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2012

ORIENTAÇÃO AOS PACIENTES EM USO DE DOSES


ELEVADAS DE “VITAMINA” D
(a leitura cuidadosa destas recomendações é fundamental)

Prof. Dr Cicero Galli Coimbra


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O colecalciferol foi equivocadamente chamado de “vitamina” (D) no início
do século XX, quando sua presença foi percebida no óleo de fígado de
bacalhau como uma substância de estrutura química ainda desconhecida,
capaz de promover a recuperação e a cura do raquitismo infantil, promovendo a
absorção do cálcio presente nos alimentos (necessária para o desenvolvimento
do esqueleto) proporcionando, através desse efeito, a absorção da quantidade de
cálcio necessária para o pleno desenvolvimento do esqueleto, sem o atraso e as
deformidades próprias do raquitismo. Atualmente o colecalciferol é reconhecido
não somente como uma substância esteróide (hormonal), mas como necessário
para a regulação de 229 funções (genes) em todas as nossas células. É produzido
essencialmente por exposição da pele ao sol, não sendo encontrado em
alimentos senão em quantidades mínimas, insuficientes para a execução de suas
numerosas funções biológicas:

http://www.institutodeautoimunidade.org.br/#

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A deficiência de exposição solar própria da vida urbana moderna
(associada ao uso indiscriminado de filtros solares) levou ao aumento da
ocorrência de um número crescente de doenças que afetam virtualmente
todos os órgãos e sistemas do organismo humano, sendo as mais notórias as
doenças infecciosas e auto-imunitárias, o câncer, as doenças cardiovasculares,
hipertensão, diabetes, depressão, autismo, infertilidade, abortos espontâneos,
eclâmpsia e pré-eclâmpsia.

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A deficiência de “vitamina” D leva à perda da regulação de 229 funções
(genes) também nas células do sistema imunológico, reduzindo a potência
desse sistema no combate a infecções e permitindo a agressão imunitária
contra o próprio organismo. Os indivíduos mais suscetíveis a desenvolverem
doenças auto-imunitárias são parcialmente resistentes à vitamina D. Uma vez
instalada a doença, são necessárias doses muito elevadas de colecalciferol para
torná-la inativa, não somente para compensar essa resistência parcial, mas
também para “apagar” da memória do sistema imunológico a falsa informação de
que uma parte do parte do corpo deve ser tratada como um micro-organismo

[ORIENTAÇÕES AO invasor.

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Ao contrário do que ocorre com doses elevadas da corticóides e com o uso

PACIENTE EM de imunossupressores utilizados como parte do tratamento tradicional, a


administração de colecalciferol (“vitamina” D) aumenta a potência do
sistema imunológico no combate a infecções.

TRATAMENTO COM
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A utilização de doses elevadas de colecalciferol (“vitamina” D) somente
pode ser viabilizada através da prevenção da ocorrência do seu temido

VITAMINA D] efeito colateral: a absorção de quantidades excessivas do cálcio presente


nos alimentos. É como se essas doses elevadas “abrissem completamente a

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porta” para a passagem de cálcio do interior do intestino para a corrente HIDRATAÇÃO: Ingerir líquidos em abundância (pelo menos 2 litros e meio
sangüínea, obrigando o organismo a livrar-se do excesso de cálcio através da sua de líquidos por dia, incluindo água, sucos, refrigerantes, chás, etc). Essa
eliminação na urina. O excesso de cálcio, concentrado durante a formação da quantidade elevada de líquidos assegura um volume de urina de cerca de
urina, pode então depositar-se nos rins, podendo provocar a perda da função 2.000 ml, permitindo a diluição do cálcio eliminado na urina, evitando-se a
renal e tornando o indivíduo dependente de hemodiálise para poder sobreviver. excessiva concentração do cálcio urinário, que dessa forma (diluído) não se
deposita no rim, preservando-se a função renal.

