Você está na página 1de 22

DidáticaTítulo Aqui

Inserir
Inserir Título Aqui
Material Teórico
Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Kethlen Leite de Moura

Revisão Textual:
Jaquelina Kutsunugi
Educação e Métodos de Ensino
no Saber-fazer Docente

• Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Identificar as abordagens teórico-metodológicas do processo de ensino e a atuação
do professor.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

Educação e Métodos de Ensino


no Saber-fazer Docente
Iniciamos nossos estudos buscando o conceito de educação em Simone de
Beauvoir. Essa filósofa francesa contemporânea reflete, em seu livro intitulado
O Segundo Sexo, sobre o ser mulher nos dias de hoje. Essa discussão apresenta,
também, uma reflexão sobre o próprio processo de educação que esboçamos aqui.
Nesta obra, há uma citação fundamental para iniciarmos nossa discussão sobre a
importância da educação:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psí-
quico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio
da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto [...].
Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um
Outro. (BEAUVOIR, 1967, p. 9)

A citação acima destaca a importância da educação em nossa sociedade. A dis-


cussão exposta pela filósofa evidencia o valor da educação em nossa cultura. Não
nascemos mulheres, assim como não nascemos homens. Para além da questão de
gênero, o que fica explícito, nesta discussão, é o fato de que não nascemos huma-
nos, mas tornamo-nos humanos por meio da vivência em sociedade.

A pergunta para fazer você, estudante, refletir é: quais ações nos diferenciam dos animais?
Explor

E o que nos torna homens e mulheres? Pense sobre isso para além da questão biológica!

De acordo com Beauvoir (1967), tornamo-nos


homens e mulheres por meio da cultura em que esta-
mos inseridos. Aprendemos, por meio da educação,
ou seja, do processo educacional, vindo de nossas
famílias, das escolas e, por fim, de nossa sociedade, a
sermos mulheres ou homens. Há inúmeros exemplos
que “[...] podemos citar com relação a essa divisão
de gênero e a educação que nossa sociedade impõe
a nós, seres humanos” (BEAUVOIR, 1967, p. 15).
Mais uma vez, ressaltamos que o foco de nossa aná-
lise não é o gênero, mas a educação que nos ensina,
por meio da sociedade e da cultura em que estamos Figura 1 – Simone de Beauvoir
inseridos, a sermos humanos – homens ou mulheres. Fonte: Wikimedia Commons

Se pensar em seu próprio processo de educação, perceberá que tanto a família


quanto as escolas – núcleos de educação sociais – interpõem modelos de educação
para ensinar-nos a viver em sociedade. Aprendemos a ser sociáveis, solidários,

8
respeitosos, a ter bons modos, além de toda uma gama de valores e atitudes que
nos permitem ser humanos, diferenciando-nos dos animais por meio do uso de
nossa racionalidade e da educação de nossa vontade.
[...] o ser humano não nasce humano, mas que se humaniza por meio da
cultura e da sociedade, por meio do processo de mediação, dado via so-
ciedade. Em cada tempo histórico, o homem a ser construído é diferente
porque responde às expectativas da sociedade. Esse é um pressuposto
fundamental para compreendermos a importância da educação: pois é
por meio dela que nos tornamos humanos. A grande questão é que o ser
humano é visto de forma diferente, dentro do processo de desenvolvimen-
to das sociedades. (LIMEIRA; PUZIOL, 2017, p. 50)

