sempre haverá meios de conquistar novos horizontes. Um
dos fatores chaves para o sucesso, em qualquer meio, é primeiramente, a vontade em querer
mudar e melhorar.
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O professor deve pedir aos alunos que memorizem o que cada um de seus colegas está
vestindo, tipo de roupa, cor, tecido, tamanho. Pedir aos alunos que fechem os olhos e retire
um aluno da sala, os alunos individualmente terão de adivinhar quem não está presente
na sala descrevendo o que a pessoa está usando. O vencedor será o aluno que conseguir
descrever o colega corretamente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho vem tentar elucidar as aulas de inglês
com jogos e brincadeiras, uma estratégia de aprendizagem
necessária no ciclo I das escolas da cidade de São Paulo.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
O DESENHO INFANTIL E A
IMPORTÂNCIA DA ARTE
PARA CRIANÇA
RESUMO: O tema da pesquisa “O desenho infantil e a importância da Arte para criança”
justiça-se, pois, trabalhar com o desenho na educação infantil exige muito conhecimento
a respeito do desenvolvimento da criança. As crianças manifestam seus sentimentos,
suas emoções quase sempre por meio dos desenhos. São por meio dos desenhos que elas
conseguem soltar sua imaginação e representar o que está a sua volta. Portanto, ter um olhar
diferenciado sobre as produções artísticas das crianças da Educação Infantil, percebendo-a
como uma manifestação de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo pode ser um diferencial
deste segmento educacional. O presente trabalho tem por objetivo contribuir para educadores
da Educação Infantil a repensar sobre as concepções e metodologias a respeito da Arte por
meio dos desenhos, sobre sua prática, as possibilidades de novas linguagens e técnicas e os
reais objetivos desse ensino, bem como compreender o exercício do desenho das crianças e
suas evoluções, valorizando a possibilidade da expressão e da criação.
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O desenho também é uma manifestação da Para Holm (2007, p.23) “cada desenho
inteligência. A criança vive a inventar explicações, é único. Não consigo ver as similaridades,
hipóteses e teorias para compreender a realidade. somente as diferenças. O desenho, com
O mundo para a criança é continuamente certeza, é comunicação.
reinventado. Ela reconstrói suas hipóteses e
desenvolve capacidade intelectiva e projetiva,
De acordo com Rosa Iavelberg (1995),
principalmente quando existem possibilidades
o desenvolvimento da capacidade de
e condições físicas, emocionais e intelectuais
desenhar ocorre num processo conforme
para elaborar essas “teorias” sob forma de
atividades expressivas. Enquanto houver criança
as relações e interações sociais, os contatos
desenhando, representando, construindo, com as produções artísticas, imagens e as
inventando, processando o consumo deste mundo oportunidades de as crianças desenharem,
ficcional que lhes é apresentado como realidade, experimentarem cores, traçados, suportes e
está poderá ser fruída de maneira inteligente, movimentos
sensível e indagadora (DERDYK, 2003, p.54).
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FORMAS PONTO
Por meio dos desenhos que as crianças De acordo com Mazzamati (2012, p.132)
iniciam seu interesse e imaginação, “o ponto no desenho tem muito mais um
desenvolvendo assim a criatividade no sentido de começo, de desenrolar de um
fazer artístico, pois vão adquirindo novas acontecimento, do que de fim”.
habilidades e formas de perceber o mundo.
Segundo Lilian Parachen (2011) “O ponto
Para Mazzamati (2012, p.130) “A forma é o elemento básico da geometria, através
é móvel enquanto ainda está na mente do do qual se originam todas as outras formas
desenhista, e, depois que vai para o papel, geométricas”, para ela o “ponto é o lugar
ou outro suporte, instala-se e ganha corpo e onde duas linhas se cruzam, e o ponto é um
lugar definido. sinal sem dimensões, deixado na superfície”.
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Desde os primeiros traços da criança desenvolve- O desenho é uma das primeiras formas de
se um processo que culmina numa espiral, na expressão. Toda criança, antes de escrever,
qual se segue o desenho com intenção e pouco já desenha naturalmente, e sem saber já
depois a escrita. A criança se utiliza do desenho desenvolve habilidades artísticas, gráficas,
como forma de expressão, contando através
conceituais. Desenhar se torna um prazer
dele uma história. Ao desenhar sua casa e sua
quando a criança descobre que existe uma
família a criança expressa representações que
ligação entre os olhos e a mão, o que acontece
construiu no cotidiano de suas relações. Ao se
por volta de 1 ano e meio de idade. A primeira
expressar (através do desenho), ele organiza
seu pensamento, ao mesmo tempo em que se
forma que surge da exploração geralmente é
conscientiza de suas emoções. (PEREZ, 2001, o círculo, que serve de inspiração na tentativa
p.80). de criar novas formas. É experimentando
que a criança desenvolve seus movimentos
e habilidades.
Edith Derdyk (2003), enfatiza a importância
da linguagem verbal para que a criança possa Em experimentos realizados para estudar o ato
nomear seus desenhos e interpretá-los. de desenhar, observamos que frequentemente
as crianças usam a dramatização, demonstrando
A aquisição verbal redimensiona a relação que por gestos o que elas deveriam mostrar nos
a criança mantém com o desenho e com o desenhos; os traços constituem somente um
ato de desenhar. Nomear desencadeia ações. suplemento a essa representação gestual. Uma
A ação gráfica no papel sugere figuras. A criança que tem que desenhar o ato de correr
palavra representa o objeto, a pessoa, o fato. começa por demonstrar o movimento com os
Desenhar e falar são duas linguagens que dedos, encarando os traços e pontos resultantes
interagem, são duas naturezas representativas no papel como uma representação do correr
que se comportam, exigindo novas operações (VYGOTSKY in FERRAZ & FUSARI, 1989, p.65).
de correspondência. A linguagem verbal e a
linguagem gráfica participam de uma natureza
Ao longo das vivências, a produção da
mental, cada uma com sua especificidade e sua criança se transforma em linguagem e ela
maneira particular de participar de uma imagem, começa a contar o que fez. O que não quer
uma ideia, um conceito. (DERDYK, 2003, p.97) dizer que ela o fará sempre, mas a partir
desse momento a experiência e a produção
Com a observação atenta aos desenhos se transformam num meio de comunicação
das crianças, constata-se que a fala está
presente como parte do ato de desenhar. Desenhar é importantíssimo, Mazzamati
Primeiro as crianças produzem os traços, que (2012), conceitua como interessante o ato
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Entende-se por desenho o traço que a criança faz no papel ou em qualquer Superfície”, e também a maneira
como a criança concebe seu espaço de jogo com materiais de que dispõe, ou seja, a maneira como organiza
as pedras e folhas ao redor do castelo de areia, ou como organiza as panelinhas, os pratos, as colheres na
brincadeira de casinha, tornando-se uma possibilidade de conhecer a criança por meio de uma outra linguagem:
o desenho de seu espaço lúdico. (MOREIRA, 1993, p.16).
No caso do desenho, e da criança, o que esse representa é aquilo que a criança materializa
como imagens mentais a partir daquilo que ela conhece e tem registrado na memória, com
o acréscimo ainda da imaginação. Assim, quando uma criança desenha, ela não o faz pela
observação de algo, mas sim daquilo que tem na memória ou do que gera a sua imaginação.
Além das situações propostas em sala de aula, na rotina escolar, a importância dada as
atividades que envolvem desenho em casa também influencia o desenvolvimento infantil.
A família que possibilita a criança acesso aos mais diferentes materiais, pode garantir
experiências significativas, pois ampliam e enriquecem o repertório visual e manipulativo da
criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar com o desenho exige muito conhecimento a respeito
do desenvolvimento da criança. As crianças manifestam seus
sentimentos, suas emoções quase sempre por meio dos desenhos.
Para que ocorra o fascínio entre o ambiente escolar e a criança, o desenho produzido pelo aluno
precisa ser valorizado para que a mesma se sinta parte integrante do ambiente, favorecendo o
desenvolvimento como cidadão de fato. Isso a faz interagir e apreciar a própria produção e a de outros,
crianças ou adultos, e para que ocorra é necessário planejamento e valorização por parte do educador
mediante projetos bem elaborados e exposições com as produções conseguidas para que haja uma
reflexão da arte.
Portanto, a formação dos educadores deve visar à conscientização de que o desenho infantil é
parte fundamental nas diversas linguagens existentes dentro da proposta pedagógica e não só mera
brincadeira de criança, para que o desenho tenha papel significativo na sociedade é preciso que haja
um movimento em favor das produções infantis dentro da escola.
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JOGOS E BRINCADEIRAS NA
ESCOLA
RESUMO: O objetivo do artigoédiscutir a questão do brincar, sobretudo na educação
infantil, e sob quais formas o lúdico interfere no processo de aprendizagem da criança. A
pesquisa irá compor a evolução histórica dos jogos e brincadeiras, o artigo sugere o resgate
das brincadeiras tradicionais, como atividade lúdica e como instrumento metodológico de
ensino.A escolha do tema tem como ponto de partida questões levantadas sobre a necessidade
de conhecer a importância do brincar para a criança e sua influência no comportamento do
progresso da aprendizagem, enfatizando os aspectos cognitivos e emocionais através da
prática escolar. A pesquisa traz também os conceitos de brinquedo, jogo e brincadeira, a
fim de traçar conceitos culturais e sua aplicabilidade na atividade lúdica da criança. Para
concretização dessa pesquisa foi elaborado também pesquisa de campo, com o relato de
quatro práticas distintas através de entrevistas informais com professores, observações e
participação nas práticas das aulas de educação infantil. Dessa forma, espera-se oferecer
sugestões aos educadores a respeito da importância do brincar na vida a criança.
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O jogo, para Kishimoto, (2003, p.16) pode Em estudos realizados sobre aprendizagem
ser visto como “o resultado de um sistema e desenvolvimento infantil, Negrine, (1994,
linguístico que funciona dentro de um p. 20) afirma que “quando a criança chega
contexto social; um sistema de regras; e um à escola, traz consigo todo uma pré-história,
objeto”. construída a partir de suas vivencias, grande
parte delas através da atividade lúdica.
Esses três aspectos permitem a
compreensão do jogo diferenciando É no jogo e pelo jogo que a criança se torna
significados atribuídos por culturas capaz de atribuir significados diferentes
diferentes, pelas regras e objetos que o aos objetos; desenvolvem sua capacidade
caracterizam. de abstração e começa a agir diferente do
que vê, mudando sua percepção sobre os
Ainda de acordo com o autor os jogos referidos objetos.
podem ser compreendidos como jogos,
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ainda, aspectos morais, sociais e cognitivos. um dia da semana específico para jogos e
Há ainda autores que se dedicam a análise brincadeiras. A professora relatou que não
de representações sociais sobre a concepção trabalhava com nenhum tipo de jogo, nem
de jogo, dentro de uma perspectiva brincadeiras, mas havia um dia da semana
interdisciplinar. em que as crianças treinavam capoeira e
que este é um tipo de exercício em que se
Atualmente, no campo da educação trabalha todo esquema corporal da criança.
infantil, numa perspectiva evolutiva, os Em função desse relato, foi procurado o
filósofos e psicólogos tem dado atenção professor de capoeira, o qual relatou que
especial ao papel do jogo na constituição das trabalha com duas turmas da pré-escola,
representações mentais e seus efeitos no e objetivo maior dessas aulas é para as
desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos. crianças aprenderem as normas, o respeito
Para uns, o jogo representa a possibilidade aos colegas e a família, alémde trabalhar o
de eliminar o excesso de energia da criança, equilíbrio de todo o esquema corporal ao
outros firmam que o jogo prepara a criança mesmo tempo, além das aulas, o professor
para a vida futura, ou ainda, representa um trabalha alongamento.
instinto herdado do passado ou mesmo, para
o equilíbrio emocional da criança. De acordo com o professor, a capoeira
é realizada somente com exercícios para
o desenvolvimento físico e normas de
RELATOS DE PRÁTICA conduta. Na escola, ele não trabalha em
sua aula, com jogos e brincadeiras devido
Após toda pesquisa bibliográfica à falta de materiais diversificados, mas faz
sobre o tema, e tamanha a necessidade algumas brincadeiras como: morto-vivo,
de comprovação da necessidade de corda, alongamento. Todas as atividades são
aplicabilidade dos conceitos, fora realizada orientadas previamente.
pesquisa de campo, com quatro professores,
três de escola pública e um de escola Na segunda escola, também da rede
particular, afim de ouvir e observar as práticas municipal, a entrevista informal fora feita
e o trabalho com jogos e brincadeiras. Das com a professora de Educação Física, a
escolas visitadas, três foram de educação qual, relatou que cada dia é trabalhado uma
infantil e a outra de ensino fundamental I e habilidade diferente. No dia em questão,
II. ela estava trabalhando com as crianças da
seguinte maneira: a princípio a professora
A primeira visita fora feita em uma escola pedia às crianças que corressem, depois que
da rede municipal de ensino da cidade de São se juntassem em grupos de três, depois disso
Paulo. Em entrevista informal, com professora elas corriam novamente e então se juntavam
da educação infantil, foi perguntado se havia em grupos de dois, depois de quatro, cinco,
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A última escola visitada foi uma escola particular, também da cidade de São Paulo. A
entrevista feita foi com a professora de Educação Física. Segundo ela, as aulas em ambiente
externo são alternadas. Em sala de aula ela trabalha com jogos, como: dominó, jogo das
silabas, palitinhos, jogo de ficha(figura e preço), onde a criança recebe essas fichas de
dinheiro e brincam de mercadinho. Elas usam o dinheiro através de operação matemáticas,
fantasiando que estão em supermercados ou lojas, dessa forma elas aprendem noções
básicas de economia doméstica e matemática.