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Para evitar-se a lesão renal, é fundamental que o(a) paciente não esteja

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ingerindo alimentos ricos em cálcio (essencialmente leite e seus derivados DOSE INICIAL. A dose inicial de “vitamina” D a ser administrada na
e os chamados “leites vegetais”: de soja, arroz ou aveia) pois esses primeira consulta é calculada por estimativa, levando-se em conta
alimentos não podem estar presentes no intestino quando “a porta” para a diversos fatores, principalmente o peso e a altura, a idade, a cor da
passagem do cálcio para o sangue for completamente “aberta” pela “vitamina” D pele e a gravidade das manifestações auto-imunitárias. A iminência da perda de
em doses elevadas. Se não houver excesso de cálcio no outro lado da porta (ou funções mais fundamentais para a qualidade de vida (por exemplo, a visão, no
seja, no interior do intestino), apenas a quantidade normal de cálcio (presente caso das esclerose múltipla) influencia a dose inicial prescrita, levando o(a)
nos demais alimentos) passará para a corrente sangüínea quando ela for aberta médico(a) a optar por uma terapêutica inicial mais enérgica (doses mais
pelos níveis elevados de “vitamina” D, não sendo necessária a eliminação de elevadas).
excesso de cálcio pelo rim, evitando-se assim riscos para a função renal.

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O tabagismo piora as doenças auto-imunitárias, e pode reduzir ou

7 O(a) paciente deve ter especial cuidado com a fonte fornecedora de


vitamina D. Utilize farmácia de manipulação confiável (especificamente
confiável na manipulação da “vitamina” D) ou produto industrializado.
Doses acima das prescritas por erro de manipulação podem provocar problemas
mesmo anular o efeito protetor das altas doses de “vitamina” D. O(A)
paciente deve abandonar o tabagismo para não prejudicar ou mesmo
comprometer completamente (anular) a efetividade do seu tratamento.

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muito sérios. Por outro lado, se a farmácia de manipulação utilizar um estoque Pela mesma razão o consumo de destilados deve ser evitado,
de colecalciferol que se encontra com validade vencida, nenhum efeito benéfico limitando-se o consumo de álcool a uma taça de vinho (ou 2 latas de
será obtido, perdendo-se meses de tratamento durante os quais terá cerveja) uma vez por semana. O álcool inibe a enzima que converte a
continuidade a agressão do sistema imunológico contra o próprio organismo, vitamina D para a forma ativa (hormonal) e o seu consumo rotineiro limita a
com o conseqüente risco de seqüelas cumulativas. efetividade do tratamento.

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DIETA: A dieta aconselhada é voltada à RESTRIÇÃO COMPLETA do UM FALSO SURTO: “ESQUENTANDO CICATRIZES”. Toda a vez que
consumo de laticínios (alimentos que são integralmente constituídos por o(a) paciente portador(a) de esclerose múltipla já com a doença em
leite, queijo, requeijão, iogurte, coalhada, creme de leite, doce de leite, remissão pelo uso de doses elevadas de vitamina D (colecalciferol)
pudim de leite, leite condensado) e de “leite” de soja (para redução da passar por estresse emocional, fizer exercícios físicos extenuantes, tiver privação
quantidade de cálcio ingerida devido ao uso de doses elevadas de vitamina D em de sono ou for submetido(a) a calor ambiental excessivo, os sintomas antigos
seu tratamento). Alimentos que levam leite na preparação (purê de batata, pães, (provocados, por exemplo, por uma cicatriz ainda presente em seu sistema
bolos, biscoitos, etc.), assim como manteiga e margarina, estão liberados. É nervoso) podem voltar a se manifestar (de forma mais branda), o que ocorre no
apenas aconselhável, mas não obrigatória, a restrição de carnes de aves, bovina e mesmo local onde se haviam manifestado anteriormente, ou (se não haviam
suína (para redução da quantidade de aminas heterocíclicas na dieta – desaparecido) podem se intensificar parcialmente e transitoriamente. É como se
informações sobre essas substâncias são facilmente encontradas digitando-se a o estresse emocional (ou qualquer dos demais fatores) "esquentasse" a cicatriz.
expressão “aminas heterocíclicas” ou o seu equivalente em inglês “heterocyclic Assim que o(a) paciente se acalma, os sintomas voltam a arrefecer. Se ficar
amines”. Aconselha-se fazer uma dieta ovo-vegetariana com peixes, utilizando estressado(a), angustiado(a), preocupado(a) achando que está tendo um novo
(como fontes de proteína) a proteína texturizada de soja, tofu, clara de ovo e surto da doença, vai prolongar o sintoma.
peixes (especialmente criados em cativeiro para evitar-se a presença níveis