Nesse sentido, a educação é responsável por tornar-nos humanos. Embora nas-


çamos seres humanos, tornamo-nos humanos a partir da nossa inserção na so-
ciedade e por meio da cultura que nos é apresentada. Isso quer dizer que os seres
humanos são construídos socialmente e culturalmente, portanto, quando olharmos
para a formação humana de nossos pais e avós, veremos que seus princípios e
visão de mundo são completamente diferentes dos nossos, tendo em vista que a
sua forma de criança e o tempo em que foi criado era outro. Traremos um peque-
no excerto sobre o que é cultura; isso possibilitará compreender como a cultura
influencia no processo de desenvolvimento humano.
A cultura é duradoura embora os indivíduos que compõem um determinado
grupo desapareçam. No entanto, a cultura também se modifica conforme
mudam as normas e entendimentos.Quase se pode dizer que a cultura vive
nas mentes das pessoas que as possuem. Mas as pessoas não nascem com
ela; adquirem-na à medida que crescem, suponha que um bebê húngaro
recém-nascido seja adotado por uma família residente nos Estados Unidos,
e que nunca digam a essa criança que ela é húngara. Ela crescerá tão alheia
à cultura húngara quanto qualquer outro americano.Assim, quando falo
da cultura egípcia, refiro-me a todo conjunto de entendimentos, crenças e
conhecimentos pertencentes aos antigos egípcios. Significa, por exemplo,
tanto suas crenças sobre o que faz o trigo crescer, quanto sua habilidade
para fazer implementos necessários à colheita. Ou seja, suas crenças a res-
peito da vida e da morte. Quando falo de cultura, estou pensando em algo
que perdurou através do tempo. Se qualquer egípcio morresse, mesmo
que fosse o faraó, isso não afetaria a cultura egípcia daquele determinado
momento. (BRAIDWOOD, 1985, p. 41-42)

Ao esboçar seu entendimento sobre o termo cultura, o autor corrobora com a


ideia de que cada tempo histórico e cada sociedade possui sua cultura. Assim, a
cultura reflete as crenças e valores de uma determinada nação em um determinado
tempo histórico. O termo cultura envolve, nesse sentido, aspectos morais e éticos
de uma sociedade. No Brasil, por exemplo, no período da ditadura civil militar, a
atriz Leila Diniz, ao ser fotografada grávida, em trajes de biquíni na praia do Rio de
Janeiro, causou o maior alvoroço na opinião pública (ARANHA; MARTINS, 2009).

9
9
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

Explor
Você pode se perguntar o que há de mais em uma pessoa ser fotografada de biquíni e grávida?

Obviamente que não há nada de mais! Mas, no período em que isso aconteceu,
houve uma ebulição muito grande de opiniões a respeito do fato, e isso resultou
no Decreto n.º 1077/1970, que dizia não ser tolerado “[...] publicações e exte-
riorizações contrárias à moral e aos bons costumes quaisquer que sejam os meios
de comunicação” (BRASIL, 1970). Conseguem perceber que a cultura e os meios
sociais de uma determinada época ou período histórico influenciam em todas as
decisões de uma sociedade, sejam elas políticas, legais, éticas, sociais e, até mes-
mo, educacionais? O exemplo apresentado sobre a fotografia da atriz Leila Diniz
traz discussões sobre o que era valorizado naquele período e essa valorização tem
muito a ver com o educar das famílias, bem como os pressupostos teóricos a serem
ensinados nas escolas, isso porque a cultura tem fundamentos atemporais e tanto
regiões quanto países detém sua própria construção social e histórica.

O pesquisador Antônio Severino, em seu artigo “A busca do sentido da formação


humana: tarefa da Filosofia da Educação” (2006), auxilia-nos a compreender essas
mudanças a partir da perspectiva da educação e de sua relação com a ética e a po-
lítica. Severino (2006) afirma que, desde a Antiguidade e por toda a Idade Média:
[...] estes conceitos aparecem ligados à ideia de formação humana e,
portanto, à ideia de educação. Para este autor, a educação considera os
aspectos éticos e políticos que aparecem dentro de cada sociedade, justa-
mente porque a educação reflete os ideais políticos e éticos que balizam
cada cultura. (SEVERINO, 2006, p. 45)

Dentro do contexto que temos apresentado, compreende-se o homem como


uma construção social, política, histórica, cultural e temporal, já que, em cada tem-
po histórico, o processo da educação humana reflete as questões de seu tempo.
Como veremos nos próximos tópicos, em cada tempo determinado, por exemplo,
a Grécia Antiga, a Idade Média ou a Idade Moderna, deve ser entendido a partir de
sua influência na educação e, principalmente, os embates educacionais que trouxe
para o processo educacional.

Fernández (2001) discute o conceito de educação e cultura apoiando-se nos


escritos tanto de Freud quanto de Piaget. De Freud, ela utiliza os conceitos de cons-
ciente, pré-consciente e inconsciente. Na consciência está aquilo que se sabe; no
pré-consciente aquilo que está antes de saber. Podemos pensar nos conhecimen-
tos prévios que cada um de nós possui, mas que precisam tornar-se conscientes
para que façamos assimilações; por fim, no inconsciente, fica aquilo que não se
sabe, mas que pode, sim, ser conhecido por meio dos sonhos, medos e traumas
(FERNÁNDEZ, 2001).