Fora da sala a professora trabalhou com circuito, onde primeiro as crianças batiam a
bola no chão, depois passavam pulando nos bambolês, que estavam enfileirados no chão,
e depois pulavam corda, por fim andavam de costas, passando por cones enfileirados, até
completar o circuito.Nessas atividades,concluiu-se que é fundamental a participação da
professora contribuindo na ampliação das experiências das crianças, proporcionando-lhes
base sólida para suas atividades físico-motoras, sociais e culturais. Quanto mais as crianças
sentirem e experimentarem, quanto mais aprenderem e assimilarem, quanto mais elementos
reais tiverem em suas experiências, quanto mais produtivas e criativas serão as atividades
desenvolvidas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, buscou-se levantar questões
relevantes à prática das brincadeiras lúdicas na Educação
Infantil. Considera-se que a pesquisa realizada propiciou
entendimento à pesquisadora quanto à relevância de se
empregar atividades lúdicas em sala de aula de Educação
Infantil, mas sempre com metas estabelecidas.
Por fim, resta dizer que o lúdico permite novas maneiras de a criança se desenvolver, associado
a fatores como: capacitação dos profissionais envolvidos, infraestrutura, pode-se obter uma
educação de qualidade, capaz de ir ao encontro dos interesses essências à criança, pois as
atividades lúdicas não são somatórias, mas sim fazem parte do processo de aprendizagem.
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Revista Educar FCE - Março 2019
PERSPECTIVAS LÚDICAS DE
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: As reformas educacionais que têm acontecido em nosso país nos últimos anos
visam adequar o sistema educacional às evoluções tecnológicas da globalização, e um dos
aspectos a ser repensado é o papel dos brinquedos e das brincadeiras na contemporaneidade.
A experiência do brincar ultrapassa diferentes lugares, tempos e época, e traz sempre uma
marca de mudança e continuidade. A criança por estar situada em um contexto social e
histórico, incorpora suas experiências, valores, significados ao brincar, por meio das relações
que estabelece com seus pares. Esta experiência é recriada e não simplesmente reproduzida,
pois a criança traz à tona, toda sua cultura lúdica, imaginando, criando e reinventando na
brincadeira.
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de vista, a rir com as outras crianças, a criar. A brincadeira e o jogo são situações
Brincar envolve emoção e humor, dimensões de construção de significados, indagação
importantes na relação entre as pessoas. e transformação do próprio significado.
Podem ser consideradas atividades que
É através do brincar que a criança envolvem afetividade, emoção, ruptura e
desenvolve a perícia do movimento de estabelecimento de laços e compreensão
braços, pernas e do corpo no espaço. Noções da ligação entre as pessoas. A afetividade
de cima, embaixo, esquerda, direita, um lado, envolvida na ação do brincar pode ter
outro lado, são formadas nas brincadeiras. duas variações: momentos harmônicos e
Brincando a criança desenvolve a rotação desarmônicos.
em eixo do próprio corpo e a lateralidade.
O brincar funciona como uma situação
Brincar é uma atividade da infância, para inserção e compreensão da criança
mas é muito importante entendê-la como na cultura a qual ela pertence e também
uma prática de cultura. Ou seja, uma das como estratégia para a formação de sua
estratégias que a espécie humana tem individualidade.
para que seus novos membros, as crianças,
apropriem-se das normas culturais de seu Através da cultura, as brincadeiras se
grupo e desenvolvam comportamentos formam e permanecem na história. A cultura
absolutamente necessários ao seu promove o refinamento de ações humanas
desenvolvimento posterior. significativas, as quais, ao se tornarem
“patrimônio” da espécie, garante aos novos
No passado não muito distante, a criança membros a realização de atividades vitais
brincava de modo bastante independente para a sobrevivência.
os adultos, pois ela tomava por si mesma, as
decisões em relação à brincadeira: do que Um importante fator a ser considerado
brincar? Com quem? Onde? Quando começa. como intervenção do professor na
brincadeira é o modo como é organizado o
Hoje em dia, nos centros urbanos, como o tempo e o espaço para brincar, garantir um
desenvolvimento e mudanças da sociedade, espaço de brincadeira na escola é garantir
a criança brinca cada vez menos. Os jogos e a educação numa perspectiva criadora em
a brincadeira são processos que envolvem o que a brincadeira é o lugar de socialização
indivíduo e sua cultura, sendo específicos de da administração da relação com o outro,
acordo com cada grupo. A brincadeira e o jogo da apropriação e produção da cultura, do
têm um significado cultural importantíssimo, exercício da decisão e da criação.
pois é através do brincar que a criança
aprende, constrói sua identidade cultural.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para as crianças na pequena infância, participar de uma
brincadeira significa integrar-se completamente. Enquanto
atividade de caráter lúdico, o brinquedo e a brincadeira podem
ser consideradas intimamente atrelados a infância. Sendo
formação cultural e humanizadora.
Portanto, é importante demarcar o eixo principal em torno
do qual o brincar deve ser incorporado em nossas práticas
e o seu significado como experiência de cultura, exigindo o
olhar de todos educadores na garantia de tempos e espaços ROBERTA MATIAZZO
para que as próprias crianças criem e desenvolvam suas CAPPELLANI SILVA
brincadeiras, não apenas em locais e horários destinados Graduação em Pedagogia pela
pela escola e essas atividades.va com relação a brincadeiras Universidade Cidade de São Paulo (2012);
observada no caso, Especialista em Psicopedagogia pela
Universidade de Mogi das Cruzes (2014);
Cabendo ao professor e aos demais educadores que Professora de Educação Infantil no CEI
se encontram inseridos na realidade da pequena infância CEU Pêra Marmelo.
se colocarem em atitude de mediador como também
contemplativa com relação a brincadeira observada, e notar a
expressão lúdica, a atuação individual e coletiva das crianças
participantes.
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REFERÊNCIAS
AFLALO, C. – O direito de brincar: Dicas para criar e manter uma brinquedoteca – São Paulo,
Ed. Martins Fontes, 1992.
HORN, Maria da Graça Souza – A organização do espaço na educação infantil – Porto Alegre,
Ed. Artmed, 2004
HUIZINGA, J. – Homo ludens: o jogo como elemento da cultura – São Paulo, Ed. Perspectiva,
1996.
KRAMER, Sonia – Com a pré-escola na mão, Uma alternativa Curricular para a educação
infantil – 6ª edição, São Paulo, Ed. Ática, 2003.
KUHLMANN, Jr. Moysés – Infância e Educação Infantil, Uma Abordagem Histórica – Porto
Alegre, Ed. Mediação, 2001.
LIMA, Elvira Souza – Brincar para quê? – São Paulo, Ed. Interalia, 2009.
1640
Revista Educar FCE - Março 2019
OLIVEIRA, Zilma Ramos de – Educação Infantil: fundamentos e métodos – São Paulo, Ed.
Cortez, 2005.
VYGOTSKY, Levi – Psicologia da Arte – São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1998.
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A PSICOMOTRICIDADE NA
AQUISIÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL
RESUMO: Como professoras, nos preocupamos com o desenvolvimento global dos alunos
que estão sob nossos cuidados. Para que o trabalho pedagógico se realize com maior
destreza, sinto que os aspectos Psicomotores com relação ao corpo e ao esquema corporal
são importantíssimos e essenciais na Educação Infantil e séries iniciais. Acreditamos que as
dificuldades de leitura e escrita podem ser melhor trabalhadas se o aluno passou por um bom
trabalho corporal global. Caso isso não ocorra, como educadoras, podemos estar auxiliando
e retomando conceitos e atitudes não trabalhadas ou até mesmo nem desenvolvidas, com o
objetivo de conseguir um satisfatório desenvolvimento global do aluno.
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INTRODUÇÃO HISTÓRICO DA
PSICOMOTRICIDADE
OBJETIVO GERAL
Compreender a importância da Segundo o Dr. Julian de Ajuriaguerra,
psicomotricidade na aquisição do esquema médico psiquiatra, laureado pelo École
corporal. de France, considerado pela comunidade
científica como o Pai da Psicomotricidade,
OBJETIVO ESPECÍFICO ele a definia assim:
Perceber a importância do esquema
corporal na aprendizagem da criança. Psicomotricidade é a expressão de um
pensamento através do ato motor preciso,
JUSTIFICATIVA econômico e harmonioso.
O desenvolvimento de uma criança é o
resultado da interação de seu corpo com os Segundo Dalila M. M. de Costallat:
objetivos de seu meio, com as pessoas com
quem convive com o mundo que estabelece “A psicomotricidade como ciência da Educação,
ligações afetivas emocionais. realiza o enfoque integral do desenvolvimento
em seu três aspectos: físico, psíquico e intelectual
Há a necessidade de olhar para essa criança por meio de uma educação que procura
estimular o casamento harmônico das três áreas
por inteiro, desde seus primeiros anos de
nas distintas etapas do desenvolvimento.”
vida e perceber que as dificuldades de leitura
e escrita podem ser melhor trabalhadas se o
aluno passou por um bom trabalho corporal Segundo Maria Beatriz Loureiro:
global.
“Psicomotricidade é a neurociência dos anos 90,
PROBLEMA que estuda a interação equilibrada dos aspectos
O esquema corporal não é um conceito neuromaturacionais cognitivo-afetivo-motor, na
aprendido, que se possa ensinar. Ele se otimização corporal.”
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integrada e interiorizada, que como processo ponto de partida para que descubra suas
de adaptação, é essencialmente movimento. diversas possibilidades de ação.
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o mundo. Este ponto de referência servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para a
aprendizagem de conceitos fundamentais para a alfabetização como os conceitos de espaço:
embaixo, em cima, ao lado, atrás, direita, esquerda etc. Estes conceitos primeiramente são
visualizados através de seu corpo, e depois sim, conseguirá visualizar nos objetos.
Seu corpo também está inserido em um tempo e isto permite situá-lo melhor no mundo.
O ponto de referência vai permitir uma inibição voluntária. A criança domina seus gestos
ao escrever, domina seu tônus muscular ao imprimir a força adequada para a realização de
determinadas tarefas.
O esquema corporal não é um conceito aprendido, que se possa ensinar. Ele se organiza
pela experienciação do corpo da criança. É uma construção mental que a criança realiza
gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos à conclusão de que o desenvolvimento de uma
criança é algo muito mais complexo do que se imagina.
A criança poderá assim, apropriar-se do saber sobre seu corpo, sobre a linguagem, sobre
a escrita-leitura, sobre os movimentos, pois o professor lhe oferece a possibilidade de que
seu desejo se ponha em cena.
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REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, Júlio de. A escrita infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
FONSECA, Vitor da. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto Alegre: Artes Médicas,
1988.
LOUREIRO, Maria Beatriz da Silva. Psicomotricidade. (apostila) São Paulo: ISPE/GAE, 2000.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NO AMBIENTE ESCOLAR
RESUMO: Numa profunda reflexão e análise sobre as principais dificuldades e desafios encontrados
pelos educadores e demais membros das unidades escolares na apropriação de uma educação
inclusiva, dentro dos parâmetros educacionais atuais, tendo como base as escolas que trabalham
com educação infantil e de ensino fundamental, as pesquisas permeiam por meio de construção
de diálogos entre professores, pedagogos, pensadores e demais personagens de atuação para uma
percepção contextualizada sobre o assunto. Não obstante para a continuidade dos trabalhos que
são garantidos por direitos estabelecidos pela ECA- estatuto da criança e do adolescente, sob a
lei n° 8.069/1990 dentre inúmeros outros documentos regulatórios que asseguram atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Portanto, busca-se apenas expor e dialogar sobre a caminhada acerca dos desafios encontrados na
implementação de uma educação inclusiva verdadeiramente significativa e funcional para todos
os envolvidos no percurso pedagógico de aprendizagem, bem como suas implementações sobre
dimensões norteadoras para a execução de tais projetos e atividades. Significando os papéis de todos
os membros do círculo responsável pelo aprendizado integral do indivíduo cor-responsabilizando
escola, família, Estado etc., de tal modo a apresentar resultados de modo coletivo e partilhado como
se faz necessário. As pesquisas de fontes bibliográficas buscam sanar as expectativas e dúvidas que
ainda permeiam sobre as estruturas educativas inclusivas no Brasil.
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significação. O educador deve se questionar cada deficiência, pois ainda que apresentando
sobre o quão sabem acerca do conteúdo diagnósticos iguais e/ou semelhantes cada
exposto? Como os interesses individuais indivíduo pode reagir de maneiras distintas
podem ser explorados como facilitadores aos mesmos estímulos.
no processo de ensino de determinado
conteúdo? Ou como partir do conteúdo Respeitando-se a individualidade de
escolhido para explorar de forma atraente cada educando, bem como levando em
para todos? consideração seus interesses pode-se
desenvolver estratégias voltadas para ao
Os alunos com NEE precisam, muitas vezes, aluno, os desafios de uma não compreensão
de usufruir de um conjunto de serviços devem estar atrelados na pesquisa sobre os
especializados, pelo que os professores devem recursos e métodos, uma estratégia pode
relacionar-se e colaborar, sempre que possível, ser extremamente eficaz para um, enquanto
com os professores de educação especial e
parece não representar nada para outro, ter
com outros profissionais de educação, como,
a criatividade e a sensibilidade de perceber,
por exemplo, com um psicólogo, um médico,
adaptar e direcionar o planejamento auxilia
um técnico de serviço social ou um terapeuta.
na construção contínua do conhecimento.