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elevados de mercúrio na dieta) os quais devem ser preferencialmente (mas não UM VERDADEIRO NOVO SURTO. Um novo surto é em geral
invariavelmente) preparados como ensopados ou no vapor como fontes de caracterizado por um sintoma novo, diferente, que nunca ocorreu. É
proteínas. Deve-se evitar o consumo excessivo (rotineiro) de bananas, carambola improvável (não impossível) que apresente um novo surto após os
e anonáceas: fruta do conde (também chamada de pinha ou ata), graviola e primeiros 2 meses de tratamento com a dose elevada de colecalciferol que foi
atemóia. Consumir folhas verdes cruas diariamente. prescrita, calculada (estimada) de acordo com a idade, peso e estatura. Nos raros
casos em que isso acontece, verifica-se que se trata de um surto leve, então
identificado pelo fato de que se trata de um sintoma novo, que nunca ocorreu (ou
por um sintoma que já ocorreu, mas que então ocorre em uma área do corpo

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onde não havia ocorrido), que algumas vezes se resolve espontaneamente e que

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via de regra não deixa seqüelas. Ao longo do período em que a dose de O(A) paciente ou seu familiar responsável, para viabilizar o ajuste
colecalciferol (“vitamina” D) está sendo ajustada, novos surtos podem ocorrer, das doses de colecalciferol (“vitamina” D) deve conferir se todos os
sendo tratados de acordo com o procedimento tradicional (pulsoterapia por via exames solicitados foram disponibilizados pelo laboratório de
intravenosa ou corticoterapia oral, de acordo com a sua gravidade). análises e trazer os exames na forma impressa na data da consulta. Não é
aconselhável que o(a) paciente traga apenas o número de identificação e a senha

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AJUSTE DA DOSE DIÁRIA DE COLECALCIFEROL. O ajuste da dose de fornecida pelo laboratório para que a secretária tente acessar os resultados pela
vitamina D (colecalciferol) – de acordo com as necessidades internet por ocasião da consulta, pois freqüentemente a página eletrônica do
específicas de cada paciente – é feito pelo(a) médico(a) na segunda laboratório se encontra congestionada pelos acessos de outros pacientes ou a
consulta, através da comparação dos resultados dos exames (de sangue e urina) internet do consultório pode estar com problemas, impossibilitando a correção
colhidos antes do início do tratamento (primeira leva de exames) com os da dose no dia da consulta. Se souber que os exames não vão estar disponíveis na
resultados dos exames (também de sangue e urina) colhidos com o tratamento data agendada para a consulta, o(a) paciente ou seu familiar responsável deve
em curso já há pelo menos 2 meses (segunda leva de exames). Ambas as telefonar para o consultório com a devida antecedência para adiar a data da
requisições (contendo a lista completa de exames) são entregues ao(à) paciente consulta.
na primeira consulta ou a seu familiar responsável. Em outras palavras, o

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intervalo entre o início do tratamento e a coleta da segunda leva de exames não Os níveis de vitamina D (“25OHD3” ou “25-hidróxi-vitamina D”)
pode ser inferior a 2 meses para que não seja comprometido o cálculo do ajuste devem estar elevados (acima dos valores de referência indicados
da dose diária de colecalciferol para as necessidades específicas do(a) paciente; como normais pelo laboratório) a partir da segunda coleta. Isso é
durante os primeiros 2 meses após o início do tratamento ou após o reajuste da esperado e não deve provocar preocupações. Por outro lado, os níveis de cálcio
dose diária de colecalciferol os níveis de vitamina D ainda não se estabilizaram no sangue devem estar dentro dos limites normais se o(a) paciente estiver
(ainda estão se elevando), não sendo adequada, portanto, a coleta de exames de rigorosamente respeitando a dieta e a hidratação recomendadas.
sangue e urina antes desse prazo, exceto se ocorrer SEDE, quando uma dosagem