A autora chama a atenção para o fato de que, enquanto professores, não utili-
zamos o pré-consciente de nossos alunos como deveríamos. Trazer à tona aquilo
que talvez nem mesmo o aluno saiba que sabe é um dos fatores que garantem uma

10
aprendizagem significativa. Quando fazemos nossos planos de aula e preenchemos
itens como a contextualização ou a problematização, é exatamente isso que esta-
mos fazendo: trazendo à tona conceitos, ideias, fatos e ações, a fim de que os con-
teúdos que pretendemos trabalhar tenham significado para o aluno. No entanto,
estudante, os conteúdos curriculares e a serem abordados em sala de aula precisam
fazer parte da realidade dos educandos.

Embora o pensamento tenha sido associado a não ação e ao não sentimento, não é assim
Explor

que devemos compreender o pensamento e o próprio processo de aprendizagem: pensa-


mento e aprendizagem são ações. Você já pensou sobre isso?

Por isso, a aprendizagem supõe duas características: a primeira delas é a esco-


lha, pois o aprender decorre do desejo, ou seja, da escolha em aprender e do poder
fazer uso deste saber. O pressuposto fundamental da abordagem da aprendizagem
decorre da ação de poder usar meus saberes (enquanto estudante/educando) para
aprender novas coisas; este é um ponto-chave quando falamos em aprendizagem
(FERNÁNDEZ, 2001).

A segunda característica que está intrínseca à aprendizagem é a inteligência. Para


Fernández (2001), inteligência não é adaptação ao meio; “[...] se a inteligência é
adaptação ao meio, as baratas seriam os seres mais inteligentes” (FERNÁNDEZ,
2001, p. 81). Isso significa, estudante, que, para aprendermos, precisamos de
um ensino que seja criativo, que dê significado às informações passadas pelos
educadores. A aprendizagem passiva, sem questionamentos e sem autorias, não é,
de fato, aprendizagem, pois “[...] a aprendizagem criativa é um interjogo constante
entre o incorporar o real externo a esquemas já existentes e modificá-los: assimilação
e acomodação” (FERNÁNDEZ, 2001, p. 81).

Portanto, entendemos que a aprendizagem criativa recorre aos princípios de


assimilação e acomodação. Esses termos ganham nova roupagem na teoria piage-
tiana: quando um aluno, motivado pelo desejo de aprender, justamente porque o
professor conseguiu que a informação (que, para o docente, é conhecimento) te-
nha significado para o aprendente. A acomodação e a aprendizagem desse conhe-
cimento pressupõem que o aluno ressignifique a informação, o que pode ocorrer
de formas diversas, haja vista que cada ser humano possui sua singularidade, suas
próprias vivências e experiências. É partindo dessa singularidade que o aluno cria
seus próprios conhecimentos.

Para exemplificar, a assimilação é aquele momento em que o aluno começa a


experimentar coisas novas e, nesse instante de experimentação, o educando já tem
capacidade de entendimento suficiente para compreender que aquilo é algo novo
em seu “mundo”. Este é o momento em que o aluno passa a incorporar novos
esquemas em seu pensamento e na sua linguagem, como no momento em que a
criança entende que gato é um animal, logo, todos os animais que tiverem quatro
patas e forem peludos, irão associar ao “gato”.

11
11
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

É dessa maneira que a criança concebe todas as novas experiências de sua vida,
por meio da assimilação.

Já no processo de acomodação, este momento é que o aluno começa a fazer


ajustes em seu processo maturacional para incorporar novas experiências. Conti-
nuando no exemplo do “gato”; no momento em que a criança associa um animal
peludo e de quatro patas a um gato, ela chama-o de “gatinho”; no entanto, se
houver um adulto que a corrija e diga que aquele “gatinho” é um cão, a criança vai
aprender que o esquema que ela criou para animais peludos e de quatro patas não
funciona para todos os animais.

Assim, podemos dizer que esta ação “[...] é a condição da autonomia da pessoa
e, por sua vez, a autonomia favorece a autoria do pensar. À medida que alguém
se torna autor, poderá conseguir mínimo de autonomia” (FERNÁNDEZ, 2001,
p. 91). Nesse sentido, como processo e ato de produção de sentidos, de reconhe-
cimento de si mesmo como protagonista ou participante da aprendizagem, justa-
mente porque a aprendizagem não é mais vista de forma passiva, mas supõe ação
e criação, o que torna os alunos autores e não somente receptores.