(CORREIA, 2008, p.35).
Ressalta-se novamente a necessidade das
É de extrema importância observar trocas de experiências entre os envolvidos
possíveis barreiras existentes e com no planejamento, a fim de moldar
isso ampliar os investimentos para uma estrategicamente o mesmo, levando em
diversificação de estratégias pedagógicas, consideração as características observadas
nesse desenvolvimento o profissional pelos envolvidos.
educacional especializado (AEE) tem extrema
importância no auxílio deste processo, Dentro das formatações das estratégias
também é muito significativa à troca de temos o planejamento pedagógico, que
experiências com demais professores que já tem por finalidade definir os objetivos e
tenham desenvolvido trabalhos com pessoas meios para orientações dos processos de
com deficiência, pois, podem enriquecer as ensino e aprendizagem este deve sempre ser
pesquisas, uma vez que podemos afirmar que contínuo e colaborativo, bem como flexível
embora no passado se acreditasse que as adaptando-se conforme as evoluções e
generalizações de características das pessoas necessidades do grupo, a fim de explorar as
serviam como base para a padronização das potencialidades e estruturar os conteúdos
estratégias, como se unificassem num mesmo curriculares para conduzir o fazer do percurso
quadro diagnóstico, hoje sabemos que esse pedagógico. Embora este planejamento seja
pensamento é simplista e não compreende de responsabilidade do professor da sala,
a amplitude e diversidade das necessidades não necessita ser uma atividade solitária, o
e especificidades de cada indivíduo bem de planejamento pode e deve ser colaborativo,
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de cada indivíduo que vai muito além vista do gestor escolar cuja equipe atua
do diagnóstico médico, em pequenas diretamente com seu público e pela qual
descobertas que os entes próximos podem depende a maior carga das responsabilidades
partilhar com os educadores na construção de atuação, sendo eles “a ponta da
de um planejamento individualizado eficaz e corda”, esse é o professor, que embora
significativo para o educando. possa ter formação específica, bem como
conhecimento necessário e/ou experiência
na educação inclusiva, o educador precisa e
GESTÃO ESCOLAR muito de apoio e de subsídios pedagógicos
bem direcionados e para que não se sinta só
No que se refere á todas as parcerias durante a trajetória do percurso pedagógico
necessárias para a construção de uma e perante os desafios que podem e
educação inclusiva, ainda se fazem provavelmente vão acontecer. Conforme
necessárias às reflexões acerca do ambiente esses itens:
propício bem como o apoio irrestrito aos
atuantes diretos que se inter-relacionam Abordam claramente o papel dos diretores
com o educando, o que por sua vez necessita como agentes promotores da inclusão, criando
de planejamentos estratégicos direcionados condições de atendimento adequado a todas as
a fim de percepcionar o que é fundamental crianças transformando a administração escolar
em uma gestão participativa e democrática, em
na construção do conhecimento para
que toda a equipe escolar seja responsável pelo
o educando. Para a efetividade dessas
bom andamento da escola e pela satisfação das
intencionalidades uma gestão participativa,
necessidades de todos os alunos. (CARNEIRO,
ativa e atuante é de extrema importância:
2006, p.38)
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abrangência do trabalho que direcionam o mesmo e que por sua vez oferecem recursos para
o aprimoramento e desenvolvimento do planejamento de aula do educador.
Para Silva Júnior (2002, p. 206), o Projeto Político-Pedagógico “indicará as grandes linhas
de reflexão e de consideração mantenedoras de suas etapas de trabalho; consubstanciam
os valores e critérios determinantes das ações a serem desenvolvidas nos diferentes núcleos
da prática escolar”. Os objetivos a serem atingidos por meio de uma educação inclusiva
verdadeiramente significativa devem levar em consideração os mesmos primórdios para a
execução de um projeto político pedagógico orgânico e funcional, deve contar com o processo
colaborativo das personagens construtoras, família, comunidade, professores, funcionários
e gestão educacional da unidade, sem esse efetivo esforço, não se podem colher os frutos
de um desempenho coletivo que foque no indivíduo como centro das ações e provedor de
seus conhecimentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No início desta pesquisa a percepção de uma educação
inclusiva de responsabilidade do educador permeia as
expectativas, porém pode-se notar que além de documentações
direcionadas bem como uma reflexão contínua sobre o
assunto, o que se entende hoje por educação inclusiva
abrange a responsabilização de todos os participantes ativos
do contexto de vivências de todo e qualquer educando
sendo ele portador de alguma necessidade especial ou não.
O indivíduo sendo pertencente à sociedade tem por direitos
a garantia de seu bem-estar físico e mental, manutenção
de sua saúde, de interagir socialmente, receber formação
continuada coerente com sua faixa etária e não privar toda
e qualquer pessoa de seus direitos, além de desumano não ROSANA KIRILAUSKAS
compreende as constituições brasileiras tal como todos os
Graduação em Pedagogia pela
documentos regulatórios que tratam do indivíduo portador Faculdade Universidade Cidade de São
de deficiências. Paulo - UNICID (2007); Especialista
em Psicopedagogia pela Faculdade
Ao sentir que o educador não está só nesta empreitada, Universidade Cidade de São Paulo –
pode-se verificar também as estratégias que podem servir UNICID (2015); Professora de Educação
de subsídios na sua implementação e elaboração de Infantil e Ensino Fundamental I na EMEI
planejamento de aulas e atividades, visando à busca por uma Professora Norimar Teixeira.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). 40ª edição São Paulo: Saraiva,
2007.
CARNEIRO, Relma Urel Carbone. Formação em serviço sobre gestão de escolas inclusivas
para diretores de escolas de educação infantil. Tese – Universidade Federal de São Carlos.
São Carlos, 2006
CORREIA, Luís de Miranda. A escola contemporânea e a inclusão dos alunos com NEE-
Considerações para uma educação com sucesso. Porto: Porto Editora, 2008.
GIORGI, Piero Di. A criança e as suas instituições – a família / a escola. Lisboa. Livros
Horizonte, 1980.
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CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
PSICOPEDAGOGIA E OS DESAFIOS DA
APLICABILIDADE: AS FUNÇÕES SOCIAIS
EM TORNO DO OBJETO DE ENSINO
RESUMO: A partir do advento das necessidades educacionais as ciências se dedicam
em desdobrar esforços para contribuir com o desenvolvimento cognitivo das crianças
em desenvolvimento, desse modo psicopedagogia se depara com diversos problemas
epistemológicos de grande validade e cuja elucidação depende do enriquecimento de seu
aparato categorial, bem como de novas propostas para conceber a formação de pessoas
dentro de um ambiente ecológico. Os problemas epistemológicos da psicopedagogia e
sua compreensão científica estão inseridos totalmente dentro dos problemas sociais das
ciências que devem ser enfrentados com audácia, sabedoria e flexibilidade de pensamento,
especialmente no campo da educação, porque constituem um terreno propício à reflexão.’
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A diferenciação destas abordagens ou modelos que mostram
este problema relacionado ao uso racional do método hipotético
dedutivo, o paradigma da análise do produto processo só são
fenômenos observáveis e mensuráveis se controle experimental
for trabalhado de acordo com um rígido sistema de análise.
A alternativa considera a interpretação e compreensão da
quantificação e análise com abordagem qualitativa da pluralidade
dos métodos para compreender a realidade.
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REFERÊNCIAS
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
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AS HERANÇAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DA CULTURA
INFANTIL:
NEGRAESPAÇO
NO BRASILa
DE APRENDIZAGEM , EXPERIMENTAÇÃO E
SOCIALIZAÇÃO
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Jeandot (1997, p.12) em sua concepção, A música está presente em diversas situações
define a música como “uma linguagem da vida humana. Existe música para adormecer,
universal, mas com muitos dialetos, que música para dançar, para chorar os mortos, para
variam de cultura para cultura, envolvendo conclamar o povo a luta, o que remonta à sua
função ritualística. Presente na vida diária de
a maneira de tocar, de cantar, de organizar
alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada
os sons, e de definir as notas baixas e seus
por todos, seguindo costumes que respeitam
intervalos [...].”
as festividades e os momentos próprios a
cada manifestação musical. Nesse contexto,
O Referencial Curricular para Educação as crianças entram em contato com acultura
Infantil-RCNEI conceitua a música como musical desde muito cedo e assim começam a
uma “linguagem que se traduz em formas aprender suas tradições musicais. (RCNEI,1998,
sonoras capazes de expressar e comunicar p.47).
sensações, sentimentos e pensamentos, por
meio da organização expressivo entre o som Pensando a música como uma linguagem
e o silêncio” (1998, p.45). universal que está presente em todas as
culturas e que é uma expressão humanas
É indiscutível que a música está presente das mais antigas, ela pode ser utilizada
cotidianamente em nossa vida e possui para vários fins. Essa linguagem por ser tão
várias funções como nos emocionar, nos dinâmica e global nos traz muitos benefícios
entreter, vender produtos, protestar, em inclusive como ampliação linguística,
rituais religiosos, etc. De acordo com Rosa conhecimento de diversas culturas,
(1990). “A linguagem musical esteve sempre expressões artísticas, movimento corporal,
presente na vida dos seres humanos e há estimulo cerebral, despertar de emoções e
algum tempo na educação de adultos e sensações, despertar o estímulo da memória,
crianças”. entre outros. A linguagem musical tem
a eficácia de propagar naturalmente as
A música auxilia no processo de construção emoções e desejos mais profundos ou até
do conhecimento. Quando a percepção mesmo os ocultos não há dúvidas de que ela
musical é desenvolvida, torna-se propicia traz inúmeros benefícios. De fato, a música
para o desenvolvimento da oralidade, do pode nos propiciar uma série de vivencias,
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eventos do ano letivo simbolizados no dia da A música pode contribuir para tornar esse
arvore, dia do soldado, dia das mães, etc.; a ambiente mais alegre e favorável a aprendizagem,
memorização de conteúdos relativos a números, afinal, propiciar uma alegria que seja vivida no
letra do alfabeto, cores, etc., traduzidas em presente é a dimensão essencial da pedagogia,
canções [...].(RCNEI,1998, p.47). e é preciso que os esforços dos alunos sejam
estimulados, compensados e recompensados
As propostas pedagógicas trabalhadas por uma alegria que possa ser vivida no momento
usando a música como mecanismo de presente.
aquisição do conhecimento, oportuniza a
aprendizagem de conteúdos convencionais Pensar na música como um instrumento
(Português, matemática, ciência, etc.), e de aprendizado em sala de aula é trazer pra
também a aprendizagem de temas relevantes os alunos um mundo de possibilidade de
na nossa sociedade contemporânea: ética, aprendizado, desde que, o professor faça
meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, etc., uso desse mecanismo de uma forma que
e ainda desenvolve o raciocínio, a criatividade , consiga atingir os objetivos de aprendizagem
a memória e promove a socialização. proposta que tenha significado para as
crianças.
O RCENEI (1998) nos mostra que a
integração do trabalho musical deve ser [...] Ouvir música, aprender uma canção, brincar
considerado às outras áreas, visto que a de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogo de mão,
música mantem contato estreito e direto etc., são atividades que despertam, estimulam e
com as demais linguagens expressivas desenvolve, o gosto pela atividade musical, além
de atenderem a necessidade de expressão que
(movimento, expressão cênica, artes visuais,
passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva.
etc.) nos diz também que a linguagem musical
Aprender música significa integrar experiências
é um excelente meio para o desenvolvimento
que envolvam a vivência, a percepção e a
da expressão, do equilíbrio, da auto estima e
reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez
autoconhecimento, além de poderoso meio mais elaborados. (RCENEI,1998, p.48).
de integração social.
Loureiro (2003), ressalta a importância de
Ao ouvir uma música o indivíduo sente analisar o papel da música na escola, buscando
vários estímulos, sua riqueza de ritmos condições para que ela possa a vir ter valor
trazem uma gama de sensações e emoções significativo no processo de educação escolar.
envolventes e desprovida de qualquer
obrigatoriedade, tornando assim a apreensão Na Educação infantil, se faz oportuno trabalhar
do conhecimento prazerosa, espontânea com a música em todas as áreas do conhecimento,
e divertida. (SNYDERS, 1992, p.14) afirma visto que a ludicidade precisa fazer-se presente
que: em todos os campos de atuação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a pesquisa deste trabalho, verificou-se que a música
é uma linguagem universal que se faz presente no cotidiano
das pessoas em todos os lugares do planeta e desde muito
cedo os bebês e as crianças entram em contato com as
músicas e sons pertencentes ao seu convívio social, cultural
e familiar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – conhecimento de mundo. Brasília,
MEC/SEF1998.
BRITO, Teca Alencar de. Infância musical. In: Revista Pátio-Educação Infantil. Música na
educação infantil. São Paulo: Petrópolis, 2003.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007.
JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
JOLY, Ilza Zenker Leme. Musicalização infantil na formação do professor: uma experiencia
no curso de pedagogia da UFSCar.Serie fundamentos da educação musical, salvador, n.4
p.115-125, out.2003.
