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GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Escreve, na folha de respostas, o numero do tem e a letra que identifica a opção escolhida.

Lê o texto seguinte.

Os olhos que nos veem lá do fundo


Nos nossos rostos estavam já os traços deste rosto que o espelho reflete com nitidez humana. Nas nossas vozes, antes de
ilusões e desilusões, antes da erosão, estava já esta voz.
É muito fácil esquecermo-nos de quando podíamos ser tudo.
Fazíamos escolhas entre o que esperavam e o que não esperavam de nós. À nossa frente, estavam todas as possibilidades,
apreciávamos essa distância. Aquilo que já estava definido impedia-nos de muito pouco.
E aconteceu o que as escolhas sempre pressupõem: tivemos de responder por elas e tivemos de viver com elas. O tempo foi
marcado por esses dois tempos. Ao responder pelas escolhas que fizemos, fomos tecendo uma longa manta de autojustificações.
Primeiro, precisámos de defender as nossas escolhas; depois, precisámos de defender o argumento que usámos para justificá-
las; depois, precisámos de defender o argumento que usámos para justificar esse argumento; depois, um longo etc., tão longo
que, a partir de certa altura, deixámos de ser capazes de identificar onde começou.
Por outro lado, na passagem dos dias e das estações, ao vivermos com as escolhas que fizemos, fomo-nos convencendo de que
éramos apenas aquilo, de que somos apenas isto. Fomos rejeitando possibilidades até deixarmos de considerá-las.
Ainda assim, lá do fundo, há uns olhos que nunca deixaram de nos ver. Interrogam-nos em silêncio, observam-nos com a
mesma pureza do seu presente. O brilho que sustentam não se extinguiu, apenas deixámos de reparar nele.
Sem o medo de perder o que julgamos ter alcançado, ainda podemos tudo. Não é fácil voltar a acreditar depois de todos os
erros que cometemos e que, por autopreservação, atribuímos à ingratidão do mundo. Ainda assim, ao longo destes anos, o
planeta mudou muito menos do que queremos imaginar quando repetimos que não há nada a fazer.
Há tudo a fazer. Esta é a constatação que mais nos desanima porque, debaixo dos gestos e das palavras, temos muito medo.
Quando não suportamos sequer considerar esse medo, preferimos negá-lo. No entanto, não é dessa maneira que conseguimos
fazê-lo desaparecer.
E assim, lá do fundo, no silêncio a que o tempo os obriga, há esses olhos que continuam a ver-nos. Seguem cada pensamento,
respiram sempre que enchemos o peito de ar. No nosso rosto, na nitidez crua e fria deste espelho, estão ainda os traços desses
rostos, faces de pele lisa, sem rugas ou cicatrizes. Nesta voz, naquilo que tem de mais limpo, estão ainda essas vozes que quase
deixámos de reconhecer.
José Luís Peixoto. “Os olhos que nos veem lá no fundo”. In Notícias Magazine, 20-12-2015.

1. O tema do texto “Os olhos que nos veem la do fundo” e


(A) a importância das escolhas individuais no nosso crescimento.
(B) a cobardia que nos impede de fazer as escolhas apropriadas.
(C) o impedimento social perante a liberdade de escolha individual.
(D) a ausência de responsabilidade perante as escolhas que fazemos.

2. De acordo com a leitura do texto, o titulo “Os olhos que nos veem la do fundo” representa a
(A) a consciência de cada de um de nos.
(B) a forma como a sociedade nos vê.
(C) aquilo que a família espera de nos.
(D) as nossas origens.

3. Na oração “Aquilo […] impedia-nos de muito pouco” (ll. 7-8), o pronome pessoal desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento oblíquo.
4. Na afirmação “Ao responder pelas escolhas que fizemos, fomos tecendo uma longa manta de autojustificações” (ll. 11-12)
está presente
(A) hipérbole.
(B) metonímia.
(C) anáfora.
(D) metáfora.

5. Os elementos linguísticos “Primeiro” (l. 13) e “depois” (ll. 13, 14 e 15) contribuem para assegurar a coesão textual
(A) frásica.
(B) temporal.
(C) interfrásica.
(D) lexical.

6. Quanto ao seu processo de formação, a palavra “autopreservação” (l.24) e formada por


(A) derivação.
(B) parassíntese.
(C) amálgama.
(D) composição.

7. Nas frases “quando repetimos que não há nada a fazer” (l. 26) e “Esta e a constatação que mais nos desanima” (l. 27), a
palavra “que” pertence, respetivamente, a classe
(A) dos pronomes relativos.
(B) das conjunções subordinativas causais e completivas.
(C) das conjunções subordinativas completivas e dos pronomes relativos.
(D) das conjunções subordinativas.

8. Identifica a função sintática do elemento “esta voz” em “antes da erosão, estava já esta voz” (l. 3).

9. Divide e classifica as orações presentes em “O brilho que sustentam não se extinguiu” (ll. 21-22).

10. Indica o antecedente do pronome pessoal que ocorre em ≪No entanto, não e dessa maneira que conseguimos faze-lo
desaparecer≫ (l. 29).

GRUPO III

Algumas pessoas pensam que a influencia mais importante na vida dos jovens e a família. Outras pensam que são os amigos.

Apresenta o teu ponto de vista sobre este assunto, num texto de opinião de duzentas a duzentas e cinquenta palavras.

FIM
Grupo II
1. (B); 2. (A); 3. (B); 4. (D); 5. (B); 6. (D); 7. (C).
8. Sujeito.
9. Oração subordinante – “O brilho não se extinguiu”; oração subordinada adjetiva relativa restritiva – “que sustentam”.
10. muito medo.

Grupo III
Sugestão
Introdução
Explicitação do ponto de vista que vai ser defendido; tanto a família como os amigos exercem uma influência importante nos
jovens.
Desenvolvimento
– A influência dos pais: a família é um espaço de conforto e de segurança, mas também abre os horizontes, possibilitando o
conhecimento e a experimentação; os pais orientam os filhos na definição de objetivos, incentivam a persegui-los, contribuem
para o seu desenvolvimento afetivo,…
– A influência dos amigos: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és” – o provérbio reforça a ideia de que o grupo de amigos
é muito importante, mas é preciso saber escolhê-los; as qualidades que eles possuem criam afinidades e desenvolvem novas
aprendizagens, …
Conclusão
A influência de ambos pode e deve coexistir harmoniosamente, pois, quer a família, quer os amigos têm papéis diferentes e,
como, tal, contribuem distintamente para o crescimento intelectual e moral do jovem.

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