O processo de criação ocorre enquanto se aprende; enquanto se cria. Portanto,


pensar na ação do professor em sala de aula, enquanto este ensina os conteúdos
curriculares, deve-se pressupor uma ação que seja, também, inquieta, pois, en-
quanto se está conhecendo, se está questionando.

A aprendizagem, do ponto de vista que apresentamos, deve partir da inquie-


tação, da atividade criativa tanto do aluno quanto do professor. Dar voz e espaço
para que cada um de nossos alunos tenham autonomia de pensamento sugere, por
um lado, uma nova metodologia e postura do professor: não mais a de detentor do
saber, mas aquele que possibilita a interação e o espaço necessário para que o su-
jeito aprendente seja um aprendente não somente de conteúdos, mas também um
aprendente e autor de suas próprias ações e, portanto, de sua própria vida. Há de
se distinguir, então, o trabalho do professor(a) neste campo de aprendizagens, pois
a pedagogia trabalha fazendo com que as coisas sejam pensadas;. Isso sig-
nifica que suas intervenções estão direcionadas a abrir espaços subjetivos
e objetivos onde a autoria de pensamento seja possível. (FERNÁNDEZ,
2001, p. 102)

A fim de compreender a citação acima, é preciso distinguir três campos do pensa-


mento: aquilo que é pensável, aquilo que é não pensável e aquilo que é impensável.

O impensável possibilita o pensar, porque se trata de fatos que não são pensa-
dos, não porque não queremos, mas porque, simplesmente, não pensamos nisso
ou não fomos instigados a pensar sobre determinado assunto.

Um exemplo que podemos dar a respeito de fatos não pensados e impensados


é a incorporação de filmes como recurso didático. Os filmes podem ser ótimos

12
recursos capazes de representar situações educativas dentro da sala de aula e, pos-
teriormente, realizar discussões ou intervenções com os educandos.

Os filmes são ótimos recursos educacionais para fazer pensar, gerar, no educando
e, até mesmo, no docente, o impensável no pensamento; uma maneira de suscitar
problemas sociais e culturais e buscar respostas para essas questões “impensáveis”.

Importante! Importante!

Não podemos fazer pelos outros aquilo que não fazemos por nós mesmos: autorizarmo-
-nos a pensar e termos autoria de pensamento é fundamental, se quisermos possibilitar
a autoria em outros. Isso implica saber que o pensamento é ação: “quando digo que eu
penso, estou dizendo que estou construindo algo novo ainda em relação ao que pensava
antes” (FERNANDEZ, 2001, p. 106).

Inicialmente, estudante, você deve compreender que a aprendizagem não ocor-


re somente dentro de um contexto determinado, como o escolar, por exemplo.
O processo de ensino e aprendizagem ocorre ao longo de nossas vidas. Desde
nosso nascimento, aprendemos a comer, a andar, a escrever, a ler, a nos relacionar
e tantas outras aprendizagens que podemos pensar.

Ocorre que, nem sempre, este processo ocorre de forma sistematizada, como
na escola. Por isso, é preciso saber que nós, humanos, sempre estamos em proces-
so de ensino e aprendizagem, ainda que não percebamos imediatamente.

Nesse momento, nossas discussões abarcam o processo de ensino e de apren-


dizagem proposto por Libâneo, em seu livro intitulado “Didática”. Esse educador
brasileiro apresenta cinco propostas de processos de ensino, distintas entre si, que
possibilitam que esse processo seja desenvolvido. Os processos de ensino ou mé-
todos de ensino são utilizados como aporte teórico para que o professor consiga
desenvolver o seu plano de trabalho e o seu plano de aula; os métodos de ensino
são: o processo de exposição, de trabalho independente, de elaboração conjunta,
de trabalho em grupo e atividades especiais.

O primeiro é o método de exposição; este consiste na apresentação dos conteúdos


a serem aprendidos de forma verbal, seja falando sobre o tema, seja demonstrando
por meio de ilustrações e exemplificações, dentre outras formas. A ideia é que o con-
teúdo seja exposto pelo professor para que o aluno possa aprender. Nessa forma de
aprendizagem, a participação do aluno é nula, pois é o professor quem transmite o
conhecimento. Tal metodologia é encontrada nas escolas tradicionais, cuja pedagogia
centra o professor no processo de ensino e aprendizagem. O método expositivo de
ensino é muito utilizado nas salas de aula e este não favorece o desenvolvimento das
competências e habilidades dos alunos. Ele serve para expor o conteúdo aos alunos.