ROSA, L. S.S. Educação musical para a pré-escola. São Paulo: Ática, 1990.
SNYDERS,Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1992.
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A RELEVÂNCIA E A MEDIAÇÃO DO
ENSINO DE MATEMÁTICA NAS
SÉRIES INICIAIS
RESUMO: Este trabalho investiga a importância do ensino da matemática nas séries iniciais
assim como a mediação e o papel do professor no processo da construção do conhecimento
desta disciplina. Os teóricos que embasaram esta pesquisa foram: Vygotsky com seu
conceito de mediação e da sua importância para o desenvolvimento dos alunos; Brosseau
com seu foco nas situações de aprendizagem no ensino da matemática e Kamii que abordou
o conceito de construção do número realizado pelas crianças.
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envolvimento do professor, neste caso ele Diante das situações didáticas o professor
fica ausente do processo de aprendizagem é aquele que prepara situações apropriadas
do aluno. (BROUSSEAU, 2008) para a construção de um conhecimento
específico, mas não revela a priori o que
Já as situações didáticas são o oposto, quer que o aluno aprenda, fazendo com que
porque o professor interfere proporcionando o aluno construa o conhecimento por meio
as próprias situações de aprendizagem, de seus conhecimentos prévios.
as interações e a institucionalização do
conhecimento supostamente construído Ainda nas situações didáticas Brousseau
pelo aluno. (2008) destaca que a mediação é a
menor possível, pois o professor interfere
Brousseau é bem específico e classifica as realmente no último momento do processo
situações didáticas para melhor analisá-las de construção do conhecimento, que é na
em quatro situações diferentes, são elas: institucionalização do saber, para separar o
joio do trigo, o que deve ou não ser levado em
Situações de ação: são aquelas em que os conta, registrado e sistematizado para que o
saberes dos alunos são colocados em ação aluno realmente reconheça como saber.
para resolver o problema em evidência; Para Brousseau (2008) o professor não
situações de formulação: são aquelas em deve interferir claramente, facilitando o
que os alunos explicam como resolveram o trabalho do aluno, porque desse modo não
problema, tornando explícitas as estratégias, haverá a construção do conhecimento pelo
os caminhos percorridos, para chegar à aluno. Podemos constatar esta concepção
solução; situações de validação: é o momento quando o mesmo escreve: “Se uma situação
em que o aluno vai tornar a sua solução leva o aluno à solução como um trem em seus
válida, verdadeira ou então aceitar a solução trilhos, qual é a sua liberdade de construir seu
do outro como a correta desistindo da sua conhecimento? Nenhuma?” (BROUSSEAU,
solução. É o momento da sustentação da sua 1996, p. 54)
solução; situação de institucionalização: neste
momento o professor faz a sistematização Também não posso deixar de citar como
dos conhecimentos construídos pelos Brousseau vê o erro dentro do processo de
alunos para que o mesmo não se perca, mas ensino aprendizagem, um acontecimento
se tornem saberes adquiridos e assimilados que para muitos só atrapalha e determina
pelos alunos. a incapacidade de aprendizagem do aluno,
para o autor tem outro significado.
Neste sentido os alunos reconhecem
o saber como um status cultural, ou seja, O significado de que o aluno está
reconhecido culturalmente pela sociedade a percorrendo um caminho para a construção
qual o indivíduo está inserido. da aprendizagem e a partir do erro ele
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reconhece que este não é o caminho que o Este grande autor Lev Vygotsky nasceu
levará à construção efetiva, então muda o em 1896 na Belahus, país que faz parte
caminho a procura de sua resposta. Depois de da extinta União Soviética e morreu em
vários caminhos percorridos, e não caminhos 1934. Apesar de seu pouco tempo de vida
errados, o aluno chega à construção do Vygotsky se formou em direito, foi professor
conhecimento, tudo isto porque o erro faz e pesquisador nas áreas de pedagogia,
parte do processo de aprendizagem. psicologia, filosofia, literatura, deficiência
física e mental.
Também tem o fator de que se o professor
está bem preparado, a partir deste erro Segundo Oliveira (2008) Vygotsky atraiu
cometido pelo aluno poderá intervir e ajudar muitos educadores, porque a educação é um
o aluno na construção do novo caminho. dos temas que fizeram parte de seus trabalhos
e publicações. Nos dias de hoje é um teórico
atual na área da psicologia da educação,
A TEORIA SOBRE A devido a sua preocupação com a escola, o
MEDIAÇÃO NO PROCESSO professor e a intervenção pedagógica.
DA CONSTRUÇÃO DO Ele também foi o primeiro teórico a colocar
CONHECIMENTO em evidência o meio social e cultural como
propulsor do desenvolvimento do indivíduo.
Para aprimorar a minha concepção sobre
a importância da matemática e da mediação Para Oliveira (2008) que tem concepções
no ensino-aprendizagem do currículo desta vygotskiana, existe uma forte relação
disciplina é essencial aprofundar mais no entre “desenvolvimento” e “aprendizado”,
conceito de “mediação”, primeiro o farei com determinando que o indivíduo se desenvolve,
Lev Vygotsky, um autor que valoriza muito porque aprende, e, esta aprendizagem
o professor e a sua intervenção no processo transforma o ser humano em um ser capaz
de ensino aprendizagem nas escolas. Mas de modificar o seu meio.
saliento que todos os conceitos do autor
estão baseados nos escritos de sua discípula Oliveira (2008) vai além do biológico em
e professora-doutora da Faculdade de sua concepção sobre o desenvolvimento
Educação da Universidade de São Paulo e para definir melhor classifica-o de
Marta Kohl de Oliveira. “Planos Genéticos de Desenvolvimento”,
que são divididos em quatro entradas de
Desse modo todas as vezes que citar a desenvolvimento e juntas são responsáveis
autora Oliveira são os conceitos de Vygotsky e determinam o funcionamento psicológico
que estão norteando minhas reflexões. do ser humano.
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Essas entradas são a filogênese, formada singular, levando em conta suas experiências
pela história da espécie humana, por individuais, essas que trazem à tona a
exemplo: uma espécie determinada tem seus heterogeneidade do sujeito. Então apesar da
limites e possibilidades de desenvolvimento história cultural de determinado sujeito ser
psicológico. Ao ser humano pode-se citar o tão parecida com a de outro não podemos
movimento de pinça que permite escrever e dizer que são iguais, porque seus momentos
pegar coisas. A ontogênese que é a história de vida são diferentes.
do indivíduo da espécie, por exemplo: o ser
humano nasce, desenvolve-se, se reproduz, A partir deste conceito de desenvolvimento
envelhece e morre. Todo este processo posso deduzir que segundo Oliveira (2008),
natural ocorre num ritmo e sequência próprios a história cultural do sujeito, suas relações
da espécie, porque estas entradas estão e experiências são fatores importantes no
fortemente ligadas à natureza biológica que desenvolvimento psicológico do sujeito.
determina tal desenvolvimento e não outro. Então partindo deste pressuposto vamos
A sociogênese, que é a história cultural do conhecer como o autor define a “mediação”
indivíduo na sociedade a qual está inserido. no processo de desenvolvimento e
Posso dizer que todo ser humano passa pela aprendizagem, já que essa está basicamente
adolescência, mas a sua história cultural vai conceituada em intervenção dentro de um
determinar como vai ser esta passagem, nos processo ou relação.
dias de hoje um indivíduo da nossa cidade de
São Paulo pode ser considerado adolescente Oliveira (2008) destaca que na maioria das
mesmo aos 30 anos, dependendo dos pais vezes as ações do ser humano são mediadas
para sobreviver. Já em outra sociedade como por outro, por exemplo: se um indivíduo sabe
nos Estados Unidos ele pode ser considerado que o fogo queima, pode impedir que outro
capaz de viver sozinho aos 17 anos e isso se queime alertando ao fato do que poderá
determinará o fim da adolescência, porque ocorrer, e assim mediar a ação do indivíduo.
será independente e com certeza não estará
morando com os pais aos 30 anos de idade. Ainda a autora coloca que o ser humano
enquanto mediador constrói sua história
Então segundo Vygotsky (1992) “os cultural e faz descobertas que facilitam a vida
fatores que envolvem a história cultural de dos que estão nascendo, porque não precisam
cada indivíduo também vão determinar e começar do zero. O mesmo ocorre na escola
organizar os conceitos e o desenvolvimento quando o professor media o aprendizado
dos sujeitos”. acumulado pela nossa sociedade facilitando
o processo de aprendizagem dos alunos, e
A última entrada é chamada por Oliveira este fato é muito importante para a pesquisa
(2008) de microgênese, nesta observei e para entender o conceito de mediação.
o indivíduo particularmente, de forma
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A escola é uma prática social, um local onde e é nesta última que a mediação tem um
as relações com os outros ocorrem o tempo papel importante.
todo e um ambiente propício à mediação,
que com certeza poderá levar o indivíduo O professor deve saber até onde vão os
as transformações e ainda impulsionar o conhecimentos de seus alunos para depois
desenvolvimento, a aprendizagem. se colocar entre o novo conhecimento e o
aprendiz, para mediar de forma específica a
Para Oliveira (2008) a mediação é fim de ajudar os alunos na superação de seus
muito importante, porque pode interferir obstáculos.
intencionalmente no desenvolvimento das
crianças para definição do seu aprendizado. Como já citei é importante que este novo
Já que para o autor as crianças dependem conhecimento não esteja muito além da
da intervenção, da mediação para alcançar capacidade do aluno, que já deve ser capaz
o desenvolvimento esperado da sociedade de realizá-lo com ajuda de outro indivíduo
cultural a qual estão inseridas. mais experiente.
Então se para a autora a escola acelera o Então o simples fato de o aluno não realizar
aprendizado da criança e o coloca na medida a atividade sozinho, mas com a ajuda de outro
certa para o seu desenvolvimento, seria determina o conhecimento que ainda está na
muito difícil para uma criança se desenvolver zona de desenvolvimento proximal, não está
em uma sociedade sem a escola, sem os muito longe da sua zona de desenvolvimento
parâmetros culturalmente construídos pela real, permitindo a intervenção para provocar
nossa sociedade. mudanças no aprendizado do indivíduo.
Para Oliveira as coisas que sabemos fazer Ainda Oliveira ao definir a “Mediação”,
estão na zona de desenvolvimento real e as coloca a criança na condição de aprendiz,
coisas que ainda não sabemos fazer sozinhos não apenas para observar e aprender
estão na zona de desenvolvimento proximal como vemos em muitas aulas técnicas,
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mas para assumir seu papel no processo A autora fez diversos cursos de pós-
de ensino aprendizagem, ser capaz de agir doutoramento nas Universidades de Genebra
e construir conceitos. Portanto de maneira e Michigan, todos ligados à epistemologia
passiva, sem significados e ações a situação Genética e outras áreas educacionais
de aprendizagem não impulsionará o relacionadas à teoria de Piaget e também de
desenvolvimento esperado, ou seja, não se outros pesquisadores.
dará o aprendizado.
Para Kamii (2010) a construção do número
Assim a zona de desenvolvimento é o principal objetivo da matemática para
proximal nos ajuda a entender melhor como as crianças das séries iniciais para que as
se dá o desenvolvimento da criança e a sua mesmas adquiram autonomia, visto que este
heterogeneidade ao construir conceitos. é o principal objetivo da educação. O número
Além disso, nos conscientizar da importância é construído por cada criança a partir de
de não ficar além ou aquém, mas ficar na todos os tipos de relações que ela cria entre
zona de desenvolvimento proximal, que é os objetos, mas a criança tem que entender a
perto do que a criança construirá logo mais. priori o conceito de conservação do número
para depois compreender todo o processo
de sua construção. Este conceito se resume
A CONSTRUÇÃO E O USO na capacidade da criança de compreender
DO CONCEITO DE NÚMERO que independente do espaço ocupado pelos
objetos a quantidade á a mesma. “Conservar
REALIZADO PELA CRIANÇA o número” significa pensar que a quantidade
NA PERSPECTIVA DE KAMII continua a mesma quando o arranjo espacial
dos objetos foi modificado” (KAMII, 2010,
Constance Kamii aborda questões p.10)
fundamentais sobre a construção e o uso do
conceito de número realizado pela criança. Kamii é piagetiana, então segundo a
A autora nasceu em Genebra na Suíça, mas autora o professor precisa ter conhecimento
como seus pais são japoneses viveu no Japão e entender a teoria de Piaget para ter
até os 18 anos, foi aluna, colaboradora e suporte e se apropriar dos seus conceitos
seguidora do psicólogo Jean Piaget, depois sobre o número e assim ser pertinente as
foi para os Estados Unidos da América onde suas práticas pedagógicas e ainda para
se bacharelou em Sociologia na “Pamona refletir na trajetória que irá proporcionar aos
College’. Já na Universidade de Michigan fez seus alunos entender, construir e adquirir o
mestrado em Educação e depois doutorado conhecimento desejado.
em Educação e Psicologia.
Segundo conceitos piagetianos usados
por Kamii (2010), a criança passa por três
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Os alunos trabalham a matemática do dia a dia, como contar às pessoas que tem em casa,
na sala de aula, os números de chamada, o calendário, a idade dos amigos de classe e muitas
outras situações que mostram conceitos de numeros que prevê o trabalho da matemática
relacionado com a realidade das crianças.