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de cálcio na urina será feita de forma independente dos demais exames (VER Ao ser ingerida, a vitamina D (colecalciferol) não deve ser diluída em
ADIANTE). Por outro lado, deve-se permitir o transcurso de pelo menos 1 mês a suco ou água (pois não é solúvel em água e parte da dose ficaria
partir da última coleta de exames até a consulta marcada para a avaliação desses perdida, presa às paredes do copo), nem gotejada diretamente na
exames para assegurar-se de que todos os exames estarão prontos na data da boca (para evitar-se a contaminação do conta-gotas pelo contato acidental com a
consulta. mucosa oral e o conseqüente crescimento de bactérias na solução, prejudicando
o prazo de validade da preparação). A dose da solução a ser ingerida (medida

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O efeito máximo (que quase sempre representa a remissão da com conta-gotas ou aspirada com uma seringa) deve ser colocada diretamente
doença) é em geral atingido após o decurso de 2 meses contados a em uma colher e ingerida pura.
partir desse ajuste (a partir do ajuste da dose feito na segunda

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consulta). Ao longo dos meses que transcorrem até atingir-se o efeito máximo, EM CASO DE VIAGEM. Durante o transporte em viagens, a forma não
surtos da doença ainda podem ocorrer (em geral são leves e de curta duração), encapsulada do colecalciferol (manipulada, diluída em óleo de
devendo ser tratados com pulsoterapia intravenosa ou com corticoterapia por girassol) não necessita ser refrigerada, mas não deve ser submetida
via oral, conforme a gravidade das manifestações. ao calor (como no interior de um carro deixado estacionado sob o sol). Em
viagens de aviões a vitamina D (colecalciferol) deve ser colocada na bagagem

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Durante o período de ajuste da dose final de “vitamina” D, é despachada (no compartimento de bagagem a temperatura é baixa e o
absolutamente vital a cooperação do(a) paciente no sentido de passageiro não precisa de preocupar com o limite de líquidos na bagagem de
buscar o máximo nível de tranqüilidade, pois os surtos ou mão). Ao chegar ao seu destino, coloque no frigobar do hotel.
exacerbações das doenças auto-imunitárias são em geral (em cerca de 85% dos

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casos) desencadeados por estresse emocional (“eventos de vida estressantes”). Deve-se evitar o uso de drogas nefrotóxicas, que podem limitar a
Por outro lado, o nível de estresse emocional também influencia na dose final, eliminação de cálcio através dos rins, provocando o acúmulo na
sendo muitas vezes necessário atingir-se níveis de vitamina D mais elevados e corrente sangüínea, pois “a porta” entre o intestino e a corrente
dieta ainda mais restrita em pacientes que persistem emocionalmente sangüínea está “aberta” pelos altos níveis de “vitamina” D circulantes. Evite
desestabilizados. Se necessário, são utilizados anti-depressivos ou tomar medicamentos desnecessários. Tenha especial cuidado com anti-
tranqüilizantes. A depressão é reconhecidamente facilitada por níveis circulantes inflamatórios e antibióticos, especialmente administrados por via parenteral
baixos de “vitamina” D e parece associar-se à forma progressiva da doença, (intravenosa ou intramuscular). Se for prescrita qualquer medicação como
devendo ser apropriadamente tratada com antidepressivos. absolutamente necessária, leia a bula e informe-se com o prescritor do
medicamento (médico) e o farmacêutico sobre a nefrotoxicidade do mesmo. Se