O segundo é o método de trabalho independente, que consiste em um estudo


dirigido ou na solução de problemas, de forma individual, que é desenvolvido
dentro da sala de aula. É um recurso pedagógico em que professor e aluno

13
13
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

trabalham juntos. Nesse caso, o aluno recebe um estudo a ser realizado ou um


problema a ser resolvido e trabalha individualmente ou coletivamente, mas tem a
orientação do professor sempre que possível. Esse método pode ser trabalhado
a partir de estudos de caso, e a criatividade e o pensamento lógico são funda-
mentais nesse método.

O terceiro método de ensino proposto é o da elaboração conjunta. Esse método


baseia-se no diálogo entre professor e aluno ou entre aluno e aluno, a fim de que
a aprendizagem ocorra. Por meio de perguntas, o professor incentiva a reflexão
e o processo de elaboração das respostas. Esse método visa que o aluno obtenha
novos conhecimentos, atitudes e habilidades.

O quarto é o método de trabalho em grupo, que propõe, por meio de debate,


seminários ou outras formas de trabalho em grupo, o estudo sobre determina-
do tema e a apresentação de elementos que afirmam a aprendizagem sobre ele.
No caso do seminário, por exemplo, um grupo de alunos é convidado a apresentar
e debater determinado tema, mostrando domínio sobre este em sua argumenta-
ção. Esse método de ensino estimula o trabalho em grupo, o debate e a reflexão
conjunta sobre um determinado aspecto. Além do mais, esse método estimula a
aprendizagem cooperativa, autônoma e de construção do conhecimento coletivo.

O último método consiste nas atividades especiais, que seriam, por exemplo, o
estudo do meio ou as atividades práticas. São atividades realizadas fora do contexto
escolar, que servem para explorar, elaborar e refletir sobre o conhecimento.

Diante dos métodos de ensino expostos acima, é preciso questionar acerca de


sua utilização: será que é possível utilizar o mesmo método sempre e para
todos os conteúdos a serem elaborados pelo aluno?

Como estamos tratando do processo de ensino e aprendizagem sistematizado,


é preciso pensar que a organização e a eleição dos métodos a serem utilizados
mantêm relação direta com os objetivos da aula e da organização do trabalho peda-
gógico. Por exemplo: se meu objetivo, como professora, é alfabetizar o aluno,
qual desses métodos trará a melhor resposta para o seu cumprimento?

O conteúdo e os objetivos a serem realizados na aula são determinantes para


a escolha do método. Além disso, essa escolha depende, ainda, do conhecimento
do professor sobre os alunos com os quais trabalha e dos fundamentos teórico-me-
todológicos que irá transmitir aos alunos. Por isso, é importante saber como cada
aluno aprende, além do professor compreender que existem inúmeros métodos
que irão lhe auxiliar em seu processo de ensino. Se tenho alunos mais inquietos,
por exemplo, os métodos de trabalho em grupo podem ser melhores do que os de
trabalho individual ou de exposição pelo professor.

Para finalizar, um último ponto é bastante importante para pensarmos, caro


estudante. A escolha do método de ensino e aprendizagem depende, ainda e pri-
mordialmente, de como o professor compreende a educação e a aprendizagem.

14
Suas crenças nesses conceitos definirão o modo como atua em sala de aula e como
realiza o processo.

Portanto, é necessário pensar sobre a educação e ter uma definição, ainda que
prévia, pois sempre podemos e devemos repensar sobre ela; isso é fundamental
em sua caminhada nesta área, assim como pensar a educação, a aprendizagem, o
ensino e as práticas que estão sendo desenvolvidas.

Leia o artigo de Santos, “Abordagens do processo de ensino e aprendizagem”. Aqui, o autor


Explor

faz considerações sobre o processo de ensino e aprendizagem e como esse mecanismo esta
associado à cultura. Disponível em: https://bit.ly/2Ho4ehN.