Nas observações em sala de aula constatei que uma das professoras propicia aos seus alunos
aulas interessantes, significativas e utiliza os recursos descritos anteriormente, organiza a
sala em círculo ou em grupos, no momento com seis grupos de interesse distribuídos na
sala de aula, e além de possuírem materiais diferentes são as crianças que escolhem onde
querem trabalhar
Em uma das salas observada, constatei que a professora não permite que os seus alunos
construam seu conhecimento, pois o tempo que ela dispõe para as aulas de matemática
não são coerentes com seu planejamento de aula. Então ela antecipa a resposta sem que os
alunos tenham concluído suas construções no processo ensino aprendizagem.
Das três professoras observadas somente uma utiliza os materiais concretos com o
objetivo de que construam o conceito de número, pois a mesma conhece o conceito de
Kamii e nela embasa suas práticas pedagógicas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluo que a mediação deveria ocorrer observando os
critérios que estão evidenciados no conceito de Vygotsky
quando ele estabelece que é na zona de desenvolvimento
proximal que encontramos espaço para propiciar a construção
do conhecimento realizado pelos alunos.
O professor mediador das séries iniciais a priori tem o papel importante no processo
da construção do conhecimento da matemática e para isso faz se necessário conhecer e
entender o conceito de mediação, acreditar no potencial de seus alunos, propiciar situações
didáticas que promovam a aprendizagem, reconhecer o erro como um caminho para o
aprendizado, reconhecer o aluno como sujeito ativo e que número não se ensina
Nas observações feitas pelo grupo as crianças apresentaram uma grande dificuldade de
construção do número, percebi que isto ocorreu porque ainda não entenderam o conceito
de conservação. A professora quer explicar a dezena e a unidade, utilizando o material
dourado demonstrado no livro, porém a criança não consegue ver na barra da dezena as dez
unidades. Não conseguem fazer a relação com o tamanho da peça.
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É necessário que o professor crie estratégias, acredite no potencial de seus alunos para
então mediar os conhecimentos que os alunos ainda não conseguem realizar com autonomia.
Também confirmo por meio deste trabalho de pesquisa que a falta de formação dos
professores dificulta a aprendizagem dos alunos.
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REFERÊNCIAS
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matemática/ Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF. 1997.
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Alegre: Artes Médicas, 1996. Cap. 4.
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sua criatividade. Sendo assim, dentro de um É importante que a escola possa desenvolver a
contexto educacional que o lúdico em sala de capacidade de experimentar o novo não como
aula visa a finalidade de contribuir e auxiliar o algo muito distante, mas como um desafio para
educador no processo de ensino aprendizagem implementação de novas propostas pedagógicas,
com o objetivo de desenvolver métodos de no sentido de resgatar a ludicidade dos próprios
ensino que despertem na criança o interesse professores, para que eles possam vivenciar tais
pela matemática. atividades junto com os seus alunos. (PEREIRA,
2009, p.64).
Podemos observar então que por meio
dos jogos, podemos despertar o interesse Além do exposto, para que o ensino
das crianças pela matemática, pois está será seja ativo, os professores devem levar em
prazerosa e significativa. consideração que as crianças já possuem
conhecimentos e noções de matemáticas
Segundo Mota (2009 p. 129): mesmo que de maneira intuitiva. De acordo
com Pieri (2011, p. 34):
É possível usar jogos matemáticos na sala de
aula e, ao mesmo tempo em que se trabalha com Desde pequena a criança já tem noção de
conteúdos de Matemática, propor atividades números, cabe a nós professoras despertar o
que possam, também, tornar o ensino dessa gosto pela matemática através do jogo. Aprender
disciplina um instrumento importante na Matemática significa, fundamentalmente,
construção da cidadania, com solicitações de utilizar-se do que distingue o ser humano, ou
aplicações dos conhecimentos matemáticos em seja, a capacidade de pensar, refletir sobre o
problemas do dia a dia. real vivido e o concebido, transformar este real,
utilizando em sua ação, como ferramenta, o
conhecimento construído em interações com as
Assim sendo, cabe ao professor propor necessidades surgidas no aqui e no agora.
tarefas que envolvam as crianças, para
que elas se desenvolvam de forma crítica, Pelo exposto, observa-se que cabe ao
construindo a cidadania e de fato utilizando a professor despertar o gosto pela matemática,
matemática no cotidiano de sua vida prática pois a criança desde pequena já tem noção
e social. de números.
E para isso, os professores devem Sendo assim, acredita-se que por meio dos
incentivar as crianças a serem ativas, pois: jogos as crianças podem desenvolver também
a autoconfiança, pois começam a questionar
O ensino ativo presume que os alunos suas ações e também desenvolvem a
são pessoas capazes de dar significado às autonomia e a criticidade:
coisas, construtores ativos do seu próprio
conhecimento que trazem a cada experiência Por meio de atividades com jogos as crianças
de aprendizagem uma reserva de informação da vão ganhando autoconfiança e são incentivadas
qual podem dispor ao procurar compreender. a questionar e corrigir suas ações, analisar e
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entender as formas como elas brincam, os jogos devem ser utilizados no ensino de
pensam, e ao mesmo tempo se desenvolvem matemática, pois estimulam e desenvolvem
e aprendem. a habilidade da criança de pensar de
forma autônoma, o que contribui para
Nesse sentido, o educador precisa o desenvolvimento do raciocínio lógico
conhecer as teorias sobre como a criança matemático.
aprende, como a criança se desenvolve, o
que ela sente, fala e principalmente como Segundo Kishimoto (1996) o jogo pode
ela constrói o seu conhecimento. A esse ser considerado um importante recurso
respeito, segundo Dantas, Rais, Juy (2012, p. de ensino para as crianças, pois além de
08): desenvolver a lógica do jogo, desenvolve
também o raciocínio lógico matemático.
A criança já traz para a escola alguns
“conceitos” numéricos que ela já estabelece Nesse sentido para Antunes (2000, p. 37):
singularidade, pois são usados em seu dia a
dia, como por exemplo, o número da sua casa A criança não é atraída por algum jogo
e que cabe a escola o papel de incentivar a por forças externas inerentes ao jogo e sim
criança para que ela se aproprie do sistema de por uma força interna, pela chama acesa de
numeração de forma prazerosa e satisfatória. sua evolução. É por esta chama que busca
A criança precisa ter noção de sequência no meio exterior os jogos que lhe permitem
numérica para poder utilizar. satisfazer a necessidade imperiosa posta
pelo seu crescimento.
Dessa forma, segundo os autores
citados as crianças aprendem os conceitos Por isso o professor que se dedica à
matemáticos por meio da resolução de educação de crianças pequenas precisa
problemas. Assim sendo, o lúdico por meio entender as necessidades de seus alunos
de jogos e brincadeiras de acordo com Brasil para que possa selecionar o jogo que mais vai
(1998) representam um importante recurso atender as reais necessidades das crianças,
metodológico na sala de aula, porque é uma pois de acordo com Brasil (1998, p. 210):
forma atrativa aos olhos dos alunos, já que é
diferente e mais dinâmico. O jogo tornou-se objeto de interesse de
psicólogos, educadores e pesquisadores
Conforme descrito, os jogos na área de como decorrência da sua importância
matemática contribuem de forma positiva para a criança e da ideia de que é uma
para a aprendizagem das crianças, pois é prática que auxilia o desenvolvimento
uma metodologia atrativa para os alunos. infantil, a construção ou potencialização
de conhecimentos. A educação infantil,
De acordo com Kamii e Joseph (1992) historicamente, configurou-se como o
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A partir do exposto, pode-se observar Por outro lado para Vygotsky (1994),
que por meio de atividades lúdicas (jogos, o jogo é uma situação imaginária criada
brinquedos e brincadeiras), a criança aprende pela criança. Assim sendo, sua principal
a pensar de forma independente. característica consiste na relação entre o
imaginário e o real.
Entretanto, para que possamos utilizar
estas estratégias de ensino torna-se vital, Já para Friedmann (1996), jogo é na
entender quais as diferenças entre estas verdade um tipo de brincadeira que envolve
terminologias e como podem ser aplicadas na regras.
Educação infantil para se ensinar matemática.
Brougère (1998) já define o jogo como um
objeto que tem regras e função específicas.
O JOGO, A BRINCADEIRA E O
BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO Assim sendo, conforme o exposto, pode-
se observar que apesar de escreverem
MATEMÁTICA PARA A com palavras diferentes, todos os autores
EDUCAÇÃO INFANTIL mencionados concordam que o jogo só é
jogo se possuir regras.
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Pelo exposto, percebe-se que apesar Dessa forma, para que a criança aprenda
dos autores definirem com terminologias de forma prazerosa, o jogo se apresenta como
diferentes, todos concordam que o brinquedo facilitador na aprendizagem de matemática.
é um objeto que vai ser utilizado de acordo
com o seu significado para criança. Segundo Moura (1994), as utilizações dos
jogos em sala de aula possibilitam que as
Definição de Brincadeira crianças gostem de aprender matemática.
Sobre a definição de brincadeira, pode-se
afirmar que ela se distingue pela utilização De acordo com Kishimoto (2000, p. 85):
das regras ou não, pois estas não limitam a
ação lúdica, a criança pode ou não modificar O jogo na educação matemática parece justificar-
as regras, não segui-las se assim o quiserem, se ao introduzir uma linguagem matemática
inventar novas regras, ou seja, na brincadeira que pouco a pouco será incorporada aos
há mais liberdade de ação pelas crianças. conceitos matemáticos formais, ao desenvolver
a capacidade de lidar com informações e ao
(Kishimoto, 1994).
criar significados culturais para os conceitos
matemáticos e estudo de novos conteúdos.
Pelo exposto, pode-se observar que apesar
dos autores definirem com termos diferentes,
a priori, todos pensam o mesmo sobre a Pelo exposto pode-se perceber que por
definição de jogo, brinquedo e brincadeira, meio do jogo na educação matemática,
agora será iniciada uma reflexão sobre a a criança vai incorporando os conceitos
utilização dos jogos e das brincadeiras no matemáticos, além, de desenvolver
ensino de matemática na Educação infantil. significados culturais para o que está sendo
aprendido. Nesse sentido continua Kishimoto
A utilização de atividades lúdicas no (2000, p. 85):
ensino de matemática na educação infantil
Como foi visto anteriormente toda criança O jogo proporciona às crianças que utilizem
já possui conhecimentos sobre número em muito mais sua mente na busca de resoluções
seu dia a dia. De acordo com Dantas, Rais do que as atividades gráficas como contas e
e Juy (2012), um bom exemplo disso é o problemas no papel, que são para elas mais “um
conjunto misterioso de regras que vêm de fontes
número de sua casa, o número do canal
externas ao seu pensamento”.
preferido da televisão, o número da roupa
que usa, e cabe à escola fazer a relação
entre estes conhecimentos cotidianos e Assim sendo, por meio do jogo a criança
os conhecimentos matemáticos para que a vivencia de forma prática o conteúdo que
criança possa aprender de forma prazerosa. está sendo ensinado, e assim elas buscam
soluções, que no ponto de vista de Kishimoto
(2000) é muito mais fácil para a criança do
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que:
Assim sendo, pode-se afirmar que de
Os jogos constituem uma forma interessante fato, o lúdico é um facilitador no ensino
de propor problemas, pois permitem que de matemática na Educação infantil. O que
estes sejam apresentados de modo atrativo ficou evidenciado ao longo desta pesquisa
e favorecem a criatividade na elaboração de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por tema o Lúdico como Facilitador do
ensino da Matemática na Educação infantil, e por objetivo geral:
refletir sobre a importância do lúdico como facilitador do ensino de
matemática na Educação infantil.
Entretanto, sabe-se que é primordial que sejam realizadas mais pesquisas na área para que todos
os professores tenham mais conhecimento sobre o assunto e não deixem as crianças apenas brincar
por brincar, que também é importante, mas que não deve ser a única maneira de se utilizar jogos e
brincadeiras na Educação Infantil. E extremamente necessário que os professores saibam utilizar jogos e
brincadeiras para tornar o ensino de matemática na Educação infantil prazeroso, dinâmico e motivador.
Por isso, esta pesquisa pode avançar em muito sentidos como pesquisar sobre os conteúdos de
matemática que devem ser trabalhados na Educação infantil; pesquisar sobre quais jogos podem de
fato desenvolver o raciocínio das crianças na Educação infantil, entre outros. Assim, percebe-se que o
professor que se dedica a Educação infantil precisa estar sempre atualizado e continuar estudando e
participando de cursos de formação continuada para que seus alunos possam de fato se desenvolver
de forma integral.
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REFERÊNCIAS
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Infantil. 2010. 50f. Universidade Federal de Alfenas, Minas Gerais.
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dos Jogos Matemáticos na Aprendizagem nas Séries Iniciais. 2011. 20f. Centro Universitário
Leonardo Da Vinci, Colíder.
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PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da
Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
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mostrar. Desse modo o artesão expressa A definição mais conhecida diz que o grafite
seus sentimentos, sua indignação ou sua é um tipo de inscrição feita em paredes.
opinião por meio dos desenhos.