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verificar que de fato trata-se de medicação com potencial nefrotóxico, discuta laboratórios não declaram o volume de urina entregue, de tal forma que o(a)
alternativas com o(a) médico(a) que prescreveu o medicamento. Se for paciente deve registrar em suas anotações o volume de urina que entregou). Por
insubstituível ou absolutamente necessário, a hidratação deve ser intensificada exemplo, supondo que o resultado da calciúria de 24 horas foi de 400 mg por 24
para diminuir-se ao máximo a concentração da droga na urina em formação nos horas e que o volume foi de 2.000 ml (equivalente a 2 litros) divide-se o valor de
rins. Especial cuidado deve ser tomado no uso de antibióticos (como os amino- 400 mg por 2 litros, obtendo-se o resultado de 200 mg por litro – o que indica
glicosídios) por via parenteral (intra-muscular ou intra-venosa) em caso de que não há risco para a função renal, pois está abaixo do valor (concentração)
infecções respiratórias ou urinárias graves – sendo comuns estas últimas em máximo recomendado, conforme o item abaixo.
pacientes que apresentam tendência à retenção urinária e são repetidamente

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sondados para o esvaziamento da bexiga. A concentração de cálcio na urina estará adequada (ou seja, o cálcio
está suficientemente diluído a ponto de não provocar lesão renal) se

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Durante o tratamento, o(a) paciente deve ter especial atenção com o for inferior a 250 mg por litro de urina (seja calculada através da
sintoma de sede excessiva, pois a sede pode indicar que o cálcio está calciúria de 24 horas ou verificada através da amostra isolada – esta última
sendo eliminado em quantidade excessiva na urina, colocando em associada à pesagem das fraldas geriátricas ou absorventes urinários trocados ao
risco a função renal. Preliminarmente, o(a) paciente deve diferenciar a sede real longo de 24 horas – ver abaixo). Enfatiza-se que a hidratação abundante (igual
da sensação de “boca seca”, que pode ocorrer em decorrência da baixa umidade ou superior a 2 litros e meio de líquidos ingeridos ao longo de 24 horas) é
do ar, ou em associação com períodos de estresse, entre outras causas. No caso fundamental para manter-se o cálcio suficientemente diluído na urina a ponto de
da sede o(a) paciente necessita ingerir uma quantidade de líquidos muito acima não provocar lesão renal.
do seu padrão para obter alivio do desconforto (saciar-se). No caso da “boca

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seca” (que pode ocorrer, por exemplo, em decorrência da baixa umidade relativa Se a concentração de cálcio for superior a 250 mg por litro de urina
do ar ou transitoriamente em uma situação de estresse emocional), o o(a) paciente deverá interromper as doses diárias de colecalciferol
desconforto desaparece se apenas “molhar” a boca, não sendo necessário engolir por 3 dias, que é o tempo usualmente necessário para obter-se a
a água. No caso da sede excessiva e persistente o(a) paciente sente necessidade resolução (desaparecimento) da sede. No quarto dia deverá reiniciar com uma
de tomar vários copos de água para sentir-se saciado. dose diária menor, conforme orientação médica.

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Como a sede pode ser provocada por outros fatores (tal como a Alguns dias ou algumas semanas após a redução da dose a SEDE
ingestão de alimentos salgados, por exemplo), não há outra forma de (não a sensação de “boca seca”) pode voltar a ocorrer, mesmo
esclarecer a causa da sede senão através da medida do cálcio total encontrando-se em uso da dose menor de colecalciferol. Nesse caso,
eliminado na urina coletada ao longo de 24 horas (“calciúria de 24 horas”) deve repetir a calciúria (sem suspender o colecalciferol) e, encontrando-se a
utilizando uma das requisições que são fornecidas pelo(a) médico(a) por ocasião concentração de cálcio na urina novamente superior a 250 mg por litro de urina,
das consultas. deverá repetir o que foi recomendado no item anterior. Assim, suspende a
administração diária de colecalciferol por 3 dias e reinicia no quarto dia com

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Em caso de SEDE EXCESSIVA (não de “boca seca”), o(a) paciente uma dose ainda mais reduzida (novamente reduzida), conforme orientação
deve utilizar a requisição de calciúria de 24 horas que lhe foi médica. Novas reduções podem se fazer necessárias SE a SEDE voltar a ocorrer e
entregue na consulta e mostrá-la ao funcionário do laboratório, que SE, novamente, a concentração de cálcio na urina for AINDA superior a 250 mg
então fornecerá o recipiente para a coleta da urina ao longo de 24 horas. por litro de urina.
Normalmente, a primeira urina não é utilizada (é eliminada no vaso sanitário),