Nos dias atuais, há um consenso sobre a importância de se utilizar o computador


e a internet na educação e no saber-fazer docente, tendo em vista que seu uso deve
ser realizado de maneira que o aluno ou, até mesmo, o professor sejam auxiliados
por meio dessa tecnologia, empregando recursos que visem melhorar, cada vez
mais, a eficácia da construção do conhecimento e suas relações com a sociedade.

Para Tajra (2012), os professores precisam tomar posse dos softwares educa-
cionais e precisam ser capacitados para utilizá-los como um instrumento peda-
gógico. A partir do momento que a instituição disponibiliza instrumentos para o
professor, como a internet, para auxiliar suas aulas, é preciso que o docente tenha
capacidade de avaliar, de forma adequada, no que ela pode contribuir para a sua
necessidade didática.

Importante! Importante!

A internet é mais um canal de conhecimento, de trocas e buscas. A internet não substi-


tui, ela facilita, aprimora as relações humanas, elabora novas formas de produção, esti-
mula uma cultura digital, libera tempo, une povos e culturas e gera uma nova sociedade.
A internet não se resume a um conjunto de backbones que interliga fisicamente os países
e as informações. A tecnologia não está isolada de seu contexto histórico e de suas rela-
ções sociais. Quando falo internet, refiro-me à complexa rede hipertextual de lógicas e
conhecimentos interrelacionados (TAJRA, 2012, p. 145).

Assim, o professor deve refletir a respeito da nova realidade do ensino existente,


além de repensar sua prática e desenvolver novas maneiras de ação para alcançar
melhorias. De acordo com Sanches (2008, p. 11), “[...] o professor não pode fe-
char o olhar para essa realidade, mas deve agregar esse recurso à sua didática de
ensino, pois deve ser o mediador entre ambientes tecnológicos e alunos”.

Portanto, demonstramos a clara necessidade de capacitar os professores para


atuarem com e por meio da internet, além de saberem lidar com recursos tecno-
lógicos por ela proporcionados como aliados do ensino. Para Tajra (2012), essa
nova realidade educacional precisa integrar a tecnologia com a proposta de ensi-

15
15
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

no do professor. Mesmo que o uso das tecnologias auxilie o processo de ensino-


-aprendizagem, o professor deve, ainda, atuar como mediador e coordenador des-
se processo.

Para Magedanz (2004, p. 6), é extremamente importante que o professor valha-


-se de ambientes informatizados, que empreguem softwares educativos, que bus-
quem sempre uma didática construtiva e educativa.

O professor tem uma figura muito importante, uma vez que suas experiências
pedagógicas são fundamentais para ampliar o campo de conhecimento dos alunos.
A partir do momento que o professor tem acesso e conhece as técnicas que envol-
vem as TICs, suas atividades desenvolvidas em sala de aula, como debates, exercícios
e provas, passam a assumir um novo significado de construção do conhecimento.

A internet traz muitas vantagens para o docente no processo de ensino e apren-


dizagem, quando utilizada de maneira adequada. No entanto, existem alguns pro-
blemas e limitações quando a utilização é incorreta e despreparada, podendo gerar
até transtornos no processo educacional.

Para que o professor e a professora passem a utilizar a internet como recurso


pedagógico, é necessário que estejam capacitados e conscientes sobre suas impli-
cações no processo de aprendizagem: positivas e negativas, além de conhecerem
seus serviços e que saibam, de fato, utilizar essa ferramenta para fins pedagógicos.

Sabemos que a maioria dos professores, por não possuírem pleno domínio
da utilização da informática, apresentam certo receio quanto à sua introdução
e manuseio no ambiente educacional. É compreensível essa insegurança, mas,
pensando nisso, é muito importante que as escolas realizem capacitações eficien-
tes e possíveis para que tragam maior segurança ao professor, consequentemente,
proporcionando-lhe “[...] confiança em desenvolver trabalhos que envolvam o uso
dos computadores, e os tornem aptos a fazerem uso da informática e da internet
em sala de aula” (MORAN, 2001, p. 23).