Existem relatos e vestígios dessa arte
O grafite hoje é objeto de estudo em desde o Império Romano. Seu aparecimento
distintas áreas de pesquisa brasileiras. na Idade Contemporânea se deu na década
de 1970, em Nova Yorque, nos Estados
Embora o acontecimento seja Unidos. Alguns jovens começaram a deixar
relativamente atualizado aqui no Brasil (uma suas marcas nas paredes da cidade e, algum
vez que o grafite chegou aqui por influência tempo depois, essas marcas evoluíram com
da cultura hip-hop, surgindo “[...] entre o final técnicas e desenhos, é a forma mais atualizada
dos anos 1970 e o início dos anos 1980” de expressão cultural nesse novo milênio. É
(SOUZA, 2011, p. 66)). um tipo de arte praticada, especialmente, por
jovens que costumam escrever nas paredes
De acordo com Sampaio (2006): das cidades.
A causa da produção do grafite sempre se viu Com o grafite, muitos grafiteiros fazem
envolta numa aura de mistério, o que não surpreendentes desenhos e trabalhos nas
impediu a diversos autores e pesquisadores ruas e essas obras já são analisadas como
tentar explicá-la. Numerosas são as tentativas obras artísticas. Eles estão fazendo sucesso
sociológicas, psicológicas e de demais teorias
em vários países, e para muitos isto já virou
de análise do comportamento humano que
profissão. Isso é o reconhecimento do grafite,
tentaram explicar o fenômeno. (SAMPAIO,
um trabalho bonito, sem imundícies e sem
2006. p. 7)
crime, é obra de arte. É também um alerta para
os pichadores, que estão desobedecendo o
O que se nota é que a cultura de grafite patrimônio e a cultura da cidade. Eles podem
atrai justamente por sua viração de mistério, transfazer a pichação em arte, podem fazer
para usar o termo importante de Sampaio bons trabalhos e trazer cultura para o país.
(2006). O texto que, muitas vezes, surge
de modo enigmático, transforma-se e é Existe muita discussão sobre o assunto.
apagado nos muros, por sujeitos anônimos Muitos grafites têm boa qualidade artística e
na multidão das cidades, parece instigar nos são até mesmos encomendados. Outros não
pesquisadores o desejo de compreender o passam de vandalismo e poluição visual. O
funcionamento e a organização dessa prática utensílio que eles utilizam é o spray em lata,
cultural. que é a tinta mais usada pelos grafiteiros.
Mas outros materiais, como o látex aplicado
A arte do grafite é uma forma de sobre máscaras vazadas que delimitam a
aparecimento artística em espaços públicos. região a ser pintada, também são usados.
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O GRAFITE NO BRASIL
PRINCIPAIS TERMOS E GÍRIAS
Em diversas cidades encontramos UTILIZADAS NESSA ARTE
diferentes formas de arte nos muros de cada
esquina, as pichações e os grafites. Mas o que • Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
eles querem dizer? Por que o fazem? Para
um laico, grafite e pichação não passam de • Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
rabiscos feitos com tinta nos muros, ou pura
e simplesmente transgressão. Contudo, os • Crew: é um conjunto de grafiteiros que
percebidos do tópico pontuam que há uma se reúne para pintar ao mesmo tempo.
grande contestação entre eles. O grafite foi
introduzido no Brasil no final da década de • Tag: é a assinatura de grafiteiro.
1970, em São Paulo. Os brasileiros não se
satisfizeram com o grafite norte-americano, • Toy: é o grafiteiro iniciante.
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Delineado esse cenário fica claro porque a Temos acompanhado até aqui a comparação
mídia se torna um poderoso canal de produção de um cenário atravessado por relações
e reprodução de sistema de ideias. Por ser de poder. Trata-se de um campo em que a
um facilitador de conexões e comunicações, dominação é exercida por meio do domínio
permeia todos os espaços na atualidade. de definir práticas, produzir legitimidade e
Com o desenvolvimento tecnológico, a mídia estabelecer sanções. Vimos a capacidade
é capaz de transmitir mensagens, imagens do Estado na distinção entre duas formas
e dados de um lado a outro, prontamente, de manifestações sociais, uma ilegal e outra
sem nenhum prejuízo na informação. É mais passível de ser vista como legal, a depender
impressionante quando nos damos conta do cumprimento de certas condições.
que todo esse desenvolvimento levou menos Vimos várias instâncias que legitimam o
de duas gerações para ser conquistado e caráter estético e artístico de uma forma de
que não apresenta ritmo de desaceleração, expressão o grafite em detrimento de outra
mas de intensidade renovada. Outra a pichação. Mas vimos também como esse
característica importante da midiatização é campo é dinâmico e como os agentes do poder
que, em maior ou menor grau, é um campo hegemônico precisam lidar constantemente
democrático, onde as informações podem com pressões e resistências variadas dos
circular livremente e, assim, chegarem às pichadores que desafiam à lei aos grafiteiros
mais remotas localidades (CANCLINI, 2002). que influenciaram na modificação do aparato
legal, hoje relativamente mais flexível no
É fato que a mídia é uma ferramenta mais tratamento da arte de rua. Dentro desse
utilizada pelos poderes hegemônicos, até contexto, portanto, o grafite e a pichação
mesmo porque são estes que têm acesso são exemplos de discursos contraditórios às
facilitado às tecnologias de divulgação. lógicas hegemônicas que conseguiram acessar
Desse modo, é importante deixar claro o universo da midiatização, utilizando-a para
que os meios de comunicação também se desenraizar dos prédios, muros e fachadas
são utilizados por ideologias ripícolas. Um e se expandir enquanto movimento.
exemplo são os diversos documentários,
fotos, vídeos, reportagens que circulam tanto
na esfera da comunicação como nos espaços O GRAFITE E A
mais populares, como as redes sociais, que MODERNIDADE
por ainda não possuir leis para regularizá-las,
tornaram-se ferramentas ultrademocráticas, Tentar determinar ou distinguir uma
onde todos falam o que querem sobre manifestação artística pode encontrar
qualquer assunto (CANCLINI, 2002). Tal muitas opiniões divergentes, e o grafite não
observação é principalmente relevante para é exceção, ou seja, para alguns, grafite é
o tema do presente trabalho. considerado um movimento cultural, já, para
outros, não é.
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bairro Nova Iorquino do Bronx, também Atualmente, o grafite representa uma arte
restabeleceram esta forma de arte, mas desta livre, sem necessidade de educação formal
vez não era com carvão e sim com tintas para ser produzida, podendo expressar
spray, criando um novo diálogo com o grafite, vários sentimentos nas pessoas que são a
colorido e muito mais rico, tanto visualmente ele submetidas. A partir dessas questões
quanto no conteúdo de mensagens que eram colocadas até esse momento, pode se pensar
passadas. (SOUZA, 2008, p. 43). e relacionar o grafite, como manifestação
cultural, com a moda.
Para explicar a origem dos grafiteiros pós-
modernos, podemos utilizar a explicação Segundo Palomino (2003), a moda é
do professor de história da Universidade de mais do que apenas vestuário, mas está
Sorbonne, Denys Riout, o qual diz que existem relacionada a um contexto maior: A moda
duas teorias: a que surgiu juntamente com é um princípio que segue o vestuário e o
o Hip Hop, nas periferias americanas, sendo tempo, que integra o simples uso das roupas
que as pessoas que faziam parte desses no cotidiano a um contexto maior, político,
movimentos eram integrantes de gangues e social, sociológico. Você pode enxergar a
muitas vezes usavam o grafite para defender moda naquilo que escolhe de manhã para
seu ponto de vista ou ofender uma gangue vestir, no look de um punk, de um skatista e
rival; ou a que surgiu no bairro do Brooklin, de um pop star, nas passarelas do Brasil e do
em Nova Iorque, com uma veia social maior, mundo, nas revistas e até mesmo no terno
sendo fixado em lugares com grande fluxo que veste um político ou no vestido da sua
de pessoas, visando à maior visibilidade avó (PALOMINO, 2003, p. 14).
possível (SOUZA, 2008).
Em outras palavras, a moda não está
Banksy (2006), o grafite foi primeiramente restrita às roupas, mas à cultura, às tradições
usado por ativistas políticos e somente com e à forma de viver e pensar das pessoas.
palavras, sem desenhos. Na sua maioria
apareciam em estações de metrôs e trens, Para Garcia e Miranda (2007), Moda
pois era nesses lugares que os artistas tinham é o conjunto atualizável dos modos de
maior visibilidade. visibilidade que os seres humanos assumem
em seu vestir com o intuito de gerenciar a
A arte do grafite não é simplesmente o que aparência, mantendo-a ou alternando-a por
os desenhos tentam passar, mas compreende meio de seus próprios corpos, dos adornos
também o que os artistas sentem ao adicionados a eles e da atitude que integra
produzi-los, pois, pelo fato de não ser uma ambos pela gestualidade, de forma a produzir
atitude legalizada, a adrenalina que surge no sentido e assim interagir com o outro.
momento em que o artista está grafitando (GARCIA; MIRANDA, 2007, p. 22).
uma parede, por exemplo, é grande.
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O autor entende a moda como forma de O artista gráfico francês Kongo3 foi
comunicação que serve para comunicar a convidado pela primeira marca acima citada
identidade dos indivíduos ou grupos sociais para produzir uma gravura que foi estampada
entre si, o que vem ao encontro das ideias de nos icônicos lenços da grife, como podemos
Garcia & Miranda (2007). observar a seguir. O grafiteiro Kongo3 é
popular mundo afora por ter deixado a sua
A moda utiliza-se das mais diferentes marca em paredes de cidades como Paris e
fontes de criação para suas criações. Nova Iorque. Ele é ainda um dos fundadores
Pessoas, lugares, movimentos urbanos, entre do Internacional Grafite Festival, episódio
outros. A inspiração pode vir de alguma coisa que reúne vários artistas da área. Já a marca
comum, que vemos todos os dias, mas além francesa Louis Vuitton aproveitou a estampa
disso pode surgir de uma viagem, de algum de seu nome feita pelo artista plástico e
lugar que visitamos somente uma vez, ou grafiteiro americano Stephen Sprouse em
mesmo de uma lembrança. O grafite, que uma bolsa feminina.
está presente na maioria das vezes na vida
das pessoas, mesmo sem o consentimento No Brasil também temos exemplos de
delas, serviu e ainda serve como base para estilistas que se utilizam do grafite em
diversos estilistas. Essa coerência entre os suas criações, como na coleção de Lucas
dois mundos - arte e moda - aparece em Nascimento, brasileiro radicado em Londres,
diversas formas, sendo no shape da roupa, a qual foi inspirada nos grafites de São Paulo.
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Assim, o que chama a atenção é a ilustração, que num primeiro momento pode parecer
infantil, mas só está disponível na numeração adulta, assim, podemos inferir que esse produto
agrada a esse público mais do que às crianças. Ainda que haja poucos trabalhos acadêmicos
a respeito da utilização do grafite pela moda, essa forma de manifestação da cultura e suas
relações com a moda podem ainda ser bastante exploradas. O grafite, como arte de rua,
pode se relacionar, por exemplo, com a street wear, que também se utiliza de tendências
que nascem nas ruas e que servem de inspiração para os criadores de moda. O diferencial da
moda está no valor agregado à roupa, e o uso do grafite nas estampas faz com que o produto
de moda que o utilize tenha um valor diferenciado.
Dessa maneira, o grafite, no período em que vai para uma galeria de arte, deixa de ser
arte de rua e passa a ser arte conceitual, porém, quando utilizado pela moda, não perde sua
essência, pois continua na rua, já que a moda transita por ela.
De acordo com Sampaio (2006) é que a cultura de grafite atrai justamente por sua viração
de mistério. O texto que, muitas vezes, surge de modo enigmático, transforma-se e é apagado
nos muros, por sujeitos anônimos na multidão das cidades, parece instigar nos pesquisadores
o desejo de compreender o funcionamento e a organização dessa prática cultural.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Demarcar as fronteiras entre o grafite e a pichação
se constitui um desafio pela fluidez das práticas, em
que os envolvidos frequentemente transitam entre as
duas modalidades. Além disso, os não praticantes não
conseguem diferenciar uma técnica da outra, por diversas
vezes confunde o que já é socialmente legitimado e o que
não é. Se a lei procura estabelecer uma demarcação clara
entre as duas práticas, reforçada pela mídia e pelas esferas
da arte institucionalizada, vimos ao longo deste trabalho
uma realidade marcada pela ambiguidade das categorias. SIMONE BUENO DE
Os grafismos aparecem à revelia do almejar dos poderes FREITAS SOUZA
hegemônicos. Graduação em Pedagogia pela Faculdade
Anhanguera UNIDERP (2015); Professora
Nascem em muros públicos, muros privados, símbolos de Educação Infantil e Fundamental I na
históricos, prédios, placas, bueiros, enfim, em qualquer EMEF Senador Teotônio Vilela – Ceu Paz
suporte urbano. São técnicas que retribuem ao espírito – São Paulo.
desobediente da juventude e sua ânsia por destaque,
desperta desde cedo o interesse em meninos e meninas, que
veem nas revelações uma abertura para a autonomia e para o
protagonismo. Apesar de cada vez mais existirem praticantes
que defendam a seriedade do trabalho permitido, muitos não
estão preocupados com essa mordomia, enquanto tantos
outros a rejeitam, pois não querem ver seus comportamentos
limitados. As práticas são objeto de interesse e inquietação
para governantes, estudiosos, empresários e toda sociedade em geral. Por estarem
estampadas em locais públicos chamam a atenção e afetam aqueles que ali transitam, como
também as autoridades, que entendem o ato como uma afronta aos poderes instituídos. Por
isso, para governantes, empresários e sociedade em geral, o interesse está na regularização
das metodologias. O caminho encontrado pelas forças hegemônicas para lidar com esse
lugar da resistência tem sido a sua domesticação, ainda que parcial. A persistência num
enquadramento surja da percepção de que proibir como um todo não gerou os efeitos
coercitivos esperados e não levou a uma extinção da prática.