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coletando-se então toda a urina ao longo das 24 horas seguintes, incluindo a Em caso de pacientes que apresentam incontinência urinária e por
parcela final de urina, coletada na manhã seguinte, logo ao despertar para o isso utilizam fraldas geriátricas ou absorventes de urina, deve ser
início de um novo dia. Enquanto a urina está sendo coletada, a dose diária de utilizada requisição para dosagem de cálcio em amostra isolada,
colecalciferol não deve ser alterada, pois se for suspensa ou reduzida (antes ou pesando-se simultaneamente os absorventes (fraldas) a cada troca ao longo de
durante a coleta da urina) o resultado do exame já não representará o que estava 24 horas. A estimativa da calciúria de 24 horas é feita através de um artifício de
ocorrendo com o cálcio urinário em resposta à dose diária que estava tomando. cálculo, onde se assume que 1 kg de fralda ou absorvente é equivalente a 1 litro
de urina. Assim, por exemplo, se foram trocadas 4 fraldas ao longo de 24 horas,

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Ao receber o resultado da calciúria de 24 horas (usualmente o pesando 550, 600, 450 e 700 gramas, entende-se que o total (2.300 gramas)
resultado desse exame é disponibilizado na internet pelo laboratório equivalem a 2.300 ml = 2,3 litros. O peso total das fraldas trocadas ao longo de
em 48 horas, e pode ser acessado mediante o uso de uma senha), 24 horas não pode ser inferior a 2 kg se o(a) paciente estiver sendo
o(a) paciente (ou seu familiar responsável) deve fazer o cálculo da concentração corretamente hidratado (ingerindo um volume mínimo 2 litros e meio de
de cálcio na urina, dividindo a quantidade total que foi eliminada em 24 horas líquidos por dia). Supondo que a concentração de cálcio em amostra isolada foi
pelo volume de urina (em litros) que foi entregue ao laboratório (alguns de 10 mg/dL (10 mg por 100 ml), terá eliminado 100 mg por litro (230 mg em

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2,3 litros de urina). Como se verifica no item anterior, com esse resultado o cálcio para fora das vias urinárias. Encontrando-se o(a) paciente com tendência à
está suficientemente diluído na urina a ponto de não provocar lesão renal. retenção urinária, esse mecanismo encontra-se já prejudicado. Se
adicionalmente mantiver a urina coletada no interior da bexiga por tempo mais

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Pacientes que apresentam urgência ou incontinência urinária longo em decorrência da redução (intencional, por conta própria) da ingestão de
costumam reduzir a ingestão de líquidos para minimizar a líquidos para redução da freqüência das sondagens vesicais, o(a) paciente
ocorrência de situações constrangedoras, tais como ter que sair propicia o tempo necessário para a bactéria multiplicar-se, transformando o
repentinamente em meio a uma reunião no trabalho, ou durante a visita a resíduo de urina estagnado no interior da bexiga ao longo de horas em um meio
familiares ou amigos para ir ao toalete, com o risco de não chegarem a tempo ao de cultura bacteriana. Adicionalmente, se é verdade que a própria sondagem
vaso sanitário, “molhando” a roupa (incontinência). A hidratação (ingestão vesical pode levar germes para o interior da bexiga, esse efeito negativo é
mínima de 2 litros e meio de líquidos ao longo de 24 horas), no entanto, é provavelmente suplantado pela eliminação do resíduo de urina onde pode já
inegociável, pois é fundamental para proteção da função renal. Assim, estarem crescendo germes, resíduo esse que é então substituído por urina nova
recomenda-se que o(a) paciente procure urinar freqüente e preventivamente. Se (recém formada). Máximo cuidado deve ser implementado na higiene do
vai para uma reunião ou visitar um centro de compras, deve procurar urinar períneo, com uso de anti-sepsia (sabonete anti-séptico, solução anti-séptica
antes de sair. Se está em uma reunião (ou durante a visita ao centro de compras, apropriada) e sondas descartáveis por ocasião das sondagens. Adicionalmente, a
ou durante um jantar ou almoços fora de casa) que pode se prolongar por mais cada evacuação intestinal, a região perianal deve ser limpa com sabonete anti-
tempo do que o intervalo costumeiro entre duas idas consecutivas ao toalete, séptico e ducha higiênica (ou, quando isso não for possível, por encontrar-se fora
deve solicitar licença e retirar-se para ir ao toalete, antes que sinta vontade de de casa, com lenços higiênicos umedecidos com solução anti-séptica, vendidos
urinar, de forma a esvaziar preventivamente a urina quantas vezes forem em farmácias comuns). A maioria dos germes que provoca infecções urinárias
necessárias, mas sem prejuízo da hidratação recomendada. são originários de resíduos microscópicos de fezes que não são eliminados pelo
simples uso do papel higiênico; misturados ao suor, esses germes espalham-se