Há uma situação bem dicotômica no âmbito educacional. O professor vem ga-


nhando cada vez mais direitos de utilizar essa ferramenta em suas aulas, mas,
infelizmente, ainda não sabe como utilizá-la. Por isso a necessidade de se capaci-
tar professores, já que as capacitações quebram barreiras e acabam gerando uma
compreensão maior da evidente necessidade de inovar nas aulas.
Uma capacitação eficiente envolveria toda a comunidade educacional, sen-
do necessário um investimento [...] em projetos que favoreçam essa mu-
dança, possibilitando a implantação bem como sua aplicação, de acordo
com as necessidades e a viabiliadade educacional. (MORAN, 2001, p. 19)

Por isso, existe a necessidade dos espaços educativos investirem cada vez mais
em projetos que incluam informática e internet em seus currículos. Contudo, é
necessário considerar as características individuais de cada professor, nos aspectos
pedagógicos e sociais, sejam conservadas mesmo diante das transformações ocor-
ridas no âmbito tecnológico.

16
Logo, a formação de professores e o ambiente educativo devem objetivar a edi-
ficação da aprendizagem do aluno, favorecendo a construção de um ser humano
completo nos aspectos didáticos e sociais. Isso quer dizer que todas as medidas de-
vem favorecer o aluno, sendo que este é o centro de todo esse processo, por isso:
[...] educar é levar o aluno ao conhecimento, ou seja, aprender a geren-
ciar um conjunto de informações e torna-las algo mais significativo para
si, e não simplesmente absorver informações, pois estas são possíveis
de serem esquecidas e de se perderem. Além de gerenciar a informa-
ção, é importante aprender a gerenciar também todo o universo das
emoções. O processo de educar é complexo, e não envolve somente o
processo de ensinar ideias, ensinar também a lidar com as sensações
e emoções que ajudam a manter o equilíbrio e a viver com confiança.
(MORAN, 2001, p. 19)

A aplicabilidade da internet pode ser definida, essencialmente, como um re-


curso que seja capaz de viabilizar o processo de comunicação e de transmissão de
informações. Devido ao seu formato dinâmico, a Internet, hoje, é considerada
como uma das ferramentas mais completas na área da comunicação. Assim, devi-
do a seu aspecto atrativo, ágil e dinâmico, quando bem empregada, a internet pode
tornar-se uma grande aliada no processo de ensino e de aprendizagem, por isso, é
fundamental que o professor saiba o básico sobre informática.

No Brasil, 73% dos professores usam a internet em sala de aula, isso quer dizer que, aproxi-
Explor

madamente, 3 entre 4 professores no Brasil usam internet em sala de aula e 93% das escolas
estão conectadas à internet. Mesmo apesar da alta taxa de conectividade, boa parte dos
professores não conseguem aproveitar o potencial da tecnologia para o ensino.

Sabemos o quanto é difícil utilizar ferramentas tecnológicas na educação, pois há


perfis bem diferentes, e a formação tradicional de professores acaba não incluindo,
no currículo docente, o uso e o conhecimento de ferramentas tecnológicas. Isso
resulta na exclusão dessas ferramentas da sala de aula, achando que não é neces-
sária para o processo de aprendizagem. Nesse momento, apresentamos algumas
estratégias para facilitar a adoção do uso de tecnologias pelos docentes. Vejamos:

• Busque capacitação, fora da


Comece pequeno instituição, se autoestimule a
pesquisar mais sobre tecnologias.

Complemente • Use a tecnologia todos os dias, e


pesquise sobre as ferramentas para
suas práticas se trabalhar em sala de aula.

• Realize os treinamentos
Treinamentos propostos pela escola.

Figura 2 – Estratégias da era digital para professores

17
17
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

Diante de tantas possibilidades, a internet é uma valiosíssima ferramenta para mu-


dar o processo de ensino, mas, para isso, os professores precisam de capacitação e
estarem atentos ao ritmo de cada aluno, para que a curiosidade seja despertada não
somente pelo uso da internet. Assim, compreendemos que, até mesmo para o pro-
cesso didático, as novas tecnologias são imprescindíveis em nossa atuação pedagógi-
ca, por isso, você encontrará um infográfico que apresentará elementos conceituais,
os quais estão envoltos ao processo didático da educação.

Elementos conceituais do
processo didático
ESCOLA
C PROFESSOR
“Sua função é facilitar o processo de
aprendizagem”.
“A escola é para todos, tem caráter
democrático, a organização disciplinar
é realizada por meio da participação
A
da comunidade, oferecendo
condições para o processo de
aprendizagem dos alunos”.