Consequentemente, a tentativa atual é de regular, delimitar quem pode fazer, o que, como e
onde. Como um exemplo brasileiro foi a promulgação da Lei 12.408/2011 que altera o Artigo
65 da Lei 9.605/98, analisa o ato de grafitar uma expressão artística mediante autorização e
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Do mesmo modo dificulta o trabalho de agentes da limpeza urbana, que podem apagar
trabalhos autorizados, por conta da desinformação. Este e outros esforços de regulação têm
se mostrado incapazes de dar conta de toda a pluralidade do movimento.
As medidas adotadas não respondem aos questionamentos levantados por esses sujeitos,
além de serem formuladas por um sistema que já não os representa. Há, entretanto, um
instrumento que tem se apresentado relativamente competente para dar conta do universo
de pichadores e grafiteiros desde sua origem, porquanto de certa forma faz parte da sua
constituição. Esse instrumento é a mídia. Esta conseguiu convidar as duas ideologias de
maneiras distintas, por vezes contraditórias. Mesmo que essa identificação tenha alcançado
com mais sucesso as duas manifestações, atualmente, uma vertente do grafite percebe na
mídia uma perspectiva de expansão do movimento, divulga mais os trabalhos e os valores
da prática, possibilita também uma maior inserção no mercado como produto. A pichação
igualmente investe na mídia como meio para divulgar sua ideologia. Ainda de poucos, já
existem registros feitos pelos próprios pichadores contando suas histórias, motivações,
conquistas, confrontos, derrotas. Apesar disso, esses materiais ainda não chegaram a ser
disseminados ao grande público, estando restritos a internet e alguns festivais menos
conservadores.
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em que vivem, a fim de que o jogo seja algo Tanto os professores quanto a escola tem
com muito significado para as crianças. um papel fundamental, dispondo um local
com contexto e um tempo educativo.
Quando observamos o desempenho das
crianças jogando podemos avaliar o nível de Quanto algumas dificuldades apresentadas
seu desenvolvimento motor e cognitivo. Com pelas crianças, o professor precisa estar
o lúdico, aparecem suas potencialidades e, ao atento e consciente de sua responsabilidade
observá-las, enriquecemos sua aprendizagem, como educador e precisa despender mais
fornecendo a partir dos jogos o necessário esforço e energia para ajudar a aumentar
para o seu desenvolvimento pleno. Ao o potencial motor, cognitivo e afetivo do
brincar e jogar a criança tem a possibilidade aluno, trazendo o jogo para dentro da sua
de desenvolver capacidades indispensáveis aula, ajuda e muito, pois o jogo é uma fonte
à sua formação como individuo, o educador riquíssima de aprendizagem.
sempre precisa ter atenção à alguns pontos:
atenção, afetividade, a concentração das O educador que utiliza jogos nos seus
crianças e algumas outras habilidades programas estimula a atividade psicomotora,
perceptuais psicomotoras para a realização permitindo que o desempenho psicomotor da
do jogo, alguns precisam de conhecimentos criança enquanto joga, alcançando níveis só
numéricos e alguns raciocínios lógicos alcançados quando há motivação intrínseca.
matemáticos para conseguir ganhar o jogo. Favorecendo a concentração, a atenção, o
envolvimento e a imaginação. Fora isso o
O jogo deve ocupar um lugar especial jogo ajuda na verbalização entre as crianças.
na prática pedagógica, podemos afirmar
que o jogo é um promotor da capacidade e Os jogos mudam de acordo com a idade
potencialidade das crianças, e precisa ter um das crianças, mudando sua compreensão
espaço especial dentro da sala de aula. em relação aos problemas diversos que
começam a aparecer. Jogando as crianças
As escolas atualmente precisam se descobrem o que se encontra à sua volta,
adequar às necessidades da sociedade, relacionando suas vidas, percebendo alguns
sendo necessário um posicionamento com objetos e o espaço que seu corpo ocupa no
maior dinamismo, no qual é preciso que mundo em que esta inserida. O faz de conta
esteja aberta ao diálogo com as necessidades e as brincadeiras, os jogos simbólicos, a
da comunidade na qual esta inserida e com troca de papeis, criando e recriando algumas
outras instituições. situações agradáveis ou desagradáveis, as
crianças podem realizar atividades que já
A educação precisa utilizar na prática o que viram adultos desempenhando.
é na teoria, desenvolvendo com isso seres
humanos melhores, em todos seus aspectos.
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alguém que aponte para modos de agir que facilite a descoberta de novas possibilidades de
ação e auxilie na criação de novas formas de ver o mundo, as pessoas e as relações. Com isso
sugerimos alguns pressupostos para orientação deste trabalho.
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO
É sabido que quase todas as crianças gostam de jogos e brincadeiras. Pesquisas recentes
afirmam que o lúdico é indispensável para o aprendizado da criança e o adolescente, pois além
de auxiliá-la em seu desenvolvimento psicológico, essas atividades facilitam a integração
social e a organização, sendo, portanto, fundamental na formação do caráter do educando.
Os jogos podem proporcionar vários benefícios no aprendizado das diversas áreas escolares.
Em estudos o tão conhecido educador e pesquisador Jean Piaget, mostrou quais as etapas
da formação da inteligência da criança. E observando um grupo de crianças jogando xadrez
pode-se constatar que os progressos atingidos são de ritmos extremamente diferentes, o
que permite concluir a tão importância de se aplicar uma pedagogia de níveis. Para Jean
Piaget o homem já nasce com a capacidade de pensar e aprender é um processo dinâmico,
e a acomodação é o encaixe de todo conhecimento.
O jogo é uma atividade criativa e curativa, pois permite a criança reviver ativamente a situações dolorosas e
ensaiando nas brincadeiras as suas expectativas da realidade. Constitui-se importante terapêutica, permitindo
investigar, diagnosticar e remediar as dificuldades, sejam elas de ordem afetivas, cognitivas ou psicomotoras.
Em termos cognitivos significa a via de acesso ao saber, entendido como incorporação do conhecimento numa
construção pessoal relacionada com o fazer (BOSSA,1994,p.85-88).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante décadas as crianças brincavam a partir dos
saberes que eram passados por seus pais, avós, tios ou até
por vizinhos. Atualmente houve uma mudança nas formas
de brincadeiras, bem como nos próprios brinquedos.
Antigamente os brinquedos eram confeccionados pelos pais
e avós, eram feitos à mão, agora há uma gama enorme de
brinquedos confeccionados pela indústria, que passou a
criar e a produzir brinquedos em todo o mundo.
Um bom professor tenta levar as crianças a buscarem seus aprendizados, levando para
dentro da escola atividades cada vez mais lúdicas para seus alunos, fazendo com que
participem cada vez mais das atividades, fazendo com que eles tenham cada vez mais em
buscar o conhecimento e mostrando que são capazes de aprender o que buscarem.
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As atividades lúdicas podem mudar a vida da criança dentro da escola, pois muitas
desanimam logo no primeiro obstáculo e como professores precisamos auxiliar no que for
possível, e até fazemos o impossível para fazer com que nossas crianças aprendam.
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REFERÊNCIAS
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A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO
PROCESSO EDUCATIVO
RESUMO: Partindo da premissa de que a escola é um espaço voltado ao conhecimento e
desenvolvimento humano, é comum que erroneamente familiares responsabilizem apenas a escola sobre
esse processo, quando na verdade a parceria entre ambas as partes é capaz de potencializar e formar
uma base sólida para a criança. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo compreender o
impacto da família no processo educativo. Para isso, foi desenvolvido um estudo de caráter bibliográfico,
que evidenciou que durante longos períodos a criança não foi enaltecida na sociedade, porém com o
seu reconhecimento enquanto cidadão, o acesso a educação passou a ser uma das ferramentas mais
reconhecidas de desenvolvimento humano. A escola, por sua vez, assumiu diferentes papéis voltados
ao cuidar e educar, muitas vezes oferecendo assistência as famílias trabalhadoras, além do caráter
pedagógico que foi fortalecido na contemporaneidade. Contudo, muitos familiares deixaram de lado
a responsabilidade de participar ativamente do desenvolvimento da criança, com valores, estímulos e
a criação de um ambiente saudável para o seu crescimento. Dessa forma, quando parceira da escola,
consegue alinhar os valores transmitidos, incentivando, acompanhamento e potencializando ainda
mais o trabalho que é feito pela instituição escolar. Concluiu-se que a parceria entre ambos deve ser
enaltecida, uma vez que este forte elo é capaz de garantir o desenvolvimento integral da criança e todo
suporte necessário para que transcenda e evolua enquanto aluno e cidadão.
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Sendo assim, a criança exercia atividades se sucedia no convívio dos pequenos com
voltadas no que os adultos faziam, ou seja, os adultos em suas atividades cotidianas,
se socializavam transmitiam de valores e de foi transferida a serem praticadas no
entendimento que não eram testificados âmbito escolar. A ocupação com propósitos
pela família. A criança era distanciada de seu educativos fora delegado pela escola, que
habitat familiar logo cedo, para ter convívio passou a ser responsável pela modificação.
com outros adultos. Sobretudo, dentro desse Segundo Aries, (1978) As crianças foram
contato, esta criança passava rapidamente então separadas dos adultos e mantidas em
para a fase adulta. escolas até estarem prontas para a vida em
sociedade.
No entanto, a definição de infância não
tinha um termo, pois o seu desenvolvimento Na Idade Moderna, devido ao grande
era interrompido muito antes de sua acontecimento que ocorreu nesta época,
vida adulta chegar, assumindo ofício de à elevação retomada em propósito de uma
responsabilidade. Sobretudo a situação nova concepção de família burguesa trás uma
começa a tomar outro rumo, idealizando reforma da escola. Conforme explicam Lajolo
um fato de suma importância no olhar do e Zilberman (1991), conservando-se assim,
sentimento de infância. Sendo esta, a forma um modelo de família no qual cabia ao pai
de como as crianças de família burguesas amparo econômico e a mãe a administração
que não se vestiam mais como adultas e da vida doméstica particular.
passaram a ter trajes conforme à sua idade,
que as diferenciavam. No entanto, para desempenhar esta
situação, ou seja, tomar outro rumo era
As modificações e reviravoltas sociais preciso ser colocado objetivo principal, a
ocorridas no século XVII cooperaram criança, aplicando assim a proteção e cuidado
definitivamente para a transformação e de algo que fosse valorizado, a ser tratado
construção de um sentimento de infância. com outra visão.
As mais primordiais foram às reconstruções
religiosas entre elas católicas e protestantes, Contudo, este novo acontecimento em
que tornaram uma nova visão referente valorização a infância, respeitando com
à criança e sua aprendizagem. Um fato indivíduo que cabe a este uma consideração,
importante a ser ressaltado é a afetividade, suscitou de acordo com Zilberman (2003)
que adquiriu mais mérito no seio familiar. maior união familiar, mas igualmente meios
de controle do desenvolvimento intelectual
Sendo assim, a afetividade era vista da criança e manipulação de emoções.
especialmente, por intermédio da
valorização que a educação começou a ter. Aparece uma preocupação com a
A aprendizagem das crianças, que outrora constituição moral da criança, e a igreja
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naquela época como entidade maior, se de família que surge nos séculos XVI e XVII,
responsabiliza em conduzir a aprendizagem, inseparável do sentimento da infância.
pretendendo averiguar que, a criança era fruto
do pecado, e assim, deveria ser direcionada Sobretudo o aconchego familiar recebe
ao caminho do bem. Entre partidários e um caráter mais particular, e paulatinamente
os mestres do século XVII daquela época, a família se responsabiliza em um papel
formou-se o sentimento de infância que que outrora era realizado à comunidade. É
dirigia a trazer uma grande orientação em se necessário frisarmos que esse sentimento
inspirar a educação do século XX (Àries,1989). de infância e de família que simboliza um
A partir daí, vem a compreender dos sujeitos parâmetro burguês, que se idealizou em
de receptividade direcionados às crianças, universal (KRAMER, 2003).
de caráter repressivo e compensador.