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O(A) médico(a) que acompanha o(a) paciente pode também pelo períneo alcançando a abertura da via urinária (uretra) e provocando cistites
prescrever medicações que reduzem a urgência urinária, e os e pielonefrites.
horários dessas medicações podem ser acertados de forma a fazer

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com que o efeito máximo venha a coincidir com o horário de almoços ou jantares Se a infecção urinária que então se instala for suficientemente grave,
fora de casa (em restaurantes ou em casa de amigos ou familiares) ou de o paciente poderá ser hospitalizado para uso de antibióticos
reuniões programadas. O efeito de uma das doses pode também coincidir com o potencialmente nefrotóxicos por via intravenosa, configurando-se a
horário do sono noturno para reduzir a freqüência de idas ao toalete durante a situação potencialmente desastrosa descrita no item “22” deste texto.
madrugada, as quais fragmentam o sono, reduzindo a qualidade de vida. Em

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alguns casos, uma única ida preventiva ao toalete durante a madrugada pode Se as medidas preventivas aqui aconselhadas não forem efetivas na
evitar o uso de fraldões noturnos (ou pode evitar o desconforto de ter o fraldão prevenção de infecções urinárias de repetição, o paciente com bexiga
ou absorvente urinário molhado com urina), sendo adequado que o(a) paciente neurogênica caracterizada por tendência à retenção urinária pode
acerte um despertador para acordá-lo antes que desperte sob urgência urinária discutir com o urologista a indicação da administração local de toxina botulínica
(com o risco de ter incontinência antes de chegar ao vaso sanitário). Nada no esfíncter vesical, permitindo o esvaziamento espontâneo da bexiga. Mesmo
impede que todas essas medidas sejam tomadas em conjunto para viabilização que isso o leve à incontinência urinária (preferível à retenção urinária e
da hidratação recomendada. múltiplas sondagens vesicais diárias, com elevado risco de infecções), os
constrangimentos sociais provocados pela incontinência podem ser evitados ou

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Pacientes que apresentam bexiga neurogênica caracterizada, ao minimizados através do uso de absorventes urinários ou de “uripem”.
contrário, por retenção urinária (e que por isso mesmo necessitam

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de repetidas sondagens vesicais para o esvaziamento da bexiga) A recorrência de infecções (sejam respiratórias, urinárias ou de
também costumam por conta própria reduzir a ingestão de líquidos como forma qualquer natureza), ao manter o estado de “agressividade” do
de diminuir a freqüência diária de sondagens vesicais. Esse hábito constitui-se sistema imunológico, prejudica o efeito benéfico das altas doses de
em grande risco quando fazem uso de altas doses de colecalciferol, pois o cálcio vitamina D no controle da doença auto-imunitária. A paciente (mulher) pode,
que potencialmente seja eliminado em excesso na urina deve estar diluído para adicionalmente, conversar com seu (sua) ginecologista para receber a orientação
não depositar-se nos rins, tal como foi já enfatizado neste texto. adicional para evitar que a atividade sexual seja mantida sem constituir-se em
desencadeante de novas infecções urinárias.

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Por outro lado, o esvaziamento urinário periódico por contração
espontânea da bexiga representa uma defesa importante contra
infecções, pois constitui-se em um mecanismo que
intermitentemente expele (expulsa, varre) germes potencialmente invasores

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