D
ENSINO E APRENDIZAGEM
“Os objetivos educativos da escola
precisam obedecer os princípios de
ALUNO currículo e estar organizado

B
“Sujeito que faz parte da instituição, coletivamente no trabalho dos
ele é o centro do processo de ensino professores, os conteúdos precisam
e aprendizagem, o professor deve ser selecionados a partir do interesse
enfocar a sua criatividade ou seja um dos alunos, e a avaliação acontece
aluno que aprendeu a aprender”. dentro do processo formativo”.

Figura 3 – Elementos conceituais do processo didático

O infográfico apresentado traz as principais conceituações que envolvem o pro-


cesso da educação, do processo educacional, organização do trabalho pedagógico
e a utilização das tecnologias educacionais. Os conceitos de escola, aluno, profes-
sor e ensino-aprendizagem são fundamentais para empreendermos sobre os obje-
tivos educativos que intencionamos desenvolver em nossa prática, tendo em vista
que esses conceitos permeiam todas as ações a serem desenvolvidas no processo
de ensino e de aprendizagem, estando envoltos nos pressupostos culturais, sociais,
políticos e históricos.

Assim, nesta aula, resgatamos o processo de construção da educação e a influ-


ência da cultura nesse movimento, salientamos os pressupostos de como a apren-
dizagem acontece e os métodos que proporcionam o ensinar, para que a aprendi-
zagem, de fato, se concretize na ação docente.

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Didática
O livro, escrito por um renomado educador brasileiro, discute acerca da didática e seus
processos de ensino. Como ensinar? Quais os métodos? O que é processo de ensino e
aprendizagem? O que é didática? Esses e outros temas são abordados neste livro, que
é essencial à formação de professores.
Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão docente
O livro organizado por Libâneo visa discutir ações sobre o papel do professor, a
importância desse profissional aproximar-se e compreender o funcionamento das
novas tecnologias em sua atuação, não desvinculando os textos sobre a importância
da qualidade da educação e da formação de professores.

Filmes
Como estrelas na Terra toda criança é especial
O filme retrata a história de uma criança disléxica, mas que é tarjada de incapaz de
aprender por falta de conhecimento dos pais, professores e médicos, até que um
professor, também disléxico, cruza o seu caminho.
Piratas da Informática – Piratas do Vale do Silício
O filme é uma história baseada no processo de construção das empresas norte-
americanas de software, Apple e Microsoft. A película apresenta, a partir do viés
de seus criadores, como foi esse momento, e um dos pontos máximos do filme é o
momento que retrata que alguém se apropria indevidamente de um sistema operacional
para beneficiar a empresa de Bill Gates.

19
19
UNIDADE Educação e Métodos de Ensino no Saber-fazer Docente

Referências
ARANHA, M.; MARTINS, M. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Mo-
derna, 2009.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1967.

BRAIDWOOD, R. Homens pré-históricos. Brasília: UnB, 1985.

BRASIL. Decreto 1.077. Brasília-DF, 1970. Disponível em <http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del1077.htm>. Acesso em: 18 ago. 2017.

FERNANDEZ, A. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de


pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LIMEIRA, N. B.; PUZIOL, J. K. P. Fundamentos históricos, filosóficos e socio-


lógicos da educação. Santa Maria: Unipar, 2017.

MAGEDANZ, A. Computador: Ferramenta de trabalho no Ensino (de Ma-


temática). 2004. 14f. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu - Especialização em
ensino de Matemática - UNIVATES - Centro Universitário, Lajeado, 2004.

MARTINELLI, S. C. Os aspectos afetivos das dificuldades de aprendizagem. In:


SISTO et al. Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. 3.
ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

MORAN, J. M. Novos desafios na educação: A internet na educação presencial


e virtual. Pelotas: Editora da UFPel, 2001. Disponível em: <http://www2.eca.usp.
br/moran/novos.htm>. Acesso em: 19 jan. 2019.

SANCHES, V. J. C. Tecnologia para inovações na didática do ensino: um es-


tudo de caso: Lousa Eletrônica. 2008.

SEVERINO, A. J. A busca do sentido da formação humana: tarefa da Filosofia da Edu-


cação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 619-634, set./dez., 2006.

SISTO, F. F. Dificuldades de aprendizagem. In: SISTO et al. Dificuldades de aprendi-


zagem no contexto psicopedagógico. 3.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 19-39.

TAJRA, S. F. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o


professor na atualidade. 9. ed. São Paulo: Érica, 2012.

20
21
21

Você também pode gostar