Assim, a criança sai da condição de que
Por um lado, a criança é contemplada não era vista, e devagar conquista um âmbito
como um indivíduo inocente que necessita de maior evidência no meio em que está
de cogitações, vendo de outra forma, a inserida.
mesma, era vista como um indivíduo fruto
do pecado. Segundo Kramer:
O DESENVOLVIMENTO DA
Nesse momento, o sentimento de infância
CRIANÇA E A VIDA ESCOLAR
corresponde a duas atitudes contraditórias: uma
considera a criança ingênua, inocente e graciosa Na contemporaneidade a Educação
e é traduzida pela paparicarão dos adultos, e a Infantil volta-se para a autonomia das
outra surge simultaneamente à primeira, mas
instituições de ensino e que tal projeto tenha
se contrapõe a ela, tornando a criança um ser
em seu desenvolvimento uma padronização
imperfeito e incompleto, que necessita da
de qualidade garantindo sua proposta no
moralização e da educação feita pelo adulto
modelo educacional no sentido de direitos
(KRAMER,2003, p.18).
e o bem-estar das crianças levando em
consideração diversas linhas de avaliações
É importante salientar, que esses que muitas vezes são divergentes e se
dois sentimentos são contemplados por contradizem, correndo um grande risco de
intermédio de uma nova situação que se dar um caráter institucional a infância
inicia por parte da família em questão à regulando a em excesso.
criança como um bem a ser visto no futuro,
que necessita ser guardado, e, no entanto, Outro seria torna-la espontânea sem
deve ser distanciado de maus físicos e distinção. Uma construção de instituição
morais. De acordo com Kramer (2003), não é de educação infantil que não se isole das
a família que é nova, mas, sim o sentimento famílias e não compreendam a socialização
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Segundo Paro (2000, p.30) idealizador de Se tanto a escola como a família se unirem
uma pesquisa que relata a importância no em uma único propósito, as chances de um
seu desenvolvimento escolar, complementa bom desenvolvimento escolar são muito
que: maiores, mas para que isso aconteça é
necessário uma gestão democrática, onde a
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escola estará disponível para conhecer mais os pais ,e assim conscientiza-los e fazer com que
participam das atividades pedagógicas não somente no dia da reunião de pais, para falar sobre
problemas ,mas sim encontrar solução para tentar sanar o problema, motivando a família
através de festas, projetos em parceria com os alunos. Claro que isso não ocorrerá á curto
prazo pois nossa sociedade ainda tem muitos pré-conceitos com relação a educação, mas
um trabalho realizado com boa vontade, e que vai de alguma forma valorizar o aprendizado
desse aluno, é muito provável que se obtenha o sucesso (TIBA, 1996).
Deixando claro que precisa ser um trabalho conjunto, ambos têm que se completar, e não
um ter mais responsabilidade que o outro, são necessárias intervenções de ambas as partes,
os pais ajudando no incentivo e a escola na parte pedagógica.
O interesse e participação familiar são fundamentais. A escola necessita saber que é uma instituição que
completa a família, e que ambos precisam ser uns lugares agradáveis e afetivos para os alunos\filhos. Os pais
e a escola devem ter princípios muitos próximos para benefícios de filho\aluno. (TIBA,1996.p.140)
Neste sentido, vale ressaltar que a família seria a base para esse aluno se motivar com
relação ao seu aprendizado, sem esquecer o apoio pedagógico com um olhar mais específico,
podendo diagnosticar os problemas e encontrar soluções em novos métodos de ensino
(TIBA, 1996).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo visou compreender o impacto da presença da
família no processo educativo, visando mostrar a necessidade
de parceria entre a família e escola para o desenvolvimento
integral da criança.
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O DESENVOLVIMENTO DO
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO: Este artigo concentra-se em comentar o que é de suma importância para os
alunos de ensino fundamental aprender sobre o assunto da matemática, devido à grande
importância que como uma ferramenta que permite não só a resolução de problemas, mas
também a novas situações que geram conhecimento nas diferentes áreas do trabalho,
profissional e pessoal dos indivíduos. A influência e importância da matemática na sociedade
tem crescido constantemente, boa parte devido ao aumento espetacular de suas aplicações.
Pode-se dizer que tudo é matematizado. Assim, o ensino da matemática ocupa um lugar
estratégico na formação concebida pelos currículos de vários países.
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atendendo à cor das figuras permitidas para essa relação com o elemento imediato que,
formar a primeira subclasse, para então ao reverter a ordem de comparação. Esse
realizar a seguinte categorização baseada na relacionamento também é revertido.
seguinte propriedade, e esse foi o tamanho,
como a próxima subclasse.
COMPETÊNCIAS
Então, isso apresenta que o pertencimento MATEMÁTICAS
é exemplificado a partir do fato de que uma
figura vermelha pertence ao universo, bem
RELACIONADAS COM A
como uma figura grande também pertence CONSTRUÇÃO DO NÚMERO
ao universo; considerando que a inclusão
significa que qualquer pequeno está contido O primeiro aspecto relacionado ao
na subclasse de cor. número é orientado não apenas à aquisição
de terminologia e operações básicas de
Além disso, é apresentado que foi levado aritmética, mas agora é relevante que a
a cabo da cor como o primeiro critério e o criança de uma série numérica o ordenar
tamanho como segundo critério. Isso também na forma ascendente ou descendente, bem
poderia ter sido feito com base em outras como determinar a regularidade dele. Neste,
categorias, como a forma ou a espessura dos ou seja, as habilidades para desenvolver são
blocos lógicos. as seguintes:
Por sua vez, seriação é uma operação Coletar Informação Sobre Critérios
lógica que consiste em estabelecer relações Acordados, Informação E Interpretação. Esta
entre elementos que são diferentes em competência é orientada para a realização
algum aspecto e ordenam essas diferenças. de diversos processos matemáticos
importantes, como o agrupamento de
Neste sentido, esta operação pode ser objetos de acordo com seus atributos
feita de forma crescente ou decrescente qualitativos e quantitativos para a forma,
e assimilá-lo, é necessário que sejam cor, textura, utilidade, numerosidade,
construídas duas relações lógicas: tamanho, etc., que lhe permitirá organizar
transitividade e reciprocidade. Transitividade e registrar informações em tabelas, tabelas
é o estabelecimento da relação entre um e gráficos simples usando material concreto
elemento de uma série e o próximo e deste ou ilustrações. Neste sentido, é necessário
com o posterior, a fim de identificar a relação iniciá-lo a partir da proposta de códigos
existente entre o primeiro e o último. pessoais por dos alunos para posteriormente
acessar os convencionais para representar a
Em tanto, a reciprocidade faz referência informação dos dados. Também é importante
a que cada elemento de uma série tem que o aluno interprete e explique Informações
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3) Ordenar uma coleção (atribuir e localizar a posição dos elementos de uma coleção), que
lhe permitirá resolver situações matemáticas mais elaboradas.
Da mesma forma, é importante trabalhar com esses processos formativos, porque eles
permitem que a criança construção do sistema de numeração, que constitui o instrumento
de mediação do outro aprendizado matemático. Consequentemente, a qualidade da
aprendizagem que o as crianças podem alcançar em relação a este objeto cultural é decisivo
para a sua carreira mais tarde escola (TERIGI E WOLMAN, 2007).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A matemática é considerada como uma segunda língua,
a mais universal, pela qual tanto a comunicação quanto à
compreensão técnica e científica dos eventos mundiais são
alcançadas. Antes disso Precisamos construir um conjunto
de competências em crianças da Primeira Infância que lhes
permitem entendê-los e usá-los como ferramentas funcionais
para a abordagem e resolução de situações, tanto escolar
como profissional.
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Portanto, agora o professor tem que entender que ele não intervém formulando
conhecimento direto, mas agora sua participação está focada na geração de condições
para que o conteúdo seja construído pelos alunos. Desta forma, esta intervenção sob
o desenvolvimento de competências não é orientada para a exposição do algoritmo
convencional, mas é agora um produto de as relações que os alunos estabelecem com o
conhecimento com base em suas perguntas, suas pistas e seus erros.
Assim, a intervenção tem o objetivo fundamental de gerar condições para que os estudantes
avancem a análise e interpretação lógico-matemática de cada situação.
Portanto, esse problema é projetado a partir de uma situação com a característica que
é assimilável, mas, ao mesmo tempo, que apresenta alguma dificuldade para os alunos
desenvolverem conhecimento de que eles não têm de seus procedimentos utilizados, a
validade do mesmo, a maneira de registrá-los e as intervenções de ensino que são geradas.
Assim, sob esta abordagem, os problemas não são apenas o lugar onde o conhecimento
é aplicado, mas a própria fonte do conhecimento. Isto implica que os alunos aprendem
matemática não só para resolver problemas, mas para resolvê-los. Desta forma, é necessária
que o professor ofereça as crianças à possibilidade de abordar a abordagem e resolver os
problemas do seu conhecimento anterior e informal, promovendo a evolução destes a partir
da experiência pessoal e grupal.
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REFERÊNCIAS
ÁLVAREZ, ÁNGEL (1996): Atividades matemáticas com materiais didáticos. Bases
metodológicas e didáticas.
GOÑI, Jesús M.ª (2000): O currículo de matemática no início do século XX. Espanha: Edit.
Graped
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A PSICOPEDAGOGIA E A
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
NO “PROGRAMA DE ESTUDOS DA
RECUPERAÇÃO PARALELA”
RESUMO: A não aprendizagem dos conteúdos curriculares é uma das causas do
desenvolvimento do fracasso escolar. Este artigo propõe estudos sobre a importância da
intervenção psicopedagógica no “Programa de Estudos da Recuperação Paralela” da Rede
Municipal de Educação da Prefeitura da Cidade de São Paulo, considerando a ressignificação
dos sentidos das aprendizagens no contexto escolar; a construção dos diagnósticos
psicopedagógicos a partir da pluralidade de sintomasapontados pelos profissionais que
atuam na escola e a relação destes com os resultados de baixa proficiência nas áreas da
linguagem e raciocínio lógico-matemático dos alunos dos5º e 9º anos do Ensino Fundamental.
Observou-se que a realidade da escola pública moderna, ainda não condiz com as reais
oportunidades de ensino e as suas consequências refletem a progressão cumulativa de
crianças com dificuldades de aprendizagem nos espaços dos contextos de aprendizagens
curriculares.
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do básico na Prova São Paulo; a aplicação de dos interesses pessoais das escolhas, e a
estratégias didáticas com o aprimoramento impessoalidade define a responsabilidade do
dos hábitos de estudo; a desconstrução da coautor nas escolhas.”(Moreira, 1982 p. 12).
ideia de “reforço” escolar como meio de
reposição de defasagens de aprendizagens, A alfabetização matemática se
ao contrário enfatizando a necessidade da desenvolveu especificamente de forma
continuidade e revisão das dificuldades paralela a partir do diagnóstico pontual
de aprendizagem como características das dificuldades e abrangência destas no
individuais; e a reorganização de diferentes rendimento escolar dos alunos, sendo cada
estratégias de aprendizagem no decorrer do qual com sua dificuldade de aprendizagem
período com a reestruturação contínua de e principalmente a abrangência destas no
agrupamentos produtivos. rendimento escolar. Para o desenvolvimento
das habilidades de cálculo e raciocínio
operacional. Sequências didáticas foram
A PRÁXIS PSICOPEDAGÓGICA construídas e aplicadas em função dos
NA RECUPERAÇÃO PARALELA níveis de aprendizagem de cada grupo e
suas hipóteses de leitura, escrita e cálculo.
A organização de espaços contínuos de Com o apoio pedagógico essencialmente do
leitura e escrita, principalmente funcionais material dourado, jogos de percurso, bingos
e espontâneas, visou a reconstrução e a numéricos, dominó das operações, dominó
identificação de informações específicas de de formas geométricas.
acordo com os gêneros, e assim possibilitar
a motivação ao aprendizado significativo A valorização dos conhecimentos prévios
da leitura e consequente necessidade da adquiridos e como estes se apresentaram nos
representação escrita. níveis de compreensão do raciocínio lógico
de cada aluno, foram fatores fundamentais
A busca de informações de interesse nos espaços de aprendizagem e a adequação
próprio para que os alunos aprendessem a produtiva do material didático produzido e
usar os portadores de textos (livros, revistas elaborado.
e jornais) caracterizou o sentido de que
as decisões humanas nas relações sociais
são pertinentes ao consenso dos grupos
e a sua interdependência sociocultural
é que favorece a construção do próprio
determinismo. “O significado pessoal
é produto dos intentos originados nas
relações interpessoais. Na cadência das
relações origina-se intensidade e decadência
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todos os meios que circundam a Educação, identificamos a
preocupação quanto à revisão conceitual das influências causadas
pelos paradigmas metodológicos tradicionais. Estes ainda avaliam o
desempenho escolar através do imediatismo e sequer apresentam
a preocupação com a revisão das concepções espontâneas que os
alunos trazem de seus cotidianos e vivências significativas.
Os currículos escolares são organizados em torno de conjuntos
de disciplinas nitidamente diferenciadas; caracterizadas por
ritos procedimentais, domínios obsoletos e desconectados às FLÁVIA APARECIDA
experiências das crianças. A escola carece de significados e não MIRANDA
se abstém da práxis sistêmica que processualmente aumenta os
Graduação em Pedagogia pela
índices de crianças com dificuldades de aprendizagem nas classes Universidade Presbiteriana
regulares do Ensino Fundamental. Mackenzie(1992); Especialista em Gestão
Escolar pela Faculdade de Educação
As práticas docentes generalizam suas concepções de ensino da Universidade São Paulo (1998);
de que a criança não aprende porque tem problemas orgânicos Psicopedagogia Clínica e Institucional
e psicológicos. As igualdades e as diferenças não são valores pela Universidade Nove de Julho
absolutos, entretanto apresentam relatividade entre os fatores: (2011); Distúrbios do Desenvolvimento
biológico, geográfico, cultural, econômico e educacional. As Infantil pela Universidade Presbiteriana
brasilidades marcam as diferenças na constituição real do nosso Mackenzie (2013); Educação Inclusiva
cenário escolar, entretanto ainda presume-se a concepção de pela Universidade de Brasília (2015);
igualdade como condição geral de comportamentos aceitáveis e Surdez e Deficiência Auditiva pela
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REFERÊNCIAS
BOSSA, Nadia – Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico, Porto Alegre: Artmed, 1998.
WEISS, Maria Lúcia Lemme – Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos problemas
de aprendizagem escolar, Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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