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A Ética e a Deontologia Profissional

:Existem conflitos éticos nos cuidados que envolvem o contacto com opróximo, não só
na esfera científica ou de investigação. Estes existem nocuidado dos idosos em
situações que vão desde a dinâmica do dia-a-dia comoem situações de maior
complexidade.O termo ética tem origem no grego “ethiké”ou do latim “ethica ”,vinda
da filosofia como objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem eo mal, o
comportamento correto e o incorreto. Os seus princípios constituemcomo diretrizes para
os humanos, enquanto sujeitos sociais, com a finalidadede dignificar um
comportamento. Os códigos de ética são, dificilmente,separáveis da deontologia
profissional pelo que é, igualmente, pouco usualserem utilizados
indiferentemente. A deontologia deriva das palavras gregas “déon ,déontos ”,que
significa dever, e “logos ” que se traduz como discurso ou tratado. Assim, é otratado do
dever ou conjuntos de deveres, princípios e normas adaptadas aum grupo profissional. É
uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício de uma profissão.
Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação daresponsabilidade de
associações ou ordens profissionais. Regra geral, oscódigos deontológicos têm por base
as grandes declarações universais eesforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso
nestas, adaptando-o, noentanto, às particularidades de cada país e de cada grupo
profissional. Paraalém disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios
eprocedimentos explícitos, para os infractores do mesmo. Alguns códigos
nãoapresentam funções normativas e vinculativas, oferecendo apenas umafunção
reguladora.

 
Como enfrentar os conflitos éticos nos lares:
No cuidado com as pessoas idosas em lares, surgem conflitos éticos. Alguns dos que
podemos encontrar são, por exemplo, os relacionados com asdiretrizes antecipadas, ou
testamento vital, os maus tratos, as restriçõesfísicas, a tutela, a negação de tratamentos
ou indicações terapêuticas e aoportunidade ou não de persuasão, assim como quanto
tem que ver com asatitudes nos cuidados e a formação adequada dos cuidadores.Os
passos aconselhados a seguir para resolver conflitos devem ser:
Deliberação
 A deliberação é um procedimento de diálogo, um método de trabalhoquando se quer
abordar em grupo um conflito ético. Parte-se do pressupostode que ninguém é detentor
da verdade moral e de uma vontade racional:cada um dá as suas razões e está aberto a
que os outros possam modificar oseu ponto de vista pessoal. Algumas condições para
que se produza a deliberação:

 
 Ausência de restrições externas;
 

 
Boa vontade;
 

 
Capacidade de dar razões;
 

 
Respeitar os outros quando se discorda;
 

 
Desejo de entendimento, cooperação e colaboração;
 

 
Compromisso.
 
 Atrás da atitude deliberativa está um modo de conceber o conflito éticonão só como
dilema, mas também como problema. Quem vê nos conflitossomente dilemas, quando
dialoga arranca de um ponto de partida fixo(crenças, preferências…), considera as
questões éticas como algo que temsempre de ter resposta e para as quais tem sempre de
haver uma soluçãoapropriada, já que formula um dilema entre duas posições,
defendendo-se aque se julga mais correta. Em contrapartida, quem vê nos conflitos
éticossobretudo problemas e não dilemas, situa-se de maneira aberta no debate
 
ético, considera que não tem a solução desde o início, que se pode mudar deponto de
vista, que o ponto de chegada será decisões prudenciais e nãocertezas nem soluções
únicas (a ética não é matemática).
   A persuasão
Frequentemente, ao cuidar-se das pessoas idosas, é necessáriorecorrer à persuasão,
particularmente perante as negativas, as indicaçõesterapêuticas e, de modo especial,
quando tal negativa tem repercussõesindesejáveis sobre terceiros ou graves
consequências na saúde. Podeacontecer que o caso seja tão simples como a pessoa idosa
não deixar que a
ajudem a tratar da sua higiene pessoal ou não querer comer ou ir ao hospitalfazer uma
análise ou exame.Se é verdade que é importante acompanhar um idoso a
adoptarestratégias construtivas, adaptativas e favoráveis ao processo
terapêutico,também não nos escapa a dificuldade que tem a persuasão por ter
umarelação tão próxima com a manipulação.De preferência recomenda-se aos Agentes
de Geriatria que evitem atentativa de persuadir os ajudados, dando maior importância
aos processosde tomada de decisão autónomos individuais. Caso contrário, está-se
acontribuir para o perigo de criar novas atitudes de dependência relativamenteao
ajudante, alimentando assim a imaturidade psíquica.Na relação entre o agente e a pessoa
idosa, há situações em quepodemos falar claramente de persuasão.Está claro que, diante
de um paciente que não quer lavar-se, diante deuma pessoa que não quer abandonar
atitudes antissociais, o agente terá deadoptar estratégias de persuasão, mas com alguns
critérios, entre os quais osseguintes:

 
 A prudência e a humildade de quem não quer conduzir a vida dosoutros nem se
considera dono da verdade;

 
 Acompanhamento na tomada de decisões responsáveis e saudáveis
 
para si mesmo e para os outros;

 
Promoção do máximo de responsabilidade;

 
Facilitação para que as condutas sejam adoptadas por razões que oajudado encontre
dentro de si como válidas, ou descubra a suavalidade, embora inicialmente venha de
fora;
O segredo está:- No peso dos argumentos em si- Na bondade da intenção- No modo de
induzir o outro (os meios utilizados)- Nos valores que orientam quem persuade- No
objectivo da persuasão, não centrado na lei nem na norma, masna pessoa e as suas
possíveis repercussões sobre terceiros.
Aqui, a relação de ajuda tem de entrar em diálogo aberto com asposições éticas de
respeito pela autonomia da pessoa idosa, em possívelconflito com os outros princípios
éticos.Convém ter sempre em atenção que, a linha divisória entre apersuasão, a
manipulação e a coerção, é muito subtil. Existe coerção quandoalguém, intencional e
efetivamente, influi noutra pessoa, ameaçando-a comdanos indesejados e evitáveis tão
severos que a pessoa não pode resistir anão agir, a fim de evitá-los. A manipulação, pelo
contrário, consiste nainfluência intencional e efetiva de uma pessoa por meios não
coercivos,alterando as opções reais ao alcance de outra pessoa ou alterando por
meiosnão persuasivos a percepção dessas escolhas pela pessoa. Finalmente, apersuasão
é a influência intencional e conseguida de induzir uma pessoamediante procedimentos
racionais, a aceitar livremente as crenças, atitudes,valores, intenções ou ações
defendidas
pelo persuasor. As pessoas persuasivas geram confiança, segurança e sãoconsideradas
“credíveis” e “desinteressadas” e são, quase sempre, pessoasassertivas, que sabe mover-
se de maneira harmoniosa. Quanto às mensagens “persuasivas”, é preferível que sejam
explicados os motivos que levam aquelarecomendação
.
Se prevemos oposição ao nosso conselho, tornar-nos-emosmais persuasivos se
começarmos com os argumentos que o apoiam para, nofim, introduzir a recomendação.
Não sendo este o caso, preferiremos iniciarsempre a nossa intervenção diretamente
pelas conclusões e, depois,argumentá-las de maneira conveniente.Quando a opinião da
pessoa idosa é radicalmente diferente da nossa enão conseguimos convencê-la, a nossa
imagem sofrerá algumadesvalorização. O idoso não pode aguentar a contradição de nos
julgarmosmelhores que ele (ou mais bem informados) e, ao mesmo tempo,
pensarmosque é ele quem tem razão. Por conseguinte, ele diminui essa
contradição,desvalorizando a imagem que tinha de nós.

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